PERDAS NO DESEMPENHO: INCUBAÇÃO E AQUECIMENTO

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PERDAS NO DESEMPENHO: INCUBAÇÃO E AQUECIMENTO
Pontos críticos e práticos de manejo
Donna Hill
DVM, MAM, Diplomate ACPV
276 Smoketree Lane, Mountain Home, AR, USA, 72653
[email protected]
Hatch Tech USA
Com a utilização de linhagens de alto rendimento de cortes na indústria de
frangos, a relação da incubação e do aquecimento dos pintainhos com o
desempenho dos lotes tem-se tornado mais evidente. A incubação determina o
desenvolvimento embriônico dos frangos, o que inclui o desenvolvimento do
coração, do intestino e do sistema imunológico. Isso significa que a incubação
afeta o potencial do desempenho e da mortalidade do lote. A pesquisa relacionada
a perdas de desempenho nessas áreas está compondo uma base de dados
convincente que possibilita manejo visando melhor aproveitar o potencial genético
das linhagens de alto rendimento.
Para o objetivo deste artigo não fornecemos a citação de literatura para a
pesquisa que prova a relação da incubação e aquecimento com o desempenho de
campo. Escrevemos previamente um artigo específico o qual é uma revisão de
literatura. O foco do presente artigo é em possíveis pontos críticos de manejo nos
processos de incubação e aquecimento visando otimizar o aproveitamento do
potencial genético das linhagens de frango de alto rendimento.
A natureza define um pintainho fisiologicamente maduro através da seguinte
equação:
5.13= Período de incubação x condutância do ovo
Peso do ovo
Para otimizar a qualidade do pintainho e, portanto o desempenho, esta
equação precisa estar balanceada. Todos os fatores são determinados pela
galinha (matriz). A condutância e o peso do ovo são fixos. Nossa função no
sistema de produção é tentar otimizar o balanço da equação para o período de
incubação através do ambiente de incubação. Infelizmente, a resposta não é tão
simples como possa parecer, uma vez que no campo a equação é
significativamente influenciada pelos seguintes fatores:
a.
b.
c.
d.
e.
f.
g.
Produção de calor pelo embrião
Idade das matrizes
Estação do ano
Linhagem
Movimento de ar entre a massa de ovos; i.e. a variação
Incubação em estágios múltiplos
Altitude
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Para enfrentar os problemas com que nos defrontamos é preciso antes
entendermos as funções típicas e ótimas da máquina incubadora.
Funções Típicas da Incubadora:
A maioria das incubadoras usam ar para o resfriamento, não somente para
satisfazer as necessidades de oxigênio dos embriões. Isso significa que é caro (ou
impossível) acondicionar o ar de forma apropriada antes que ele entre na
máquina. Também significa que o funcionamento da máquina é influenciado pelas
condições da sala.
A velocidade do ar per si não é adequada para resfriar os embriões.
Refrigeração ou spray deverá ser utilizado para suplementar o resfriamento
através do ar.
Quanto mais ar trazido para dentro da máquina, tanto mais ele deve ser
acondicionado para temperatura e umidade. O ato de utilizar spray, aquecimento
ou refrigeração (com ondas de temperatura inconstante ou de duração
inadequada) ocasiona o surgimento de áreas localizadas de temperatura variada.
Especialmente a utilização do spray é indesejada por causar resfriamento
evaporativo dos ovos em algumas áreas.
Quando o spray é utilizado para compensar a umidade, é uma fonte de
resfriamento. A maneira de evitar isso é umidificar a sala com vapor, minimizar a
necessidade de entrada de ar ou utilizar um sistema de umidificação por vapor. A
maioria das máquinas não têm refrigeração suficiente para utilizar umidificação por
vapor pois o calor que ela introduz é significante.
O valor do resfriamento por spray é limitado em condições de alta umidade.
Quando a umidade do ambiente é maior que o ponto desejado, não ocorrerá o
resfriamento por spray.
