universidade federal de sergipe pro-reitoria de

Propaganda
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRO-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA
Participação do CD40-L Solúvel (sCD40-L) na resposta microbicida de
macrófagos infectados por Leishmania chagasi.
ALINE SILVA BARRETO
SÃO CRISTÓVÃO
2014
ALINE SILVA BARRETO
Participação do CD40L Solúvel (sCD40-L) na resposta microbicida
de macrófagos infectados por Leishmania chagasi.
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Biologia Parasitária da Universidade
Federal de Sergipe como requisito para a obtenção do
título de Mestre em Biologia Parasitária.
Orientadora: Profa. Dra.Tatiana Rodrigues de Moura
SÃO RISTÓVÃO
2014
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
B273p
Barreto, Aline Silva
Participação do CD40L solúvel (sCD40-L) na resposta
microbicida de macrófagos infectados por Leishmania
chagasi
/ Aline Silva Barreto ; orientadora Tatiana
Rodrigues de Moura. – São Cristóvão, 2014.
45 f.
Dissertação (mestrado em Biologia
Universidade Federal de Sergipe, 2014.
Parasitária)
–
1. Leishmaniose visceral. 3. Macrófagos. 3. Ligante
CD40L. I. Moura, Tatiana Rodrigues de, orient. II. Título.
CDU 616.993.161
FOLHA DE APROVAÇÃO
Aline Silva Barreto
Participação do CD40L solúvel (sCD40-L) na resposta microbicida de macrófagos
infectados por leishmania chagasi.
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Biologia Parasitária da Universidade
Federal de Sergipe como requisito para a obtenção do
título de Mestre em Biologia Parasitária.
Área de Concentração: Biologia Parasitária
Orientadora: Profª Drª Tatiana Rodrigues de Moura
Aprovada em 10/05/2014
Banca Examinadora
Prof. Dr. Paulo de Tarso Leopoldo
Instituição: Departamento de Morfologia – Universidade Federal de Sergipe
Profª. Dr.Maria Jania Teixeira
Instituição: Departamento de Patologia e Medicina Legal – Universidade Federal do Ceará
Profª Drª Tatiana Rodrigues de Moura
Instituição: Departamento de Morfologia – Universidade Federal de Sergipe
Profª Drª Tatiana Rodrigues de Moura
iii
EPÍGRAFE
“Pegue um sorriso e doe-o a quem jamais o teve.
Pegue um raio de sol faça-o voar lá onde reina noite.
eDescubra uma fonte e faça abanhar-se quem vive no
lodo. Pegue uma lágrima e ponha-a no rosto de quem jamais
chorou. Pegue a coragem e ponha-a no ânimo de quem não sabe
lutar. Descubra a vida e narre-a a quem não sabe
entendê-la. Pegue
a
esperança
e
viva
na
sua
luz. Pegue a bondade e doe-a a quem não
sabe doar. Descubra o amor e faça-o conhecer ao mundo."
Mahatma Gandhi
iv
Dedico este trabalho a todos aqueles que lutam por uma
sociedade mais justa e livre de preconceitos, onde o
amor e o respeito ao próximo prevalecem acima de tudo.
v
AGRADECIMENTOS
A Deus, presença constante em minha vida, renovando a fé e a esperança de que o
amanhã será sempre um dia melhor.
À minha família, especialmente a minha mãe, exemplo de força e determinação que
me ensinou a lutar para conquistar os meus objetivos, sempre respeitando o próximo.
Aos professores do Laboratório de Biologia Molecular: Amélia Ribeiro de Jesus,
Roque Pacheco de Almeida, Paulo de Tarso Leopoldo e especialmente a Profa. Tatiana
Rodrigues de Moura que tornou possível a concretização de um mais um objetivo em vida.
A doutoranda Fabrícia Alvisi de Oliveira, essencial para a realização dessa pesquisa,
bem como as alunas de iniciação científica Talita Rebeca e Lays Bonfim que trabalharam
conosco durante todo esse tempo.
Aos colegas do Laboratório de Biologia Molecular, em especial Márcio Bezerra
Santos, Meiryelle Lima, Luana Serafim, Mônica Rueda e Suely Carvalho, por compartilharem
comigo momentos felizes, mas sobretudo os momentos mais difíceis em minha vida.
Aos colegas do Mestrado em Biologia Parasitária, pelo espírito de coletividade,
sempre ajudando uns aos outros.
vi
RESUMO
BARRETO, A. S. Participação do CD40L Solúvel (sCD40L) na resposta microbicida de
macrófagos infectados por Leishmania chagasi. Biologia Parasitária-UFS, 2014.
A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença grave e endêmica no Brasil, sendo mais
prevalente em áreas urbanas. A patologia da LV está associada a uma menor produção de
IFN-Ȗ por células T e ao aumento da produção de IL-10, que suprime a ativação dos
macrófagos e promove o desenvolvimento da doença. Células T ativadas podem expressar
CD40L que interagem com o CD40 expresso em células apresentadoras de antígeno (APC),
essa interação é importante para a ativação de APCs e produção de citocinas inflamatórias,
quimiocinas, óxido nítrico (NO) e metaloproteinases, desencadeando uma resposta protetora
em modelos experimentais de LV. Dados do nosso grupo demostraram que pacientes com LV
apresentam baixos níveis séricos de sCD40L antes do tratamento e que esses níveis aumentam
no decorrer do mesmo, atingindo títulos próximos aos valores encontrados no controle
endêmico, sugerindo um efeito protetor dessa molécula. Neste trabalho avaliamos a
participação do sCD40L presente no soro na resposta microbicida de macrófagos infectados
por Leishmania chagasi. Para isso, macrófagos humanos obtidos a partir de PBMC foram
infectados com promastigotas de Leishmania chagasi na presença de soro contendo altos
títulos de sCD40L, com e sem adição de anticorpo de bloqueio, anti-CD40L. Avaliamos a
resposta microbicida a partir do número de macrófagos infectados e a quantidade de parasitos
intracelulares. Observamos que houve uma redução de 43% do percentual de macrófagos
infectados e de 58% do número de parasitos intracelulares quando comparado ao meio
(p=0.01), sendo esse efeito foi revertido com o bloqueio do sCD40L, pois ocorreu um
aumento de 24% do percentual de macrófagos infectados e de 33% do número de
amastigotas. A partir dos resultados obtidos concluimos que o sCD40L está relacionado ao
desenvolvimento de uma resposta imunológica protetora por ativar mecanismos microbicidas
dos macrófagos para o controle da infecção por L. chagasi.
Palavras-chave: Leishmaniose Visceral – Macrófago – Ligante de CD40.
vii
ABSTRACT
BARRETO, A. S. Involvement of soluble CD40L (sCD40L) in the microbicidal response in
macrophages infected with Leishmania chagasi. Parasitic Biology-UFS, 2014.
Visceral Leishmaniasis (VL) is a severe desease, endemic in the Brazil, with a
tendency to be more prevalent in urban areas. The pathology of VL is associated with a
reduced production of IFN-Ȗ by T-cells and the increased production of IL-10, which
suppresses the activation of macrophages and promotes development of the disease. Activated
T cells can express CD40L interacting with CD40 expressed on antigen presenting cells
(APC), this interaction is important for the activation of APCs and production of
inflammatory cytokines, chemokines, nitric oxide (NO) and metalloproteinases, triggering a
protective response in experimental models of LV. Data from our group showed that VL
patients have low serum levels of sCD40L before treatment and that these levels increase over
the same, titles reaching close to those found in endemic control, suggesting a protective
effect of this molecule. In this work we evaluated the participation of sCD40L in modulating
the immune response of macrophages infected with Leishmania chagasi. In this work we
evaluated the participation of sCD40L in modulating the immune response of macrophages
infected with Leishmania chagasi. For this, human macrophages were infected with
promastigotes of Leishmania chagasi in the presence of serum containing high titers of
sCD40L with and without addition of blocking antibody, anti-CD40L. After 72 hours, the
microbicidal response was evaluated by number of infected macrophages and the number of
intracellular parasites We observed that there was a 43% reduction in the percentage of
infected macrophages and 58% of the number of intracellular parasites when compared to the
medium (P = 0.01) and this effect was reversed by the blockade of sCD40L, because there
was a 24% increase in the percentage of infected macrophages and 33% of the number of
amastigotes. From the results we can conclude that the sCD40Lestá related to development of
a protective immune response by activating microbicidal mechanisms of macrophages to
control infection by L. chagasi.
Keywords: Visceral Leishmaniasis - Macrophage - CD40 Ligand.
viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APCs
Células apresentadoras de antígeno
CCL2
Ligante de quimiocina (C-C motif) 2
CCR2
Receptor de quimiocina C-C do tipo 2
CR1
Receptor para complemento tipo 1
CR3
Receptor para complemento tipo 3
C3b
Receptor para complemento fração 3b
DC
Célula dendrítica
DTH
Hiersensibilidade tipo tardio
ERK1/2
Cinase regulada por sinais extracelulares
Gp63
Glicoproteína 63
HIV
Vírus da imunodeficiência humana
H2O2
Peróxido de hidrogênio
IgG
Imunoglobulina G
iNOS
Óxido nítrico sintase induzível
IL-1ȕ
Interleucina-1ȕ
ix
IL-2
Interleucina-2
IL-4
Interleucina-4
IL-6
Interleucina-6
IL-10
Interleucina-10
IL-12
Interleucina-12
IFN-Ȗ
Interferon gama
LC
Leishmaniose Cutânea
LCD
Leishmaniose Cutâneo Disseminada
LM
Leishmaniose Mucosa
LPG
Lipofosfoglicano
LV
Leishmaniose visceral
MHCII
Complexo principal de histocompatibilidade classe 2
MP1
Macrophage inflammatory protein
NK
Célula natural killer
NO
Óxido Nítrico
O2-
Ânion superóxido
x
PBMC
Células mononucleares de sangue periférico
PMN
Polimorfonucleares
p38MAP
Proteína cinase ativada por mitógeno 38
ROS
Espécies reativas do oxigênio
rCD40L
CD40L recombinante
SBF
Soro bovino fetal
sCD40L
CD40L solúvel
TCR
Receptor de célula T
TGF-ȕ
Fator de transformação do crescimento-ȕ
Th
Célula T helper
TNF-α
Fator de necrose tumoral- alfa
TLR2
Receptor semelhante a toll 2
TLR4
Receptor semelhante a toll 4
TLR9
Receptor semelhante a toll 9
WHO
Organização Mundial de Saúde (World Health Organization)
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Distribuição da Leishmaniose Visceral ao redor do mundo. Fonte: CHAPUIS et al.,
2007
04
Figura 2. Ciclo de vida de Leishmania chagasi . O parasito Leishmania apresenta-se sob duas
formas: promastigota extracelular no flebotomíneo e amastigota intracelular nos macrófagos
do hospedeiro vertebrado. Após a inoculação das formas promastigotas, ocorre a migração
dessas para as células mononucleares e órgãos viscerais do hospedeiro vertebrado onde se
tranformam em amastigotas e ocasionam o desenvolvimento da doença. Fonte: Adaptado de
dpd.cdc.gov/dpdx/HTML/Leishmaniasis.htm.
