Universidade Federal do Tocantins Campus Universitário de Gurupi Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal LEILA PAULA TONELLO COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ DE TERRAS ALTAS CULTIVADOS EM DIFERENTES ÉPOCAS E NÍVEIS DE NUTRIÇÃO MINERAL GURUPI - TO 2014 Universidade Federal do Tocantins Campus Universitário de Gurupi Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal LEILA PAULA TONELLO COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ DE TERRAS ALTAS CULTIVADOS EM DIFERENTES ÉPOCAS E NÍVEIS DE NUTRIÇÃO MINERAL Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Produção Vegetal da Universidade Federal do Tocantins como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal. Orientador: Prof. D.Sc. Rodrigo Ribeiro Fidelis GURUPI - TO 2014 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Federal do Tocantins Campus Universitário de Gurupi T664c Tonello, Leila Paula Comportamento de cultivares de Arroz de terras altas cultivados em diferentes épocas e níveis de nutrição mineral / Leila Paula Tonello. – Gurupi, 2014. 120f. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Tocantins, Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, 2014. Linha de pesquisa: Melhoramentos de Plantas. Orientador: Dsc. Rodrigo Ribeiro Fidelis. 1. Oryza sativa L. 2. Cerrado. 3. Nutrição mineral. I. Fidelis, Rodrigo Ribeiro. II. Universidade Federal do Tocantins. III. Título. CDD 633.18 Bibliotecária: Glória Maria Soares Lopes - CRB-1(2088) TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – A reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio deste documento é autorizado desde que citada a fonte. A violação dos direitos do autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal. Universidade Federal do Tocantins Campus Universitário de Gurupi Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal Defesa nº ATA DA DEFESA PÚBLICA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DE LEILA PAULA TONELLO, DISCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS Aos 16 dias do mês de dezembro do ano de 2014, às 16:00 horas, no(a) Sala 15 do Bloco II, reuniu-se a Comissão Examinadora da Defesa Pública, composta pelos seguintes membros: Prof. Orientador D.Sc. Rodrigo Ribeiro Fidelis do Campus Universitário de Gurupi/ Universidade Federal do Tocantins, D.Sc. Hélio Bandeira Barros do Campus Universitário de Gurupi/ Universidade Federal do Tocantins, D.Sc. Manoel Mota dos Santos do Campus Universitário de Gurupi/ Universidade Federal do Tocantins, e pesquisador PNPD/CAPES Justino Dias Neto do Campus Universitário de Gurupi/ Universidade Federal do Tocantins sob a presidência do primeiro, a fim de proceder a arguição pública da DISSERTAÇÃO DE MESTRADO de LEILA PAULA TONELLO, intitulada "Comportamento de cultivares de arroz de terras altas cultivados em diferentes épocas e níveis de nutrição mineral ". Após a exposição, a discente foi arguida oralmente pelos membros da Comissão Examinadora, tendo parecer favorável à aprovação, habilitando-o(a) ao título de Mestre em Produção Vegetal. Nada mais havendo, foi lavrada a presente ata, que, após lida e aprovada, foi assinada pelos membros da Comissão Examinadora. D.Sc. Hélio Bandeira Barros Primeiro examinador D.Sc. Manoel Mota dos Santos Segundo examinador Dr. Justino Dias Neto Terceiro examinador D.Sc. Rodrigo Ribeiro Fidelis Universidade Federal do Tocantins Orientador e presidente da banca examinadora Gurupi, 16 de Dezembro de 2014. D.Sc. Rodrigo Ribeiro Fidelis Coordenador do Programa de Pós-graduação em Produção Vegetal ii Dedico este trabalho, aos meus pais Valme Tonello e Marilene Pelizza Tonello e aos meus irmão Edson Eduardo Tonello e Laís Tonello. São meus exemplos de vida, e aos quais não teria conquistado esta vitória. Ao Padre Jocleilson Sebastião da Silva à quem devo imensa gratidão pelas orações, e dedicação nos momentos difíceis da minha vida. Ao Professor Rodrigo Ribeiro Fidelis para sempre “meu papis”. Ao Professo Fernando Ferreira Leão eterno Lobão (in memoriam). Grande mestre, exemplo de vida! À Patrícia Oshiro Brentan (in memoriam). Pelo seu grande legado de vida! “#eusouamigodapaty”. DEDICO. iii AGRADECIMENTO A Deus todo poderoso, que me deste o dom da vida, da sabedoria, da perseverança, paciência, dignidade, humildade e do amor, sem Ele jamais teria chegado ao fim desta jornada, com Ele tudo é possível. A Santa Rita de Cássia que me ilumina e me protege em todos os caminhos trilhados nessa vida. “Santa Rita de Cássia bem aventurada, sede minha protetora”. Aos meus pais, Valme Tonello e Marilene Pelizza Tonello, a luta de vocês não foi em vão, agradeço por estarem sempre ao meu lado, pelo apoio, pela compreensão, carinho, principalmente pelo amor que ultrapassa qualquer barreira, qualquer dificuldade. Muitos foram os momentos difíceis, mas vocês sempre demonstraram que a união familiar e o amor superam qualquer obstáculo. Em nenhum momento deixaram que os impasses desanimassem, que fizessem desistir, ao contrário, sempre estavam presentes. Eu os amo incondicionalmente. Não há palavras que possam expressar tamanha gratidão e sentimento que tenho por vocês. MUITO OBRIGADA! Aos meus irmãos, Edson Eduardo Tonello e Laís Tonello vocês são meus espelhos, minha força, obrigada por sempre estarem dispostos à ajudar. Ao amor, carinho e pela proteção que sempre tiveram por mim. Devo muito à vocês, são meus melhores exemplos. Amos vocês! Ao meu cunhado Eduardo Fernandes de Miranda pelo apoio e incentivo, estando sempre disposto à ajudar-me! Ao meu orientador Prof. D.Sc. Rodrigo Ribeiro Fidelis, meu eterno agradecimento pela confiança e paciência no decorrer de todo o processo, pelo comprometimento, por ser ético e estar sempre à disposição para soluções das incansáveis dúvidas, sem medir esforços para ajudar, transmitindo conhecimento e acreditado no projeto. Grata ainda por todos os ensinamentos de vida, não foi apenas um orientador, mas mais que isso, um companheiro, amigo, um verdadeiro ‘PAI’. Kleycianne Ribeiro Marques, sua amizade é mais que valiosa, mais que amigas irmãs. Sem palavras para agradecer, muitos foram os momentos partilhados, alegrias, tristezas, angustias, mas, lhe digo que o saldo é mais que positivo, sua alegria é contagiante. Obrigada, por ser esta pessoa maravilhosa e por toda a força, que contribuiu para que fosse executado este trabalho. “#tamojuntosiá” Amoo... iv Renata Vieira Marques, para sempre minha eterna amiga, irmã que a gente escolhe. Obrigada por estar sempre ao meu lado, disposta à ajudar, compartilhando todos os momentos bons e ruins. Juntas nas baladas, nos estudos, nas caminhadas, quantas conversas, quantos risos ‘atoas’, sem palavras para te agradecer, te amo amiga! Aos para sempre amigos Elisangêla Kischel, Amanda Facciroli, Jéssica, Suse Alves, Ana Paula Schmidt, Camila Vicenzi, Janaina Canzi, Cleidiane Benedetti, Leticia Carvalho, Camila Vancetto, Elane, Bruna Colombo, Nilliane Charles, Nadriele Charles, Kleiverton, Rodrigo, Fred, que perto ou distantes sempre contribuíram me dando força para seguir em frente, e assim, concluindo este trabalho. Aos que contribuíram para a execução e desenvolvimento desta pesquisa, em especial aos integrantes do Grupo de Pesquisa em “Melhoramento Genético de Grandes Culturas e Espécies de Potencial Bioenergético”: Sérgio Alves, Rafael Campestrini, Justino Dias, Marília Barcelos, Nathália Silva, Carlos Augusto, Danilo Veloso, Estevan Wislocki, Fabiano Rocha, Fernando Noletto, Flávia de Araújo, Guillhermo Arturo, Patrícia Mourato, Patrícia Fernandes, Ricardo Lacerda, Vanessa Santos, Vanessa Zellmer, Wagner Rauber e Taynar Coelho. Por todo trabalho desenvolvido, pelo aprendizado, risos, amizade. Estarão sempre no coração. Aos colegas de mestrado aos colegas doutorandos, obrigado pela companhia, vocês são fundamentais para que consigamos superar as tempestades durante o processo. Cobranças por publicação, artigo, pesquisa, escrever, todas essas tarefas teriam sido muito mais difíceis se não fosse o incentivo e apoio de vocês. Obrigado principalmente Sérgio José, Edmar Vinícius, Emerson Oliveira, Mauro, Otávio, Antonio Carlos, Gaspar, Márcio Nikkel, Álida, Ricardo Bachega. Ao grupo de professores do Programa de Pós Graduação por todos os ensinamentos. A todos os funcionários da UFT. Ao programa de bolsas CNPQ, pelos recursos disponibilizados durante um período do curso de Pós graduação Stricto Sensu em Produção Vegetal da Universidade Federal do Tocantins. Agradeço imensamente à todos que de uma forma ou outra contribuíram para que eu conquistasse esta vitória. Muito Obrigada! v RESUMO GERAL É notório as dificuldades enfrentadas pela cadeia produtiva agrícola, dentro do próprio sistema de produção, bem como no sistema econômico e social. Muitos são os entraves para se alcançar patamares produtivos satisfatórios, buscando produtos finais acessíveis à todas as classes sociais, em quantidades suficientes e nas qualidades exigidas pelos consumidores. A demanda mundial aumenta à medida que cresce o contingente populacional, assim têm-se priorizado a busca para sanar essa falta de alimentos por meio de culturas com potencial nutritivo suficientemente capazes de suprir as necessidades básicas da população. Desta forma, encontra-se na cultura de arroz (Oryza sativa L.) um grande potencial nutritivo e energético, dispondo assim, a constituir o alimento fundamental de todas as classes sociais. A cultura foi aos poucos sendo disseminada no país, se adaptando as diversas regiões e condições edafoclimáticas. Os inúmeros sistemas de cultivos, os manejos diferenciados, as condições as quais foi submetida em cada localidade, fez com que os materiais genéticos se adequassem as características ambientais, atendendo as condições e o nível tecnológico adotado pelo agricultor. São amplas as divergências à que se submetem os cultivos agrícolas, principalmente quando são relacionados aos fatores ambientais, incontroláveis pelo homem, desta forma, estudos da interação genótipo x ambiente tornam-se fundamentais, para o surgimento de materiais genéticos que possam potencializar a produção, sem onerá-la. Ao mesmo tempo, diversos fatores estão correlacionados e interligados a estes produtos, ampliando ainda mais o leque de possibilidades a serem consideradas no estudo tendo em vista melhor retorno socioeconômico da atividade agrícola. Contudo, a eficiência na nutrição mineral de plantas, por exemplo, tornamse uma causa ainda mais promissora, agregando novamente valor no produto ao final da cadeia produtiva. A nutrição com macro e micronutrientes é imprescindível, merece cuidados não só na dosagem utilizada, como também no período adequado a ser aplicado, assim, a planta têm um melhor aproveitamento deste, evitando perdas durante o processo de cultivo. Ao passo que a tecnologia avança, os modelos agrícolas devem atender, e se adequar à tais mudanças, de forma a priorizar a preservação do meio ambiente, garantindo retorno financeiro ao sistema agrícola. Contudo, o uso da ferramenta do vi melhoramento genético, associado ao uso de fertilizantes e aos materiais genéticos mais eficientes, tornam-se uma via de acesso de grande potencial, pois associados agregam valor ao produto, otimizam e viabilizam a produção gerando maiores retornos econômicos e o crescimento regional. Desta forma, o objetivo dos quatro primeiros capítulos foi avaliar o comportamento de cultivares de arroz de terras altas em cinco safras consecutivas. Sendo que para o capítulo I e II, as safras foram de 2007/2008 até 2011/2012, e para os capítulos III e IV as safras constantes para a avaliação foram de 2008/2009 até 2012/2013. Os experimentos das safras 2007/08 e 2008/09 foram conduzidos na Fazenda Chaparral, enquanto os demais foram instalados na estação experimental da UFT. Apenas a safra 2009/10 foi realizada na Fazenda experimental da UFT. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com quatro repetições. O esquema fatorial para os capítulos I e II foi 4 x 5, sendo quatro cultivares e cinco anos de cultivo. Entretanto, para os capítulos III e IV o esquema fatorial foi 3 x 5, com apenas três cultivares e cinco anos de cultivo. As características avaliadas foram número de dias para florescimento, altura da planta, massa de cem grãos e produtividade de grãos. Assim, boas produtividades foram alcançadas nas safras 2007/2008 e 2012/2013. Os cultivares BRS-Bonança, BRS-Primavera e BRS-Conai apresentam boas produtividades em mais de uma ano de cultivos podendo ser indicadas para o cultivo na região. O estresse nutricional de fósforo e nitrogênio, bem como o estresse hídrico, alteram as características agronômicas da cultura do arroz, e reduzem significativamente suas produtividades de grãos. O capítulo V teve como objetivo avaliar o efeito da época de adubação com boro na cultura do arroz de terras altas nas condições do sul do Estado do Tocantins. A condução deste experimento ocorreu em casa de vegetação na estação experimental da UFT, no período da entressafra do ano de 2014. O delineamento experimental foi de blocos casualizados com quatro repetições, em esquema fatorial 3 x 4, sendo três cultivares e quatro épocas de aplicação do micronutriente boro na dosagem de 3,0 kg ha-1, na forma de ácido bórico, formando os seguintes tratamentos: T1 - ausência de aplicação de boro (testemunha); T2 - aplicação de boro em cobertura no perfilhamento (cerca de 25 dias após plantio para alguns cultivares); T3 - aplicação de boro em cobertura por ocasião da diferenciação do primórdio floral (cerca de 60 dias após plantio para alguns cultivares) e; T 4 - aplicação de boro em cobertura no emborrachamento (período de desenvolvimento da panícula, cerca de 75 dias após vii plantio para alguns cultivares). Para verificar a interferência da época de aplicação de boro no desenvolvimento e produção de arroz foram avaliadas as características número de dias para florescimento, número de panículas por vaso, número de grãos por panícula, esterilidade das espiguetas, altura da planta, estande final, massa de cem grãos e produtividade de grãos. Assim, a aplicação do boro no estágio vegetativo da cultura de arroz aumenta o crescimento em altura. O boro incrementa a massa de cem grãos quando aplicado aos 60 dias após plantios. A produtividade de grãos incrementa em até 30% onde se aplicou boro em cobertura no perfilhamento, quando comparado a testemunha. Altas temperaturas aumentam a porcentagem de esterilidade das espiguetas de arroz. Palavras-chave: Oryza sativa L.; Cerrado; estresse mineral; comportamento. viii OVERVIEW The difficulties faced by the agricultural production chain is notorious, inside the production system as well as the economic and social system. There are many obstacles to achieve satisfactory productive levels, seeking final products accessible to all social classes, in sufficient quantities and the qualities demanded by consumers. World demand increases as the population grows, so the search to stop this lack of food crops has been prioritized with nutritional potential sufficiently able to meet the basic needs of the population. Therefore, lies in the culture of rice (Oryza sativa L.) which is a large potential nutrition and energy, and thus having to be the fundamental food of all social classes. The culture was gradually being spread in the country, adapting itself to the various regions and climate conditions. The innumerous cropping systems, the different managements, the conditions that it was submitted in each location, made the genetic materials be suited to environmental characteristics, given the conditions and the technology level adopted by the farmer. The crops are undergoing wide divergences; especially when they are related to environmental factors uncontrollable by man, so studies of genotype x environment interaction become fundamental to enable the emergence of genetic materials that can enhance production without encumbering it. At the same time, several factors are correlated and linked to these products, furthermore expanding the range of possibilities to be considered in the study in order to better socio-economic return of the agricultural activity. However, the efficiency in the mineral nutrition of plants, for example, becomes an even more promising cause, again, adding value to the product at the end production chain. Nutrition with macro and micronutrients is essential. It deserves care not only in the dosage used, but also in the best time to apply, so the plant has a perfect use of this without losses during the cultivation process. As technology advances, agricultural models must meet and adapt to these changes in order to prioritize the preservation of the environment, ensuring financial return to the agricultural system. However, the use of genetic improvement tool associated with the use of fertilizers and more efficient genetic materials becomes a ix potential major access route since members add value to the product, optimize and enable the production generating higher economic returns and regional growth. Therefore, the objective of the first four chapters was to evaluate the behavior of upland rice cultivars in five consecutive seasons. And for the Chapter I and II, the yields were the 2007/2008 to 2011/2012, and Chapters III and IV constants yields for the evaluation were the 2008/2009 to 2012/2013. The experiments of the 2007/08 and 2008/09 seasons were conducted at Chaparral Farm, while the others were installed in the experimental station of the UFT. Just 2009/10 was held at the experimental farm of the UFT. The experimental design was a randomized block with four replications. The factorial design to Chapters I and II was 4 x 5, with four cultivars and five years of cultivation. However, to Chapters III and IV was the factorial 3 x 5, with only three cultivars and five years of cultivation. The traits evaluated were number of days to flowering, plant height, mass of one hundred grains and grain yield. So, good yields were achieved in 2007/2008 and 2012/2013 seasons. BRS-Bonança cultivars BRS BRS-Conai spring and provide good yields of more than one year of cultivation may be suitable for cultivation in the region. Nutritional stress of phosphorus and nitrogen and water stress, alter the agronomic characteristics of rice cultivation, and significantly reduce its grain yield. Chapter V was to evaluate the effect of fertilization season with boron in land rice cultivation conditions high in the south of the State of Tocantins. The conduct of this experiment took place in a greenhouse at the experimental station of the UFT, during the off season of 2014. The experimental design was a randomized complete block design with four replications in a factorial 3 x 4, three varieties and four application times the micronutrient boron at a dose of 3.0 kg ha-1 in the form of boric acid, forming the following treatments: T1 - absence of boron application (control); T2 - boron application in coverage at tillering (about 25 days after planting for some cultivars); T3 - boron application in coverage during the panicle differentiation (about 60 days after planting for some cultivars) and; T4 - boron application in coverage at booting (panicle development period, about 75 days after planting for some cultivars). To verify the influence of boron application time in the development and production of rice were evaluated the characteristics number of days to flowering, panicle number per pot, number of grains per panicle, spikelet sterility, plant height, final stand, mass a hundred grains and grain yield. Thus, the application of the boron in the vegetative stage of rice culture increases the growth in height. Boron increases the mass of one x hundred grains when applied 60 days after planting. The grain yield increases up to 30% when it was applied boron coverage at tillering, when compared to the control. High temperatures increase the percentage of sterility of rice spikelets. Keywords: Oryza sativa L.; Cerrado; mineral nutrition; behavior. xi SUMÁRIO INTRODUÇÃO GERAL .......................................................................................... 19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 25 CAPÍTULO I .............................................................................................................. 29 COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ DE TERRAS ALTAS EM SOLOS DO CERRADO ......................................................................................... 29 RESUMO ............................................................................................................... 29 PERFORMANCE OF UPLAND RICE CULTIVARS IN SOIL OF CERRADO ......... 29 ABSTRACT ............................................................................................................ 29 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 30 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................... 32 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 36 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 43 CAPÍTULO II ............................................................................................................. 47 COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ SUBMETIDOS À ESTRESSE DE FÓSFORO EM SOLOS DO CERRADO .......................................................... 47 RESUMO ............................................................................................................... 47 BEHAVIOR OF RICE CULTIVARS UNDERGOING STRESS CONDITION OF PHOSPHORUS IN SOILS OF CERRADO ............................................................. 47 ABSTRACT ............................................................................................................ 47 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 48 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 50 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 54 CONCLUSÔES ...................................................................................................... 59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 60 CAPÍTULO III ............................................................................................................ 63 COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ DE TERRAS ALTAS NA REGIÃO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS ...................................................... 63 RESUMO ............................................................................................................... 63 BEHAVIOR OF RICE VARIETIES OF UPLAND IN SOUTHERN STATE TOCANTINS .......................................................................................................... 64 ABSTRACT ............................................................................................................ 64 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 64 xii MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 67 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 71 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 76 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 77 CAPÍTULO IV............................................................................................................ 80 COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ARROZ CULTIVADOS EM CONDIÇÕES DE BAIXO NÍVEL TECNOLÓGICO NO CERRADO ....................... 80 RESUMO ............................................................................................................... 80 RICE CULTIVARS DEVELOPMENT GROWN IN LOW INPUT AGRICULTURE IN CERRADO ............................................................................................................. 80 ABSTRACT ............................................................................................................ 80 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 81 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 83 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 87 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 94 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 94 CAPÍTULO V............................................................................................................. 98 ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DO BORO EM GENÓTIPOS DE ARROZ DE TERRAS ALTAS ................................................................................................................... 98 RESUMO ............................................................................................................... 98 APPLICATION TIME OF BORON IN GENOTYPES OF HIGHLAND RICE ........... 99 ABSTRACT ............................................................................................................ 99 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 99 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 101 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 104 CONCLUSÕES .................................................................................................... 