Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório clínico no município de Sousa, Paraíba ARTIGO CIENTÍFICO AVALIAÇÃO DE ANEMIAS MICROCÍTICAS HIPOCRÔMICAS EM PACIENTES DE 0 A 11 ANOS EM UM LABORATÓRIO CLÍNICO NO MUNICÍPIO DE SOUSA, PARAÍBA ASSESSMENT OF HYPOCHROMIC MICROCYTIC ANEMIA IN PATIENTS 0 TO 11 YEARS IN A CLINICAL LABORATORY IN THE MUNICIPALITY OF SOUSA, PARAÍBA Damião Junior Gomes Professor da Faculdade São Francisco da Paraíba - FASP, servidor do Instituto Federal da Paraíba, Campus Sousa, Mestre em Sistemas Agroindustriais (UFCG) e Especialista em Análises Clínicas (UFRJ). E-mail: [email protected] Renato Marques Gadelha Rodrigues Graduado em Farmácia, Faculdade São Francisco da Paraíba - FASP E-mail: [email protected] Wesley Rodrigues Cardoso Graduado em Farmácia, Universidade Estácio de Sá - UNESA E-mail: [email protected] Nelieide Medeiros Gomes Graduada em Farmácia, Faculdade São Francisco da Paraíba - FASP, Especialista em Farmácia Clínica, Faculdade Santa Maria - FSM E-mail: [email protected] Francisco Ronner Andrade da Silva Professor da Faculdade São Francisco da Paraíba - FASP, Mestre em Terapia Intensiva (IBRATI) E-mail: [email protected] Bruno Rolim Felix Caetano Professor da Faculdade São Francisco da Paraíba - FASP, Especialista em Saúde Pública (FASP) E-mail: [email protected] Resumo: As anemias microcíticas e hipocrômicas atingem uma parte da população mundial, entre elas as mais comuns em nosso meio são a anemia ferropriva, as talassemias e a anemia de doença crônica. O diagnóstico diferencial destas anemias é clinicamente importante uma vez que possuem diferentes patogênese, tratamento e prognóstico. O objetivo principal deste estudo foi caracterizar e investigar a quantidade de casos de anemias microcíticas e hipocrômicas quanto aos parâmetros, hemácias (Hm), hemoglobina (HB), volume corpuscular médio (VCM) e a hemoglobina corpuscular média (HCM), que REVISTA LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E SAÚDE v. 1, n. 1, p. 178-188, jan.-mar., 2017 178 Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório clínico no município de Sousa, Paraíba mostraram maiores eficiências para o diagnóstico. Conforme o banco de dados foram realizados 677 hemogramas para investigação entre o mês de janeiro de 2014 e dezembro de 2015 em um laboratório clínico na cidade de Sousa/PB. Os pacientes foram subdivididos quanto à idade, sexo. Na população investigada neste trabalho foi observada a maior prevalência da hemoglobina abaixo do seu valor de referência em crianças do sexo masculino, podemos ressaltar que os pacientes atendidos por clínicos do Sistema Único de Saúde (SUS), em grande maioria das vezes, são avaliados apenas por um hemograma devido às restrições financeira, assim sendo, analisados a taxa de hemoglobina, os índices hematimétricos e os aspectos morfológicos dos eritrócitos observados em microscópio, porém, podem ser úteis como ferramentas para o enquadramento do paciente como portador de anemia microcítica e hipocrômica, assim, evitando gastos adicionais com exames confirmatórios e um tratamento apropriado. Palavras-chave: Hemoglobina. Microcitose. Hipocromia. Ferropenia. Talassemia. Abstract: The microcytic and hypochromic anemias reach a part of the world population, including the most common in our country are iron deficiency anemia, thalassemia and anemia of chronic disease. The differential diagnosis of these anemias is clinically important since they have different pathogenesis, treatment and prognostic. The aim of this study was to characterize and investigate the number of cases of microcytic and hypochromic of anemic for the parameters, red blood cells (Hm), hemoglobin (HB), volume mean corpuscular (MCV) and mean corpuscular hemoglobin (MCH), which showed higher efficiencies for diagnosis. As the database were conducted 677 blood tests for investigation between January 2014 and December 2015 in a clinical laboratory in the city of Sousa / PB. Patients were divided according to age, sex. In the population investigated in this study was observed a higher prevalence of hemoglobin below its reference value on male children, we can emphasize that the patients seen by clinicians of the Unified Health System (SUS), in most cases, are only assessed by a blood test due to financial constraints, thus being analyzed hemoglobin, RBC indices and morphology of red blood cells observed in the microscope, however, may be useful as tools for patient framework as having microcytic and hypochromic anemia, as well avoiding additional expenses confirmatory tests and appropriate treatment. Keywords: Microcytosis. Hypochromia. Ferropenia. Thalassemia. Hemoglobin. 