O fluxo de ar entre os ovos não é uniforme. Em áreas com demasiado fluxo,
os embriões esfriam e a eclosão é retardada. Em áreas com reduzido fluxo, os
embriões superaquecem e a eclosão é precipitada.
O estágio múltiplo não atende as exigências de incubação dos embriões. Os
ajustes da máquina devem por definição ser a melhor opção atendendo os
embriões que necessitam de calor cedo na incubação e aqueles que requerem
remoção de calor no período mais tardio da incubação.
A máquina nunca deverá ser completamente fechada para manter a umidade
para a transferência de calor em tempos cruciais.
Funcionamento Ótimo da Máquina:
O fluxo de ar entre a massa de ovos deve ser consistente para que ocorra
transferência adequada de calor para/e dos embriões.
O ar é trazido para dentro da máquina para atender as necessidades de
oxigênio dos embriões, não para refrigeração. Isso significa que quantidades
menores de ar poderiam ser acondicionados apropriadamente. Por exemplo, em
ambientes úmidos e quentes o ar pode ser desumidificado e então ser resfriado.
Em climas frios, o ar pode ser adequada e consistentemente aquecido.
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É necessário que o aquecimento e a capacidade de resfriamento sejam
adequados e uniformes.
A umidificação por vapor é necessária para remover o impacto do spray
quanto ao chilling.
O estágio simples é necessário para prover o ambiente ótimo em todos os
estágios da incubação. No estágio simples, a máquina pode ser fechada
completamente para reter a umidade possibilitando que o calor seja transferido
entre os ovos sem a utilizar spray. Isto é especialmente crucial nos primeiros 10
dias. Para enfatizar a importância da umidade na transferência de calor,
pensemos no cozimento de um ovo, o qual é sempre feito com água, nunca em
uma panela seca.
A máquina deveria ter também a habilidade de reduzir a umidade visando
atingir as necessidades do embrião e ainda manter uniforme e adequado
resfriamento.
Para transferir e remover calor de uma grande massa de ovos, a máquina
comercial deveria ter a capacidade de manter a temperatura do ar entre 36,1 e
38,3 oC no período de incubação.
Guia para Otimização
A temperatura ótima para os embriões na incubadora deveria ser 37,8 oC,
com variabilidade mínima na massa de ovos.
A umidade relativa deve ser ajustada de maneira a otimizar a eclosão e a
qualidade. Isso varia com o dia de incubação e será determinado pelas
necessidades de perda de peso e de transferência de calor. As leituras de bulbo
seco e bulbo úmido estão relacionados. Ao reduzir a leitura do bulbo úmido, a
leitura do bulbo seco também deverá reduzir visando manter a temperatura dos
embriões no ambiente mais seco.
Causas do Resfriamento na Incubação:
Existem quatro fatores cruciais que influenciam os embriões na incubação
comercial.
Entendê-los e considerá-los facilita a otimização do processo de incubação.
a.
Resfriamento através do ar: Refere-se às diferenças de temperatura
entre o ar e o ovo. Ovos mornos perdem mais calor em ar frio do
que em ar morno.
b.
Resfriamento através do vento: Alta velocidade do ar força os ovos a
perder mais calor que baixa velocidade do ar.
c.
Resfriamento através da água: A Evaporação da água trazida sobre
os ovos via spray requer energia para evaporação, portanto resfriará
os ovos.
d.
Capacidade de calor: É a combinação da temperatura e umidade
relativa do ar. Ar úmido aquecido contém mais calor que ar frio e
seco.
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Incubação em Estágios Múltiplos (multi-estágios):
A incubação em estágios múltiplos e a variação na massa dos limitam as
mudanças que podem ser feitas no sistema de incubação existente. As limitações
do sistema devem ser compreeendidas antes que a influência de outros fatores
possam ser considerados. Existem dois estágios-chave na incubação de estágios
múltiplos:
a.
Embriões de galináceos não apresentam produção significante de
calor até aproximadamente 9 dias de idade; portanto a temperatura
do embrião é menor do que a temperatura do ar nestes primeiros 9
dias.
b.