06
Figura 3. Sinalização recíproca do CD40-CD40L. A interação entre a APC e a células T, na
presença de uma forte coestimulação CD40-CD40L induz a produção das citocinas IL-12,
IFN-Ȗ e IL-2 que promovem desenvolvimento de uma resposta protetora do tipo Th1 e
ativação de macrófagos. Caso, na interação APC-célula T, a coestimulação CD40-CD40L seja
fraca ocorre a produção de citocinas anti-inflamatórias TGF-ȕ, IL-10 e o desenvolvimento de
uma resposta imunológica supressora do tipo Th2, com a inibição da ativação dos
macrófagos. Fonte: Adaptado de Mathur ET al., (2006).
10
Figura 4. Soro de pacientes com LV suprime a resposta de macrófagos infecatdos por L.
chagasi. Macrófagos humanos obtidos de PBMC de doadores sadios foram infectados com
promastigostas de L. chagasi e posteriormente incubados por 72 horas com 20% de soro de
indivíduos assintomáticos (n=2) ou 20% de soro de pacientes com LV (n=3). Para análise
estatística foi utilizado o Mann Whitney test e o valor considerado significativo quando p <
0.05.
18
Figura 5. sCD40L contribui para o controle da infecção por L. chagasi em macrófagos
humanos. Macrófagos humanos obtidos de PBMC de doadores sadios foram infectados com
promastigostas de L. chagasi e posteriormente incubados com 20% de SBF ou 20% de soro
com altos títulos de sCD40L e tratados com anti-CD40L ou isotipo controle do anticorpo
(n=14) . Foi utilizado * Mann Whitney e **Wilcoxon signed rank test e o valor considerado
significativo quando p<0.05.
19
xii
Figura 6. Curva dose-resposta do rCD40L. Macrófagos humanos obtidos de PBMC de
doadores sadios foram infectados com L. chagasi e incubados por 72 com diferentes
concentrações do rCD40L. (A) Porcentagem de macrófagos infectados e (B) número de
parasitos intracelulares.
20
Figura 7. rCD40L não altera a captura de L.chagasi nas primeiras 2 horas de infecção.
Macrófagos humanos obtidos de PBMC de doadores sadios foram infectados com L. chagasi
e incubados por 2 horas na presença de 20% de SBF, rCD40L e rCD40L + Anti-CD40L. (A)
Porcentagem de macrófagos infectados e (B) número de parasitos intracelulares
21
12
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO
13
2.REVISÃO DA LITERATURA
15
2. 1.Aspectos Biológicos e Epidemiológicos da Leishmaniose Visceral (LV)
15
2. 2.Ciclo de vida de Leishmania sp.
17
2. 3.Imunobiologia da Leishmaniose Visceral
18
2. 4.Manifestações clínicas da Leishmaniose Visceral
20
2. 5.Caracterização do CD40L e do CD40L solúvel (sCD40L)
21
2.6.Tratamento da Leishmaniose Visceral
23
3. OBJETIVOS
25
3.1.Objetivo Geral
25
3.2.Objetivos Específicos
25
4. MATERIAIS E MÉTODOS
26
4.1. Desenho experimental do estudo
26
4.2. Obtenção de Células Mononucleares de Sangue Periférico (PBMC)
27
4.3. Seleção do soro contendo altos títulos de sCD40L
27
4.4. Padronização do CD40L recombinante (rCD40L)
28
4.5. Infecção de macrófagos humanos com Leishmania chagasi
28
4.6. Aspectos Éticos
28
4.7. Análise Estatística
29
5. RESULTADOS
30
6. DISCUSSÃO
34
7. CONCLUSÃO
37
REFERÊNCIAS
38
13
1. INTRODUÇÃO
A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença parasitária grave, de evolução crônica,
causada por um protozoário intracelular obrigatório, pertencente ao complexo Leishmania
donavani. Esta parasitose é endêmica em 98 países distribuídos em regiões tropicais,
subtropicais e Sul da Europa (NEVES et al., 2006; PRIANTE E GOTO, 2009; AMÓRA et
al., 2006, KARAGIANNIS-VOULES et al, 2013). É caracterizada por febre irregular, perda
de peso, anemia, hepatoesplenomegalia, e pancitopenia (PASSOS et al., 2005). No Brasil a
LV é ocasionada pelo parasito Leishmania chagasi (NEVES et al., 2006).
A Leishmania infecta as células do sistema fagocítico mononuclear, em especial os
macrófagos, principais células envolvidas nos mecanismos de defesa imunológica inata que
atuam na fagocitose e destruição do parasita mediada por intermediários reativos do oxigênio
e do nitrogênio, ou podem ainda atuar em conjunto com as células dendríticas (células
apresentadoras de antígeno profissionais- APCs) na apresentação de antígeno aos linfócitos T
virgens, ativando a imunidade adaptativa. As interações das APCs com as células T ocorrem
através de ligações do complexo principal de histocompatibilidade de classe II (MHC II)
presente nas APCs com o receptor de células T (TCR), além de outras moléculas coestimulatórias, dentre as quais, CD28-B7.1/2 e CD40-CD40L (ABBAS, 2012). A interação
CD40- CD40L é requerida para a produção de IL-12 e IFN-Ȗ, promovendo a ativação e
maturação de células dendríticas e macrófagos (ABBAS, 2012), que são células envolvidas na
apresentação de antígeno e no controle da infecção por parasitos do gênero Leishmania.
O CD40 é um membro da superfamília de receptores TNF expresso em APCs e em
várias células não hematopoiéticas, possui como forma ligante o CD154 ou CD40L presente
em células T (SUBAUSTE, 1999) e assim como outras proteínas transmembranas possui uma
forma solúvel, o sCD40L, proveniente de sua clivagem e que é capaz de se ligar ao CD40
( GRAF et al., 1995).
Em modelos experimentais de Leishmaniose Visceral, a ausência do CD40L é
favorável à infecção, e a falha nesta proteína aumenta a replicação de parasitas que
sobrevivem após o tratamento (NUNES et al., 2005). Recentemente, Oliveira et al., (2013)
demostraram que pacientes portadores da forma assintomática da LV, com teste cutâneo
positivo (DTH+) para antígeno de leishmania, bem como os pacientes após o tratamento,
14
apresentam altos títulos de CD40L solúvel (sCD40L) no soro. e esses valores de sCD40L
apresentaram correlacao negativa com o tamanho do baço , sendo sugerido pelo autor, como
marcador de cura clinica.
Nesse tabalho pretendemos avaliar se o desenvolvimento de uma resposta
imunológica protetora nesses indivíduos pode estar associado a participação do sCD40L na
ativação dos mecanismos microbicidas de macrófagos infectados por Leishmania chagasi.
15
2. REVISÃO DA LITERATURA
As leishmanioses compreendem um grupo de doenças ocasionadas por parasitas
pertencentes ao gênero Leishmania, apresentando um amplo espectro clínico de
manifestações, que podem variar de lesões cutâneas, tais como: Leishmaniose Cutânea (LC),
Leishmaniose Mucosa (LM), Leishmaniose Cutâneo Disseminada (LCD), Leishmaniose
Difusa (LD) ou pode acometer os órgãos viscerais, a Leishmaniose Visceral (LV) (GOTO et
al., 2011), sendo esta última considerada a forma mais grave da doença.
Os fatores relacionados ao desenvolvimento das diferentes formas clínicas das
leishmanioses, compreendem a espécie de Leishmania, o vetor envolvido na transmissão e a
resposta imunológica desenvolvida pelo hospedeiro.
2. 1 Aspectos Biológicos e Epidemiológicos da Leishmaniose Visceral
A LV é uma zoonose causada por um parasita intracelular obrigatório da ordem
Kinetoplastida, família Trypanosomatidae, gênero Leishmania, subgênero Leishmania e as
espécies são pertencentes ao complexo Leishmania donovani, dentre as quais estão
Leishmania donovani (L. donovani) de ocorrência no subcontinente indiano, na Ásia e África,
Leishmania infantum (L. infantum), na região mediterrânea, na região sudeste e central da
Ásia e Leishmania chagasi (L. chagasi) na América do Sul (MURRAY et al., 2005; WILSON
et al., 2005; MEDEIROS et al., 2007; ELSHAFIE et al., 2011). Embora apresentem
diferenças no nome e origem geográfica, dados moleculares sugerem que L. infantum e L.
chagasi podem ser atualmente, a mesma espécie (MAURICIO et al., 2000; DANTASTORRES, 2006).
A Leishmaniose Visceral (LV), popularmente conhecida como calazar, é uma doença
tropical negligenciada que apresenta elevados índices de letalidade quando não tratada.
Representa um grave problema de saúde pública mundial, pois segundo Alvar e colaboradores
(2012) é a segunda no ranking de mortalidade e a quarta em morbidade entre as doenças
tropicais negligenciadas. Esta parasitose apresenta uma maior prevalência em crianças na
faixa etária de zero a nove anos de idade (representando cerca de 80% dos casos detectados),
provenientes de regiões onde a pobreza e a desnutrição são comuns (CALDAS et al., 2001,
PEDROSA & ROCHA, 2004).
16
Antigamente conhecida como uma endemia rural, atualmente a LV encontra-se em
expansão e urbanização, devido a fatores como: o crescimento desordenado dos grandes
centros urbanos, a migração de pessoas de áreas endêmicas para estas cidades, além de
mudanças ambientais como o desmatamento, presença do vetor Lutzomyia longipalpis e de
animais doméstico, ausência de saneamento básico, de moradia e alimentação adequada
(WHO, 2010; BARATA et al., 2013). Segundo Griensven & Diro (2012) outro fator que tem
contribuído substancialmente para a expansão da LV em áreas endêmicas é a co-infecção pelo
vírus da imunodeficiência humana (HIV), que vem apresentando um aumento do número de
casos no Brasil, em países da África, Sudeste da Europa e Sul da Ásia, (De la Loma et al.,
1985).
