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XXVII CONGRESSO BRASILEIRO
DE NEFROLOGIA
Temas Livres Pôsters - Transplante
TLP: 129
Perfil Epidemiológico das Doenças Tropicais
Negligenciadas em Pacientes Transplantados Renais de um
Hospital de Referência do Estado do Ceará
Autor(es): Silvana Daher Costa, Geraldo da Silva Bezerra
Júnior, Camilla Neves Jacinto, Yago Sucupira Amaral, Lorena
Vasconcelos Mesquita Martiniano, Ronaldo de Matos Esmeraldo
, Elizabeth De Francesco Daher, Renan Gomes Mendes Diniz,
Lara Raissa Cavalcante Malveira, Douglas de Sousa Soares
Hospital Geral de Fortaleza
Introdução: O transplante, devido ao seu crescente sucesso,
tornou-se a primeira opção terapêutica para muitas doenças que
afetam a população mundial. Com a melhora das técnicas
cirúrgicas e dos esquemas imunossupressores, que reduziram
significativamente as complicações e a rejeição aguda nos
pacientes transplantados, as doenças infecciosas negligenciadas
ganharam importância como causas de morbidade e mortalidade
nesses pacientes. O objetivo do presente estudo foi avaliar a
epidemiologia e o impacto das doenças tropicais em pacientes
transplantados renais.
Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo, observacional,
transversal, predominantemente analítico, com prontuários de
pacientes que realizaram transplante renal em um hospital de
referência, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 2013.
Resultados: Foram analisados 1109 pacientes dos quais 81
apresentaram doenças infecciosas tropicais, entre elas,
Tuberculose (n=33), Varicela (n=11), Herpes Zoster (n=17),
Calazar (n=6), Dengue (n=6), Criptococose (n=3), Histoplasmose
(n=2), Hanseníase (n=1), Toxoplasmose (n=1) e SIDA (n=1). Em 7
casos foi observada infecção por mais de um tipo de agente
etiológico. A média de idade desses pacientes foi de 39,1±14,7
anos, sendo 64,2% do sexo masculino. O tempo médio de diálise
desses pacientes antes do transplante foi de 39,4±34,9 meses e o
tempo médio da entre o transplante e a infecção foi de 42,7±47,4
meses. As médias de creatinina sérica foram 1,71±0,85 mg/dL
antes da infecção; 2,85±2,33mg/dL na vigência da infecção e
1,63±0,76 três meses após o tratamento. Dos 81 pacientes, 40,1%
apresentaram alteração da função renal no momento do
diagnóstico da infecção e 16% após o tratamento. Rejeição do
enxerto foi observada em 18,5% antes da infecção e 11,1% após.
Óbito foi o desfecho em 13,6% e perda do enxerto em 14,8% dos
casos.
Conclusão: O presente estudo demonstra que as doenças
tropicais negligenciadas tem relevância na morbimortalidade de
pacientes transplantados renais, indicando a necessidade da
instituição de protocolos e recomendações para sua profilaxia e
tratamento efetivo.
Faculdade de Medicina de São Paulo - Universidade de São
Paulo
Introdução: O transplante renal é considerado a melhor opção
terapêutica para pacientes com Doença Renal Crônica em estágio
terminal, proporcionando melhor qualidade de vida e prolongando
a expectativa de vida. Objetivo: avaliar as alterações em estresse
oxidativo proteico e parâmetros inflamatórios em pacientes no
período pós-transplante renal imediato e tardio, além da influência
de algumas variáveis clínicas. Métodos: 35 pacientes submetidos
ao transplante renal, _ 18 anos, com enxerto funcionante, de
doadores vivos ou cadáveres, foram avaliados no momento da
alta hospitalar e 3 meses depois. Foram considerados nas duas
avaliações os exames bioquímicos de rotina (sódio, potássio,
ureia, creatinina e hemograma completo); além de lipidograma,
ferro sérico, ferritina, albumina, proteínas totais e proteína C
reativa. Para avaliação do estresse oxidativo foram dosados os
produtos proteicos de oxidação avançada (AOPP) e vitaminas A,
C e E. Resultados: notou-se, na alta hospitalar, que os valores de
albumina e proteínas totais foram significativamente menores
entre os indivíduos que apresentaram rejeição ao enxerto. Após
três meses verificou-se uma melhora gradativa e significativa da
função renal, acompanhada pela melhora do quadro de anemia e
estresse oxidativo, concomitante à normalização dos eletrólitos
séricos. Em contrapartida, observou-se um aumento significativo
no LDL-colesterol (20,52%). Na razão AOPP/albumina observouse uma redução significativa de 34,83%, entre os dois períodos
avaliados. Correlações estatisticamente significativas mostraram
que para aqueles indivíduos em que o tempo de isquemia fria (TIF)
foi maior, mais negativas foram as mudanças nos níveis séricos de
vitamina C (_= - 0,3751; p= 0,0257) e para aqueles que ficaram
mais tempo internados, menores foram as quedas em AOPP (_=
0,4396; p= 0,0076). Quanto aos parâmetros inflamatórios não
houve alteração estatisticamente significativa. Conclusão: o
transplante renal melhora muitas das anormalidades que ocorrem
no período dialítico, incluindo o quadro de estresse oxidativo
proteico. Todavia, instaura-se gradativamente um quadro
metabólico caracterizado por dislipidemia e outros fatores, que
estão diretamente relacionados ao risco de eventos
cardiovasculares, comumente observados nesta população.
TLP: 131
Uso combinado de inibidores da calcineurina e inibidores
da mTOR em receptores de transplante renal: eficácia,
segurança e tolerabilidade em longo prazo
Autor(es): Mayara Ivani de Paula, Claudia Rosso Felipe,
Alexandra Nicolau Ferreira, Hélio Tedesco, José Osmar Medina
Pestana
TLP: 130
Hospital do Rim, Universidade Federal de São Paulo
ESTRESSE OXIDATIVO PROTÉICO E INFLAMAÇÃO:
ALTERAÇÕES PÓS TRANSPLANTE RENAL.
Introdução:Eficácia e segurança do uso de novo dos inibidores da
mammalian target of rapamycin (imTOR) em longo prazo foram
avaliadas principalmente baseadas em dados de registro.
Métodos: Esta foi uma análise retrospectiva de 10 anos de dados
obtidos de 10 estudos prospectivos randomizados em receptores
de transplante renal de novo recebendo ICN em combinação com
Autor(es): Larissa Vieira Marino, Larissa Rodrigues Neto
Angéloco, Elen A. Romão, Paula Garcia Chiarello
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
53
sirolimo (n=329), everolimo (n=128) ou antimetabólitos (n=124).
Resultados: Não houve diferença ao longo de 10 anos nas
sobrevidas do paciente (84,5 vs. 80,9 vs. 89,7,p=0,996), do
enxerto (65,4 vs. 59,5 vs. 73,1% p=0,868) e livre de rejeição aguda
comprovada por biópsia (78,1 vs. 77,3 vs. 79,0%, p=0,976). A
incidência de infecção por CMV foi menor (6 vs. 3 vs. 11%,
p=0,024) enquanto que descontinuação do tratamento foi maior
(66 vs. 47,7 vs. 31,5%, p<0,001) entre pacientes recebendo
imTOR, respectivamente. No quinto ano pós-transplante, a média
da taxa de filtração glomerular estimada (49,8±18,5 vs. 47,6± 20,7
vs. 55,0±18,5 mL/min, p=0,023) e a proporção de pacientes com
proteinúria (53 vs. 40 vs. 23%, p<0,001) foram maiores entre
pacientes recebendo imTOR, respectivamente. Conclusão: A
eficácia do uso de novo dos imTOR é comparável aos
antimetabólitos em receptores de transplante renal recebendo
ICN. Apesar da menor incidência de infecções por CMV, o perfil de
segurança é desfavorável, mostrando maiores taxas de
descontinuações do tratamento, função renal inferior e maior
incidência de proteinúria.
TLP: 132
AVALIAÇÃO DOS PACIENTES RENAIS QUE SE PREPARAM
PARA A INCLUSÃO NA LISTA DE TRANSPLANTE EM UM
HOSPITAL PÚBLICO DE FORTALEZA-CE
Autor(es): Fabiana Juareza Rodrigues Brasil Sindeaux, Juliana
Gomes Ramalho de Oliveira, Rita Mônica Borges Studart ,
Islene Victor Barbosa, Francisca Elisângela Teixeira Lima,
Geórgia Alcântara Alencar Melo, Ana Carine Goersch Silva
Hospital Geral de Fortaleza
Introdução. A lesão renal crônica (LRC) é caracterizada por uma
redução lenta e progressiva da função renal que se mantém por
períodos variáveis, resultando na inabilidade dos rins em exercer
suas funções básicas. O transplante renal é a modalidade de
tratamento substitutivo que promove uma melhor qualidade de
vida e que permite ao paciente levar uma vida bem próxima da
normalidade. Objetivou-se avaliar os pacientes renais que se
preparam para a inclusão na lista de transplante. Método. Estudo
documental de natureza quantitativa, realizado em um hospital
público terciário situado em Fortaleza–CE, referência em
transplante renal. A amostra foi composta por 120 pacientes que
não estão cadastrados na central de transplante, e que são
acompanhados no ambulatório do referido hospital. Os dados
foram coletados no período de julho de 2013. O estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados. Dentre
os pacientes estudados, 57,5% eram do sexo masculino, com
idade entre 44 a 53 anos (29,2%), com companheiro, com peso
entre 41 a 60 quilos e possuíam condições habitacionais
adequadas. A avaliação dos pacientes renais que não estão ativos
na lista para transplante revelou uma média de um a dois anos
para estarem aptos à realização do transplante (41,7%), e que a
maioria estava em tratamento dialítico entre três a cinco anos
(25,8%). Os pacientes procedentes do interior do estado
constituem a maior parcela dos participantes deste estudo
(63,3%). Dentre os pacientes não ativos em lista, 49,2%% não
tinham ocupação formal e 26,7% possuíam ensino fundamental
incompleto. Entre as principais pendências para a inclusão destes
pacientes em lista destacam-se: avaliação cardiológica (32,5%),
endoscopia digestiva (31,7%) e parecer odontológico (30%).
Conclusão. O fato da maioria dos pacientes não inscritos em lista
ser procedente do interior do Estado prolonga consideravelmente
o tempo de preparação por precisarem se deslocar até a capital
para a realização dos exames e consultas. A maior pendência no
preparo destes pacientes, foi o parecer cardiológico devido à
dificuldade no agendamento das consultas dos usuários do
Sistema Único de Saúde. Outra dificuldade neste processo
preparatório é a longa espera na realização da endoscopia
digestiva alta que está diretamente relacionada à dinâmica dos
serviços públicos de saúde.
TLP: 133
Glomerulopatia Membranosa Pós-Transplante Renal
54
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
Autor(es): Artur Quintiliano Bezerra da Silva (da Silva AQB),
Mastroianni Kirsztajn G, de Sandes TV
UNIFESP
Introdução: A glomerulopatia membranosa (GNM) é uma das
causas mais comuns de síndrome nefrótica (SN) na população
adulta, correspondendo a cerca de 20% dos casos.
Pouco se sabe sobre o comportamento dessa doença quando se
desenvolve após o transplante renal, relatando-se incidência
variável, na dependência da definição utilizada (histológica ou
clínica e histológica) e do tipo de doença glomerular nos rins
nativos.
Métodos: Estudo retrospectivo de GNM pós-transplante renal
(pTxR) em um centro de transplante renal, onde 11525
transplantes já foram realizados. Foram avaliados os prontuários
dos pacientes no período de janeiro/1983 a janeiro/2014, sendo
encontrados 33 casos (0,28%) de GNM pTxR.
Resultados: Predominaram pacientes do sexo masculino (54,5%),
96,7% tinham hipertensão, 9,1% diabetes, 51,5% dislipidemia,
36,3% função retardada do enxerto, 21,1% rejeição aguda celular,
não havendo rejeição humoral. A sobrevida média do enxerto foi
de 103 meses (m) e 106m entre aqueles que perderam o enxerto
(9/33). O tempo médio para detecção da primeira proteinúria foi de
48m e para o diagnóstico de GNM pTxR foi 58m, através de
biópsia do enxerto. Em 11 pacientes, a GNM era secundária (HCV,
HBV, LES, neoplasia). Recorrência primária, glomerulopatia “de
novo” primária, recorrência secundária e “de novo” secundária
corresponderam a 30,3%, 36,36%, 6,1% e 27,3%,
respectivamente. Os antígenos leucocitários humanos (HLA) mais
comuns foram: A2 (54%), B35(37,5%) e DR11 (37,5%).
Desenvolvimento de GNM pTxR ocorreu em pacientes com
diferentes esquemas de imunossupressão para transplante.
Conclusão: No presente estudo, perda do enxerto não foi comum
ao longo do seguimento; o início da proteinúria foi mais tardio do
que em relatos prévios (48m vs. 10 m) e síndrome nefrótica não
correspondeu à principal manifestação inicial (como usualmente
descrito). Diagnosticou-se recorrência em 36,4% (uma frequência
superior à de relatos prévios), independentemente do esquema
imunossupressor utilizado. Análises adicionais estão em
andamento para definir melhor o perfil desse grupo de pacientes e
peculiaridades da sua evolução.
TLP: 134
Experiência de um centro de transplantes de alto volume
em biópsias de enxerto renal
Autor(es): Michele Andraus, Cahuê Henrique M. C. Pinto,
Carolina Muniz Schaff, Luciana Wang Gusukuma, Tainá Veras
de Sandes Freitas, Marcello Fabiano de Franco, Hélio Tedesco
Silva Junior, José Osmar MedinaPestana
Hospital do Rim / Fundação Oswaldo Ramos
Introdução: A biópsia de enxerto renal (BxR) constitui o padrão
ouro para o diagnóstico, prognóstico e tratamento das patologias
renais após o transplante. Este estudo descreve a experiência de
um centro transplantador que realiza mais de 1.000 biópsias de
enxerto renal por ano.
Material e métodos: Estudo retrospectivo que avaliou todas as
BxR realizadas entre março/11 e maio/13 em um único centro,
procedimento praticado com agulha automática de 18 gauge,
padronizado e realizado por um número restrito de profissionais
treinados. Foram descartadas as BxR cujo registro de adequação,
diagnóstico ou complicação estavam incompletos. Foram
consideradas satisfatórias as amostras _ 7 glomérulos e _ 1 vaso.
Resultados: No período citado, foram realizadas 2365 BxR e 1531
foram analisadas: 34 BxR protocolares e 1497 BxR por indicação.
Destas, 2% foram guiadas por ultrassonografia. Os pacientes
eram predominantemente homens (65%), jovens (média de 41
anos, variando de 5 a 75 anos), sendo 1102 (72%) receptores de
transplante com doador falecido. 3% dos pacientes estavam
usando AAS. As principais indicações foram disfunção aguda do
enxerto (43%), função tardia do enxerto (23%), controle de
tratamento de rejeição aguda (18%) e função insatisfatória do
enxerto (7,8%). A incidência de rejeição aguda nas indicações
citadas acima foi 44, 42, 69, e 39%, respectivamente.
Imunofluorescência foi realizada em 20% dos casos. 72% das
amostras foram satisfatórias e 3,6% apresentaram complicações:
hematúria (44 casos, 80%), reação vaso-vagal (8 casos, 15%),
hematoma com necessidade de abordagem cirúrgica (2 casos,
4%), e óbito (1 caso, 2%). A análise univariada mostrou que
nenhuma das variáveis demográficas, a indicação, a adequação, o
uso de AAS e a modalidade (guiada ou não guiada por US) não
estiveram relacionados a maior risco de complicações.
Conclusão: A experiência do centro mostrou que o procedimento
de BxR foi efetivo em obter amostras adequadas, com baixa
incidência de complicações. Nenhuma das variáveis testadas
esteve associada a maior incidência de complicações.
TLP: 135
Avaliação de biópsias protocolares de enxerto renal em
pacientes submetidos a conversão de tacrolimo para
sirolimo três meses após o transplante
Autor(es): Tainá Veras de Sandes-Freitas, Claudia Rosso Felipe,
Erika Fernandes Campos, Maria Gerbasi de Lima, Maria
Fernanda Soares, Marcello Fabiano de Franco, Hélio Tedesco
Silva, José Osmar Medina-Pestana
Hospital do Rim / Fundação Oswaldo Ramos / Universidade
Federal de São Paulo- UNIFESP
Introdução: É elevada a incidência de rejeição subclínica (RSC)
em regimes baseados em ciclosporina e seu tratamento associase a melhores desfechos clínicos e histológicos. No entanto, a
incidência de RSC em regimes contendo tacrolimo (TAC) em
concentrações convencionais é reduzida e não parece haver
benefício na identificação e tratamento desses episódios. Não há
evidências sobre a incidência de RSC em regimes baseados em
TAC em concentrações reduzidas (TACred), e qual o impacto
histológico da eliminação de TAC em pacientes expostos a
TACred.
Objetivos: Avaliar os achados histológicos de biópsias
protocolares (BxP) e a pesquisa de anticorpos específicos contra o
doador (D.S.A) de pacientes recebendo imunossupressão
baseada em TACred, com conversão para sirolimo (SRL) três
meses após o transplante renal (TxR).
Metodologia: Foram avaliadas as BxP de tempo zero (T0), mês 3
(M3) e 24 (M24) e a pesquisa D.S.A de 169 receptores de TxR, os
quais receberam TACred (5-7ng/mL), prednisona e micofenolato,
com conversão para SRL no M3 (grupo SRL) ou manutenção com
TACred (grupo TAC).
Resultados: Dos 169 pacientes incluídos, 140 foram analisados no
M3. A população consistiu predominantemente de homens (65%),
jovens (44 anos), receptores de TxR com doador vivo (55%), de
baixo risco imunológico (PRA 1,6%, MM 3). A média da
concentração de TACred no M3 foi 6ng/mL. A incidência de RSC foi
8,6%, com predomínio de infiltrados borderline (58%). No mês 24,
apenas 1 paciente (grupo SRL) apresentava RSC (infiltrado
borderline). Cinco pacientes (4 do grupo SRL e 1 do grupo TAC)
apresentaram episódio de rejeição aguda (RA) após o M3. As
lesões de fibrose intersticial e atrofia tubular (FIAT) predominaram
no grupo SRL (69 vs. 44%, p 0,022) e foram mais severas. Apesar
de não estatisticamente significante, uma maior proporção de
pacientes no grupo SRL desenvolveu D.S.A no mês 24 (19 vs. 7%).
Não houve benefícios da conversão com relação à taxa de filtração
glomerular (61,5 vs. 67,8 mL/min, p=NS), e o grupo SRL
apresentou maior incidência de proteinúria (59,6 vs. 25%, p
=0.001).
Conclusões: A incidência de RSC em pacientes recebendo regime
com TACred não foi desprezível, mas com predomínio de
infiltrados borderline, cujo significado é incerto . Os pacientes
convertidos para SRL apresentaram maior incidência de FIAT, com
lesões mais severas. A maior incidência de D.S.A pós transplante e
maior incidência de RA pós conversão pode justificar esse achado.
TLP: 136
Doença Mineral Óssea no Transplante Renal
Autor(es): Ana Elisa Souza Jorge, André de Sousa Alvarenga,
Gerson Marques Pereira Junior, Carlos Rafael de Almeida
Felipe, Rafaelle Cristine Batista de Oliveira, Soraia Cristina
Cantini, Marcelo Tavares de Souza, Brenda de Sá Senna
Prates, Marcelo Mageste Rodrigues, Sarah de Castro
Santa Casa de Belo Horizonte
INTRODUÇÃO: A doença mineral óssea (DMO) após o
transplante renal (Tx) é uma complicação frequente, complexa e
muitas vezes negligenciada. Está relacionada à DMO pré-Tx, ao
uso de imunossupressores e à função do enxerto. O objetivo deste
estudo foi avaliar a evolução dos níveis séricos de paratormônio
(PTH), cálcio total (Ca) e fósforo (P) no primeiro ano pós-Tx e suas
correlações.
MÉTODOS: Foram selecionados pacientes transplantados renais
entre 2009 e 2013 que possuíam medidas Ca, P e PTH pré e póstransplante. Foram realizadas análises de regressão linear e
coeficiente de Spearman para avaliar a associação entre essas
variáveis. Foram utilizados também teste-t pareado e nãopareado, Wilcoxon e Man Whitney.
