30/06/2010 Maikel Ferreira DR3 – Ciência e Controvérsia Pública Breve História sobre a Eutanásia “A eutanásia não é um fenómeno recente, acompanha a humanidade desde o seu início. Na antiguidade diversos povos, como os celtas por exemplo, tinham por hábito que os filhos matassem os seus pais quando estes estivessem velhos e doentes. Na Índia os doentes incuráveis eram levados até á beira do rio Ganges, onde tinham as suas narinas e a boca obstruída com barro, uma vez feito isto eram atirados ao rio para morrerem. Na própria Bíblia evoca a eutanásia, no segundo livro do Samuel, um relato em que o Rei Saúl, gravemente ferido por soldados inimigos, implora ao seu pajem que lhe ponha termo á vida…" [EUTANÁSIA – CIÊNCIA E CONTROVÉRSIA PÚBLICA] Eutanásia – Ciência e Controvérsia Pública O que é a Eutanásia? A eutanásia é o acto de, invocando compaixão, matar intencionalmente uma pessoa. Trata-se de uma prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável de maneira controlada e assistida por um especialista. A palavra eutanásia é composta de duas palavras gregas ― "eu" e "thanatos" ― significa, literalmente, "uma boa morte". Na actualidade, entende-se geralmente que eutanásia significa provocar uma boa morte ― "morte misericordiosa", em que uma pessoa acaba com a vida de outra pessoa para benefício desta. Este entendimento da palavra realça duas importantes características dos actos de eutanásia: primeiro, que a eutanásia implica tirar deliberadamente a vida a uma pessoa; e, em segundo lugar, que a vida é tirada para benefício da pessoa a quem essa vida pertence ― normalmente porque ela ou ele sofre de uma doença terminal ou incurável. Isto distingue a eutanásia da maior parte das outras formas de retirar a vida. Podemos distinguir a eutanásia em dois grupos ou duas versões: a eutanásia activa, que tem por objectivo pôr fim à vida, na medida em que é planeada e negociada entre o doente e o profissional; e, eutanásia passiva, que não provoca deliberadamente a morte, no entanto, com o passar do tempo, conjuntamente com a interrupção de todos e quaisquer cuidados médicos, farmacológicos ou outros, o doente acaba por falecer. Argumentos a Favor Os indivíduos acreditam que esta seja uma escolha de modo a evitar a dor e o sofrimento de pessoas que se encontram sem qualidade de vida ou em fase terminal. Trata-se de uma escolha consciente e informada que reflecte o fim de uma vida em que quem morre não perde o poder de ser digno até ao fim. A escolha da morte não poderá ser irreflectida, pois as componentes biológicas, culturais, sociais, económicas e psíquicas deverão ser avaliadas e pensadas de forma a assegurar a autonomia do indivíduo, embora alheio de influências exteriores à sua vontade, e se certifique a impossibilidade de arrependimento. Maikel Ferreira Página 2 Eutanásia – Ciência e Controvérsia Pública O Homem tem necessidade de satisfazer as necessidades mais básicas, contudo o medo de ficar só, de ser um “estorvo”, a revolta e a vontade de dizer não ao novo estatuto e como Ramon Sampedro refere, no filme Mar Adentro, “a vida assim não é digna para mim” leva a conduzir o indivíduo a pedir o direito a morrer com dignidade e a afirmar que “viver é um direito não uma obrigação” (Ramon Sampedro). Tem-se entendido a morte com dignidade como, morrer com conforto físico, emocional, psicológico e espiritual, fornecido por profissionais de saúde competentes em conjunção com familiares e se possível viver os seus últimos dias em casa. O doente terminal além de sofrer causa intenso sofrer na familia também, às vezes gerando desentendimentos e problemas financeiros entre seus entes, e creio que ninguém no fim de sua vida quer isso. A medicina chegou num avançado nivel técnico que possibilita dizer quando um caso é terminal sem esperança e quando tem esperança, assim, milagres nunca acontecem... Argumentos Contra Os cuidados relacionados com tratamento da dor e sofrimento humano são a alternativa à eutanásia. A legalização da eutanásia poderia ser aplicada de uma forma abusiva, tendo como consequência a morte sem o consentimento das pessoas em causa. A dificuldade de muitas vezes prever o tempo de vida que resta ao doente, bem como a existência da possibilidade de o prognóstico médico estar errado o que levaria à prática de mortes precoces e sem sentido. A possibilidade que existe de o utente se sentir menos seguro no que respeita ao tratamento, devido ao seu médico já ter praticado a eutanásia, levaria a que a relação médico/utente viesse a ser afectada de uma forma negativa. O juramento de Hipócrates que obriga o médico a não provocar danos