Uma vez que o embrião começa a produzir calor, a temperatura do
embrião está acima da temperatura do ar.
Qualquer alteração a ser introduzida no sistema deve considerar estes dois
estágios distintos e críticos. Em condições ótimas, a temperatura do embrião é de
37,8 oC em ambos estágios.
Incubação em estágios múltiplos
40
37.6
36.9
Temperatura do
Embrião (oC)
Temperatura
do Ar (oC)
Variabilidade entre os ovos:
A temperatura real do embrião depende da idade deste e da sua localização
dentro da incubadora. Nos primeiros 9 dias, os embriões na parte inferior da
incubadora, onde o ar é mais frio, geralmente têm temperatura inferior e são
menores na transferência se comparados aos localizados nas áreas mais
aquecidas da máquina.
No período final da incubação, o embrião está produzindo calor que precisa
ser removido. A produção de calor das linhagens de alto rendimento de cortes
ainda não foi determinada em condições ótimas de incubação, mas há indicativos
de que seja equivalente a 1.5 a 3 vezes a produção de calor do embrião das
linhagens clássicas. Uma vez que a temperatura real do embrião é função da
produção de calor do embrião, do fluxo de ar sobre o embrião e da umidade
relativa do ar; a produção de calor superior das linhagens de alto rendimento é um
importante fator na temperatura real do embrião. Com a variação natural no fluxo
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de ar sobre os ovos (resistência) e a maior produção de calor, a variação da
temperatura real do embrião de linhagens de alto rendimento é maior do que a
observada em embriões de linhagens clássicas na mesma máquina.
Quando tudo corre bem, tenho observado que a mortalidade embrionária
tardia varia de 1 a 8%. Em condições problemáticas, a variação pode ser de 1 a
59%. Em ambos os casos, há uma boa área na qual a perda por mortalidade
embrionária tardia é somente 1%. O objetivo da incubação comercial é maximizar
o número de bandejas com esse ambiente favorável. A melhor maneira é propiciar
fluxo de ar uniforme por entre os ovos para resfriamento. Excesso de spray e o
uso de ventilação de resfriamento não devem ser usados para compensar fluxo de
ar irregulares. A variabilidade na percentagem da mortalidade embrionária tardia
pode ser impactada por vários fatores, mas geralmente é ditada pela variabilidade
no fluxo de ar por entre os ovos. Se a mortalidade embrionária tardia ultrapassa a
faixa dos 1 a 8% em uma amostra de 12 bandejas, o problema precisa
confrontado.
Sazonalidade:
Quando um embrião não é incubado corretamente, a resposta é restringir o
crescimento para sobreviver. Baseado nisso, eu desenvolvi um sistema de medida
do comprimento do pintainho visando avaliar o pintainho ao nascer de forma
objetiva. Tenho observado que os pintos são maiores no inverno do que no verão.
Isso indica que do ponto de vista da incubação, o superaquecimento no final da
incubação no verão causa maior perda do que os problemas com transferência de
temperatura no período inicial da incubação no inverno.
Muitas pessoas se queixam de pintainhos pequenos e desidratados no
inverno, especialmente com lotes de matrizes jovens. Uma vez que os pintos são
maiores no inverno do que no verão, os dados de comprimento do pintainho
indicam que o aquecimento inicial é um fator determinante nesse problema.
Os dados também têm mostrado que o comprimento dos pintainhos oriundos
de matrizes mais velhas são menores do que matrizes jovens. Isso indica que o
superaquecimento é um problema especialmente com ovos de matrizes velhas.
Além disso suporta a observação de que matrizes velhas experimentam maiores
problemas no verão, o que seria exacerbado por condições de superaquecimento
nas condições de incubação durante o verão.