A LV é endêmica em países distribuídos em regiões tropicais, subtropicais e estima-se
que, por ano, ocorram entre 200 a 400 mil novos casos da doença, com a ocorrência de 20.000
a 40.000 mortes (SUBAUSTE, 2009; KARAGIANNIS-VOULES et al., 2013; SAPORITO et
al., 2013). Apesar de apresentar ampla distribuição geográfica, 90% dos casos da doença
concentram-se em países como a Índia, Nepal, Sudão, Bangladesh, Etiópia e Brasil (ROCHA
E PEDROSA, 2004; MALAFAIA, 2009; WHO, 2010), como pode ser visto na Figura 1.
Figura 1. Distribuição da Leishmaniose Visceral ao redor do mundo.
Fonte: CHAPUIS et al., 2007
No Brasil, o primeiro registro da Leishmaniose Visceral humana, ocorreu no estado de
Sergipe, no ano de 1934 (CHAGAS, 1936 apud TAVARES, 1999). Enquanto na década de
90, os casos autóctones de leishmaniose visceral já haviam sido notificados em 67 dos 75
municípios sergipanos (TAVARES & TAVARES, 1999). Com a migração das pessoas de
17
áreas endêmicas do nordeste para os grandes centros urbanos, levando muitas vezes animais
infectados, associado às condições necessárias para a manutenção da doença tais como a
presença do vetor e a moradia em regiões de periferia (geralmente um ambiente silvestre
desmatado), proporcionou a dispersão da doença para as demais regiões do país (COSTA et
al., 2005). Atualmente 26 estados da federação e o Distrito Federal possuem registro de casos
da leishmaniose visceral (KARAGIANNIS-VOULES et al., 2013).
2.2 Ciclo de vida de Leishmania chagasi
A LV é transmitida por vetores pertencentes à ordem Diptera, família Psychodidae e
gênero Phlebotominae (BARATA et al., 2013), sendo o gênero Phlebotomus no velho mundo
(Europe, Asia, e Africa), e Lutzomyia no novo mundo (America) (SAPORITO et al., 2013).
No Brasil a doença é transmitida pelo vetor Lutzomyia longipalpis, no entanto, estudos
recentes têm apontado Lutzomyia cruzi como vetor no estado do Mato Grosso (COSTA et al.,
2005).
O agente etiológico da LV nas Américas é L. chagasi, que apresenta ciclo de vida do
tipo heteroxênico, ou seja, uma forma promastigota flagelada extracelular no intestino do
vetor invertebrado (flebotomíneo) e a forma amastigota intracelular em mamíferos infectados
(hospedeiro vertebrado) (MAROVICH et al., 2000; MURRAY et al., 2005; HSIAO et al.,
2008; STÄGER et al., 2010; PALETTA-SILVA & MEYER-FERNANDES, 2012 ).
O ciclo de vida de L. chagasi inicia quando a fêmea do flebotomíneo Lutzomyia
longipalpis infectada com L. chagasi realiza repasto sanguíneo em hospedeiro vertebrado
sadio e inocula a forma promastigota metacíclica infectante nesse hospedeiro (CHAPUIS et
al., 2007, COLLIN et al., 2009). A forma promastigota, por sua vez, infecta as células do
sistema fagocítico mononuclear, em especial os macrófagos, onde sofrem uma alteração
morfológica para a forma amastigota (LIESE et al., 2008), que após sucessivas multiplicações
por divisão binária rompem o macrófago com consequente liberação das amastigotas,
disseminando a infecção para as células vizinhas. O ciclo continua, quando o flebotomíneo ao
exercer repasto sanguíneo em hospedeiro vertebrado infectado, ingere formas amastigotas que
ao chegarem no intestino do vetor se diferenciam em formas promastigotas metacíclicas
infectantes (HORTA et al., 2012) e migram para a probóscida desse inseto (Figura 2).
18
Figura 2. Ciclo de vida de Leishmania chagasi . O parasito Leishmania apresenta-se sob duas
formas: promastigota extracelular no flebotomíneo e amastigota intracelular nos macrófagos
do hospedeiro vertebrado. Após a inoculação das formas promastigotas, ocorre a migração
dessas para as células mononucleares e órgãos viscerais do hospedeiro vertebrado onde se
tranformam em amastigotas e ocasionam o desenvolvimento da doença.
Fonte: Adaptado de dpd.cdc.gov/dpdx/HTML/Leishmaniasis.htm.
2. 3 Imunobiologia da Leishmaniose Visceral
A resposta imune na LV tem início desde o momento da inoculação das formas
promastigotas infectantes juntamente com componentes presentes na saliva de Lutzomyia
longipalpis, como substâncias que inibem a agregação plaquetária, e a coagulação sanguínea
(Maxidilan), além de moléculas inflamatórias e imunomodulatórias, que têm importante papel
no estabelecimento da infecção por L. chagasi (RIBEIRO, 1995; TITTUS et al., 2006).
Uma vez a Leishmania spp. Inoculada no organismo do hospedeiro vertebrado, os
neutrófilos são as primeiras células da resposta imunológica a migrarem para o local da
infecção na tentativa de combater o agente infeccioso (RIBEIRO-GOMES & SACKS, 2012).
Os neutrófilos infectados atuam na secreção de MIP-1 e consequentemente no
recrutamento de macrófagos para o local da infecção (THALHOFER., et al 2011). Com a
chegada dos macrófagos, ocorre a fagocitose das células infectadas ou de corpos apoptóticos
que podem inibir a ativação dos macrófagos infectados na fase inflamatória inicial.
(RIBEIRO-GOMES & SACKS, 2012), sugerindo que a Leishmania spp. utiliza PMN como
19
um mecanismo para entrar de forma silenciosa nos macrófagos (van ZANDBERGEN et al.,
2004).
Os macrófagos também podem fazer o reconhecimento e a fagocitose da leishmania
através da proteína lipofosfoglicano (LPG) e da glicoproteína gp63 presentes em sua
membrana (SHIO et al., 2012; GOTO, 2004) e se ligam a receptores de fragmento do
complemento (CR1, CR3 e C3b) (SARAH et al., 2004) e a receptores de reconhecimento
padrão, como os receptores do tipo TOLL, tais como TLR2, TLR4 e TLR9 (CEZÁRIO et al.,
2011), presentes tanto na membrana, quanto no citoplasma e no núcleo destas células.
Após o processo de fagocitose da leishmania, os macrófagos e células dendríticas,
principais células apresentadoras de antígeno (APC), interagem inicialmente com os linfócitos
T virgens, por meio das ligações MHCII-TCR e moléculas co-estimulatórias tais como
B7.1/B7.2-CD28 e CD40-CD40L (ABBAS, 2012). A partir dessas interações, as células T
virgens sofrem diferenciação em células T auxiliares (em inglês T helper) e produzem
citocinas que irão determinar se a resposta imunológica será do tipo Th1 ou Th2 (ABBAS,
2012), indicando um perfil de resistência ou susceptibilidade para a LV respectivamente
(ELSHAFIE et al., 2011).
A resposta Th1 é uma resposta imunológica protetora e está associada com a produção
de citocinas pro-inflamatórias como: interleucina 1ȕ (IL-1ȕ), fator de necrose tumoral α
(TNF- α), interleucina 1β (IL-12) e interferon-Ȗ (IFN-Ȗ), que modulam a infecção por induzir
um potente mecanismo leishmanicida dos fagócitos (SHARMA & SINGH, 2009), em
especial dos macrófagos, que são as principais células envolvidas no controle da infecção por
L. major, L. tropica e L. donovani (McDOWELL et al., 2012).
Os macrófagos podem ser ativados por diferentes sinais que levam à ativação clássica
mediada por produtos da resposta Th1 e células NK, tais como as citocinas IL-1ȕ, TNF- α,
IFN-α e particularmente o IFN-Ȗ, que induz a expressão de óxido nítrico sintase induzida
(INOS ou NOS), enzima que cataliza L-arginina para gerar óxido nítrico (NO)
(ALEXANDER & BRYSON, 2005; KUMAR et al., 2012; LIU & UZONNA, 2012). Pode
ainda ocorrer a produção de intermediários reativos do oxigênio (ROIs), tais como peróxido
de hidrogênio (H2O2) e ânion superóxido (O2-) que degradam e eliminam o parasito (LIESE et
al., 1990; ZANOVELLO, 2005; SHIO et al., 2012).
Por outro lado, quando os macrófagos ativados não produzem uma resposta protetora
do tipo Th1, ocorre o desenvolvimento da LV ativa e o prodomínio de uma resposta do tipo
Th2 (HAILU et al., 2005; HORTA et al., 2012). A resposta Th2 é caracterizada pelo
desenvolvimento de resposta imune humoral com a elevada produção de anticorpos e pela
20
produção de citocinas anti-inflamatórias, dentre as quais destacam-se a IL-4, IL-10 e TGF-ȕ
que estão envolvidos na desativação de monócitos e macrófagos, na inibição da produção de
radicais livres de oxigênio e nitrogênio, exercendo atividade antimicrobicida e contribuindo
para a progressão das formas mais severas da LV em pacientes infectados (HAILU et al.,
2005; NYLÉN et al., 2007; ANSARI et al., 2008; SHARMA & SINGH 2009; FRADE et al.,
2011; KUMAR & NYLÉN, 2012).
Entretanto, estudos recentes mostram que na LV ativa ocorre a produção de ambas as
citocinas pro-inflamatórias (IFN-Ȗ, TNF-α e IL-12) e anti-inflamatórias (IL-4, IL-10)
(GOTO & PRIANTE, 2009; COSTA et al 2012), além de células Th1 produzindo ambas IFNȖ e IL-10 (OWENS et al., 2012).
2.4 Manifestações clínicas da Leishmaniose Visceral
Dependendo da resposta imunológica e das manifestações clínicas desenvolvidas pelo
indivíduo, a LV apresenta-se nas formas assintomática, oligossintomática e doença
progressiva.
A infecção assintomática é evidenciada por positividade para o teste cutâneo de
hipersensibilidade do tipo tardio (DTH+) para antígenos de leishmania (FRADE et al., 2011)
e as células mononucleares de sangue periférico destes indivíduos e dos que apresentam
infecção subclínica respondem para o antígeno de Leishmania com produção e proliferação
de IL-2, IFN-Ȗ e IL-12 (WILSON et al 2005), caracterizando uma resposta imune protetora do
tipo Th1.