116 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 117 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 121 xiii LISTA DE TABELAS CAPÍTULO I Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo a profundidade de 0 – 20 cm nas áreas dos experimentos.......................................................................................................34 Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de dias para florescimento (DF), altura de plantas (AP), massa de cem grãos (MCG) e produtividade de grãos (PROD), de quatro cultivares de arroz cultivados nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012, Gurupi-Tocantins..............................................36 Tabela 3. Médias de dias para florescimento de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012...........................................................................37 Tabela 4. Médias de altura de plantas de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012...........................................................................39 Tabela 5. Médias de massa de cem grãos de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012...........................................................................40 Tabela 6. Médias de produtividade grãos de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012...........................................................................41 CAPÍTULO II Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo a profundidade de 0 – 20 cm nas áreas dos experimentos.......................................................................................................52 Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de dias para florescimento (DF), altura de plantas (AP), massa de cem grãos (MCG) e produtividade de grãos (PROD), de quatro cultivares de arroz cultivados com estresse de fósforo nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 Gurupi- Tocantins....................................................................................................................54 xiv Tabela 3. Médias de dias para florescimento de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados sob estresse de fósforo no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012......................................55 Tabela 4. Médias de altura de plantas de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul sob estresse de fósforo do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012....................................56 Tabela 5. Médias de massa de cem grãos de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados sob estresse de fósforo no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012....................................57 Tabela 6. Médias de produtividade grãos de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados sob estresse de fósforo no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012....................................58 CAPÍTULO III Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo a profundidade de 0 – 20 cm nas áreas dos experimentos..............................................................................................................69 Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de número de dias para florescimento (DF), altura de plantas (AP), massa de cem grãos (MCG) e produtividade de grãos (PROD), de três cultivares de arroz cultivados nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 Gurupi- Tocantins....................................................................................................................72 Tabela 3. Médias de número de dias para florescimento de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013.......................................................73 Tabela 4. Médias de altura de plantas de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013..........................................................................74 Tabela 5. Médias de massa de cem grãos de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013..........................................................................75 xv Tabela 6. Médias de produtividade grãos de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013..........................................................................76 CAPÍTULO IV Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo a profundidade de 0 – 20 cm nas áreas dos experimentos.......................................................................................................85 Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de número de dias para florescimento (DF), altura de plantas (AP), massa de cem grãos (MCG) e produtividade de grãos (PROD), de três cultivares de arroz cultivados sob estresse de nitrogênio nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012.............88 Tabela 3. Médias de número de dias para florescimento de três cultivares de arroz de terras altas cultivados sob estresse de nitrogênio no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013...........................89 Tabela 4. Médias de altura de plantas de três cultivares de arroz de terras altas cultivados sob estresse de nitrogênio no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013....................................90 Tabela 5. Médias de massa de cem grãos de três cultivares de arroz de terras altas cultivados sob estresse no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013.......................................................91 Tabela 6. Médias de produtividade grãos de três cultivares de arroz de terras altas cultivados sob estresse de nitrogênio no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013....................................92 CAPÍTULO V Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo.........................................................102 Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de dias para florescimento (DF), altura de plantas (AP), estande final (EF), número de panículas (NP), número grãos por panícula (NGP), esterilidade das espiguetas (EST), massa de cem grãos (MCG) e produtividade de grãos (PROD), de três cultivares de arroz cultivados, no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação.............................104 xvi Tabela 3. Médias de dias para florescimento de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação.................................................................................................................106 Tabela 4. Médias de altura de plantas de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação.................................................................................................................107 Tabela 5. Médias do estande final de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação...................108 Tabela 6. Médias do número de panículas por vaso de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação.................................................................................................................109 Tabela 7. Médias do número de grãos por panícula de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação.................................................................................................................110 Tabela 8. Média da porcentagem de esterilidade de espiguetas de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação...................................................................................................112 Tabela 9. Médias da massa de cem grãos de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação.................................................................................................................114 Tabela 10. Médias da produtividade de grãos de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação.................................................................................................................115 xvii LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO I Figura 1. Precipitação pluvial (mm) e Temperaturas máxima e mínima (°C) ocorridas durante cultivos de cultivares de arroz de terras altas, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 (BDMEP, 2012).............................33 CAPÍTULO II Figura 1. Precipitação pluvial (mm) e temperaturas máxima e mínima (°C) ocorridas durante cultivos de cultivares de arroz de terras altas, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 (BDMEP, 2012).............................51 CAPÍTULO III Figura 1. Precipitação pluvial (mm) e Temperaturas máxima e mínima (°C) ocorridas durante cultivos de cultivares de arroz de terras altas, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 (BDMEP, 2013).............................68 CAPÍTULO IV Figura 1. Precipitação pluvial (mm) e Temperaturas máxima e mínima (°C) ocorridas durante cultivos de cultivares de arroz de terras altas, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 (BDMEP, 2013).............................84 CAPÍTULO V Figura 1. Temperatura média, máxima e mínima (°C), umidade (%), vento (m/s) e evapotranspiração (mm/dia) ocorridas durante cultivos de cultivares de arroz de terras altas, na entressafra 2014 (BDMEP, 2012)...............................................................105 xviii 19 INTRODUÇÃO GERAL Com o mercado consumidor exigente e o grande crescimento populacional, tem surgido um grave problemas social que é o aumento da produtividade de forma a suprir toda a demanda por alimentos. O cultivo do arroz (Oryza sativa L.) tem se tornado um fator de segurança alimentar, pois exerce influência marcante no cenário econômico e social. É fonte de energia, proteínas, vitaminas, minerais e aminoácidos, e é indispensável à alimentação humana, faz parte da dieta da maior parte da comunidade mundial (OLANI et al., 2011). O arroz é uma gramínea pertencente à família Poaceae, do gênero Oryza, com duas espécies cultivadas, Oryza sativa L. e Oryza glaberrima, presume-se que a primeira é originária da Ásia e a segunda circunscrita à África Ocidental, porém não se sabe ao certo a origem das espécies desse gênero (ROSA et al., 2006). Distribuídas em quase todos os continentes, desde regiões tropicais e subtropicais, o gênero Oryza, sofreu um processo evolutivo e de domesticação surgindo assim subespécies (indica, japonica temperada e japonica tropical ou javanica) que foram se adaptando às diferentes condições edafoclimáticas e geográficas. A espécie O. sativa teve destaque no cultivo em todas as regiões do mundo, enquanto O. glaberrima é apenas cultivada em alguns países da África Ocidental. A maioria das variedades de arroz irrigado pertencem ao grupo indica e no grupo japonica tropical ou javanica estão as de arroz de terras altas. (FONSECA et al., 2006). Há uma ampla diversidade de cultivo da cultura do arroz, planta hidrófila, que se adaptou a vários sistemas de produção. No ecossistema de várzeas, ocorre o cultivo com ou sem irrigação por inundação controlada, enquanto no ecossistema de terras altas, a cultura poderá ser conduzida sem irrigação, dependendo da água provinda da chuva, ou com irrigação suplementar (ALVAREZ et al., 2005). O Brasil ocupa 9º lugar na produção mundial de arroz, produção esta que não supre as carências mundiais, necessitando de importações do produto (VILLAR e FERREIRA et al., 2005; CONAB, 2014). Segundo estimativas da CONAB (2014), a área plantada na safra 2013/14 para a cultura do arroz é de 2396,2 mil hectares, gerando uma produção de 12184,1 mil toneladas, com produtividade de 5085 kg ha-1. A região do cerrado é caracterizada pela grande área plantada de arroz no sistema de terras altas, desde a década de setenta, apoiada por políticas 20 governamentais para produção de alimentos. É uma cultura rústica que foi se adaptando bem às condições adversas na exploração de solos ácidos, com baixa fertilidade e é tida como pioneira no processo de ocupação agrícola do país, no entanto, possui problemáticas quanto a sua baixa produtividade, que pode ser justificado pela exposição da cultura aos fatores climáticos como os déficits hídricos, comprometendo os processos metabólicos e fisiológicos da planta, o que resulta em perdas na produção (BOTA et al., 2004). O arroz é cultivado desde sistemas agrícolas mais tecnificados até a exploração de forma rudimentar para a subsistência. Muitas vezes os pequenos produtores não dispõem de capital destinado ao investimento em tecnologia para explorar todo o potencial produtivo dos cultivares, surgindo então a necessidade de materiais genéticos que atendam às carências desses pequenos produtores, como por exemplo, cultivares que permitam um menor uso de insumos, com resistência a doenças, maior competitividade com plantas daninhas, mais eficientes na utilização dos nutrientes do solo entre outras características que incrementem o processo produtivo (ADORIAN, 2010). É difícil encontrar estratégias duradouras que o dessem condições de permanecer no mercado mundial da rizicultura, apesar do Brasil ser destaque em competitividade no agronegócio. É necessário estratégias que melhorem questões deficitárias que ocasionam os entraves no processo de produção e comercialização dos produtos brasileiros. Questões estas que envolvem desde qualidade do produto, inovações tecnológicas, incentivos à produção, custos, enfim, estudos específicos que identifiquem as falhas nas cadeias produtivas, levando a insustentabilidade, e conseguir unir programas de melhoramento das instituições de pesquisa, com os demais segmentos destas cadeias e consolidar com o incentivo ao produtor apto a se adequar aos sistemas de produção (VILLAR e FERREIRA et al., 2005; KLUTHCOUSKI et al., 2009). A primeira etapa do melhoramento, e que representa objetivo básico deste, é a seleção de genótipos e populações com boa adaptação em diferentes condições de ambientes com alta produtividade, entretanto é a fase do programa mais trabalhosa e cara, além de ser extremamente influenciada pela interação genótipo x ambiente, que determinam um comportamento variável dos genótipos devido à grande diversidade edafoclimática dos ambientes (CARGNIN et al., 2008). Essa heterogeneidade temporal e espacial faz com que a expressão do fenótipo seja dada pelo produto da 21 interação genética com o ambiente, ou seja, um conjunto de genes pode se expressar de maneira diferenciada se submetido sob influencias de cultivos distintos, que podem ser de caráter previsível ou imprevisível. A primeira categoria enquadram-se fatores permanentes ao ambiente, como condições gerais de clima, solo, características que possuem variação sistemática, incluindo o sistema de manejo da planta pelo homem. Já no segundo grupo inclui as flutuações variáveis do ambiente, como precipitação, temperatura e outros (COUTO, 2014). O processo de identificação de cultivares com maior estabilidade fenotípica, assegura melhores conhecimentos acerca do material genético e dos efeitos com sua interação com o ambiente, uma vez que a produtividade final de uma cultura é determinada por todas essas interações planta x ambiente. Dessa forma, todo esse conjunto de informações, fornecem melhores condições para indicação de cultivares regionalizadas, contribuindo sobremaneira no crescimento econômico, visando a sustentabilidade da cultura (GUIMARÃES et al., 2008). Quanto as questões fitotécnicas, a adubação mineral consiste em um recurso essencial para o ciclo de vida das plantas, além de inúmeros fatores influenciarem no potencial produtivo dos cultivares. A não realização de um manejo adequado do nutriente, a não aplicação no momento de maior exigências das culturas, e a não utilização de cultivares adaptadas as condições locais de cultivo são formas que aumentam perdas, custos ao produtor e poluições ambientais tornando-se problemas para se conseguir atingir a máxima eficiência dos sistemas de produção agrícolas (CABRAL et al., 2011). O nitrogênio (N) se destaca como um macronutriente essencial ao desenvolvimento da cultura do arroz, sendo um dos elementos mais acumulados na parte aérea da cultura e o mais extraído do solo, porém possui complexa dinâmica no ambiente por ser altamente volátil, se perde facilmente nos processos de lixiviação, erosão, e volatilização (FONSECA et al., 2012). O N apresenta como função principal a estrutural, é constituinte de compostos orgânicos como a clorofila, componente das vitaminas biotina, tiamina, niacina, riboflavina, além de atuar na produção e uso de carboidratos (EPSTEIN et al., 2006). Desta forma, por atuar em diversos processos fisiológicos vitais da plantas, favorece o crescimento da parte aérea, que por sua vez aumenta a eficiência da interceptação da radiação solar, na taxa fotossintética e, consequentemente, na cultura do arroz, é convertido no aumento do número de perfilhos, no número de panículas por área, na massa de grãos, influenciando 22 diretamente na produtividade final da cultura (FONSECA et al., 2012). Mattje et al. (2013), Hernandes et al. (2010) e Fidelis et al. (2012), verificaram que as características alturas de plantas, teor de N na folha, massa de cem grãos são influenciados por doses de nitrogênio aplicados à cultivares de arroz. O fósforo (P) é o nutriente que mais limita a produtividade das culturas e sua deficiência é comum nos solos sob Cerrado, já que estes apresentam baixos teores naturais, devido à alta capacidade de fixação e adsorção, tornando-se indisponível para as plantas. Todo o metabolismo da planta depende do fósforo, pois desempenha papel de transferência de energia na célula, nos processos de respiração e fotossíntese, além de ser componente estrutural dos ácidos nucleicos, que formam os genes e cromossomos, assim como de muitas coenzimas, fosfoproteínas e fosfolipídios (TAIZ & ZEIGER, 2009). Promove grandes incremento na cultura do arroz, com o aumento no número de panículas, aumenta a massa de cem grãos, favorece o crescimento radicular, além de ajudar no processo de maturação e qualidade dos grãos (FAGERIA et al., 2004). Trabalhos realizados por Tonello et al. (2012; 2013) verificaram que a adubação fosfatada na cultura do arroz aumenta a estatura das plantas, e incrementa a produtividade. Até mesmo a qualidade fisiológica das sementes de arroz é influenciada pela fertilização fosfatada segundo Fidelis et al. (2013). Os micronutrientes também são essênciais para o desenvolvimento das plantas, porém, diferem-se dos macronutrientes por serem absorvidos em menor quantidade pelas culturas. A grande exploração das terras agricultáveis, necessita de cuidados, pois seu uso intensivo exporta a totalidade dos seus nutrientes, levando assim ao empobrecimento do solo, repercutindo em deficiências e prejuízos nos cultivos sucessivos (NOVAIS et al., 2007), desta forma, estudos sobre a dinâmica dos micronutrientes, manejo da adubação, e uso eficiente destes são necessários para tomada de decisão, buscando o sucesso no uso desses insumos. O Boro (B) é um dos oito micronutriente de relevante importância em cultivos agrícolas, por participar em diversos processos biológicos das plantas. Atuando em alguns sistemas enzimáticos como constituinte ou como componente ativo e essencial nas reações biológicas. Atua na translocação de açucares e metabolismo de carboidratos. Fases da planta como o florescimento, crescimento do tubo polínico, os processos de frutificação, metabolismo do N e a atividade de hormônios são papeis desempenhados pelo B. Sua deficiência interrompe o crescimento, desenvolvimento 23 e maturação das células, além da síntese do ácido ribonucleico, a formação de ribose e síntese de proteínas determinando o crescimento meristemático. A parede celular fica menos resistente quando há a deficiência de B (NOVAIS et al., 2007). Ao se trabalhar com o nutriente boro vários cuidados devem ser tomados uma vez que os níveis críticos e tóxicos variam muito com as características dos solos, espécies e estádio fenológico da planta, aliado a esses aspectos, o limite entre as concentrações adequadas e tóxicas de B na planta é muito estreito, exigindo assim um planejamento minucioso com a fertilização desse micronutriente (MARIANO et al., 1999). É um elemento imóvel na planta absorvido principalmente na forma de ácido bórico, e de extrema carência, principalmente em solos arenosos, com baixo teor de matéria orgânica e muito expressa devido ao cultivo intensivo, à grande extração pelas culturas, uso crescente de calcário e adubos fosfatados provocando insolubilização do micronutriente (MANTOVANI et al., 2013). Em estudo com modos de aplicação de boro e zinco em dois cultivares de arroz de terras altas Engler et al (2006) verificaram que as concentrações de boro na planta aumentam quando este elemento é pulverizado em área total, e que pequenos teores no solo deste elemento já se tornam suficientes para a cultura em questão. Segundo Pavinato et al. (2009) e Corrêa et al. (2006) avaliando efeito de doses na cultura do arroz verificaram que a cultura é sensível ao elemento estudado, sendo exigido em pequenas quantidades, pois as doses de 0,5 mL L -1 de B e 3 mg dm-3 de B respectivamente, apresentaram sintomas de toxicidade nas plantas. Com isso Pavinato et al. (2009) verificaram que os parâmetros morfológicos da cultura foram afetados com redução do comprimento das raízes aumentando seu diâmetro, além de terem redução do perfilhamento. Diferentemente destes resultados Leite et al. (2011) não encontraram variações no rendimento e na qualidade de sementes de arroz em função da adubação com boro, mesmo sendo aplicado em diferentes estágios de crescimento vegetativo da planta. Desta forma, com a evolução da agricultura, do modelo extrativismo e da agricultura de subsistência para a exploração agroindustrial intensa, exige-se a busca de novos patamares de conhecimento e tecnologias, a fim de tornar os sistemas de produção diversificados e sustentáveis. Principalmente na regiões tropicais, no cerrado, como o estado do Tocantins, que possui grande potencial produtivo. Assim materias genéticos com maior capacidade produtiva, mais adaptados em novos ambientes, capazes de se desenvolver com baixas doses de adubos, são importantes 24 ferramentas que devem ser incorporadas ao manejo da agricultura de forma a atender desde grande produtores até mesmo áreas marginais, almejando sempre quantidade e qualidade do produto atendendo às exigências do mercado consumidor, e a lucratividade do empreendimento. A estrutura da dissertação está dividida em capítulos, constando, portanto, de cinco capítulos, e tem como tema principal a cultura do arroz. Cada capítulo está em formato de artigo científico, e é abordado subtemas vinculados à cultura. No capítulo I e III trata-se do comportamento de cultivares de arroz de terras altas em condições adequadas de adubação, no capítulo II temos o estresse nutricional com fósforo, e no capítulo IV estresse com nitrogênio, já no capítulo V trabalhou-se com o micronutriente boro, em diferentes épocas de aplicação na cultura em estudo. 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADORIAN, G. C. Caracterização da diversidade fenotípica existente em uma coleção nuclear de arroz de terras altas. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) - Universidade Federal do Tocantins - UFT, Campus de Gurupi, 2010. ALVAREZ, R. C. F.; CRUSCIOL, C. A. C.; RODRIGUES, J. D.; ALVAREZ, A. C. C. Marcha de absorção de nitrogênio de cultivares de arroz de terras altas com diferentes tipos de plantas. Científica, Jaboticabal, v.34, n.2, p.162-169, 2005. BOTA, J.; MEDRANO, H.; FLEXAS, J. Is photosynthesis limited by decreased Rubisco activity and RuBP contente under progressive water stress? 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Os experimentos foram conduzidos em campo na Fazenda Chaparral e na Estação Experimental da Universidade Federal do Tocantins, nos anos agrícolas 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012. O delineamento experimental foi de blocos casualisados com quatro repetições, num esquema fatorial 4 x 5, constituído por quatro genótipos e cinco anos. As características avaliadas foram número de dias para florescimento, altura da planta, massa de cem grãos e produtividade de grãos. Conclui-se que o ano agrícola 2007/08 foi onde os cultivares apresentaram as maiores produtividades; e os cultivares BRS-Bonança, BRS-Primavera e BRSMG-Conai atingiram boas produtividades em mais de um ano de cultivo, sendo indicadas para a utilização na região. Palavras-chave: Oryza sativa; terras altas; produtividade; estabilidade. PERFORMANCE OF UPLAND RICE CULTIVARS IN SOIL OF CERRADO ABSTRACT The rice is a grain belonging to the family Poaceae, grown in two ecosystems, the floodplain, and the Highlands, besides being used by people who keeps as part of the daily diet. There is a growing demand for rice consumption around the world. That 30 cereal has great socioeconomic importance. The State of Tocantins has great productive potential, so the aim of the study was to evaluate the productive performance of cultivars of upland rice in the cerrado of the southern state part of Tocantins five years of evaluation. The experiments were conducted in the field in the Chaparral Farm and in the Experimental Station of the Federal University of Tocantins, in the years 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 and 2011/2012. The experimental design was a randomized blocks with four replications, in a 4 x 5 factorial scheme, consisting of four genotypes and five years. The evaluated characteristics were number of days to flowering, plant height, weight of hundred grains and grain yield. It was concluded that the cultivars showed the highest yield in the agricultural year of 2007/08; and cultivars BRS – Bonança, BRS – Primavera, BRSMG – Conai reached good productivities in more than one year of cultivation, being indicated for use in the region. Key words: Oryza sativa; highlands; productivity; stability. INTRODUÇÃO O cultivo de arroz é praticado mundialmente desde os primórdios por populações que o mantém como parte integrante da alimentação diária, por fornecer energia, proteínas, vitaminas e minerais. É uma gramínea pertencente à família Poaceae, cultivado em dois ecossistemas, o de várzea, sendo irrigado por inundação controlada, e no ecossistema de terras altas, onde o cultivo pode ser conduzido apenas com a água provinda da chuva, ou com irrigação suplementar (GUIMARÃES et al., 2006). Vale destacar que o sistema de cultivo de terras altas possui a maior área plantada em todo território nacional, porém, tem baixa representatividade na produção nacional devido à baixa produtividade, o que pode ser explicado pela irregularidade das precipitações pluviais, pela exposição à altas temperaturas e à altas taxas de evapotranspiração, bem como práticas inadequadas de cultivo, resultando em diversos problemas metabólicos e fisiológicos que reduzem a produção (GUIMARÃES et al., 2007). 