RESULTADOS: Foram avaliados 39 pacientes com média de
idade de 43 anos, sendo 56% do sexo feminino e 77% de
transplantes com doador falecido. Antes do Tx, 53,8% dos
pacientes apresentavam PTH > 300 pg/ml. No primeiro ano pósTx, 17,9% dos pacientes apresentavam hipercalcemia, 17,1%
hipofosfatemia, 68% mantinham PTH acima do valor de referência
(hiperparatireoidismo residual) e o RFGe médio (CKD-EPI) foi de
52,2 ml/min/1,73m².
No pós-Tx houve redução estatisticamente significativa dos níveis
de PTH (PTHpré-tx=340,8 vs PTHpós-tx= 91,6) e P séricos (Pprétx= 5,2 vs Ppós-tx= 3,0). Já os níveis de Ca foram
significativamente maiores (Capré-tx= 8,6 vs Capós-tx=9,3).
Os níveis de PTH pré-Tx correlacionaram-se, no pós-transplante,
diretamente com os níveis de PTH (p=0,001) e inversamente com
os níveis de P (p=0,004). Não houve relação do PTH pré-Tx com o
Ca e RFGe pós-Tx. Outro achado importante foi que níveis
maiores de P pré-Tx se associaram a menor RFGe pós-Tx
(p=0,03).
Houve forte correlação entre a calcemia e o PTH no pós-Tx
(p=0,001), sendo que os pacientes hipercalcêmicos apresentaram
níveis de PTH significativamente maiores do que os
normocalcêmicos (PTHCa>10,1=232,9 vs PTHCa<10,1 = 75,8).
Já o P e PTH pós-Tx se relacionaram de forma inversa, também
com significância estatística (p=0,008).
CONCLUSÃO: Este trabalho evidenciou que o
hiperparatireoidismo persistente pós-transplante foi frequente e
muitas vezes associado à hipercalcemia e hiperfosfatemia. Além
disso, observamos também que a hiperfosfatemia pré-transplante
relacionou-se com menor RFGe no primeiro ano pós-transplante.
TLP: 137
Como poderíamos monitorar os anticorpos anti-HLA no pós
transplante renal.
Autor(es): Erick Acerb Barbosa, Renata Souza, Fabiana Agena,
Gabriella Maciel, Patricia Souza, Hélcio Rodrigues, Elias DavidNeto, Maria Cristina Ribeiro de Castro
INTRODUÇÃO: O objetivo do estudo foi avaliar através de
técnicas muito sensíveis a presença e a cinética dos anticorpos
anti-HLA antes e após o transplante renal e sua influência no
aparecimento e na gravidade de episódios de rejeição aguda.
MÉTODOS: Este é um estudo prospectivo, observacional onde
foram avaliados 1350 soros de 150 pacientes. Esses pacientes
foram acompanhados durante um período de 12 meses após o
transplante ou até a perda do enxerto. Foram utilizados soros para
pesquisa de anticorpos anti-HLA isotipo IgG pela técnica do
Luminex® e tipagem HLA classe I para locci A, B e C e classe II
para os locci DR e DQ.
RESULTADOS: Foram estudados 82 pacientes do gênero
masculino e 68 do gênero feminino, com idade média de 46,4
anos. A idade média dos doadores foi 43,6 anos. Noventa e nove
pacientes receberam rins de doadores falecidos sendo, 45,5%
sensibilizados, e 51 receberam rim de doadores vivos sendo,
29,5% sensibilizados. Entre os não sensibilizados pré-transplante,
a taxa de rejeição aguda foi mais baixa (13,5% x 36,4%) p=<0,001
e o aparecimento de anticorpos doador específico (ADE) de novo
ocorreu somente em 2,2%. Os pacientes que transplantaram com
ADE tiveram OR 2,7 para rejeição aguda. O MFI-ADE do pré-
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
55
transplante dos pacientes que rejeitaram foi igual ao dos que não
rejeitaram (p=0,458). Os pacientes que apresentaram rejeição
tiveram um aumento do nível de MFI médio de 22% entre o prétransplante e o 7° PO e os que não apresentam rejeição tiveram
um descenso médio de 28%. Quanto maior a queda do MFI ao
longo do 1ª ano menor foi a creatinina sérica ao final de 1 ano
(p=0,053). Encontramos fatores que aumentaram o risco de
elevação do MFI-ADE ao longo do transplante: ser mulher
(OR=19,7), gestação prévia (OR=4,6), transfusão de sangue
(OR=3), rim de doador falecido (OR=3,4) e retransplante
(OR=1,5). Pacientes que não desenvolveram RAMA tiveram
melhor função renal pela fórmula MDRD (p=0,0245).
CONCLUSÃO: A monitorização frequente e prospectiva dos
anticorpos anti-HLA no pós-transplante renal é importante e pode
identificar os pacientes com maior risco para rejeição. Não
encontramos evidências de benefício na monitorização rotineira
dos anticorpos anti-HLA em pacientes não sensibilizados porém
os sensibilizados se beneficiaram da monitorização frequente
especialmente no primeiro mês.
TLP: 138
Análise não invasiva da expressão de genes relacionados à
rejeição aguda em pacientes estáveis submetidos à
biópsias protocolares no terceiro mês pós-transplante renal
Autor(es): Gabriel Joelsons, Tuany Domenico, Rosangela
Munhoz Montenegro, Fernanda Almeron, Barbara Alemar,
Cleandra Gregorio, Roberto Ceratti Manfro
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Introdução: A rejeição do transplante renal pode ocorrer de forma
sub-clínica (RSC), sem que haja alteração de sua função, esse
tipo de rejeição pode ser determinante da função e sobrevida em
longo prazo.
Objetivo: Avaliar a incidência de RSC no terceiro mês póstransplante e avaliar biomarcadores moleculares não invasivos de
RSC.
Pacientes e Métodos: Pacientes transplantados renais
sequenciais com função renal estável foram avaliados com biópsia
protocolar no 3º mês pós-transplante. As análises histopatológicas
foram interpretadas de acordo com Banff 2007 e incluíram
avaliação imunohistoquímica anti-C4d e anti SV-40. A expressão
do mRNA no sangue periférico foi avaliada por qPCR para os
genes Perforina, TIM3, FOXP3, CD138, CTGF e TGF-_.
Resultados: Foram avaliados 110 pacientes receptores de
transplante renal. Nas análises histopatológicas observou-se: (1)
alteração borderline do enxerto renal em 28 pacientes (25,5%); (2)
rejeição aguda do tipo Banff IA em 4 pacientes (3,6%); (3) IFTA leve
em 14 pacientes (12,7%); (4) necrose tubular aguda em 7 casos
(6,4%); (5) nefrotoxicidade por inibidores de calcineurina em 1
caso (0,9%); (6) marcação positiva para anti-SV40 em um caso
(0,9%) e (7) 55 biópsias (50%) foram consideradas normais.
Comparados aos pacientes sem rejeição os com rejeição aguda,
incluindo aqueles com rejeição borderline, apresentaram
medianas dos níveis de mRNA no sangue significativamente
elevados para os genes Perforina (3,01 x 0,47; P=0,024), TIM3
(1,67 x 0,52; P=0,029), FOXP3 (1,46 x 0,54; P=0,03) e CTGF (1,48
x 0,38; P=0,042). Os genes de CD138 e TGF-B não demonstraram
diferenças significativas nas comparações.
Conclusões: Nesta série, a realização da biópsia protocolar no 3°
mês pós-transplante evidenciou alterações sub-clínicas em
elevada porcentagem dos pacientes. As análises moleculares de
amostras não invasivas se mostraram ferramentas potenciais no
auxílio ao diagnóstico de rejeição em pacientes com função renal
estável. Estas alterações podem estar relacionadas a desfechos
desfavoráveis na evolução dos casos em médio ou longo prazo e
reforçam a necessidade do desenvolvimento de biomarcadores
não invasivos acurados que auxiliem na individualização da
terapia em pacientes transplantados renais.
TLP: 139
Neurotoxoplasmose em paciente transplantado renal
Autor(es): KARINA LITCHTENEKER, AMANDA CAROLINA
56
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
DAMASCENO ZANUTO, MARIANA ESPIGA MAIOLI, ANUAR
MICHEL MATNI, VINICIUS DAHER ALVARES DELFINO, ABEL
ESTEVES SOARES, LUIZ FERNANDO KUNII
INSTITUTO DO RIM DE LONDRINA
Paciente feminina, 47 anos, hipertensa e dislipidemica,
transplantada renal há 10 anos devido à glomerulonefrite crônica.
Usava micofenolato de mofetil, prednisona e sirolimo. Admitida no
hospital com quadro de cefaleia em região frontal há 1 mês que
evoluiu com hemiparesia esquerda durante o internamento.
Tomografia de crânio inicial mostrou lesão expansiva com efeito
de massa e captação anelar de contraste na região frontoparietal
subcortical à direita e gânglios da base. Inicialmente recebeu
ceftriaxona e metronidazol por 14 dias, devido à suspeita de
abscesso, que depois foi substituído por anfotericina B lipossomal;
sem melhora dos sintomas. Foi então submetida à biópsia
cerebral. Anátomo patológico revelou ausência de neoplasia
linfoproliferativa e pesquisa de agente etiológico inconclusiva;
iniciou tratamento com sulfadiazina, pirimetamina e ácido
folínico,sendo substituído por clindamicina pelos efeitos
gastrointestinais. Evoluiu com leucopenia; mantido tratamento
apenas com clindamicina; apresentando melhora significativas
das lesões cerebrais e recuperação da força no dimídeo
esquerdo. Discussão: As duas formas mais comuns de
apresentação da neurotoxoplasmose nos imunodeprimidos são a
(meningo) encefalite e a lesão focal; esta última encontra-se
frequentemente nos doentes com aids, enquanto nos
transplantados predomina a primeira; diferente do caso exposto.
Observa-se que a infecção primária pelo Toxoplasma gondii nos
casos relatados na literatura ocorreram predominantemente no
primeiro mês após o transplante (entre o 150 e o 260 dias); já a
reativação da toxoplasmose pode se manifestar mais tardiamente.
Nesse relato apresentava Sorologia de Toxoplasmose IgG 1/4000
E IgM Não Reagente pré transplante. Obseva-se na literatura que
o número de maior descrição ocorre de forma aguda; nesses
pouco mais de 30 casos descritos na literatura, cerca de 18
evoluíram a óbito (56%). Conclusão: A neurotoxoplasmose é
infecção oportunista comum nos pacientes imunossuprimidos por
Síndrome da Imunodeficiência Humana, porém é incomum em
outras formas de imunossupressão, como nos transplantados de
órgãos sólidos. Alto grau de suspeição é necessário para instituir o
tratamento empírico nos casos de lesão expansiva e
frequentemente, devido o diagnóstico diferencial com neoplasia e
piora clínica, a abordagem cirúrgica faz-se necessária.
TLP: 140
TRANSPLANTE RENAL SEM TERAPIA
IMUNOSSUPRESSORA DE MANUTENÇÃO POR 30 ANOS RELATO DE CASO
Autor(es): AMANDA CAROLINA DAMASCENO ZANUTO,
KARINA LITCHTENEKER, MARIANA MAIOLI ESPIGA, ANA
MARIA EMRICH, ANUAR MICHEL MATNI, ABEL ESTEVES
SOARES, VINICIUS DAHER ALVARES DELFINO, LUIZ
FERNANDO KUNII
INSTITUTO DO RIM DE LONDRINA
INTRODUÇÃO: O transplante renal é um tratamento possível para
pacientes com insuficiência renal crônica (IRC) devido aos
crescentes avanços da terapia imunossupressora, já que uma das
principais barreiras ao sucesso dos transplantes é a rejeição. Os
protocolos de imunossupressão preconizam esquema tríplice de
drogas ou, no mínimo, duplo se pacientes com HLA idêntico.
Relatamos o caso de paciente transplantado há 30 anos, sem
terapia imunossupressora de manutenção há 29 anos, mantendo
função do enxerto próxima do normal. DESCRIÇÃO DO CASO:
Homem negro de 56 anos, com diagnóstico de hipertensão arterial
(HA) severa e IRC aos 26 anos e necessidade imediata de
hemodiálise (HD). Em 1983, dez meses após início da HD, foi
submetido a transplante renal, cujo doador foi seu irmão de 23
anos, HLA idêntico. Mantido sob terapia imunossupressora de
manutenção com azatioprina e prednisona, além de antihipertensivos, após um ano do transplante, o paciente abandonou
o seguimento ambulatorial e só retornou 19 anos depois (20 anos
após o transplante) devido a HA de difícil controle. Foi detectado
que por este período, o paciente permaneceu sem terapia
imunossupressora e, surpreendentemente, a função do enxerto
renal estava pouco comprometida, com creatinina de 1,7 mg/dL.
Optou-se por mantê-lo sem a terapia imunossupressora e
realizou-se ajuste do esquema anti-hipertensivo. Em dezembro de
2013, este transplante completou 30 anos e o receptor permanece
clinicamente bem, com creatinina de 1,5 mg/dL. O doador faleceu
há 3 anos, por infarto agudo do miocárdio. DISCUSSÃO: A terapia
imunossupressora ideal está diretamente ligada ao sucesso do
transplante renal e, portanto, nenhum centro transplantador tem
em seus protocolos esquemas sem terapia de manutenção. Na
literatura, são descritos casos de pacientes sem terapia de
manutenção quando o transplante de rim foi realizado após
transplante de medula óssea ou após terapias de indução a
tolerância imune, ambas ainda em estudo. Os fatores que podem
ter sido relevantes para a tolerância tão prolongada ao enxerto
renal são, além do HLA idêntico, a ausência sensibilização prévia
do receptor e a não ocorrência de episódios de rejeição aguda.
Esses fatores, somados a má adesão terapêutica do receptor e a
conduta da equipe em manter o paciente sem imunossupressão,
permitiu a observação deste caso peculiar. Provavelmente, há
fatores desconhecidos ligados a imunidade do receptor que
também interferiram neste quadro.
TLP: 141
Perfil de Segurança do Estudo de Conversão planejada do
imunossupressor Tacrolimo para Sirolimo em receptores de
transplante renal.
Autor(es): Maria Júlia Pereira Félix, Cláudia Rosso Felipe, Hélio
Tedesco Silva, José Osmar Medina Pestana
Hospital do Rim - Universidade Federal de São Paulo
Introdução: Atualmente, conversão dos inibidores de calcineurina
para inibidores de mTOR é utilizado para melhorar a função renal.
Este estudo deseja avaliar a segurança e tolerabilidade em
transplantados renais que experimentaram esta estratégia.
Métodos: Realizou-se análise prospectiva do estudo aberto que
randomizou pacientes tratados até 3 meses com tacrolimo (TAC) e
micofenolato (MPS) e foram reavaliados para converterem para
sirolimo (SRL) e MPS ou manter o regime inicial. Todos os eventos
adversos, com incidência > 5%, e parâmetros laboratoriais foram
avaliados conforme Common Terminology Criteria for Adverse
Event (medDra) v.4.0. por 24 meses.
Resultados: Dos 169 pacientes randomizados, 160 chegaram ao
mês 3 (3 óbitos, 5 perdas do transplante, 1 retirada do
consentimento). Apenas 119 pacientes tiveram critérios para
intervenção: 60 converteram para SRL; 59 mantiveram com TAC e
41 não conseguiram seguir o plano de conversão devido: rejeição
aguda prévia (54%), eGFR<40 mL/min (19%),
proteinuria>0,5g/dia (12%), interrupção do tratamento com TAC e
MPS (10%) ou complicações cirúrgicas (2%).Dos 1488 eventos
adversos reportados até o mês 24, 628 (42%) ocorreram antes da
conversão. Após a conversão, 313 eventos ocorreram no grupo
SRL vs. 272 no grupo TAC. Eventos incluídos em desordens
gastrointestinais e infecções foram mais frequentes na préconversão (66%;61%) e pós-conversão (Gr SRL:68% vs.
Gr.TAC:58%,p=0,23; Gr.SRL:73% vs. Gr.TAC:71%,p=0,79),
respectivamente. Ocorreram diferenças entre os grupos, em
eventos como aftas (28 vs. 0%,p=0<0,05) e dermatites (15 vs.
3%,p=0<0,05) que foram frequentes no SRL e dores em membros
superiores (3 vs. 14%,p=0<0,05) e doença hemorroidária (0 vs.
6%,p=0<0,05) mais frequentes no TAC. Os níveis de colesterol
(226±51 vs. 184±55 mg/dL,p=0<0,05) e triglicérides (248±209 vs.
181±130mg/dL,p=0<0,05) foram elevados no grupo SRL no mês
24. Quatro pacientes descontinuaram do grupo SRL devido: (1)
nefropatia por polioma BKV, (1) transplante de pâncreas (1)
Glomeruloesclerose Segmentar Focal e (1) perda de seguimento.
E quatro do grupo TAC devido: (2) neoplasias, (1) diarreia, e (1)
transplante de pâncreas.
Conclusão: Concluiu-se que (1) 26% dos pacientes não foram
capazes de converterem para o grupo SRL; (2) após a conversão,
97% dos pacientes mantiveram o mesmo regime; (3) exceto por
dislipidemia, afta e dermatite nenhum outro evento afetou o perfil
de segurança relacionado ao SRL nessa análise.
TLP: 142
Relato de Caso: Tuberculose Endobrônquica Simulando
Neoplasia de Pulmão.
Autor(es): Dal Molin, C.Z., Riella, M.C., Contieri, F.L.C., Bignelli,
A.T., Gordon, G.E.M., Hokazono, S.R., Soares, M.F., Lourenço,
J.V., Martins, L.F.N.P.
Hospital Universitário Evangélico de Curitiba; Fundação PróRenal de Curitiba
Introdução: A tuberculose endobrônquica (TE) é caracterizada por
um processo inflamatório da árvore traqueobrônquica, sendo
incomum em adultos, com predomínio feminino e relacionada à
forma pulmonar primária. Relatamos um caso de TE em
população imunossuprimida específica (transplante renal), com
manifestações clínicas e broncoscópicas peculiares,
assemelhando-se à neoplasia pulmonar. Caso: Paciente
feminina, 29 anos, transplantada renal em 1999, com disfunção
crônica do enxerto. Procura atendimento por quadro de 5 dias de
febre noturna e diarréia. Recebeu antibioticoterapia por 5 dias com
melhora da diarréia, porém persistiu com febre (noturna, de até
39°C) e queixa de inicio de tosse seca há 1 dia. Histórico de quadro
semelhante (diarréia e tosse) há 2 meses. Exame físico
hipocorada, restante sem alterações. Laboratório: Hb 9,8 g%,
leucócitos 12.600/mm3 , plaquetas 257.000/mm3, VHS 105 mm,
PCR 117 mg/L, Cr 3 mg/dL, Ur 89 mg/dL. RX de tórax sem
alterações. Evoluiu com febre noturna diária, tosse produtiva, dor
torácica e dispnéia. Solicitada tomografia (TC) de tórax,
evidenciando nódulo pulmonar na região peri-hilar direita de
35x29mm e broncoscopia mostrou lesão endobrônquica
vegetante-infiltrativa em nível da porção inicial de brônquio
principal direito, sugestivo de neoplasia. Submetida a biópsias e
coletado LBA, com pesquisa de Bacilos Álcool Ácido Resistentes
positiva (+), compatível com análise histológica de biópsia
endobrônquica (BAAR em meio a tecido de granulação
exuberante, com padrão atípico de reação tecidual e ausência de
padrão de neoplasia). Discussão: TE ocorre em 5-40% dos casos
ativos de TB pulmonar, entretanto é subdiagnosticada, já que os
achados clínicos podem ser inespecíficos e a radiografia de tórax
pode não evidenciar alterações. A fisiopatogenia envolve
extensão direta de um foco parenquimatoso, migração de bacilos
de escarro infectado, disseminação hematogênica, erosão de um
linfonodo bronquial e disseminação linfática. Classificada, por
Chung e Lee, em caseosa, edemato-hiperêmica, fibro-estenótica,
tumoral, granular, ulcerativa e bronquítica não específica. Os
quatro primeiros têm pior prognóstico, devido a estenose
brônquica. O caso em questão aponta TE tumoral, cujo
prognóstico é o mais grave e imprevisível. Deve ser considerada
como diagnóstico diferencial em pacientes jovens,
imunossuprimidos ou não, com queixa de tosse, sem evidências
de alterações em RX, confirmado através de TC de tórax e
broncoscopia com biópsia.