1 INTRODUÇÃO A anemia é defina pela Organização de Mundial de Saúde (OMS) como o aumento ou diminuição do tamanho das hemácias acompanhadas da redução ou não da concentração de hemoglobina (VIEIRA et al., 2010). As anemias microciticas e hipocrômicas estão entre os casos mais comuns, deparados na prática clínica e laboratorial. Em geral, são consideradas situações que acarretam redução da hemoglobina circulante e que cursam com dificuldade ou diminuição da síntese de hemoglobina nas células precursoras eritróides (CPE) na medula óssea, gerando células de pequeno tamanho e com baixa concentração de hemoglobina (OLIVEIRA; NETO, 2004). As anemias microcíticas e hipocrômicas, destacam-se entre os casos mais comuns de encontrados na prática clínica e laboratorial, que podem ser reproduzidas de várias condições patológicas (FAILACE, 2009). Essas alterações podem levar a deficiência de ferro, as talassemias menores e a anemia sideroblástica. As anemias de doença crônica também podem transcorrrer com microcitose pela pequena oferta de ferro à eritropoese (NAUM, 2011). REVISTA LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E SAÚDE v. 1, n. 1, p. 178-188, jan.-mar., 2017 179 Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório clínico no município de Sousa, Paraíba Comumente a deficiência de ferro está ligada a fatores ambientais, econômicos e culturais sendo mais comuns nas crianças e mulheres em período fértil, enquanto que as talassemias menores têm uma alto índice em regiões onde a genética, predomina na população originada de povos, onde às alterações moleculares se tornam maisfreqüentes, como os povos banhados pelo Mar Mediterrâneo, na Europa (MELO, 2002). A microcitose trata-se da presença das células anormalmente pequenas no sangue periférico, sendo identificado através do padrão hematológico denominado Volume Corpuscular Médio (V.C.M.). Desde a introdução de contagens de plaquetas mais confiáveis através dos equipamentos automatizados em hematologia, tem sido verificada a associação de trombocitoses e trombocitopenias juntamente a casos de insuficiência de ferro no organismo (BAIN, 2004). O termo hipocrômia, é usado na hematologia quando refere-se a redução da coloração dos eritrócitos. A quantificação é dada através do valor da hemoglobina corpuscular média (HCM), levando-se em conta valores de referências. Em uma análise do eritrograma, sua interpretação deve ser iniciada pela concentração da Hemoglobina (HB), que definirá se o paciente está ou não anêmico (SILVA, 2009). Considerando um problema de saúde pública, as complicações das anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em uma Laboratório Clínico no município de Sousa-PB, o estudo dos motivos destas variações é amplamente justificável, podendo trazer melhor entendimento destas situações aos profissionais que atuem nos laboratórios clínicos, bem como ao corpo clínico que interpreta os resultados. De acordo com Failace et al. (2009), as anemias microcíticas e hipocrômicas são destaque entre os casos mais comuns e encontrados na prática clínica e laboratorial, que podem ser reproduzidas de várias condições patológicas. Essas alterações podem levar a deficiência de ferro, as talassemias menores e a anemia sideroblástica. As anemias de doença crônica também podem cursar com microcitose pela pequena oferta de ferro à eritropoiese (NAUM, 2011). O objetivo desta pesquisa foi investigar a quantidade de casos de anemias microcíticas hipocrômicas, conforme o banco de dados de em um laboratório clínico na cidade de Sousa/PB nos anos 2014 e 2015. 