31 No cerrado brasileiro o cultivo de arroz de terras altas foi pioneiro durante o processo de ocupação agrícola, devido a cultura ser pouco exigente em fertilidade e tolerante a solos ácidos. Segundo o quarto levantamento da CONAB (2015), estimase para a safra 2014/2015 área plantada de arroz no Brasil em 2372,9 mil hectares, com produção de 12197,8 mil toneladas e produtividade de 5182 kg ha-1. Para o estado do Tocantins a estimativa é de 113,9 mil hectares plantados, com produção de 577,5 mil toneladas e produtividade de 4932 kg ha-1. Para o arroz cultivado apenas em sistemas de terras altas, segundo o sexto levantamento da CONAB (2013), produção para a safra 2012/2013 foi de 78,27 mil toneladas, numa área de 38,96 mil hectares, obtendo produtividade de 2009 kg ha-1. No cenário nacional a produção do arroz de terras altas tem se intensificado em praticamente todas as regiões do país, numa ampla diversidade de cultivos, que vai desde grandes lavouras mecanizadas até pequenas áreas de produção para subsistência (SOUZA et al., 2007). Diversas pesquisas enfocando o melhoramento genético com a cultura do arroz têm sido realizadas nas últimas décadas e vem alcançando grandes avanços tecnológicos. Na tentativa de incrementar a produtividade, pesquisadores observaram que a utilização de cultivares selecionados é uma tecnologia de fácil adoção pelos agricultores e que possuem o menor custo de produção agrícola (CORDEIRO et al., 2010) Diante da demanda de consumo mundial de arroz, o desafio é encontrar cultivares com grandes potenciais produtivos e adaptados à região, sendo eles capazes de se desenvolver e apresentar produção satisfatória mesmo sob a grande diversidade edafoclimática submetidos em cada cultivo. Em vista do estado do Tocantins ter grande potencial produtivo e estar localizado estrategicamente em um grande entroncamento rodoviário, sendo corredor de exportações para várias regiões do país (PIRES et al., 2012), a pesquisa deve ser intensificada a fim de tornar o estado um polo comercial agrícola. Vários autores tem verificado a importância de encontrar materiais genéticos adaptados às diversas condições ambientas e que apresentem estabilidade ao longo dos anos de cultivo (SOUZA et al., 2007; CARGNIN et al., 2008; MORAIS et al., 2008). Avaliar o comportamento de cultivares ao longo de diversas safras é de extrema importância, de forma que os cultivares quando submetidos em condições que variam no tempo e no espaço serão caracterizados diferentemente. A interação genótipos x ambiente será expressa de forma distinta a depender de cada condição 32 em que for submetido o cultivo em determinado ano, assim a inter-relação ambienteplanta irá idenficar materiais genéticos com a melhor expressão das suas potencialidades, demosntrando-as nas variações morfológicas e econômicas da cultura. Diante do exposto, objetivou-se com este estudo avaliar o comportamento de cultivares de arroz de terras altas no cerrado do sul do Estado do Tocantins. MATERIAL E MÉTODOS Para avaliação do comportamento dos cultivares instalou-se um experimento em cada uma das seguintes safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012, no sistema de cultivo de terras altas, sendo dois na fazenda Chaparral (safras 2007/2008 e 2008/2009), no município de Gurupi, situada a 11° 40’ de latitude sul e 49° 01’ de longitude oeste e com altitude de 280m, em solo do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico de classe textural arenosa (Embrapa, 2006). Os outros três experimentos foram instalados na estação experimental da Universidade Federal do Tocantins, no Campus Universitário do município de Gurupi, sendo que o da safra 2009/2010 foi instalado na Fazenda Experimental localizado a latitude de 11º46`12``S e longitude de 49º02`45``w, a 286m de altitude e os da safra 2010/2011 e 2011/12 localizada a latitude de 11º 43` 45``S e longitude de 49º 04` 07``W, a 280m de altitude, todos em solo classificado como Latossolo Vermelho - Amarelo distrófico (Embrapa, 2006). Segundo o sistema de classificação de Köppen (1948), o clima da região é do tipo mesotérmico com chuvas de verão e inverno seco. Os dados climáticos referentes ao período de condução dos experimentos encontram-se na Figura 1. 33 Figura 1. Precipitação pluvial (mm) e Temperaturas máxima e mínima (°C) ocorridas durante cultivos de cultivares de arroz de terras altas, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 (BDMEP, 2012). As áreas onde se instalaram os experimentos da Fazenda Chaparral (safras 2007/08 e 2008/09) e primeira safra na Fazenda experimental (2009/10), vinham sendo utilizadas por muitos anos com pastagens e encontravam-se em estado degradado. Como histórico de utilização da área onde se implantou os ensaios nas safras (2010/11 e 2011/12), consta a rotação de cultura de arroz (safra) e feijão (entressafra). Em todos os locais de plantio foi realizado calagem para a correção da acidez do solo, porém, no ano de 2009, por ter sido feito próximo ao plantio, o calcário não teve tempo suficiente de reagir no solo, como pode ser observado nas características químicas do solo para esta época (Tabela 1). Anterior a instalação dos experimentos, em cada ano foram coletadas amostras de solo da camada de 0-20 cm para a caracterização dos atributos químicos e físicos, que são apresentados na Tabela 1. 34 Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo a profundidade de 0 – 20 cm nas áreas dos experimentos. Atributos do solo Safras 07/08 08/09 09/10 10/11 11/12 0,90 3,20 4,80 1,72 1,08 Mg (cmolc dm ) 0,40 1,70 0,10 1,41 0,60 Ca+Mg (cmolc dm-3) 1,30 4,90 4,90 3,13 1,68 K (cmolc dm-3) 0,06 0,40 0,44 0,37 0,06 1,36 5,20 5,30 3,50 1,73 H+Al (cmolc dm ) 2,90 3,30 3,60 2,65 0,95 pH (CaCl2) 4,30 4,70 6,10 5,36 5,08 P-melich (mg dm-3) 2,40 5,30 3,40 1,70 4,35 T (cmolc dm-3) 4,26 8,60 8,90 6,14 2,67 V (%) 30,51 60,90 59,3 56,90 64,53 M.O (%) 0,20 2,20 2,50 1,20 1,45 Areia (g kg-1) 785,20 785,20 597,30 720,81 720,81 Sílte (g kg-1) 38,30 38,30 47,70 90,53 90,53 176,50 176,50 354,90 188,66 188,66 Ca (cmolc dm-3) -3 SB (cmolc dm-3) -3 -1 Argila (g kg ) O delineamento experimental foi em blocos casualisados com quatro repetições, num esquema fatorial 4 x 5, constituído por quatro genótipos e cinco anos de cultivo. No cultivo das safras 2007/2008 e 2008/2009, cada parcela experimental foi constituída por cinco linhas de 5,0 m de comprimento espaçadas de 0,45 m e 60 sementes por metro linear, utilizando-se como área útil as três linhas centrais, desprezando 0,5 metros de cada extremidade e as duas linhas laterais obtendo assim, 5,4 m2 de área útil. Nas demais safras cada parcela experimental foi constituída por quatro linhas de 5,0 m de comprimento, espaçadas de 0,45 m e 60 sementes por metro linear. Como área útil foram utilizadas as duas linhas centrais com 4,0 metros de comprimento, desprezando as duas linhas laterais e 0,5 m de cada extremidade totalizando desta forma 3,6 m2 de área útil. Para o estudo foram utilizados os cultivares BRS-Bonança, BRS-Sertaneja, BRS-Primavera e BRSMG-Conai. Em todos os anos o preparo do solo se deu de forma convencional com uma gradagem pesada + grade niveladora. A semeadura foi realizada manualmente nos dias 13 de dezembro de 2007, 10 de dezembro de 2008, 12 de dezembro de 2009, 11 de dezembro de 2010 e 10 de dezembro de 2011. 35 A adubação de semeadura foi realizada no sulco de plantio segundo a análise de solo de cada ano e recomendação para o cultivo de arroz de terras altas. Sendo assim, nas safras 2007/08, 2008/09, 2009/10 e 2010/11 foram aplicados 120 kg ha-1 de P2O5 na forma de superfosfato simples (17% P2O5), descontando o P já presente no solo de cada experimento. O potássio foi aplicado em plantio na dosagem de 60 kg ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio. Na safra 2011/12 aplicou-se 480 kg ha-1 de NPK na formulação (5-25-15), sendo aplicados 24 kg ha-1 de N, 120 kg ha-1 de P2O5, e 72 kg ha-1 de K2O. As adubações de cobertura nas safras 2007/08, 2008/09 e 2009/10 ocorreram com 90 kg ha-1 de N, na forma de uréia, na safra 2010/11 foram aplicados 120 kg ha-1 de N, na forma de uréia com boro e na safra 2011/12 foram aplicados 120 kg ha-1 de N na forma de uréia, descontando a adubação nitrogenada realizada no sulco de plantio. Em todos os cultivos as adubações de cobertura foram realizadas em duas etapas, a primeira feita por ocasião do perfilhamento efetivo, cerca de 30 dias após plantio e a segunda aplicada na diferenciação do primórdio floral, cerca de 60 dias após plantio. Os tratos culturais na safra 2007/08 foram efetuados quando necessários e o controle de plantas daninhas, realizado mediante capina manual, sempre antes das adubações. Em 2008/09 houve os procedimentos de limpeza mediante capina manual, também antecedendo as aplicações nitrogenadas, não houve necessidade de ser utilizados inseticidas e nem fungicidas durante a condução do experimento. Em 2009/10 os tratos culturais ocorreram mediante uso de herbicida e inseticida quando se fez necessário. Na safra 2010/11e 2011/12 as limpezas ocorreram mediante uso de capina manual e fungicida, com produtos devidamente recomendados para a cultura do arroz. As características avaliadas foram número de dias para florescimento - dias para emissão de 50% das panículas, a partir da data de semeio; altura da planta medida da superfície do solo até o ápice da panícula do colmo central, excluída a arista, quando presente; massa de cem grãos - massa de uma amostra de cem grãos sadios por parcela e; produtividade de grãos - produção de grãos limpos com 13% de umidade, em kg ha-1. Os dados experimentais foram submetidos a análises individual e conjunta de variância, com aplicação do teste F. A análise conjunta foi realizada sob condições de homogeneidade das variâncias residuais. Para as comparações entre as médias de 36 tratamentos, foi utilizado o teste Tukey a 5% de probabilidade, o que foi feito utilizandose o aplicativo computacional SISVAR (FERREIRA, 2008). RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve efeito significativo da interação cultivar versus ambiente para todas as características avaliadas (Tabela 2), caracterizando interdependência dos fatores, ou seja, o ambiente influenciou de forma diferenciada na expressão dos cultivares estudados, sendo, portanto, realizado o desdobramento de um fator dentro do outro. Resultados semelhantes foram encontrados por CORDEIRO et al. (2010), MELO et al. (2006) e CARGNIN et al. (2008) avaliando cultivares de arroz de terras altas em diferentes locais e anos. Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de dias para florescimento (DF), altura de plantas (AP), massa de cem grãos (MCG) e produtividade de grãos (PROD), de quatro cultivares de arroz cultivados nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012, Gurupi-Tocantins. Quadrado Médio FV GL DF (dias) AP (cm) MCG (g) PROD (Kg ha-1) Cultivar (C) 3 1525,61** 758,26** 0,93** 333801,36ns Ano (A) 4 112,34** 3865,15** 1,28** 8799181,55** CXA 12 63,41** 249,39** 0,07** 650525,50** Repetição (Ano) 15 12,25ns 80,24ns 0,03* 296894,40* Resíduo 45 11,05 62,26 0,01 143276,85 CV(%) 4,19 9,16 5,34 35,73 Média Geral 79,37 86,19 2,58 1059,45 ns não significativo; ** significativo para p ≤ 0,01; *Significativo para p ≤ 0,05 pelo teste F. Observa-se ainda na Tabela 2, efeito significativo no fator cultivar para todas as características, excetuando produtividade de grãos, evidenciando a variabilidade genética existente entre os cultivares avaliados, o que é de extrema importância para os estudos quando se visa encontrar materiais genéticos adaptados para a região e tipo de cultivo visando o aspecto produtivo destes (CANCELLIER et al., 2011). Para o 37 fator ambiente também foi observada significância para todas as características, evidenciando as diferenças entre os anos de cultivo, mesmo sendo os estudos realizados em condições experimentais semelhantes. Segundo Melo et al. (2007), esta significância do fator ambiente é importante, pois, aumenta a necessidade de estudos como este. Os coeficientes de variação foram considerados baixos (Tabela 2) mostrando boa precisão na condução dos experimentos exceto para a característica produtividade de grãos (35,73%). Porém, para Costa et al. (2002), este valor é classificado como médio em seus estudos que sugerem uma classificação para os coeficientes de variação de acordo com o delineamento experimental em cultivos de arroz terras altas. Tonello et al. (2012) e Cancellier et al. (2011) também verificaram coeficientes elevados em estudos realizados à campo, quando a cultura foi submetida a algum tipo de estresse. Para a característica número de dias para florescimento (Tabela 3), observase para as safras 2007/08 e 2008/09 que os cultivares BRSMG-Conai e BRSPrimavera foram os mais precoces, variando entre 70 e 76 dias. Já os cultivares BRSBonança e BRS-Sertaneja mostraram-se mais tardios variando entre 81,00 e 87,00 dias. Nas safras 2009/10, 2010/11 e 2011/12, novamente verifica-se que o cultivar BRSMG-Conai se apresentou mais precoce, bem como, o cultivar BRS-Sertaneja o mais tardio. Tabela 3. Médias de dias para florescimento de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 Dias para florescimento Cultivar Safra 07/08 Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Média BRS-Bonança 81,00aAB 84,75aA 81,75bA 75,00bB 83,50bA 81,20 BRS-Sertaneja 85,00aC 87,00aBC 92,75aAB 95,00aA 91,00aABC 90,15 BRS-Primavera 74,50bB 75,75bB 86,50abA 75,00bB 73,00cB 76,95 BRSMG-Conai 70,00bAB 70,25bAB 74,75cA 66,00cB 65,00dB 69,20 Média 77,62 79,43 83,93 77,75 78,12 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade. 38 Com relação aos anos agrícolas de cultivo, todos os cultivares apresentaram variações quanto à característica número de dias para florescimento, sendo que BRSPrimavera foi dentre eles o mais estável, não mostrando diferenças significativas entre a maioria dos cultivos, pois, apenas na safra 2009/10 teve o seu ciclo mais tardio. O cultivo de arroz está sujeito a diversos estresses abióticos, que variam de ano para ano. Durante os cinco anos de cultivo observa-se grande variação na ocorrência, duração e intensidade das precipitações pluviais (Figura 1), de forma que os cultivares responderam a essas alterações com variações em seu ciclo. A planta ao passar por condições estressantes, no caso, o déficit de água, não consegue produzir fotoassimilados suficientes e necessários para o início do florescimento, sendo assim, permanece mais tempo na fase vegetativa como resposta ao estresse, e tem como resultado o prolongamento do seu ciclo (TERRA, 2008). Crusciol (1995) constatou em seus estudos que a cultura do arroz prolonga seu ciclo quando passa por deficiência hídrica. Segundo Fornasiere Filho & Fornasiere (2006), o cultivar BRSMG-Conai é um cultivar de ciclo precoce, e tem diferenças de ciclo em relação ao cultivar BRSPrimavera que varia de 5 à 10 dias, que por sua vez é classificado como semi precoce, enquanto que o BRS-Bonança tem ciclo vegetativo longo, variando em torno de 88 dias. Materiais genéticos de ciclo precoce vêm sendo utilizados para o cultivo quando se busca menor tempo de exposição a fatores ambientais adversos, e quando, em condições favoráveis permite que os produtores obtenham duas colheitas anuais compensadoras, pelo aproveitamento da soca. Guimarães et al. (2007), também encontraram valores semelhantes de dias para florescimento para o cultivares supracitados. Para a característica altura de plantas (Tabela 4), nota-se que o cultivar BRSPrimavera foi o único a constituir sempre o grupo estatístico de plantas de maiores estaturas, independente do ano de cultivo, devido provavelmente ao fator genético que a caracteriza como um genótipo com maior porte de plantas. É importante ressaltar que as alturas são consideradas satisfatórias para a região, pois possibilita a colheita mecanizada. Para Castro Neto (2009) alturas em torno de 0,90 cm são satisfatórias e pensando em cultivo mecanizado, reduzem as perdas de grãos no momento da colheita. 39 Tabela 4. Médias de altura de plantas em cm de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 Altura de plantas (cm) Cultivar Safra 07/08 Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Média BRS-Bonança 104,62bA 67,50bC 68,05bC 89,67 abAB 76,80 abBC 81,33 BRS-Sertaneja 123,97aA 80,75abB 75,95 abB 72,20cB 69,72bB 84,52 BRS-Primavera 110,52abA 84,50aC 87,85aBC 101,77aAB 91,35aBC 95,20 BRSMG-Conai 112,65abA 69,25bB 76,45abB 82,45bcB 77,75abB 83,71 Média 112,94 77,07 86,52 78,9 75,5 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade. Observa-se que na safra 2007/08 os cultivares obtiveram as maiores alturas de plantas, variando de 123,97 a 104,62 cm. Da safra 2007/08 para a safra 2008/09 os cultivares apresentaram grandes decréscimos em suas estaturas, em cerca de 38%, 36%, 35% e 24% para BRSMG-Conai, BRS-Bonança, BRS-Sertaneja e BRSPrimavera, respectivamente. Para as demais safras, os cultivares BRSMG-Conai e BRS-Sertaneja demonstraram estabilidade para a característica, enquanto que BRSBonança e BRS-Primavera foram instáveis. Segundo Fonseca et al. (2008), a característica altura de planta é uma variável agronômica, ou seja, quantitativa, controlada por vários genes que apresentam baixa herdabilidade, e desta forma, muito influenciadas pelas condições ambientais pelos quais são submetidos os materiais durante o cultivo. Na safra 2007/08 obteve-se as maiores alturas de plantas, justamente quando ocorreram as melhores precipitações pluviais (Figura 1). Segundo Taiz & Zeiger (2009), diversas mudanças fisiológicas, estruturais, anatômicas, morfológicas e bioquímicas ocorrem quando a planta é submetida a qualquer tipo de estresse, sendo que o estresse hídrico afeta principalmente o crescimento celular, o que possivelmente explica a redução das estaturas das plantas nos anos subsequentes, cujas precipitações foram menores e má distribuídas. Quanto à massa de cem grãos (Tabela 5), constata-se que o BRSMG-Conai compôs sempre o grupo estatístico de maiores médias independente da safra de cultivo, o que é desejável, pois, massa de cem grãos correlaciona-se com 40 produtividade de grãos. O cultivar BRS-Sertaneja também apresentou massa elevada, deixando de compor o grupo mais produtivo apenas na safra 2010/11. Tabela 5. Médias de massa de cem grãos de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 Massa de cem grãos (g) Cultivar Safra 07/08 Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Média BRS-Bonança 2,72bA 2,28bB 2,34bcB 2,64bA 2,29aB 2,45 BRS-Sertaneja 3,07aA 2,52abB 2,46abBC 2,52bB 2,19aC 2,55 BRS-Primavera 2,72bA 2,26bB 2,17cB 2,71bA 2,19aB 2,41 BRSMG-Conai 3,30aA 2,68aBC 2,72aB 3,30aA 2,44aC 2,89 Média 2,95 2,43 2,42 2,79 2,28 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade. Analisando as safras, observa-se a ausência de estabilidade entre os cultivares para massa de cem grãos (Tabela 5), devido a forte influência do ambiente. As baixas precipitações associadas à sua má distribuição durante o ciclo da cultura do arroz afetaram visivelmente as características agronômicas, diminuindo suas massas. O fator água é responsável pela expansão foliar, que está diretamente relacionada com a quantidade de fotossíntese realizada pela planta. Em geral, a quantidade de fotossíntese é proporcional à área foliar, sendo assim, com menos fotossíntese haverá diminuição na quantidade de assimilados produzidos, redução na sua distribuição na planta e consequentemente menor enchimento de grãos (TAIZ & ZEIGER, 2009). É notório que as safras 2007/08 e 2010/11 foram melhores, bem como 2008/09, 2009/10 e 2011/12 foram ruins. A possível explicação deve-se ao fato da massa de cem grãos ser uma característica dependente da translocação de carboidratos que irão preencher o grão, processo no qual a água é de fundamental importância, pois participa nas diversas e principais atividades do metabolismo da planta, desde a translocação de fotoassimilados, no transporte do xilema e floema, e no processo de fotossíntese, que ficam reduzidos ou até inibidos quando há deficiência hídrica (TAIZ & ZEIGER, 2009). 41 Os valores das massas de cem grãos encontradas nesse trabalho variaram de 3,30g para BRSMG-Conai nas safras 2007/08 e 2010/11 a 2,17 para BRSPrimavera na safra 2009/10. Adorian (2010) estudando a caracterização da diversidade fenotípica existente em uma coleção nuclear de arroz de terras altas encontrou valores de massa de cem grãos que variaram de 1,23 a 3,43 gramas. Já Melo et al. (2009) e Fonseca et al. (2006) em trabalhos avaliando características agronômicas de cultivares de arroz, encontraram valores que variaram de 2,3 a 2,7 gramas, valores estes que ficaram próximos aos encontrados neste estudo. Guimarães et al. (2007), encontraram valor de 2,37 para o cultivar BRS-Bonança e Silva et al. (2009) encontraram para o cultivar BRSMG-Conai massa de 2,39 gramas. Segundo Fonseca et al. (2008), trata-se de uma característica muito influenciada pelo ambiente, fazendo com que os cultivares respondam diferentemente em cada ano de cultivo, uma vez que em cada ano agrícola houveram diferentes condições edafoclimáticas. Para produtividade de grãos (Tabela 6), observa-se que o cultivar BRSBonança compôs sempre o grupo estatístico de maior média, sendo, portanto, considerado o mais produtivo, apesar de não ter havido nas safras 2008/09, 2009/10 e 2011/12 diferença significativa entre os cultivares. Tabela 6. Médias de produtividade grãos de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 Produtividade de grãos (kg ha-1) Cultivar Safra 07/08 Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Média BRS-Bonança 2729,34aA 502,58aC 167,38aC 1711,63aB 499,96aC BRS-Sertaneja 1951,03bA 903,09aB 137,63aC 732,36bBC 607,18aBC 866,26 BRS-Primavera 1716,81bA 906,11aB 465,40aB 2066,59aA 406,83aB 1112,35 BRSMG-Conai 1875,22bA 943,01aB 831,06aBC 1855,78aA 179,93aC 1137 Média 813,7 400,37 423,48 2068,1 1591,59 1122,18 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade. Dentre os cultivos das safras, 2007/08 foi a mais produtiva, seguida da safra 2010/11. A safra 2009/10 seguida da safra 2011/12 foram as que apresentaram os menores rendimentos de grãos. Porém, estas médias de produtividade de grãos estão 42 próximas, e na maioria abaixo da média estadual que foi estimada em apenas 2009 - kg ha 1 na safra 2012/2013 (CONAB, 2013). A possível explicação para tal fato devese provavelmente à distribuição e às quantidades de chuvas ocorridas no período em que foi cultivada cada safra (Figura 1). Verifica-se que na safra 2007/08, além das maiores precipitações, também foi melhor distribuída durante o período de cultivo, resultando em maiores produtividades de grãos. O déficit hídrico reduz a capacidade produtiva dos cultivares, sendo o período de florescimento e enchimento de grãos a fase mais crítica da cultura do arroz, pois nesta fase a falta de água pode provocar esterilidade das espiguetas, panículas menores e grãos mal formados e gessados. Segundo Heinemann (2010) as perdas devido ao estresse hídrico na produtividade de grãos dos cultivares de arroz podem ultrapassar a marca de 50%, causando grandes prejuízos aos riziculturores. Observa-se grandes decréscimos de produtividades do primeiro para o segundo ano de cultivo, chegando até a 80% de redução para o cultivar BRSBonança. Decréscimo que se manteve, quase na mesma proporção ou até intensificou-se, do segundo para o terceiro ano de cultivo, para todos os cultivares. A safra 2010/11 obteve bons rendimentos, porém no cultivo seguinte voltou-se a obter quedas na produtividade dos cultivares. Apesar das variações nos atributos físicos e químicos do solo (Tabela 1), que podem justificar as baixas produtividades de grãos, bem como, as oscilações de cada ano, tem-se como principal limitante na produção do arroz nestas cinco safras, o componente água, que teve grandes alterações em sua disponibilidade (Figura 1), modificando as características dos cultivares, pois esta exerce uma diversidade de funções fisiológicas e metabólicas nas plantas e em todo ecossistema. CONCLUSÕES O ano agrícola 2007/08 proporcionou as maiores produtividades, independentemente dos cultivares avaliados. Os cultivares BRS-Bonança, BRS-Primavera e BRSMG-Conai atingiram boas produtividades em mais de um ano de cultivo, sendo indicadas para a utilização na região. 