Por outro lado, a LV ativa, ou doença progressiva, é caracterizada por uma diminuição
da resposta imune celular ao antígeno de Leishmania, associada à elevada detecção de
interleucina 10 (IL-10) em células TCD4+CD25-FoxP3- e no plasma, promovendo a
diferenciação e expansão das células CD4+ para o subtipo T helper 2 (Th2) (NYLEN et al.,
2007), favorecendo desta forma a proliferação do parasita e a gravidade da doença e
ocasionando a inibição da interleucina 12 (IL-12), principal citocina envolvida no controle
da infecção de macrófagos infectados e na diferenciação de células TCD4+ para o subtipo
Th1 (NYLEN et al., 2007).
A apresentação clínica clássica da LV inclui sintomas como febre e perda de peso
(ocasionado pela produção elevada de TNF-α, também conhecido como caquexina), palidez
(causado por hemólise, mecanismos
auto-imunes e hemorragias), esplenomegalia,
hepatomegalia (ocasionado por hiperplasia e hipertrofia das células de Kupffer, muitas das
21
quais contendo amastigotas, além de um infiltrado de macrófagos, linfócitos T CD4 e T CD8,
e outras células do plasma sem diferenciação epitelóide) (DUARTE & CORBERTT, 1987;
ENGEWERDA et al., 2004; DUARTE et al., 2004). Pode ainda ocorrer, epistaxe,
sangramento gengival, petéquias, taquicardia, tosse seca e menos frequentemente desconforto
abdominal e diarreia (ocorre devido ao acometimento do intestino via linfonodos
mesentéricos) (PASTORINO et al., 2002; GRIENSVEN & DIRO, 2012).
As alterações laboratoriais incluem anemia que está associada com as altas
concentrações de IgG presente nas hemácias de pacientes com LV (CARVALHO et al.,
1986), também pode ocorrer hemorragias devido a trombocitopenia, trombocitopenia e
neutropenia são usualmente vistos refletindo supressão da medula óssea e sequestro esplênico.
Ocorre também hipergamaglobulinemia e linfadenomegalia (ORTEGA, 2003; PASTORINO
et al., 2002; GRIENSVEN & DIRO, 2012).
2. 5 Caracterização do CD40L e do CD40L solúvel (sCD40L)
O desenvolvimento de uma resposta imunológica protetora ou supressora na
Leishmaniose Visceral depende da interação entre moléculas coestimulatórias presentes nas
APCs e em células T, dentre as quais destacam-se CD40-CD40L.
CD40L é uma glicoproteínaproteína transmembrana de 39 kD pertencente a superfamília de receptores TNF-α (ZHANG et al., 2012), expresso em células T e que interage com
o CD40 presente em células dendríticas e macrófagos e linfócitos B. A interação CD40CD40L promove a ativação das células apresentadoras de antígeno (APCs), aumento da
expressão de moléculas coestimulatórias, proliferação de células B, diferenciação e mudança
de isotipo de anticorpos (SCHONBECK et al., 2001), atuando como um importante regulador
central de ambas as respostas imunológicas celular e humoral (GURUNATHAN et al., 1998).
A interação CD40-CD40L pode participar da polarização para uma resposta Th1 ou
Th2. Uma forte interação CD40-CD40L ativa proteinocinases que são ativadas por mitógeno
p38 (p38MAP) e induz a produção de citocinas pro-inflamatórias (IL-12 e TNF-α),
proporcionando a diferenciação de T auxiliares efetoras (TCD4+) no subtipo Th1, que atuam
na proteção do hospedeiro (MATHUR et al., 2006). No entanto, se as sinalizações entre
CD40-CD40L forem fracas, ocorre a ativação de proteinocinase ativadas por receptor
extracelular (ERK1 e ERK2), induzindo a produção de altos níveis da citocina antiinflamatória IL-10 e também TGF-ȕ, ocasionando a diferenciação de células T auxiliares
22
efetoras (TCD4+) no subtipo Th2 e a progressão da doença, como pode ser observado na
Figura 3 (MATHUR, et al., 2006)
Ativação e desativação de macrófagos
Figura 3. Sinalização recíproca do CD40-CD40L. A interação entre a APC e a células T, na
presença de uma forte coestimulação CD40-CD40L induz a produção das citocinas IL-12,
IFN-Ȗ e IL-2 que promovem desenvolvmento de uma resposta protetora do tipo Th1 e
ativação de macrófagos. Caso na interação APC-célula T a coestimulação CD40-CD40L seja
fraca ocorre a produção de citocinas anti-inflamatórias TGF-ȕ, IL-10 e o desenvolvimento de
uma resposta imunológica supressora do tipo Th2, com a inibição da ativação dos
macrófagos. Fonte: Adaptado de MATHUR, et al., 2006.
O CD40L assim como a maioria das proteínas de nosso organismo, possui uma forma
solúvel que é proveniente de sua clivagem, o CD40L solúvel (sCD40L), uma proteína de
18kDa (AUKRUST et al., 2004; BILGIR et al., 2012) que tem sido identificada como
biologicamente ativa em experimentos in vivo e in vitro (YACOUB et al., 2010). O sCD40L
é um trímero funcional que pode executar funções semelhantes às do CD40L ligante de
membrana, mas com menor força de sinalização podendo ser proveniente de dois tipos de
células: plaquetas e Células T (ELGUETA et al., 2009).
A interação do sCD40L com células apresentadoras de antígeno (células dendríticas,
macrófagos e células B) expressando CD40, pode formar um ciclo de dano tecidual em
síndromes inflamatórias agudas e crônicas ou proporcionar uma amplificação da resposta
inflamatória via aumento da produção de espécies reativas de oxigênio em doenças
ocasionadas por por patógenos intracelulares (RIZV et al., 2008).
23
Estudos clínicos recentes demostram que o sCD40L é um poderoso marcador
bioquímico da atividade inflamatória trombótica em pacientes com síndromes coronárias
agudas (HEESCHEN et al., 2003; BILGIR et al., 2012) e também está associado a doenças
degenerativas como o Alzheimer, onde a interação do sCD40L com o CD40 de micróglias
pode produzir substancias neurotóxicas como TNF-α que promove distrofia e demência
(TOWN et al., 2001). Altos níveis de sCD40L no soro de pacientes com câncer têm sido
associados com a supressão da resposta imunológica por induzir a diferenciação de células T
regulatórias in vitro (HUANG et al., 2012; SCHLOM et al., 2013).
Estudos experimentais in vivo e in vitro demostram que o sCD40L recombinante
(rsCD40L) atua de forma efetora no controle de infecções causadas por protozoários
intracelulares como Trypanosoma cruzi (HABIB et al., 2007), Plasmodium falciparum
(MUKHERJEE & CHAUHAN 2008), Toxoplasma gondii (SUBAUSTE et al., 1999) e
Micobacterium tuberculosis (SANTEM et al., 2003). O rsCD40L induz a ativação de
macrófagos para que estes produzam intermediários reativos do nitrogênio (NO) e oxigênio
(O2-), ativação de linfócitos citotóxicos TCD8+ e estimula a produção de citocinas
proinflamatórias como IL-12, IFN-Ȗ (SUBAUSTE et al., 1999; HABIB et al., 2007;
MUKHERJEE & CHAUHAN, 2008).
2. 6. Tratamento da Leishmaniose Visceral
Os antimoniais pentavalentes são as drogas de primeira escolha no tratamento da LV
há mais 70 anos em vários países do mundo. Somente nos anos 80 foi introduzida a
anfotericina convencional e posteriormente as suas formulações lipídicas, pricipalmente a
anfotericina B lipossomal (MONGE-MAILLO & LÓPEZ-VÉLEZ, 2013).
Os antimoniais são drogas tóxicas com frequentes efeitos colaterais adversos, às vezes
com risco de morte, incluindo arritmia cardíaca e pancreatite aguda. Enquanto que a
amphoterin B Liposomal é considerada por muitos especialistas como a melhor droga
existente contra VL (CHAPUIS, 2007), porém apresenta alto custo, o que restringe o seu uso
para uma pequena parcela dos acometidos pela patologia (PALUMBO, 2008).
A utilização de antimoniais e da anfotericina convencional como drogas padrão no
tratamento da LV está ameaçada pelo desenvolvimento de resistência a esses medicamentos
(CROFT et al., 2006). A situação é particularmente grave em Bihar, na Índia, onde mais de
24
60% de pacientes com LV não respondem à primeira linha de terapia antimonial tradicional
(BHANDARI et al., 2012).
Apesar do aumento dos casos de resistência à terapia medicamentosa utilizada no
tratamento da LV, estudos evidenciam que uma vez curados, os pacientes desenvolvem uma
resposta imunológica celular protetora do tipo Th1, evitando a reinfecção (CARVALHO et
al., 1985), o que sugere a possibilidade da criação de uma vacina (GOTO et al 2011). Os
indivíduos assintomáticos para LV, também desenvolvem uma resposta celular do tipo Th1,
caracterizada pela produção de citocinas proinflamatórias, como IL-12 e IFN-Ȗ (FRADE et al
2011), mediada pela interação das moléculas coestimulatórias CD40-CD40L (MATHUR, et
al., 2006).
Estudos realizados por de Oliveira e colaboradores (2013) têm demonstrado que os
pacientes com LV apresentam um aumento da produção da forma solúvel do CD40L
(sCD40L) ao longo do tratamento, bem como uma redução do tamanho do baço e da carga
parasitária, estando portanto associado com a cura clínica da doença.
Dessa forma se faz necessário compreender qual a participação do sCD40L na
infecção por L.chagasi, pois a elucidação dos mecanismos de ativação e supressão da resposta
imunológica e da interação parasito-hospedeiro é de grande importância para o
desenvolvimento de novas imunoterapias e imunoprofilaxias, beneficiando principalmente as
populações residentes em áreas onde a doença é endêmica.
25
3. OBJETIVOS
3.1. OBJETIVO GERAL
Avaliar a participação do sCD40L presente no soro de pacientes na resposta
microbicida em macrófagos infectados por L. Chagasi
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Avaliar se o sCD40L ativa a resposta microbicida de macrófagos infectados por L.
chagasi.
 Verificar se o bloqueio do sCD40L restaura a infecção e a carga parasitária em
macrófagos infectados por L. chagasi.
 Avaliar o efeito de diferentes concentrações do rCD40L em macrófagos infectados
por L. chagasi.
26
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Desenho experimental do estudo
Células mononucleares de sangue periférico
(PBMC) de doadores sadios.