2 MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa foi constituída através da realização de um estudo retrospectivo com análise quantitativa dos dados arquivados em um sistema nos meses de janeiro de 2014 a dezembro de 2015 em um laboratório clínico no município de Sousa, localizado no alto Sertão da Paraíba com população estimada de 69.196 habitantes (IBGE, 2016), uma pesquisa documental, cuja finalidade foi estudar a ocorrência de casos de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos. A amostragem deste estudo foi constituída em casos de anemias microcíticas hipocrômicas, da rotina de um laboratório clínico. Todos os dados foram coletados de pacientes que possuíam algum tipo de convênio médico ou realizavam seus exames de maneira particular. Valores foram obtidos do software informativo do laboratório sem que o pesquisador tivesse acesso ao nome do paciente. Este sistema fornece dados meramente estatísticos. 3 RESULTADOS Foram realizados 677 exames para investigação de anemias entre o mês de janeiro de 2014 e dezembro de 2015. O quadro 1 destaca que as crianças com idade entre 2 e 5 anos foram as que tiveram maior percentual de casos confirmados de anemia. A figura 1 mostra que do total de exames realizados 24,22% (164 casos confirmados) foram diagnosticados com valores de hemoglobina inferior ao valor de referência. Quadro 1: Total de exames realizados por faixa etária em um laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015. Faixa etária nº de amostras nº de casos % de casos confirmados com confirmados com anemia anemias. 0 – 12 meses 166 23 3,40 REVISTA LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E SAÚDE v. 1, n. 1, p. 178-188, jan.-mar., 2017 180 Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório clínico no município de Sousa, Paraíba 2 – 5 anos 6 – 11 anos 279 232 Total: 677 95 46 Total: 164 14,03 6,79 Total: 24,22 Figura 1: Exames de investigação dos valores de hemoglobinas em crianças com idade entre zero mês e 11 anos em um laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015. A figura 2 mostra que 41,50% dos casos confirmados com anemias foram acometidos em crianças do sexo feminino, quanto aquelas do sexo oposto, 58,50%. Figura 2: Percentual por sexo de crianças anêmicas com idade entre zero mês e 11 anos em um laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015. Foram analisadas 95 amostras de crianças do sexo masculino entre zero a 12 meses, sendo que 15,78% (15 casos) foram confirmados com anemias. Já as crianças do sexo feminino foram analisadas 71 amostras sendo que 11,26% (08 casos) foram confirmados com anemias. De acordo com a figura 3, pouco mais de um quarto (27,04%) destas crianças com esta faixa etária tiveram valores de hemoglobina inferior ao valor de referência, sendo aquelas do sexo masculino ligeiramente superior as do sexo feminino. REVISTA LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E SAÚDE v. 1, n. 1, p. 178-188, jan.-mar., 2017 181 Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório clínico no município de Sousa, Paraíba Figura 3: Percentual de crianças anêmicas com idade entre zero mês e doze meses em um laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015 Foram analisadas 168 amostras de crianças do sexo masculino entre 2 anos e 5 anos, sendo que 33,33% (56 casos) foram confirmados com anemias e 111 amostras de crianças do sexo feminino entre da mesma faixa etária, sendo que 35,13% (39 casos) delas continham algum tipo de anemia. De acordo com a figura 4 estes valores são praticamente iguais. Figura 4: Percentual de crianças anêmicas com idade entre dois e cinco anos em um laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015. Foram analisadas 133 amostras de crianças do sexo masculino entre 6 anos e 11 anos, sendo que 21,80% (29 casos) foram confirmados com anemias e 99 amostras de crianças do sexo feminino, destas 17,17% (17 . casos) foram confirmados com anemias. A exemplo da faixa etária de 2 a 5 anos ambos os sexos tiveram resultados muito próximos. Tal observação pode ser visualizada na figura 5 REVISTA LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E SAÚDE v. 1, n. 1, p. 178-188, jan.