Resumos de psicologia social – 1ª frequência 1. O que é a psicologia social? A psicologia social surgiu para estabelecer uma ponte entre a psicologia e a sociologia. O seu objeto de estudo é o comportamento dos indivíduos quando estão em interação. Ela também pode ser definida como o estudo do condicionamento que os processos mentais impõem à vida social do homem, ao mesmo tempo que as diversas formas da convivência social influem na manifestação concreta dos mesmos. A interação social, a interdependência entre os indivíduos e o encontro social são os objetos investigados por essa área da psicologia. Assim, vamos falar dos principais conceitos da psicologia social a partir do ponto de vista do encontro social: a percepção social, a comunicação, as atitudes, as mudanças de atitudes, o processo de socialização, os grupos sociais e os papéis sociais. Triplett, 1898 – primeira experimentação sobre os efeitos de competição O papel da interação social no desenvolvimento cognitivo tem recebido destaque na pesquisa em Psicologia nas últimas décadas e suscitado debate entre pesquisadores de diferentes abordagens teóricas. O tema já se mostra presente, entretanto, nas preocupações de investigadores desde o final do século dezenove. A primeira resposta para esta questão foi dada pelo estudo de Triplett de 1897. Este, examinando o recorde oficial em corridas de bibicleta, notou que a velocidade de um corredor era 20% maior quando na presença de outros. Realizou, então, um experimento com crianças a quem era dada uma determinada tarefa (enrolar redes de pesca), usando duas situações: isoladamente ou em grupo. Quando trabalhando em grupo, 50% de seus sujeitos se saíam melhor do que em sua performance individual; 25 % se saíam pior e 25 % não eram afetados. Triplett considerou que a situação em grupo produzia mais energia para realização, de acordo com o conceito, então em voga, de "dinamogênese". Tajfel – Teoria da identidade social (1974) A ‘teoria da identidade social’ (Turner & Brown, 1978, para simplificar as várias definições de Tajfel) começou por ser utilizada para explicar a discriminação intergrupal no ‘paradigma do grupo minimal’ (Tajfel, 1972a; Turner, 1975, 1978b). Esse paradigma, construído por Tajfel, Flament, Billing e Bundy em 1971, defendia que a categorização social das pessoas em diferentes grupos produzia comportamentos intergrupais em que os sujeitos favoreciam os membros do ingroup sobre os do outgroup (Brewer, 1979; Turner, 1975, 1981; Turner & Bourhis, 1996). Era esta categorização social dos sujeitos que criaria uma identidade social para eles – a identidade social seria a parte do auto-conceito do self baseada na pertença a determinados grupos (Tajfel, 1979, p. 184). Era por a categorização social do grupo estar tão ligada à identidade social do indivíduo que este tinha uma motivação para uma identidade social positiva tentando reforçar a superioridade e distintividade do seu grupo. A noção central é que as comparações sociais entre grupos que fossem importantes para a identidade social produziam pressões para a diferenciação intergrupal no sentido de reforçar positivamente essa identidade ou ‘auto-estima colectiva’ (Crocker Luthanen, 1990). As atitudes e acções intergrupais dependiam da interacção entre a necessidade duma identidade social positiva e, a definição, percepção e compreensão da estrutura social das relações intergrupais por parte dos membros do grupo como colectivo (Turner 1996b, 1996c). As estratégias dos grupos para alcançar uma identidade social positiva são função do seu status, das suas crenças sobre a natureza das fronteiras do grupo, da intensidade da identificação ingroup e das suas ideologias colectivas e crenças estabelecidas sobre a natureza do sistema social e das diferenças intergrupais de estatuto, poder e riqueza. Heider - teoria do equilíbrio cognitivo (1946) No artigo de 1946, Heider desenvolve a teoria do equilíbrio, segundo a qual as pessoas tendem a manter sentimentos e cognições coerentes sobre um mesmo objeto ou pessoa, de modo a obter uma situação de equilíbrio. Quando esse equilíbrio se desfaz, elas vivenciam uma situação de tensão e procuram restabelecê-lo, mediante a mudança de algum dos elementos da situação. Tal princípio encontra-se na base das teorias da consistência cognitiva que irão proliferar nos anos seguintes. Festinger - teoria