Após 7 dias
Infecção de Mφ com L. chagasi
(1célula: 10 parasitos)
*Soros com altos
títulos de sCD40L
*Soros com altos títulos
de sCD40L + anti- CD40L
Incubação por 72 horas
Avaliação da taxa de infecção e o do
número de parasitas intracelulares
*CD40L recombinante
(rCD40L) em diferentes
concentrações.
27
4.2. Obtenção de Células Mononucleares de Sangue Periférico (PBMC)
Inicialmente foram obtidas células mononucleares de sangue periférico (PBMC) de
doadores sadios a partir do sangue heparinizado diluído 1:2 em salina a 0,9%, através de um
gradiente de densidade pelo Ficoll-Hipaque (Pharmacia AB, Upsalla, Sweden), numa
proporção de 3ml para cada 10ml de sangue e a centrifugação a 1500rpm por 35 minutos à
temperatura ambiente. O anel de células mononucleares foi aspirado da interface e as células
lavadas 2 vezes com salina 0,9% a 1250rpm por 10 minutos e o pellet ressuspenso em meio
de cultura RPMI 1640 (Gibco, Grand Island, New York, USA). Posteriormente essas células
foram plaqueadas em lâminas LabTek na concentração 3x106 células/poço e incubadas por 2
horas em estufa BOD 5% CO2 a 37ºC e após esse período as células não aderentes foram
lavadas 3x com solução salina 0,9% e novamente incubadas por 7 dias, tempo necessário para
a diferenciação em macrófagos.
4.3 Seleção do soro contendo altos títulos de sCD40L
Foram selecionados quatorze soros contendo altos títulos elevados de sCD40L (os
valores do sCD40L no soro apresentaram uma média de 53.97pg/ml ± 37,06 DP),
provenientes de pacientes após o tratamento da LV e também de indivíduos assintomáticos,
conforme as tabelas abaixo:
Tabela 1. Níveis de sCD40L no soro de indivíduos assintomáticos e pós-tratamento da LV.
Pacientes
Níveis sCD40L
Dia do tratamento
Paciente 1
70.328pg/ml
D180
Paciente 2
54.905pg/ml
D360
Paciente 3
40.791pg/ml
D360
Paciente 4
54.905pg/ml
D60
Paciente 5
30.526pg/ml
D180
Paciente 6
10.010pg/ml
D60
Paciente 7
27.604pg/ml
D360
Paciente 8
24.249pg/ml
D60
Paciente 9
120.937pg/ml
D45
Paciente 10
145.551pg/ml
D60
Paciente 11
46.458pg/ml
D30
Paciente 12
46.810pg/ml
D30
DTH+ 1
DTH+ 2
46.458pg/ml
36.114pg/ml
28
4.4. Padronização do CD40L recombinante (rCD40L)
Realizamos uma curva dose resposta para avaliar se o efeito do rCD40L era
dependente da dose utilizada. Para isso, foram adicionadas diferentes concentrações do
rCD40L (4, 10, 25, 50, 100, 500 e 2000ng/ml), na cultura de macrófagos infectados e
incubamos por de 72 horas.
Para avaliar o efeito do rCD40L no período de duas horas de infecção, utilizamos
somente a concentração de 2000ng de rCD40L.
4.5. Infecção de macrófagos humanos com Leishmania chagasi
Os macrófagos de doadores humanos foram infectados com promastigostas de
Leishmania chagasi (cepas LVHSE17) em fase estacionária de crescimento em uma razão de
1 macrófago:10 parasitos em meio RPMI 1640 (Invitrogem) Suplementado com 10% de SBF,
L-glutamina 2mM, penicilina 100U/ml e estreptomicina 100µl/ml (Sigma), denominado
RPMI completo. Após 2 horas de incubação a 37ºC e 5 % CO2, os parasitos não fagocitados
pelos macrófagos foram removidos por lavagem com salina mais 10% SBF.
Em seguida, adicionamos à cultura dos macrófagos infectados, 20% desse soro mais o
isotipo do anticorpo anti-CD40L (10µg/ml). Para avaliar se o bloqueio do sCD40L reverteria
a ação do sCD40L na resposta microbicida utilizamos anticorpo anti-CD40L (10µg/ml ),
como controle do soro dos pacientes com altos títulos sCD40L, utilizamos uma cultura com
20% de soro bovino fetal (SBF). Ou adicionamos a cultura crescentes concentraçoes de
rCD40L (descritas acima no item 4.5). Posteriormente, as culturas foram incubadas em estufa
CO2 5% a 37ºC em diferentes tempos de infecção (2 e 72 horas). A capacidade microbicida
foi determinada a partir da avaliação do número de macrófagos infectados e do número de
parasitas intracelulares. Para tanto, lâminas LabTek foram coradas com Panótipo rápido e
posteriormente, 100 células foram analisadas em objetivas de imersão (1000x).
4.6. Aspectos Éticos
Este projeto envolve pesquisa com seres humanos e segue as instruções da resolução
196/96, sendo que uma parte do soro de pacientes com LV está incluída no projeto que foi
submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário da
29
Universidade Federal de Sergipe (CAAE-0151.0.107.000.07). Além disso, parte do projeto
que envolve pesquisa para obtenção de células de pacientes normais foi submetido e aprovado
pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe
(CAAE-0123.0.107.000.11).
4.7. Análise Estatística
Os resultados obtidos após a execução dos objetivos 1 e 2 foram avaliados quanto às
diferenças estatísticas utilizando diferentes testes. Para comparações entre dois grupos foi
utilizado Mann-Whitney test e para análise de dados pareados foi utilizado Wilcoxon signed
rank test, ambos realizados no Software GraphPad Prism 5, com intervalo de significância de
95%, sendo os valores considerados estatisticamente significativos quando p < 0,05.
30
5. RESULTADOS
Pacientes com LV ativa e indivíduos assintomáticos apresentam diferentes
concentrações de proteínas plasmáticas em seu soro (de OLIVEIRA et al 2013). Dessa forma,
avaliamos se o fator de proteção contra o parasito presente no soro destes pacientes é capaz de
modular a infecção de macrófagos por L. chagasi. Para isso, realizamos infecção de
macrófagos humanos de doadores sadios com Leishmania chagasi e em seguida adicionamos
nessas culturas o soro de pacientes com LV ativa ou o soro de indivíduos assintomáticos.
Como observamos na figura 4(a e b), a infecção foi de 10% nos macrófagos incubados
com o soro de pacientes com LV ativa, enquanto que nos macrófagos cultivados na presença
de soro de pacientes assintomáticos, a infecção foi de 5%, ou seja, houve uma redução de
50% da taxa de macrófagos infectados e também do número de parasitos intracelulares, o que
% M infectados
50
a)
40
*p = 0.0199
30
20
10
0
LV
Assintomático
Número Amastigotas/100 M
sugere a existência de um fator de proteção que atua no combate à infecção por L. chagasi.
50
b)
40
*p = 0.015
30
20
10
0
LV
Assintomático
Figura 4. Soro de pacientes com LV suprime a resposta de macrófagos infecatdos por L.
chagasi. Macrófagos humanos obtidos de PBMC de doadores sadios foram infectados com
promastigostas de L. chagasi e posteriormente incubados por 72 horas com 20% de soro de
indivíduos assintomáticos (n=2) ou 20% de soro de pacientes com LV (n=3). Para análise
estatística foi utilizado o Mann Whitney test e o valor considerado significativo quando p <
0.05.
Uma vez que o soro de indivíduos assintomáticos adicionado à cultura de macrófagos
infectados por L. chagasi foi capaz de reduzir de forma significativa a infecção e de acordo
com Oliveira et al., (2013) o soro de indivíduos assintomáticos, bem como o soro pacientes
após o tratamento da LV, possui altos títulos da molécula sCD40L, avaliamos se a redução da
infecção dos macrófagos tinha a participação do sCD40L. Utilizamos diferentes tempos de
31
infecção, dentre os quais optamos pelo tempo de 72 horas, conforme descrito por Nylén et al.,
(2007), que avaliou o efeito imunosupressor do soro com altos títulos de IL-10 (provenientes
de pacientes com LV) na infecção por L. donovani. Além do número restrito de soros
contendo altos títulos de sCD40L disponível para a realização dos experimentos.
Como pode ser observado na figura 5(a e b), no grupo Meio a infecção de macrófagos
foi de aproximadamente 28% e o número de parasitos intracelulares em torno de 55%. No
entanto, quando adicionamos soro com altos títulos de sCD40L na cultura, houve uma
redução do percentual de macrófagos infectados (43% p=0.01) e o número de parasitos
intracelulares quando comparado ao meio (58% p=0.01). Foi observado ainda que o bloqueio
do sCD40L com o anti-CD40L, conseguiu reverter a infecção, pois houve uma elevação da
taxa de macrófagos infectados (24% p=0.03), bem como do número de parasitas intracelulares
a)
40
% M infectados
*p = 0.01
30
**p = 0.03
20
10
0
Meio
sCD40L sCD40L + anti-CD40
Número Amastigotas/100 M
(33% p=0.02).
b)
100
80
*p = 0.01
60
**p = 0.02
40
20
0
Meio
sCD40L
sCD40L + anti-CD40
Figura 5. sCD40L contribui para o controle da infecção por L. chagasi em macrófagos
humanos. Macrófagos humanos obtidos de PBMC de doadores sadios foram infectados com
promastigostas de L. chagasi e posteriormente incubados com 20% de SBF ou 20% de soro
com altos títulos de sCD40L e tratados com anti-CD40L ou isotipo controle do anticorpo
(n=14) . Foi utilizado * Mann Whitney e **Wilcoxon signed rank test e o valor considerado
significativo quando p<0.05.
Como observado acima, o sCD40L é uma molécula que participa do controle da
infecção por L.chagasi e os soros dos pacientes apresentam diferentes concentrações dessa
molécula, por isso decidimos avaliar se o seu efeito protetor sofria variação em função da
concentração, bem como queriamos estabelecer uma concentração de rCD40L que possa ser
usada nos experientos futuros. Para isso, utilizamos CD40L recombinante (rCD40L) que
apresenta efeito similar à molécula acima citada e fizemos uma curva dose resposta com
concentrações que variaram de 4ng/ml a 2000ng/ml. Como observamos na figura 6(a e b),
32
quanto maior é a dose do rCD40L, menor é a taxa de infecção dos macrófagos e do número de
amastigotas. No entanto, vale salientar que a partir da concentração de 100ng/ml de rCD40L
os níveis de infecção se mantêm estáveis, o que indica que em determinado ponto o rCD40L
apresenta o seu limiar de ação, provavelmente pela saturação do receptor.
a)
40
% M infectados
p = 0.007
p = 0.024
30
p = 0.006
20
10
0
Número Amastigotas/100 M
rCD40L
80
b)
p =0.026
60
p =0.005
40
20
0
rCD40L
Figura 6. Curva dose-resposta do rCD40L. Macrófagos humanos obtidos de PBMC de
doadores sadios foram infectados com L.chagasi e incubados por 72 com diferentes
concentrações do rCD40L. (A) Porcentagem de macrófagos infectados e (B) número de
parasitos intracelulares.
