REVISTA LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO

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Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório
clínico no município de Sousa, Paraíba
ARTIGO CIENTÍFICO
AVALIAÇÃO DE ANEMIAS MICROCÍTICAS HIPOCRÔMICAS
EM PACIENTES DE 0 A 11 ANOS EM UM LABORATÓRIO CLÍNICO NO
MUNICÍPIO DE SOUSA, PARAÍBA
ASSESSMENT OF HYPOCHROMIC MICROCYTIC ANEMIA IN PATIENTS
0 TO 11 YEARS IN A CLINICAL LABORATORY IN THE
MUNICIPALITY OF SOUSA, PARAÍBA
Damião Junior Gomes
Professor da Faculdade São Francisco da Paraíba - FASP, servidor do Instituto Federal da Paraíba,
Campus Sousa, Mestre em Sistemas Agroindustriais (UFCG) e Especialista em Análises Clínicas
(UFRJ).
E-mail: [email protected]
Renato Marques Gadelha Rodrigues
Graduado em Farmácia, Faculdade São Francisco da Paraíba - FASP
E-mail: [email protected]
Wesley Rodrigues Cardoso
Graduado em Farmácia, Universidade Estácio de Sá - UNESA
E-mail: [email protected]
Nelieide Medeiros Gomes
Graduada em Farmácia, Faculdade São Francisco da Paraíba - FASP, Especialista em Farmácia
Clínica, Faculdade Santa Maria - FSM
E-mail: [email protected]
Francisco Ronner Andrade da Silva
Professor da Faculdade São Francisco da Paraíba - FASP, Mestre em Terapia Intensiva (IBRATI)
E-mail: [email protected]
Bruno Rolim Felix Caetano
Professor da Faculdade São Francisco da Paraíba - FASP, Especialista em Saúde Pública (FASP)
E-mail: [email protected]
Resumo: As anemias microcíticas e hipocrômicas atingem uma parte da
população mundial, entre elas as mais comuns em nosso meio são a anemia
ferropriva, as talassemias e a anemia de doença crônica. O diagnóstico diferencial
destas anemias é clinicamente importante uma vez que possuem diferentes
patogênese, tratamento e prognóstico. O objetivo principal deste estudo foi
caracterizar e investigar a quantidade de casos de anemias microcíticas e
hipocrômicas quanto aos parâmetros, hemácias (Hm), hemoglobina (HB), volume
corpuscular médio (VCM) e a hemoglobina corpuscular média (HCM), que
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Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório
clínico no município de Sousa, Paraíba
mostraram maiores eficiências para o diagnóstico. Conforme o banco de dados
foram realizados 677 hemogramas para investigação entre o mês de janeiro de 2014
e dezembro de 2015 em um laboratório clínico na cidade de Sousa/PB. Os pacientes
foram subdivididos quanto à idade, sexo. Na população investigada neste trabalho
foi observada a maior prevalência da hemoglobina abaixo do seu valor de
referência em crianças do sexo masculino, podemos ressaltar que os pacientes
atendidos por clínicos do Sistema Único de Saúde (SUS), em grande maioria das
vezes, são avaliados apenas por um hemograma devido às restrições financeira,
assim sendo, analisados a taxa de hemoglobina, os índices hematimétricos e os
aspectos morfológicos dos eritrócitos observados em microscópio, porém, podem
ser úteis como ferramentas para o enquadramento do paciente como portador de
anemia microcítica e hipocrômica, assim, evitando gastos adicionais com exames
confirmatórios e um tratamento apropriado.
Palavras-chave:
Hemoglobina.
Microcitose.
Hipocromia.
Ferropenia.
Talassemia.
Abstract: The microcytic and hypochromic anemias reach a part of the world
population, including the most common in our country are iron deficiency anemia,
thalassemia and anemia of chronic disease. The differential diagnosis of these
anemias is clinically important since they have different pathogenesis, treatment
and prognostic. The aim of this study was to characterize and investigate the
number of cases of microcytic and hypochromic of anemic for the parameters, red
blood cells (Hm), hemoglobin (HB), volume mean corpuscular (MCV) and mean
corpuscular hemoglobin (MCH), which showed higher efficiencies for diagnosis.
