ANÁLISE ESPACIAL DOS CASOS DE HEPATITES B E C NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU: Análise das variáveis associadas. Ana Heloisa Veras Ayres da Silva(1); Oscar Kenji Nihei(2). (1) Médica e estudante; Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE); Foz do Iguaçu, Paraná; [email protected]; (2) Professor orientador; UNIOESTE; [email protected]. Programa de Pós-Graduação: Saúde Pública em Região de Fronteira Categoria do trabalho: (X) Projeto em fase inicial ( ) Resultados Parciais INTRODUÇÃO As hepatites virais constituem-se em um grande desafio para saúde pública global, pois apresentam altas taxas de morbi-mortalidade na população e causam mais de um milhão de óbitos todos os anos, em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que um terço da população mundial, ou seja, 2 bilhões de indivíduos tenham sido expostos aos vírus das hepatites B ou C (Carvalho et al., 2014). A evolução da hepatite B ocorre cronicamente e está vinculada à idade em que foi adquirida a infecção. Cerca de 90% dos recémnascidos de mães portadoras do antígeno da hepatite B (HBeAg) se tornarão crônicos, com risco de 15% a 40% maior em desenvolver cirrose, insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular. Calcula-se uma taxa de evolução para cronicidade entre 25% a 30% em menores de 5 anos e de menos de 5% nos adultos (Franco et al., 2012; OMS, 2014b). A infecção pelo vírus da hepatite C evolui gradativamente em um longo período. Estimase que 85% dos infectados tornem-se crônicos e que entre 5% e 15% possam evoluir para cirrose hepática em cerca de 20 anos. Dos infectados, estima-se que entre 4% e 9% terão insuficiência hepática progressiva e apresentem um risco anual entre 1% e 4% de desenvolverem carcinoma hepatocelular primário (OMS, 2014a). As infecções por hepatites B e C são causas subjacentes de disfunções associadas com insuficiência hepática, cirrose e câncer hepático. O presente projeto tem como objetivo identificar o padrão de distribuição espacial da prevalência das infecções causadas pelos vírus das hepatites B e C, no período de 2010 a 2015, considerando-se os setores censitários de Foz do Iguaçu-PR, e as possíveis variáveis associadas. Para tanto, será utilizado o banco de dados do Ambulatório de Hepatites Virais do município (AHV). Por outro lado, este projeto possibilitará, indiretamente, refletir sobre o que acontece em ( ) Resultados Finais espaços como a Tríplice Fronteira Brasil-ArgentinaParaguai, cujo compartilhamento intenso entre os indivíduos e a inexistência de fato, de limites geográficos, podem influenciar a distribuição de agentes infecciosos como os vírus das hepatites. Constituindo-se em uma construção social, e não um dado da natureza, a Tríplice Fronteira é um espaço essencialmente fluido, multiforme e portador de atributos muitas vezes contraditórios (Béliveau & Montenegro, 2006). Como perspectiva, indiretamente, os resultados do presente projeto de pesquisa poderá estimular potenciais ações preventivas tais como: ampla cobertura vacinal; promoção de melhorias nas condições sanitárias da população e diminuição da distância entre as classes socioeconômicas, poderão modificar o atual panorama, pois como se sabe, estas doenças estão intrinsecamente relacionadas às baixas condições de higiene, saneamento básico precário, baixo nível educacional e inacessibilidade `a saúde primária e assistência médica especializada. METODOLOGIA Este é um estudo ecológico, quantitativo e descritivo. As informações sobre os casos notificados de hepatite B e C em Foz do Iguaçu-PR serão obtidas no AHV. As variáveis dependentes serão a taxa média de incidência das hepatites B e C entre 2010 e 2015, por 100.000 habitantes e por setor censitário segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados demográficos, socioeconômicos e educacionais dos setores censitários do município serão extraídos do banco de dados online do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As variáveis independentes serão: renda familiar per capita, renda do responsável, nº de moradores/ residência e nível educacional. As variáveis do sujeito acometido serão as disponíveis no banco de dados e pertinentes ao estudo, como o tipo de hepatite diagnosticada, endereço residencial, idade, sexo, escolaridade, estado civil, renda familiar e comorbidades presentes. Para o georreferenciamento e análise dos dados espaciais, serão utilizados os programas de softwares livres QGIS e GeoDaTM, objetivando a geração de mapas, descrição de densidades e estatística espacial (Bailey & Gatrell, 1995). Para tal, se fará uso dos dados espaciais, entidades complexas representadas por elementos tabulares (os atributos) e por gráficos, (a localização geográfica), representada pelo endereço do indivíduo. O presente projeto encontra-se aprovado no Comitê de Ética de Pesquisa com Seres Humanos da Unioeste, segundo parecer 1.450.510 de 14 de março de 2016. RESULTADOS ESPERADOS Identificar as áreas de risco epidemiológico das hepatites B e C em Foz do Iguaçu, segundo setores censitários, e identificar as variáveis associadas, fornecendo elementos importantes para reflexão e elaboração de políticas públicas. AGRADECIMENTOS Aos meus pais, início de tudo. Ao meu companheiro de tantos anos, Richard, o meu amor, por tudo que representa em minha vida. Aos meus filhos, Mariana e Pedro, os meus maiores presentes, sem os quais a vida não teria sentido. Aos meus queridos irmãos Lúcia e Flávio, cujas contribuições são inestimáveis na construção deste projeto. Enfim, ao meu orientador Oscar Kenji Nihei a minha gratidão, cujos ensinamentos e inesgotável paciência, me fazem entender que por detrás de uma pesquisa, há sempre uma alma sensível. REFERÊNCIAS BAILEY, Trevor C.; GATRELL, Anthony C. Interactive Spatial Data Analysis. London, Longman Scientific and Technical, 1995. BÉLIVEAU, Verónica Gimenez; MONTENEGRO, Silvia. Construindo a (Tríplice) Fronteira, La triple frontera: globalización y construcción social del espacio. Buenos Aires, Miño & Dávila, 2006. CARVALHO, Juliana Ribeiro; PORTUGAL, Flávia Batista; FLOR, Luísa Sório et al. Método para estimação de prevalência de hepatites B e C crônicas e cirrose hepática-Brasil, 2008. Epidemiol. Saúde, Brasília, v. 23, n. 4, dez., 2014. Serv. FRANCO, Elisabetta; BAGNATO, Barbara, MARINO, Maria Giulia et al. Hepatitis B: Epidemiology and prevention in developing countries. World J Hepatol, v. 4, n. 3, p. 74-80, 2012. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Diretrizes para a detecção da hepatite C e a atenção ao tratamento das pessoas infectadas. Genebra: OMS; 2014a. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Hepatite B. Nota descriptiva No 204 [Internet]. Genebra: OMS; 2014b. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs204/es/. Acesso em 05 set. 2016.