TLP: 143
Complicações de ferida operatória em receptores de
transplante renal recebendo everolimo (EVR) de novo.
Autor(es): Priscilla Sayuri Ueno , Marina Pontello Cristelli, Pedro
Guilherme Coelho Hannun, Claudia Rosso Felipe, Hélio
Tedesco Silva, José Osmar Medina Pestana
Hospital do Rim, Universidade Federal de São Paulo
Introdução: O uso de novo de EVR foi associado a um grande
número de eventos adversos relacionados à cicatrização de
feridas (EAFO). Este estudo avaliou especificamente EAFOs
dentro de um estudo prospectivo randomizado comparando o uso
de EVR e micofenolato sódico (MPS) associados ao tacrolimo
(TAC) em receptores de transplantes renais de novo.
Metodologia: Neste estudo prospectivo, randomizado e de centro
único, 288 receptores de transplante renais randomizados para:
(G1, N = 85) dose única de globulina antitimócito (3 mg/kg),
exposição reduzida a TAC (TAC < 5 ng/ml), EVR (4-8 ng/mL ) e
prednisona; (G2, N = 102) basiliximabe , exposição reduzida a
TAC (6 ng/ml, durante 3 meses, em seguida,<5 ng/mL em diante),
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
57
EVR (4-8 ng/ml) e prednisona; (G3, N=101) basiliximabe, TAC (6-8
ng/ml) , MPS (1.440mg/dia) e prednisona. Todos os fármacos
foram iniciados em 24 horas da revascularização do enxerto.
Todos os 12 cirurgiões envolvidos não estavam cientes do estudo
e, portanto, não foram aplicados quaisquer procedimentos
cirúrgicos específicos. Uma avaliação de ultra-som do enxerto foi
realizada em todos os pacientes que chegaram a 30 dias de
transplante para capturar anormalidades subclínicas.
Resultados: Não houve diferença nas principais características
demográficas. As concentrações médias de EVR no dia 7 foram de
4,1 ± 1,3 no G1 e 4,0 ± 1,4 ng/ml no G2. Não houve diferença na
incidência de pacientes com pelo menos um EAFO (28 vs 35 vs 25
% , p = 0,246), ou na incidência daqueles EAFOs que necessitam
de re-intervenção cirúrgica (13 vs 13 vs 12 %, p= 0,972). O número
total de eventos foi maior em G2 (35 vs 61 vs 42) . Os eventos mais
frequentes foram linfocele (16 vs 25 vs 12%), hérnia incisional (6 vs
11 vs 2%) e fístula urinária (6 vs 7 vs 7%). O ultra-som foi realizado
em 96% dos pacientes. Entre os pacientes sem EAFO anterior,
achados específicos foram observados em 13%, 11% e 4% dos
pacientes do G1, G2 e G3, respectivamente, em sua maioria
pequenas coleções.
Conclusão: Nesta análise rigorosa, envolvendo 12 cirurgiões
cegos, a proporção de pacientes com qualquer EAFO foi
comparável em pacientes recebendo EVR ou MPA, embora o
número total de eventos pareça ser maior em pacientes do G2.
TLP: 144
Eficácia e Segurança da conversão eletiva de sotrastaurina
(STA) para tacrolimo (TAC) ou micofenolato (MPS) em
receptores estáveis de transplante renal
Autor(es): Pedro Guilherme Coelho Hannun, Claudia Rosso
Felipe, Hélio Tedesco Silva, José Osmar Medina Pestana
Hospital do Rim, Universidade Federal de São Paulo
Introdução: Estudos recentes mostram que a interrupção eletiva
de fármacos imunossupressores acarreta em um risco intrínseco e
imprevisível de ocorrência tanto de rejeição aguda quanto de
eventos adversos.
Objetivos: Este estudo teve como objetivo avaliar a eficácia e
segurança da modificação na terapia imunossupressora em
transplantados renais estáveis previamente tratados com STA
após o desenvolvimento de este fármaco ter sido prematuramente
interrompido.
Métodos: Este foi um estudo prospectivo que incluiu 38 pacientes
transplantados renais estáveis anteriormente envolvidos em
ensaios clínicos com STA. A coorte 1 consistia de nove pacientes
que recebiam TAC , STA e prednisona e que foram convertidos de
STA para MPS. A coorte 2 consistiu de 29 pacientes que recebiam
EVR, STA e prednisona e que foram convertidos de STA para TAC.
Resultados: No grupo 1, as concentrações de TAC corrigidas pela
dose dos pacientes convertidos de STA para MPS diminuíram na
primeira semana após a conversão em relação aos valores basais
(1,5±0,9 vs 2,1±1,1ng/mL.mg, p=0,035),mas nenhuma diferença
foi observado ao final de 12 meses (1,8 ± 0,9 vs 2,1 ± 1,1 ng /mL .
mg , p = 0,261) . Dois pacientes (22%) experimentaram seu
primeiro episódio de rejeição aguda após a conversão (um foi
esteróide-resistente). A dose de MPS foi reduzida ou interrompida
em 44% dos pacientes devido a eventos gastrointestinais. No
grupo 2, na primeira semana após a introdução de TAC, houve
uma diminuição significativa na média das concentrações EVR
(8,6±2,8vs 5,0±1,7 ng/mL,p<0,001), com uma concentração
média de TAC de 9,0±4,8 ng/mL. Observou-se um episódio de
rejeição aguda esteróide-resistente. A conversão foi associada a
uma redução na taxa de filtração glomerular, ao final dos 12 meses
(67,5±16,9 vs 61,0±18,7 mL/min/1.73m2, p<0,001). Dois
pacientes interromperam o uso de EVR (dislipidemia e rejeição
aguda). A incidência de diabetes mellitus pós-transplante foi de
13,8% (4/29).
Conclusão: A interrupção do STA foi associada a alterações
farmacocinéticas significativas das concentrações de TAC e EVR,
devido à sua conhecida interação fármaco-fármaco evidenciando
as dificuldades e a imprevisibilidade de estratégias de conversões
eletivas.
58
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
TLP: 145
UM RARO CASO DE ASCITE EM PACIENTE
TRANSPLANTADO RENAL
Autor(es): Moisés Carminatti, Fernanda de Souza Santana,
Douglas Rodrigues Teixeira, Marcus Gomes Bastos, Fábio
Heleno Pace, Hélady Sanders-Pinheiro
INTRODUÇÃO. A síndrome venooclusiva hepática (SVOH) é uma
complicação rara em pacientes transplantados renais, associada
ao uso dos imunossupressores azatioprina e mais recentemente
ao tacrolimo. Descrevemos o caso de um paciente que
desenvolveu quadro de ascite volumosa, de instalação
progressiva, com diagnóstico histopatológico de SVOH.
DESCRIÇÃO DO CASO. Homem branco de 62 anos, com doença
renal crônica por amiloidose renal, em hemodiálise por 47 meses,
recebeu transplante renal (Tx) de doador vivo relacionado com
imunossupressão com prednisona, tacrolimo e micofenolato
mofetil. Evoluiu com boa função do enxerto sem intercorrências
infecciosas ou imunológicas. Apresentou necessidade de baixas
doses de tacrolimo, tendo ficado com níveis elevados nos
primeiros 3 meses pós Tx. Após 14 meses, desenvolveu em dois
meses ascite, com hepatomegalia discreta e foi internado para
investigação. O padrão laboratorial era de colestase importante, e
o líquido ascítico apresentava características de exsudato e
transudato. A tomografia de abdome mostrou hepatomegalia
heterogênea e veia porta limítrofe, porém a endoscopia digestiva
revelou varizes esofágicas. As culturas do líquido, citologia
oncótica e sorologias (citomegalovírus, Epstein-Barr,
toxoplasmose e hepatites B e C) foram negativas. Adenosina
deaminase do líquido ascítico, ecocardiograma, urina de 24h eram
todos normais. Laparoscopia exploradora revelou fígado alterado
e foi realizada biopsia hepática. A biópsia, negativa para
Vermelho-Congo, revelou importante dilatação sinusoidal, sinais
de hemorragia recente e focos de necrose, com trombose de
vênulas e focos de infiltrado inflamatório misto, compatível com
diagnóstico de SVOH. Iniciamos espironolactona 37,5 mg/dia, e
posterior conversão de tacrolimo para everolimo. Houve
desaparecimento da ascite e hepatomegalia em 4 meses e
atualmente, 9 meses após a suspensão, melhora acentuada da
colestase. DISCUSSÃO. A SVOH é freqüente no preparo para Tx
de medula óssea ou em pacientes em uso de azatioprina. Tem
fisiopatologia semelhante à microangiopatia trombótica renal. A
SVOH relacionada ao uso de tacrolimo é muito rara, o diagnóstico
é feito apenas por biopsia e confirmada pela evolução após a
suspensão do imunossupressor, como observamos no nosso
paciente. A recuperação após a suspensão é lenta. O caso ilustra
a necessidade de investigação criteriosa e eventualmente
invasiva para investigação apropriada da ascite em pacientes
imunossuprimidos.
TLP: 146
Avaliação dos métodos diagnósticos para infecção ativa
por Citomegalovírus em pacientes transplantados renais.
Autor(es): Rodrigo Fontanive Franco, Rosangela Munhoz
Montenegro, Alice Machado, Fernanda De Paris, Jose Miguel
Dora, Denise Menezes, Nadine Claussel, Roberto Ceratti
Manfro.
Programa de pós-graduação em Ciências Médicas. Serviço de
Nefrologia. Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Infecção por Citomegalovírus (CMV) é uma importante causa de
morbimortalidade em pacientes transplantados renais. Seu
diagnóstico é por vezes difícil e os métodos presentemente
utilizados visam à detecção da replicação viral, o que estabelece a
condição de infecção ativa. Entre os métodos diagnósticos para
infecção por CMV estão antigenemia pp-65 e os métodos que
utilizam a amplificação de ácidos nucleicos pela reação em cadeia
da polimerase (PCR). O objetivo deste estudo foi avaliar e
comparar a incidência de infecção ativa por CMV em pacientes
transplantados renais por ambos os métodos, identificando,
assim, a melhor correlação clínico-laboratorial. Trinta pacientes
transplantados renais sequenciais foram incluídos
prospectivamente e tiveram amostras biológicas para as análises
colhidas até o 6º mês pós-transplante. 27 (90%) receberam órgãos
de doadores falecidos, média de idade 42 anos (variação 14-64
anos), 18 (60%) masculinos, 25 (83,33%) caucasóides. Terapia de
indução com anticorpos foi utilizada em 27 pacientes, sendo 11
com globulina anti-timócito (ATG) e 16 com Basiliximabe.
Profilaxia com Ganciclovir foi empregada em 15 pacientes.
Infecção ativa foi caracterizada pela replicação viral detectada por
qualquer dos métodos e doença citomegálica pela presença de
replicação viral e sinais, sintomas ou dados laboratoriais
demonstrando acometimento orgânico. Foram analisadas 240
amostras (média de 8 amostras por paciente). Ambos os testes
identificaram os casos de infecção e doença citomegálica com
igual acurácia. Esses dados demonstram que ambos os métodos
são adequados para o diagnóstico da replicação viral póstransplante renal. A escolha entre um ou outro deve levar em
consideração a demanda, capacidade de execução e custoefetividade em cada instituição. Entretanto, os métodos que
utilizam a amplificação de ácidos nucleicos do DNA viral são
potencialmente mais reprodutíveis e mais sensíveis.
TLP: 147
Avaliação Epidemiológica dos Paciente Transplantados
Renais com Função Retardada do Enxerto: fatores de risco
e evolução
Autor(es): Flávia Carvalho Leão Reis, Marcus Faria Lasmar, Luiz
Flávio Couto Giordano, Heloísa Reniers Vianna, Luis Gustavo
de Freitas Trindade, Flávia Mendes Coelho, Omar Caetano,
Janaína Borborema Aguiar, Euler Pace Lasmar
Hospital Universitário São José
Introdução: Função Retardada do Enxerto (DGF) é uma
complicação muito comum, atingindo 25 a 50% dos receptores de
transplante (Tx) de doador falecido. Constitui-se em fator de risco
para episódios de rejeição aguda, com influência na sobrevida do
enxerto. O objetivo deste trabalho foi analisar a incidência de DGF
no grupo de receptores de transplante renal doador falecido no
Hospital Universitário São José, procurando identificar: fatores de
risco para o desenvolvimento de DGF; impacto na função renal;
incidência de episódios de rejeição e sobrevida do enxerto e do
paciente no período de 01 ano. Material e Métodos: Foram
analisados retrospectivamente os prontuários de 74 pacientes
(pts) submetidos à Tx com doador falecido no período de
novembro de 2008 a maio de 2012. As variáveis estudadas no
receptor foram: idade, sexo, tempo em diálise, etiologia da
insuficiência Renal Crônica (IRC),nível de creatinina e incidência
de rejeição aguda em 1 ano, PRA, retransplante, presença de
DSA, número de mismatches, imunossupressão, sobrevida do
paciente e enxerto no primeiro ano. As variáveis do doador foram:
idade, sexo, causa do óbito, creatinina na retirada e tempo de
isquemia fria. Os receptores foram classificados em 2 grupos: com
DGF (n= 36) e sem DGF (n=38). Resultados: A incidência de DGF
em nosso serviço foi de 48,6% e a principal causa de IRC neste
grupo foi indeterminada (61%). Das variáveis analisadas dos
receptores, apenas o retransplante mostrou-se estatisticamente
relevante como fator de risco para DGF. Na análise das variáveis
dos doadores, tanto a idade quanto a creatinina na retirada foram
estatisticamente diferentes entre os grupos, sendo que idade do
doador acima de 45 anos e creatinina de retirada igual ou maior a
1,5mg/dL foram considerados fatores de risco para o
desenvolvimento de DGF. No seguimento de 1 ano, não houve
diferença estatisticamente significativa entre os grupos nos
parâmetros analisados. Conclusão: A incidência de DGF na nossa
unidade está de acordo com os dados da literatura. Idade do
doador acima de 45 anos, creatinina na retirada igual ou acima a
1,5 mg/dL e retransplante foram considerados fatores de risco
para o desenvolvimento de DGF. Não houve diferença quanto a
sobrevida dos pacientes em 1 ano, o que confirma dados da
literatura. Porém, creatinina do receptor, episódios de rejeição e
sobrevida do enxerto em 1 ano são considerados fatores
influenciados negativamente pela FRE, o que não foi demonstrado
em nosso estudo.
TLP: 148
Nefropatia por IgA recorrente após transplante renal:
tratamento e prognóstico
Autor(es): DIOGO BUARQUE CORDEIRO CABRAL, TAINÁ
VERAS DE SANDES FREITAS, Gianna Mastroianni Kirsztajn,
José Osmar Medina Pestana
UNIFESP
Glomerulonefrites recorrentes após o transplante representam a
terceira causa de perda do enxerto. A nefropatia por IgA (NIgA)
recorre em até 61% dos casos e seu curso clínico e tratamento não
estão definidos. O objetivo deste estudo é descrever as
características clínicas da NIgA recorrente e, pela primeira vez, o
impacto do seu tratamento na sobrevida do enxerto e do paciente.
Nesta coorte retrospectiva, selecionamos 45 pacientes com NIgA
recorrente com proteinúria > 1,0 g/24h ou disfunção devido a
nefropatia, confirmada por biópsia e com seguimento mínimo de 6
meses após o diagnóstico. Para sobrevida, foi considerado
seguimento a partir de um ano. A amostra foi dividida em 3 grupos:
1. sem imunossupressão adicional (7), 2. tratamento com
prednisona < 0,4 mg/kg/dia (6), 3. tratamento com prednisona _
0,4 mg/kg/dia (32) e comparados quanto às características
clínicas e desfechos.
A média de idade foi de 34,1 (± 9,5) anos e o sexo masculino
(68,9%) e a raça branca (72,1%) predominaram. Transplante de
doador vivo ocorreu em 84,4%, com incidência de função tardia do
enxerto e rejeição aguda de 6,7% e 22,7%, respectivamente.
Todos utilizavam imunossupressão com 3 drogas, baseado em
prednisona e inibidores de calcineurina. A NIgA recorreu em 48,3
(± 33,3) meses após o transplante, com proteinúria de 3,4 (± 2,2)
g/24h e disfunção renal, evidenciada pela diferença entre a taxa
de filtração glomerular basal pela fórmula MDRD de 59,1 (± 12,9) e
do momento da biópsia de 44,6 (± 14,0) ml/min/1,73m2. Os 3
grupos são semelhantes, exceto pelo tempo de surgimento da
proteinúria, entre os grupos 1 e 3: 37,2 (± 12,5) e 21,1 (± 14,5)
meses. Quanto ao tratamento, 88,9% utilizaram IECA ou BRA e
46,7% bloqueio duplo, sem diferença significante entre os grupos.
Metilprednisolona EV foi adicionada a 66,7% do grupo 2 e 78,1%
do grupo 3. Ciclofosfamida foi utilizada apenas no grupo 3 (25%).
Os grupos 2 e 3 apresentaram maior remissão parcial (28,6% vs
50,0% vs 53,1%) e menor remissão completa (28,6% vs 16,7% vs
12,5%) da NIgA, mas não estatisticamente significante. A perda do
enxerto pela NIgA ocorreu em 28,9% dos casos, sem diferença
entre os grupos. Grupo 1 apresentou maior sobrevida global do
enxerto (71,4% vs 66,7% vs 56,0%), contudo, não significante.
Apesar da NIgA piorar o prognóstico do rim transplantado, o seu
tratamento com imunossupressão adicional, neste estudo
baseado principalmente em aumento da dose de corticoide,
aparenta não modificar o desfecho.
TLP: 149
Análise Epidemiológica dos Pacientes Transplantados
Renais com Diagnóstico de Doença Citomegálica em um
Hospital Universitário de Belo Horizonte/MG
Autor(es): Flávia Carvalho Leão Reis, Marcus Faria Lasmar,
Luiz Flávio Couto Giordano, Heloísa Reniers Vianna, Luis
Gustavo de Freitas Trindade, Ive Rocha Baia Antunes, Euler
Pace Lasmar
Hospital Universitário São José
INTRODUÇÃO: A doença por citomegalovírus (CMV) refere-se à
infecção aguda sintomática por este vírus e inclui a síndrome CMV
(febre, fadiga, leucopenia ou trombocitopenia e viremia CMV
detectável) e doença CMV invasiva.
OBJETIVO: Avaliar a incidência de doença por CMV em
transplantados renais do serviço de Transplante do Hospital
Universitário São José, estabelecendo o perfil epidemiológico dos
pacientes acometidos. MÉTODO: Estudo retrospectivo com a
inclusão dos pacientes (pts) transplantados renais de
novembro/2008 a janeiro/2013. Em estudo: idade, sexo, doença
de base, tipo de doador, imunossupressão, sorologia CMV de
receptor e doador. Diagnóstico de doença CMV: antigenemia para
CMV > = 1 célula/100000 ou antigenemia negativa com
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
59
demonstração de inclusões citomegálicas em tecidos (doença
invasiva), associado a sintomas.
RESULTADOS: Foram 281 transplantes (tx) no período analisado.
Incidência da doença CMV: 14%. Idade média dos pts: 46 anos,
74% do sexo masculino; 41% causa da IRC desconhecida; 67% tx
doador cadáver; 31% receberam indução (75% com
timoglobulina); 72% era IgG positivo para CMV (com doador IgG
positivo). Foi diagnosticado 01 caso de doença invasiva.
CONCLUSÃO: A incidência de doença CMV encontrada e o risco
aumentado desta doença quando do uso de timoglobulina estão
de acordo com dados da literatura. O fato de a maioria dos pts ter
sorologia CMV positiva reflete a prevalência desta infecção na
população, não podendo concluir a respeito do risco deste status
sorológico para desenvolvimento da doença CMV neste estudo.