As the database were conducted 677 blood tests for investigation between January
2014 and December 2015 in a clinical laboratory in the city of Sousa / PB. Patients
were divided according to age, sex. In the population investigated in this study was
observed a higher prevalence of hemoglobin below its reference value on male
children, we can emphasize that the patients seen by clinicians of the Unified
Health System (SUS), in most cases, are only assessed by a blood test due to
financial constraints, thus being analyzed hemoglobin, RBC indices and
morphology of red blood cells observed in the microscope, however, may be useful
as tools for patient framework as having microcytic and hypochromic anemia, as
well avoiding additional expenses confirmatory tests and appropriate treatment.
Keywords: Microcytosis. Hypochromia. Ferropenia. Thalassemia. Hemoglobin.
1 INTRODUÇÃO
A anemia é defina pela Organização de
Mundial de Saúde (OMS) como o aumento ou
diminuição do tamanho das hemácias
acompanhadas da redução ou não da
concentração de hemoglobina (VIEIRA et al.,
2010). As anemias microciticas e hipocrômicas
estão entre os casos mais comuns, deparados na
prática clínica e laboratorial.
Em geral, são consideradas situações que
acarretam redução da hemoglobina circulante e
que cursam com dificuldade ou diminuição da
síntese de hemoglobina nas células precursoras
eritróides (CPE) na medula óssea, gerando
células de pequeno tamanho e com baixa
concentração de hemoglobina (OLIVEIRA;
NETO, 2004).
As anemias microcíticas e hipocrômicas,
destacam-se entre os casos mais comuns de
encontrados na prática clínica e laboratorial, que
podem ser reproduzidas de várias condições
patológicas (FAILACE, 2009).
Essas alterações podem levar a deficiência
de ferro, as talassemias menores e a anemia
sideroblástica. As anemias de doença crônica
também podem transcorrrer com microcitose
pela pequena oferta de ferro à eritropoese
(NAUM, 2011).
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Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório
clínico no município de Sousa, Paraíba
Comumente a deficiência de ferro está
ligada a fatores ambientais, econômicos e
culturais sendo mais comuns nas crianças e
mulheres em período fértil, enquanto que as
talassemias menores têm uma alto índice em
regiões onde
a genética, predomina na
população originada de povos, onde às
alterações
moleculares
se
tornam
maisfreqüentes, como os povos banhados pelo
Mar Mediterrâneo, na Europa (MELO, 2002).
A microcitose trata-se da presença das
células anormalmente pequenas no sangue
periférico, sendo identificado através do padrão
hematológico denominado Volume Corpuscular
Médio (V.C.M.). Desde a introdução de
contagens de plaquetas mais confiáveis através
dos
equipamentos
automatizados
em
hematologia, tem sido verificada a associação de
trombocitoses e trombocitopenias juntamente a
casos de insuficiência de ferro no organismo
(BAIN, 2004).
O termo hipocrômia, é usado na
hematologia quando refere-se a redução da
coloração dos eritrócitos. A quantificação é dada
através do valor da hemoglobina corpuscular
média (HCM), levando-se em conta valores de
referências. Em uma análise do eritrograma, sua
interpretação
deve
ser
iniciada
pela
concentração da Hemoglobina (HB), que
definirá se o paciente está ou não anêmico
(SILVA, 2009).
Considerando um problema de saúde
pública, as complicações das anemias
microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11
anos em uma Laboratório Clínico no município
de Sousa-PB, o estudo dos motivos destas
variações é amplamente justificável, podendo
trazer melhor entendimento destas situações aos
profissionais que atuem nos laboratórios
clínicos, bem como ao corpo clínico que
interpreta os resultados.
De acordo com Failace et al. (2009), as
anemias microcíticas e hipocrômicas são
destaque entre os casos mais comuns e
encontrados na prática clínica e laboratorial, que
podem ser reproduzidas de várias condições
patológicas.
Essas alterações podem levar a deficiência
de ferro, as talassemias menores e a anemia
sideroblástica. As anemias de doença crônica
também podem cursar com microcitose pela
pequena oferta de ferro à eritropoiese (NAUM,
2011).