Inverno:
A temperatura do embrião é o resultado da produção de calor do embrião, do
fluxo de ar sobre os ovos, e a habilidade do ar em transferir calor (umidade relativa
do ar). No inverno, o fluxo de ar no incubatório é menor e a capacidade de
transferir calor do ar é menor. Ambos os fatores são importantes para uma
incubação consistente entre a massa de ovos. Com entrada de ar reduzida, o fluxo
de ar por entre a massa de ovos é menor e a transferência de calor é menos
consistente que em condições de maior fluxo de ar e maior umidade do ar.
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A umidade também é um fator chave nos problemas de inverno. Umidade é o
agente de transferência de calor, tanto para transferir calor para os embriões na
fase inicial da incubação e para remover o calor dos embriões no período tardio da
incubação. A qualidade do ar do ponto de vista de transferência de calor é
extremamente importante.
O ar umedecido artificialmente é inferior ao umedecido naturalmente, pois o
sistema é inconsistente, inadequado e refrigera o ar. No inverno, o problema da
umidade não é resolvido facilmente. Utilizando combustíveis fósseis para aquecer
o ar eleva-se a temperatura para promover o fluxo de ar na incubadora mas
resseca-se o ar. Umedecendo o ar através de meios tradicionais refrigera-se o ar
e força a máquina a gerar calor e reduzir o fluxo de ar como ação contrária ao ar
frio.
Os incubatórios estão instalando umidificadores a vapor para resolver este
problema. O tamanho da gotícola em umidificadores convencionais é 2-100
microns; no caso do vapor ela é de 0.0006 microns. O vapor melhora a qualidade
de resfriamento sem resfriar a sala. Uma libra de água absorve 1050 BTU’s de
calor; uma libra de vapor tem 1106 BTU’s de calor disponível.
Outro problema no inverno é o fato de que nossas salas são desenhadas
para operação on/off, não uma modulação contínua. Toda vez que a sala é
modificada, o desempenho da máquina é afetado. Assim, cria-se mais
variabilidade entre a massa de ovos. Mesmo com umidificação a vapor, esta
precisa ser adequada e modulada. O objetivo é prevenir a máquina de sofrer
impacto com as variações ambientais externas.
O objetivo no manejo do incubatório no inverno deveria ser criar salas
aquecidas e úmidas com uniformidade em torno das máquinas, especialmente as
incubadoras. Isso previne as incubadoras de operar na extremidade baixa da faixa
normal no inverno, o que é especialmente ruim para embriões que não produzem
calor.
Verão:
No verão, as condições são ótimas para o período inicial da incubação, uma
vez que a transferência de calor do ar é alta. Infelizmente, com o desenvolvimento
do embrião o resfriamento vai dificultando, especialmente em condições de alta
umidade no verão. Perde-se qualidade quando o embrião restringe o crescimento
devido ao superaquecimento. A qualidade do pintainho também é comprometida
pelo fato de que a máquina deve utilizar umidade para resfriar e o embrião deve
perder umidade. Enquanto a alta umidade é benéfica para a uniformidade da
temperatura entre os ovos, ela deve também estar balanceada com a necessidade
dos embriões de perder umidade. Isto é excepcionalmente difícil de controlar
quando a umidade do ar ambiente é alta. Com resfriamento por spray também é
difícil de atingir adequado resfriamento em condições ambientais de elevada
umidade.
O objetivo no manejo do incubatório no verão deveria ser o resfriamento,
especialmente nos nascedouros.
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Sazonalidade: Pontos Práticos e Críticos
No inverno, a ênfase está no ajuste das operações. A sala deve estar
aquecida e úmida. O botão de controle deve estar apontado para o modo
resfriamento, não no aquecimento. Se o controlador estiver apontando para
aquecimento, os embriões estarão mais frios nos primeiros 9 dias da incubação do
que se estiver apontando para o resfriamento. A operação ótima da máquina multiestágios para os primeiros 9 dias está no verão quando o botão de controle está
constantemente no resfriamento. Isto deveria se repetir no inverno. Nesta estação,
os embriões mais velhos estão mais frios do que estariam no verão, portanto o
resfriamento destes embriões não é a parte mais crucial do problema no inverno.
