O CENÁRIO DA SAÚDE PÚBLICA BRASILEIRA NO REGIME MILITAR: UMA ANÁLISE SOBRE A REVISTA VEJA NO PERÍODO DE 1975 A 1981 Jacqueline Lima da Costa1; Lívia Louísi Arruda da Silva2; Renata Souza Rolim3; Fabiane Alves Regino4; Raquel de Aragão Uchôa Fernandes5 Introdução A temática desse trabalho diz respeito à história da saúde brasileira a partir das publicações da mídia. Segundo a Organização Mundial de Saúde, saúde pode ser entendida como o “estado de completo bem estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doenças” [1], e que embora se constitua enquanto direito da população e dever do Estado, ainda se restringe à minoria da população. No caso do Brasil, especificamente, diversas mudanças relacionadas à saúde pública ocorreram nas décadas de 1970 a 1980, como a implantação de alguns órgãos federais, como o INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – 1977) e o CONASP (Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária – 1981), cujo objetivo era fortalecer a assistência médica e social à população brasileira [2]. Um pouco antes do período mencionado acima, na década de 1960, foi criada a Revista “Veja”, cujo enfoque era fornecer à população informações acerca de diversos temas do cotidiano da sociedade brasileira, como cultura, saúde, comportamento, economia, política, entre outros. Considerando que esta revista, é uma das mais lidas e conhecidas no ramo da comunicação impressa brasileira, cujas vendas atingem 1.250.000 de exemplares, ocupando a 4ª posição no ranking das revistas de informação mais vendidas no mundo e a de maior revista semanal, fora dos Estados Unidos [3], torna-se um veículo de comunicação importante, no sentido de formar opinião e provocar discussões entre seus/suas leitores/as. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo analisar os principais acontecimentos ocorridos no cenário da saúde pública brasileira durante o regime militar no período de 1975 a 1981, comparando-os com os eventos publicados pela Revista “Veja” nesses mesmos anos sobre a temática da saúde. Um contexto importante para essa análise diz respeito ao regime militar no Brasil, em vigor entre 1964 a 1985, ocasionando profundas mudanças na história política e da saúde brasileiras. O cenário da saúde pública do país, nesse contexto, era marcado pelo fortalecimento do setor privado na saúde, por meio de uma série de políticas públicas; pela criação de diversos órgãos federais, a exemplo do INAMPS (anos de 1977), elevando o número de beneficiados das políticas de previdência e saúde, mas que não significou a universalização do acesso a elas; orientação assistencial e curativa de ações e serviços de saúde e exclusão de grande parte da população ao acesso aos serviços de saúde [4]. Entre outros motivos, nos anos de 1970, a baixa expectativa de vida e os elevados índices de mortalidade infantil e doenças infecciosas e parasitárias que acometiam grande parte da população, conjuntamente à intensa repressão da ditadura militar, à ausência de uma estrutura de saúde eficaz, integralizada e universal que atendesse uniformemente toda a sociedade, motivaram a ida da população às ruas para reivindicar enquanto movimentos populares, entre outros, por melhores condições de vida, habitação e saúde no país [5]. Metodologia A presente pesquisa teve como procedimentos metodológicos, a revisão bibliográfica, cujo enfoque referiu-se à temática da história das políticas públicas de saúde no Brasil. A partir da 1. Aluna de graduação do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected] 2. Aluna de graduação do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected] 3. Aluna de graduação do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail:[email protected] 4. Economista Doméstica (UFV). Mestra em Ciências Sociais (UFBA). Professora Assistente do Depto. de Ciências Domésticas da UFRPE – [email protected] 5. Economista Doméstica (UFV). Mestra em Extensão Rural (UFV). Professora Assistente do Depto. de Ciências Domésticas da UFRPE – [email protected] pesquisa bibliográfica, confrontamos os principais fatos ocorridos no cenário da saúde pública brasileira, no período de 1975 a 1981, com as reportagens abordadas em diversos exemplares da “Revista Veja” no referido período. Os dados das reportagens foram coletados no acervo digital da própria Revista, nas seções Política, Ambiente