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADORIAN, G. C. Caracterização da diversidade fenotípica existente em uma coleção nuclear de arroz de terras altas. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) - Universidade Federal do Tocantins - UFT, Campus de Gurupi, 2010. BDMEP. Banco de Dados Meteorólogicos para Ensino e Pesquisa. Banco de dados. Date Published, Volume v., Pages p. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/projetos/rede/pesquisa/>. Acesso em: Date Accessed. CANCELLIER, E. L.; BARROS, H. B.; KISCHEL, E.; GONZAGA, L. A. M.; BRANDÃO, D. R.; FIDELIS, R. R. Eficiência agrônomica no uso de nitrogênio mineral por cultivares de arroz de terras altas. 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As características avaliadas foram número de dias para florescimento, altura da planta, massa de cem grãos e produtividade de grãos. Conclui-se que os cultivares BRS-Primavera, BRS-Bonança e BRSMG-Conai apresentaram produtividades superiores em mais de um ano de cultivo; o ano agrícola 2007/2008 apresentou os maiores rendimentos para os cultivares avaliados e o estresse de fósforo altera as características agronômicas da cultura do arroz, e reduz significativamente suas produtividades de grãos. Palavras-chave – Oryza sativa; estresse abiótico; estresse mineral; produtividade. BEHAVIOR OF RICE CULTIVARS UNDERGOING STRESS CONDITION OF PHOSPHORUS IN SOILS OF CERRADO ABSTRACT Indispensable in the metabolism of rice, phosphorus is a major limiting crop productivity, then, the aim of this study was to evaluate the behavior of cultivars of upland rice subjected to stress of phosphorus in the Cerrado of south State of Tocantins. The experiments were conducted in the field in Chaparral Farm and Experiment Station of the Federal University of Tocantins in the years 2007/2008, 48 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 and 2011/2012. The experimental design was randomized blocks with four replications, in a 4 x 5 factorial, consisting of four genotypes and five years. The characteristics evaluated were number of days to flowering, plant height, weight of hundred grains and grain yield. We conclude that the BRS-Primavera, BRS-Bonança e BRSMG-Conai showed higher yield than in more than a year of cultivation, the agricultural year 2007/2008 had the highest yields for cultivars evaluated and phosphorus stress alters agronomic of rice, and significantly reduces their grain yields. Key words - Oryza sativa; abiotic stress; stress mineral; productivity. INTRODUÇÃO Cultivado e consumido em todo o mundo, o arroz (Oryza sativa L.) exerce papel fundamental na alimentação humana, sendo fonte de energia, proteínas, vitaminas e minerais. Sua produção concentra-se na Ásia, com aproximadamente 90% da produção mundial, seguida das Américas (4,5%), África (4,5%), Europa e Oceania. A orizicultura tem lugar de destaque no agronegócio por representar grande importância econômico-social visando à produção de alimentos necessários para atender a crescente demanda populacional. Na América Latina o Brasil é o maior produtor desse grão, com a produção correspondente provinda desde grandes lavouras mecanizadas até pequenas áreas de produção para subsistência (FERREIRA et al., 2012; CORDEIRO et al., 2010). A evolução da cultura fez-se adaptar a diversas condições climáticas, sendo assim, sua produção está distribuída em todo território nacional, dividida em dois sistemas de cultivo, o de várzea e o de terras altas, sendo que este último é detentor da maior área plantada, cerca de 55%, porém, representando apenas 25% da produção total brasileira, que concentra-se na região do Cerrado (SANTOS & RABELLO, 2008). Essas baixas produções do Cerrado são explicadas pela exposição da cultura as intemperes climáticas que ocorrem na região, como veranicos, que são caracterizados pelos períodos irregulares de chuva, às altas temperaturas, que desencadeiam alta transpiração da cultura, solos ácidos e com limitada disponibilidade de nutrientes que tem como resultado mudanças no metabolismo da 49 planta e consequentemente queda na produtividade (GUIMARÃES et al., 2007). Segundo o quarto levantamento da CONAB (2015), estima-se para a safra 2014/2015 área plantada de arroz no Brasil em 2372,9 mil hectares, com produção de 12197,8 mil toneladas e produtividade de 5182 kg ha-1. Para o estado do Tocantins a estimativa é de 113,9 mil hectares plantados, com produção de 577,5 mil toneladas e produtividade de 4932 kg ha-1. Para o arroz cultivado apenas em sistemas de terras altas, o levantamento da CONAB (2013) apontou estimativa de produção para a safra 2012/2013 de 78,27 mil toneladas, numa área de 38,96 mil hectares, obtendo produtividade de 2009 kg ha-1. O elemento fósforo (P) é um dos maiores limitantes da produção de arroz de terras altas, isso porque esse nutriente se encontra em baixos níveis em solos do Cerrado e tem alto poder de adsorção e fixação no solo, ficando, portanto, indisponível para as plantas. Indispensável no metabolismo da planta, o fósforo tem função estrutural, compondo o ATP, ácidos nucléicos e fosfolipídios das membranas celulares e fazendo parte dos compostos fosfatados da glicólise e da fotossíntese, além da ação funcional, como regulador enzimático (TAIZ; ZEIGER, 2009). Sendo assim, sua deficiência reduz o crescimento e o perfilhamento da cultura, acarreta menor desenvolvimento das raízes, assim como na produção de matéria seca e sementes (GRANT et al., 2001). Identificar materiais genéticos que apresentem bons rendimentos quando submetidos à baixas adubações, e que tenham boa adaptação e estabilidade ao longo de vários anos de cultivo, mesmo, submetidos a diversas condições climáticas, de forma que estes, consigam expressar suas potencialidades, irá favorecer a produção agrícola, obtendo um maior retorno econômico, reduzindo os custos dos produtores, e principalmente promovendo o crescimento local. Assim, objetivou-se com este estudo avaliar o comportamento de cultivares de arroz de terras altas submetidos ao estresse de fósforo, no Cerrado do sul do Estado do Tocantins. 50 MATERIAL E MÉTODOS Para avaliação do comportamento dos cultivares instalou-se um experimento em cada uma das seguintes safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012, no sistema de cultivo de terras altas, sendo dois na Fazenda Chaparral (safras 2007/2008 e 2008/2009) no município de Gurupi, situada a 11° 40’ de latitude sul e 49° 01’ de longitude oeste e com altitude de 280m, em solo do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico de classe textural arenosa. Os outros três experimentos foram instalados na estação experimental da Universidade Federal do Tocantins, no Campus Universitário de Gurupi, sendo que o da safra 2009/2010 foi instalado na Fazenda Experimental, localizado a latitude de 11º46`12``S e longitude de 49º02`45``w, a 286m de altitude e os da safra 2010/2011 e 2011/12 localizada a latitude de 11º 43` 45``S e longitude de 49º 04` 07``W, a 280m de altitude, todos em solo classificado como Latossolo Vermelho - Amarelo distrófico (Embrapa, 2006). Segundo o sistema de classificação de Köppen (1948), o clima da região é do tipo mesotérmico com chuvas de verão e inverno seco. Os dados climáticos referentes ao período de condução dos experimentos encontram-se na Figura 1. 51 Figura 1. Precipitação pluvial (mm) e temperaturas máxima e mínima (°C) ocorridas durante cultivos de cultivares de arroz de terras altas, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 (BDMEP, 2012) As áreas onde se instalaram os experimentos da Fazenda Chaparral (safras 2007/08 e 2008/09) e primeira safra na Fazenda experimental (2009/10), vinham sendo utilizadas por muitos anos com pastagens e encontrava-se em estado degradado. Como histórico de utilização da área onde se implantou os ensaios nas safras (2010/11 e 2011/12), consta a rotação de cultura de arroz (safra) e feijão (entressafra). Em todos os locais de plantio foi realizada calagem para a correção da acidez do solo, porém, no ano de 2009, e por ter sido feito próximo ao plantio, o calcário não teve tempo suficiente de reagir com o solo, como pode ser observado nas características químicas do solo para esta época (Tabela 1). Anterior a instalação dos experimentos, em cada ano foram coletadas amostras de solo da camada de 020 cm para caracterização dos atributos químicos e físicos, que são apresentados na Tabela 1. 52 Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo a profundidade de 0 – 20 cm nas áreas dos experimentos Safras Atributos do solo 07/08 08/09 09/10 10/11 11/12 Ca (cmolc dm-3) 0,90 2,70 4,80 1,59 1,15 Mg (cmolc dm-3) 0,40 1,30 0,10 1,41 0,69 Ca+Mg (cmolc dm-3) 1,30 3,90 4,90 3,00 1,84 K (cmolc dm-3) 0,06 0,20 0,44 0,15 0,07 SB (cmolc dm-3) 1,36 4,30 5,30 3,14 1,89 H+Al (cmolc dm-3) 2,90 3,40 3,60 2,25 0,73 pH (CaCl2) 4,30 4,20 6,10 5,47 5,49 P-melich (mg dm-3) 2,40 3,90 3,40 0,70 3,98 T (cmolc dm-3) 4,26 7,70 8,90 5,39 2,61 V (%) 30,51 55,40 59,3 58,24 72,22 0,20 0,80 2,50 1,17 1,34 Areia (g kg ) 785,20 809,1 597,30 720,81 720,81 Sílte (g kg-1) 38,30 51,30 47,70 73,86 73,86 Argila (g kg-1) 176,50 139,6 354,90 205,33 205,33 M.O (%) -1 O delineamento experimental foi em blocos casualisados com quatro repetições, num esquema fatorial 4 x 5, constituído por quatro genótipos e cinco anos de cultivo. No cultivo das safras 2007/2008 e 2008/2009 cada parcela experimental foi constituída por cinco linhas de 5,0 m de comprimento espaçadas de 0,45 m e 60 sementes por metro linear, utilizando-se como área útil as três linhas centrais, desprezando 0,5 metros de cada extremidade e as duas linhas laterais obtendo assim, 5,4 m2 de área útil. Nas demais safras cada parcela experimental foi constituída por quatro linhas de 5,0 m de comprimento, espaçadas de 0,45 m e 60 sementes por metro linear. Como área útil foram utilizadas as duas linhas centrais com 4,0 metros de comprimento, desprezando as duas linhas laterais e 0,5 m de cada extremidade totalizando desta forma 3,6 m2 de área útil. Para o estudo foram utilizados os cultivares BRS-Bonança, BRS-Sertaneja, BRS-Primavera e BRSMG-Conai. Em todos os anos o preparo do solo se deu de forma convencional com gradagem pesada + grade niveladora. A semeadura foi realizada manualmente nos dias 13 de dezembro de 2007, 10 de dezembro de 2008, 12 de dezembro de 2009, 11 de dezembro de 2010 e 10 de dezembro de 2011. 53 A adubação de semeadura foi realizada no sulco de plantio segundo a análise de solo de cada ano e recomendação para o cultivo de arroz de terras altas. Sendo assim, nas safras 2007/08, 2008/09, 2009/10 e 2010/11 foram aplicados 20 kg ha -1 de P2O5 na forma de superfosfato simples (17% P2O5), descontando o P já presente no solo de cada experimento. O potássio foi aplicado em plantio na dosagem de 60 kg ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio. Na safra 2011/12 aplicou-se 80 kg ha-1 de NPK na formulação (5-25-15), sendo aplicados 4 kg ha-1 de N, 20 kg ha-1 de P2O5, e 12 kg ha-1 de K2O, também foi adicionado 20 kg de N na forma de uréia. As adubações de cobertura nas safras 2007/08, 2008/09 e 2009/10 ocorreram com 90 kg ha-1 de N na forma de uréia; na safra 2010/11 foram aplicados 120 kg ha-1 de N na forma de uréia com boro e na safra 2011/12 foram aplicados 120 kg ha-1 de N na forma de uréia, descontando a adubação nitrogenada realizada no sulco de plantio. Em todos os cultivos as adubações de cobertura foram realizadas em duas etapas, a primeira feita por ocasião do perfilhamento efetivo, cerca de 30 dias após plantio e a segunda aplicada na diferenciação do primórdio floral, cerca de 60 dias após plantio. Os tratos culturais na safra 2007/08 foram efetuados quando necessários e o controle de plantas daninhas, realizado mediante capina manual, sempre antes das adubações. Em 2008/09 houve os procedimentos de limpeza mediante capina manual, também antecedendo as aplicações nitrogenadas, não houve necessidade de ser utilizado inseticidas e nem fungicidas durante a condução do experimento. Em 2009/10 os tratos culturais ocorreram mediante uso de herbicida e inseticida quando se fez necessário. Na safra 2010/11e 2011/12 as limpezas ocorreram mediante uso de capina manual e fungicida, com produtos devidamente recomendados para a cultura do arroz. As características avaliadas foram número de dias para florescimento - dias para emissão de 50% das panículas, a partir da data de semeio; altura da planta medida da superfície do solo até o ápice da panícula do colmo central, excluída a arista, quando presente; massa de cem grãos - massa de uma amostra de cem grãos sadios por parcela e; produtividade de grãos - produção de grãos limpos com 13% de umidade, em kg ha-1. Os dados experimentais foram submetidos a análises individual e conjunta de variância, com aplicação do teste F. A análise conjunta foi realizada sob condições de homogeneidade das variâncias residuais. Para as comparações entre as médias de 54 tratamentos, foi utilizado o teste Tukey a 5% de probabilidade, o que foi feito utilizandose o aplicativo computacional SISVAR (FERREIRA, 2008). RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a interação genótipos versus ambiente houve significância para todas as características avaliadas (Tabela 2) caracterizando interdependência dos fatores, ou seja, os ambientes (anos) influenciaram de forma diferenciada a expressão dos genótipos estudados. Desta forma, realizou-se o desdobramento de um fator dentro do outro. Ainda na Tabela 2, observou-se significância para todas as características estudadas no fator cultivar e para o fator ambiente, demonstrando variabilidade genética existente entre os cultivares e variação entre os anos de cultivo. Estudos semelhantes foram realizados por Cordeiro et al. (2010) e Cargnin et al. (2008) que também verificaram significância das interações. Fica evidenciado para Cancellier et al. (2011) e Melo et al. (2007) a importância desse tipo de estudo, principalmente para encontrar materiais genéticos adaptados à região e tipo de cultivo visando o aumento produtivo destes. Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de dias para florescimento (DF), altura de plantas (AP), massa de cem grãos (MCG) e produtividade de grãos (PROD), de quatro cultivares de arroz cultivados com estresse de fósforo nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 Gurupi-Tocantins FV GL DF (dias) AP (cm) MCG (g) PROD (kg ha-1) Repetição (Ano) 15 5,11ns 24,59ns 0,04ns 205190,72** Cultivar (C) 3 1207,30** 1037,49** 1,20** 141856,72* ANO (A) 4 607,48** 4484,46** 1,22** 8901932,31** CXA 12 36,77** 276,06** 0,12** 296576,58** Resíduo 45 4,11 18,1 0,02 28879,55 CV (%) 2,46 5,02 6,23 20,53 Média Geral 82,4 84,8 2,55 827,69 ns não significativo; ** significativo para p ≤ 0,01; *Significativo para p ≤ 0,05 pelo teste F 55 As boas conduções dos experimentos ficam evidenciadas nos baixos valores de CV encontrados na Tabela 2, excetuando-se a característica produtividade de grãos (20,53%), porém Blum (1988) avalia que esse coeficiente de variação não é elevado e nem inadequado para ensaios de campo que simulam estresse de nutrientes minerais. Em trabalhos que avaliaram estresse nutricional, diversos também encontraram valores de CV elevado como Sousa et al. (2012) com a cultura do feijão e Tonello et al. (2012) e Cancellier et al. (2011) com a cultura do arroz. As médias para a característica dias para florescimento encontram-se na Tabela 3. Nota-se que o cultivar BRSMG-Conai compôs sempre o grupo estatísticos dos materiais genéticos mais precoces em todos os anos de cultivo, já o cultivar BRSSertaneja caracterizou-se como cultivar mais tardio também verificado em todas as safras. O ciclo precoce para a cultura do arroz pode tornar-se interessante, pois, desta forma, tendem a “escapar”, ou seja, a completar seu ciclo mais rapidamente ficando menos tempo exposto às condições ambientais adversas, e ainda, quando encontram ambiente propício produzem duas colheitas, pelo aproveitamento da soca, trazendo mais rendimentos aos agricultores. Tabela 3. Médias de dias para florescimento de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados sob estresse de fósforo no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 Dias para florescimento Cultivar Safra 07/08 Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Média BRS-Bonança 80,25 aC 82,50 bBC 94,25 bA 81,25 bC 86,25 bB 84,90 BRS-Sertaneja 82,50 aD 87,25 aC 100,25 aA 96,50 aAB 92,50 aB 91,80 BRS-Primavera 74,50 bC 71,00 cC 92,25 bA 79,00 bB 79,50 cB 79,25 BRSMG-Conai 70,00 cC 70,50 cC 82,25 cA 69,00 cC 76,50 cB 73,65 Média 76,81 77,81 92,25 81,43 83,68 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade. A safra 2009/10 apresentou as maiores médias de dias para florescimento, resultando no prolongamento do ciclo dos genótipos (Tabela 3). Isso se deu, provavelmente devido a grandes variações climáticas existentes entre os anos (Figura 1), como por exemplo a distribuição e intensidade pluvial, já que a deficiência hídrica provoca redução na expansão celular. Influenciando diretamente a quantidade de 56 fotossíntese por unidade de área, fazendo com que a planta não consiga ter reservas suficientes para entrar no estágio de florescimento, permanecendo assim, mais tempo na fase vegetativa prolongando seu ciclo. O que ainda pode ter sido intensificado pelo estresse nutricional de fósforo, pois a limitação de fósforo para a planta interfere na formação dos órgãos reprodutivos, ocasionando o atraso na iniciação floral (TAIZ; ZEIGER, 2009). Crusciol et al. (2003 e 2006) e Terra (2008) também verificaram alterações do período de florescimento da cultura em função da quantidade de água fornecida à cultura do arroz de terras altas, tendendo a prolongar seu ciclo. Quanto à altura de plantas (Tabela 4), observa-se que o cultivar BRSPrimavera, independente do ano de cultivo, esteve sempre presente no grupo estatístico com as maiores estaturas de plantas. Apesar da característica altura de plantas ser determinada geneticamente, segundo Fonseca et al. (2008), ela é influenciada pelo ambiente, ou seja, é uma característica de baixa herdabilidade, controlada por vários genes e irá sofrer variações a depender das condições de cultivo submetida. Tabela 4. Médias de altura de plantas de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul sob estresse de fósforo do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 Altura de plantas (cm) Cultivar Safra 07/08 Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Média BRS-Bonança 113,60 bA 73,50 cBC 66,70 bC 78,90 bB 71,77 bcBC 80,89 BRS-Sertaneja 123,07 aA 83,75 bB 74,35 abC 63,77 cD 64,26 cD 81,84 BRS-Primavera 118,35 abA 93,25 aB 75,80 aC 97,40 aB 93,15 aB 95,59 BRSMG-Conai 99,77 cA 78,75 bcB 67,15 bC 83,00 bB 75,82 bB 80,90 Média 113,70 82,31 71,00 80,76 76,25 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade. Dentre os cultivos das safras, o ano 2007/08 foi o que os cultivares apresentaram as maiores alturas de plantas (Tabela 4), variando de 99,77 a 123,07 cm, que podem estar relacionadas às maiores precipitações, bem como à melhor distribuição durante o cultivo (Figura 1). A safra 2009/10 resultou nas menores alturas de plantas, com decréscimo próximo aos 48% para o cultivar BRS-Sertaneja comparando a safra 2007/08 e 2009/10. O fósforo é um nutriente que tem participação 57 integral de compostos importantes das células vegetais, possui diversas funções, como elemento estrutural de DNA e RNA, como elemento transferidor de energia, intermediário da respiração e fotossíntese e atua como regulador de diversas vias sintéticas (TAIZ; ZEIGER, 2009). Sendo assim, o estresse do fósforo, associado às menores precipitações, que também afetam diretamente todo o metabolismo da planta e seu crescimento celular, justificam a diminuição das alturas de plantas que ocorreram ao longo dos cinco anos de cultivo. Sant’Ana et al. (2003) e Fageria (2007) verificaram que a cultura do arroz cultivada sob estresse de fósforo tende a reduzir a altura de plantas, ter menor perfilhamento e redução significativa da produtividade de grãos. Para a característica massa de cem grãos (Tabela 5), nota-se que o grupo que obteve superioridade estatística foi sempre composto pelo cultivar BRSMG-Conai, independente do ano agrícola. O cultivar BRS-Sertaneja, também teve tendência de apresentar elevada massa de cem grãos, o que é interessante para a cultura, pois esta é uma característica que está diretamente relacionada com produtividade de grãos. Tabela 5. Médias de massa de cem grãos de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados sob estresse de fósforo no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 Massa de cem grãos (g) Cultivar Safra 07/08 Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Média BRS-Bonança 2,81 bA 2,41 bB 2,43 abB 2,36 bB 2,32 bB 2,47 BRS-Sertaneja 3,04 bA 2,20 bC 2,57 aB 2,32 bBC 2,18 bcC 2,46 BRS-Primavera 2,81 bA 2,28 bBC 2,24 bBC 2,52 bAB 2,02 cC 2,37 BRSMG-Conai 3,36 aA 2,78 aB 2,52 abB 3,27 aA 2,65 aB 2,92 Média 3,00 2,42 2,44 2,62 2,29 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade. Houve grande variação das médias para a característica massa de cem grãos ao longo dos cinco anos de cultivo (Tabela 5). Verifica-se que a safra 2007/08 apresentou as maiores médias comparadas aos demais anos agrícolas, evidenciando a forte influência do ambiente nesta característica. Mais uma vez o fator déficit hídrico 58 tornou-se o grande responsável pela diminuição das médias dos cultivares durante o cultivo das cinco safras (Figura 1), pois, a água é aliada fundamental da planta para que se consiga desenvolver todas as atividades metabólicas, já que participa desde o transporte de nutrientes do solo para as raízes, no transporte pelo xilema e floema, participa dos processos de fotossíntese, promove a translocação de fotoassimilados para toda a planta e tem importância no crescimento celular. Assim, quando ocorre déficit na planta, essas atividades podem ser inibidas, e como a massa de cem grãos depende da translocação de carboidratos que irão preencher a casca, função de translocação desempenhada pela água, então a planta pode sofrer com decréscimos no enchimento dos grãos (TAIZ; ZEIGER, 2009). O fósforo também tem grande participação na formação dos grãos, pois segundo Taiz & Zeiger, (2009), a limitação deste nutriente, provoca restrição na formação das sementes, interferindo na formação dos órgãos reprodutivos, resultando no decréscimo de número de flores, o que refletirá diretamente na produtividade de grãos. Guimarães et al. (2007) e Adorian (2010) encontraram valores semelhantes de massa de cem grão para cultivares de arroz. Com relação à característica produtividade de grão (Tabela 6), observa-se que o cultivar BRS-Bonança compôs sempre o grupo estatístico com a maior média, sendo, portanto, o mais produtivo. Tabela 6. Médias de produtividade grãos de quatro cultivares de arroz de terras altas cultivados sob estresse de fósforo no sul do estado de Tocantins, nas safras 2007/2008, 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 Produtividade de grãos (kg ha-1) Cultivar Safra 07/08 Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Média BRS-Bonança 2458,15 aA 924,98 abB 133,91 aC 894,89 aB 343,73 abC 951,13 BRS-Sertaneja 2329,89 aA 755,61 bB 145,06 aC 301,19 bC 484,21 aBC 803,19 BRS-Primavera 1552,22 bA 1239,47 aA 173,58 aC 648,46 aB 194,84 abC 761,71 BRSMG-Conai 1846,88 bA 802,64 bB 241,77 aC 918,80 aB 163,47 cC 794,71 Média 2046,78 173,58 690,83 296,56 930,67 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade. Contata-se que a safra 2007/08 (Tabela 6) se mostrou mais produtiva para todos os cultivares avaliados, enquanto que as safras 2009/10 e 2011/12 foram as 59 menos produtivas. Houve grandes decréscimos de produtividade de grãos da safra 2007/08 para as dos anos subsequentes, reforçando a justificativa de que a quantidade e distribuição das precipitações pluviais são de extrema importância para a cultura do arroz, pois afetam todo o desenvolvimento da cultura em todos os estágios, sendo, porém, a fase de florescimento e enchimento de grãos consideradas as fases críticas para a cultura do arroz. Segundo Heinemann (2010) o déficit de água nesses períodos resulta na esterilidade das espiguetas, panículas menores e grãos mal formados e gessados, atingindo perdas de produtividade de grãos de até 50%. Os baixos níveis de fósforo na cultura do arroz, associados com menores precipitações resultaram em quedas na produtividade de grãos, que em sua maioria foram abaixo da média estadual, estimada em apenas 2009 kg ha-1 para a safra 2012/2013 (CONAB, 2013). As boas produtividades da safra 2007/08 podem estar relacionadas com a massa de cem grãos, que foram superiores às demais safras, demonstrando assim a correlação existente entre essas duas características. Considerando a carência de informações a respeito do comportamento de cultivares de arroz cultivados em terras altas no Cerrado, e mais especificamente no Estado do Tocantins, e principalmente a expressividade do público beneficiado por estudos como este, já que a maioria dos produtores do estado possuem em suas propriedades agrícolas terras não corrigidas, que para atingirem potencial produtivo satisfatório teriam custo de produção aumentado expressivamente, nota-se a importância de estudos como este, envolvendo em maior número possível de cultivares. Através desses resultados podem-se identificar os melhores cultivares para este nível tecnológico empregado pelos agricultores, maximizando suas produtividades sem onerar o custo de produção. CONCLUSÕES Os cultivares BRS-Primavera, BRS-Bonança e BRSMG-Conai apresentaram produtividades superiores em mais de um ano de cultivo. O ano agrícola 2007/2008 apresentou os maiores rendimentos para os cultivares avaliados. 