PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS LGN 5799 – Seminários em Genética e Melhoramento de Plantas Departamento de Genética Avenida Pádua Dias, 11 - Caixa Postal 83, CEP: 13400-970 - Piracicaba - SP http://www.genetica.esalq.usp.br/semina.php MELHORAMENTO GENÉTICO DE ARROZ NA VENEZUELA: EXPERIÊNCIA DE UM PROGRAMA INTEGRADO. Doutorando: Marco Antonio Acevedo Barona Orientador: Prof. Dr. Isaias Olívio Geraldi O setor arrozeiro mundial enfrentará nos próximos anos uma grande demanda, pois estima-se que no ano 2.020 a população mundial será de 8,3 bilhões de habitantes, dos quais 50% serão consumidores de arroz. Para atender a esta demanda a produção mundial deverá aumentar em cerca de 70% (Sanint, 2006). Nos últimos anos o aumento da produtividade da cultura do arroz deveu-se exclusivamente aos métodos tradicionais de melhoramento genético. O melhoramento genético enfrenta hoje o desafio de produzir cultivares para sistemas de produção sustentáveis, isto é, que atendam às exigências de aumento de produtividade, adaptação ampla (pequenos e grandes produtores) e conservação dos recursos naturais. Para cumprir esta meta os melhoristas devem desenvolver germoplasma com diversidade genética ampla, que permita o desenvolvimento de cultivares adaptados aos diversos ambientes de cultivo e que minimize sua vulnerabilidade aos principais fatores bióticos e abióticos. Cerca de 55% do cultivo do arroz na América Latina está concentrado em localidades de ecossistemas úmido, dos quais 67% são produzidos com irrigação. Os outros 45% são produzidos em sistemas de produção de sequeiro. No Brasil se utiliza os dois sistemas: irrigação (várzeas) responsável por cerca de 60% da produção (com uma alta qualidade do produto) e sequeiro, responsável pelo restante da produção. Na Venezuela predomina o sistema irrigado, devido à infra-estrutura de irrigação existente nos estados produtores. Além disso, os três principais estados produtores (Portuguesa, Barinas e Guárico) possuem um parque industrial importante para o processamento e armazenagem do produto. A produtividade média varia entre 4.800 a 5.600 kg/ha, embora o consumo per capita seja baixo (18 kg/pessoa/ano) quando comparado aos países asiáticos, onde o mesmo varia entre 150 a 200 kg/pessoa/ano. Depois de vários estudos econômicos da cadeia produtiva do arroz, criou-se na Venezuela um projeto multidisciplinar e interinstitucional envolvendo os setores público e privado, com o objetivo de desenvolver cultivares de arroz com alta produtividade, alta qualidade de grão e resistência e/ou tolerância aos principais fatores bióticos e abióticos. Este projeto iniciou-se em 1998, com uma duração prevista de 10 anos, e um orçamento inicial estimado em US$ 400,000.00. Participam dele uma instituição nacional de pesquisa (Instituto Nacional de pesquisas Agrícola, INIA), uma instituição privada (Fundação DANAC), uma organização governamental de financiamento (Fundo Nacional para a Ciência e Tecnologia, FONACIT), uma organização não governamental (FUNDARROZ) que agrupa as indústrias associadas do setor arrozeiro, e instituições internacionais de pesquisa: Fundo Latino Americano e do Caribe para Arroz de Irrigação (FLAR), Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), Centro de Pesquisa Agrícola da França para o Desenvolvimento Internacional (CIRAD), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). No projeto são utilizadas basicamente três estratégias de melhoramento: a primeira compreende a introdução de genótipos dos Centros Internacionais; a segunda compreende a obtenção de populações segregantes oriundas do cruzamento de linhagens (geralmente três) e, a terceira, envolve o melhoramento populacional (seleção recorrente). Hoje as três estratégias estão sendo utilizadas conjuntamente, mas com maior predominância dos cruzamentos triplos. Também está sendo utilizada a biotecnologia como ferramenta de apoio e o melhoramento participativo, este ultimo em fase de adaptação (Relatório INIA – DANAC, 2007). Em decorrência do projeto foram obtidos quatros cultivares: um no segundo ano de início do projeto e os outros nos anos seguintes (em média um a cada dois anos). Literatura consultada Sanint L. 2006. La semilla de arroz: un universo de conocimientos en un grano milimétrico. Revista del Foro Arrocero Latinoamericano. Noviembre 2006 Informe Proyecto de Arroz Venezuela. INIA-Fundación DANAC-FUNDARROZFLAR. Presentado al comité técnico del CIAT. Nov. 2006. Cali Colombia.