33
Por fim decidimos avaliar se a presença do rCD40L modulava a captação de
Leishmania por macrófagos. Para isso, infectamos macrófagos de doadores sadios com
promastigotas de L. chagasi, duas horas após a infecção os parasitos que estavam fora das
células foram removidos por lavagem e em seguida, adicionamos rCD40L (2µg/ml), rCD40L
+ anti-CD40L ( 2µ g/ml) ou 20% de SBF(condição meio) e incubamos por mais duas horas
para avaliar a infecção.
Foi observado que a porcentagem de macrófagos infectados foi de aproximadamente
70% (Figura 7a) e o número de parasitos intracelulares foi próximo a 200 (Figura 7b) em
todas as condições avaliadas: meio, rCD40L, rCD40L + anti-CD40L. O que demonstrou que
o rCD40L não interferiu na captaçãodo parasito pelo macrófago.
Número M infectados
100
a)
80
60
40
20
0
Meio
Amastigotas/100 M
300
rCD40L
rCD40L + anti-CD40L
b)
200
100
0
Meio
rCD40L
rCD40L + anti-CD40L
Figura 7. rCD40L não altera a captura de L.chagasi nas primeiras 2 horas de infecção.
Macrófagos humanos obtidos de PBMC de doadores sadios foram infectados com L. chagasi
e incubados por 2 horas na presença de 20% de SBF, rCD40L e rCD40L + Anti-CD40L. (A)
Porcentagem de macrófagos infectados e (B) número de parasitos intracelulares.
34
6. DISCUSSÃO
O sCD40L é uma molécula amplamente investigada em doenças cardiovasculares,
onde atua como um bom marcador de risco cardiovascular. No entanto a realização de
estudos que avaliem o papel dessa molécula em doenças parasitárias infecciosas é escassa.
Recentemente, Oliveira e colaboradores (2013) demonstraram que o soro de indivíduos
assintomáticos e de pacientes após o tratamento da LV, possui altos títulos de citocinas
proinflamatórias e também de moléculas coestimulatórias, dentre as quais o sCD40L. Nesse
trabalho foi observado que sCD40L presente no soro de pacientes com LV está relacionado ao
desenvolvimento de uma resposta imunológica protetora por ativar mecanismos microbicidas
de macrófagos para o controle da infecção por L. chagasi.
Inicialmente, foi demonstrado que o soro de indivíduos assintomáticos adicionados à
cultura de macrófagos infectados com L. chagasi controlou de forma mais eficente a infecção,
do que o soro de pacientes com leishmaniose visceral ativa. Resultado semelhante foi
observado em estudo realizado por Nylén et al (2007) e Singh et al (2012), onde macrófagos
humanos infectados com L. donovani e incubados com soro de indivíduos provenientes de
áreas endêmicas (EC) apresentaram uma redução da carga parasitária quando comparados aos
monócitos de pacientes incubados com o soro de pacientes com LV.
Um dos fatores associados ao desenvolvimento de uma resposta protetora menos
eficiente nos indivíduos com LV pode está associada com imunossupressão mediada pelo
soro, uma vez que estudos clínicos têm demonstrado que o soro de indivíduos com LV ativa
possui altos níveis da citocina IL-10 (BARRAL ET al., 1988; NYLÉN et al., 2007), que atua
na inibição da produção de IL-12 e também inibe a ativação de macrófagos. Todavia, o soro
dos controles endêmicos de LV possuem elevados níveis de moléculas coestimulatórias,
citocinas como TNF-α e principalmente o IFN-Ȗ, que estão associados ao desenvolvimento de
uma resposta imunológica do tipo protetora na LV (GAUTAM et al., 2011; SINGH et al.,
2012), por promover a ativação dos mecanismos microbicidas dos macrófagos
Apesar da realização de numerosos estudos in vitro e in vivo demonstrarem o papel
protetor da interação CD40-CD40L na infecção por Leishmania spp., a partir da utilização de
proteínas recombinantes (SHU et al., 1995; CAMPBELL et al., 1995; ZHOU & SEDER,
1998, McDOWELL et al., 2002, MURRAY et al., 2003; SUBAUSTE et al., 2009), esse estudo é
35
o primeiro a utilizar o soro com altos títulos de sCD40L provenientes de pacientes, para
avaliar a sua ação em macrófagos infectados por L. chagasi.
No presente estudo, demonstrou-se que o sCD40L, uma molécula coestimulatória
presente em altos níveis no soro de indivíduos assintomáticos e de pacientes após o
tratamento da LV, tem a capacidade de ativar os mecanismos microbicidas dos macrófagos,
reduzindo a infecção por L. chagasi. Trabalhos com rCD40L descrevem sua participacao na
ativacao da resposta microbicida e Th1. McDOWELLet al., (2002), reportaram que
macrófagos murinos infectados com L. major, na presença de CD40L recombinante (rCD40L)
apresentaram uma redução da taxa de infecção e do número de parasitos intracelulares por
macrófago.Habib et al., 2007, também demostraram que na infecção experimental in vivo por
T. cruzi o rCD40L promoveu um decréscimo da parasitemia e aumento da sobrevida dos
camundongos, sugerindo capacidade protetora. Samten e colaboradores (2003) e Klug-Micu e
colaboradores (2013) demonstraram que a infecção de monócitos humanos por
Mycobacterium tuberculosis na presença de rCD40L evidenciam o aumento da capacidade
funcional de linfóticos T citotóxicos CD8+, a partir da produção das citocinas proinflamatórias IL-12 e IL-18, com do decréscimo da parasitemia. Nos estudos acima descritos ,
a principal via de ativação dos macrófagos foi a partir da citocina IFN-Ȗ produzida pelas
células T, resultando na morte do parasita através da produção de espécies reativas do
nitrogênio e oxigênio.
Apesar de estudos demonstrarem que a interação CD40-CD40L controla a fusão do
vacúolo com o lisossomo no macrófago aumentando a captação de Toxoplasma gondii, via
ativação da cascata de sinalização de receptores TNF-α (SUBAUSTE, 2009) , em nosso
estudo não foi observado aumento da captura de L. chagasi e ativação dos mecanismos
microbicidas dos macrófagos no período inicial da infecção, pois a entrada do parasita nas
primeiras 2 horas foi semelhante independente da presenca do sCD40L e o controle da
infeccao foi mais tardio, no período de 72 horas.
Para uma melhor compreensão dos mecanismos envolvidos na ativação
dos
macrófagos a partir do sCD40L se faz necessário a realização de dosagem de citocinas, para
averiguar se estão sendo produzidas as citocinas proinflamatórias IL-12 e IFN-Ȗ que induzem
o desenvolvimento de uma resposta protetora do padrão Th1, ou se estão sendo produzidas
citocinas regulatórias e anti-inflamatórias IL-10 e TGF-ȕ respectivamente, que culminam
com o desevolvimento da doença. Pois essa é a primeira vez que a molécula de sCD40L
36
proveniente do soro de pacientes pós-tratamento e de indivíduos assintomáticos da LV foi
utilizada demonstrando a sua ação protetora no controle da infecção por L. chagasi.
Em resumo, nossos estudos indicam que o sCD40L promove o aumento da atividade
microbicida em macrófagos infectados por L. chagasi. Porém, os mecanismos que estão
envolvidos na morte do parasito precisam ser melhor estudados .
37
7. CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos, sugerimos que o sCD40L presente no soro de
pacientes assintomátcos e pós- tratamento da LV está relacionado ao desenvolvimento de uma
resposta imunológica protetora por ativar mecanismos microbicidas dos macrófagos para o
controle da infecção por L. chagasi.
38
REFERÊNCIAS
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 7ª
edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
ALEXANDER, J. & BRYSON, K. T helper (h)1/Th2 and Leishmania: paradox rather than
paradigm. Immunology Letters. Vol 99: 17–23, 2005.
ALVAR, J.; VELEZ, I. D.; BERN, C.; et al. Leishmaniasis worldwide and global estimates of
its incidence. PLoS One. Vol.7, 2012.
AMÓRA, S. S. A; SANTOS, M. J. P; ALVES, N. D; et al. Fatores relacionados com a
positividade de cães para leishmaniose visceral em área endêmica do Estado do Rio Grande
do Norte, Brasil. Revista Ciência Rural. V.36: 1854-1859, 2006.
ANDRADE, R. M.; PORTILLO J. A. C.; WESSENDARP, M.; et al.; CD40 signaling in
macrophages induces anti‑microbial activity against an intracellular pathogen independently
of IFN‑g and reactive nitrogen intermediates. Infection and Immunity. Vol. 73: 3115–3123.
2005.
ANSARI N. A.; RAMESH V.; SALOTRA P. Immune response following miltefosine therapy
in a patient with post-kala-azar dermal leishmaniasis. Trans R Soc Trop Med Hyg. Vol
102:1160-1162, 2008.
ANSARI, N. A.; SALUJA, S.; SALOTRA, P. Elevated levels of interferon-Ȗ, interleukin-10,
and interleukin-6 during active disease in Indian kala azar. Clinical Immunology. Vol. 119:
339-345, 2006.
AUKRUST P, DAMAS J.K, SOLUM N.O. Soluble CD40 ligand and platelets: selfperpetuating pathogenic loop in thrombosis and inflammation? J Am Coll Cardiol. Vol
43:2326-2328, 2004.
BARATA , R. A.; PEIXOTO, J. C.; TANURE, A. et al. Epidemiology of Visceral
Leishmaniasis in a Reemerging Focus of Intense Transmission in Minas Gerais State, Brazil.
BioMed Research International. 2013.
BARRAL, A.; BARRAL-NETO, M.; BRAGA, S. et al 1988. Serum-mediated
imunossupression in American Visceral Leishmanisis. Mem. Inst. Oswaldo Cruz. Vol 83:
514-516, 1988.