60 O estresse de fósforo altera as características agronômicas da cultura do arroz, e reduz significativamente suas produtividades de grãos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADORIAN, G. C. Caracterização da diversidade fenotípica existente em uma coleção nuclear de arroz de terras altas. 63f. Dissertação (Mestrado – Produção Vegetal) – Universidade Federal do Tocantins, Gurupi – TO, 2010. BDMEP. Banco de Dados Meteorólogicos para Ensino e Pesquisa. Banco de dados. Date Published, Volume v., Pages p. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/projetos/rede/pesquisa/>. Acesso em: 28 Ago. 2013. BLUM, A. Plant breeding for stress environments. Boca Raton: CRC Press, 1988. CANCELLIER, E. L. et al. 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Os experimentos foram conduzidos em campo na Fazenda Chaparral e na Estação Experimental da Universidade Federal do Tocantins nos anos agrícolas 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013. O delineamento experimental foi de blocos casualisados com quatro repetições, num esquema fatorial 3 x 5, constituído por três genótipos e cinco anos. As características avaliadas foram número de dias para florescimento, altura da planta, massa de cem grãos e produtividade de grãos. Conclui-se que as maiores produtividades de grãos foram alcançadas na safra 2012/13; o estresse hídrico provocou reduções significativas nos componentes de produtividade na cultura do arroz e; o cultivar BRSPrimavera apresentou as maiores produtividades nos anos agrícolas avaliados, exceto em 2009/10. Palavras-chave: Cerrado; Oryza sativa; segurança alimentar. 64 BEHAVIOR OF RICE VARIETIES OF UPLAND IN SOUTHERN STATE TOCANTINS ABSTRACT The rice is a grain belonging to the family Poaceae, grown in two ecosystems, the floodplain, and the Highlands, is adapted to different growing conditions and suffers from large fluctuations in their production. As a pioneer crop in agricultural occupation with the opening of new cultivation areas, the rice has little nutritional requirement and is tolerant to acid soils, intrinsic characteristic of the Cerrado soils. Cultivated worldwide, stands out as an essential food for the population, in addition promote economic and social development of the countries. The aim of this study was to evaluate the cultivars behavior of upland rice in the Cerrado of the southern part of the state of Tocantins. The experiments were conducted in the field in the Chaparral Farm and in the Experimental Station of the Federal University of Tocantins in the agricultural years of 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 and 2012/2013. The experimental design was a randomized blocks with four replications in a factorial scheme 3 x 5, comprising three genotypes and five years. The evaluated characteristics were number of days to flowering, plant height, weight of hundred grains and grain yield. It is concluded that the larger grain yields were achieved in the 2012/13 cropping year; water stress caused significant reductions in yield components in rice and, the BRS -Primavera showed the highest yields in the evaluated cropping years, except in 2009/10. Key words: Cerrado; Oryza sativa; food safety. INTRODUÇÃO Um dos principais cerais cultivado e consumido mundialmente, o arroz (Oryza sativa L.), possui grande representatividade econômico-social nos países em desenvolvimento, e representa importante fonte de nutrientes na alimentação. É adaptado à diferentes condições de cultivo, porém sofre com grandes oscilações na sua produção, o que repercute na necessidade de inovações tecnológicas que 65 solucionem os problemas da cultura visando o incremento de produtividade e melhorias na qualidade do produto, para que assim, se atenda às exigências da população (NOSSE et al., 2008). Segundo Cancellier et al. (2011) a orizicultura representa 30% da produção total de grãos que atinge 590 milhões de toneladas e abastece o mercado mundial. O sistema de terra altas representa 13% dos 148 milhões de hectares cultivados em todo o mundo (TERRA et al., 2013). No Brasil a produção não tem atingido níveis satisfatórios e que atendam a demanda, sendo necessário a importação do produto (FONSECA et al., 2012). Nas regiões tropicais brasileira, em solos do cerrado, se concentram a maior produção de grão de arroz em sistema de terras altas, justificado pela rusticidade da cultura, ao se adaptar às condições de baixa fertilidade natural dos solos, à alta acidez destes, além da sua baixa retenção de água, tornando o arroz pioneiro na ocupação agrícola como abertura das áreas de cultivo (CRUSCIOL et al., 2003a). Essa região também é caracterizada por ter grande sazonalidade de precipitação hídrica, os chamados veranicos, que ocasionam grande perdas na produção, uma vez que a cultura, sob deficiência hídrica sofre alterações fisiológicas, morfológicas e bioquímicas, e assim, não responde satisfatoriamente com altas produtividades de grãos (TERRA et al., 2013). O primeiro levantamento de grãos da safra 2013/2014, realizado pela CONAB (2013), trazem a cultura do arroz com área plantada na safra 2012/2013 de 2390,9 mil hectares, com produção de 11746,6 mil toneladas e produtividade 3507 kg ha -1. Para a safra 2013/2014 a estimativa inicial é de que sejam produzidos entre 11,92 a 12,03 milhões de toneladas, ou seja, produção pouco superior, na mesma área plantada. Os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, são os maiores produtores do país, produzindo juntos 76% da safra nacional com mais de 50% da área total de arroz no Brasil. O Tocantins é o terceiro maior produtor de arroz, com maior representatividade, o arroz irrigado, plantado em grandes áreas localizadas nas regiões de Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão, Dueré, Cristalândia e Pium, e o arroz de terras altas com um provável decréscimo da área plantada de 5% em relação à safra de 2012/13 que foi de 38,96 mil hectares, em virtude da substituição da cultura para a produção de soja e milho. A heterogeneidade dos ambientes o qual o arroz é cultivado, o expõem a múltiplos estresses abióticos, desde variações de clima e fertilidade do solo. Desta 66 forma, a expressão das características, aspectos fenotípicos e genotípicos da cultura, são determinados direta e indiretamente pela ação dos fatores externos e são resultado final de todas interações planta-ambiente (GUIMARÃES et al., 2008). Todo o desenvolvimento da cultura e sua expressão gênica podem estar ligados aos estímulos bioquímicos internos, que divergem pela interação dos genes em condições de diversidade ambiental e acabam por refletir na produtividade final. É nessa interação planta-ambiente que o melhoramento atua, buscando a melhor expressão morfológica e econômica da espécie, em diferente condições ambientais (NUNES et al., 2012). O melhoramento procura viabilizar materiais genéticos em diferentes condições de cultivo ou em diferentes regiões, buscando novas estratégias a fim de que se tenha o máximo de ganho possível, em detrimento ao investimento aplicado, por fim o grande desafio do melhorista é o aumento da produção de alimentos, em virtude do aumento da demanda de consumo mundial (SOUZA et al., 2012). Aliado ao potencial produtivo da cultura, acrescido do melhoramento desta, estão as práticas agrícolas, que buscam o melhor manejo propiciando toda expressão do seu potencial e refletindo assim, no aumento da produtividade. Vários autores tem verificado a importância de encontrar materiais genéticos adaptados às diversas condições ambientas (SOUZA et al., 2012; CARGNIN et al., 2008; MORAIS et al., 2008). A avaliação comportamental dos cultivares em diversos anos com posterior identificação dos mais adaptados às variações edafoclimáticas, e os que respondam satisfatoriamente nos aspectos produtivos, são fatores imprencindíveis para a recomendação de um material genético ao produtor, visando maior rentabilidade e principalmente almejando o crescimento regional (MELO et al., 2007). Em virtude do estado do Tocantins ser um local com pontecial produtivo e, em vista da sua localização estratégica no entroncamento rodoviário, o mesmo pode se tornar corredor para exportação do produto, com grande chances de virar polo comercial agrícola, assim como, pode ocorrer com outras culturas produzidas na região (PIRES et al., 2012). Assim, objetivou-se com este estudo avaliar o comportamento de cultivares de arroz de terras altas no Cerrado do sul do Estado do Tocantins. 67 MATERIAL E MÉTODOS A avaliação do comportamento dos cultivares foi realizada com a instalação de um experimento em cada uma das seguintes safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013, no sistema de cultivo de terras altas, sendo um na Fazenda Chaparral (safra 2008/2009), localizada no município de Gurupi, situada a 11° 40’ de latitude sul e 49° 01’ de longitude oeste e com altitude de 280m, em solo do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico de classe textural arenosa. Os outros quatro experimentos foram instalados na estação experimental da Universidade Federal do Tocantins, no Campus Universitário de Gurupi, sendo que o da safra 2009/2010 foi instalado na Fazenda Experimental localizado a latitude de 11º46`12``S e longitude de 49º02`45``w, a 286m de altitude e os da safra 2010/2011, 2011/12 e 2012/13, localizados a latitude de 11º 43` 45``S e longitude de 49º 04` 07``W, a 280m de altitude, todos em solo classificado como Latossolo Vermelho - Amarelo distrófico (Embrapa, 2006). Segundo o sistema de classificação de Köppen (1948), o clima da região é do tipo mesotérmico com chuvas de verão e inverno seco. Os dados climáticos referentes ao período de condução dos experimentos encontram-se na Figura 1. 68 Figura 1. Precipitação pluvial (mm) e Temperaturas máxima e mínima (°C) ocorridas durante cultivos de cultivares de arroz de terras altas, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 (BDMEP, 2013). As áreas onde se instalaram os experimentos da Fazenda Chaparral (safra 2008/09) e primeira safra na Fazenda experimental (2009/10), vinham sendo utilizadas por muitos anos com pastagens e encontravam-se em estado degradado. Como histórico de utilização da área onde se implantou os ensaios nas safras (2010/11, 2011/12 e 2012/13), consta a rotação de cultura de arroz (safra) e feijão (entressafra). Em todos os locais de plantio foi realizado calagem para a correção da acidez do solo, porém, no ano de 2009, por ter sido feito próximo ao plantio o calcário não teve tempo suficiente de reagir com o solo como pode ser observado nas características químicas do solo para esta época (Tabela 1). Anterior a instalação dos experimentos, em cada ano foram coletadas amostras de solo da camada de 0-20 cm para a caracterização dos atributos químicos e físicos, que são apresentados na Tabela 1. 69 Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo a profundidade de 0 – 20 cm nas áreas dos experimentos. Safras Atributos do solo 08/09 09/10 10/11 11/12 12/13 Ca+Mg (cmolc dm-3) 4,00 0,80 1,00 1,50 1,57 K (cmolc dm-3) 0,02 0,06 0,62 0,10 0,08 SB (cmolc dm-3) 4,02 0,86 1,62 1,70 1,63 H+Al (cmolc dm-3) 3,30 4,10 3,32 1,30 1,02 pH (CaCl2) 4,60 5,00 5,70 6,10 6,30 P-melich (mg dm-3) 80,0 1,20 10,30 15,6 11,12 T (cmolc dm-3) 7,32 4,49 4,94 3,00 2,65 V (%) 54,91 19,15 32,92 55,2 61,40 M.O (%) 1,10 18,10 2,01 4,70 13,32 Areia (g kg-1) 785,20 690,10 709,00 735,2 542,4 Sílte (g kg-1) 38,30 40,50 47,70 57,20 54,90 Argila (g kg-1) 176,50 269,30 243,2 207,6 402,7 O delineamento experimental foi em blocos casualisados com quatro repetições, num esquema fatorial 3 x 5, constituído por três genótipos e cinco anos de cultivo. No cultivo da safra 2008/2009, cada parcela experimental foi constituída por cinco linhas de 5,0 m de comprimento espaçadas de 0,45 m e 60 sementes por metro linear, utilizando-se como área útil as três linhas centrais, desprezando 0,5 metros de cada extremidade e as duas linhas laterais obtendo assim, 5,4 m2 de área útil. Nas demais safras cada parcela experimental foi constituída por quatro linhas de 5,0 m de comprimento, espaçadas de 0,45 m e 60 sementes por metro linear. Como área útil foram utilizadas as duas linhas centrais com 4,0 metros de comprimento, desprezando as duas linhas laterais e 0,5 m de cada extremidade totalizando desta forma 3,6 m 2 de área útil. Para o estudo foram utilizados os cultivares BRS-Bonança, BRS-Primavera e BRSMG-Conai. Em todos os anos o preparo do solo se deu de forma convencional com uma gradagem pesada + grade niveladora. A semeadura foi realizada 70 manualmente nos dias 10 de dezembro de 2008, 10 de dezembro de 2009, 11 de dezembro de 2010, 10 de dezembro de 2011 e 29 de novembro de 2012. A adubação de semeadura foi realizada no sulco de plantio segundo a análise de solo de cada ano e recomendação para o cultivo de arroz de terras altas. Na safra 2008/09 foram aplicados 120 kg ha-1 de P2O5 na forma de superfosfato triplo, 60 kg ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio, descontando o adubo presente no solo. Em 2009/10 foram aplicados 120 kg ha-1 de P2O5 na forma de superfosfato triplo e 90 kg ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio, também descontando o adubo presente no solo. Para a safra 2010/11 foram aplicados 120 kg ha-1 de P2O5 na forma de superfosfato simples (17% P2O5), descontando o P já presente no solo. O potássio foi aplicado em plantio na dosagem de 60 kg ha -1 de K2O na forma de cloreto de potássio. Já em 2011/12 e 2012/13 foi utilizado o adubo químico formulado NPK 5-2515, aplicando-se 360 kg ha-1 e 400 kg ha-1 respectivamente, na linha de plantio. As adubações de cobertura nas safras 2008/09 e 2009/10 ocorreram com 120 kg ha-1 de N, na forma de uréia. Na safra 2010/11 foram aplicados 120 kg ha-1 de N, na forma de uréia com boro e nas safras 2011/12 e 2012/13 foram aplicados 120 kg ha-1 de N na forma de uréia, descontando a adubação nitrogenada realizada no sulco de plantio. Em todos os cultivos as adubações de cobertura foram realizadas em duas etapas, a primeira feita por ocasião do perfilhamento efetivo, cerca de 30 dias após plantio e a segunda aplicada na diferenciação do primórdio floral, cerca de 60 dias após plantio. Os tratos culturais na safra 2008/09 e 2009/10 foram efetuados quando necessários e o controle de plantas daninhas, realizado mediante capina manual, sempre antes das adubações. Não houve necessidade de ser utilizados inseticidas e nem fungicidas durante a condução dos experimentos. Na safra 2010/11 foram utilizados para o controle das plantas daninhas quatro aplicações de herbicida, com Fenoxaprop (folha estreita) e 2,4 – D Amina (folha larga) de acordo com a recomendação indicada para a cultura do arroz. Em 2011/12 os tratos culturais foram efetuados mediante aplicação de herbicida pré-emergente para o controle de plantas daninhas com oxifluorfem (240 g i.a./ha). Antes da adubação de cobertura foi feito uma aplicação de pós-emergente utilizando o Bentazon (600 g i.a./ha). Para complementar os tratos culturais foi realizado uma capina manual logo após o florescimento. Não houve a necessidade da aplicação de inseticidas e fungicidas durante a condução do experimento. E na safra 2012/13 foi utilizado para o controle 71 das plantas daninhas o herbicida pré-emergente oxifluorfem (240 g i.a./ha) aplicado no mesmo dia de plantio. Quanto ao herbicida pós-emergente utilizou-se fenoxapropP-Ethyl 6,9 EC aplicado antes do florescimento. Para complementar os tratos culturais foi realizado capina manual logo após o florescimento. Não houve necessidade de aplicação de inseticidas e fungicidas durante a condução do experimento. As características avaliadas foram número de dias para florescimento - dias para emissão de 50% das panículas, a partir da data de semeio; altura da planta medida da superfície do solo até o ápice da panícula do colmo central, excluída a arista, quando presente; massa de cem grãos - massa de uma amostra de cem grãos sadios por parcela e; produtividade de grãos - produção de grãos limpos com 13% de umidade, em kg ha-1. Os dados experimentais foram submetidos a análises individual e conjunta de variância, com aplicação do teste F. A análise conjunta foi realizada sob condições de homogeneidade das variâncias residuais. Para as comparações entre as médias de tratamentos, foi utilizado o teste Tukey a 5% de probabilidade, o que foi feito utilizandose o aplicativo computacional SISVAR (FERREIRA, 2008). RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os resultados da análise de variâncias (Tabela 2), detectouse significância da interação cultivar versus ano para todas as características avaliadas, caracterizando interdependência dos fatores, ou seja, os anos influenciaram de forma diferenciada a expressão dos cultivares estudados. Desta forma, realizou-se o desdobramento de um fator dentro do outro. Verifica-se ainda que houve significância para todas as características, tanto para o fator cultivar quanto para o fator ano (Tabela 2), evidenciando a variabilidade genética existente entre os cultivares avaliados, bem como, a variação entre os anos de cultivo. Cargnin et al. (2008) e Cancellier et al. (2011) também encontraram resultados semelhantes, evidenciando a importância de estudos que avaliam comportamento de cultivares em vários anos, com o intuito de encontrar materiais genéticos mais adaptados e com alto potencial produtivo diante das diversidades edafoclimáticas em cada cultivo. 72 Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de número de dias para florescimento (DF), altura de plantas (AP), massa de cem grãos (MCG) e produtividade de grãos (PROD), de três cultivares de arroz cultivados nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 Gurupi-Tocantins Quadrado Médio FV GL DF(dias) AP(cm) MCG(g) PROD (kg ha-1) Repetição (Ano) 15 30,82* 36,46ns 0,09ns 521497,07ns Cultivar (C) 2 755,62** 1056,00** 4,38** 2124669,65** Ano (A) 4 363,13** 1309,25** 2,26** 7943441,11** CxA 8 44,99** 110,75** 4,29** 650759,86* Resíduo 30 13,72 19,91 0,13 283422,93 CV (%) 4,99 5,54 13,68 46,57 Média Geral 74,19 80,55 2,65 1143,18 ns não significativo; ** significativo para p ≤ 0,01; *Significativo para p ≤ 0,05 pelo teste F Os baixos valores dos coeficientes de variação (CV) refletem a confiabilidade dos resultados obtidos (Tabela 2). Apesar da característica produtividade de grãos ter apresentado elevado CV (46,57%), não é ainda considerado inadequado. Segundo Costa et al. (2002) a natureza da variável estudada reflete no valor do CV, e este está sujeito a variações de fatores não controlados, além de considerar que o delineamento em blocos casualisados tendem a aumentar o valor do CV. Altos valores de CV para produtividade de grãos também foram encontrados em trabalhos com a cultura do arroz por Tonello et al. (2012) e Cancellier et al. (2011), na cultura do milho por Fidelis et al. (2010) e na cultura do feijão por Sousa et al. (2012). As médias para a característica número de dias para florescimento se encontram na Tabela 3. Verifica-se que o cultivar BRS-Bonança foi o mais tardio em todos os anos de cultivo, apesar de não ter diferido significativamente do cultivar BRSPrimavera nas safras 2010/11, 2011/12 e 2012/13. O cultivar BRSMG-Conai foi o mais precoce na maioria dos anos, não diferindo apenas do BRS-Primavera na safra 2008/09. Segundo Crusciol et al. (2003b), cultivares de ciclo mais curto favorecem sistemas de cultivo com sucessão de culturas, como os que utilizam a safrinha, reduzindo custos de irrigação quando esta estiver presente, e propiciando que estes escapem de possíveis veranicos ao longo do cultivo. 73 Tabela 3. Médias de número de dias para florescimento de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 Dias para florescimento (dias) Cultivar Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Safra 12/13 Média BRS-Bonança 83,75aB 92,25aA 72,60aC 78,50aBC 75,00aC 80,42 BRS-Primavera 71,00bB 81,75bA 73,90aB 73,50aB 70,00abB 74,03 BRSMG-Conai 72,25bAB 74,75cA 60,65bC 67,00bBC 75,66 82,91 69,05 73,00 Média 66,00bBC 68,13 70,33 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade Quanto aos anos de cultivo (Tabela 3), observa-se que a safra 2009/10 apresentou as maiores médias para os três cultivares avaliados, ou seja, resultou no prolongamento do ciclo dos materiais genéticos, que apesar de ser uma característica inerente ao cultivar, também pode ser influenciada pelo ambiente. A irregularidade das precipitações no ano 2009/10 (Figura 1), devido aos baixos índices pluviométricos e a má distribuição ao longo do cultivo, fez com que a cultura do arroz responde-se com o prolongamento da fase vegetativa, uma vez que não possuía fotoassimilados suficientes para entrar na fase reprodutiva. Crusciol et al. (2003b) e Arf et al. (2001) afirmam que a cultura do arroz de terras altas tende a aumentar o número de dias para atingir 50% do florescimento, quando passa por redução na disponibilidade hídrica. Heinemann & Stone (2009) e Terra et al. (2013) também verificaram aumento no número de dias para florescimentos dos cultivares de arroz de terras altas quando submetidas à estresse hídrico. Quanto à característica altura de plantas (Tabela 4), o cultivar BRS-Primavera foi o que apresentou as maiores estaturas de plantas em todos os anos de cultivo apesar de não ter diferido do BRS-Bonança na safra 2010/11. Pode-se afirmar que, assim como a característica número de dias para florescimento, a altura de plantas também é intrínseca ao cultivar, contudo, a mesma sofre grandes influências externas, advinda do ambiente e não controláveis, ocorrendo variação de cultivo para cultivo. 74 Tabela 4. Médias de altura de plantas de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 Altura de Plantas (cm) Cultivar Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Safra 12/13 Média BRS-Bonança 65,90bD 72,15bCD 75,75aBC 82,70bB 92,52bA 77,80 BRS-Primavera 85,65aB 86,40aB 71,00abC 93,87aB 107,05aA 88,79 BRSMG-Conai 69,72bBC 75,65bB 64,75bC 73,32cBC 91,87bA 75,06 Média 73,75 78,06 70,50 83,30 97,15 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade Observa-se que a safra 2012/13 apresentou as maiores médias de altura de plantas para os três cultivares avaliados (Tabela 4), o que pode estar correlacionado com as maiores médias de precipitações pluviais, além do fato de ainda terem sido melhor distribuídas, favorecendo a produção de biomassa para o cultivar. Apesar das maiores alturas de plantas nesse ano de cultivo, chegando até a ser superior à um metro de altura, não foi observado acamamento das plantas. Segundo Taiz & Zeiger (2009), menor estatura de plantas está associada à redução da taxa fotossintética, redução do crescimento celular e diversas modificações morfofisiológicas e bioquímicas, trazendo reflexos negativos na produção de biomassa, já que as plantas não obtiveram suprimento adequado de água durante seu desenvolvimento, o que pode justificar as menores alturas nas demais safras. Para Crusciol et al. (2003b), Terra et al. (2013) e Nunes et al. (2012), o estresse hídrico altera a fisiologia das plantas e consequentemente reduz suas estaturas, e à depender da intensidade da ocorrência do estresse aliado à outros fatores, o impacto pode ser maior ou menor sobre a cultura e sobre o rendimento final. Para a característica massa de cem grãos, observa-se na Tabela 5, que o cultivar BRSMG-Conai, apresentou tendência de sempre ser superior às médias dos demais cultivares, exceto para o ano 2011/12, em que o cultivar BRS-Primavera foi estatisticamente superior aos demais cultivares. 