da dissonância cognitiva (1957) De acordo com a teoria de dissonância cognitiva, existe uma tendência nos indivíduos de procurar uma coerência entre suas cognições (convicções, opiniões). Quando existe uma incoerência entre atitudes ou comportamentos (dissonância), algo precisa mudar para eliminar a dissonância. No caso de uma discrepância entre atitudes e comportamento, é mais provável que a atitude vai mudar para acomodar o comportamento. Dois fatores afetam a força da dissonância: o número de convicções dissonantes e a importância atribuída a cada convicção. Existem três maneiras de eliminar a dissonância: (1) reduzir a importância das convicções dissonantes, (2) acrescentar convicções mais consoantes que se sobreponham às convicções dissonantes ou (3) mudar as convicções dissonantes para que elas não sejam mais incoerentes. A dissonância ocorre mais frequentemente em situações onde um indivíduo precisa escolher entre duas convicções ou ações incompatíveis. A maior dissonância é criada quando as duas alternativas são igualmente atraentes. Além disso, a mudança de atitude está mais provavelmente na direção de menos estímulo, já que isto resulta em menor dissonância. Neste aspecto, a teoria da dissonância é contraditória em relação à maioria das teorias comportamentais que predizem uma maior mudança de atitude com estímulo aumentado (isto é., reforço). Asch - Processo de conformismo (1951) Nesta experiência, 8 sujeitos foram colocados diante de um quadro com varias cartolinas. Cada cartolina continha do lado esquerdo um linha vertical (figura de base) e à direita três linhas verticais de comprimentos diferentes, numeradas de 1 a 3, uma das quais representava a linha de base. No grupo experimental, apenas um dos sujeitos é o verdadeiro sujeito experimental, e por isso é o sujeito ingénuo, enquanto os restantes 7, são comparsas do experimentador. Cada um dos sujeitos dá a avaliação em voz alta, sendo que os comparsas dão doze respostas erradas em dezoito ensaios experimentais. Estes respondem antes do sujeito. Deste modo, o sujeito ingénuo encontra-se numa posição minoritária e, apesar de não existir qualquer tipo de pressão explícita por parte do grupo, este chega a cometer erros que atingem os 5 cm. Como resultados, Asch obteve que apenas 30% dos sujeitos experimentais não se conformaram à pressão implícita pelo grupo, ou seja, um terço dos sujeitos mantiveram-se independentes o que leva a colocar a questão de quais são os factores que explicam o conformismo. O conformismo do sujeito será aumentado se reforçarmos a dependência do indivíduo em relação ao grupo: por exemplo, se o grupo é apresentado como particularmente atraente, o indivíduo deseja integrar-se nele. No entanto, é preciso notar que, quando o sujeito está de novo sozinho, ele volta às estimativas correctas. Por outro lado, se as respostas do sujeito forem confirmadas pelo experimentador, a sua confiança será reforçada, e numa nova situação experimental ele vai questionar as aptidões do grupo. Níveis de análise em psicologia social (Doise, 1982) Intra-individual Modo como indivíduos organizam a sua percepção, avaliação do meio social e o seu comportamento face a este. Remete para o estudo do indivíduo: as explicações são procuradas no indivíduo (características de personalidade, modo de pensar, etc.), sem recorrer à interacção entre indivíduo e o meio social. Concepção do indivíduo – psicologicamente determinado Modelos que descrevem o modo como os indivíduos organizam a sua percepção, avaliação e comportamento em relação ao meio social em que se inserem. Exemplos: teoria do equilíbrio cognitivo (Heider, 1946) ou teoria da dissonância cognitiva (Festinger,1957) Na violência no futebol: factor hormonal; perda do autodomínio; excitação... Interindividual e situacional Processos interindividuais numa dada situação. Descreve como os indivíduos se relacionam numa determinada situação, por ex. multidões. As explicações são procuradas nas interacções entre indivíduos, nos (micro) contextos. Concepção do indivíduo – adaptativo ou desviante Exemplos: Processo de conformismo (Asch,1951) No caso da violência no futebol: porque estão demasiadas pessoas juntas, porque há anonimato, porque há pouca polícia... Posicional Diferenças de posição social. Analisa a posição do indivíduo na sociedade e as relações entre elas. As explicações