É ocorrência indesejável encontrar no incubatório no inverno a sala das máquinas
de incubação com temperatura fria ou variável.
No verão, a ênfase está na operação dos nascedouros. Deve-se resfriar com
o mínimo de spray. Há perdas na eclosão e na qualidade dos pintainhos em
qualquer local que a umidade entrar entre a massa de ovos. A manutenção e
regulagem dos bicos é crucial para ter-se spray efetivo.
Quanto mais fria a água nos espirais, maior a variabilidade no ambiente.
Espirais mais frios também causam maior condensação. Isso retira umidade do ar
e faz com que a máquina tente compensar a baixa umidade com mais spray.
Deve haver um balanço entre a máquina e a exigência do embrião quanto à
umidade relativa. A condutância da casca é menor nas linhagens de alto
rendimento. Isso significa que é mais difícil para o embrião perder umidade.
Reduzir a temperatura de bulbo úmido pode ser bom para o embrião perder água,
mas a temperatura do embrião eleva-se porque o ar perde capacidade de
transferir calor. Em geral, utilizar menor temperatura de bulbo úmido nas máquinas
dá melhor resultado no inverno do que no verão.
O fato é que as condições da sala são chave para minimizar a variação na
máquina e otimizar a eclosão e a qualidade. Se as condições da sala fossem
ótimas durando o ano todo, não haveria variação sazonal na qualidade dos
pintainhos. Alterações nas máquinas são ajustes melhor utilizados se as variações
da sala são mínimas.
O impacto positivo do ar condicionado no ambiente quente e úmido do
Sudeste (nos EUA) é que ele remove o excesso de umidade do ar e o ar fica
resfriado. As máquinas podem então operar sem problemas em dias quentes e
úmidos do verão. Resultados de campo mostram que a qualidade dos pintainhos
melhora com ar condicionado quando o resfriamento evaporativo no verão é
inadequado. Com o ar condicionado, é crucial que as condições ótimas da sala
sejam determinadas com base no funcionamento ótimo da máquina naquele
ambiente. Recomendações padrão baseiam-se em sala resfriada com
resfriamento evaporativo. Tenho observado que as máquinas não respondem da
mesma maneira em uma sala quente e úmida (26,7 oC) resfriada com resfriamento
evaporativo se comparada a salas também com 26,7 oC mantidas com ar
condicionado.
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Idade das matrizes:
Ovos de matrizes jovens são mais susceptíveis à incubação “fria” nos
primeiros 9 dias de incubação. Considerando que as máquinas operam na
extremidade inferior da variação normal, o problema é exacerbado no inverno.
Matrizes mais velhas tendem a aumentar a infertilidade e o tamanho dos
ovos. Quando ovos menos férteis são incubados, a massa de ovos, como um
todo, produz menos calor. A máquina detecta isso e tenta aquecer o ambiente
interno pois “pensa” que os ovos estão frios. Entretanto, individualmente os ovos
férteis são maiores e estão produzindo mais calor. Quanto mais calor os ovos
produzem individualmente, maior a necessidade de remoção de calor, não de
calor. Isso é um problema especialmente no nascedouro. A remoção do calor é
melhor feita através de fluxo de ar uniforme e com capacidade de resfriamento.
Com um programa “step down” no nascedouro, o bulbo seco real decresce, mas o
maior impacto é o fato de que isso aumenta o fluxo de ar para o nascedouro. Isso
é especialmente efetivo em ovos de matrizes mais velhas. Enquanto os programas
“step-down” podem ser benéficos, eles podem também resfriar os embriões caso
sejam introduzidos muito cedo após a transferência, em ovos oriundos de matrizes
muito jovens, ou no inverno.
Na minha base de dados sobre o comprimento de pintainhos, tenho
observado que o comprimento destes aumenta com a idade das matrizes quando
a incubação é boa. Em uma visita a campo, coleto uma amostra de um lote de
matriz novo e outra de um lote velho. Em todos os incubatórios de multi-estágios
com os quais tenho trabalhado, o comprimento dos pintainhos oriundos de ovos
de matrizes velhas é menor do que o de pintainhos originados de matrizes novas.