75 Tabela 5. Médias de massa de cem grãos de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 Massa de cem grãos (g) Cultivar Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Safra 12/13 Média BRS-Bonança 2,35bA 2,58aA 2,55bA 1,94bAB 1,29bB 2,14 BRS-Primavera 2,27bB 2,29aB 2,71bB 5,63aA 2,42aB 3,06 BRSMG-Conai 3,18aA 2,80aAB 3,43aA 2,01bC 2,37aBC 2,76 2,60 2,56 2,89 3,19 2,03 Média Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade Nota-se que houve pequena variação das médias dos cultivares quanto a massa de cem grãos, em todos os anos de cultivo (Tabela 5) e estes valores não sofreram influência da precipitação em cada ano. Estes resultados seguem mesma tendência verificada por Heinemann & Stone (2009) e Arf et al. (2001), em que estudaram o estresse hídrico em cultivares de arroz e não verificaram influência da condição hídrica para a característica massa de cem grãos, indicando que essa variável é uma característica genotípica. O alto valor para massa de cem grãos verificada para o cultivar BRS-Primavera na safra 2011/12, pode ter influência do pouco perfilhamento da cultura nesta safra (observações de campo), desta forma, todo o produto da fotossíntese foi direcionado à um menor número de grãos, tornando estes mais pesados. As médias para a característica produtividade de grãos se encontram na Tabela 6, e verifica-se que o cultivar BRS-Primavera compôs sempre o grupo mais produtivo, apesar de não ter havido diferenças significativas nas safras 2008/09, 2009/10 e 2010/11. Dentre os cultivos das safras, a ano agrícola 2012/13 apresentou as maiores médias de produtividade de grãos para todos os cultivares, evidenciando a influência das precipitações que ocorreram durante o cultivo desta safra, além de serem melhor distribuídas (Tabela 1). Segundo Taiz & Zeiger (2009) a translocação de fotoassimilados, bem como, todo metabolismo da planta sofre influência e é dependente do fator água, sendo ela indispensável para que todo o funcionamento do sistema da planta ocorra satisfatoriamente, assim, o déficit desta limita e até inibe certas funções comprometendo o rendimento da cultura. Aliado ao estresse causado 76 pelas intempéries climáticas, o fato do solo da região ser característico com alta porcentagem de areia, faz com que ocorra pouca retenção da água provinda das chuvas, este tenha baixa fertilidade natural, além dos baixos teores de matéria orgânica devido ao alto grau de decomposição (Tabela 1), limitando deste modo, o incremento de produtividade da cultura. Tabela 6. Médias de produtividade grãos de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 Produtividade de grãos (kg ha-1) Cultivar Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 BRS-Bonança 748,80aAB 511,48aB Safra 12/13 Média 847,76aAB 698,60abAB 1754,16bA 912,16 BRS-Primavera 1098,19aB 687,77aB 1193,36aB 1558,33aB 3042,34aA 1516 BRSMG-Conai 304,98aB 778,51aB 635,58aB 319,43bB 2968,45aA 1001,39 Média 717,32 659,25 892,23 858,79 2588,32 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade O rendimento da cultura de arroz pode sofrer maior ou menor impacto do déficit hídrico dependendo da intensidade de ocorrência, bem como o período do ciclo de vida em que a cultura ficou submetida à esse estresse, sendo considerado os estágios de florescimento e enchimento de grãos as fases críticas para a cultura do arroz (Heinemann & Stone, 2009). Em trabalhos realizados por Crusciol et al. (2001), Silva et al. (2009) e Nunes et al. (2012) verificaram que existe correlação entre a produtividade de grãos e a esterilidade das espiguetas, sendo que este último ocorre com grande intensidade quando a cultura sofre com deficiência hídrica, assim, além de reduzir o número de espiguetas por panícula, reduz número de panículas por m2 que são componentes que afetam a produtividade final na cultura. CONCLUSÕES As maiores produtividades de grãos foram alcançadas na safra 2012/13. 77 O estresse hídrico provocou reduções significativas nos componentes de produtividade na cultura do arroz. O cultivar BRS-Primavera apresentou as maiores produtividades nos anos agrícolas avaliados, exceto em 2009/10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARF, O.; RODRIGUES, R. A. F.; SÁ, M. E.; CRUSCIOL, C. A. C. Resposta de cultivares de arroz de sequeiro ao preparo do solo e à irrigação por aspersão. 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As características avaliadas foram número de dias para florescimento, altura da planta, massa de cem grãos e produtividade de grãos. Conclui-se que a safra 2012/13 resultou nas maiores médias de produtividade de grãos; o estresse hídrico, assim como o estresse de nitrogênio, reduzem significativamente os ganhos produtivos e; o cultivar BRS-Bonança apresenta a maior média de produtividade de grãos. Palavras-chave: Oryza sativa; segurança alimentar; estresse mineral; produtividade. RICE CULTIVARS DEVELOPMENT GROWN IN LOW INPUT AGRICULTURE IN CERRADO ABSTRACT Nitrogen is an essential element for rice crop development. Once this cereal is taken as the base for food security, employment generation and source of income for most countries, we aimed to evaluate upland rice genotypes development submitted to nitrogen stress in southern Cerrado of Tocantins State. Field experiments were carried out at Chaparral Farm and at the Experimental unit of Federal University of Tocantins 81 in the growing seasons of 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 and 2012/2013. Experimental design consisted of randomized blocks in factorial scheme 3 x 5, consisting of three genotypes in five years with four replications. The evaluated characteristics were number of days to flowering, plant height, one hundred grains weight and grain yield. It was concluded that growing season 2012/13 provided the highest grain yield; the hydric stress, as well as nitrogen stress, reduced significantly yield enhancement and; cultivar BRS-Bonança presented the highest grain yield average. Key words: Oryza sativa L.; food security; mineral stress; yield. INTRODUÇÃO O grande desafio do melhoramento genético é atingir a auto suficiência na produção de arroz, uma vez que tal cultura é altamente vulnerável aos fatores abióticos, justificado pela sua pequena base genética, fator este, que dificulta ganhos adicionais em programas de melhoramento (CORDEIRO; MEDEIROS, 2010). Além do mais, o arroz representa importante fonte nutritiva para grande parte da população mundial, fornece a base para a segurança alimentar, gera empregos e renda para os países produtores (SOARES et al., 2010). Com a crescente demanda por alimentos, o aumento da produção deve ser atingido com aumento de produtividade, e com a introdução de novas tecnologias a fim de se alcançar melhorias na produção orizícola. A sazonalidade ambiental, a qual a cultura do arroz é produzida, faz com que esta eventualmente sofra diversas mudanças morfofisiológicas e bioquímicas que afetam diretamente nos resultados finais de produtividade (TERRA et al., 2013). A deficiência hídrica altera significativamente diversas funções essenciais ao desenvolvimento da cultura tais como, limitação da expansão foliar, consequentemente, redução na taxa fotossintética, diminuição da abertura estomática e absorção de CO2, além da redução do vigor, altura de plantas, fertilidade do grão de pólen que por fim, resultam em reflexos negativos na produtividade (TAIZ; ZEIGER, 2009). O nitrogênio (N), é um macronutriente de maior exigência para as culturas, é constituinte de diversos componentes das células vegetais, faz parte das moléculas 82 de clorofila, do citocromo e de todas as enzimas e coenzimas, além de ser elemento constituinte de proteínas e ácidos nucléicos (TAIZ; ZEIGER, 2009). No arroz, tem papel fundamental no crescimento da planta, observado geralmente pelo aumento do número de perfilho, panículas por área e número de grãos por panícula, aumenta a massa de grãos. Estes são importantes constituintes que determinam a produção final, além de estimular crescimento do sistema radicular (FAGERIA et al., 2003; HENANDES et al., 2010). O elevado custo dos adubos nitrogenados, em muitas situações, tem inviabilizado o aumento da produção de pequenos agricultores, principalmente em regiões marginais de cultivo. No entanto, especialmente em países desenvolvidos, onde maiores quantidades de nitrogênio são aplicados nos solos, ocorrem problemas devido ao uso excessivo desse nutriente, principalmente nas áreas da saúde e do meio ambiente, devido ao seu grande potencial poluidor (AHLGREN et al., 2008). A produção brasileira de arroz, não tem atendido a demanda interna mas, segundo estimativas do quarto levantamento de grãos da safra 2013/2014, realizado pela CONAB (2014), o país deve plantar, nesta safra, área de 2,43 milhões hectares, atingindo produção de 12.350,8 mil toneladas, basicamente a mesma quantidade consumida internamente. O estado do Tocantins, que se destaca com a produção de arroz irrigado por inundação, se colocando como o terceiro maior produtor da cultura do país, contudo, tem-se previsto decréscimo de produção do arroz no sistema de terras altas, possivelmente em virtude da substituição por outras culturas que possuem expectativa futura de melhores preços, como a soja. Desta forma, o arroz de Terras Altas que já foi cultivado em todo o estado por agricultores de diferentes níveis tecnológicos, passa a ser cultivado em sua maioria se não na totalidade por pequenos produtores, com o objetivo de garantir a segurança alimentar de seus familiares. A carga genética da planta, tanto fenótipo quanto genótipo, divergem entre si, mesmo dentro da própria espécie, quando estes recebem estímulos ambientais distintos. Assim, a expressão genética da planta irá depender da interação plantaambiente, e o resultado desta interação é dado pela sua produtividade final (NUNES et al., 2012). Portanto, avaliar o comportamento da espécie durante vários anos, sob baixas adubações e identificar os mais adaptados às variações edafoclimáticas, com menor exigência nutricional, trará benefícios aos agricultores da região, uma vez que, cultivares específicos ao local, que por sua vez, expressarão toda potencialidade 83 resultando em maiores retorno econômico e redução de custos aos produtores, incentivando a produção orizícula regional e, consequentemente o desenvolvimento socioeconômico local. Assim, objetivou-se com este estudo avaliar o comportamento de cultivares de arroz de terras altas submetidos ao estresse de nitrogênio, no Cerrado do sul do Estado do Tocantins. MATERIAL E MÉTODOS Foi realizada a instalação de um experimento em cada uma das seguintes safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013, para a avaliação do comportamento dos cultivares de arroz, no sistema de cultivo de terras altas, sendo um na Fazenda Chaparral (safra 2008/2009), localizada no município de Gurupi, situada a 11° 40’ de latitude sul e 49° 01’ de longitude oeste e com altitude de 280m, em solo do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico de classe textural arenosa. Os outros quatro experimentos foram instalados na estação experimental da Universidade Federal do Tocantins, no Campus Universitário de Gurupi, sendo que o da safra 2009/2010 foi instalado na Fazenda Experimental localizado a latitude de 11º46`12``S e longitude de 49º02`45``w, a 286m de altitude e os da safra 2010/2011, 2011/12 e 2012/13, localizados a latitude de 11º 43` 45``S e longitude de 49º 04` 07``W, a 280m de altitude, todos em solo classificado como Latossolo Vermelho Amarelo distrófico (EMBRAPA, 2006). Segundo o sistema de classificação de Köppen (1948), o clima da região é do tipo mesotérmico com chuvas de verão e inverno seco. Os dados climáticos referentes ao período de condução dos experimentos encontramse na Figura 1. 84 Figura 1. Precipitação pluvial (mm) e Temperaturas máxima e mínima (°C) ocorridas durante cultivos de cultivares de arroz de terras altas, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 (BDMEP, 2013). As áreas onde se instalaram os experimentos da Fazenda Chaparral (safra 2008/09) e primeira safra na Fazenda experimental (2009/10), vinham sendo utilizadas por muitos anos com pastagens e encontravam-se em estado degradado. Como histórico de utilização da área onde se implantou os ensaios nas safras (2010/11, 2011/12 e 2012/13), consta a rotação de cultura de arroz (safra) e feijão (entressafra). Em todos os locais de plantio foi realizado calagem para a correção da acidez do solo, porém, no ano de 2009, por ter sido feito próximo ao plantio o calcário não teve tempo suficiente de reagir com o solo como pode ser observado nas características químicas do solo para esta época (Tabela 1). Anterior a instalação dos experimentos, em cada ano foram coletadas amostras de solo da camada de 0-20 cm para a caracterização dos atributos químicos e físicos, que são apresentados na Tabela 1. 85 Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo a profundidade de 0 – 20 cm nas áreas dos experimentos. Safras Atributos do solo 08/09 09/10 10/11 11/12 12/13 Ca+Mg (cmolc dm-3) 4,00 0,80 2,19 1,90 1,57 K (cmolc dm-3) 0,02 0,06 0,60 0,10 0,08 SB (cmolc dm-3) 4,02 0,86 2,79 1,90 1,63 H+Al (cmolc dm-3) 3,30 4,10 3,78 1,70 1,02 pH (CaCl2) 4,60 5,00 4,89 4,50 6,30 P-melich (mg dm-3) 80,00 1,20 6,90 17,90 11,12 T (cmolc dm-3) 7,32 4,49 6,57 3,60 2,65 V (%) 54,91 19,15 42,50 53,50 61,40 M.O (%) 1,10 18,10 2,06 5,10 13,32 Areia (g kg-1) 785,20 690,10 709,08 651,90 542,40 Sílte (g kg-1) 38,30 40,50 47,73 123,90 54,90 Argila (g kg-1) 176,50 269,30 243,19 224,30 402,70 O delineamento experimental foi em blocos casualisados com quatro repetições, num esquema fatorial 3 x 5, constituído por três genótipos e cinco anos de cultivo. No cultivo da safra 2008/2009, cada parcela experimental foi constituída por cinco linhas de 5,0 m de comprimento espaçadas de 0,45 m e 60 sementes por metro linear, utilizando-se como área útil as três linhas centrais, desprezando 0,5 metros de cada extremidade e as duas linhas laterais obtendo assim, 5,4 m 2 de área útil. Nas demais safras cada parcela experimental foi constituída por quatro linhas de 5,0 m de comprimento, espaçadas de 0,45 m e 60 sementes por metro linear. Como área útil foram utilizadas as duas linhas centrais com 4,0 metros de comprimento, desprezando as duas linhas laterais e 0,5 m de cada extremidade totalizando desta forma 3,6 m 2 de área útil. Para o estudo foram utilizados os cultivares BRS-Bonança, BRS-Primavera e BRSMG-Conai. Em todos os anos o preparo do solo se deu de forma convencional com uma gradagem pesada + grade niveladora. A semeadura foi realizada 86 manualmente nos dias 10 de dezembro de 2008, 10 de dezembro de 2009, 11 de dezembro de 2010, 10 de dezembro de 2011 e 29 de novembro de 2012. A adubação de semeadura foi realizada no sulco de plantio segundo a análise de solo de cada ano e recomendação para o cultivo de arroz de terras altas. Na safra 2008/09 foram aplicados 120 kg ha-1 de P2O5 na forma de superfosfato triplo, 60 kg ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio, descontando o adubo presente no solo. Em 2009/10 foram aplicados 120 kg ha-1 de P2O5 na forma de superfosfato triplo e 90 kg ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio, também descontando o adubo presente no solo. Para a safra 2010/11 foram aplicados 120 kg ha -1 de P2O5 na forma de superfosfato simples (17% P2O5), descontando o P já presente no solo. O potássio foi aplicado em plantio na dosagem de 60 kg ha -1 de K2O na forma de cloreto de potássio. Já em 2011/12 e 2012/13 foi utilizado o adubo químico formulado NPK 5-2515, aplicando-se 360 kg ha-1 e 400 kg ha-1 respectivamente, na linha de plantio. As adubações de cobertura nas safras 2008/09 e 2009/10 ocorreram com 20 kg ha-1 de N, na forma de uréia. Na safra 2010/11 foram aplicados 20 kg ha-1 de N, na forma de uréia com boro e nas safras 2011/12 e 2012/13 foram aplicados 20 kg ha-1 de N na forma de uréia, descontando a adubação nitrogenada realizada no sulco de plantio. Em todos os cultivos as adubações de cobertura foram realizadas em duas etapas, a primeira feita por ocasião do perfilhamento efetivo, cerca de 30 dias após plantio e a segunda aplicada na diferenciação do primórdio floral, cerca de 60 dias após plantio. Os tratos culturais na safra 2008/09 e 2009/10 foram efetuados quando necessários e o controle de plantas daninhas, realizado mediante capina manual, sempre antes das adubações. Não houve necessidade de ser utilizados inseticidas e nem fungicidas durante a condução dos experimentos. Na safra 2010/11 foram utilizados para o controle das plantas daninhas quatro aplicações de herbicida, com Fenoxaprop (folha estreita) e 2,4 – D Amina (folha larga) de acordo com a recomendação indicada para a cultura do arroz. Em 2011/12 os tratos culturais foram efetuados mediante aplicação de herbicida pré-emergente para o controle de plantas daninhas com oxifluorfem (240 g i.a./ha). Antes da adubação de cobertura foi feito uma aplicação de pós-emergente utilizando o Bentazon (600 g i.a./ha). Para complementar os tratos culturais foi realizado uma capina manual logo após o florescimento. Não houve a necessidade da aplicação de inseticidas e fungicidas durante a condução do experimento. E na safra 2012/13 foi utilizado para o controle 87 das plantas daninhas o herbicida pré-emergente oxifluorfem (240 g i.a./ha) aplicado no mesmo dia de plantio. Quanto ao herbicida pós-emergente utilizou-se fenoxapropP-Ethyl 6,9 EC aplicado antes do florescimento. Para complementar os tratos culturais foi realizado capina manual logo após o florescimento. Não houve necessidade de aplicação de inseticidas e fungicidas durante a condução do experimento. As características avaliadas foram número de dias para florescimento - dias para emissão de 50% das panículas, a partir da data de semeio; altura da planta medida da superfície do solo até o ápice da panícula do colmo central, excluída a arista, quando presente; massa de cem grãos - massa de uma amostra de cem grãos sadios por parcela e; produtividade de grãos - produção de grãos limpos com 13% de umidade, em kg ha-1. Os dados experimentais foram submetidos a análises individual e conjunta de variância, com aplicação do teste F. A análise conjunta foi realizada sob condições de homogeneidade das variâncias residuais. Para as comparações entre as médias de tratamentos, foi utilizado o teste Tukey a 5% de probabilidade, o que foi feito utilizandose o aplicativo computacional SISVAR (FERREIRA, 2008). RESULTADOS E DISCUSSÃO Diante dos resultados da análise de variância (Tabela 2), foi realizado o desdobramento de um fator dentro do outro, dada a significância da interação cultivar versus ambientes para as características número de dias para florescimento, altura de plantas e massa de cem grãos, desta forma caracterizou-se a interdependência dos fatores, ou seja, houve influência dos anos agindo de forma diferenciada a expressão dos cultivares. Para a característica produtividade de grãos a interação foi não significativa, caracterizando assim, independência dos fatores estudados, ou seja, o ambiente não influencia os genótipos de forma diferenciada, sendo desta forma, os fatores estudados isoladamente. 88 Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de número de dias para florescimento (DF), altura de plantas (AP), massa de cem grãos (MCG) e produtividade de grãos (PROD), de três cultivares de arroz cultivados sob estresse de nitrogênio nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 Gurupi-Tocantins Quadrado Médio FV GL DF(dias) AP(cm) MCG(g) PROD (Kg ha-1) CULT 2 688,75** 608,30** 2,92** 89669,51ns ANO 4 211,72** 205,17** 1,23** 419305,14** CULT*ANO 8 63,80** 130,24** 0,62** 65329,14ns REP (ANO) 15 10,55ns 49,98ns 0,42* 67320,22ns Resíduo 30 9,34 25,01 0,13 40056,68 CV (%) 4,08 7,00 14,32 34,64 Média Geral 74,96 71,44 2,53 577,84 ns não significativo; ** significativo para p ≤ 0,01; *Significativo para p ≤ 0,05 pelo teste F Observa-se também que houve significância de todas as características para o fator ano (Tabela 2), caracterizando a variação ocorrida entre os anos de cultivo. Também verificou-se significância do fator cultivar para todas as características exceto produtividade de grãos, evidenciando a variabilidade genética existente entre os cultivares estudados. Estes resultados corroboram com Cargnin et al. (2008), que ratificam a importância de estudos com a interação genótipo x ambiente, já que é notória as mudanças edafoclimáticas de ano para ano de cultivo, encontrando assim materiais genéticos mais adaptados e com alto potencial produtivo, repercutindo em maior retorno econômico aos agricultores. Excetuando a característica de produtividade de grãos, foram observados baixos coeficientes de variação (CV), entre 4,08 e 14,32 (Tabela 2), mostrando, no geral, boa precisão experimental. Segundo Costa et al. (2002), propuseram uma classificação para os valores de CV obtidos em trabalhos com arroz de terras altas, classificando o CV da produtividade de grãos (34,64%) como alto, porém, justificado devido à natureza do estudo, que está sujeito à variações pelos fatores não controláveis aumentando o CV. Segundo Blum (1988) este coeficiente de variação não se torna inadequado para ensaios em campo sob condições de estresse mineral. Outros trabalhos também encontraram CV’s elevados, como por exemplo, Tonello et al. (2012 e 2013) e Cancellier et al. (2011) com a cultura do arroz, Fidelis et al. (2010) na cultura do milho, e Sousa et al. (2012) com a cultura do feijão. 89 Para a variável número de dias para florescimento (Tabela 3), observa-se que o cultivar BRS-Bonança compôs sempre o grupo estatístico de maiores médias, sendo portanto, considerado mais tardio (exceto para a safra 2010/11). Já o cultivar BRSMGConai compôs sempre o grupo de menor média, sendo então, considerado mais precoce. Segundo Fornasiere Filho & Fornasiere (2006), o cultivar BRS-Conai é classificado como material genético de ciclo precoce, já os demais, BRS-Primavera e BRS-Bonança, são classificados como semi precoce e tardio, respectivamente. A utilização de cultivares de ciclo precoce tem-se intensificado, uma vez que, o manejo dos agricultores tem priorizado a utilização da sucessão de culturas, como a safrinha, além da cultura do arroz favorecer o cultivo da soca, visando o aumento da rentabilidade da atividade agrícola (CRUSCIOL et al., 2003). Como pode ser observado na figura 1, veranicos nas regiões de Cerrado são frequentes e contribuem significativamente para redução da produtividade, principalmente quando ocorrem em períodos críticos como o florescimento, desta forma, cultivares de ciclo precoce tornam-se opções interessantes, pois atingem o florescimento mais rapidamente, podendo no momento do veranico, se encontrar num estádio fisiológico menos vulnerável ao déficit hídrico, não sofrendo com os decréscimos na produtividade. Tabela 3. Médias de número de dias para florescimento de três cultivares de arroz de terras altas cultivados sob estresse de nitrogênio no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 Dias para florescimento (dias) Cultivar Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Safra 12/13 Média BRS-Bonança 82,50aB 89,25aA 71,15bC 77,00aBC 76,75aBC 79,33 BRS-Primavera 73,25bB 82,25bA 80,55aA 73,25aB 77,00aAB 77,26 BRSMG-Conai 72,00bA 73,75cA 63,20cB 64,50bB 68,00bAB 68,29 Média 75,91 81,75 71,63 71,58 73,91 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade. Com relação aos anos agrícolas de cultivo, nota-se um aumento no número de dias para florescimento na safra 2009/10, quando as precipitações foram menores e mal distribuídas (Figura 1). Segundo Taiz & Zeiger (2009), a expansão celular da planta fica limitada quando esta passa por estresse hídrico, sendo assim, a 90 fotossíntese fica diminuída, já que está é diretamente proporcional à unidade de área foliar, fazendo com que a cultura permaneça mais tempo em estágio vegetativo de desenvolvimento, prolongando seu ciclo. Nota-se também que, as variações de dias para florescimento dos cultivares avaliados ocorrem justamente em virtude da irregularidade das chuvas (Figura 1), em todos os casos, a antecipação ou prolongamento do ciclo foram influenciados pelos períodos em que ocorreram as precipitações, ou seja, este estádio da cultura foi atingido quando a quantidade de água proveniente das chuvas foi suficiente para sair da fase vegetativa e entrar em florescimento, uma possível adaptação da cultura para completar seu ciclo. Diversos autores tem verificado a tendência de aumento de ciclo dos cultivares de arroz quando submetidos à estresse hídrico (ARF et al., 2001; CRUSCIOL et al.,2003; HEINEMANN & STONE 2009 e TERRA et al., 2013). Quanto à altura de plantas (Tabela 4), observa-se que os cultivares não apresentaram estabilidade para característica analisada, tendo médias variando de 61,15 cm para o cultivar BRSMG-Conai (safra 2012/13) à 87,2 cm para o cultivar BRSPrimavera (safra 2009/10). O cultivar BRS-Primavera com exceção da safra 2010/11, compôs sempre o grupo estatístico de maiores médias de alturas de plantas, enquanto que o cultivar BRSMG-Conai deteve as médias que compuseram os grupos de menores estaturas. Tabela 4. Médias de altura de plantas de três cultivares de arroz de terras altas cultivados sob estresse de nitrogênio no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 Altura de Plantas (cm) Cultivar Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Safra 12/13 Média BRS-Bonança 67,05aBC 71,00bABC 79,00aA 75,60aAB 64,50bC 71,43 BRS-Primavera 70,05aBC 87,20aA 