Disciplina: Filosofia Professor: Daniel de Oliveira Neto 1

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Disciplina: Filosofia
Professor: Daniel de Oliveira Neto
REVISÃO DO CONTEÚDO PARA OS EXAMES FINAIS
1. CONCEITO DE METAFÍSICA
Aristóteles conceituou metafísica de quatro modos:
1.
2.
3.
4.
Ciência dos princípios e primeiras causas;
Ciência do ser enquanto ser;
Ciência que investiga as substâncias;
Ciência que investiga a substância suprassensível (que excede o que é percebido
através da materialidade e da experiência sensível).
NOTA: Atualmente, ciência e filosofia estão dissociadas.
2. POTÊNCIA, ATO E MOVIMENTO
Para Aristóteles, as coisas se apresentam diante de nós em potência ou em ato.
Em potência quando esta coisa tender a ser outra, significa possibilidade, capacidade de
ser - como uma semente (uma árvore em potência).
Em ato quando a potência já estiver realizada, significa realidade, perfeição, ser efetivo,
como uma árvore (uma semente em ato).
3. TELEOLOGIA
As coisas ocorrem em função de um objetivo determinado – uma causa. Essa causa pode
ser final ou pode ser uma etapa para alcançar outra (maior).
Definição de homem: “o homem é um animal político”. Diferente de “o homem é um
animal racional”.
Político é o que mora na polis, ou seja, em sociedade. Que delibera, racionaliza. A
sociedade leva ao desenvolvimento da racionalidade, torna o homem humano.
O homem ao nascer tem a potência de se tornar verdadeiramente humano. (Teleologia)
4. Essência e Acidente
Essência é aquilo sem o qual o ser não pode ser o que é; sem ela o ser não pode ser
reconhecido como sendo ele mesmo (ex.: uma lâmpada que não ilumina ou tenha
iluminado, e que não tenha uma função decorativa ou artística não pode ser chamada de
lâmpada).
Acidente é aquilo que pode ser tirado do ser, sem descaracterizá-lo (a cor amarela de um
carro não torna esse carro mais carro do que outro azul).
5. As quatro causas
Mesmo o ser em ato está sujeito a algumas causas. Para Aristóteles, existem quatro
causas implicadas na existência de algo:
•
•
•
•
A causa material (aquilo do qual é feita alguma coisa, o bronze, por exemplo);
A causa formal (o que torna a coisa ela mesma, como uma estátua de bronze);
A causa eficiente – instrumental (aquilo que dá origem ao processo em que a coisa
surge, como as mãos de quem trabalha a estátua);
A causa final (aquilo para o qual a coisa é feita, a estátua é feita para enfeitar um
ambiente).
6. AS SENSAÇÕES, O CONHECIMENTO, OS PARTICULARES E OS UNIVERSAIS.
Segundo Aristóteles todos os homens querem saber (conhecer as coisas). Como
prova disso, o estagirita nos lembra do amor que todos nós temos pelas sensações. Ou
seja, queremos sentir. Sentir é viver.
Mas, sabemos que somente as sensações não nos garantem o verdadeiro saber; os
animais são dotados de sensações, e nem por isso possuem a razão.
Armazenamos na memória as sensações, e pela repetição delas produzimos um
juízo universal, ou seja, um conceito onde ficam todas as informações sobre algumas
coisas semelhantes, "aquilo cuja natureza é afirmada de diversos sujeitos" (JAPIASSÚ;
MARCONDES, 2001, p. 191), causando a experiência, e da experiência surge a ciência.
A experiência é conhecimento dos particulares (de uma determinada coisa), a
ciência é conhecimento dos universais (da soma de várias coisas), e quem conhece os
universais conhece também os particulares, haja vista estarem os particulares dentro dos
universais. Por isso os que possuem o conhecimento dos universais, são capazes de
ensinar, pois conhecem a causa das coisas, e isso distingue quem sabe de quem não sabe.