TLP: 150
Análise das necessidades odontológicas em pacientes prétransplante renal
Autor(es): Liliane Tassia Assis Nascimento, Alcione Lúcia de
Morais Rímulo, Juliana Rocha Gonçalves, Marcelo Faria
Lasmar, Flávia Carvalho Leão Reis, Marcus Faria Lasmar, Luiz
Flávio Couto Giordano, Heloísa Reniers Vianna, Luiz Gustavo
de Freitas Trindade, Euler Pace Lasmar
FEAD - faculdade de Odontologia
Introdução: A insuficiência renal crônica (IRC) promove alterações
sistêmicas que podem refletir no meio bucal. Alterações no pH
salivar modificam a capacidade de tampão da saliva elevando a
formação de cálculo dentário. Doenças bucais são portas de
entrada de microrganismos para a corrente sanguínea tornandose complicadores do estado de saúde. Mediadores inflamatórios
como a proteína C-reativa, imunoglobulinas produzidas durante as
reações bacterianas no periodonto podem danificar os rins. O
objetivo desse trabalho foi obter dados sobre a condição da saúde
bucal dos portadores de IRC, necessidades de tratamento e meios
para o controle desses pacientes, uma vez que são potenciais
candidatos a transplante. Métodos: Estudo descritivo
retrospectivo incluindo 12 pacientes em avaliação pré-transplante
no Hospital Universitário São José, encaminhados à faculdade de
odontologia FEAD MG. Os dados foram coletados dos prontuários
odontológicos entre junho/dezembro de 2013. Resultados: O
número de dentes ausentes representou 39,2%, cariados 3,9%,
fraturados 2,3%, restaurações satisfatórias 38%, restaurações
insatisfatórias 3,1%, hígidos 52,7% e raiz residual 3,1%. Os
tecidos periodontais foram avaliados por sondagem, exame
clínico realizado através de uma sonda milimetrada que é inserida
no sulco gengival nas 4 faces de cada dente. A medida anotada
corresponde àquela observada da margem gengival até o fundo
do sulco. A profundidade de sondagem prevalente foi de 3mm
(96,3%) considerada normal. Profundidade de 3mm a 5mm
considerada preocupante foram descritas em 6 dos 12 pacientes
(3,5%). Sondagem maior ou igual a 6mm que caracteriza uma
condição da doença periodontal mais evoluída foi detectada em 1
paciente (0,1%). Observou-se cálculo em 121 dentes e retração
gengival em 27. A mobilidade dental foi detectada em 5 dentes.
Dos procedimentos realizados, a raspagem foi a mais prevalente
(37,1%) seguida por restauração (28,5%), exodontia (28,5%) e
prótese (5,7%). Conclusão: O presente estudo trouxe informações
relevantes sobre a condição de saúde bucal desses pacientes,
assim como a prevalência das principais doenças e necessidade
de tratamento. Os cuidados odontológicos são de grande
importância devido à imunossupressão em que esses
permanecem ficando susceptíveis às infecções oportunistas que
podem ter origem na cavidade bucal e disseminar-se
sistemicamente aumentando a morbidade e a mortalidade.
TLP: 151
Transplante Renal em Receptores Idosos: comparação de
resultados entre doadores vivos e falecidos.
Autor(es): Luis Gustavo F. Trindade, Marcos Faria Lasmar, Luiz
Flávio Couto Giordano, Heloísa Reniers Vianna, Flávia Carvalho
Leão Reis, Omar Caetano Cunha, Euler Pace Lasmar
60
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
Hospital Universitário São José (HUSJ) / Faculdade de Ciências
Médicas de Minas Gerais (FCMMG) / Fundação Educacional
Lucas Machado (FELUMA)
Introdução: Pacientes idosos representam cerca de um terço da
população em diálise no Brasil e, como o transplante renal (Tx) é
visto com bastante relutância nesse grupo, torna-se relevante
analisar os resultados desta modalidade de tratamento em
receptores idosos, de acordo com o tipo de doador. Métodos:
Estudo retrospectivo que avaliou, ao final de 12 meses,
características e resultados de pacientes igual ou acima de 60
anos submetidos a Tx, entre novembro de 2008 a junho de 2013.
Resultados: Foram realizados 307 transplantes renais neste
período, sendo 8,5% em pacientes idosos. Dos 26 pacientes
selecionados, 17 receberam Tx de doador falecido (DF) e 9 de
doador vivo (DV). A idade média em anos do receptor foi de 62,6 ±
2,2 no grupo DV e 64,2 ± 5,2 no grupo DF (p=0,24). A idade média
em anos do doador foi 38,9 ±10,0 no grupo DV e 42,9 ±9,4 no
grupo DF (p=0,25). A imunossupressão (IMS) inicial em 75% do
grupo DV e 73% do grupo DF (p=1,0) foi tacrolimo (0,25
mg/kg/dia), prednisona (0,5 mg/kg/dia) e micofenolato de
sódio(1440 mg/dia). As variáveis sexo, IMC e raça do receptor,
causa de doença renal crônica, re-transplante, priorização, painel
de reatividade contra antígenos e imunossupressão inicial não
apresentaram diferença estatística. O grupo DF possuía um maior
número de pacientes em hemodiálise (94,1% vs 66,7%, p=0,03).
Nenhum paciente no grupo DV apresentou função retardada do
enxerto enquanto 43,8% apresentaram no grupo DF (p=0,03). O
tempo de isquemia fria no grupo DF foi em média 17,6 ±7,3 horas.
Rejeição aguda ocorreu em 18,8% no grupo DF e 12,5% no DV
(p=1,0). Nenhum paciente apresentou rejeição humoral. A
sobrevida do paciente e enxerto em 12 meses foram iguais nos
grupos, 93,8% no grupo DF e 77,8% no grupo DV (p=0,53). A
causa dos dois óbitos no grupo DV e do único óbito no grupo DF foi
infecciosa, e nenhum deles recebeu alta hospitalar após o Tx. O
grupo DV apresentou melhor função renal (ClCr=60,6 ml/min vs
ClCr=46,9 ml/min, p=0,02) ao final de 12 meses. Os pacientes do
grupo DF apresentaram maior taxa de internação (68,8% vs
57,1%, p=0,6) troca de IMS (56,3% vs 33,3%, p=0,4), infecção por
citomegalovírus (18,1% vs 11,1%, p=1), infecção urinária (50% vs
22,2%, p=0,3) e diabetes pós-transplante (6,3% vs 0%, p=1,0).
Conclusão: O transplante renal em pacientes idosos apresenta
bons resultados ao final de 12 meses e deve ser encorajado, seja
com doador vivo ou falecido, mesmo que este último apresente um
maior número de complicações.
TLP: 152
Perfil demográfico de pacientes transplantados renais
infectados pela Klebsiella pneumoniae produtora de
carbamapenase e impacto da infecção comparado à grupo
com Klebsiella pneumoniae não produtora de
carbamapenase.
Autor(es): Luiz Flávio C Giordano, Marcus F Lasmar, Heloísa R
Vianna, Flávia C Leão Reis, Luís Gustavo F Trindade Ive Bahia
Antunes, Janaína B Aguiar, Flávia M Coelho, Euler P Lasmar
Hospital Universitário São José - FCMMG
Introdução
A infecção pela Klebsiella pneumoniae produtora de
carbamapenase (KPC) tornou-se um problema de saúde pública.
Existem, entretanto, poucos estudos que abordam o impacto da
infecção pela KPC em um grupo especialmente susceptível como
os transplantados renais.
Métodos
Oito pacientes (pts) receptores de rim infectados pela KPC em
nossa instituição foram analisados retrospectivamente. Uma
análise demográfica desses pts foi realizada, e eles foram
comparados a outro grupo de transplantados renais (n = 13),
exposto à infecção pela Klebsiella pneumoniae, mas sem
apresentar esse mecanismo de resistência.
As variáveis analisadas foram presença de fístula urinária,
presença de cateter de duplo J, reabordagem cirúrgica, uso prévio
de antibióticos, terapia de indução, imunossupressão inicial,
tratamento de rejeição, dias no CTI, dias entre o transplante e a
infecção, tempo de sonda vesical de demora, tempo de internação
e creatinina na alta hospitalar e após um ano de transplante.
Realizado análise de sobrevida dos pacientes, utilizando-se o
método de Kaplan-Meier.
Para a avaliação de diferenças entre os dois grupos foram
utilizados testes paramétricos t-Student e Mann-Whitney. O teste
qui-quadrado de Fischer ou de Pearson foi adotado para testar a
significância estatística da associação entre as variáveis.
Resultados
Os transplantados renais com infecção pela KPC tinham em média
49 anos (±12) na época do transplante, 50% (4) eram do sexo
masculino, 75% (6) receberam um rim de doador falecido e
encontravam-se em média há 50 meses (± 33,4) em terapia renal
substitutiva. A urina foi o foco de infecção mais comum, encontrada
em 87,5% (7) dos pts.
Não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois
grupos em relação às variáveis analisadas, tomando-se como 5%
o nível de significância. Detectou-se, entretanto, uma tendência à
maior exposição ao uso prévio de antibióticos no grupo com KPC
(p = 0,08).
A creatinina um ano após o transplante no grupo KPC foi em média
de 1,87mg/dL (±0,35).
A sobrevida em um ano no grupo com KPC foi de 87,5% e, no outro
grupo, todos os pacientes encontravam-se vivos (p=0,202).
Conclusões
Nessa amostra, os pts infectados pela KPC apresentaram uma
tendência de maior de uso prévio a antibióticos. Não houve
diferença em relação à função renal com um ano de seguimento
entre os grupos, apesar da exposição à antibióticos com potencial
nefrotóxico. A amostra é pequena, o que pode ter prejudicado a
análise de sobrevida.
TLP: 153
ESTENOSE DE ARTÉRIA RENAL PÓS TRANSPLANTE:
RELATO DE CASO
Autor(es): SAULO JOSÉ DA COSTA FEITOSA, PEDRO
ANDRADE FEITOSA, Ivailda Barbosa Fonseca, Frederico
Castelo Branco Cavalcanti
Real Hospital Português de Beneficência em Pernambuco
Introdução:
Estenose de artéria renal pós transplante renal (tx renal) é uma
complicação potencialmente reversível, pouco comum (de
prevalência ainda não definida), relacionada com a técnica
cirúrgica, doença aterosclerótica, infecção por citomegalovírus
(CMV), estando também correlacionada com função retardada do
enxerto.
Descrição do Caso:
Paciente masculino, 27 anos, portador de doença renal crônica
(DRC) secundária a uropatia obstrutiva em diálise peritoneal,
tendo se submetido a tx renal com doador cadáver em 22 de junho
de 2013. Evoluiu no pós transplante com função retardada do
enxerto, necessitando de diálise peritoneal até o oitavo dia pós
operatório (DPO), quando iniciou recuperação da função do
enxerto, recebendo alta no décimo segundo DPO com creatinina:
1,6 mg/dl. Durante acompanhamento ambulatorial evoluiu com
recuperação da função do enxerto (creatinina: 0,8 mg/dl) em uso
de tacrolimus, azatioprina e prednisona. Nos meses
subsequentes, começou a apresentar hipertensão tendo sido
tratado com Losartan passando a apresentar piora da função renal
(creatinina: 2,9 mg/dl). Ultrassonografia com doppler (USG
doppler) do enxerto evidenciou aumento de velocidade de fluxo na
anastomose arterial com fluxo distal amortecido, aspecto
relacionado a estenose. Foi suspenso o Losartan, passando o
paciente a ter a hipertensão controlada com 4 classes de drogas e
tendo melhora parcial da função do enxerto (creatinina: 2,1). Em
dezembro de 2013 foi submetido a arteriografia com angioplastia e
colocação de STENT em artéria renal, passando a evoluir com
melhora dos níveis tensionais (no momento controlado com
apenas 1 classe de droga) e com queda da creatinina (última em
1,0 mg/dl).
Discussão:
Relato de um caso de estenose de artéria do enxerto renal,
manifestando-se com hipertensão de difícil controle, piora da
função do enxerto quando iniciado bloqueador do receptor de
angiotensina (BRA) e com USG doppler sugerindo estenose de
artéria com velocidade de pico sistólica de 289cm/s e padrão
tardus-parvus. Após angioplastia com colocação de STENT,
houve recuperação da função do enxerto renal, melhora da
hipertensão arterial e com USG doppler de controle normal.
TLP: 154
Avaliação da religiosidade e aderência medicamentosa em
pacientes transplantados renais
Autor(es): Andresa Nascimento da Silva, Lucas Moratelli, Paula
Liziero Tavares, Elisa de Oliveira Marsicano, Marcus Gomes
Bastos, Giancarlo Lucchetti, Hélady Sanders-Pinheiro
Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa em Nefrologia –
NIEPEN e Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde NUPES / Universidade Federal de Juiz de Fora (Juiz de Fora MG).
Introdução: A não-aderência (NA) ao medicamento
imunossupressor exerce influência direta nos desfechos clínicos
no transplante renal (TxR). É um processo multidimensional
resultante da interação de vários fatores, dentre eles há aqueles
relacionados ao paciente e ao seu comportamento. Nos
comportamentos de saúde, aspectos como a religiosidade, estão
cada vez mais associados ao impacto na saúde e no tratamento.
Objetivou-se avaliar a associação da religiosidade e a não
aderência aos imunossupressores em pacientes transplantados
renais. Métodos: Estudo transversal composto por 43 pacientes
com mais de um ano de transplante em acompanhamento
ambulatorial. Foram coletados dados sociodemográficos e
clínicos. A religiosidade foi avaliada pela Escala de Religiosidade
da Duke, em seus três domínios: (1) Religiosidade Organizacional
– frequência com que vai a serviços religiosos; (2) Religiosidade
Não Organizacional – tempo dedicado a atividades religiosas
individuais; e (3) Religiosidade intrínseca – influência da crença
nos aspectos da vida. Maiores níveis de religiosidade são
representados por maiores escores em cada domínio. A NA foi
diagnosticada através do método da triangulação: Escala BASEL
para avaliação da aderência a medicamentos
imunossupressores-BAASIS (autorrelato), opinião dos
profissionais e nível dos imunossupressores. Foi considerado não
aderente o paciente que fosse identificado por um dos métodos.
Utilizamos os testes de Kolmogorov-Smirnov e Mann-Whitney/t
Student para a avaliação estatística. Resultados: A amostra foi
composta de 62,8% de pacientes do sexo masculino com média
de idade de 45,2± 12,1 anos, 100% receberam o enxerto de
doador vivo e o tempo pós-TxR foi de 109,7± 35,1 meses. Destes,
53,5% foram identificados como não-aderentes. Os pacientes
aderentes apresentaram escore de Religiosidade Organizacional
superior ao dos não-aderentes (3,10 ± 1,21 vs. 2,30 ± 1,30;
p=0,045). Não foram observadas diferenças entre aderentes e NA
nos demais domínios do instrumento. Conclusão: Menor
Religiosidade, na dimensão Organizacional, esteve associada ao
comportamento NA no pós-TxR.
TLP: 155
Reavaliação anual em candidatos na lista de espera para
transplante renal, nos centros transplantadores
credenciados pelo SUS-BH
Autor(es): Fernanda Martins Ribeiro, Márcia Dayrell, Paula
Verçosa Martins Pinto, Flávia Machado Campos Saraiva,
Bárbara Márcia Vítor Campolina Silva
Comissão Municipal de Nefrologia e Transplantes Secretaria
Municipal de Saúde de Belo Horizonte
O transplante (TX) renal tem evoluído a cada ano e, para a
obtenção de melhores resultados, sabe-se da relevância da
avaliação pré-TX dos candidatos. A Secretaria Municipal de
Saúde vem aprimorando ações para a regulação das atividades
transplantadoras no município. Objetivo: Avaliar o desempenho
dos ambulatórios pré-TX renal, através das consultas de
reavaliação anual dos pacientes. Metodologia: Foram avaliados
prontuários de 131 pacientes, todos os inscritos na lista de espera
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
61
para TX renal em 2010. Para coleta de dados no prontuário, foi
elaborado formulário, contendo: (1) dados de identificação dos
pacientes; (2) datas da última coleta do Painel de Reatividade
contra linfócitos (PRA) e soroteca; (3) data da primeira avaliação
no Centro Transplantador; (4) data da última consulta de
reavaliação e (5) resultados dos exames/avaliações e último ano
em que foram realizados (Radiografia de tórax, exames
cardiológicos, coagulograma, ultrassonografia renal, avaliação
ginecológica e urológica). Foram calculadas as proporções destes
procedimentos por centro transplantador, realizados após 2010.
Para cada um dos valores obtidos, foram estabelecidos os
seguintes scores: 0 se ausência de registros nos prontuários; 1e 2
se o valor foi menor ou maior respectivamente, em relação ao
desempenho geral do procedimento em questão. A pontuação
máxima por centro transplantador foi 12. Resultados: O tempo
médio entre a primeira consulta de avaliação e data de inscrição na
lista de espera para transplante renal foi de 12,5 meses. Na
maioria dos prontuários havia registro da realização dos
procedimentos, entretanto não eram atualizados. Somente 29,8%
dos prontuários continham registros de procedimentos
relacionados à avaliação cardiológica e 28% das mulheres tinham
registro de avaliação ginecológica atual. Observa-se que a
pontuação obtida por cada um dos serviços não está relacionada
com o tempo gasto para inscrição dos pacientes na lista de espera
para TX. A elaboração do “Protocolo de solicitação de PRA” no
município, propiciou resultados favoráveis na manutenção
atualizada do envio de soroteca e da realização do PRA.
Conclusão: A Portaria 845/12 incluiu um procedimento para o
pagamento dos exames realizados para manutenção do paciente
em lista de espera, sem especificação dos exames nem critérios
para a cobrança dos mesmos. Torna-se necessária elaboração de
protocolo para reavaliação anual dos pacientes e padronização de
condutas entre os serviços.
TLP: 156
Uso de novo de everolimo em receptores de transplante
renal de doador vivo, HLA- idêntico.
Autor(es): Alexandra Nicolau Ferreira, Claudia Rosso Felipe,
Nagilla Ione Oliveira, Adrieli Barros Bessa, Luciana Wang
Gusukuma, Marina Pontello Cristelli, Priscilla Sayuri Ueno,
Pedro Guilherme Coelho Hannun, Hélio Tedesco Silva, José
Osmar Medina Pestana
Hospital do Rim, Universidade Federal de São Paulo
Introdução: Receptores de rim de doadores vivos HLA-idêntico
apresentam menor risco para rejeição aguda e apresentam maior
sobrevida do enxerto comparado a outros tipos de transplante. Um
regime imunossupressor sem inibidor de calcineurina pode
melhorar ainda mais esses resultados através da redução de
eventos cardiovasculares, metabólicos e tóxicos.
Métodos: Este é um estudo prospectivo, aberto, braço único de
tratamento em único centro para avaliar receptores de transplante
renal HLA-I que recebem everolimo (EVR) 3,0 mg BID, tacrolimo
(TAC) 0,1 mg/kg e corticoide, seguido da descontinuação do
tacrolimo 30 dias após o transplante. Nesta análise preliminar
foram incluídos 33 dos 100 pacientes propostos pelo estudo.
Resultados: A idade média foi de 42±13 anos, 51% homens e 60 %
brancos. Cinco dos primeiros 14 pacientes (35%) tiveram rejeição
aguda: no 15º dia pós-transplante (glomerulite), e após o TAC ter
sido descontinuado no 1º mês (IB), no 2º, 4º, 5º mês (IA).
Tacrolimo foi reintroduzido em 3 destes pacientes. Uma emenda
foi realizada após esses resultados e a descontinuação do
tacrolimo foi realizada após o 3 º mês do transplante.
A concentração média de EVR no 7º PO foi 4,0±1,0 ng/mlL. No 3º
mês, a concentração de TAC e EVR foram 5 ±2 ng/mL e 6.3 ± 2.0
ng/mL, respectivamente. A média da creatinina no 3º mês foi 1.2 ±
0.3 mg/dL. No 6º mês a dose diária e a concentração de EVR foram
5.2±1.6 mg e 7.3 ±1.6 ng/mL, respectivamente. A média da
creatinina foi 1,3 ±0.3 mg/dL e a média do colesterol total e
triglicerides foram 232 ± 52 e 280 ± 208 mg/dL, respectivamente.
Proteinuria não foi observada no primeiro mês. A concentração de
proteinuria foi 0,2 ± 0, 2 g/L no 3º e 0.2 ±0.4 g/L no 6º mês.
Proteinuria > 0.5 g/L foi observada em 3% e 10% no 3º e 6º mês
respectivamente. Um paciente evoluiu com diabetes mellitus.
Ulcera oral foi observada em 20% e nenhum paciente apresentou
infecção por CMV. Eventos relacionados a ferida operatória
62
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
ocorreram em 16 pacientes e 2 necessitaram reintervenção
cirúrgica. Houve uma perda do enxerto por trombose venosa e não
houve nenhum óbito.