e Medicina, cujos temas relacionados à saúde poderiam ser encontrados com maior destaque. Resultados e Discussão A partir das análises das reportagens da “Veja” no período de 1975 a 1981 [6], pode-se inferir que a Revista abordou a temática saúde, em sua maioria, referindo-se a surtos de algumas doenças graves como a peste bubônica (em 1975), esquistossomose (que em 1976 atingia 8 a 14 milhões de pessoas no país, segundo dados do Ministério da Saúde, publicados na revista). A edição nº 468 de 1977 trouxe um resgate histórico a respeito da grande reforma do sistema nacional da previdência social, abordando a criação e dissolução de diversos órgãos federais criados pelo regime militar para atender à população. A cólera também foi referida na Revista (a edição 505 de 1978 mencionava os primeiros casos da doença no Brasil), como também, novas tecnologias na doação de órgãos e na genética, com reportagens a respeito da gravidez em laboratório e o nascimento da primeira criança de “proveta”. A edição nº 560 de 1979 referiuse, entre outros assuntos, aos avanços da ciência quanto à descoberta da vacina contra a hepatite B, outro problema de saúde pública nacional. Vale ressaltar que em outras edições, dos anos 1978, 1979 e 1980, a revista abordou outros surtos de doenças no país, como da meningite meningocócica; da doença de chagas, malária e leishmaniose; e poliomielite, respectivamente, e fez uma análise crítica acerca das mesmas, ressaltando que essas doenças acometiam, principalmente, as populações pobres que não eram asseguradas pela previdência social, não tinham acesso à alimentação, educação e saúde de boa qualidade. Outras denúncias foram divulgadas pela Revista, a exemplo da crise do hospital dos servidores no Rio de Janeiro; a greve nacional dos médicos radiologistas do INAMPS em 1980 e a contaminação de doentes no Hospital das Clínicas em São Paulo em 1981. Com relação à mobilização da população que reivindicava a melhoria na qualidade da saúde e visava à reforma sanitária do país, ocorridas na década de 1970 e início dos anos 1980, nenhum registro foi encontrado. Com relação à ausência de divulgação acerca dos movimentos populares pela saúde, pode-se pensar, entre outras razões, as questões políticas de repressão do regime militar, que visavam ocultar a ação popular frente a real situação da saúde no país naquela época. Agradecimentos À Deus e a todas as pessoas que participaram deste trabalho. Referências [1] FERRAZ, F. C.; SEGRE, M. O conceito de saúde. São Paulo: Revista de Saúde Pública, vol. 31, nº 5, 1997. [2, 4] RODRIGUES, P. H.; SANTOS, I. S. Cidadania no Brasil. In: Saúde e cidadania: uma visão histórica e comparada do SUS. São Paulo: Atheneu, 2009, p. 63-91. [3] SILVA, R.D.O. Jornalismo, publicidade e capas da revista veja: uma relação de Interpendência. LECOTEC: UNESP, 16 p, 2008. [Online] Homepage: http://www2.faac.unesp.br/pesquisa/lecotec/eventos/simposi o/anais/2008_Lecotec_418-433.pdf [5] BAPTISTA, T. W. F. O direito à saúde no Brasil: sobre como chegamos ao Sistema Único de Saúde e o que esperamos dele. In: Textos de apoio às políticas de saúde. RJ: Fiocruz, 2005. p.11-41. [6] ACERVO DIGITAL DA REVISTA VEJA. Edições dos anos de 1975 a 1981. [Online] Homepage: www.veja.com.br/acervodigital 1. Aluna de graduação do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected] 2. Aluna de graduação do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected] 3. Aluna de graduação do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected] 4. Economista Doméstica (UFV). Mestra em Ciências Sociais (UFBA). Professora Assistente do Depto. de Ciências Domésticas da UFRPE – [email protected] 5. Economista Doméstica (UFV). Mestra em Extensão Rural (UFV). Professora Assistente do Depto. de Ciências Domésticas da UFRPE – [email protected] 1. Aluna de graduação do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected] 2. Aluna de graduação do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected] 3. Aluna de graduação do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected] 4. Economista Doméstica (UFV). Mestra em Ciências Sociais (UFBA). Professora Assistente do Depto. de Ciências Domésticas da UFRPE – [email protected] 5. Economista Doméstica (UFV). Mestra em Extensão Rural (UFV). Professora Assistente do Depto. de Ciências Domésticas da UFRPE – [email protected]