são procuradas na posição que o indivíduo ocupa numa rede de relações sociais. Ênfase na pertença a diferentes grupos sociais. Modelos que descrevem a relação entre as diferentes posições sociais que os indivíduos ocupam – previamente a qualquer interacção – e a interacção que se estabelece entre eles. Exemplo: Teoria da identidade social (Tajfel, 1974) Concepção de indivíduo – estruturalmente determinado No caso da violência no futebol: rivalidade entre clubes, sentimento de união... Ideológico Sistemas de crenças e de representações, avaliações e normas, que devem justificar e manter uma ordem estabelecida de relações sociais. Analisa sob a perspectiva da sociedade. Explica os fenómenos/comportamentos baseado nas formas e conteúdos de pensamento que são socialmente partilhados. Concepção de indivíduo – ideologicamente determinado Modelos que descrevem os modos de conhecimento/comportamento dos indivíduos enquanto decorrentes de factores inscritos na sociedade/cultura (crenças, valores, normas que legitimam as instituições sociais. Exemplo: submissão à autoridade (Milgram, 1974) No caso da violência no futebol: a cultura hooligan ou a cultura de grupos socialmente desfavorecidos, que vão ao futebol como forma de esquecerem os seus problemas. 2. Atitudes e mudanças de atitudes a. O que são atitudes? A atitude também pode ser definida como um estado de disposição nervosa e mental, que é organizado através da experiência e que exerce um influxo dinâmico ou orientador sobre as respostas apresentadas pelo indivíduo perante os objectos e as situações. Como tal, a atitude é antes uma motivação social do que mais propriamente uma motivação biológica. É uma pré-disposição aprendida/adquirida para responder de forma consistente a um objecto social. Por isso, a psicologia social analisa as atitudes para antever condutas. Ao observar as atitudes de um sujeito, pode-se prever a forma como se irá comportar. Atitude é ...preparação para a atenção e acção... (Baldwin, 1901-05) ...postura mental, guias para a conduta... (Morgan, 1934) ...disposição mental...condição para a preparação... (Warren, 1934) ...complexo de sentimentos, desejos, medos, convicções, preconceitos... enquadramento ou preparação para a acção... (Chave, 1928) ...estado de preparação de uma organização mental mais ou menos persistente e duradouro que predispõe o indivíduo a reagir de forma característica... (Cantril, 1934) ...tendência para agir a favor ou contra algo que assim adquire um valor positivo ou negativo... ( Bogardus, 1931) ...processo de consciência individual que determina actividades reais ou possíveis... (Thomas & Znaniecki, 1918) ...disposição neural... (F. H. Allport, 1924) ...disposição mental para agir a favor ou contra um objecto definido... (Droba, 1933) ...disposição geral do organismo como um todo... (Lundberg, 1929) ...tendência adquirida para agir de uma forma específica face a um objecto. ( Krueger & Reckless, 1931) ...determinantes genéricos e alargados do comportamento. (G. Allport, 1929) ...regra para o futuro... (Murphy & Murphy, 1931). b. Quais as suas características? Construto hipotético: - Não são directamente observáveis; - Trata-se de uma inferência sobre os processos psicológicos do indíviduo, feita a partir da observação dos seus comportamentos. Tendência psicológica: - Um estado interior, com alguma estabilidade temporal; - Diferente de outros construtos, como por exemplo traços de personalidade. Componente avaliativo: - Direcção (favorável vs desfavorável) - Intensidade - Acessibilidade (força; forma como foi aprendida; frequência de utilização) c. Qual é a estrutura das atitudes? (Rosenberg& Hovland, 1960) Atitudes cognitivo avaliativo/efectivo crenças de atributos associados ao objecto comportamental sentimentos, estados, emoções e mudanças fisiológicas comportamentos e intenções comportamentais d. Como se podem medir atitudes? Através de respostas cognitivas Questionários (diferentes tipos: Escala de Thurstone; Escala de Likert; Diferenciador Semântico; Escala de Guttman) i. Efeitos do contexto: CONTEXTO DO “MUNDO REAL” - Acontecimentos de vida do respondente - Acontecimentos à escala nacional/mundial - Tempo, estação do ano CONTEXTO DA ENTREVISTA - Características e comportamento do entrevistador - Cenário da entrevista - Presença dos outros Através de medidas implícitas Medição através dos