7. Ética aristotélica
A palavra ethos é de etimologia grega e significa comportamento, ação, atividade. É dela que
deriva a palavra ética. A ética é, portanto, o estudo do comportamento, das ações, das escolhas e dos
valores humanos. Mas no nosso cotidiano ocorre de percebermos que há uma série de modelos de
“éticas” diferentes que postulam modos de vida e de ação, por vezes excludentes.
Aristóteles consagrou a tão famosa ética do meio-termo. Optar por um caminho que condene
ambos os extremos, sendo, pois, os causadores dos excessos e dos vícios.
Diz-se do homem, que ele é um animal político, dotado de palavra e está inclinado
naturalmente a viver na pólis. Por isso o indivíduo expande-se em grupos sempre mais largos, até
inserir-se na pólis, que é também um ser natural”.
A política por sua vez legisla sobre o que devemos fazer e nos abster, conduz-nos ao bem
maior, ao qual todos e tudo tendem, que é a Felicidade. Em função disso, “o sujeito moral não
pode ser compreendido ainda, como nos tempos atuais, na sua completa individualidade. Os
homens gregos são antes de tudo cidadãos, membros integrantes de uma comunidade, de modo
que a ética se acha intrinsecamente ligada à política”.
8. Os componentes da felicidade
“Quanto aos componentes da Felicidade, parecem múltiplos: os bens exteriores; o prazer que,
embora não seja a Felicidade é o coroamento da atividade bem-sucedida, perfeita, da atividade
que alcançou o seu fim.
A atividade feliz é a atividade do homem que realizou sua tarefa de ser homem: mostrouse de modo excelente um homem, desenvolveu na medida do possível suas qualidades
específicas de ser humano: a racionalidade, a linguagem, a sociabilidade. A excelência do ser
humano é a sua virtude: bens exteriores (riqueza e honrarias), prazer, virtude, são, portanto, os
componentes, todos necessários, da Felicidade: Felicidade é a atividade conforme a virtude”.
Sendo de comum acordo que o supremo bem é a Felicidade, basta então definir quais os
meios para se chegar a ela. Aristóteles faz uma importante distinção entre virtudes intelectuais
(sabedoria, inteligência e o discernimento, por exemplo) e virtudes morais (liberalidade e
moderação, por exemplo), sendo as primeiras geradas pelo ensino e requerem experiência e
tempo, e as segundas são adquiridas em resultado do hábito, o que sugere que nenhuma das
excelências nos são dadas naturalmente.
Conforme Aristóteles, a Excelência Moral é o meio-termo entre duas deficiências morais,
uma das quais envolve excesso e a outra se relaciona com a falta. “Pois a natureza da virtude é
visar a mediania nas paixões e nos atos”, por exemplo: o meio-termo entre a covardia e a
temeridade é a coragem, assim como a temperança é o meio-termo entre a licenciosidade e a
insensibilidade.
Em moral, a virtude do homem é a força com a qual ele se aplica ao dever e o realiza. A
virtude é a permanente disposição para querer o bem, o que supõe a coragem de assumir os
valores escolhidos e enfrentar os obstáculos que dificultam a ação. Uma vida autenticamente
moral não se resume a um ato moral, mas é a repetição e continuidade do agir moral. Aristóteles
afirmava que “uma andorinha, só, não faz verão” para dizer que o agir virtuoso não é ocasional e
fortuito, mas deve se tornar um hábito, fundado no desejo de continuidade e na capacidade de
perseverar no bem. Ou seja, a verdadeira vida moral se condensa na vida virtuosa.