-mar., 2017 182 Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório clínico no município de Sousa, Paraíba Figura 5: Percentual de crianças anêmicas com idade entre seis e onze anos em um laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015 O quadro abaixo mostra que do total de exames realizados e confirmados como microcítica e hipocrômica os casos de anemias. Foram diagnosticados com valores do VCM (volume corpuscular médio) e HCM (hemoglobina corpuscular média) inferior ao valor de referência. Quadro 2: Total de exames confirmados por faixa etária em um laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015. Faixa etária 0 – 12 meses 2 – 5 anos 6 – 11 anos nº de casos confirmados com anemia microcítica e hipocrômica 13 15 3 Total: 31 Foram analisadas 164 amostras de crianças confirmadas com anemia, sendo que consideradas portadores da anemia microcítica e hipocrômica, foram 18,90% (31 casos) diagnosticado. Sendo subdivididos por sexo, que % de casos confirmados com anemias. 7,93 9,15 1,82 Total: 18,90 41,93% (13casos) amostras de crianças do sexo feminino e 58,06% (18 casos) amostras de crianças do sexo masculino. Tal observação pode ser visualizada na figura 6. REVISTA LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E SAÚDE v. 1, n. 1, p. 178-188, jan.-mar., 2017 183 Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório clínico no município de Sousa, Paraíba Figura 6: Percentual de crianças portadoras de anemia microcítica e hipocrômica em um laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015 70,00% Título do Eixo 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% 1 SEXO MASCULINO 58,06% SEXO FEMININO 41,93% Foram diagnosticadas com anemia microcítica e hipocrômica 60% (09 casos) amostras de crianças do sexo masculino entre zero e doze meses e 50% (04 casos) amostras de crianças do sexo feminino da mesma faixa etária. Tal observação pode ser visualizada na figura 7. Figura 7: Percentual de crianças diagnosticadas com anemias microcíticas e hipocrômicas com idade entre zero mês e doze meses em um laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015 120,00% Título do Eixo 100,00% 80,00% 60,00% 40,00% 20,00% 0,00% 1 TOTAL DE 0 -12 MESES 100,00% SEXO MASCULINO 0 -12 MESES 60,00% SEXO FEMININO 0 -12 MESES 50,00% Foram diagnosticadas com anemia microcítica e hipocrômica 16,07% (09 casos) amostras de crianças do sexo masculino entre seis e onze anos e 15,38% (06 casos) amostras de crianças do sexo feminino da mesma faixa etária. Tal observação pode ser visualizada na figura 8. REVISTA LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E SAÚDE v. 1, n. 1, p. 178-188, jan.-mar., 2017 184 Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório clínico no município de Sousa, Paraíba Figura 8 : Percentual de crianças diagnosticadas com anemias microcíticas e hipocrômicas com idade entre dois e cinco anos em um laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015 120,00% Título do Eixo 100,00% 80,00% 60,00% 40,00% 20,00% 0,00% 1 TOTAL DE 2 - 5 ANOS 100,00% SEXO MASCULINO 2 - 5 ANOS 16,07% SEXO FEMININO 2 - 5 ANOS 15,38% Foram diagnosticadas com anemia microcítica e hipocrômica 00% (00 casos) amostras de crianças do sexo masculino entre seis e onze anos e 17,64% (03 casos) amostras de crianças do sexo feminino da mesma faixa etária. Tal observação pode ser visualizada na figura 9. Figura 9: Percentual de crianças diagnosticadas com anemias microcíticas e hipocrômicas com idade entre seis e onze anos, em um laboratório clínico no município de Sousa-PB nos anos de 2014 e 2015 120,00% Título do Eixo 100,00% 80,00% 60,00% 40,00% 20,00% 0,00% TOTAL DE 6 - 11 ANOS 1 100,00% SEXO MASCULINO 6 - 11 ANOS 0,00% SEXO FEMININO 6 - 11 ANOS 17,64% 3 DISCUSSÃO Apesar de quase um quarto das crianças apresentarem algum tipo de anemia em virtude dos valores de hemoglobinas situarem abaixo do valor de referência, há relato de valores ainda maiores, como foi o caso de um estudo realizado sobre prevalência de anemias no estado de Alagoas por Vieira et al (2010) conde este índice foi de exatos 45%. Conforme estes mesmos autores, os valores encontrados nesta pesquisa em debate é próximo da média no Nordeste do Brasil que é de 25%, embora a Paraíba tenha apresentado valor superior (36%) ainda se mantêm abaixo dos valores estimados pela REVISTA LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E SAÚDE v. 1, n. 1, p. 178-188, jan.