68,00bC 80,25aAB 79,35aAB 76,97 BRSMG-Conai 63,55aAB 72,65bA 65,75bAB 66,60bAB 61,15bB 65,94 Média 66,88 76,95 70,91 74,15 68,33 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade. Observa-se que não houve uma uniformidade entre as alturas de plantas nos diferentes anos de cultivo (Tabela 4), o que também pode ser justificado pela irregularidade das precipitações pluviais, aliado à baixa disponibilidade de nitrogênio 91 (N) pois, ambos refletem na absorção de demais nutrientes, e por ser uma característica dependente do conjunto de fatores como, luminosidade, temperatura e umidade sua expressão se dá de forma variada (HERNANDES et al., 2010). Mesmo com as baixas precipitações ocorridas na safra 2010/11, as plantas apresentaram médias de alturas satisfatórias, devido possivelmente ao fato de terem recebido água insuficiente para florescer, permanecendo em estágio vegetativo, redistribuindo os produtos da fotossíntese para a planta e desencadeando maiores alturas. Nas demais safras, ao receberem umidade suficiente para completar seu ciclo, assim o fizeram, reservando os fotoassimilados para o enchimento de grãos. Analisando a característica massa de cem grãos (Tabela 5), verifica-se que o cultivar BRSMG-Conai compôs sempre o grupo de maiores médias. Elevadas massa de cem grãos são desejadas, já que é um atributo diretamente relacionado à produtividade de grãos. Tabela 5. Médias de massa de cem grãos de três cultivares de arroz de terras altas cultivados sob estresse no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 Massa de cem grãos (g) Cultivar Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Safra 12/13 Média BRS-Bonança 2,46bAB 2,47aAB 2,52bA 2,55aA 1,74bB 2,35 BRS-Primavera 2,41bA 2,40aA 2,75bA 1,30bB 2,54aA 2,28 BRSMG-Conai 3,30aAB 2,77aBC 3,53aA 2,47aC 2,80aABC 2,97 Média 2,73 2,55 2,93 2,1 2,36 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade. Nota-se que houve pequena variação para a característica massa de cem grãos ao longo dos anos de cultivo (Tabela 5), justificado possivelmente pela variável ser uma característica intrínseca à cada cultivar, e ser basicamente dependente do tamanho da casca (FORNASIERI FILHO & FORNASIERI, 2006). Boldieri et al. (2010) verificaram que a característica é dependente da densidade do grão, sendo assim, a influência de fatores como estande, e/ou índice de fertilidade de espiguetas podem trazer respostas diferenciadas em cada cultivar e em cada ciclo de cultivo, influenciando na massa unitária dos grãos. Dentre os anos de cultivo a safra 2010/11, foi a que apresentou as maiores médias de massa de cem grãos, mesmo sob fortes 92 restrições hídricas. Possivelmente os cultivares não foram influenciados pelo estresse hídrico no período de enchimento de grãos, e provavelmente o menor perfilhamento dos cultivares (observações de campo), decorrentes das menores precipitações, bem como, o estresse nutricional, favoreceu ao redirecionamento dos produtos da fotossíntese para um menor número de grãos, tornando-os mais pesados. O fator água, assim como a adubação nitrogenada podem ter influenciado em reduções na massa de cem grãos nos cultivares, já que são componentes essenciais para o enchimento de grãos, e quando o déficit ocorre no período crítico da cultura, como o florescimento e a fase de enchimento de grãos, ocorre diminuição da formação e redistribuição de fotoassimilados para a planta, resultando no abortamento de flores e menor peso de grãos (TAIZ & ZEIGER 2009). Com relação à produtividade de grãos (Tabela 6), não houve diferenças significativas entre as médias dos cultivares analisados, e os baixos valores de produtividade de grãos obtidos, foi um resultado direto do estresse hídrico e nutricional ao qual foram submetidos os cultivares, condições muito comum no estado, considerando que os agricultores que produzem sob sistema de terras altas não dispõem de alta tecnologia e insumos. Tabela 6. Médias de produtividade grãos de três cultivares de arroz de terras altas cultivados sob estresse de nitrogênio no sul do estado de Tocantins, nas safras 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 Produtividade de grãos (kg ha-1) Cultivar Safra 08/09 Safra 09/10 Safra 10/11 Safra 11/12 Safra 12/13 Média BRS-Bonança 802,4 538,75 489,48 508,33 818,85 631,56a BRS-Primavera 765,35 528,57 391,94 338,88 970,94 599,13a BRSMG-Conai 385,67 676,55 399,09 297,91 754,9 502,82a Média 581,29BC 426,83BC 381,70C 848,23A 651,14AB Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5 % de probabilidade. O ano agrícola 2012/13, resultou nas maiores médias de rendimento de grãos apesar de não ter diferido do ano agrícola 2008/09 (Tabela 6), devido a ocorrência de melhores e mais bem distribuídas precipitações. O período e a intensidade de ocorrência do déficit hídrico nas demais safras podem justificar a redução de produtividade destes anos, segundo Heinemann & Stone (2009) a fase crítica da 93 cultura do arroz compreende os estágios de florescimento e enchimento de grãos, e ainda segundo Heinemann (2010) as perdas na produtividade de grãos dos cultivares de arroz podem ultrapassar a marca de 50%, devido ao estresse hídrico, causando grandes prejuízos aos orizicultores. O fator água exerce uma diversidade de funções fisiológicas e metabólicas nas plantas, assim sua restrição limita e até inibe certas funções principalmente a translocação dos produtos da fotossíntese, resultando nas menores produtividade de grãos (TAIZ & ZEIGER, 2009). Crusciol et al. (2001), Silva et al. (2009) e Nunes et al. (2012) verificaram que existe correlação entre estresse hídrico e os componentes de produtividade, o que resulta em decréscimos de produtividade. Além do mais, aliado ao déficit hídrico, o estresse nutricional provocado na cultura do arroz, com o elemento nitrogênio, que é constituinte indispensável para o funcionamento e metabolismo da planta, podem ter intensificado as reduções de produtividades de grãos, já que a deficiência nutricional deste componente compromete todo o desenvolvimento da cultura do arroz, desde reduções no perfilhamento, número de panículas e grãos por panícula, peso de grãos, afetando a produtividade de grãos (HENANDES et al., 2010). Estudos do comportamento de mais cultivares de arroz em sistema de terras altas na região do Estado do Tocantins, são escassos e necessários pois, grande parte do público local possuem poucos recursos tecnológicos e financeiros para se atingir níveis de produtividade satisfatórios e não podem continuar desassistidos de informações científicas e/ou recomendações de cultivares que produzem satisfatoriamente mesmo sob condições de restrições hídricas e nutricionais. Desta forma, estes resultados contribuem para viabilizar o cultivo de arroz na região, com cultivares que respondam satisfatoriamente o nível tecnológico empregado pelos agricultores locais, diminuindo custos de produção e maximizando os ganhos produtivos. 94 CONCLUSÕES O estresse com nitrogênio altera o metabolismo da cultura, alterando seus componentes de produção reduzindo sua produtividade; O ano agrícola 2012/13 resultou nas maiores médias de produtividade de grãos; O cultivar BRS-Bonança atingiu a maior média de produtividade de grãos para a maioria dos anos agrícolas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AHLGREN, S.; BARKY, A.; BERNESSON, S.; NORDBERG, A.; NORÉN, O.; HANSSON, P. A. Ammonium nitrate fertilizer production based on biomass environmental effects from a life cycle perspective. Bioresource Technology, v. 99, n. 17, p. 8034-8041, 2008. ARF, O.; RODRIGUES, R. A. F.; SÁ, M. E.; CRUSCIOL, C. A. C. 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O boro é um nutriente essencial para as plantas e de grande importância para a cultura do arroz, necessitando de um manejo criterioso, levando em consideração a exigência da cultura, pois possui sua faixa de deficiência e toxidez estreita, necessitando de cautela no manejo, além de ressaltar a importância da disponibilidade do elemento e as interações deste com o sistema, cuidados estes que devem ser relevantes para promoverem maiores ganhos produtivos. Portanto, objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito da época adubação com boro na cultura do arroz de terras altas nas condições do sul do Estado do Tocantins. Os experimentos foram conduzidos em casa de vegetação na Estação experimental da Universidade Federal do Tocantins no período da entressafra do ano de 2014, em delineamento experimental de blocos casualisados, com quatro repetições, num esquema fatorial 3 x 4, sendo três genótipos e quatro períodos de aplicação. As características avaliadas foram número de dias para florescimento, altura da planta, número de panículas por vaso, estande final, número de grãos por panícula, esterilidade das espiguetas, massa de cem grãos e produtividade de grãos. Conclui-se que a aplicação do boro no estágio vegetativo da cultura de arroz aumenta o crescimento em altura; o boro incrementa a massa de cem grãos quando aplicado aos 60 dias após plantios; a produtividade de grãos teve incremento de até 30% para o tratamento aplicado aos 25 dias após plantio, sob a testemunha; Palavras-chave: Oryza sativa L.; cerrado; nutrição; micronutrientes. 99 APPLICATION TIME OF BORON IN GENOTYPES OF HIGHLAND RICE ABSTRACT Recently, micronutrients have gained more attention from researchers due to the need for more and better information about these elements in order to increase productivity. Boron is an essential nutrient for plants and of great importance to the cultivation of rice. It needs a careful management, taking into account the demand of culture, as it has a range of disabilities and close toxicity requiring caution in handling. Besides emphasizing the importance of the availability of the element and the interactions with this system, the care should be relevant to promote higher productivity gains. Therefore, the aim in this work was to evaluate the effect of fertilization time with boron in the culture of highland rice in conditions of the southern State of Tocantins. The experiments were conducted on greenhouse in the Experimental Station at Tocantins Federal University in the period between harvests of 2014, a design experimental randomized block, with four replications in a factorial 3 x 4, being three genotypes and four periods of application. The traits evaluated were number of days to flowering, plant height, number of panicles per pot, final stand, number of grains per panicle, spikelet sterility, weight of one hundred grains, grain productivity and content B in leaves. It is concluded that the application of boron in the vegetative stage of rice culture increases the height growth; boron increases the mass of one hundred grains when applied 60 days after planting; grain productivity had an increase by up to 30% for the treatment applied 25 days after planting under the control; high temperatures increase the percentage of spikelet sterility of rice. Keywords: Oryza sativa L.; savannah; nutrition; micronutrients. INTRODUÇÃO O arroz Oryza sativa L., de origem asiática, pertencente à família botânica Poaceae, uma cultura que possui grande relevância nos cenários econômicos e sociais, por estar difundida em todas as regiões do país e do mundo. Faz parte do consumo diário de todas as classe sociais e devido ao demasiado crescimento 100 populacional, impõe a necessidade de aumentos produtivos que atendam à população carente (NOSSE et al., 2008). Segundo Cancellier et al. (2011), a orizicultura representa 30% da produção mundial de grãos que atinge 590 milhões de toneladas e abastece o mercado. O sistema de terra altas representa 13% dos 148 milhões de hectares cultivados em todo o mundo (TERRA et al., 2013). A produção brasileira de arroz não tem atendido a demanda interna mas, segundo estimativas do quarto levantamento de grãos da safra 2013/2014, realizado pela CONAB (2014), o país deve plantar, nesta safra, área de 2,43 milhões de hectares, e espera-se que a produção de arroz seja 5,1% maior do que a safra passada, atingindo 12.350,8 mil toneladas. Em virtude da expectativa de melhores produtividades na maior parte dos estados produtores, se confirmada a estimativa, o país deve colher 12,35 milhões de toneladas, basicamente a mesma quantidade consumida internamente. O Tocantins é o terceiro maior produtor de arroz do país, com o arroz irrigado sendo plantado em grandes áreas localizadas nas regiões de Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão, Dueré, Cristalândia e Pium, e o arroz de terras altas sendo plantado em todo o Estado em pequenas áreas, com provável decréscimo da área plantada de 5% em relação à safra de 2012/13, que foi de 38,96 mil hectares, em virtude da substituição da cultura para a produção de soja e milho. O boro é um micronutriente que desempenha papel fundamental na germinação do pólen e no crescimento do tubo polínico, pois existe uma relação direta entre o suprimento de boro e a capacidade de produção de pólen, já que o elemento afeta a microesporogênese, a germinação e particularmente o desenvolvimento do tubo polínico que são importantes processos para a produção das culturas. Esse elemento é um ativador de enzimas que atuam em diversos processos metabólicos, tais como transporte de carboidratos, metabolismo das auxinas e formação de raízes por meio da divisão, alongamento e junção da parede celular e atividade das membranas celulares (CORRÊA et al., 2006). Sua deficiência acarreta a inibição destes processos e os sintomas visíveis nas plantas vão de necrose preta de folhas jovens e gemas terminais, os caules ficam anormalmente rígidos e quebradiços, a dominância apical pode ser perdida, tornando a planta amplamente ramificada (TAIZ & ZEIGER, 2009). A exigência pela cultura do arroz quanto à este nutriente é pequena, sendo necessário cautela ao aplicar doses adequadas de boro, pois o intervalo de deficiência 101 e toxidez são bastante estreitos, tornando vital a decisão para aumentar a produtividade de arroz (FAGERIA, 2000). A literatura relata respostas a aplicação de boro em algumas culturas anuais em solo de cerrado (GALRÃO, 1984; BUZETTI et al., 1990; CARVALHO et al., 1996); entretanto, a maioria dos trabalhos tem avaliado o efeito de um conjunto de micronutrientes impossibilitando, portanto, concluir o efeito de cada elemento isolado (GALRÃO, 1991). A estratégia para maximizar o rendimento da cultura de arroz visa, além do estudo da exigência nutricional definindo a quantidade de nutrientes necessário para a cultura, o conhecimento com precisão de qual período ou em quais épocas do seu estádio fenológico a cultura apresenta grande consumo do nutriente, favorecendo assim, a correção imediata ou impedindo o desequilíbrio nutricional neste período, uma vez que a planta apresenta ao longo de seu desenvolvimento, extração diferenciada, que varia de acordo com o tempo de cultivo. O B é um elemento imóvel no xilema da planta, outro fator que preconiza a necessidade da disponibilização deste no momento de maior demanda, para que sua deficiência não limite a produtividade da cultura (TAIZ & ZEIGER, 2009). Dessa forma, encontrar a eficiência e resposta de um determinado material genético, implica em um aparato de fatores os quais são fundamentais para se alcançar tal objetivo, sendo o manejo da adubação um destes importantes fatores. Nesse manejo, práticas como a utilização de doses e épocas de aplicação adequadas de nutrientes, incluindo o boro, tornam mais fácil a expressão do potencial genético do material em questão, resultando no aumento da produtividade de grãos da cultura. Assim, objetivou-se com este estudo avaliar o efeito da época de adubação com boro na cultura do arroz de terras altas nas condições do sul do Estado do Tocantins. MATERIAL E MÉTODOS A condução do experimento ocorreu em casa de vegetação na estação experimental da Universidade Federal do Tocantins - Campus de Gurupi, com coordenadas geográficas de 11º46’18” de latitude Sul e 49º02’35” de longitude Oeste, no período da entressafra do ano de 2014. 102 O experimento foi instalado em delineamento experimental de blocos casualizados, com 4 repetições, em esquema fatorial de 3 x 4, sendo três cultivares (BRSMG-Conai, BRS-Bonança e BRS-Serra Dourada) e quatro épocas de aplicação do micronutriente boro, este na dose de 3,0 kg ha -1 e na forma de ácido bórico, formando os seguintes tratamentos: T1 - ausência de aplicação de boro (testemunha); T2 - aplicação de boro em cobertura no perfilhamento (cerca de 25 dias após plantio para alguns cultivares); T3 - aplicação de boro em cobertura por ocasião da diferenciação do primórdio floral (cerca de 60 dias após plantio para alguns cultivares) e; T4 - aplicação de boro em cobertura no emborrachamento (período de desenvolvimento da panícula, cerca de 75 dias após plantio para alguns cultivares). O solo empregado na instalação do experimento foi o Latossolo Vermelho Amarelo distrófico (EMBRAPA, 2013), proveniente da camada superficial (0–20 cm), devidamente corrigido. Utilizou-se vasos de capacidade para 5 kg, com a mistura de um substrato (composto por esterco e serragem) e areia, na proporção 3:1:1, respectivamente, buscando proporcionar maior porosidade ao solo, e melhor desenvolvimento radicular para a cultura. Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo. Granulometria g kg-1 Areia 752 Silte 63 Argila 185 Macronutrientes e resultados complementares pH CaCl2 P meh K Ca Mg Al H+Al SB CTCt --------------(cmolc.dm-3) -------------------5,5 6,1 1,01 2,09 1,5 0 2,5 5,41 m V M.O. C.O. -----------(%)------------ 7,91 0 68 3,4 2,0 Micronutrientes B Cu Fe Mn Zn -----------------------------------(mg.dm-3) ---------------------------------0,2 0,5 39 12,4 3,0 A recomendação de calcário e adubação foi proposta após realização da análise de solo (Tabela 1). Utilizou-se 400 kg ha-1 do adubo formulado 5-25-15. Na 103 adubação de cobertura foi usado como fonte nitrogenada a uréia, na dose de 50 kg ha-1, sendo parcelada, em duas vezes, onde a primeira aplicação ocorreu por ocasião do perfilhamento efetivo, cerca de 30 dias após plantio e a segunda, na diferenciação do primórdio floral, cerca de 60 dias após plantio. Não houve necessidade de realização de tratos culturais. As plantas foram conduzidas até o final do ciclo. O plantio ocorreu no dia 22 de abril de 2014, sendo as sementes submetidas à tratamento prévio com fungicida Carboxina na dosagem de 300 ml para cada 100 kg de sementes e o inseticida Fipronil na dosagem de 250 ml/100 kg de sementes ambos indicados para a cultura. Optou-se em semear cinco sementes por vaso, com desbaste aos 25 dias após plantio visando obtenção de três plantas por vaso. A irrigação ocorreu de forma manual, com regador, de acordo com a necessidade da cultura. Não houve necessidade de outros tratos culturais durante ciclo do arroz. Para verificar a interferência da época de aplicação de boro no desenvolvimento e produção de arroz foram avaliadas as características número de dias para florescimento - dias para emissão de 50% das panículas, a partir da data de semeio; número de panículas por vaso - contando-se as panículas em cada vaso avaliado; número de grãos por panícula - determinado através da contagem do número de grãos por panícula; esterilidade das espiguetas - realizada por ocasião da colheita, quando foram coletadas, ao acaso cinco cachos de arroz por vaso, em seguida, separadas as espiguetas cheias das vazias (contando-se o número de grãos vazios e calculando-se o percentual destes em relação ao número total de grãos de cada amostra); altura da planta - medida da superfície do solo até o ápice da panícula do colmo central, excluída a arista, quando presente; estande final – contando-se número de plantas ao final do experimento; massa de cem grãos - massa de uma amostra de cem grãos sadios por vaso e; produtividade de grãos - produção de grãos limpos com 13% de umidade, em g vaso-1. Os dados experimentais foram submetidos a análise de variância, com aplicação do teste F. Para as comparações entre as médias de tratamentos, foi utilizado o teste Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se o aplicativo computacional SISVAR (FERREIRA, 2008). 104 RESULTADOS E DISCUSSÃO Observa-se através da análise de variância (Tabela 2), significância da interação época de aplicação do micronutriente boro versus cultivar para as características altura de plantas, estande final, número de panículas e produtividade de grãos, caracterizando a interdependência dos fatores, ou seja, a época de aplicação do boro atua de forma distinta na expressão dos cultivares, realizando-se, portanto, o desdobramento de um fator dentro do outro. Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias de dias para florescimento (DF), altura de plantas (AP), estande final (EF), número de panículas (NP), número grãos por panícula (NGP), esterilidade das espiguetas (EST), massa de cem grãos (MCG) e produtividade de grãos (PROD), de três cultivares de arroz cultivados, no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação FV GL DF AP EF Rep. 3 Époc. (E) NP NGP EST MCG PROD 4,57ns 60,88* 0,18ns 4,69ns 85,90ns 420,35* 0,05* 17,31ns 3 4,18ns 22,04ns 2,52** 12,25* 893,07ns 172,36ns 0,04* Cult. (C) 2 4105,56** 489,48** 0,27ns 51,06** 14138,38** 188,29ns 4,45** E*C 6 4,22ns Resíduo 33 3,78 27,12* 55,33** 86,51** 0,68* 8,31* 446,74ns 110,73ns 0,005ns 21,55* 19,35 0,27 3,4 834,84 143,36 0,01 9,03 CV (%) 2,48 5,59 20,93 20,8 29,79 42,97 4,75 21,27 Média Geral 78,43 78,7 2,52 96,97 27,86 2,53 14,13 ns não 8,87 significativo; ** significativo para p ≤ 0,01; *Significativo para p ≤ 0,05 pelo teste F. Houve ainda efeito significativo do fator cultivar para todas as características avaliadas, excetuando-se esterilidade das espiguetas e estande final, ratificando a variabilidade genética existente entre os materiais genéticos. Enquanto que, para o fator época de aplicação do micronutriente, houve significância das características estande final, número de panículas por vaso, massa de cem grãos e produtividade de grãos, caracterizando assim, a influência diferenciada da época de aplicação do boro nas plantas de arroz. Os baixos valores de coeficiente de variação (Tabela 2) encontrados neste trabalho para as características dias para florescimento, altura de plantas e massa de cem grãos indicam uma boa precisão experimental na condução do experimento. Embora, verifica-se altos valores de CV para as características estande final, número 105 de panículas por vaso, número de grãos por panícula, esterilidade de espiguetas e produtividade de grãos, não sugere-se má precisão experimental, pois ressalta-se que no período de condução do experimento, realizado em meados dos meses de maio a setembro, a cultura ficou submetida à altas temperaturas (Figura 1), característica inerente à região, e ainda foi intensificada ao ser conduzido em casa de vegetação, fatores que prejudicaram o seu desenvolvimento e induziram ás grandes variações nos dados experimentais, elevando as porcentagens de CV. Os dados climáticos referentes ao período de condução dos experimentos fora da casa de vegetação encontram-se na Figura 1. Figura 1. Temperatura média, máxima e mínima (°C), umidade (%), vento (m/s) e evapotranspiração (mm/dia) ocorridas durante cultivos de cultivares de arroz de terras altas, na entressafra 2014 (BDMEP, 2012). Na análise da característica dias para florescimento (Tabela 3), verifica-se que não houve diferenças significativas entre as épocas de aplicação de boro. Foi detectado apenas diferenças entres os cultivares, evidenciando assim, suas diferenças genéticas. Segundo Fornasiere Filho & Fornasiere (2006), o cultivar BRSMG-Conai, tem ciclo precoce e BRS-Bonança e BRS-Serra Dourada tem ciclo tardio. Desta forma, cada um destes materias genéticos pode ser utilizado em 106 diferentes situações, contribuindo na resolução de problemas enfrentados em um planejamento agrícola, sob a influência de fatores nem sempre controláveis, como déficits hídricos, que possam vir a reduzir a produção agronômica, quando estes ocorrem em períodos críticos para a cultura, ou até mesmo, para agregar maior retorno econômico numa sucessão de culturas, por exemplo. Tabela 3. Médias de dias para florescimento de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação Dias para florescimento (dias) Épocas de aplicação de B BRSMG-Conai BRS-Bonança BRS-Serra Dourada Média Testemunha 60,00 88,50 89,25 79,25a T1 60,00 85,00 90,00 78,33a T2 60,00 86,50 88,50 78,33a T3 60,00 85,50 88,00 77,83a Média 60,00C 86,37B 88,93A Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si (P < 0,05) pelo teste Tukey. T1 - (25 dias após plantio – DAP); T2 - (60 DAP); T3 - (75 – DAP). Segundo Streck et al. (2006), o rendimento final da cultura possui relação direta com as fases de desenvolvimento do arroz, caracterizadas como vegetativas e reprodutivas. Estas determinam o ciclo da cultura e quanto mais longas tendem a favorecer o maior desempenho do material genético, isso porque permitem a planta produzir maior superfície de absorção foliar, consequentemente aumenta sua taxa fotossintética, produzindo mais reservas de fotoassimilados que serão translocados para o