O objetivo desta pesquisa foi investigar a
quantidade de casos de anemias microcíticas
hipocrômicas, conforme o banco de dados de em
um laboratório clínico na cidade de Sousa/PB
nos anos 2014 e 2015.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi constituída através da
realização de um estudo retrospectivo com
análise quantitativa dos dados arquivados em
um sistema nos meses de janeiro de 2014 a
dezembro de 2015 em um laboratório clínico no
município de Sousa, localizado no alto Sertão da
Paraíba com população estimada de 69.196
habitantes (IBGE, 2016), uma pesquisa
documental, cuja finalidade foi estudar a
ocorrência de casos de anemias microcíticas
hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos.
A amostragem deste estudo foi constituída
em casos de anemias microcíticas hipocrômicas,
da rotina de um laboratório clínico. Todos os
dados foram coletados de pacientes que
possuíam algum tipo de convênio médico ou
realizavam seus exames de maneira particular.
Valores foram obtidos do software informativo
do laboratório sem que o pesquisador tivesse
acesso ao nome do paciente. Este sistema
fornece dados meramente estatísticos.
3 RESULTADOS
Foram realizados 677 exames para
investigação de anemias entre o mês de janeiro
de 2014 e dezembro de 2015. O quadro 1 destaca
que as crianças com idade entre 2 e 5 anos foram
as que tiveram maior percentual de casos
confirmados de anemia. A figura 1 mostra que do
total de exames realizados 24,22% (164 casos
confirmados) foram diagnosticados com valores
de hemoglobina inferior ao valor de referência.
Quadro 1: Total de exames realizados por faixa etária em um laboratório clínico no município de
Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015.
Faixa etária
nº de amostras
nº de casos
% de casos
confirmados com
confirmados com
anemia
anemias.
0 – 12 meses
166
23
3,40
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Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório
clínico no município de Sousa, Paraíba
2 – 5 anos
6 – 11 anos
279
232
Total: 677
95
46
Total: 164
14,03
6,79
Total: 24,22
Figura 1: Exames de investigação dos valores de hemoglobinas em crianças com idade entre zero
mês e 11 anos em um laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015.
A figura 2 mostra que 41,50% dos casos
confirmados com anemias foram acometidos em
crianças do sexo feminino, quanto aquelas do
sexo oposto, 58,50%.
Figura 2: Percentual por sexo de crianças anêmicas com idade entre zero mês e 11 anos em um
laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015.
Foram analisadas 95 amostras de crianças
do sexo masculino entre zero a 12 meses, sendo
que 15,78% (15 casos) foram confirmados com
anemias. Já as crianças do sexo feminino foram
analisadas 71 amostras sendo que 11,26% (08
casos) foram confirmados com anemias. De
acordo com a figura 3, pouco mais de um quarto
(27,04%) destas crianças com esta faixa etária
tiveram valores de hemoglobina inferior ao valor
de referência, sendo aquelas do sexo masculino
ligeiramente superior as do sexo feminino.
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Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório
clínico no município de Sousa, Paraíba
Figura 3: Percentual de crianças anêmicas com idade entre zero mês e doze meses em um
laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015
Foram analisadas 168 amostras de
crianças do sexo masculino entre 2 anos e 5 anos,
sendo que 33,33% (56 casos) foram confirmados
com anemias e 111 amostras de crianças do sexo
feminino entre da mesma faixa etária, sendo que
35,13% (39 casos) delas continham algum tipo
de anemia. De acordo com a figura 4 estes
valores são praticamente iguais.
Figura 4: Percentual de crianças anêmicas com idade entre dois e cinco anos em um laboratório
clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015.
Foram analisadas 133 amostras de
crianças do sexo masculino entre 6 anos e 11
anos, sendo que 21,80% (29 casos) foram
confirmados com anemias e 99 amostras de
crianças do sexo feminino, destas 17,17% (17
.
casos) foram confirmados com anemias. A
exemplo da faixa etária de 2 a 5 anos ambos os
sexos tiveram resultados muito próximos. Tal
observação pode ser visualizada na figura 5
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Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório
clínico no município de Sousa, Paraíba
Figura 5: Percentual de crianças anêmicas com idade entre seis e onze anos em um laboratório
clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015
O quadro abaixo mostra que do total de
exames realizados e confirmados como
microcítica e hipocrômica os casos de anemias.