9. TÁBUA DAS VIRTUDES DE ARISTÓTELES
Excesso
Meio-termo
Deficiência
Imprudência
Coragem
Covardia
Indisciplinado
Temperança (moderação)
Insensibilidade
Esbanjador
Generosidade
Avareza
Vaidade
Nobreza
Mediocridade
Ambição
Aspiração Moderada
Desalento
Irritabilidade
Doçura
Frouxidão
Ostentação
Veracidade
Falsa Modéstia
Servilismo
Justo Acolhimento
Intriga
Timidez
Reserva
Sem pudor
Inveja
Justa Cólera
Ressentimento
10. METRÉTICA
A metrética (medida feita sobre as ações) que usa o estagirita, procurava o
caminho do meio entre vícios e virtudes, a fim de equilibrar a conduta do homem
com o seu desenvolvimento material e espiritual. Assim, entendido que a
especificidade do homem é a de ser um animal racional, a felicidade só poderia se
relacionar com o total desenvolvimento dessa capacidade. A felicidade é o estado
de espírito a que aspira o homem e para isso é necessário tanto bens materiais
como espirituais.
AS ESCOLAS DO PERÍODO HELÊNICO
O terceiro período do pensamento grego abrange os três séculos após a morte
de Aristóteles. Na história da civilização e da cultura, este período toma o nome de
helenismo.
No terceiro período do pensamento grego não se encontram mais alguns poucos
e grandes pensadores, como no precedente, mas vastas orientações e escolas; não
sistemas críticos, mas afirmações dogmáticas.
Trataremos, antes de tudo, da escola estoica, em que ainda há uma metafísica,
elementar, porém, e anacrônica, em contradição consigo mesma e com a moral.
11 - O ESTOICISMO
Em seu conjunto, o estoicismo pode-se dividir em três períodos: um período
antigo ou ético, um período médio ou eclético, um período recente ou religioso. Os
dois últimos, bastante divergentes do estoicismo clássico.
O fundador da antiga escola estoica é Zenão de Citium (334-262 a.C., mais ou
menos). Pelo ano 300, funda a sua escola, que se chamou estoica, do lugar onde ele
costumava ensinar: pórtico em grego, stoá. Iniciou, juntamente com a atividade
didática, a de escritor. Em seus escritos já se encontram a clássica divisão estoica da
filosofia em lógica, física e ética, a primazia da ética e a união de filosofia e vida.
A escola estoica média ou eclética, surge pela influência de outras escolas e
para responder às objeções dessas escolas. Podem-se, pois, agrupar na escola estoica
nova ou religiosa os que entendiam absolutamente a filosofia, o estoicismo, não como
ciência, metafísica, mas como uma missão e uma prática religiosa, sacerdotal.
O Pensamento: Metafísica
A mente humana é concebida como uma tabula rasa. Como em Aristóteles, o
conhecimento parte dos dados imediatos do sentido; mas, diversamente de
Aristóteles, o conhecimento é limitado ao âmbito dos sentidos. O conhecimento
intelectual nada mais pode ser que uma combinação, uma complicação quantitativa
de elementos sensíveis. O conceito, pois, é destruído, seguindo-se o aniquilamento da
ciência, da metafísica e, logo, também da moral.
A metafísica estoica reduz-se à física, porquanto é radicalmente materialista: se
tudo é material, toda atividade é movimento, devem-se conceber materialisticamente
também Deus, a alma, as propriedades das coisas. Esta matéria está em perpétuo vira-ser, conforme a concepção de Heráclito.
A Moral e a Política
No pensamento dos estoicos, o fim supremo, o único bem do homem, não é o
prazer, a felicidade, mas a virtude; não é concebida como necessária condição para
alcançar a felicidade, e sim como sendo ela própria um bem imediato. Com o
desenvolvimento do estoicismo, todavia, a virtude acaba por se tornar meio para a
felicidade da tranquilidade, da serenidade, que nasce da virtude negativa da apatia,
da indiferença universal. A felicidade do homem virtuoso é a libertação de toda
perturbação, a tranquilidade da alma, a independência interior, a autarquia.
Como o bem absoluto e único é a virtude, assim o mal único e absoluto é o
vício. E não tanto pelo dano que pode acarretar ao vicioso, quanto pela sua
irracionalidade e desordem intrínseca, ainda que se acabe por repudiá-lo como
perturbador da indiferença, da serenidade, da autarquia do sábio. Tudo aquilo que não
é virtude nem vício, não é nem bem nem mal, mas apenas indiferença; pode tornar-se
bem se for unido com a virtude, mal se for ligado ao vício; há o vício quando à
indiferença se ajunta a paixão, isto é, uma emoção, uma tendência irracional, como
geralmente acontece.