BHANDARI, V.; KULSHRESTHA, A.; DEEP, D. K.; et al. Drug Susceptibility in
Leishmania Isolates Following Miltefosine Treatment in Cases of Visceral Leishmaniasis and
Post Kala-Azar Dermal Leishmaniasis. PLoS Neglected Tripocial Deseases. Vol 6, 2012.
BILGIR, F.; BILGIR, O.; KEBAPCILAR, L.;et al. Soluble CD40 ligand, high sensitive Creactive protein and fetuin-A levels in patients with essential thrombocythemia. Transfusion
and Apheresis Science. Vol 46: 67–71, 2012.
39
BOGDAN, C.; RÖLLINGHOFF, M. & DIEFENBACH, A. Reactive oxygen and reactive
nitrogen intermediates in innate and specific immunity. Current Opinion in Immunology.
Vol 12:64–76, 2000.
BRODIE, T. M.; SMITH, M. C.; MORRIS, R. V. et al. Immunomodulatory Effects of the
Lutzomyia longipalpis Salivary Gland Protein Maxadilan on Mouse Macrophages.
INFECTION AND IMMUNITY. Vol 75: 2359–2365, 2007.
CALDAS, A. J. M.; SILVA, D. R. C.; PEREIRA, C. C. R.; et al. Infecção por Leishmania
(Leishmania) chagasi em crianças de uma área endêmica de leishmaniose visceral americana
na Ilha de São Luis-MA, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.
Vol 34: 445-451, 2001.
CAMPBELL, K. A.; OVENDALE, P. J.; KENNEDY, M. K.; et AL. CD40 Ligand Is
Required for Protective Cell-Mediated Immunity to Leishmania major. Immunity, Vol. 4,
283–289, 1996.
SUBAUSTE, C. S.; ANDRADE, R. M.; WESSENDARP, M. CD40-TRAF6 and AutophagyDependent Anti-Microbial Activity in Macrophages. 245-248, 2007.
CARVALHO, L. C. P. de.; BADARO, R.; CARVALHO, E. M.; et al. Nature and incidence
of erythrocyte-bound IgG and some aspects of the physiopathogenesis of anaemia in
American visceral leishmaniasis. Clin. exp. Immunol. Vol.64, 495-502,1986.
CEZÁRIO, G. A. G; OLIVEIRA, L. R. C. de; PERESI, E. N.; et al. Analysis of the
expression of toll-like receptors 2 and 4 cytokine production during experimental Leishmania
chagasi infection. Mem Ins Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Vol. 106, 2011.
CHAGAS, E. Primeira verificação em indivíduo vivo da leishmaniose visceral no Brasil.
Brasil-Médico. Vol.11: 221-222, 1936.
CHAPPUIS, F; SUNDAR, S.; HAILU, A.; et al. Visceral leishmaniasis:what are the needs for
diagnosis, treatment and control? Nature Reviews Microbiology. VOL. 5: 873-882, 2007.
COLLIN, N.; GOMES, R.; TEIXEIRA, C.; et al. Sand Fly Salivary Proteins Induce Strong
Cellular Immunity in a Natural Reservoir of Visceral Leishmaniasis with Adverse
Consequences for Leishmania. PLoS Pathogens. Vol 5, 2009.
COSTA, J. M. L. Epidemiologia das Leishmanioses no Brasil. Gazeta Médica da Bahia,
Vol:75: 3-17, 2005.
COSTA, A. S. A.; COSTA, G. C.; AQUINO, D. M. C. de.; et al. Cytokines and visceral
leishmaniasis: a comparison of plasma cytokine profiles between the clinical forms of visceral
leishmaniasis. Mem Inst Oswaldo Cruz. Vol 107: 735-739, 2012.
de La LOMA, A.; ALVAR, J.; MARTINEZ, G. E.; et al. Leishmaniasis or AIDS? Trans R
Soc Trop Med Hyg. Vol 79:421-422, 1985.
40
de OLIVEIRA, F. A.; SILVA, C. V. O.; DAMASCENA, N. P. .High levels of soluble CD40
ligand and matrix metalloproteinase-9 in serum are associated with favorable clinical
evolution in human visceral leishmaniasis. BMC Infectious Diseases, 2013.
DUARTE, M. I. S.; CORBETT, C. E. P. Histopathological patterns of the liver involvement
in visceral leishmaniasis. Ver. Inst. Med. Trop. Vol. 20, 131-136, 1987.
DUARTE, M. I. S; TUON, F. F; PAGLIARI, C; et al. Human visceral leishmaniasis
expresses Th1 pattern in situ liver lesions. Journal of Infection. Vol 57: 332-337, 2008.
ELGUETA, R.; BENSON M. J.; de VRIES V. C.; et al . Molecular mechanism and function
of CD40/CD40L engagement in the immune system. Immunology Review. Vol 229:152-172,
2009.
ELSHAFIE, A. I.; AHLIN, E.; HAKANSSON, L. D.; et al. Activity and turnover of
eosinophil and neutrophil granulocytes are altered in visceral leishmaniasis. International
Journal for Parasitology. Vol 41: 463–469, 2011.
ENGEWERDA, C. R.; ATO, M.; KAYE, P. M.. Macrophages, pathology and parasite
persistence in experimental visceral leishmaniasis. TRENDS in Parasitology, Vol.20: 524530, 2004.
FRADE, A. F.; OLIVEIRA, L. C. de.; COSTA, D. L.; et al. TGFB1 and IL8 gene
polymorphisms and susceptibility to visceral leishmaniasis. Infection, Genetics and
Evolution. Vol 11: 912–916, 2011.
GAUTAM, S.; KUMAR, R.; MAURYA, R. et al. IL-10 Neutralization Promotes Parasite
Clearance in Splenic Aspirate Cells From Patients With Visceral Leishmaniasis. Brief
Report. Vol 204:1134-1137, 2011.
GOTO, H.; PRIANTI, M.G. Immunoactivation and immunopathogeny during active visceral
leishmaniasis. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo. Vol 51: 241-246, 2009.
GOTO, Y.; BHATIA, A .; RAMAN, V. S.; et al. KSAC, the First Defined Polyprotein
Vaccine Candidate for Visceral Leishmaniasis. Clinical and Vaccine Immunology. Vol 18:
1118–1124, 2011.
GRAF D.; MULLER S.; KORTHAUER U.; et al. A soluble form of TRAP (CD40 ligand) is
rapidly released after T cell activation. Europeu Journal Immunology. Vol 25:1749-54,
1995.
GURUNATHAN, S.; IRVINE, K. R.; WU, C.Y.; et al. CD40 Ligand/Trimer DNA Enhances
Both Humoral and Cellular Immune Responses and Induces Protective Immunity to
Infectious and Tumor Challenge. Journal of Immunology. Vol 161:4563-4571, 1998.
HABIB, M.; RIVAS, M. N.; CHAMEKH, M; et al. Cutting Edge: Small Molecule CD40
Ligand Mimetics Promote Control of Parasitemia and Enhance T Cells Producing IFN-Ȗ
during Experimental Trypanosoma cruzi Infection. The Journal of Immunology, Vol
178:6700-6704, 2007.
41
HAILU, A.; van BAARLE, D. ; KNOL, G. J; et al. T cell subset and cytokine profiles in
human visceral leishmaniasis during active and asymptomatic or sub-clinical infection with
Leishmania donovani. Clinical Immunology. Vol 117, 182-191, 2005.
HEESCHEN, C; DIMMELER, S; HAMM, C. H; BRAND, M. J. van den. Soluble CD40
Ligand in Acute Coronary Syndromes. The New England Journal of Medicine. Vol 348,
2003.
HORTA, M. F.; MENDES, B. P.; ROMA, E. H.; et al. Reactive Oxygen Species and Nitric
Oxide in Cutaneous Leishmaniasis. Journal of Parasitology Research. 2012.
HSIAO, C. H. C.; YAO, C.; STORLIE, P.; DONELSON, J. E.; WILSON, M. E. The major
surfasse protease (MSP or GP63) in the intracelular amastigote stage of Leishmania chagasi.
Molecular & Biochemical Parasitology 157, 148-159, 2008.
HUANG, J.; JOCHEMS, C .; TALAIE, T.; et al. Elevated serum soluble CD40 ligand in
cancer patients may play an immunosuppressive role. Blood, Vol 120: 3030-3038, 2012.
KARAGIANNIS-VOULES, D. A.; SCHOLTE, R. G.C.; GUIMARÃES, L. H.; UTZINGER.;
et al. Bayesian Geostatistical Modeling of Leishmaniasis Incidence in Brazil. PLOS
Neglected Tropical Diseases. Vol. 7, 2013.
KLUG-MICU G. M.; STENGER, S.;SOMMER, A.; et al. CD40 ligand and interferon-c
induce an antimicrobial response against Mycobacterium tuberculosis in human monocytes.
Immunology, Vol 139, 121–128, 2013.
KUMAR, P.; KUMAR, R.; PANDEY, H.; et al. Studies on the arginase, 5’-nucleotidase and
lysozyme activity by monocytes from visceral leishmaniasis patients. Journal Parasitic
Disease. Vol 36: 19–25, 2012.
KUMAR, R.; NYLÉN, S. Immunobiology of visceral leishmaniasis. Frontiers in
Immunology/Microbial Immunology. Vol 3, 2012.
LIESE, J.; SCHLEICHER, U.; BOGDAN, C. The innate immune response against
Leishmania parasites. Immunobiology. Vol 213: 377–387, 2008.
LIU, D. & UZONNA, J. E. The early interaction of Leishmania with macrophages and
dendritic cells and its influence on the host immune response. Frontiers in Cellular and
Infection Microbiology. Vol 2, 2012.
MALAFAIA , G. Leishmaniose Visceral no estado de Minas Gerais: panorama, desafios e
perspectivas. SaBios: Ver. Saúde e Biologia, Vol 4: 1-11, 2009.
MAURICIO, I. L.; STOTHARD J. R.; MILES M. A. The strange case of Leishmania chagasi.
Parasitology Today. Vol 16:188–899, 2000.
MAROVICH, M. A.; McDOWELL, M. A.; THOMAS, E. K.; et al. IL-12p70 Production by
Leishmania major-Harboring Human Dendritic Cells Is a CD40/CD40 Ligand-Dependent
Process. The Journal of Immunology. Vol 164:5858-5865, 2000.
42
MATHUR, R. K.; AWASTHI, A.; SAHA, B.The conundrum of CD40 function: host
protection or disease promotion? TRENDS in Parasitology. Vol.22: 117-122, 2006.