tempos de reacção; Através de respostas afectivas Resposta galvânica da pele - Mudança na conductividade eléctrica da pele devido à actividade diferencial das glândulas soporíferas, controladas pelo SNSimpático; - Medida pela aplicação de uma corrente eléctrica muito fraca entre dois eléctrodos ligados à palma da mão; - Maior RGP quando confrontados com itens contrários à sua própria posição atitudinal; - Pode não ser o um indicador de atitude mas apenas de uma reacção mais geral de orientação face a um estímulo novo, inesperado ou que requer atenção. Resposta pupilar - Contracção ou dilatação da pupila; - Implica fotografar as pupilas com película infravermelha, projectar a imagem num ecrã e medir o seu tamanho; - Necessidade de esperar que a pupila volte ao seu tamanho normal antes da apresentação do estímulo seguinte. Actividade electromiográfica facial - Contracção das fibras musculares avaliada através da mudança de potencial eléctrico que a acompanha; - Medida através da colocação de dois eléctrodos na superfície da pele sobre um determinado grupo de músculos e regista-se a soma da actividade eléctrica do músculo num período determinado de tempo; - Músculos corrugator (move as sobrancelhas para cima e para baixo), zigótico (move os cantos da boca para cima e para baixo) e depressor (queixo, abre a concavidade da boca). Falsas respostas fisiológicas (Jones e Sigall, 1971) - “O paradigma experimental baseia-se na simples premissa de que ninguém quer ser desmentido por uma máquina. Se conseguirmos convencer uma pessoa de que temos uma máquina que mede com precisão a intensidade e a direcção das atitudes, assumimos que ela está motivada para predizer aquilo que a máquina vai dizer acerca dela.” (p. 349); - Inibição à desejabilidade social. Através de respostas comportamentais Observação - Participante - Não participante e. Quais as funções das atitudes? Funções motivacionais: Atitudes e necessidades Derivam de motivações psicológicas Funções instrumentais ou avaliativas Avaliação de custos e benefícios da atitude, optando pela atitude que permite obter o melhor ajustamento social, maximizando as recompensas sociais e minimizando as punições. Funções simbólicas ou expressivas Utilização das atitudes enquanto forma de transmitir os valores ou a identidade do sujeito, permitindo-lhe proteger-se contra conflitos internos ou externos e preservar a sua imagem. Funções cognitivas: Atitudes e processamento de informação Teoria do Equilíbrio (Heider, 1958) Refere-se à forma como os indivíduos articulam diferentes atitudes; Situações equilibradas: o indivíduo percebe concordância de posição em relação a alguém de quem gosta ou em relação a alguém de quem não gosta; Conhecendo duas relações entre as entidades que constituem uma tríade, tendemos a completar a situação de forma equilibrada; estas situações serão mais estáveis e resistentes à mudança. Teoria da Dissonância Cognitiva (Festinger, 1957) A dissonância cognitiva refere-se à relação entre duas cognições incompatíveis da mesma pessoa face ao mesmo objecto; Cognições referem-se a pensamentos, atitudes e crenças dos indivíduos, bem como os seus comportamentos; Princípio básico: um estado de dissonância cognitiva é psicologicamente desagradável, constituindo uma motivação, uma activação do organismo no sentido da redução ou eliminação da dissonância; Para reduzir a dissonância sugere-se o aumento do número ou da importância das cognições consonantes e/ou a diminuição do número ou da importância das cognições dissonantes: o Exposição selectiva o Percepção selectiva o Memória selectiva Funções de orientação para a acção: O impacto das atitudes no comportamento f. Qual o impacto das atitudes no comportamento? TEORIA DA ACÇÃO REFLECTIDA • Modelo do comportamento volitivo (Fishbein & Ajzen, 1975) • Sugere que a causa próxima do comportamento é a intenção da pessoa em envolver-se no mesmo, isto é, as atitudes influenciam o comportamento através da sua influência sobre as intenções • A teoria assume que as pessoas formam as suas intenções reflectindo acerca das suas atitudes e das suas normas subjectivas, formam as suas atitudes reflectindo acerca das consequências do seu comportamento e formam as suas normas subjectivas reflectindo sobre a aprovação ou desaprovação dos outros significativos em relação ao seu comportamento TEORIA DA ACÇÃO REFLECTIDA