TLP: 157
Características demográficas de infecção por Herpes Zoster
(HZ) em receptores de transplante renal (Rtx): avaliação de
1 ano em hospital-escola
Autor(es): Rafaella Campanholo Grandinete, Ida M. M.
Fernandes-Charpiot, Mário Abbud-Filho, Venceslau de Matos
Dourado Junior, Roberta C. Frete Miranda , Fernanda
Pascuotte, Camila Alves Paes de Oliveira
Hospital de Base de São José do Rio Preto-SP, FunfarmeFaculdade de Medicina de São José do Rio Preto-SP (Famerp)
INTRODUÇÃO: HZ acomete 8-12% (10 a 120 casos/1000) de
receptores de órgãos sólidos nos EUA. A incidência em Rtx no
Brasil não é conhecida, sendo que na população geral é de 1,5-3
casos/1000 por ano na literatura americana.
OBJETIVO: Relatar a prevalência e as características clinicas dos
casos de HZ em RTx no período de 1 ano em um hospital-escola.
MÉTODOS: Análise retrospectiva de centro único, com dados
demográficos de 13 casos de HZ em RTx de um hospital-escola no
período de fevereiro de 2013 a fevereiro de 2014.
RESULTADOS: Nesse período foram diagnosticados 13 casos de
HZ, com idade média de 45 anos (17 a 66 anos), 53%
caucasianos, 61% do sexo masculino, 15% (2/13) diabéticos e
15% (2/13) hipersensibilizados. Nos Rtx que receberam rim de
doadores falecidos - 8 casos - todos receberam terapia de indução
(6 com Basiliximabe e 2 com timoglobulina). Todos os 13 pacientes
receberam terapia tripla: inibidor de calcineurina (iC) (10/13) ou da
mTor (3/13), associado com micofenolato sódico (MPA) e
prednisona. Rejeição aguda (RA) clínica ou comprovada por
biópsia em 30% (4/13), 2 casos tratados com menos de 1 mês do
HZ, com aparecimento precoce do HZ. O tempo médio entre o
transplante e o aparecimento do HZ foi de 5,8±5,5 anos e a
imussupressão (ISS) usada na época do HZ era de iC em 7/13
casos e imTor em 3/13, 10/13 casos com MPA, 2/13 com
azatioprina e 12/13 com prednisona. Início dos sinais e sintomas
ocorreram 3±3 dias antes do surgimento das lesões cutâneas e
resolução dessas ocorreu em até 14 dias em 70% e o tratamento
foi feito com Aciclovir em todos os casos. Coinfecção por
citomegalovírus (CMV) esteve presente em 23% (3/13) dos casos
e 1 caso de HZ ocorreu após 151 dias tratando CMV. Apenas 1 dos
RTx não tinha história de contato prévio com o vírus VaricelaZoster, desenvolvendo a forma primária. Em 7 casos, o tempo em
que ocorreu HZ foi tardio (5,8±5,5 anos), e 6 casos precoces
(85±75 dias). Dos 13 RTx, 4 (30%) apresentaram a forma
disseminada, e 8 (61%) complicações do HZ (infecção secundária
de pele (5/8) e neuropatia herpética (6/8)). Ocorreu 1 óbito pós
resolução do HZ (provável encefalite herpética associado a
sepse).
CONCLUSÃO: Observa-se aumento de mais de 20 vezes a
incidência de HZ na população transplantada. Os casos que
ocorreram precocemente foram associados ao tratamento de RA e
1/3 dos casos houve coinfecção com CMV. Complicações dos HZ
ocorreram em mais de 60% dos casos nos Rtx.
TLP: 158
ESTENOSE DE ARTÉRIA RENAL PÓS-TRANSPLANTE:
FATORES ASSOCIADOS E IMPACTO NA FUNÇÃO
RENAL/PRESSÃO ARTERIAL APÓS ANGIOPLASTIA COM
STENT
Autor(es): Jarinne C. Landim Nasserala, Elizabeth F. Daher,
João Batista Gadelha Cerqueira, Salena Souza, Ailson G.
Fernandes, Paula FCBC Fernandes, Claudia M.C. Oliveira
Hospital Universitário Walter Cantídeo
Introdução: Estenose da artéria do enxerto renal (EAER)
representa 75% de todas as complicações vasculares pós
transplante (Tx) renal. Pode estar presente em qualquer tempo
pós Tx, com apresentação clínica de piora ou hipertensão
refratária e/ou disfunção do enxerto na ausência de rejeição,
obstrução ureteral ou infecção. Objetivos: Investigar a prevalência
de EAER, os fatores associados à sua ocorrência e o impacto nos
níveis pressóricos e na função renal após a correção da EAER
através da angioplastia com colocação de Stent. Métodos: Foi
realizado um estudo de caso-controle retrospectivo, incluindo
todos os receptores de Tx realizados no período de janeiro de
2009 a dezembro de 2012. Os critérios para suspeita de EAER ao
doppler foram um pico de velocidade sistólica >250 cm/s na artéria
renal ou um padrão de onda parvus-tardus. Um estreitamento do
lúmen arterial > 50% na arteriografia do enxerto renal foi definido
como estenose significativa, sendo indicado angioplastia com
colocação de stent. Foram avaliados como fatores associados à
EAER: sexo, gênero e índice de massa corporal do doador /
receptor, função retardada do enxerto, tipo de imunossupressão,
tipo de anastomose arterial, dificuldade técnica, lateralização do
rim e uso de anti-hipertensivos, entre outros. Foi pareado um
controle (que não apresentava EAER no mesmo período do
estudo) para cada caso, de acordo com gênero, idade do receptor
e tipo de doador (vivo/falecido), para investigação dos fatores
associados através de análise multivariada. Resultados: Foram
avaliados 324 receptores de Tx renal, sendo a prevalência de
EAER de 4% (13 pacientes). O diagnóstico de EAER ocorreu em
média 74,8 dias pós-Tx. Na análise multivariada, o número de antihipertensivos _ 2 foi associado a maior risco de EAER (Odds ratio
11,9; IC 1,18-121,1; p = 0,03) e a anastomose arterial na ilíaca
externa apresentou-se como fator de proteção (Odds ratio 0,08; IC
0,01-0,71; p = 0,02). Houve uma redução significativa na média da
PAS (141,2 para 124,6 mmHg, p = 0,015) e PAD (87,4 para 76,1
mmHg, p = 0,009) após a correção da EAER, bem como na
creatinina sérica (de 3,4 para 1,4mg/dL, p = 0,003). Conclusão: A
prevalência de EAER foi de 4% e o número de anti-hipertensivos _
2 esteve associado a maior risco de EAER, enquanto a
anastomose arterial na ilíaca externa apresentou-se como fator de
proteção. A correção da EAER associou-se à melhora do controle
pressórico e da função renal.
TLP: 159
NEUROCRIPTOCOCOSE EM RECEPTOR DE TRANSPLANTE
RENAL E MÉTODOS DIAGNÓSTICOS – RELATO DE CASO
Autor(es): Larissa Costa O. Santos, Claudia Maria C. Oliveira,
Eveline S. Girão, Kathia Virgínia Rocha, Thania Teixeira L.
Fernandes, Silvana A. Andrade, Leyla CB Marques, Sonia Leite
Silva, Paula FCBC Fernandes
Hospital Universitário Walter Cantídeo
Introdução: A criptococose é a segunda causa de infecção fúngica
invasiva em transplante (TX) renal. Os principais órgãos
acometidos são o SNC e os pulmões e a mortalidade varia entre
35-50%.
Descrição do caso: Paciente masculino, 65 anos, receptor de TX
renal com doador falecido. Aos 11 meses de TX, apresentou tosse
produtiva por 2 semanas e febre, tendo feito uso de amoxicilinaclavulanato sem melhora. Radiografia de tórax sem infiltrados ou
nódulos pulmonares. Foi internado com cefaleia há 48 hs, sem
rigidez de nuca, sendo realizado ressonância magnética de crânio
normal. No 6º dia de internamento, evoluiu com piora da cefaleia e
estudo do líquor evidenciou: glicose 13,6 mg/dl; proteína total 213
mg/dl; leucócitos: 400/mm3 com 78% de linfócitos; pesquisa direta
para fungos e BAAR negativa; VDRL negativo; ADA normal. No 10º
dia, foi iniciado terapia empírica com anfotericina complexo lipídico
(Abelcet) e tuberculostáticos (PPD pré-TX 17mm). No 14º dia, o
resultado da pesquisa do antígeno específico capsular para
criptococo (prova do látex) foi liberado (reagente 1/1024), sendo
suspenso tuberculostáticos e mantido Abelcet. A cultura para
fungos e BAAR deste líquor foi negativa. No décimo dia de Abelcet,
foi associado fluconazol 800 mg/dia e reduzido imunossupressão,
pela gravidade do caso. Após 6 semanas, novo líquor com
proteínas 132 mg/dl, glicose 45,1 mg/dl e 27 leucócitos/mm3,
sendo suspenso Abelcet, e programado alta com fluconazol
300mg/dia, durante 12 meses.
Discussão: Os autores descrevem um caso de criptococose no
primeiro ano de TX, com comprometimento isolado do SNC,
diagnóstico baseado na prova do Látex e com evolução favorável.
A criptococose é uma infecção tardia, geralmente após 1 ano de
TX e com comprometimento isolado do SNC em 55% dos casos. A
coloração com tinta da China é um exame útil e rápido para o
diagnóstico da meningite criptocócica e é positiva em 50-80% dos
casos, mas resultou negativa no presente caso. A pesquisa de
antígeno específico capsular tem alta sensibilidade e
especificidade. A cultura de fluido orgânico é o padrão ouro para o
diagnóstico, mas foi negativa no presente caso. O regime
terapêutico utilizado em TX é baseado nas evidências de
pacientes com HIV, não sendo conhecido o regime ideal. A terapia
utilizada foi bem sucedida, e a celularidade no líquor > 20
leucócitos/mm3 e a redução da imunossupressão nas primeiras 2
semanas de terapia podem ter contribuído para a evolução
favorável.
TLP: 160
Sucesso do Transplante Renal no Tratamento da
Cardiomiopatia Urêmica
Autor(es): Heloisa Reniers Vianna, Ive Rocha Baia Antunes,
Janaína Borborema Aguiar, Flávia Mendes Coelho, Fernanda
Brito de Oliveira, Flávia Carvalho Leão Reis, Luis Gustavo
Freitas Trindade, Luiz Flávio Couto Giordano, Marcus Faria
Lasmar, Euler Pace Lasmar
Hospital Universitário São José, Belo Horizonte/MG
Introdução. A disfunção cardíaca e a doença renal crônica (DRC)
frequentemente coexistem e o comprometimento de um sistema
acelera o declínio do outro. A hipertrofia ventricular, a dilatação do
ventrículo esquerdo e a disfunção sistólica (DS) são as desordens
mais comuns e constituem a cardiomiopatia urêmica. Decorrem
do desbalanço volêmico, do descontrole pressórico, do meio
urêmico, de ações da anemia e distúrbio mineral e ósseo
secundário à DRC e estudos apontam o transplante (Tx) renal
como terapia efetiva.
Métodos. Foram selecionados 22 pacientes com DS (fração de
ejeção de ventrículo esquerdo (FE VE) < ou igual a 55%) e/ou com
disfunção diastólica (DD) grau II ou mais dentre 364 pacientes
transplantados entre novembro de 2008 e abril de 2014. Todos
tinham ecocardiodoppler transtorácico (ECO TT) a cores da
avaliação pré-Tx renal e a função cardíaca foi re-avaliada, através
de ECO TT de controle, realizado em período aleatório pós-Tx.
Doença isquêmica coronariana foi excluída na avaliação pré-Tx.
Resultados. Dos 22 pacientes 64% eram homens. A idade média
foi de 45 ± 11,5 anos. A frequência das etiologias de DRC foi 5%
nefropatia diabética, 14% nefroesclerose hipertensiva e
glomerulopaias, 18% doença policística e 50% causa
indeterminada. O tempo médio em diálise foi de 39 ± 45 meses. O
tempo médio entre a realização do ECO TT pré-Tx e o Tx foi de
12,5 ± 11 meses e o entre o Tx e o ECO pós-Tx foi de 19 ± 18,5
meses. 91% dos pacientes eram portadores de hipertensão
arterial sistêmica (HAS). A hemoglobina (Hb) pós-Tx foi maior que
a pré-Tx (p=0,013) e na análise dos parâmetros do ECO TT a
espessura do septo interventricular (SIV), a espessura da parede
posterior (EPP) e a massa do VE foram menores nos ECO TTs
pós-Tx (p=0,046, p=0,016 e p=0,006 respectivamente) e a FE VE
foi superior nos ECO TTs pós-Tx com FE pré-Tx média de 47 +
11% e com FE pós-Tx média de 62 + 8% (p=0,000). O diâmetro de
átrio esquerdo, pressão de artéria pulmonar e disfunção diastólica
não mostraram diferenças significativas entre os exames pré e
pós-Tx. Não foi observada correlação entre melhora da FE VE e
imunossupressão de manutenção, depuração de creatinina
dividida pelos estágios de DRC e tempo médio de diálise pré-Tx. A
sobrevida do paciente e enxerto em um ano foi de 100%.
Conclusões. O benefício do transplante renal é evidente. O estudo
demonstra que o Tx renal pode ser realizado, com segurança e
com bons resultados, em pacientes que apresentem diminuição
da FE VE.
TLP: 161
GLOMERULONEFRITE MEMBRANOSA EM RIM DOADO
PARA TRANSPLANTE RENAL - EVOLUÇÃO PÓSTRANSPLANTE
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
63
Autor(es): Rafaelle Nunes da Silva, Claudia Maria Costa de
Oliveira, Mario Lima Ponte, Sonia Leite da Silva, Pastora Araújo
Duarte, Márcia Uchoa Mota, Wilson M. Barroso, Paula FBC
Fernandes, Larissa Costa O. Santos, Silvana A. Andrade
Hospital Universitário Walter Cantídeo
Introdução: Os rins de doadores podem apresentar glomerulopatia
clinicamente assintomática, somente diagnosticada por biópsia
pré- ou intra-operatória realizada no transplante (TX) renal.
Descrição do caso: Paciente masculino, 54 anos, doença de base
indeterminada, submetido a TX renal com doador falecido, 55
anos, causa mortis acidente vascular encefálico hemorrágico,
creatinina inicial de 1,8 mg/dl e terminal de 2,1 mg/dl. Biópsia de
congelação antes do implante sem maiores anormalidades. Os
rins foram preservados em máquina de perfusão e devido
resistência elevada foi optado pelo implante dos 2 rins no mesmo
receptor. Terapia de indução com timoglobulina e manutenção
com tacrolimus, prednisona e everolimus. Sumário de urina
apresentava proteinúria (+++) desde o início do TX. Alta hospitalar
aos 21 dias, com creatinina de 1,6 mg/dl. Aos 30 dias pós-Tx,
proteinúria (PTN) de 9,9 g/24 hs e creatinina 1,3 mg/dl. Na ocasião,
o paciente foi convertido de everolimus para micofenolato sódico,
sendo checado o resultado definitivo da biópsia do doador, que de
forma inesperada, foi compatível com nefropatia membranosa
estágio II. Foi então iniciado enalapril e aos 45 dias de TX, a dose
de prednisona foi aumentada para 40mg/dia. Aos 5 meses pós-TX,
foi decidido início de ciclofosfamida oral (PTN entre 4 a 7 g/24
horas), o que não foi efetivado devido redução subsequente da
PTN. Uma biópsia renal aos 18 meses pós-TX (PTN entre 1,52,3g/24 hs) revelou 18 glomérulos com espessamento de
membrana basal glomerular e spikes, 2 artérias com
espessamento fibroso e arteríolas com hialinose. C4d negativo.
Imunofluorescência com traços de IgM, kappa e lambda, e
ausência de depósitos de IgG e C3. Atualmente com creatinina 0,9
mg/dl.
Discussão: O primeiro caso documentado de TX renal com
sucesso de um órgão doado com nefropatia membranosa préexistente data de 1995, mas tratava-se de nefropatia inicial estágio
I. A biópsia de congelação realizada no Tempo Zero no presente
caso não segue o processamento normal e não é ideal para
analisar glomerulopatias. Além disto, em caso de doador falecido,
a avaliação da proteinúria no doador não é rotineira. No presente
caso, o TX inadvertido de um órgão com glomerulopatia
membranosa estágio II resultou em dúvidas no manejo pós-TX,
uma vez que o paciente já estava em uso de imunossupressores. A
evolução da função renal foi satisfatória ao longo dos 18 meses de
seguimento, apesar da remissão apenas parcial da PTN.
TLP: 162
Incidência de infecção por citomegalovírus em um
programa incipiente de transplante renal no primeiro ano
pós-trasplante
Autor(es): Sammara Azevedo Guedes, Ricardo José da Costa
Mattoso, Carolina Lara Neves, Maria de Fátima Gesteira ,
Marilia Bahiense-Oliveira
Hospital Ana Neri, Salvador Bahia e Escola Bahiana de
Medicina e Saúde Pública
INTRODUÇÃO Dentre as complicações após o transplante renal
(Tx) está a infecção pelo citomegalovírus (CMV). A incidência no
primeiro ano pós-Tx , que coincide com o período de maior
imunossupressão, variam entre 48% a 89%, quando a da doença
citomegálica entre 17% a 25%. METODOS Estudo de coorte
retrospectivo, de revisão de prontuários de todos os receptores
adultos de Tx realizados no HAN Salvador, de ago/2008 a
dez/2011 e com no mínimo um ano de seguimento, com o objetivo
de identificar a incidência de infecção pelo CMV. De rotina foi feito
tratamento profilático para CMV nos receptores adultos com IgM e
IgG negativos no pré-Tx e se eram de alto risco imunológico.
Nesse caso, eram colhidas amostras semanais de antigenemia na
internação pós-Tx e em caso de suspeita clínica. Nos demais,
64
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
havia coleta se suspeita clinico-laboratorial. A análise estatística
foi feita com o SPSS 16.0, utilizados o teste exato de Fisher, risco
relativo e intervalo de confiança quando indicados. O valor de p
<0,05 foi considerado o limite de significância estatística.
RESULTADOS O estudo abrangeu os primeiros 62 pacientes
transplantados do serviço, excluído um por dados insuficientes. A
imunossupressão foi Pred/Aza/Tacro em 42 pacientes. Em 21/61
(34%) foi encontrada antigenemia positiva para o CMV (infecção).
A doença citomegálica foi identificada em 10 (16%) casos. Nos
pacientes com infecção 17 (80%) receberam rim de doador
falecido contra 17(42,5%) naqueles com antigenemia negativa.
Não houve diferença significante entre o tipo de doador e a
detecção de infecção (p=0,0911). O risco relativo do receptor de
rim falecido ter infecção pelo CMV foi 2,231 (IC95% 0,86055,786). Nos pacientes com pelo menos um episódio de rejeição
50%(10/20) tiveram pelo menos uma medida de antigenemia
positiva (RR=2,050(IC95% 1,023 a 4,107). Naqueles com alto
risco imunológico 47,3%(9/19) tiveram antigenemia positiva
contra 26,2%(11/42) com baixo risco imunológico (RR= 1,809(IC
95% 0,9029 a 3,623). A situação sorológica prévia não se
correlacionou com a positividade da antigenemia. CONCLUSÃO
Foi uma pesquisa de caráter exploratório, em um serviço
incipiente de Tx. O pequeno número de pacientes, diferenças
entre as técnicas de diagnóstico do CMV, diferentes protocolos de
imunossupressão, diversidade nas condições clínicas/sociais das
populações dificultam a comparação dos resultados do nosso
novo serviço com demais pesquisas em locais com maior
experiência.