Isso indica a dificuldade em incubar ovos de matrizes velhas, especialmente no
que se refere ao resfriamento no final da incubação.
Considerando que as maiores perdas ocorrem com ovos de matrizes muito
jovens ou muito velhas, ambos os grupos serão beneficiados se deixados na
máquina incubadora por mais tempo. Comparada ao nascedouro, a incubadora é
um ambiente melhor, mais controlado, com melhor fluxo de ar.
Dia de transferência:
Como regra geral, a incubadora é um melhor ambiente do que um
nascedouro. Dentro do tempo de transferência normal para cada máquina, os
resultados de eclosão e qualidade dos pintos são melhores quanto mais tempo os
ovos permancerem na incubadora. O momento exato da transferência é uma
questão de manejo. O embrião não necessita automaticamente estar em
temperaturas mais baixas dos 17 aos 19 dias. Para otimizar a eclosão e a
qualidade do pintainho a transferência deve ser ajustada visando manter a
temperatura ótima do embrião.
No período entre a bicagem do ovo e a eclosão, os embriões são
susceptíveis ao resfriamento. Os embriões devem ser mantidos à temperatura de
incubação até o período de eclosão. Após a eclosão a temperatura deve
decrescer visando o conforto do pintainho. Poderá haverá perdas se a
temperatura for baixada arbitrariamente já no momento da transferência. Até o
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momento da bicagem do ovo/eclosão o melhor programa é manter a temperatura
na real temperatura de incubação do embrião e não na temperatura de incubação.
A partir daí decresce-se a temperatura visando manter a temperatura retal de 40 a
40,5 oC do momento de eclosão até a retirada dos pintos. Devido a especificidade
das máquinas, não se pode simplesmente usar o mesmo valor no painel de
controle para todas as máquinas. É necessário determinar o ajuste ótimo para os
períodos de eclosão precoce e tardio em que os ovos e pintainhos estiverem no
nascedouro.
Tipo de máquina:
O design da máquina afeta e determina as limitações do que pode ser
modificado. Uma vez que os designs são diferentes, mudanças devem ser
consideradas em relação ao design do equipamento além do impacto do embrião.
Quando uma modificação é feita, ela deve ser avaliada independentemente para a
alteração que ela causa na máquina e no embrião.
Em todos os tipos de máquina, a sala não deveria ser utilizada para
“enganar” os termostatos. Isso não possibilita o desejado resultado para ótima
incubação e fluxo de ar; somente impede o barulho dos alarmes. Alarmes podem
ser “enganados” por pressão elevada na sala, alto diferencial entre a pressão da
sala e a plena exaustão (exhaust plenum), e salas resfriadas por ar condicionado.
Linhagem:
Em uma incubação de estágio simples, observamos que linhagens diferentes
divergem quanto às preferências nas condições de incubação. Embora seja
importante entender isso, a interpretação não é prática para máquinas de estágio
múltiplo. Os outros fatores como as variáveis fluxo de ar são de maior influência.
Para os objetivos atuais da incubação, qualquer linhagem disponível
comercialmente é uma linhagem de alto rendimento do ponto de vista de
incubação.
Altitude:
Em altitudes maiores a capacidade calórica do ar decresce. A 2000 metros, a
capacidade calórica do ar restringe-se a 78% da observada ao nível do mar. A
reduzida umidade no ar implica em maior uso de spray pela máquina e o
resfriamento é mais difuso em altitudes maiores. Portanto, o conceito do manejo
do spray é especialmente crucial com o aumento da altitude. As máquinas
incubadoras devem ser manejadas para a temperatura ótima dos embriões nos 10
primeiros dias da incubação. Incubadora e nascedouro devem ser operados com o
mínimo de spray dentro das máquinas.