A paixão, na filosofia estoica, é sempre e substancialmente má; pois é
movimento irracional, morbo e vício da alma - quer se trate de ódio, quer se trate de
piedade. De tal forma, a única atitude do sábio estoico deve ser o aniquilamento da
paixão, até a apatia. O ideal ético estoico não é o domínio racional da paixão, mas a
sua destruição total, para dar lugar unicamente à razão: maravilhoso ideal de homem
sem paixão, que anda como um deus entre os homens. Daí a guerra justificada do
estoicismo contra o sentimento, a emoção, a paixão, donde derivam o desejo, o vício,
a dor, que devem ser aniquilados.
A virtude estoica é, no fundo, a indiferença e a renúncia a todos os bens do
mundo que não dependem de nós, e cujo curso é fatalmente determinado. Por
conseguinte, indiferença e renúncia a tudo, salvo e pensamento, a sabedoria, a
virtude, que constituem os únicos bens verdadeiros: indiferença e renúncia à vida e à
morte, à saúde e à doença, ao repouso e à fadiga, à riqueza e à pobreza, às honras e à
obscuridade, numa palavra, ao prazer e ao sofrimento - pois o prazer é julgado insana
vaidade da alma. Daí surge a virtude da fortaleza que o estoicismo reconhece e louva.
O estoico pratica esta indiferença e renúncia para não ser perturbado, magoado
pela possível e frequente carência dos bens terrenos, e para não perder, de tal
maneira, a serenidade, a paz, o sossego, que são o verdadeiro, supremo, único bem
da alma. O sábio é beato, porque, inteiramente fechado na sua torre de marfim, nada
lhe acontece que não seja por ele querido, e se conforma com o demais, sem
saudades e sem esperanças; pois sabe que tudo é efeito de um determinismo
universal. A serenidade, a apatia dos estoicos seria, sem dúvida, fruto de uma fatigosa
conquista, de uma dura virtude. Mas é uma virtude absolutamente negativa (nega e
renuncia). Com efeito, quando o homem se torna indiferente a tudo, e a tudo renuncia,
salvo o seu pensamento - cujo conteúdo é, em definitivo, esta mesma renúncia -, não
lhe resta efetivamente mais nada. Não Deus, pois no sistema estoico, é uma pura
palavra; não a alma, destinada a resolver-se na matéria. A sabedoria estoica é ação
negadora da expansão das forças espirituais, virtude corrosiva, morte moral.
Pelo que diz respeito à política, manifesta-se na filosofia estoica um
racionalismo cosmopolita radical a propósito da sociedade estatal: o homem, político
por natureza, torna-se cosmopolita por natureza. Diz o estoico Musônio: "O mundo é a
pátria comum de todos os homens". Tal cosmopolitismo foi fecundo em progresso, em
civilização humana e moral. Abre-se caminho a um sentimento de caridade, de
perdão, até para os infelizes e os escravos, os estrangeiros e os inimigos, em virtude
da doutrina que afirma a identidade da natureza humana, sentimento este
inteiramente desconhecido ao mundo antigo, clássico, onde campeia solitária uma
justiça, que existe, porém, apenas para os concidadãos, livres e íntegros. E até
começam a nascer instituições caritativas para com os pobres e os doentes. Destarte,
esse cosmopolitismo, a que os estoicos não podem fornecer uma base racional e
metafísica, promove todavia os conceitos de sociedade universal, de direito natural,
de lei racional, conceitos que deveriam ser deduzidos da natureza racional do homem.