TLP: 163
A influencia dos fármacos imunossupressores nos fatores
de risco cardiovascular em transplante de rim
Autor(es): Itamara Pereira Danucalov, Silvia Regina Hokazono,
Alexandre Tortoza Bignelli, Fernando Meyer, Luiz Sergio Santos,
Tobias August Siemens, Giovanna Guarinello, Mariana Batista,
Miguel Carlos Riella
Hospital Universitário Cajuru - Pontifícia Universidade Católica
de Curitiba
Doença cardiovascular (DCV) e Doença Renal Crônica (DRC) tem
inter-relações recíprocas, seja por fatores de risco tradicionais ou
pela indução de novos agravos de caráter pleiotróficoinflamatório. Isso tem impacto nos resultados do transplante de
rim a longo prazo. Objetivos: Avaliar fatores de risco
cardiovascular no pré e pós transplante de rim, bem como a
influencia de fármacos imunossupressores. Material e Métodos:
Foram avaliados 164 prontuários médicos de pacientes
transplantados de rim do Hospital Universitario Cajuru, com
análise de dados demográficos e de fatores de risco: indicadores
de inflamação (Proteína C-Reativa, Fibrinogênio e Contagem de
Neutrófilos), Hipertrofia de Ventrículo Esquerdo (HVE) e
dislipidemia. Utilizou-se a ferramenta análise de dados na
realização do teste F –análise de variância para comparação dos
resultados obtidos. Resultados: A população avaliada no
momento que antecedeu o transplante de rim tinha idade média de
43,5 anos, predomínio do sexo masculino e tempo médio em
diálise de 33,6 meses. A análise da hemoglobina no pré e pós
transplante teve valor médio de 12 e 14,8g/dL , Proteina C- reativa
1,24 e 0,93mg/dL, Fibrinogenio 500,75 e 334,34mg/dL contagem
absoluta de neutrófilos de 4615 e 3439, colesterol total 188,3 e
197mg/dL e triglicerídeos 190,6 e 203,5mg/dL respectivamente.
Dados de ecocardiograma transtorácico evidenciaram septo de
11,7 e 10,5mm e massa de ventrículo esquerdo de 140,3 e 133,2g
no pré e pós transplante de rim. Todos com relevância estatística,
exceto para os níveis de colesterol total. Estratificou-se dados de
dislipidemia e ecocardiografia entre diferentes classes de
imunossupressores: inibidores de calcineurina e inibidores de mTor e foi observado menores índices de septo e massa de
ventrículo esquerdo em pacientes em uso de inibidores da m-Tor
que naqueles em uso de inibidores da calcineurina. Ainda que
distintos, os valores de colesterol total e triglicerídeos não foram
estatisticamente significantes na análise comparativa do uso dos
mesmos fármacos imunossupressores. Conclusão: O transplante
de Rim reduz indicadores da síndrome inflamatória cardiorrenal,
contudo pode agravar a dislipidemia. Os inibidores de m-Tor se
apresentam como opção atrativa para concomitante
cardioproteção e imunossupressão.
TLP: 164
História Natural de Infecção e Doença por Citomegalovírus
(CMV) entre Receptores de Transplante Renal
Autor(es): Cahuê Henrique Motta Coli Pinto, Tainá Veras de
Sandes-Freitas, Hélio Tedesco-Silva, José Osmar MedinaPestana, Claudia Rosso Felipe
Hospital do Rim
Introdução: Infecção por citomegalovírus (CMV) continua sendo
uma das complicações mais comuns que afetam receptores de
transplante, com significante morbidade e mortalidade ocasional.
O impacto adverso da infecção por CMV na disfunção do enxerto
destaca a importância do CMV nos desfechos do transplante.
Apesar disso, o manejo da infecção por CMV varia
consideravelmente entre centros transplantadores. Duas
principais estratégias são comumente utilizadas para a prevenção
d o C M V: p r o fi l a x i a u n i v e r s a l e t e r a p i a p r e e m p t i v a .
Métodos: Estudo exploratório e epidemiológico, de centro único.
Todos os pacientes incluídos foram monitorados para a replicação
viral de CMV por 3 meses utilizando teste de carga viral de CMV
determinada por PCR.
Resultados: Foram incluídos 150 pacientes, sendo 81 (54%) do
sexo masculino, com idade média de 46 anos e
predominantemente de etnia branca 75 (50%). Um terço dos
pacientes receberam rins de critério de expandido 54 (36%). O
tempo médio de isquemia fria foi de 20 horas e 59 (40%)
receberam indução com timoglobulina. Terapia inicial baseado na
associação de micofenolato de sódio, prednisona (PRED) e
inibidor de calcineurina (ICN) foi usado em 68(45%) dos pacientes
(Grupo 1) , azatioprina + PRED + ICN em 77(51%) (Grupo 2) e
everolimus + PRED + ICN em 5 (4%) (Grupo 3). A incidência de
rejeição aguda comprovada por biopsia foi maior no grupo 2 (19 vs
43 vs 20 % p:0.008). A incidência de CMV nos pacientes foi maior
no grupo 1 ( 75 vs 27 vs 0 % p:0.000) , sendo viremia mais
prevalente no grupo 1 (71 vs 52 vs 0 % P:0.051) e infecção no
grupo 2 (29 vs 38 vs 0 % p:0.051). O tempo médio para o primeiro
episódio de CMV foi mais curto no grupo 1 (39 vs 54 vs 0 :0.009).
Recorrência de CMV foi aparentemente igual entre os grupo 1 e 2
(22 vs 29% p:0.404) . O tempo de tratamento do primeiro episódio
e da recorrência foi semelhante entres grupos 1 e 2 ( 24 vs 20
p:0.409 24 vs 21 p:0.704). O grupo 2 após 3 meses apresentou
melhor função renal ( 48 vs 60 vs 55 ml/min p:0.001).
Discussão:
Regimes maior eficácia apresentam maior incidência de CMV,
porém com casos mais brandos uma vez que nos realizamos
terapia preemptiva neste grupo. Regimes de menor eficácia têm
elevado incidência de rejeição aguda e casos mais graves, porém
não está claro o prejuízo ao longo de 3 meses na função renal
destes pacientes. Regimes baseados em inibidores de mTor
parecem apresentar boa segurança para infecção por CMV.
TLP: 165
Prognóstico do Transplante Renal de Urgência em um
Centro de Transplante de Belo Horizonte.
Autor(es): Heloisa Reniers Vianna, Isabela Ferreira Romualdo,
Flávia Carvalho Leão Reis, Luis Gustavo Freitas Trindade, Luiz
Flávio Couto Giordano, Marcus Faria Lasmar, Euler Pace
Lasmar
Hospital Universitário São José, Belo Horizonte/MG
Introdução. O transplante renal (Tx) de urgência visa oferecer, em
tempo hábil, uma possibilidade de tratamento a pacientes
portadores de insuficiência renal crônica (IRC) em terapia renal
substitutiva (TRS) sem opções de acesso para hemodiálise (HD)
ou diálise peritoneal. Esses pacientes, em geral, possuem
condições vasculares ou hematológicas que favorecem trombose
e têm histórico de infecções recorrentes de corrente sanguínea.
Apenas cinco publicações discorrem sobre o desfecho do
transplante renal nesse grupo particular de pacientes e não
possuímos dados nacionais. O objetivo desse trabalho foi avaliar o
perfil e a sobrevida do enxerto e do paciente, em um ano, após a
realização de um transplante renal de urgência com doador
falecido nesta população.
Métodos. Realizamos análise retrospectiva de 12 pacientes
submetidos a Tx renal de urgência. A amostra foi de conveniência
e representou 3,6% dos transplantes realizados na história do
serviço. Todos receberam enxerto renal de doador falecido. Cinco
pacientes eram do sexo masculino, a média de idade foi de 57 ± 15
anos (34-84), dois eram re-Tx e 92% estavam em HD. O tempo
médio de TRS foi de 62 ± 23 meses. As causas de IRC foram
nefropatia diabética (3), nefroesclerose hipertensiva (3),
glomerulopatia (1), doença renal policística (1) e indeterminada
(4). Doença coronariana não isquêmica ocorreu em 33% dos
pacientes e o IMC foi de 25 ± 3,8. A média de missmatches foi de
4,8 ± 1,4, 42% dos pacientes tinham PRA classes I ou II > que 20%,
em 33% foram detectados anticorpos HLA pré-Tx contra o doador
e o tempo de isquemia frio médio foi de 20 ± 7 horas. A
imunossupressão utilizada foi tacrolimo, micofenolato sódico e
prednisona ou ciclosporina, micofenolato sódico e prednisona e
33% dos pacientes foram induzidos com timoglobulina. Foram
seis doadores masculinos, com 40 ± 13 anos, creatinina de 1,1 ±
0,5 mg/dl e morte por hemorragia cerebral em 83% dos casos.
Resultados. Função retardada do enxerto ocorreu em 75% dos
casos; rejeição em 42%, dessas, 40% humoral. Dos 12 pacientes,
cinco faleceram (42%) por sepse (3), hipercalemia (1) e choque
hemorrágico (1) em tempo médio de 25 ± 31 dias de pósoperatório. No ano, a sobrevida do paciente foi de 58% e a do
enxerto foi de 42% (sete perdas, sendo cinco por óbito e duas por
rejeição humoral). A creatinina no 1º ano para os cinco pacientes
em seguimento foi de 1,4 ± 0,3 mg/dl.
Conclusões. O Tx renal de urgência é associado à elevada morbimortalidade. Associado à alocação aleatória de órgãos, tal fato
justifica as baixas sobrevida do paciente e enxerto. A situação
reflete um grande dilema ético no contexto do risco iminente de
morte em população com baixa expectativa de vida e dos tempos
atuais de escassez de órgãos.
TLP: 166
Microangiopatia trombótica na associação Tacrolimo e
Everolimo “de novo” no transplante renal
Autor(es): Renato Oliveira Feliciano, José de Rezende Barros
Neto, Paula de Castro Gianasi, Humberto de Freitas Campos
Costa, Rafael Lage Madeira, Luiz Gustavo Dias de Carvalho,
Carlos Eduardo dos Santos, Gustavo Rocha de Oliveira, Lucas
de Souza Buldrini Filogonio
Hospital Felício Rocho
Introdução: Microangiopatia Trombótica (MAT) é uma
complicação incomum e com potencial redução na sobrevida do
enxerto renal. Relatamos um caso de MAT em transplante renal
com uso de inibidores da calcineurina (ICN) e do m-TOr.
Descrição: Transplante Renal (Tx) de doador falecido realizado
em março de 2014, em receptora de 37 anos, negra, doença renal
crônica dialítica de etiologia indeterminada, anúrica e com
sorologia negativa para citomegalovírus. Tempo de isquemia fria
de 14h, Painel de Reatividade contra Antígenos classe I: 31% e
classe II: 0%, 5 mismatches. Indução com droga antireceptor de
interleucina 2 e manutenção com ICN, prednisona e m-TOri.
Evoluiu com função retardada do enxerto. Reabordada no 4º dia
pós operatório por hemorragia perienxerto. Submetida a biópsia
renal no 10º dia pós operatório, com presença de MAT extensa,
necrose tubular aguda leve e C4d negativo. Iniciado infusão de
plasma (30ml/kg/dia), conversão de imunossupressão com
suspensão do ICN e iniciado antiproliferativo. Após o 8o dia
apresentou aumento da diurese sendo suspenso o uso do plasma.
Subsequentemente evoluiu com diminuição da diurese, sendo
retornado a terapia com plasma e reestabelecendo o volume
urinário e melhora das escórias renais. Realizada nova biópsia
que mostrou ausência de sinais de MAT e/ou rejeição aguda. No
momento em seguimento ambulatorial com creatinina 1,2mg/dl.
Discussão: Indução com droga antireceptor de interleucina-2 no
primeiro Tx associado ao risco imunológico baixo/moderado é
eficaz. O uso “de novo” do m-TOri em pacientes com risco
imunológico baixo/moderado, que receberam terapia de indução
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
65
em associação aos ICN, parece ser seguro a curto/ médio prazo.
Esquemas sem ICN ainda são controversos devido risco de
rejeição, formação de anticorpo anti doador e riscos de falência do
enxerto. A ocorrência da MAT pós transplante renal é incomum em
pacientes não predispostos e exige alto grau de suspeição clínica
para o diagnóstico e tratamento precoce. Seu risco é aumentado
pela associação ICN e m-TOri. Conclusão: A retirada do ICN em
casos de MAT sem histórico pré Tx associado ao uso de plasma
pode reverter o quadro histopatológico, visto a biópsia renal com
melhora na função do enxerto. Um período maior de seguimento
ainda é necessário para a avaliação do esquema de
imunossupressão sem o uso do ICN.
TLP: 167
Evolução Clínica de Receptores de Transplante Renal com
Doença de Fabry
Autor(es): Tainá Veras de Sandes-Freitas, Gustavo Ferreira da
Mata, Frederico Knupp Augusto, Cahuê Henrique M. C. Pinto,
Luciana de Fatima Porini Custódio, Gianna Mastroianni
Kirsztajn, Ana Maria Martins, Helio Tedesco-Silva, José Osmar
Medina-Pestana
INTRODUÇÃO: A doença de Fabry consiste em distúrbio
metabólico ligado ao X, caracterizado pela deficiência da enzima
alfa-galactosidase A. O conseqüente acúmulo de
glicoesfingolípides em diversas células determina as disfunções
orgânicas relacionadas à doença. O transplante renal é uma
alternativa de terapia renal de substituição (TRS) para tais
pacientes, mas o seu impacto sobre os desfechos no longo prazo
ainda não se baseia em evidências robustas.
OBJETIVO: Descrever o perfil clínico-epidemiológico dos
pacientes com DRCT secundária à doença de Fabry submetidos a
transplante renal e desfechos do transplante no longo prazo.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo de caso-controle na proporção de
2:1, em que os casos foram selecionados através de pesquisa em
banco de dados de todos os pacientes transplantados renais com
DRCT por doença de Fabry. Os controles foram pareados pelo
gênero, idade e tempo de transplante
RESULTADOS: 18 pacientes foram avaliados, sendo 6 do grupo
Fabry e 12 do grupo controle, todos do sexo masculino. A idade
média foi de 44 anos; 78% eram de etnia branca; 55% receberam
rins de doador falecido e eram pacientes de baixo risco
imunológico. As sobrevidas do paciente e do enxerto foram de
89% e 78%, respectivamente, no período de seguimento (tempo
médio de 1665 dias) e não houve diferença entre os dois grupos.
Ao final de 1 ano, a creatinina sérica média era de 1,4 mg/dL e a
depuração de creatinina, de 64 mL/min, nos dois grupos; não se
detectou proteinúria significativa.
CONCLUSÃO: O transplante renal parece ser uma estratégia
efetiva para o tratamento da DRCT secundária à doença de Fabry
e apresenta desfechos, em longo prazo, semelhantes aos de
pacientes com DRCT de outras etiologias.
TLP: 168
TRANSPLANTE RENAL EM RECEPTORES ACIMA DE 65
ANOS: EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO
Autor(es): Larissa Sgaria Pacheco, Elizete Keitel, Auri Ferreira
dos Santos, Cynthia Keitel da Silva, Gisele Meinerz, Claudia
Zeni, Fernanda Vacilotto, Natalia Prado, Ronivan Luis Dal Pra,
Valter Duro Garcia
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre –
Serviço de Nefrologia e Transplante Renal. Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - Programa de
Pós-Graduação em Patologia.
Há um crescente número de idosos em diálise com acesso restrito
a transplante. Nosso objetivo é avaliar a prevalência de
transplante renal em receptores idosos (RI) em 3 períodos de
tempo e a sobrevida do paciente (SP) e do enxerto (SE).
Analisamos a prevalência de transplantes por faixa etária do
66
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
receptor (G1=19 a 49 anos, G2= 50 a 64 anos e G3_ a 65 anos), o
último definido como RI. Foram avaliados 3 períodos de tempo:
P1=1986-2002, P2=2003-2009 e P3= 2010-2013, tipo do doador e
a sobrevida global comparada nas diferentes faixas etárias
(Método de Kaplan-Meier). Foi revisado o banco de dados de
transplante renal da Instituição desde 1986, quando o limite de
idade passou de 65 para 70 anos. Em cada período havia um limite
superior de idade para ser aceito para transplante (70, 80, 90 anos
respectivamente P1, P2, P3).
De Jan/1986 a Dez/2013 foram realizados 2.937 transplantes em
receptores adultos, sendo 125 (4,2%) em RI, destes 120 com
doador falecido e 5 com doador vivo. No P1, dos 1.162
transplantes (68/ano), 0,9% em RI com média de idade de 67,3 ±
1,9 anos (máxima de 70). No P2, dos 977 transplantes (139/ano),
4,0% em RI, idade 67,8 ±3,2 anos (máximo de 79). No P3, dos 798
transplantes (199/ano), 9,5% com RI e idade 68,8 ±4,0 anos
(máximo de 87). Em 1 e 5 anos a SP nos RI foi 84% e 74% e a SE
78% e 67%, respectivamente. As sobrevidas foram
significativamente menores (p<0,001) que nos grupos de
pacientes mais jovens (G1 a SP: 96% e 90%; SE: 89% e 75% e G2
a SP: 92% e 82%; SE: 84% e 70%, respectivamente em 1 e 5
anos). A principal causa de perda do enxerto nos RI foi óbito (56%),
especialmente no primeiro ano.
Houve um crescimento significativo na realização de transplantes
em RI entre os períodos estudados. A SP e a SE comparada aos
mais jovens foram menores, porém a SP nos RI alcançada em 5
anos (74%) justifica a realização de transplante nesse grupo, pois
é superior a esperada nos pacientes remanescentes em lista.
TLP: 169
Conversão precoce de ICN para imTOR é uma tentativa
abolida ou mal planejada?
Autor(es): Ana Elisa Souza Jorge, André Barreto Pereira,
Gerson Marques Pereira Junior, André de Sousa Alvarenga
Santa Casa de Belo Horizonte
Alguns estudos têm mostrado que conversão precoce de inibidor
de calcineurina (ICN) para inibidor do “mammalian target of
rapamycin” (imTOR) é seguro. Porém, ainda não é definido qual a
dose e o momento ideal para esta mudança terapêutica. Baseado
no estudo clínico em andamento (Clinicaltrials.gov: NCT
01239472), comparamos o caso de uma paciente que perdeu seu
enxerto renal após a conversão com outros pacientes que não
apresentaram tal desfecho.
Paciente do sexo feminino, 47 anos, com diagnóstico de doença
renal crônica secundária a nefrite lúpica, foi submetida a
transplante renal doador vivo, com função renal satisfatória. Aos
03 meses de transplante foi submetida a biópsia renal para excluir
a possibilidade rejeição aguda subclínica, sendo então substituído
tacrolimus por everolimus. Manteve então boa função renal
inicialmente, mas apresentou níveis séricos constantes de
everolimus entre 03 e 05 ng/mL. Aos 07 meses de transplante
intercorreu com rejeição aguda mediada por anticorpos (RAMA),
sendo submetida a tratamento de resgate sem sucesso.
Foram avaliados os níveis séricos de everolimus e função renal de
outros 13 pacientes submetidos à conversão com sucesso no
mesmo período. Nenhum destes pacientes havia apresentado
rejeição aguda clínica ou subclínica na biópsia renal à época da
conversão e até completar o acompanhamento. Os outros critérios
para conversão foram: painel de reatividade de anticorpos (PRA) <
30%, ausência de anticorpo anti-HLA de doador (DSA), primeiro
transplante, ausência de dislipidemia grave, creatinina sérica <2,0
mg/dl e proteinúria < 1,0g/24h. Até o momento todos os 13
pacientes apresentam boa função renal.
Comparando os níveis séricos de everolimus dos pacientes,
observamos que a paciente que evoluiu com perda do enxerto
renal, apresentou níveis mais baixos que os da média geral. A
conversão de tracrolimus para everolimus pode ser uma opção,
desde que os níveis terapêuticos sejam mais elevados, mesmo
em pacientes com menor risco imunológico. Trata-se, portanto, de
uma prática que não deve ser abolida, mas melhor planejada.
TLP: 170
RIM PELVICO DE DOADOR VIVO-RELACIONADO PARA
TRANSPLANTE: relato de caso e revisão da literatura
Autor(es): Tobias August Siemens, Miguel Carlos Riella,
Alexandre Bignelli, Silvia Regina Hokazono, Itamara Pereira
Danucalov, Fernando Meyer, Ziliane Caetano Lopes Martins,
Luiz Sergio Santos
Hospital Universitário Cajuru, Pontifícia Universitária Católica do
Paraná
Introdução
O aumento do número de pacientes com insuficiência renal
crônica terminal e a baixa oferta no número de rins de doadores
vivos faz com que se busque cada vez mais a utilização de rins
com critérios expandidos, como utilização de um rim pélvico.