Omissões do modelo na determinação das intenções: Obrigação moral percebida, ou seja, as crenças pessoais dos indivíduos relativamente ao que é certo ou errado (Schwartz & Tessler, 1972) Aspectos centrais da auto-identidade Influência do comportamento passado (Bentler & Speckart, 1979) Hábito ou sequências automáticas de comportamentos (Triandis, 1977, 1980) Comportamentos que requerem capacidades, habilidades, oportunidades e colaboração dos outros (Liska, 1984) g. Como se podem mudar atitudes? O modelo da comunicação persuasiva (Hovland, Janis e Kelly, 1953) Características da fonte (credibilidade; grau de atracção; estatuto social) Características da mensagem (apelo ao medo moderado; conclusão implícita leva a maior persuasão que conclusão explícita; apresentação de apenas um lado) Características da audiência (género; variáveis sócio-demográficas; auto-estima) O impacto da comunicação dá-se em 3 fases sucessivas: o Atenção à mensagem o Compreensão do seu conteúdo o Aceitação das suas conclusões McGuire (1968) desenvolve os processos identificados pela escola de Yale numa sequência do processamento de informação em 5 etapas: o Atenção (recepção da mensagem, 1972) o Compreensão (recepção da mensagem, 1972) o Aceitação o Retenção o Acção Factores de resistência à persuasão (Lumesdain e Janis, 1953) o A mudança só se mantém face à posição contrária quando a mensagem inicial incluía argumentos bilaterais – inoculação o Experiência passada (McGuire, 1964) o Dar mais argumentos favoráveis à posição do indivíduo o Inocular pela exposição a opiniões contrárias que vêem reforçar a contra-argumentação – muito mais eficiente! Duas vias para a mudança de atitudes: O Modelo de probabilidade de elaboração (Petty e Cacioppo, 1986) o A persuasão nem sempre é o resultado de um longo caminho cognitivo, esforçado e racional o Dois tipos de processamento cognitivo das mensagens: A. Processamento heurístico (Chaiken, 1980) ou superficial/periférico (Petty e Cacioppo, 1981): Dispensa um processamento do conteúdo da mensagem (estatuto e simpatia da fonte; tamanho e forma da mensagem) B. Processamento sistemático (Chaiken, 1980) ou central (Petty e Cacioppo, 1981): Pressupõe uma forma controlada de pensamento e a passagem pelas diversas fases de processamento da informação. Factores que influenciam a probabilidade da elaboração: o Motivação (é necessário ou não?) o Relevância pessoal (isto interessa-me ou não?) o Características da personalidade o Necessidades de cognição o Auto-monitorização (mais elevada, processamento mais heurístico!) 3. Valores a. O que são? “Objectivos transsituacionais que servem de princípios-guia na vida de uma pessoa ou grupo” (The Blackwell Encyclopedia of Social Psychology, p. 665) - Diferentes de atitudes: valores transcendem situações e objectos específicos, estão ordenados numa hierarquia de importância, pouco numerosos, mais centrais para a personalidade, critérios do desejável. Influência de valores nas atitudes e comportamento. b. Conteúdos e estrutura O conteúdo dos valores é classificável pelas motivações que expressam. Estrutura: valores opostos e complementares. c. O Modelo de Schwartz Para Schwartz e Bilsky (1987), os valores são "representações cognitivas de três tipos de necessidades humanas universais: necessidades biológicas do organismo, necessidade de interação social para a regulação das relações interpessoais e necessidades sócioinstitucionais, que visam o bemestar e sobrevivência do grupo" (p.551). 4. Estruturas de grupo a) O que é um grupo? Colecção de indivíduos que interagem entre si. Uma unidade social que consiste em 2 ou mais pessoas que se veêm como sendo parte de um grupo. Colecção de indivíduos interdependentes. Colecção de indivíduos que se reúne para atingir um objectivo. Colecção de indivíduos que tentam satisfazer uma necessidade através da sua associação conjunta. Colecção de indivíduos em que as suas interacções são estruturadas por um conjunto de normas e papéis. b) Colecção de indivíduos que se influencia mutuamente. Normas Expectativas que os membros têm sobre o que deve e não deve ser permitido a um determinado membro em circunstâncias específicas. c) Um poderoso determinante do comportamento. Descritivas e prescritivas. Explícitas vs implícitas. Papeis Expectativas partilhadas dentro de um grupo sobre a forma como indivíduos em particular se devem comportar (ex.: chefe vs subalterno). d) Subgrupos de pessoas. Permitem saber o que podemos esperar dos outros. Ex.: Experiência da prisão de Zimbardo Estatuto Estatuto elevado: - Prestígio consensual. - Tendência para iniciar ideias e actividades que são adoptadas pelo grupo. Teoria da comparação social (Festinger, 1954) Características específicas do estatuto vs características difusas do estatuto. 