Leia mais: http://www.mundodosfilosofos.com.br/estoicismo.htm#ixzz2b2LSZJ6j
12 - EPICURISMO
Filosofia e obra
O propósito da filosofia para Epicuro era conseguir a alegria, uma vida tranquila
caracterizada pela aponia, a ausência de dor e medo, e vivendo cercado de amigos.
Ele pensava que a dor e o prazer eram a melhor maneira de medir o que era bom ou
ruim, a morte era o fim do corpo e da alma e, portanto não devíamos temer os
deuses. Das numerosas obras escritas pelo filósofo, só restaram três cartas que
versam sobre a natureza, sobre os meteoros e sobre a moral, e uma coleção de
pensamentos. Estas cartas, com os fragmentos, foram coligidas por Hermann Usener
sob o título de Epicurea, em 1887. Por suas proposições filosóficas Epicuro é
considerado um dos precursores do pensamento anarquista no período clássico.
A certeza
Segundo Epicuro, para atingir a certeza é necessário confiar naquilo que foi recebido
passivamente na sensação pura e, por conseqüência, nas idéias gerais que se formam
no espírito (como resultado dos dados sensíveis recebidos pela faculdade sensitiva).
O atomismo
Epicuro defendia ardorosamente a liberdade humana e a tranqüilidade do espírito. O
atomismo acreditava o filósofo, poderia garantir ambas as coisas desde que
modificado. A representação vulgar do mundo, com seus deuses, o medo dos quais fez
com que se cometessem os piores atos, é obstáculo à serenidade. Todas as doutrinas
filosóficas, salvo o atomismo, participam dessas superstições.
No sistema epicurista, os átomos se encontram fortuitamente e esta é a grande
modificação em relação ao atomismo de Demócrito (onde o encontro dos átomos é
necessário). É este encontro fortuito que garante a liberdade (se assim não fosse, tudo
estaria sob o jugo da Natureza) e garante a explicação dos fenômenos, sua
elucidação, fazendo com que possam ser explicados racionalmente. Assim, ao
compreender como opera a Natureza, o homem pode livrar-se do medo e das
superstições que afligem o espírito.
O prazer
A doutrina de Epicuro entende que o sumo bem reside no prazer e, por isso, foi uma
doutrina muitas vezes confundida com o hedonismo. O prazer de que fala Epicuro é o
prazer do sábio, entendido como quietude da mente e o domínio sobre as emoções e,
portanto, sobre si mesmo. É a própria Natureza que nos informa que o prazer é um
bem. Este prazer, no entanto, apenas satisfaz uma necessidade ou aquieta a dor. A
Natureza conduz-nos a uma vida simples. O único prazer é o prazer do corpo e o que
se chama de prazer do espírito é apenas lembrança dos prazeres do corpo. O mais
alto prazer reside no que chamamos de saúde. A função principal da filosofia é libertar
o homem.
13 - CINISMO
Diógenes de Sínope (413 – 323 a.C) foi sua figura mais marcante. Tornou sua
filosofia uma forma de viver radical. Ele resumia seu pensamento através da frase
"procuro um homem". Alguém que vivesse sem as exterioridades exigidas pelas
convenções sociais como comportamento, dinheiro, luxo ou conforto. Procurava um
homem feliz, que tivesse encontrado a sua verdadeira natureza, que vivesse conforme
ela.
As pessoas tem, segundo o filósofo, a seu dispor tudo aquilo que realmente
precisam para serem felizes. Mas para isso é necessário conhecer a sua própria
natureza e as verdadeiras exigências que essa lhe faz. A música, a física, a
matemática, a astronomia e a metafísica são inúteis pois são formuladoras de
conceitos. Mas o que importa é a ação, o comportamento e o exemplo.
O necessário para nós é imposto pela nossa condição animal, como nos
alimentar por exemplo. O animal também não tem objetivos para viver, ele não tem
que responder pelos seus atos para a sociedade, ele não precisa de casa ou conforto.
É nas necessidades básicas dos animais que o homem deve se espelhar para conduzir
sua vida.