Relato de caso
Paciente masculino, 25 anos, possível nefropatia familiar, foi
submetido a transplante renal pre-emptivo. Como doador foi
escolhido seu pai, 49 anos, com hipertensão arterial sistêmica de
bom controle e 2 episódios prévios de litíase urinária, sendo o
último deles há 13 anos. Apresentava mesmo tipo sanguíneo do
filho (O), prova cruzada negativa, 3/6 mismatches e função renal
normal. Urotomografia mostrou rim esquerdo pélvico, sem
alterações no sistema coletor. Cintilografia mostrou rim pélvico
com 45% de função relativa e angioressonância mostrou dois
ramos arteriais, um originando-se do terço inferior da aorta e outro
da artéria ilíaca comum esquerda. A veia renal drenava para veia
ilíaca externa. A retirada foi realizada por videolaparoscopia, com
incisão de Pfannenstiel. Foi utilizada solução de perfusão de
Eurocollins® e o implante teve anastomose da artéria polar
superior na artéria principal e anastomose término-lateral de
artéria e veia renal na ilíaca comum direita. Tempo de isquemia fria
foi de 1 hora e 36 minutos e tempo de isquemia quente de 3
minutos e 55 segundos. Houve diurese imediata. Receptor
precisou de 2 sessões de hemodiálise por elevação das escórias
nitrogenadas e oligúria no 3º pós-operatório, com biópsia
mostrando rejeição aguda vascular, sendo submetido a
pulsoterapia e terapia com imunoglobulina. Recebeu alta no 18º
pós-operatório com creatinina 2.0, usando esquema de
imunossupressão tripla. Atualmente está com 25 meses póstransplante e mantém creatinina em torno de 2.0.
Discussão
A incidência de rim pélvico em autópsias gira em torno de 1:1000,
com predomínio em homens, e rins pélvicos muitas vezes são
excluídos como potenciais doadores por serem menores que o
habitual e passíveis de alterações anatômicas na drenagem
urinária. Para sua utilização, o rim pélvico deve ser estudado
anatomicamente e funcionalmente, como no caso acima, através
de urotomografia, angioressonância e cintilografia, por possíveis
cicatrizes renais e urolitíase. Apesar de rejeição aguda inicial,
houve boa evolução a longo prazo. Concluímos que o transplante
de um rim pélvico é possível do ponto de vista técnico e por isso
deve ser considerado, como mostra o caso relatado.
TLP: 171
ALTA TAXA DE TRANSPLANTE RENAL E BAIXA TAXA DE
MORTALIDADE EM UM PROGRAMA EXCLUSIVO DE
HEMODIÁLISE DIÁRIA
Autor(es): Bello, VIlber, Simon, Adolfo, Xavier, Kélia, Lauar,
Juliane, Pascoal, Istênio
Centro Brasiliense de Nefrologia - Brasilia, DF
INTRODUÇÃO - Hemodiálise convencional (4hs, 3x/sem) tem
sido associada a elevada mortalidade e baixa taxa de transplante
renal. Em contraste, hemodiálise diária (2hs, 6x/sem) proporciona
maior sobrevida e melhor qualidade de vida, porém ainda não
existe apreciação da taxa de transplante renal nesta modalidade
dialítica.
MÉTODOS - Nós analisamos a média anual da taxa de
mortalidade (MTM) e a média anual da taxa de transplante (MTT),
comparando estas taxas entre si e com a realidade nacional
pertinente. Entre junho de 2006 e junho de 2014, 119 pacientes
(idade média 55,6+7,1 anos, 66% do sexo masculino e 34%
diabéticos) foram consecutivamente admitidos em nosso
programa exclusivo de hemodiálise diária (6-7 vezes por semana,
90-150 minutos por sessão, 300 ml/min de fluxo de sangue, 500
ml/min de fluxo de banho ultrapuro e dialisador de altofluxo sem
reuso). Após o início do tratamento dialítico todos os 119 pacientes
foram avaliados para transplante renal.
RESULTADOS - Quarenta e nove (41%) destes pacientes foram
considerados elegíveis, encaminhados para centros de
transplante e inscritos em lista de espera, enquanto 70 n_o foram
inscritos em lista devido à idade superior a 70 anos (41), a
contraindicações clinicas (27) ou a recusa pessoal (2). Dos 49
pacientes inscritos, 30 foram submetidos a transplante (idade
média 38+15,7 anos, 80% com doador falecido) e 19 se mantém
ativos em lista. Entre os pacientes que permeneceram em diálise,
observaram-se 29 óbitos (idade média ao óbito 73,4+11,3 anos).
Ao final do seguimento de 8 anos, 25,2% de todos os pacientes
tinham sido transplantados (MTT: 7,5%) e 24,5% haviam falecido
(MTM: 7,3%), levando a uma razão transplante/mortalidade
superior a 1. A média brasileira anual da taxa de mortalidade em
diálise é de 17%, enquanto 20% dos pacientes em diálise estão
inscritos em lista de espera e 5% são transplantados,
determinando uma razão transplante/mortalidade de O,3
CONCLUSÕES - A associação de hemodiálise diária com uma
abordagem pró-ativa para o transplante pode reduzir
significativamente a mortalidade e aumentar a taxa de transplante,
constituindo uma estratégia ideal para o tratamento de pacientes
com Insuficiencia Renal Cronica Terminal.
TLP: 172
TUBERCULOSE APÓS TRANSPLANTE RENAL: SÉRIE DE
33 CASOS NO NORDESTE BRASILEIRO
Autor(es): Silvana Daher Costa, Camilla Neves Jacinto, Lorena
Vasconcelos Mesquita Martiniano, Ronaldo de Matos
Esmeraldo, Maria Luiza Matos Brito de Oliveira, Yago Sucupira
Amaral, Geraldo Bezerra da Silva Junior, João Emmanuel
Alexandrino Fortaleza, Thayanne Barreto de Lima, Elizabeth De
Francesco Daher
Universidade Federal do Ceará
Introdução: Tuberculose (TB) é uma das principais infecções
oportunistas em pacientes imunossuprimidos. No âmbito do
transplante renal as manifestações clínicas da TB podem ser
atípicas ou obscuras. O objetivo deste estudo é descrever a
ocorrência de TB após transplante renal.
Métodos: Esta é uma coorte retrospectiva de 33 pacientes
diagnosticados com TB após transplante renal em um hospital
terciário da cidade de Fortaleza, no período de 18 de março de
1993 a 18 de setembro de 2013. Arquivos médicos foram
revisados e informações acerca de epidemiologia, manifestações
clínicas e testes laboratoriais na admissão e durante internamento
foram levantadas.
Resultados: Foram analisados 1109 transplantes renais nesse
período, dos quais 952 não fizeram profilaxia e 157 a fizeram por
PPD maior que 5 mm e/ou história de TB no passado. 33 foram
diagnosticados com TB pós-transplante. A média de idade dos
pacientes foi 41±13 anos (intervalo 8 a 64) e 69,7% eram do sexo
masculino. Tempo médio de diálise antes do transplante foi de
34±26 meses. Profilaxia para TB pós-transplante foi feita em 10
casos (30.3%), contra 23 (69.7%) que não fizeram. Epidemiologia
para surgimento de TB (como um PPD reator forte ou história
prévia) foi encontrada em 42.4% dos pacientes. Rejeição antes da
TB foi observada em 5 casos, que variaram entre 3-135 meses. TB
foi diagnosticada em 37.9±42.5 meses após o transplante
(intervalo 2 a 168 meses). Os níveis de creatinina (em mg/dL)
variaram como se segue: 1.8±1.1 antes do diagnóstico, 2.5±1.8 ao
diagnóstico, 3.9±3.3 durante tratamento, 2.0±1.5 ao final do
tratamento, 1.6±0.6 três meses e 1.7±0.6 seis meses após o fim do
tratamento. Os principais sítios de TB foram: pulmonar (39.4%),
sistema nervoso central (9.1%), pleural (9.1%), peritoneal (6.1%),
indeterminado (6.1%) e renal (3%). O tratamento da TB foi feito
com Coxcip em 30.3% dos pacientes, RIE em 3%, RIP em 30.3% e
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
67
RIPE em 27.3%, por uma média de 12,3±7,5 meses. Foram
detectados 4 pacientes com infecção por CMV (citomegalovírus)
antes da TB, com intervalo de tempo variando de 1 a 43 meses.
Óbito ocorreu em 7 casos (21.3%) durante o curso da TB.
Conclusões: TB é uma importante infecção oportunista após
transplante renal em nosso país. TB extrapulmonar é frequente
(mais de 40% dos casos). O curso da doença pode ser fatal em um
considerável número de casos.
TLP: 173
Mionecrose diabética: diagnóstico diferencial de lesão
muscular em transplantado renal
Autor(es): Thaísa de Oliveira Leite, Patricia Maria de
Albuquerque, Juliana Torritani, Paulo Ferreira de Oliveira Filho,
Mariana Nogueira Coutinho, Marcello Fabiano de Franco, José
Osmar Medina Pestana, Helio Tedesco Silva Junior, Ana Paula
Rosim Giraldes, Samuel Shiraishi Rollemberg de Albuquerque
Universidade Federal de São Paulo
Introdução: Mionecrose diabética é uma complicação que, embora
rara, determina importante morbimortalidade. Descrição do caso:
Paciente masculino, 59 anos, diabético há 25 anos – nefropatia,
retinopatia e vasculopatia diabéticas, hipertenso e transplantado
renal doador falecido há 11 anos, imunossupressão atual:
ciclosporina, micofenolato sódico e prednisona. Evoluiu com
edema doloroso, atraumático, limitação do movimento e rubor em
face póstero lateral de coxa direita há três meses. Ao exame físico,
afebril, com hipotrofia do quadríceps e empastamento muscular.
Descartado trombose venosa profunda e infecção. A ressonância
magnética (RM) apresentou edema difuso circunferencial do
subcutâneo da coxa, joelho e perna proximal, edema intersticial
difuso da musculatura do quadríceps, sem coleções – sugestivo
de infarto muscular. A biópsia muscular visualizou focos de
necrose isquêmica e atrofia de fibras musculares. Ausência de
processo inflamatório e de agentes oportunistas. Tratamento:
repouso, aumento da dose de prednisona e aspirina; resultando
em melhora dos sintomas. Após uma semana houve recorrência
na coxa contralateral. Discussão: Trata-se de uma necrose
isquêmica espontânea do músculo esquelético, provavelmente
relacionada à aterosclerose, microangiopatia e injúria hipóxia
reperfusão. Os acometidos geralmente são diabéticos de longa
data, com complicações microvasculares e hipercoagulabilidade.
Manifesta-se com dor aguda ou subaguda, edema e tensão,
tipicamente na musculatura de membros inferiores, sem trauma
local, sendo bilateral em 8,4% dos pacientes. Níveis de
creatinofosfoquinase normais em 52,7% dos casos. RM é o exame
padrão ouro, evidenciando hipersinal em T2 e áreas isointensas
ou hipointensas em T1, secundárias ao aumento do conteúdo de
água das alterações inflamatórias e do edema que acompanham o
infarto. Os achados mais comuns na biópsia são necrose
muscular, edema e ocasional oclusão de arteríolas e capilares por
fibrina. Diagnóstico diferencial com trombose venosa, sarcoma,
piomiosite, mionecrose por clostridium, fasciíte necrotizante. O
suporte inclui controle rigoroso do diabetes, repouso, analgesia e
aspirina em dose baixa. Resolução espontânea em 4 semanas,
recorrendo em até 47,8% dos casos. Destaca-se pela importante
morbidade e mortalidade próxima de 10% em 2 anos, ressaltando
a importância da avaliação cardiovascular nos acometidos.
TLP: 174
Nocardiose disseminada em transplantada renal
Autor(es): Thaísa de Oliveira Leite, Patricia Maria de
Albuquerque, Juliana Torritani, Paulo Ferreira de Oliveira Filho,
Mariana Nogueira Coutinho, Marcello Fabiano de Franco, José
Osmar Medina Pestana, Helio Tedesco Silva Junior, Larissa
Araripe de Macedo, Samuel Shiraishi Rollemberg de
Albuquerque
Universidade Federal de São Paulo
Introdução: Nocardiose é uma doença incomum que pode causar
68
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
infecções localizadas ou disseminadas tipicamente relacionada a
imunossuprimidos. Descrição do caso: Paciente 34 anos, lúpica,
transplantada renal doador vivo há 13 anos. Imunossupressão
atual: azatioprina, ciclosporina e prednisona, evoluiu com
calafrios, dor, parestesia e edema em membros inferiores (MMII),
maior à direita. Seguido de paresia e hipoestesia de membro
inferior (MI) direito, com posterior retenção vesical.Ao exame
físico perda importante de força muscular à direita, com disestesia
local. Doppler de MMII sem trombose venosa. Ultrassonografia
mostrou coleção entre ventres do músculo sóleo à direita.
Tomografia de crânio com áreas hiperdensas circulares com
edema adjacente em região frontal e occipital à direita e parietal
esquerda. Liquor normal. Puncionada coleção em sóleo, com
cultura positiva para Nocardia farcinica. Suspensa a
imunossupressão; iniciado dexametasona(pelo edema
cerebral),sulfametoxazol-trimetropim, linezolida e imipenem
(trocado por meropenem após convulsão). Após início do
tratamento, turvação visual bilateral com suspeita atual de
endoftalmite endógena por nocardia. No 23° dia, melhora da
paresia de MMII e demais sintomas mantidos.Discussão:
Nocardiose é uma rara infecção oportunista causada por bactéria
gram positiva.Tem como fatores de risco uso de altas doses de
corticoide, infecção por citomegalovírus e níveis elevados de
inibidores da calcineurina. O subdiagnóstico é frequente e
diagnóstico tardio, chegando até 12 meses. A doença é supurativa
localizada ou sistêmica, sendo o pulmão o sítio primário em mais
de 2_3 dos casos. Infecção disseminada é definida por dois ou
mais sítios envolvidos, sendo o foco pulmão ou cutâneo os
primários. O sistema nervoso central é acometido em 45% dos
casos disseminados.A sintomatologia é diversa:
meningoencefalite e_ou déficits neurológicos focais. O
diagnóstico microbiológico requer no mínimo uma semana de
incubação em cultura. A imagem típica é de abscesso em
parênquima cerebral. O liquor mostra pleocitose neutrofilica,
hipoglicorraquia e aumento da concentração de proteínas.
Diagnóstico diferencial com infecções fúngicas, micobacterioses,
parasitoses e malignidades. O tratamento baseia-se na
associação de sulfonamidas com aminoglicosídeos (tobramicina e
amicacina) e carbapenêmicos, por seis ou mais semanas. A
evolução é pior nos imunocomprometidos com doença
disseminada. Conclui-se: diagnóstico precoce é determinante.
TLP: 175
Eficácia e segurança do uso da metformina em pacientes
com Diabetes pós transplante renal
Autor(es): Jenaine Oliveira Paixão, Silvia Corradi, Daniela Avelar
Barra, André Nogueira Duarte, Renata Lamego Starling, Vivian
Angélica Mourão, Lilian Pires Freitas do Carmo
Hospital Evangelico de Belo Horizonte
Introdução: O diabetes pós transplante renal (New Onset Diabetes
after Transplantation -NODAT) é uma complicação metabólica
grave e freqüente após o transplante renal, que contribui para a
elevação dos riscos de doenças cardiovasculares, infecções,
redução da sobrevida do enxerto e do paciente. Na população
geral, a metformina é recomendada como agente hipoglicemiante
de escolha para pacientes com distúrbios glicêmicos. Entretanto,
não existem na literatura médica vigente trabalhos que endossem
a metformina com igual importância no diabetes pós transplante e
a maioria dos trabalhos promove as meglitinidas como os agentes
de escolha para estes pacientes.Objetivos: Avaliar a eficácia e
segurança do uso de metformina como agente hipoglicemiante
para pacientes com diabetes pós transplante. Material e métodos:.
Análise de registros clínicos de 14 receptores de transplante renal
do Hospital Evangélico de Belo Horizonte, MG, entre janeiro de
2011 e dezembro 2013 Os dados avaliados incluíram o controle
glicêmico, a suspensão da terapêutica com insulina, a função do
enxerto renal, a tolerância e a ocorrência de eventos adversos.
Resultados: No período de janeiro de 2011 a janeiro de 2013, 72
transplantes renais foram realizados em nossa instituição, 14
pacientes (19%) foram diagnosticados com diabetes pós
transplante. A metformina foi utilizada por 14,92 (DP ± 2,37)
meses, com a dose média diária de 1600mg (DP ± 244,94). O nível
médio da glicohemoglobina dos pacientes em uso foi de 7,04 mg /
dL (DP ± 0,53), e em 85% dos pacientes foi possível a suspensão
da insulinoterapia. Todos os pacientes mantiveram boa função do
enxerto renal, permanecendo com creatinina média de 1.6mg/dl
(DP ± 0,56) no período de acompanhamento. Náuseas, vômitos e
diarréia ocorreram em apenas 8% dos pacientes, não resultando
em descontinuação da droga. Nenhum paciente apresentou
acidose láctica ou quaisquer efeitos adversos graves no período
do estudo. Conclusão: A metformina parece ser uma terapia eficaz
e segura para pacientes com diabetes pós transplante renal e deve
ser considerada como uma opção terapêutica neste cenário.
TLP: 176
Indução com basilixmab em transplante de baixo risco: vale
a pena esse custo?
Autor(es): Ana Elisa Souza Jorge, André Barreto Pereira,
Gerson Marques Pereira Junior, André de Sousa Alvarenga
Santa Casa de Belo Horizonte
Imunossupressão em Transplante renal tem sido utilizada com
principal interesse em reduzir o índice de rejeição aguda, uma vez
que esta pode impactar na sobrevida do enxerto. E os
medicamentos imunossupressores de caráter de indução tem
atingido um valor mais acessível nos últimos anos, possibiitando
que sejam utilizados em protocolos de transplante renal.
Trata-se de um estudo retrospectivo avaliando pacientes de baixo
risco imunológico: painel de reatividade de anticorpos (PRA)
<50%, tempo de isquemia fria (TIF) <18h, primeiro transplante,
idade maior que 18 anos de idade. Submetidos a transplante renal
em uso de basiliximabe versus aqueles que não utilizaram tal
medicamento em indução. Todos os pacientes iniciaram
imunossupressão de manutenção com tacrolimus, micofenolato e
prednisona. O desfecho principal foi avaliação da função renal
após 03 meses de transplante e taxa de rejeição aguda
comprovada por biópsia renal.
Foram estudados 23 pacientes induzidos com basiliximabe versus
33 que não o utilizaram. Foram avaliados o TIF, creatinina aos 03
meses de transplante, taxa de rejeição aguda, sobrevida do
enxerto e do paciente, não tendo nenhuma diferença estatística
entre os grupos. Avaliada a curva de sobrevida denotando uma
tendência a maior mortalidade quando utilizado basiliximabe como
imunossupressor, apesar de não demonstrar significância
estatística.
Neste estudo a utilização de basiliximabe não demonstrou
benefício em relação ao seu não uso. Nesta população brasileira
estudada de baixo risco, não há razão para utilização basiliximabe
como indução protocolar. Maiores estudos em outras populações
com indução são necessários para confirmar tão importante
alteração de conceito imunossupressor.