4.1 Redes de comunicação ֎ Redes centralizadas VS Redes descentralizadas ֎ Centralização e performance 4.2 Coesão de grupo a) O que é? b) Conceptualização de Festinger, Schachter e Back (1950) c) Causas e efeitos 4.3 Liderança a) O líder universal: Great man theory b) O comportamento dos líderes (o estudo de Lippit, White e Lewin) c) Bales: tarefa vs. socio-emocional d) Teorias da contingência 5. Influência Social As 6 bases do poder (French & Raven) ֎ Poder de recompensa – Capacidade para controlar a distribuição de recompensas dadas ou oferecidas ao alvo ֎ Poder coercivo – Capacidade para ameaçar ou punir aqueles que não dão resposta/obedecem aos pedidos ou exigências ֎ Poder legitimado / legítimo – autoridade que deriva do direito legítimo do detentor de poder para pedir ou exigir obediência ֎ Poder de referência / “referente” – Influência baseada na identificação, atracção ou respeito do alvo para com o detentou do poder ֎ Poder do perito – Influência baseada na crença do alvo que o detentor do poder tem competências e capacidades superiores ֎ Poder informacional – Influência baseada no uso potencial de recursos informativos, incluindo argumentação racional, persuasão e dados factuais Obediência à autoridade: experiências de Milgram Milgram revisitado r a exp 6. Relações entre grupos ֎ Estereótipos – A componente cognitiva ֎ Preconceito – A componente afectiva (também aqui algumas abordagens referem 3 componentes) ֎ Discriminação – A componente comportamental Estereótipos Abtribuição generalizada de traços a membros de grupos; Estruturas cognitivas que contêm os nossos conhecimentos e expectativas, e que determinam os nossos julgamentos e avaliações, acerca de grupos humanos e dos seus membros; Raça, género, aparência física, origem geográfica ou social, religião, política, etnia, sexualidade, etc. Preconceito Atitude desfavorável relativamente a um grupo social e aos seus membros, baseada apenas na pertença a esse grupo; Mas pode existir preconceito positivo e negativo. Discriminação Uma acção negativa e injustificada direccionada a membros de um grupo devido apenas à sua pertença grupal. Abordagens individualistas ֎ Hipótese da frustração-agressão ֎ A teoria da personalidade autoritária ֎ Dogmatismo e “espírito fechado” Hipótese da frustração-agressão (Dollard et al., 1939) Explicação do aumento do anti-semitismo na Alemanha nas décadas de 1920 e 1930 Teoria da personalidade autoritária (Adorno et al., 1950) Ponto de partida, quadro teórico e objectivo geral Percurso empírico: Escala anti-semitismo Preconceito para com os judeus ligado ao preconceito para com outros grupos? ---» etnocentrismo Atitude etnocêntrica geral relacionada com o autoritarismo? ---» síndrome de atitudes Entrevistas a indivíduos com posições extremadas Análise crítica Dogmatismo e “espírito fechado” (Rokeach, 1960) A hiper-simplificação e rigidez do estilo de pensamento na “personalidade autoritária” não eram de facto características do pensamento fascista, racista ou de extremadireita, encontrando-se em muitos outros indivíduos e grupos Esta forma de raciocínio define-se por uma separação de crenças diferentes, de modo a permitir: A conciliação de opiniões de outro modo contraditórias; A resistência dessas crenças à mudança quando existe nova info; Utilização do recurso ao argumento de autoridade para justificar a correcção das crenças ameaçadas. 6.1 cont. ֎ Endogrupo: ֎ Exogrupo: ֎ Dinâmicas intergrupais: ֎ Dinâmicas intragrupais: A teoria dos conflitos realistas O contraste com as perspectivas anteriores: “não podemos extrapolar das propriedades individuais para as características das situações de grupo” (Sherif, 1962, p. 8) Estudos nos campos de Verão (1949, 1953, 1954) Quadro teórico Aplicações, críticas Noção de interdependência e “destino comum” ֎ Grupos dominantes e grupos dominados Paradigma dos grupos mínimos ֎ Grupo Klee vs Grupo Kandinsky ֎ Categorização social ֎ Teoria da identidade social