McDOWELL, M. A.; MAROVICH, M.; LIRA, R.; et al. .Leishmania Priming of Human
Dendritic Cells for CD40 Ligand-Induced Interleukin-12p70 Secretion Is Strain and Species
Dependent. Infection and Immunity. Vol 70: 3994–4001, 2002.
MEDEIROS, F. S. de.; TAVARES-NETO, J.; D’ OLIVEIRA, J. A.; PARANÁ, R.
Alteraciones hepáticas en la Leishmaniasis Visceral (Kalazar) en niños: Revisión sistemática
de la literatura. Acta Gastroenterol Latinoam. Vol 37, 2007.
MONGE-MAILLO & LÓPEZ-VÉLEZ. Therapeutic options for visceral leishmaniasis.
Drugs. Vol 73:1863-1888, 2013.
MUKHERJEE, P. & CHAUHAN, V. S. Plasmodium falciparum-free merozoites and infected
RBCs distinctly affect soluble CD40 ligand-mediated maturation of immature monocytederived dendritic cells. Journal of Leukocyte Biology Vol 84: 244-254, 2008.
MURRAY, H. W. Prevention of Relapse after Chemotherapy in a Chronic Intracellular
Infection: Mechanisms in Experimental Visceral Leishmaniasis. The Journal of
Immunology. Vol 174: 174:4916-4923, 2005.
MURRAY, H. W.; LU, C. M.; BROOKS, E. B.; et al. Modulation of T-Cell Costimulation as
Immunotherapy or Immunochemotherapy in Experimental Visceral Leishmaniasis. Infection
and immunity. Vol 71: 6453–6462, 2003.
MURRAY, H. W; BERMAN, J. D; DAVIES, C. R; SARAVIA, N. G. Advances in
leishmaniasis, The Lancet. vol. 366: 1561-1577, 2005.
NEVES, D. P.; MELO, A. L de.; LINARDI P. M.; VITOR, R. W. A. Parasitologia Humana.
11ª edição. Editora Atheneu, 2006.
NORSWORTHY, N. B; SUN, J .;ELNAIEM, D.; et al. Sand Fly Saliva Enhances Leishmania
amazonensis Infection by Modulating Interleukin-10 Production. Infection and Immunity. p.
1240–1247, 2004.
NYLÉN, S. & SACKS, D. Interleukin-10 and the pathogenesis of human visceral
leishmaniasis. Vol 28: 378-384, 2007.
NYLÉN, S.; MAURYA, R.; EIDSMO, L.; et al. Splenic accumulation of IL-10 mRNA in T
cells distinct from CD4+CD25+ (Foxp3) regulatory T cells in human visceral leishmaniasis.
The Journal of Experimental Medicine. Vol. 204: 805–817, 2007.
NUNES, M. P.; CYSNE-FINKELSTEIN, L.; MONTEIRO, B. C.; et al. CD40 signaling
induces reciprocal outcomes in Leishmania-infected macrophages; roles of host genotype and
cytokine milieu. Microbes and Infection . Vol 7: 78–85, 2005.
43
ORTEGA, B. E. Visceral Leishmaniasis. Long: principles snd practice of pediatric
infectious desease. 2a edição, 2003, p1284.
OWENS, B. M. J.; BEATTIE, L.; MOORE, J. W. J.; et al. IL-10-Producing Th1 Cells and
Disease Progression Are Regulated by Distinct CD11c+ Cell Populations during Visceral
Leishmaniasis. PLoS Pathogens. Vol 8, 13p, 2012.
PALETTA-SILVA, R & MEYER-FERNANDES, J. R. Adenosine and imune imbalance in
visceral leishmaniasis: the possible role of ectonucleotidases. Journal of Tropical Medicine,
2012.
PALUMBO, P. Oral Miltefosine Treatment in Children With Visceral Leishmaniasis: a Brief
Review. The Brazilian Journal of Infectious Diseases. Vol 12: 2-4, 2008.
PASSOS, S.; CARVALHO, L. P.; ORGE, G.; et al. Recombinant Leishmania Antigens for
Serodiagnosis of Visceral Leishmaniasis. Clinical and Diagnostic Laboratory
Immunology. Vol. 12: 1164–1167, 2005.
PASTORINO, A. C.; JACOB, C. M. A.; OSELKA, G. W.; CARNEIRO-SAMPAIO, M. M.
S. Leishmaniose visceral: aspectos clínicos e laboratoriais. Jornal de Pediatria. Vol 78:120127, 2002.
PEDROSA, C. M. S & ROCHA, E. M. M. da. Aspectos clínicos e epidemiológicos da
leishmaniose visceral em menores de 15 anos procedentes de Alagoas, Brasil. Revista da
Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Vol 37:300-304, 2004.
PRATES, D. B.; ARAÚJO-SANTOS, T.; LUZ, N. F.; et al. Lutzomyia longipalpis saliva
drives apoptosis and enhances parasite burden in neutrophils. Journal of Leukocyte Biology.
Vol 90: 575-582, 2011.
RIBEIRO, J. M. Blood-feeding arthropods: live syringes or invertebrate pharmacologists?
Infect. Agents Dis. Vol 4:143–152, 1995.
RIZVI, M.; PATHAK, D.; FREEDMAN, J. E.; CHAKRABARTI, S. CD40–CD40 ligand
interactions in oxidative stress, inflammation and vascular disease. Trends in Molecular
Medicine. Vol 14, 2008.
SAMTEN, B.; WIZEL, B.; SHAMS, H.; et al. CD40 Ligand Trimer Enhances the Response
of CD8+ T Cells to Mycobacterium tuberculosis. J Immunol. Vol 170:3180-3186, 2003.
SAPORITO, L.; GIAMMANCO, G. M.; GRAZIA, S. de.; COLOMBA, C. Visceral
leishmaniasis: host–parasite interactions and clinical presentation in the immunocompetent
and in the immunocompromised host. International Journal of Infectious Diseases. Vol 17:
572-576, 2013.
SCHLOM J, JOCHEMS C, GULLEY JL, HUANG J. The role of soluble CD40L in
immunosuppression. OncoImmunology. 2013.
U. SCHÖNBECK, G. K. SUKHOVA, K. SHIMIZU, F. et al. Inhibition of CD40 signaling
limits evolution of established atherosclerosis in mice. PNAS, Vol 97: 7458–7463, 2000.
44
SHARMA, U.; SINGH, S. Immunobiology of leishmaniasis. Indian Journal of
Experimental Biology. Vol 47, 412-423, 2009.
SHIO, M. T.; HASSANI, K.; ISNARD, A.; et al. Host Cell Signalling and Leishmania
Mechanisms of Evasion. Journal of Tropical Medicine. 2012.
SINGH, O. P.; GIDWANI, K.; KUMAR, R.et al. Reassessment of Immune Correlates in
Human Visceral Leishmaniasis as Defined by Cytokine Release in Whole Blood. Clinical
and Vaccine Immunology p. 961–966. 2012.
STÄGER, S; JOSHI, T; BANKOTI, R. Immune evasive mechanisms contributing to
persistente Leishmania donovani infection. Immunol Res Vol 47:14-24, 2010.
SUBAUSTE C. S. CD40 and the immune response to parasitic infections. Seminars in
Immunology. Vol 21: 273–282, 2009.
SUBAUSTE, C. S.; WESSENDARP, M.; SORENSEN, R. U.; et al.. CD40-CD40 Ligand
Interaction Is Central to Cell-Mediated Immunity Against Toxoplasma gondii: Patients with
Hyper IgM Syndrome Have a Defective Type 1 Immune Response That Can Be Restored by
Soluble CD40 Ligand Trimer. The Journal of Immunology. Vol 162: 6690-6700, 1999.
TAVARES, L. M. S. de A & TAVARES, E. D. Incidência, Distribuição Geográfica e
Aspectos Ambientais das Áreas Endêmicas da Leishmaniose Visceral em Sergipe. Informe
Epidemiológico do SUS. Vol 8:47-52, 1999.
TITUS, R. G.; BISHOP, J. V. & MEJIA, J. S. The immunomodulatory factors of arthropod
saliva and the potential for these factors to serve as vaccine targets to prevent pathogen
transmission. Parasite Immunology . Vol 28, 131–141, 2006.
THALHOFER, C. J.; CHEN, Y.; SUDAN, B., et al. Leukocytes Infiltrate the Skin and
Draining Lymph Nodes in Response to the Protozoan Leishmania infantum chagasi.
Infect.Immun. Vol. 79, 108–117, 2011.
TOWN, T.; TAN, J.; MULLAN, J. CD40 signaling and Alzheimer’s disease pathogenesis.
Neurochemistry International. Vol 39: 371-380, 2001.
Van GRIENSVEN, J. & DIRO, E. Visceral Leishmaniasis. Infect Dis Clin N Am. Vol 26,
309–322, 2012.
VAN ZANDBERGEN, G.; KLINGER, M.; MUELLER, A.; et al. Cutting Edge: Neutrophil
Granulocyte Serves as a Vector for Leishmania Entry into Macrophages. Journal
Immunology. Vol 173:6521-6525, 2004.
WILSON, M. E.; JERONIMO, S. M.B.; PEARSON, R. D. Immunopathogenesis of infection
with the visceralizing Leishmania species. Microbial Pathogenesis, Vol 38: 147–160, 2005.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Leishmaniasis. 2011. Disponível em
HTTP://www.who.int/leishmaniasis/en/. Acesso em 26/08/2011,
45
YACOUB, D.; HACHEM, A.; THEORET, J.F.; et al. Enhanced levels of soluble CD40
ligand exacerbate platelet aggregation and thrombus formation through a CD40-dependent
tumor necrosis factor receptorassociated factor-2/Rac1/p38 mitogen-activated protein kinase
signaling pathway. Arterioscler Thromb Vasc Biol. Vol 30: 2424-2433, 2010.
ZHANG, Y.; HUANG, T.; HU, Y.; WANG, Y. Activation of CD40 by Soluble Recombinant
Human CD40 Ligand Inhibits Human Glioma Cells Proliferation via Nuclear Factor-κB
Signaling Pathway. Journal Huazhong Univ Sci Technol. Vol 32, 691-696, 2012.
ZHOU, B. P.; SEDER, R. A. CD40 Ligand Is Not Essential for Induction of Type 1 Cytokine
Responses or Protective Immunity after Primary or Secondary Infection With Histoplasma
capsulatum. The Journal of Experimental Medicine. Volume 187: 1315–1324, 1998.
Download