TLP: 177
Leucemia mielóide aguda de cariótipo desfavorável dois
anos após transplante renal: Relato de caso e revisão de
literatura
Autor(es): Paulo Ricardo Gessolo Lins, Fernanda Pita Mendes
Costa, Marcus Taver Costa Dantas, Rodrigo Vaez, José Pedro
Zampieri Filho, Luciana Wang Gusukuma, Tainá Veras de
Sandes Freitas, Maria de Lourdes Chauffaille, Hélio Tedesco
Silva Junior, José Osmar Medina Pestana
Hospital do Rim e Hipertensão - Fundação Oswaldo Ramos Disciplina de Nefrologia - UNIFESP
Introdução: Transplante renal é comprovadamente um dos
maiores avanços da humanidade com relação às terapias renais
substitutivas. Os avanços em termos de imunobiologia e
farmacoterapia dos transplantes são inúmeros, porém a
mortalidade desses pacientes continua sendo maior se
comparado com a população geral e as neoplasias ocupam
grande espaço entre as causas de óbito destes. As leucemias em
pacientes submetidos a transplante de órgãos sólidos são uma
condição extremamente rara, porém de incidência aumentada
nessa população. Sendo assim, o tratamento de indução e
consolidação acaba sendo extrapolado de outros grupos e o
prognóstico reservado na maioria dos casos descritos na literatura
revisada. Objetivo: Relatar caso de neoplasia maligna
hematológica em paciente transplantado renal. Relato do caso:
Paciente masculino, 49 anos, doente renal crônico terminal por
glomerulonefrite crônica, transplantado renal com doador vivo
(irmão, HLA – antígeno leucocitário humano, idêntico) há 3 anos,
recebeu como imunossupressão ciclosporina, prednisona e
azatioprina com ótima evolução clínica. Após dois anos e meio de
transplante passou a apresentar bicitopenia, mielograma
compatível com mielotoxicidade por azatioprina, sendo esta
suspensa na época. Após três meses, reinterna por pancitopenia,
hemograma com mais de 30% de blastos, mielograma diagnóstico
de leucemia mielóide aguda com cariótipo 46 XY inv (3) (q21q26)
secundária a provável mielodisplasia. Paciente foi submetido a
tratamento quimioterápico de primeira e segunda linha sem
resposta e óbito devido a múltiplos eventos infecciosos, inclusive
quadro de endocardite infecciosa por enterobacter multiresistente e fusariose invasiva. Conclusão: O caso acima reforça a
importância da atenção clínica sobre os distúrbios hematológicos
presenciados no seguimento pós transplante e avaliação com
mielograma dos casos indicados, já que somente com este é
possível um diagnóstico acurado e tratamento efetivo da patologia
em questão.
TLP: 178
Experiência Brasileira no Transplante Renal em Receptores
Infectados pelo HIV
Autor(es): Fábio Spuldaro , Alessandra R Vicari, Tainá V.
Freitas, Marina P. Cristelli, Lucio R. Requião-Moura, José Otto
Reusing Jr, Ligia C. Pierrotti, Luciane M.Deboni, Ronaldo
Esmeraldo, Maria Luiza M.B. de Oliveira, Elizete Keitel, Giovani
Gadonski, Leonardo Kroth, Helio Tedesco-Silva, Valter Duro
Garcia, Alvaro Pacheco Silva Filho, José Osmar Medina
Pestana, Roberto Ceratti Manfro
Introdução: Pacientes infectados pelo HIV e com doença renal
crônica terminal tornaram-se candidatos a transplante renal desde
o advento da terapia anti-retroviral de elevada atividade. O
objetivo deste estudo é apresentar a experiência brasileira no
transplante renal em pacientes infectados pelo HIV.
Pacientes e métodos. Centros transplantadores brasileiros que
realizam transplantes renais em pacientes infectados pelo HIV
foram convidados a participar deste estudo retrospectivo. Para
cada paciente transplantado infectado foram pareados controles,
pelas variáveis: idade, gênero, tipo de doador e reatividade contra
painel (PRA I e II), do mesmo centro de transplante. Os principais
resultados avaliados foram sobrevidas de pacientes e enxertos,
incidência de rejeição aguda, infecções e função do enxerto em 6
e 12 meses.
Resultados. Oito centros forneceram resultados. Foram
analisados 52 receptores HIV+ e 104 controles, transplantados no
período de fevereiro de 2006 a outubro de 2013. Não foram
observadas diferenças significativas nos parâmetros de idade,
raça, gênero, tipo de doador, frequência de doadores de critérios
expandidos, tempo de isquemia fria, incidência de DGF, tempo de
diálise pré-transplante e filtração glomerular estimada aos 6 e 12
meses. A incidência de rejeição aguda em 12 meses pós-TR foi
significativamente maior no grupo HIV+ (26 pacientes; 50%)
versus controles (32 pacientes; 30,8%), (P= 0,019). A incidência
global de infecções também foi maior no grupo HIV+ (32
pacientes; 74,4%) versus controles (49 pacientes; 54,4%), (P =
0,027). As sobrevidas dos pacientes nos primeiros 12 meses foi
respectivamente 92,2% (grupo HIV) e 100% (grupo controle) (P =
0,001). As sobrevidas dos enxertos nos primeiros 12 meses foram
de 92,3% (grupo HIV) e 99% (grupo controle) (P = 0,002).
Conclusão. Na experiência brasileira com transplante renal em
pacientes infectados pelo HIV observam-se resultados aceitáveis.
O seguimento desse grupo de pacientes em longo prazo é
necessário para que se avalie adicionalmente a segurança do
procedimento nesta população.
TLP: 179
Avaliação de Resultados em Pacientes Submetidos a Re-
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
69
Transplante Renal: experiência de um centro transplantador
Autor(es): Luis Gustavo F. Trindade, Marcus Faria Lasmar, Luiz
Flávio Couto Giordano, Heloísa Reniers Vianna, Flávia Carvalho
Leão Reis, Omar Caetano Cunha, Euler Pace Lasmar
Hospital Universitário São José (HUSJ) / Faculdade de Ciências
Médicas de Minas Gerais (FCMMG) / Fundação Educacional
Lucas Machado (FELUMA)
Introdução: O número de re-transplantes renais cresce a medida
que aumenta o número de pacientes em diálise por perda do
enxerto. Entretanto, está associado a piores resultados devido a
maior risco imunológico e piores condições clínicas do paciente.
Métodos: Estudo retrospectivo que avaliou os resultados em 12
meses dos pacientes submetidos a re-transplante renal entre
novembro de 2008 e junho de 2013. Resultados: Foram realizados
307 transplantes neste período, sendo 7,8% (24) re-transplantes.
A idade média dos receptores foi de 43,7 ±16,3 anos e a maioria
dos pacientes era do sexo masculino (54,2%). O painel de
reatividade contra antígenos classe I e/ou II era superior a 50% em
33,3% da amostra, com 12,5% dos pacientes apresentando
anticorpo anti-doador pré-transplante. A principal causa de doença
renal crônica era indeterminada (50%). Foram realizados 13
transplantes com doador vivo (DV) e 9 com doador falecido (DF).
Os pacientes que receberam enxerto de DV possuíam doadores
mais jovens (36,5±10,0 vs 51,7±11,0, p=0,005) e menor tempo de
diálise desde o último transplante (21,9±30,4 meses vs 59,6±48,1
meses, p=0,006). O tempo de isquemia fria no grupo DF foi em
média 17,0 horas. A esquema de imunossupressão inicial era
tacrolimo (0,25 mg/kg/dia) associado a prednisona (0,5 mg/kg/dia)
e micofenolato de sódio (1440 mg/dia) em 91,7% dos pacientes. A
terapia indutora foi realizada com timoglobulina ou basiliximab em
63% dos pacientes. Função tardia do enxerto ocorreu em 25% dos
pacientes (45,5% no grupo DF). Rejeição aguda ocorreu em 25%
dos pacientes (23,1% no grupo DV vs 27,3% no grupo DF, p=1,0) e
nenhum paciente apresentou rejeição humoral. Óbito ocorreu em
20,1% (7,7% no grupo DV e 36,4% no grupo DF, p=0,14) e perda
do enxerto (15,4% no grupo DV e 36,4% no grupo DF, p=0,36) em
25% da amostra. A exceção de um paciente, todos os outros
faleceram por causa infecciosa. A função renal em 12 meses foi em
média 57,1 ml/min (75,1±18,0 ml/min no grupo DV vs 39,0±8,7 no
grupo DF, p=0,004). Conclusão: Os bons resultados no retransplante renal dependem de um preparo adequado do receptor
e seleção criteriosa do doador. O re-transplante com doador
falecido, por ser procedimento não eletivo e muitas vezes em
caráter de urgência, apresentou resultados não comparáveis ao
doador vivo.
TLP: 180
Ocorrência de infecção urinaria no transplante renal apos
indução com Timoglobulina.
Autor(es): Priscila Monteiro Medeiros, Gleybio Lima Sousa,
Estevam Miguel da Silva Neto, Ivailda Barbosa Fonseca, Tatiana
Cristina Manzi Senna dos Santos, Frederico Castelo Branco
Cavalcanti, Larissa Guedes da Fonte Andrade, Ubirace
Fernando Elihimas Junior, Tatiana Ribeiro Valério
Real Hospital Português
Introdução: Complicações infecciosas acrescentam significativa
morbidade e mortalidade no pós-transplante renal (TXR), sendo
estas mais frequentes em seu primeiro ano, quando a
imunossupressão é maior. A Infecção trato urinário (ITU) é uma
das infecções mais encontradas no transplantado. Objetivo:
Avaliar se a indução com Timoglobulina (THY) aumenta a
ocorrência de ITU nos primeiros seis meses após TXR de doador
falecido (DC). Metodologia: Estudo de coorte retrospectivo que
analisou o prontuário eletrônico dos pacientes que realizaram TXR
DC no período de dezembro de 2012 a novembro de 2013. Os
pacientes foram acompanhados por seis meses após TXR. Foram
excluídos os pacientes que perderam o enxerto ou foram a óbito
antes do período de conclusão do estudo por causas não
relacionadas a ITU. Os pacientes realizavam sumário de urina ao
retirar a sonda vesical de demora, mensalmente ou se
apresentassem sintomas como: disúria, polaciúria ou piora da
70
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
função renal. Foram considerados com ITU os que apresentavam
sumário de urina com leucocitúria e urocultura positiva para
bactérias ou fungos. Os pacientes que receberam indução THY
foram: receptores de rim critério expandido, painel reativo, tempo
de isquemia fria _ 24h e retransplante. Todos os demais
receptores foram induzidos com basiliximab (BSB). Resultados:
Foram realizados 74 transplantes, dos quais 12 pacientes foram
excluídos, totalizando 62 pacientes no estudo. Foi realizada a
indução com THY em 18 pacientes, e nos 44 restantes, com BSB.
A incidência total de ITU foi de 54,8% (34/62). O grupo THY
apresentou 61,1% (11/18) casos de ITU enquanto os receptores
do BSB 52,2% (23/44), porem sem significância estatística (p=
0,403). Conclusão: A ocorrência de infecção urinária no TXR nos
primeiros seis meses não foi significativamente superior no grupo
que realizou a indução por THY.
TLP: 181
Ocorrência de infecção do trato urinário em transplantados
renais doador falecido e seu perfil clínico demográfico.
Autor(es): Estevam Miguel da Silva Neto, Priscila Monteiro
Medeiros, Gleybio Lima Sousa, Ivailda Barbosa Fonseca,
Frederico Castelo Branco Cavalcanti, Tatiana Cristina Manzi
Senna dos Santos , Larissa Guedes da Fonte Andrade, Ubirace
Fernando Elihimas Junior, Tatiana Ribeiro Valério
Real Hospital Português
Introdução: A infecção do trato urinário (ITU) é uma das formas
mais comuns de infecção que acomete os pacientes
transplantados renais. Apresenta-se como importante causa de
morbidade. A prevalência desta enfermidade varia de 35 a 80%.
Objetivo: Foi avaliar se existe diferença na infecção urinária póstransplante renal entre homes e mulheres e em que período foi
mais freqüente. Método: Estudo observacional, tipo coorte e
retrospectivo incluindo todos os transplantes renais doadores
falecidos realizados entre dezembro de 2012 a novembro de 2013
que apresentaram ITU. Esses pacientes foram acompanhados
durante 6 meses após o transplante. Excluiu-se do estudo os que
perderam o enxerto ou foram a óbito antes do período de
conclusão por causas não relacionadas à ITU. Os pacientes
realizaram sumário de urina ao retirar a sonda vesical de demora,
mensalmente ou se apresentassem sintomas como: disúria,
polaciúria ou piora da função renal. Foram considerados com ITU
os que apresentavam sumário de urina com leucocitúria e
urocultura positiva para bactérias ou fungos. Os pacientes que
necessitaram de antibioticoterapia venosa ou sepse foram
hospitalizados. Foram consideradas com alterações urológicas
pacientes que apresentaram fístula urinária, hidronefrose,
estenose de uretra ou necessitaram de implante de duplo jota.
Resultados: Dos 74 transplantes neste período, 12 foram
excluídos, permanecendo 62 pacientes. Em relação ao gênero, 39
eram do sexo masculino e 23 do feminino. A incidência de ITU foi
34. No grupo das mulheres, 19 tiveram diagnóstico de ITU. Entre
os homens foram 15 casos. 26 pacientes necessitaram de
hospitalização e 23 ocorreram no primeiro mês pós-transplante.
18 apresentaram alterações urológicas e destes 16 tiveram ITU.
Conclusão: A ocorrência de ITU em transplantados renais foi maior
nas mulheres e em pacientes com menos de um mês de
transplante. A maioria necessitou de internamento. Os pacientes
com alterações urológicas tiveram alta ocorrência de ITU.
TLP: 182
SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ EM TRANSPLANTE
RENAL INTERVIVOS: RELATO DE CASO
Autor(es): Da Costa, FPP, Radunz, VA, Martins, GKM, Bernard,
LF
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba
Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma das principais
neuropatias inflamatórias agudas em adultos, cujo protótipo
neurológico é a perda progressiva de força muscular em membros
e diminuição dos reflexos profundos. Tem relação bem conhecida
com infecções respiratórias e gastrintestinais por Citomegalovirus
(CMV) e Campylobacter jejuni, respectivamente. Também possui
associação descrita com neurotoxicidade por inibidores de
calcineurina. Classicamente têm sido descritos casos no
transplante de medula óssea, mas é considerada rara em
transplante de órgãos sólidos. Apresentamos o caso de uma
paciente do sexo feminino, de 33 anos, com Doença Renal
Crônica sem etiologia definida, submetida a transplante renal de
doador vivo não relacionado. Doador e receptora tinham
sorologias prévias para CMV IgG-reagente e IgM-não reagente.
Recebeu indução de imunossupressão com Baziliximab e
manutenção com Micofenolato, Tacrolimus e Prednisona.
Admitida dois meses mais tarde com quadro de paraparesia
flácida, hiporreflexia e parestesias, de caráter ascendente,
associados a astenia e anorexia. Iniciou tratamento empírico para
CMV com Ganciclovir. Apresentava níveis séricos normais de
Tacrolimus. Posteriormente infecção por CMV foi confirmada por
técnica de PCR-DNA quantitativo, positivo para mais de 450.000
copias/ml. Após 3 dias de tratamento, evoluiu com piora da
fraqueza muscular em membros. Foi submetida a tomografia de
crânio, que não mostrou alterações, e a punção lombar, com
pressão de abertura normal e cuja análise do líquor, juntamente
com o quadro clínico, confirmou o diagnóstico de SGB segundo
critérios do National Institute of Neurological Disorders and Stroke,
dos Estados Unidos. Foi mantido o tratamento para CMV e iniciado
infusão de Gamaglobulina Hiperimune. Houve discreta resposta
clínica nos dias subsequentes, mas após cinco meses de
reabilitação motora a paciente deambula sem apoio, persistindo
com parestesias em extremidades. Há poucos relatos de SGB em
transplante renal descritos na literatura, a maioria em pacientes
masculinos. No caso em questão o CMV foi o provável fator
desencadeante da condição, tendo em vista a relação cronológica
e laboratorial, embora neurotoxicidade por Tacrolimus tenha sido
cogitada. Na SGB o prognóstico depende do diagnóstico precoce,
o tratamento específico e a remoção da causa.
TLP: 183
Carboximaltose férrica: um relato de uma nova opção de
reposição de ferro endovenoso
Autor(es): Felipe Magalhães Bandeira Dantas, Hugo Abensur,
João Egídio Romão Júnior, Maria Regina Araujo, Miguel
Ernandes Neto, Carlos Augusto Siqueira Filho, Cynthia Xavier
Gomes
Beneficência Portuguesa de São Paulo
Carboximaltose férrica: um relato de uma nova opção de
reposição de ferro endovenoso
Introdução: A deficiência de ferro é comum em pacientes
portadores de Doença Renal Crônica (DRC), podendo ser tratada
com suplementação de ferro endovenoso. Até no momento, no
Brasil, a apresentação de ferro disponível era somente sacarato
de hidróxido de ferro III, com uma dosagem máxima de 200mg/dia
por via endovenosa. Atualmente, temos disponível também a
carboximaltose férrica (Ferinject®).
Relato de caso: Paciente feminina, 41 anos, 69kg, portadora de
glomerulonefrite crônica, após aproximadamente 1 ano de
hemodiálise foi submetida a transplante renal com doador falecido
em dezembro de 2011. Utilizava tacrolimus, micofenolato sódico e
prednisona como esquema de imunossupressão, mantendo
creatinina de 1,2mg/dl desde o momento da cirurgia. Apresentou
complicações pós-operatórias, como linfocele e trombose venosa
profunda.
Interna no dia 21/01/2013 devido a um quadro de hipermenorragia
associada à anticoagulação. Exames da admissão: Hb: 10,3g/dl,
Ht: 33%, ferritina: 8,93ng/ml e saturação de transferrina: 7%.
Optado por suspender anticoagulação e administrado 1g de
carboximaltose férrica em dose única, diluído em soro fisiológico,
durante 15min, no dia 22/01/2014. Após 48 horas, houve o
aumento dos níveis de ferritina para 180ng/ml. Em 17/02/2013:
Hb: 11,2g/dl, Ht: 36%, ferritina: 178ng/ml e saturação de
transferrina: 33,2%.
Conclusão: A carboximaltose férrica, por ser um complexo estável,
permite a administração de ferro em doses elevadas em menor
frequência, melhorando a qualidade de vida dos pacientes e
preservando acesso venoso. Está indicada em pacientes
portadores de doença renal crônica não dialítica ou
transplantados renais. Este é o primeiro relato do emprego de
carboximaltose férrica no Brasil.
TLP: 184
Uso do Eculizumab na Síndrome Hemolítico-Urêmica
Atípica (SHUa) pós Transplante Renal
Autor(es): Jenaine Oliveira Paixão, Daniela Avelar Barra, Silvia
Faria Corradi, André Nogueira Duarte, Lilian Pires Freitas do
Carmo
Hospital Evangélico de Belo Horizonte
Introdução: A Síndrome hemolítico-urêmica atípica (SHUa) é uma
forma de microangiopatia trombótica não relacionada à produção
da shigatoxina. A ocorrência após o transplante renal é rara e
geralmente associada a perda do enxerto renal e elevada
morbimortalidade.
Paciente, 32 anos, sexo masculino, doença renal crônica de
etiologia desconhecida, submetido a transplante renal com
doador vivo aparentado em setembro de 2012. Apresentava HLA
haploidêntico ao doador, baixos níveis de DSA (MFI 543), PRA
87%, provas cruzadas negativas. Indução com Timoglobulina.
Apresentou função imediata do enxerto, sem complicações no
pós-operatório. Manteve boa função renal em uso de FK506 com
níveis séricos adequados, prednisona e micofenolato de sódio.
Em junho de 2013, mostrou piora significativa da função renal,
febre, leucopenia, trombocitopenia, anemia hemolítica e consumo
de C3, com hematúria e proteinúria (4g/24h), necessitando de
hemodiálise. Biópsia renal com microangiopatia trombótica, sem
sinais de rejeição mediada por anticorpos (CD4 negativo, sem
glomerulite e DSA negativo) e nível sérico de FK506 adequado. A
pesquisa ADAMST 13 se mostrou negativa. Iniciado tratamento
com plasmaferese e imunoglobulina IV apresentou discreta
resposta, com trombocitopenia e disfunção do enxerto renal
persistente. Iniciado o tratamento com eculizumab e o paciente
evoluiu com melhora significativa da contagem de plaquetas e da
função renal já na primeira semana, sendo suspenso o tratamento
dialítico. Recebeu alta hospitalar após 12 dias com melhora do
estado geral, creatinina (Scr) 3,5 mg/dl, sem plaquetopenia e
anemia em recuperação. Atualmente está em acompanhamento
ambulatorial em uso de eculizumab a cada 15 dias, com Scr de 1,6
mg/dl, sem eventos adversos. Discussão: As evidências
apresentadas pela literatura atual apoiam o papel da
desregulação da via alternativa do complemento como central
para a patogênese da SHUa, abrindo o caminho para estratégias
terapêuticas baseadas no bloqueio da via alternativa do
complemento. É evento raro após o transplante renal,
determinando elevados índices de perda do enxerto e óbito.
Conclusão: Apesar de rara, a ocorrência de SHUa após o
transplante renal é um evento grave em que o diagnóstico e
tratamento precoce pode garantir a função do enxerto.
Eculizumab foi eficaz no tratamento, com segurança e rápida
resposta terapêutica.
J Bras Nefrol 2014;36(3 Supl. 1):1-186
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