-mar., 2017 185 Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório clínico no município de Sousa, Paraíba Organização Mundial de Saúde que foi de 40% comentam estes investigadores. Parece que alto índice de crianças anêmicas não é só um problema local ou da região Nordeste, pois, Oliveira e colaboradores (2012) fizeram um estudo como o objetivo de avaliar a prevalência de anemia e sua relação com aspectos sócio-demográficos e antropométricos de crianças residentes no município de Vitória estado do Espírito Santo e concluíram que 20,1% delas apresentaram algum tipo de anemia. Já na região Centro Sul de Belo Horizonte Minas Gerais, Oliveira et al (2012) contataram que 38,3% das crianças com idade pré-escolar foram consideradas anêmicas. O Brasil tem registrado em todas as regiões prevalência de anemias em crianças. Filho et al (2011) fizeram uma pesquisa sobre prevalência de anemia em crianças de 0 a 12 anos em uma unidade de pronto-atendimento em Santa Maria-RS e constaram que 29,17% delas eram anêmicas. Castro et al (2011) fizeram um estudo hematológico em crianças na Amazônia Ocidental com o mesmo perfil dos autores anteriores e concluíram que 29,2% continham algum tipo de anemia. Pelos valores expressos na figura 2 observa-se que 17% a mais das crianças do sexo masculino continha algum tipo de anemia. Valor um poco superior ao descrito por Gondin et al (2012) quando estudaram a magnitude, tendência temporal e fatores associados à anemia em crianças do Estado da Paraíba, onde apenas os meninos anêmicos eram superior em apenas 2% quando comparadas as meninas. Os valores discutidos neste quesito também foram diferentes dos encontrados por Leal et al (2011) quando estudaram a prevalência da anemia e fatores associados em crianças em Pernambuco e divulgaram que quase metade das crianças do sexo masculino (51,7%) acometidas por anemia. Segundo Vieira et al (2010) o sexo não constitui para criança com idade que antecede a menarca não constitui um fator de risco para anemia. Conforme a figura 3 uma regressão do percentual de crianças anêmicas com menos de um ano de idade, pois, Gondin et al (2012) em seu estudo mensuram que para esta faixa etária 63,5% das crianças paraibanas foram consideradas anêmicas. Embora esta diminuição da prevalência tenha sido significativa é necessário políticas públicas que fortalecam o incentivo a amamentação uma vez que para tal idade esta prática deveria ser quase que exclusivamente. Já está consolidado que benefício conferido pelo leite materno sobre os níveis de hemoglobina é anulado pelo leite de vaca quando este é oferecido à criança durante o período de amamentação ao seio. Embora nutritivo o leite de vaca integral exerce influência negativa na concentração de hemoglobina por conter pouco ferro e alto teor de cálcio e caseína, fatores inibidores da absorção do mineral (OLIVEIRA et al, 2010). É necessário que o aleitamento materno seja adotado exclusivamente nos seis primeiros meses de vida para garantir a saúde da criança, em virtude da composição nutricional e dos fatores de proteção contra doenças que esse alimento contém naturalmente (OLIVEIRA et al, 2010). Gondim et al (2012) também encontram valores próximos aos aqui apresentados, de acordo com a figura 4, para eles 36,0% e 36,5% das crianças do sexo masculino e feminino respectivamente com esta mesma idade de vida eram cometidas com anemia. Estes valores altos podem ser explicados pela velocidade de crescimento para esta faixa etária ou ainda pelo desmame preço, pela implementação prematura de outros alimentos na dieta com déficit de ferros e outros nutrientes e ainda por doenças diarreicas de origem microbiana e parasitária (VIEIRA et al, 2010). A figura 5 mostra que faixa etária de 6 anos a 11 anos a criança está com idade escolar e não há aleitamento materno, o alimento ela oferecido na maioria das vezes não passa por um critério nutricional é possível que o déficit de nutrientes tenha contribuído para o quadro anêmico. A escola pode ofertar orientações para melhorar o