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Nascedouro após a eclosão, retirada dos pintainhos, processamento,
transporte e os primeiros três dias de aquecimento:
A temperatura retal normal de um pintainho nas primeiras 72 horas,
independente se no nascedouro, sala de processamento, expedição, ou no
aquecimento é 40 e 40,5 oC. Durante este período de tempo, a tireóide e o trato
intestinal ainda estão desenvolvendo e é crucial que seja mantida a temperatura
corporal do pintainho. Problemas que ocorrem neste período afetam o
desenvolvimento destes sistemas cruciais e resultam em perdas na performance
que não mais serão compensados.
A idade da matriz influencia a habilidade termorreguladora do pintainho. Se
estes forem oriundos de matriz nova, possuem menor habilidade em manter a
temperatura retal em condições de estresse de frio do que se oriundos de matrizes
mais velhas.
A diferença na idade das matrizes é evidente na temperatura retal dos
pintainhos na sala de espera/embarque. Temperatura retal baixa durante o
processamento, espera, transporte e aquecimento inicial são um dos motivos de
que a mortalidade embrionária aumenta no inverno para matrizes jovens. O
ambiente em todos estes estágios deve objetivar a manutenção da temperatura
retal.
Nascedouro:
As reservas energéticas na gema suportam o pintainho por três dias. Se o
pintainho está confortável, as reservas de água duram 3 dias. Quando a
temperatura ambiente é 40 oC, as reservas de água são esgotadas em 8 a 10
horas. Se os pintainhos estiverem confortáveis no nascedouro, não seria ruim
deixá-los no nascedouro. O problema é que a temperatura do ar pode facilmente
atingir 40 oC em áreas de baixo fluxo de ar dentro do nascedouro. Uma vez que o
fluxo de ar dentro do nascedouro é variável, o acúmulo de calor em áreas de baixo
fluxo de ar resulta em superaquecimento dos pintainhos.
Com a variação no fluxo de ar dentro do nascedouro, a temperatura retal de
pintainhos secos normalmente varia de 39,4 a 42,2 oC. Pintainhos com
temperatura retal superior a 41,1 oC estão ofegantes. A penugem é retida na
umidade das bordas do bico. Estas aves são indicativo de estresse calórico no
nascedouro após a eclosão. Alterar a regulagem do bulbo seco do nascedouro
forçando a máquina a resfriar com ar em algum período durante o último dia de
incubação traz grande benefício na conversão alimentar, sem qualquer risco.
Processamento:
O ambiente destas salas deve ser desenhado visando manter a temperatura
retal ótima dos pintainhos (40 40,5 oC). Quando os pintainhos são empilhados
nesta área, alguns são resfriados e outros são superaquecidos. Devido ao impacto
da lavagem das bandejas, o problema mais comum é o superaquecimento nesta
área.
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Tenho acompanhado pintainhos oriundos tanto de matrizes jovens quanto de
velhas, no mesmo ambiente da sala de espera. A observação é que a temperatura
retal em pintainhos de matrizes velhas é 40 oC e 38,6 oC em pintainhos oriundos
de matrizes jovens. A temperatura da sala de espera deve ser adequada visando
manter a temperatura retal ótima nos pintainhos.
Normalmente, a temperatura retal é menor nos pintainhos das caixas no
topo, maior nas caixas do meio e média nas caixas inferiores. Ao avaliar as
condições da sala a partir da temperatura retal dos pintainhos, é importante
amostrar em todos os ambientes da sala. Além disso, deve-se amostrar pintainhos
oriundos tanto de matrizes valhas quanto de novas. Você verá que existe uma
variação na temperatura retal. A única maneira possível de reduzir a variação é
reduzir a variabilidade nas condições da sala influenciando o movimento e a
temperatura do ar. Baseado na temperatura retal pode-se determinar as
necessidades de melhoria da sala.
Transporte:
Para monitorar as condições de transporte, tenho avaliado a temperatura
retal dos pintainhos, assim que são descarregados na granja. Coleto amostras do
topo, do meio, e da base das prateleiras, além da frente, do meio e do fundo do
caminhão. Condições ótimas manterão a temperatura retal em 40 a 40,5 oC.