enchimento de grãos. Ainda segundo o autor, a fase vegetativa, quando afetada pela temperatura compromete significativamente variáveis determinantes da produtividade, como diminuição do perfilhamento e número de folhas. Na figura 1, observa-se que durante todo o período de cultivo do arroz na casa de vegetação, as temperaturas médias e máximas permaneceram constantes e elevadas, as quais, segundo Guimarães et al. (2002), são consideradas prejudiciais as fases de crescimento do arroz, vindo a causar danos nas características subsequentes. Quanto à altura de plantas (Tabela 4), observa-se que o cultivar BRSMGConai apresentou, resposta diferente a época de aplicação de B, sendo que, menores alturas foram obtidas quando a aplicação ocorreu aos 75 DAP, sendo a única a diferir 107 da testemunha. Isso se deu, provavelmente, pelo fato do cultivar BRSMG-Conai possuir ciclo precoce, encontrando-se no momento da aplicação no estágio fisiológico reprodutivo, e, portanto, sem condições de aproveitar o nutriente aplicado em seu desenvolvimento em altura e, desta forma, translocando-o para os órgãos reprodutivos, para atuar nos processos de polinização e formação de grãos. Já para o cultivar BRS-Bonança, ocorreu o contrário, ou seja, as maiores médias ocorreram neste mesmo período, sendo a única a diferir estatisticamente de quanto o B foi aplicado aos 25 DAP. Para o cultivar BRS-Serra Dourada não houve diferenças significativas entre os períodos avaliados. Tabela 4. Médias de altura de plantas de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação Altura de plantas (cm) Épocas de aplicação de B BRSMG-Conai BRS-Bonança BRS-Serra Dourada Média Testemunha 78,29aAB 75,62abB 83,50aA 79,14 T1 73,33abB 72,16bB 84,58aA 76,69 T2 78,00aA 77,25abA 83,50aA 79,58 T3 67,58bB 82,58aA 88,08aA 79,41 Média 74,30 76,90 84,91 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si (P < 0,05) pelo teste Tukey. T1 - (25 dias após plantio – DAP); T2 - (60 DAP); T3 - (75 – DAP). Segundo Kappes et al. (2008), aplicações boratadas efetuadas em estágios fenológicos vegetativos quando comparados aos reprodutivos são mais eficientes pelo fato da planta aproveitar de forma mais eficiente o micronutriente e direcioná-lo para o crescimento vegetativo, neste caso, em altura, do que nos estágios mais tardios, onde esta já se encontra no período de enchimento de grãos e prioriza o direcionamento dos fotoassimilados para a produção dos grãos. Slaton et al. (2002), trabalhando com aplicações de boro em duas épocas, sugerem que as aplicações efetivadas no início do ciclo da cultura não afetaram o rendimento do arroz, mas aumentaram ligeiramente o crescimento vegetativo. Ainda na tabela 4, verifica-se quanto à altura de plantas, que o cultivar BRSSerra Dourada compôs sempre o grupo estatístico de maiores médias, independente da aplicação e da época de aplicação do B. Kappes et al. (2008) encontraram 108 diferenças significativas para altura de plantas na cultura da soja com a utilização de boro e Hossain et al. (2001) obtiveram resposta significativa para altura de um cultivar de arroz com disponibilização de micronutrientes. Avaliando os resultados obtidos para a variável estante final (Tabela 5), observa-se que a testemunha, onde não se aplicou B, compôs sempre o grupo de maiores médias, independente do cultivar. Esse efeito negativo no estande pode estar relacionado ao calor excessivo intrínseco à região neste período de entressafra (Figura 1), e assim ter resultado na morte de algumas plantas. Certifica-se ainda, que os cultivar BRSMG-Conai e BRS-Serra Dourada, aos 60 e 75 DAP para aplicação de B, respectivamente, alcançaram médias inferiores a duas plantas por vaso. Tabela 5. Médias do estande final de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação Estande final Épocas de aplicação de B BRSMG-Conai BRS-Bonança BRS-Serra Dourada Média Testemunha 2,75aA 3,00aA 3,00aA 2,91 T1 2,75aA 3,00aA 3,00aA 2,91 T2 1,50bB 2,25aAB 2,75abA 2,16 T3 2,50abA 2,00aA 1,75bA 2,08 Média 2,37 2,56 2,62 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si (P < 0,05) pelo teste Tukey. T1 - (25 dias após plantio – DAP); T2 - (60 DAP); T3 - (75 – DAP). Vale ressaltar que, associado aos tratamentos aplicados, após a realização da primeira adubação nitrogenada efetivou-se o desbaste, deixando-se três plantas por vaso. Após este procedimento, sucederam mortes de algumas plantas, mortes estas, que não estão associadas à aplicação de boro pois, ainda não havia chegado o momento de aplicação deste elemento. Alguns tratamentos ficaram comprometidos com a morte das plantas, resultando em menor estande, ocasionando assim prejuízos no desempenho dos cultivares. Fatores abióticos e interferem em todo desenvolvimento dos processos metabólicos e das funções vitais das plantas, que utilizam apenas suas próprias defesas como tentativa de sobrevivência. As condições advindas do cultivo em casa de vegetação, podem potencializar alguns fatores, expondo a cultura à condições 109 adversar e comprometendo seu acréscimo produtivo (TAIZ & ZEIGER, 2009). Conforme pode ser observado na figura 1, as condições climáticas externas que ocorreram durante o período de execução do experimento, configuram característica que expõem a cultura do arroz ao estresse térmico. Segundo Taiz & Zeiger (2009) altas temperaturas e baixas velocidades do ar, são intensificadas em casa de vegetação, e reduzem as taxas de esfriamento foliar, consequentemente retardam o crescimento das plantas, provavelmente esses fatores justificam a morte das plantas e as baixas médias ocorridas na característica estande final. Respostas diferenciadas à época de aplicação do boro também é observada para a característica número de panículas por vaso (Tabela 6). A testemunha, onde não se aplicou B compôs sempre o grupo estatístico de maiores médias, independente do cultivar avaliado. Ressalta-se que os baixos valores obtidos para o cultivar BRSMG-Conai aos 60 DAP e BRS-Serra Dourada aos 75 DAP se devem ao baixo estande ocorrido conforme discutido anteriormente. Quanto ao desempenho dos cultivares, o BRSMG-Conai compôs sempre o grupo de maiores médias quando comparado aos demais cultivares. Tabela 6. Médias do número de panículas por vaso de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação Número de panículas por vaso Épocas de aplicação de B BRSMG-Conai BRS-Bonança BRS-Serra Dourada Média Testemunha 11,75aA 10,75aAB 8,50aB 10,33 T1 9,75abA 10,00aA 6,50abB 8,75 T2 8,00bA 8,50aA 7,75abA 8,08 T3 11,75aA 8,50aB 4,75bC 8,33 Média 10,31 9,43 6,87 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si (P < 0,05) pelo teste Tukey. T1 - (25 dias após plantio – DAP); T2 - (60 DAP); T3 - (75 – DAP). Quanto a característica número de grão por panícula (Tabela 7), não foi observado diferença entre a testemunha, sem aplicação de B, e nem entre os tratamentos com aplicação de B, independente da época de aplicação. Mesmo assim, as médias variaram de 86,82 para a testemunha à 106,77 número de grãos por panícula para o tratamento ao qual aplicou-se boro aos 60 dias após plantio. Estes 110 resultados são discordantes dos obtidos por Wang et al. (2003) e Hossain et al. (2001), que encontraram efeito significativo à utilização de boro na diferenciação do primórdio floral, na microesporogênese e no crescimento do tubo polínico, sugerindo a nutrição boratada essencial para a formação de grão na cultura do arroz. Entretanto, Leite et al. (2011), não encontraram efeito significativo para esta característica. Tabela 7. Médias do número de grãos por panícula de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação Número de grãos por panícula Épocas de aplicação de B BRSMG-Conai BRS-Bonança BRS-Serra Dourada Média Testemunha 66,48 76,97 117,03 86,82a T1 63,71 84,77 132,53 93,67a T2 83,23 103,83 133,25 106,77a T3 60,12 113,7 128,07 100,63a Média 68,38C 94,82B 127,72A Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si (P < 0,05) pelo teste Tukey. T1 - (25 dias após plantio – DAP); T2 - (60 DAP); T3 - (75 – DAP). Apesar do boro presentar a característica de imobilidade dentro da planta, e assim não ser redistribuído entre as partes desta, os resultados satisfatórios são obtidos quando o suprimento é realizado exatamente no momento de maior demanda da cultura, então, justificando a tendência de superioridade do tratamento T2, com aplicação de B aos 60 dias após plantio, devido ao micronutriente ser alocado próximo as partes reprodutivas da planta, necessariamente na fase da floração da cultura, sendo desta forma, mais eficientemente utilizado. O que não ocorre nos demais tratamentos (T1 e T3, com aplicação do boro aos 25 e 75 DAP respectivamente, para o cultivar BRSMG-Conai, de ciclo precoce, e apenas no tratamento T1, com boro aos 25 DAP, para os demais cultivares de ciclo tardio), já que nestes, o boro é alocado nas folhas, não sendo remanejado posteriormente na fase de floração, na planta. Outros fatores, externos e internos, podem ter interferido evidenciando essa tendência nas respostas dos tratamentos, visto que a temperatura e umidade do ar elevadas (Figura 1), podem ter aumentado a velocidade de secamento da solução aplicada, sendo este o veículo de penetração do elemento na folha, além disso, horas mais quentes tornam a absorção menor, já que para evitar a desidratação o mecanismo 111 automático de defesa das plantas levam ao fechamento estomático, uma importante via de acesso dos nutrientes (LEITE, 2008). O autor ainda sugere que associado à planta pode-se citar a estrutura da superfície foliar, pois a presença de cutículas, camadas de ceras e tricomas tornam o percurso mais lento dificultando a chegada do nutriente em seu interior. Nos tratamentos mais tardios após a floração, infere-se a influência da idade da folha, salvo que folhas mais jovens possuem maior absorção de nutrientes da solução, do que folhas mais velhas, além de terem maior atividade metabólica, enquanto que, as folhas mais velhas aumentam a espessura da cutícula tornando-se ainda mais resistentes à penetração da solução (LEITE, 2008). Dentre os cultivares avaliados, observa-se que o BRS-Serra Dourada apresentou médias superiores quanto ao número de grão por panícula (Tabela 7). Já o cultivar BRSMG-Conai, deteve as menores médias para essa característica. Provavelmente, as maiores médias obtidas pelo cultivar BRS-Serra Dourada, podem ser correlacionas com o ciclo do cultivar, segundo Falqueto et al. (2009), cultivares de ciclo longo tendem a ter maior produção de matéria seca e produção de fotoassimilados do que cultivares de ciclo curto, isso porque, a planta permanece maior tempo em seu estágio vegetativo, voltado à produção de fotossíntese e biomassa para posterior conversão das reservas nutritivas em componente de produção, neste caso, para o número de grãos por panícula. Avaliando os resultados para a característica esterilidade de espiguetas (Tabela 8), ressalta-se a não significância dos tratamentos avaliados, apesar de se verificar tendência de menores médias para os tratamentos que envolveram a aplicação de boro, independente da época de aplicação apontando, desta forma, que uma possível deficiência deste nutriente induz a esterilidade de grãos de pólen em arroz, semelhantemente ao encontrado por Leite et al. (2011). Segundo Ramos et al. (2008), diversos fatores interferem na germinação dos grão de pólen, dentre eles, pode ser citado o elemento boro. Sua ação consiste em formar complexo ionizável sacarose-borato, que permitirá uma reação mais rápida com as membranas celulares, desta forma, o nutriente evita o rompimento das membranas do tubo polínico dos grão de pólen, liberando o conteúdo citoplasmático para o meio exterior, e assim, contribuindo para obter maior porcentagem de germinação. Para Wang et al. (2003) os compostos químicos presentes nas estruturas reprodutivas são modificados, ocorrendo acúmulo de calose na região da ponta dos tubos polínicos, bem como alterações nas concentrações e distribuições de pectina, compostos fenólicos e 112 ésteres saturados no tubo de pólen, por isso que a deficiência de boro na plantas provoca alterações morfológicas e estruturais nos órgãos reprodutivos afetando o crescimento do tubo polínico e a germinação do pólen. A alocação do boro na fase de floração, diretamente nos órgão reprodutivos da planta, favorece sua ação devido sua imobilidade na planta, assim, a tendência de menores porcentagens de esterilidade de espiguetas, surgem do suprimento do boro ter ocorrido exatamente nesta fase, beneficiando a cultura por facilitar o uso do nutriente ao estar facilmente disponível para a planta. Tabela 8. Média da porcentagem de esterilidade de espiguetas de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação Esterilidade de espiguetas (%) Épocas de aplicação de B BRSMG-Conai BRS-Bonança BRS-Serra Dourada Média Testemunha 36,15 31,05 31,95 33,05a T1 25,02 27,71 27,87 26,86a T2 14,24 27,14 30,57 23,98a T3 22,94 24,36 35,34 27,54a Média 24,59A 27,56A 31,43A Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si (P < 0,05) pelo teste Tukey. T1 - (25 dias após plantio – DAP); T2 - (60 DAP); T3 - (75 – DAP). Não houve diferença na porcentagem de esterilidade de espiguetas entre os cultivares (Tabela 8), que por sua vez apresentaram médias elevadas para esta características, devido provavelmente a elevada temperatura. O período à qual instalou-se o experimento coincidiram com o período de altas temperatura na região do Estado do Tocantins (Figura 1). Elevadas temperatura não favoreceram o desenvolvimento do arroz, principalmente quando ocorrem no período mais crítico, ou mais sensível do seu desenvolvimento. Segundo Fonseca et al. (2006) essa fase corresponde ao estágio de florescimento e a segunda fase mais sensível, corresponde a prefloração, ocasionando a esterilidade das espiguetas. O processo de microesporogênese e o crescimento do tubo polínico são prejudicados com a deficiência do micronutriente boro, afetando a macho-fertilidade, já que suas funções estão envolvidas diretamente no crescimento celular e no desenvolvimento da flor. 113 Segundo Walter et al. (2010), a temperatura crítica do arroz o qual aumentam significativamente a esterilidade de espiguetas estão situadas acima de 33 e 34ºC, e temperaturas acima de 40ºC, provocam esterilidade dos órgão femininos da flor, mesmo que exposto por pequenos períodos de tempo. Ainda segundo o autor, elevadas temperaturas, no ambiente incidem em maiores e significativas esterilidades de espiguetas devido ao fechamento estomático das plantas que reduzem seus processos metabólicos, o que pode ser intensificado pelo ambiente da casa de vegetação. Para enfatizar os efeitos positivos do B, desempenhando papel vital na formação dos grãos Hossain et al. (2001) e Rashid et al. (2004) encontraram respostas desejáveis, quando a cultura do arroz foi suprida com nutrição boratada. A manifestação de algumas panículas brancas, termo que se refere às panículas que não completaram seu desenvolvimento, portanto, não apresentam grãos, ratificam o efeito deletério da elevada temperatura sob o período de condução do experimento. Segundo Barrigossi et al. (2004), o surgimento de panículas brancas não ocorre exclusivamente por efeito de fatores bióticos como insetos e doenças, mas também por fatores como deficiência hídrica, temperaturas extremas e fitotoxidez causadas por herbicidas, os chamados fatores abióticos. Ainda segundo os autores a fertilidade das espiguetas podem ser reduzidas em até 80% com apenas duas horas de exposição à temperatura de 41 ºC. Como no decorrer da execução do estudo não houve a intervenção dos fatores bióticos e quanto aos fatores abióticos apenas verificou-se as elevadas temperaturas ocorridas neste período (Figura 1), infere-se a possibilidade dos cultivares terem sido expostos à estresse térmico e então diminuído sua capacidade produtiva. Quanto a massa de cem grãos (Tabela 9), ressalta-se que o tratamento em que a época de aplicação do boro ocorreu aos 60 DAP, foi o único a diferir significativamente do tratamento em que não houve aplicação de B. Nesta época de aplicação a planta encontra-se geralmente no período de diferenciação dos primórdios florais, sendo considerados fase de extrema importância na determinação do potencial produtivo, tornando-se apropriado para aplicação de B. Por ser um elemento imóvel, seu teor torna-se elevado nas folhas velhas não sendo redistribuído e os sintomas sua deficiência surgem nas partes jovens da planta (TAIZ & ZEIGER 2009), sendo assim, aplicações realizadas mais próximo da fase de desenvolvimento reprodutivo que permite maior absorção e aproveitamento do B, podem resultar no aumento da eficiência de utilização do nutriente, e consequentemente em maiores ganhos 114 produtivos. Entretanto, a aplicação de B isolado de outro manejo onera o custo de produção e torna tal recomendação pouco prática, ainda mais na ausência de diferença significativa entre os tratamentos. A não significância dos resultados para enchimento de grãos também foi observada por Engler et a. (2006) e Leite et al. (2011). Tabela 9. Médias da massa de cem grãos de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação Massa de cem grãos (g) Épocas de aplicação de B BRSMG-Conai BRS-Bonança BRS-Serra Dourada Média Testemunha 2,98 2,36 1,99 2,44b T1 3,09 2,44 2,08 2,54ab T2 3,20 2,51 2,05 2,58a T3 3,11 2,46 2,09 2,55ab Média 3,10A 2,44B 2,05C Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si (P < 0,05) pelo teste Tukey. T1 - (25 dias após plantio – DAP); T2 - (60 DAP); T3 - (75 – DAP). O cultivar BRSMG-Conai alcançou maior média de massa de cem grãos (Tabela 9), enquanto o cultivar BRS-Sertaneja atingiu a menor média. Possivelmente o fator relevante insere-se às altas temperaturas que atingiram principalmente os cultivares BRS-Bonança e BRS-Serra Dourada na sua fase mais sensível, justamente por possuírem ciclo tardio, resultando assim em menores médias. Segundo Taiz & Zeiger (2009), sob altas temperaturas as plantas tendem a aumentar a respiração gastando mais energia neste processo, assim, menor quantidade de fotoassimilados são produzidos e direcionados para o enchimento de grãos, além de promoverem o fechamento estomático para evitar a desidratação, o que pode ter influenciado na absorção do boro no processo de aplicação foliar. Outro fator preponderante, é o fato de que os mesmos cultivares possuíram maior número de grãos por panícula, portanto, a produção dos fotoassimilados que já estavam limitados devido às altas temperaturas, foram distribuídos em maior número de grãos, tornando-os mais leves. Constata-se para variável produtividade de grãos (Tabela 10), que não houve diferença significativa entre os tratamentos avaliados para os cultivares BRSMGConai e BRS-Bonança. Apenas o cultivar BRS-Serra Dourada comportou-se de forma 115 diferenciada, quando o B foi aplicado aos 75 DAP. Essa inferioridade pode ser justificada, devido a maior esterilidade das espiguetas, aliado à ocorrência de menor estande final, e menor número de panículas, características que se correlacionam com a produtividade da cultura de arroz. Tabela 10. Médias da produtividade de grãos de três cultivares de arroz de terras altas cultivados no sul do Estado de Tocantins, no ano de 2014, em casa de vegetação Produtividade de grãos (g vaso) Épocas de aplicação de B BRSMG-Conai BRS-Bonança BRS-Serra Dourada Média Testemunha 14,23aA 13,32aA 13,39aA 13,65 T1 13,38aA 14,06aA 13,06aA 13,50 T2 16,80aA 17,82aA 14,42aA 16,34 T3 14,61aA 17,17aA 7,26bB 13,01 Média 14,75 15,59 12,03 Médias seguidas de mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem entre si (P < 0,05) pelo teste Tukey. T1 - (25 dias após plantio – DAP); T2 - (60 DAP); T3 - (75 – DAP). Esses resultados corroboram com Rashid et al. (2004) que relataram respostas significativas na produtividade de arroz quando a cultura foi tratada com aplicações de boro. Diferentemente de Leite et al. (2011) em que o seu rendimento de grãos por hectare não foi afetado pelos tratamentos aplicados. Mesmo os valores das médias de produtividade não apresentando diferenças significativas, nota-se um acréscimo de produção de até 30% para o cultivar BRS-Bonança, 18% para o BRSMG-Conai e 7% para o BRS-Serra Dourada, no tratamento T2 ao aplicar o micronutriente boro aos 60 DAP, quando comparados à testemunha. Assim, ressaltase que o elemento boro teve influência positiva aos 60 DAP, pois mesmo os componentes de produção, estante final e número de panículas terem apresentado resposta negativa por influência de fatores externos, outras características como número de grãos por panículas, esterilidade de espiguetas e massa de cem grãos foram beneficiadas pelas ação do boro, e assim, contribuíram para que acréscimos positivos fossem obtidos pela cultura em produtividade de grão. A tendência de maior produtividade apresentada no tratamento T2, ao se utilizar o boro aos 60 DAP, infere-se à aplicação do boro ter sido efetivada no período decorrente da floração, contudo, mesmo o micronutriente sendo imóvel, sua alocação 116 beneficiou a fase da reprodução e consequentemente a produção final da cultura. Baixas produtividades possivelmente justificam-se pela temperatura e umidade relativa do ar elevadas, que podem ter interferido nos tratamentos, mais especificamente, na absorção da adubação foliar com boro, pois os resultados podem ter tido seu efeito mascarado por fatores relacionados à absorção do elemento, tendo sido dificultada pelos fatores inerentes à folha e/ou ambiente, ao período de aplicação, ao estágio fisiológico da cultura, além do próprio ambiente, causando menor absorção e aproveitamento do nutriente, acarretando aumento da porcentagem de esterilidade de espiguetas, além do mais, possivelmente as plantas aumentaram a taxa de respiração noturna, consequentemente obtiveram maior consumo da sua biomassa, o que resultou em poucos metabólitos para serem direcionados à produção de grãos. A evolução tecnológica avança à passos largos buscando criar novos mecanismos que proporcionem maior agilidade e eficiência nas tarefas desemprenhadas pelo homem, portanto, no ramo agrícola não é diferente. Grandes implementos, tecnologias de ponta, sistemas cada vez mais eficazes, buscam resolver problemas e ainda, melhorar as atividades agrícolas, aperfeiçoando-as e trazendo benefícios aos produtores. A nutrição de plantas, atualmente de forma mais expressiva a nutrição com os micronutrientes, pode ser um dos exemplos dessa evolução. Pois, a importância dada a estes elementos, têm se tornado significativa diante dos ganhos econômicos conquistados. Diante disso, viabiliza-se estudos como estes, que se tornam interessantes e de extrema acuidade, não deixando de ser essências para o crescimento da agricultura na região e no país, e principalmente para incrementar a renda do agricultor. CONCLUSÕES A aplicação do boro no estágio vegetativo da cultura de arroz aumenta o crescimento em altura; O boro incrementa a massa de cem grãos quando aplicado aos 60 dias após plantios; A produtividade de grãos teve incremento de até 30% para o tratamento T2, aos 25 dias após plantio, sob a testemunha; 117 Altas temperaturas aumentam a porcentagem de esterilidade das espiguetas de arroz; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARRIGOSSI, J. A. F.; FERREIRA, E.; LANNA, A. C. Panícula branca em arroz: o que causa? Comunicado Técnico 83, EMBRAPA, Santo Antônio de Goiás, GO Dezembro, 2004. BDMEP. Banco de Dados Meteorólogicos para Ensino e Pesquisa. Banco de dados. Date Published, Volume v., Pages p. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/projetos/rede/pesquisa/>. Acesso em: 30 Set. 2014. BUZETTI, S.; MURAOKA, T.; SÁ, M. E. de. Doses de boro na soja, em diferentes condições de acidez do solo. I. Produção de matéria seca e de grãos e nível crítico no solo. 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A aplicação do boro no estágio vegetativo da cultura de arroz aumenta o crescimento em altura; O boro incrementa a massa de cem grãos quando aplicado aos 60 dias após plantios; A produtividade de grãos teve incremento de até 30% para o tratamento onde se aplicou boro em cobertura no perfilhamento cerca de 25 dias após plantio, sob a testemunha; Altas temperaturas aumentam a porcentagem de esterilidade das espiguetas de arroz; Assim, observa-se que com a grande divergência genética existente entres os cultivares de arroz, bem como as variações climáticas que ocorrem anualmente, em cada ano agrícola, tem-se subsídios favoráveis para indicações e recomendações dos melhores cultivares de arroz de terras altas para a região do Estado do Tocantins, com potencial genético expressivo, mesmo nas condições estressantes do meio. Além de se obter informações importantes sobre nutrição mineral com macro e micronutrientes, sendo fator imprescindível ao se trabalhar em sistemas produtivos de baixo, médio e alto nível tecnológico. Desse modo, as informações obtidas nesta pesquisa poderão auxiliar de forma prática, agricultores e melhoristas para um melhor manejo da cultura na região, bem como para auxiliar em futuras pesquisas e estudos que venham a aprimorar o desenvolvimento do arroz, gerando lucratividade para o sistema produtivo.