Foram diagnosticados com valores do VCM
(volume
corpuscular
médio)
e
HCM
(hemoglobina corpuscular média) inferior ao
valor de referência.
Quadro 2: Total de exames confirmados por faixa etária em um laboratório clínico no município
de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015.
Faixa etária
0 – 12 meses
2 – 5 anos
6 – 11 anos
nº de casos
confirmados com
anemia microcítica e
hipocrômica
13
15
3
Total: 31
Foram analisadas 164 amostras de
crianças confirmadas com anemia, sendo que
consideradas portadores da anemia microcítica e
hipocrômica, foram 18,90% (31 casos)
diagnosticado. Sendo subdivididos por sexo, que
% de casos
confirmados com
anemias.
7,93
9,15
1,82
Total: 18,90
41,93% (13casos) amostras de crianças do sexo
feminino e 58,06% (18 casos) amostras de
crianças do sexo masculino. Tal observação pode
ser visualizada na figura 6.
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Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório
clínico no município de Sousa, Paraíba
Figura 6: Percentual de crianças portadoras de anemia microcítica e hipocrômica em um
laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015
70,00%
Título do Eixo
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
1
SEXO MASCULINO
58,06%
SEXO FEMININO
41,93%
Foram diagnosticadas com anemia
microcítica e hipocrômica 60% (09 casos)
amostras de crianças do sexo masculino entre
zero e doze meses e 50% (04 casos) amostras de
crianças do sexo feminino da mesma faixa etária.
Tal observação pode ser visualizada na figura 7.
Figura 7: Percentual de crianças diagnosticadas com anemias microcíticas e hipocrômicas com
idade entre zero mês e doze meses em um laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de
2014 e 2015
120,00%
Título do Eixo
100,00%
80,00%
60,00%
40,00%
20,00%
0,00%
1
TOTAL DE 0 -12 MESES
100,00%
SEXO MASCULINO 0 -12 MESES
60,00%
SEXO FEMININO 0 -12 MESES
50,00%
Foram diagnosticadas com anemia
microcítica e hipocrômica 16,07% (09 casos)
amostras de crianças do sexo masculino entre
seis e onze anos e 15,38% (06 casos) amostras de
crianças do sexo feminino da mesma faixa etária.
Tal observação pode ser visualizada na figura 8.
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Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório
clínico no município de Sousa, Paraíba
Figura 8 : Percentual de crianças diagnosticadas com anemias microcíticas e hipocrômicas com
idade entre dois e cinco anos em um laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014
e 2015
120,00%
Título do Eixo
100,00%
80,00%
60,00%
40,00%
20,00%
0,00%
1
TOTAL DE 2 - 5 ANOS
100,00%
SEXO MASCULINO 2 - 5 ANOS
16,07%
SEXO FEMININO 2 - 5 ANOS
15,38%
Foram diagnosticadas com anemia
microcítica e hipocrômica 00% (00 casos)
amostras de crianças do sexo masculino entre
seis e onze anos e 17,64% (03 casos) amostras de
crianças do sexo feminino da mesma faixa etária.
Tal observação pode ser visualizada na figura 9.
Figura 9: Percentual de crianças diagnosticadas com anemias microcíticas e hipocrômicas com
idade entre seis e onze anos, em um laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014
e 2015
120,00%
Título do Eixo
100,00%
80,00%
60,00%
40,00%
20,00%
0,00%
TOTAL DE 6 - 11 ANOS
1
100,00%
SEXO MASCULINO 6 - 11 ANOS
0,00%
SEXO FEMININO 6 - 11 ANOS
17,64%
3 DISCUSSÃO
Apesar de quase um quarto das crianças
apresentarem algum tipo de anemia em virtude
dos valores de hemoglobinas situarem abaixo do
valor de referência, há relato de valores ainda
maiores, como foi o caso de um estudo realizado
sobre prevalência de anemias no estado de
Alagoas por Vieira et al (2010) conde este índice
foi de exatos 45%. Conforme estes mesmos
autores, os valores encontrados nesta pesquisa
em debate é próximo da média no Nordeste do
Brasil que é de 25%, embora a Paraíba tenha
apresentado valor superior (36%) ainda se
mantêm abaixo dos valores estimados pela
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Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório
clínico no município de Sousa, Paraíba
Organização Mundial de Saúde que foi de 40%
comentam estes investigadores.