Aquecimento:
Nos primeiros três dias de aquecimento, a real temperatura retal dos
pintainhos deveria determinar as condições ótimas do aviário. Este é o período
crucial. Após três dias, a temperatura retal estará entre 40 a 40,5 oC mesmo em
ambientes aquecidos desuniformemente. Tenho observado que para obter-se
sólidos 40 a 40,5 oC (temp. retal) nos primeiros três dias no aviário, a cama deve
estar com 32,2 a 33,3 oC. Em condições de livre escolha, esta parece ser a
temperatura que os pintainhos preferem e que resulta em boa temperatura retal.
É comum encontrar baixa temperatura retal em pintainhos oriundos de
matrizes jovens, especialmente nas primeiras 48 horas no aviário. A manutenção
da temperatura da cama a 34,4 oC é importante para manter a temp. retal de 40 a
40,5 oC.
Para avaliar o aviário baseando-se na temperatura retal, deve-se amostrar
aves sadias em várias áreas do alojamento. Tente não assustar as aves e amostre
perto da parede, na área dos comedouros e no centro. Repita em vários locais, em
todo o comprimento do aviário.
Sumário:
Se tudo falhar, reduza o número de ovos na máquina. Cada ovo está agora
produzindo mais calor. O design da incubadora e do nascedouro é basicamente
um sistema de ventilação com fontes de aquecimento e resfriamento. Assume-se
que o ar seja condicionado e distribuído uniformemente entre a massa de ovos.
5° Simpósio Técnico de Incubação, Matrizes de Corte e Nutrição
04, 05 e 06 de outubro de 2004 – Balneário Camboriú, SC
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Este sistema terá variabilidade baseado nos princípios físicos do fluxo de ar , na
resistência (ovos), e no acúmulo de calor na massa de ovos. Quanto mais calor
produzido pelos embriões, mais a máquina terá de trabalhar. Isso cria mais
variabilidade entre a massa de ovos; algumas áreas sendo frias enquanto outras
quentes. A eclosão e a qualidade do pintainho pioram em áreas extremas.
Reduzindo o número de ovos implica em menor trabalho da máquina, portanto
melhora a eclosão e a qualidade do pintainho.
Como você pode observar desta discussão, não há resposta fácil para
otimizar as condições de incubação e de aquecimento para as linhagens de alto
rendimento. A utilização de medidas diretas da performance como a temperatura
retal e mortalidade embrionária tardia pode orientar na busca da maximização da
performance. Com as linhagens de alto rendimento, os resultados dos programas
de incubação podem ser melhorados ajustando-se programas específicos para
verão versus inverno e lotes oriundos de matrizes novas versus matrizes velhas.
Considerando que o sistema é de estágio múltiplo e variável haverá limites no
impacto a ser obtido.
Se simplesmente avaliarmos o impacto de nossos processos nos pintos ou
nos ovos, haverá ganhos a serem obtidos na maioria dos incubatórios. O primeiro
passo é minimizar a variabilidade através da melhoria dos padrões e portanto a
uniformidade do fluxo de ar por entre os ovos. Quanto maior a uniformidade, maior
o sucesso você terá ao fazer alterações no processo devido a idade do lote ou à
estação. De fato, não é recomendável fazer alterações no seu processo a menos
que esteja minimizada a variabilidade das condições entre a massa de ovos.
Uma vez minimizada a variabilidade, o próximo passo é minimizar o impacto
negativo do spray e a resposta da máquina à sala. Se estes fatores estiverem
controlados, resta à ótima incubação o manejo do incubatório para o adequado
calor nos primeiros 10 dias da incubação e o manejo do nascedouro para maior
resfriamento após a transferência.
Agradecimento
Ao Dr. Gerson Neudi Scheuermann, Pesquisador da Embrapa Suínos e Aves
pela tradução dessa palestra.
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