no utente seria violado ao ajudar alguém a apressar a vinda da morte o que poderia causar transtornos a nível psicológico nos médicos. No que respeita à família, os familiares ou herdeiros poderiam agir com interesse financeiro e recomendar ou mesmo incentivar a eutanásia. Maikel Ferreira Página 3 Eutanásia – Ciência e Controvérsia Pública Em termos de crenças as grandes religiões tais como a Católica afirma que a vida provém de Deus e só a Ele lhe compete tirá-la, levando a que muitas das pessoas crentes rejeitem por completo a prática da eutanásia. No decorrer do núcleo gerador, foram efectuados vários questionários sobre este tema na sociedade portuguesa, concretamente a pessoas com maiores de 18 anos e residentes no distrito de Leiria e Santarém. As perguntas foram as seguintes: 1. Sabe o que é a Eutanásia? Sim/Não 2. Se disse sim na pergunta anterior, o que é para si a Eutanásia? 3. Concorda com a prática da Eutanásia? Sim/Não 4. Fundamente a sua resposta. 5. Se tivesse que se confrontar com esta situação a nível familiar que decisão tomaria? 6. Se sofresse de uma doença terminal pediria e Eutanásia? 7. Se ficasse inconsciente, delegaria essa decisão em alguém. Em caso afirmativo, em quem confiava essa decisão? 8. No caso de um médico, a pedido de um paciente, praticar a eutanásia, acha que deve ser punido? 9. Concordaria com um referendo sobre este tema? Fundamente a sua resposta. Maikel Ferreira Página 4 Eutanásia – Ciência e Controvérsia Pública Ao realizarmos o questionário acima referido, criamos um gráfico para uma melhor análise dos resultados obtidos. 15 até 30 sim não Eliminação sem dor… Direito de morte… Não sabe Doença complicada Sim Não Por causa do… A favor da vida Doença irreversivel outros… Sim Não Não sei Sim Não sei Não Não Sim - Familiares Sim - Outras Não Sim Sim não 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 31 até 45 46 até 60 9) De um modo geral, todos os inquiridos souberam o que é a eutanásia e conseguiram identificar em que é que consistia a prática da mesma. Quatro pessoas dos vinte e três inquiridos não concordam com a eutanásia, dos que concordavam, onze pessoas afirmaram que serve para atenuar o sofrimento do paciente e os restantes apesar de concordarem com a prática da eutanásia são a favor ao direito de viver de modo a que a sua qualidade de vida não esteja condicionada. Os inquiridos que se vissem confrontados com essa situação a nível familiar, podemos reparar que divergem razoavelmente umas das outras, sendo que sete pessoas da faixa etária dos 15 aos 45 anos de idade optaria pelo sim e outras seis pessoas optariam pelo não, contudo 10 pessoas não tinham opinião definida. Se sofressem uma doença terminal, nove pessoas pediriam a eutanásia e outros 9 não, sendo que outras 5 pessoas não tinham opinião formada. Doze pessoas inquiridas de diferentes faixas etárias não confiariam essa decisão em ninguém, os familiares era uma opção para 10 pessoas e apenas 1 confiaria essa decisão a uma pessoa não familiar. Maikel Ferreira Página 5 Eutanásia – Ciência e Controvérsia Pública Quando perguntado às pessoas se acha que um medico deveria ser punido quando praticasse a eutanásia a pedido de um paciente, a maioria respondeu que sim nas diferentes faixas etárias, e apenas 5 pessoas responderam que não deveria ser punido. Na questão acerca da realização de um referendo, a maioria respondeu que sim e seis não. Posso concluir com a realização destes inquéritos e análise dos respectivos dados, que a maior parte das pessoas sabe efectivamente o que é a eutanásia e qual a sua prática. Reflexão sobre a Eutanásia A minha opinião sobre a eutanásia é um pouco complexa. Não sou de acordo, um ser humano decidir se outrem vive ou morre, considero que essa decisão seja de Deus e não do próprio homem, independentemente do acto feito pela pessoa. Acho que a informação sobre este tema seja muito densa nos dias que correm, existe muita coisa sobre este assunto, tanto nos livros, como nas notícias, como na internet. Na minha pesquisa sobre a eutanásia, verifiquei que podemos determinar vários aspectos em relação à eutanásia, a influência da religião, da ética e da Lei. Este tema tão polémico, acho que será sempre contraditado por todos aqueles que apelam pelo direito à vida, havendo em contrapartida aqueles que questionam o Valor da Vida e a sua dignidade. Viver É poder ver, cheirar, olhar e ouvir, amar e sentir. Uma alma livre é uma alma com mais oportunidades de crescimento. Não à Eutanásia! Maikel Ferreira Página 6 Eutanásia – Ciência e Controvérsia Pública Eis a questão… e esta hein… Maikel Ferreira Página 7