aporte de nutrientes dos alimentos, ainda deve planejar para garantir o acesso das famílias às fontes alimentares e estímulo para mudança nos hábitos de vida para reverter a estimativa da anemia no país (HERMES et al, 2014). É possível que a etiologia da anemia microcítica e hiporcrômica esteja ligada a deficiência de ferro. De acordo com Gondim et al (2012) mesmo com todo o conhecimento acerca da etiologia e tratamento da anemia ferropriva com achados morfológicos das hemácia microcítica e hipocrômica em recém nascidos, é notória sua alta prevalência e distribuição espacial no Brasil. Nos últimos dez anos a magnitude da carência em lactentes situou-se entre 51,9%, valo muito próximo desta pesquisa. REVISTA LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E SAÚDE v. 1, n. 1, p. 178-188, jan.-mar., 2017 186 Avaliação de anemias microcíticas hipocrômicas em pacientes de 0 a 11 anos em um laboratório clínico no município de Sousa, Paraíba É possível suprir a carência de ferro na suplementação alimentar principalmente em crianças em idade escolar. Conforme Szarfarc (2010) a importância do ferro na alimentação infantil e do leite na prática alimentar da criança, fez com que em 2010 um grupo de pesquisadores liderasse uma série de experimentos com leite fluido fortificado com ferro proveniente de diferentes fontes. Concluíram que a eficácia do suplemento no controle da deficiência do ferro microcítica e hipocrômica era maior quando o composto não continha este mineral. Esta diferença tão significativa entre meninas e meninos pode está associado o déficit de ferro no último grupo causado pelos eventos de mudanças fisiológicas para a idade feminina, pois, para Beinner et al (2013) na préadolescência, as necessidades de ferro aumentam drasticamente como resultado da expansão do volume de sangue total, o aumento da massa corporal magra e o início da menarca (primeira menstruação). As necessidades de ferro aumentam de 0,7–0,9 mg Fe/dL na préadolescência para até 2,2 mg Fe/dL, a partir da menarca. Para estes autores a diferença do valor médio e da pigmentação da hemoglobina das adolescentes do sexo feminino que já menstruavam em comparação com aquele das que não haviam atingido a menarca, é foi significativo. população de risco, sob pena de prejuízos irreversíveis para a população. Estudos complementares sobre o impacto das anemias nas crianças devem ser conduzidos não somente por sua frequência, mas também por suas consequências clinicas na saúde dos acometidos. 4 CONCLUSÃO CÔRTEZ, M. H; VASCONCELOS, I, A. L; COITINHO, D.C. Prevalência de anemia ferropriva em gestantes brasileiras: uma revisão dos últimos 40 anos. Revista de Nutrição, v. 22, n. 3, 2009. Os resultados encontrados neste estudo reforçam que anemia microcítica e hipocrômica está entre os casos mais comuns encontrados na prática clínica e laboratorial e continua sendo um considerável problema de saúde pública e que poucos avanços foram alcançados no que se refere à diminuição desse distúrbio que pode ser originado de diferentes condições genéticas, patológicas, sociais, econômicas e culturais entre quais as crianças estão arraigadas. Portanto, se faz indispensável um direcionamento acertado para a escolha de testes laboratoriais confirmatórios, de modo a evitar um tratamento inapropriado, resultando, assim, em significante redução de gastos pelo sistema de saúde, sendo também de grande importância, fornecer às autoridades governamentais o perfil das crianças, quanto às anemias para que as políticas públicas de saúde implementem ações eficazes e urgentes, principalmente na 4 REFERÊNCIAS AZEREDO, C. M. et al. A problemática da adesão na prevenção da anemia ferropriva e suplementação com sais de ferro no município de Viçosa (MG). Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, n. 3, p.827-836, 2013. BAIN, J. B. Valores de referência. In: BAIN, J. B. (editor). Células Sanguíneas: Um guia prático. 3. ed. Porto Alegre: Artmed; 2004. BEINNER, M. A., Fatores associados à anemia em adolescentes escolares do sexo feminino. Revista Baiana de Saúde Pública, v. 37, n. 2, p. 439-451, 2013. CASTRO, T. G. et al. 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