Parece que alto índice de crianças
anêmicas não é só um problema local ou da
região Nordeste, pois, Oliveira e colaboradores
(2012) fizeram um estudo como o objetivo de
avaliar a prevalência de anemia e sua relação
com
aspectos
sócio-demográficos
e
antropométricos de crianças residentes no
município de Vitória estado do Espírito Santo e
concluíram que 20,1% delas apresentaram
algum tipo de anemia. Já na região Centro Sul de
Belo Horizonte Minas Gerais, Oliveira et al
(2012) contataram que 38,3% das crianças com
idade pré-escolar foram consideradas anêmicas.
O Brasil tem registrado em todas as
regiões prevalência de anemias em crianças.
Filho et al (2011) fizeram uma pesquisa sobre
prevalência de anemia em crianças de 0 a 12 anos
em uma unidade de pronto-atendimento em
Santa Maria-RS e constaram que 29,17% delas
eram anêmicas. Castro et al (2011) fizeram um
estudo hematológico em crianças na Amazônia
Ocidental com o mesmo perfil dos autores
anteriores e concluíram que 29,2% continham
algum tipo de anemia.
Pelos valores expressos na figura 2
observa-se que 17% a mais das crianças do sexo
masculino continha algum tipo de anemia. Valor
um poco superior ao descrito por Gondin et al
(2012) quando estudaram a magnitude,
tendência temporal e fatores associados à
anemia em crianças do Estado da Paraíba, onde
apenas os meninos anêmicos eram superior em
apenas 2% quando comparadas as meninas. Os
valores discutidos neste quesito também foram
diferentes dos encontrados por Leal et al (2011)
quando estudaram a prevalência da anemia e
fatores associados em crianças em Pernambuco
e divulgaram que quase metade das crianças do
sexo masculino (51,7%) acometidas por anemia.
Segundo Vieira et al (2010) o sexo não constitui
para criança com idade que antecede a menarca
não constitui um fator de risco para anemia.
Conforme a figura 3 uma regressão do
percentual de crianças anêmicas com menos de
um ano de idade, pois, Gondin et al (2012) em
seu estudo mensuram que para esta faixa etária
63,5% das crianças paraibanas foram
consideradas anêmicas. Embora esta diminuição
da prevalência tenha sido significativa é
necessário políticas públicas que fortalecam o
incentivo a amamentação uma vez que para tal
idade esta prática deveria ser quase que
exclusivamente. Já está consolidado que
benefício conferido pelo leite materno sobre os
níveis de hemoglobina é anulado pelo leite de
vaca quando este é oferecido à criança durante o
período de amamentação ao seio. Embora
nutritivo o leite de vaca integral exerce influência
negativa na concentração de hemoglobina por
conter pouco ferro e alto teor de cálcio e caseína,
fatores inibidores da absorção do mineral
(OLIVEIRA et al, 2010).
É necessário que o aleitamento materno
seja adotado exclusivamente nos seis primeiros
meses de vida para garantir a saúde da criança,
em virtude da composição nutricional e dos
fatores de proteção contra doenças que esse
alimento contém naturalmente (OLIVEIRA et al,
2010).
Gondim et al (2012) também encontram
valores próximos aos aqui apresentados, de
acordo com a figura 4, para eles 36,0% e 36,5%
das crianças do sexo masculino e feminino
respectivamente com esta mesma idade de vida
eram cometidas com anemia. Estes valores altos
podem ser explicados pela velocidade de
crescimento para esta faixa etária ou ainda pelo
desmame preço, pela implementação prematura
de outros alimentos na dieta com déficit de
ferros e outros nutrientes e ainda por doenças
diarreicas de origem microbiana e parasitária
(VIEIRA et al, 2010).
