A EUTANÁSIA É, TAMBÉM, UMA QUESTÃO SOCIAL Em geral

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A EUTANÁSIA É, TAMBÉM, UMA QUESTÃO SOCIAL
Em geral, aborda-se a eutanásia como questão ética, religiosa, filosófica, médica,
psicológica, política... Todas estas abordagens são indispensáveis, mas convém termos
presente que a defesa da eutanásia se encontra ligada, muitas vezes, a graves problemas
sociais; neste sentido ela é, também, uma questão social. Entre esses problemas figuram
os de emprego, habitação, rendimentos, pobreza, educação, saúde, segurança social,
relações interpessoais e profissionais... A solução de tais problemas não basta para
erradicar a eutanásia e, por outro lado, sabe-se que nunca estarão cabalmente
resolvidos; no entanto, o esforço tendente a resolvê-los pode atenuar a tendência, ou
tentação, para o recurso à eutanásia que, como sabemos, é rejeitada pela Igreja católica.
Perguntar-se-á: o Estado, a sociedade civil e as comunidades cristãs fazem o que lhes
compete, neste domínio?- Devemos reconhecer que, apesar dos enormes avanços
conseguidos, ainda se verificam insuficiências graves e evitáveis, de que registo apenas
três: a baixa cobertura do território nacional por unidades de cuidados continuados e
paleativos; a escassa articulação entre entidades públicas e privadas com
responsabilidades sociais; e a falta de grupos de ação social, em muitas localidades, para o
conhecimento, encaminhamento e acompanhamento de cada caso de risco.
Evidentemente, a questão da eutanásia não se reduz à sua dimensão social; mas esta não
pode ser ignorada, sob pena de não intervenção nalgumas causas do problema. Tal
intervenção social até pode, e deve, ter em conta as dimensões não sociais, pois todas se
encontram interligadas.
O contributo das comunidades cristãs poderia reforçar-se bastante, através da
existência de um grupo de ação social em cada paróquia, representando todas as suas
zonas. Estes grupos, vocacionados para os diferentes problemas sociais, prestariam
atenção especial aos casos de doença grave, deficiência profunda, acidente com risco de
vida, situação desesperada... ; e recorreriam a entidades competentes para a obtenção de
soluções adequadas.
Acácio F. Catarino (In «Correio do Vouga», de 02.03.16)
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