A figura 5 mostra que faixa etária de 6 anos
a 11 anos a criança está com idade escolar e não
há aleitamento materno, o alimento ela
oferecido na maioria das vezes não passa por um
critério nutricional é possível que o déficit de
nutrientes tenha contribuído para o quadro
anêmico. A escola pode ofertar orientações para
melhorar o aporte de nutrientes dos alimentos,
ainda deve planejar para garantir o acesso das
famílias às fontes alimentares e estímulo para
mudança nos hábitos de vida para reverter a
estimativa da anemia no país (HERMES et al,
2014).
É possível que a etiologia da anemia
microcítica e hiporcrômica esteja ligada a
deficiência de ferro. De acordo com Gondim et al
(2012) mesmo com todo o conhecimento acerca
da etiologia e tratamento da anemia ferropriva
com achados morfológicos das hemácia
microcítica e hipocrômica em recém nascidos, é
notória sua alta prevalência e distribuição
espacial no Brasil. Nos últimos dez anos a
magnitude da carência em lactentes situou-se
entre 51,9%, valo muito próximo desta pesquisa.
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Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório
clínico no município de Sousa, Paraíba
É possível suprir a carência de ferro na
suplementação alimentar principalmente em
crianças em idade escolar. Conforme Szarfarc
(2010) a importância do ferro na alimentação
infantil e do leite na prática alimentar da criança,
fez com que em 2010 um grupo de pesquisadores
liderasse uma série de experimentos com leite
fluido fortificado com ferro proveniente de
diferentes fontes. Concluíram que a eficácia do
suplemento no controle da deficiência do ferro
microcítica e hipocrômica era maior quando o
composto não continha este mineral.
Esta diferença tão significativa entre
meninas e meninos pode está associado o déficit
de ferro no último grupo causado pelos eventos
de mudanças fisiológicas para a idade feminina,
pois, para Beinner et al (2013) na préadolescência, as necessidades de ferro
aumentam drasticamente como resultado da
expansão do volume de sangue total, o aumento
da massa corporal magra e o início da menarca
(primeira menstruação). As necessidades de
ferro aumentam de 0,7–0,9 mg Fe/dL na préadolescência para até 2,2 mg Fe/dL, a partir da
menarca. Para estes autores a diferença do valor
médio e da pigmentação da hemoglobina das
adolescentes do sexo feminino que já
menstruavam em comparação com aquele das
que não haviam atingido a menarca, é foi
significativo.
população de risco, sob pena de prejuízos
irreversíveis para a população.
Estudos complementares sobre o impacto
das anemias nas crianças devem ser conduzidos
não somente por sua frequência, mas também
por suas consequências clinicas na saúde dos
acometidos.
4 CONCLUSÃO
CÔRTEZ, M. H; VASCONCELOS, I, A. L;
COITINHO, D.C. Prevalência de anemia
ferropriva em gestantes brasileiras: uma revisão
dos últimos 40 anos. Revista de Nutrição, v.
22, n. 3, 2009.
Os resultados encontrados neste estudo
reforçam que anemia microcítica e hipocrômica
está entre os casos mais comuns encontrados na
prática clínica e laboratorial e continua sendo
um considerável problema de saúde pública e
que poucos avanços foram alcançados no que se
refere à diminuição desse distúrbio que pode ser
originado de diferentes condições genéticas,
patológicas, sociais, econômicas e culturais entre
quais as crianças estão arraigadas.
Portanto, se faz indispensável um
direcionamento acertado para a escolha de testes
laboratoriais confirmatórios, de modo a evitar
um tratamento inapropriado, resultando, assim,
em significante redução de gastos pelo sistema
de saúde, sendo também de grande importância,
fornecer às autoridades governamentais o perfil
das crianças, quanto às anemias para que as
políticas públicas de saúde implementem ações
eficazes e urgentes, principalmente na
4 REFERÊNCIAS
AZEREDO, C. M. et al. A problemática da adesão
na prevenção da anemia ferropriva e
suplementação com sais de ferro no município
de Viçosa (MG). Ciência & Saúde Coletiva, v.
18, n. 3, p.827-836, 2013.
BAIN, J. B. Valores de referência. In: BAIN, J. B.
(editor). Células Sanguíneas: Um guia
prático. 3. ed. Porto Alegre: Artmed; 2004.
BEINNER, M. A., Fatores associados à anemia
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