Seu estilo de vida opõe-se tanto ao dos não filósofos quanto ao dos filósofos. O
cínico rejeita o modo de vida que se baseia na investigação científica, bem como
também aquilo que os homens em geral consideram indispensável: as regras, a vida
em sociedade, a propriedade, o governo, a política, etc.
A prática de vida dos cínicos baseia-se no impudor deliberado: fazem sexo em
locais públicos, comem sem utensílios e sem preparar os alimentos, não usam
vestimentas, etc., isto é, não se adaptam às conveniências sociais e à opinião.
Desprezam o dinheiro, mendigam, não querem posição estável na vida, não têm
cidade, nem casa, nem pátria; são miseráveis, errantes, vivem o dia-a-dia. Têm
somente o necessário para sua sobrevivência.
Os cínicos contestavam ainda o matrimônio e a convivência em sociedade. Eles
se declaravam cidadãos do mundo. Acreditavam que o homem deve ser autônomo e
auto-suficiente tratando o mundo com indiferença pois a felicidade deve vir de dentro
do homem e não do seu exterior.
14 - CETICISMO
O ceticismo prega que nenhum conhecimento é seguro, tudo é incerto. O
pirronismo (como também é conhecido o ceticismo grego antigo) defendia que se
deve contentar com a vida da forma como ela nos parece ser, de acordo com a
aparência das coisas, desfrutar sensações vinda dos sentidos e viver feliz e em paz,
em vez de buscar uma verdade plena impossível, pois o homem nunca saberá como
as coisas são efetivamente.
O pirronismo é considerado uma forma de ceticismo (pois surgiram outras
correntes céticas depois), que professa a impossibilidade do conhecimento e de se
chegar a verdade absoluta.
É do nome Pirro de Élida (365 - 270 a.C.), que deriva o termo pirronismo. Pirro
foi fundador da escola cética. Ele afirma que existe o que é o bem por natureza e o
que é o bem pelas convenções humanas, diferenciando esses dois bens. Conclui que
não existem coisas verdadeiras ou coisas falsas, não existe também na natureza
conceitos como a feiura e a beleza ou a bondade e a maldade, esses conceitos todos
são criações dos homens e ele os nega por serem somente uma convenção, um
costume. Por isso não podemos fazer juízos sobre as coisas (dizer se é certo ou errado,
bom ou ruim, justo ou injusto, verdadeiro ou falso, etc.)
Para o cético, os juízos dependem do que os homens convencionaram,
acordaram, e não da natureza, e essa não faz convenções. Por isso devemos parar de
emitir juízos, julgamentos e conceitos. E se todos os juízos são convenções, também
são passageiros.
Após essa compreensão, surge o conceito de ataraxia (uma indiferença para o
mundo e para com as coisas) e que conduz o homem a felicidade, por meio da paz,
serenidade, independentemente de tudo que está em volta. Daí o porquê não faz
sentido darmos nossas opiniões, pois somos indiferentes às convenções.
Os céticos ramificaram-se em várias vertentes. Alguns dos principais seguidores
são Sexto Empírico e Agripa.
Segundo Sexto Empírico (séc. III e II a.C), no dia-a-dia, o cético deve seguir
quatro direções essenciais:
1 - os sentidos, que são os desígnios dados diretamente pela natureza;
2 - as necessidades naturais do corpo;
3 - as leis tradicionais que são os caminhos trilhados pela natureza humana;
4 - as artes e suas normas que são também muitas vezes criações e expressão
da natureza humana.
Segundo Agripa (aproximadamente 300 anos depois de Pirro) existem cinco
formas para podermos alcançar a interrupção dos nosso juízos e que pretendem
estabelecer a impossibilidade do conhecimento seguro:
1 - Discordância, os filósofos vão sempre discordar sobre diversas coisas, sendo
impossível escolher entre a opinião de um e de outro;
2 - Prova última, toda prova parte do princípio de que existe uma prova para
esta prova e esse argumento pode ser levado ao infinito pois sempre vai existir uma
prova que prova a prova da prova;
3 - Relatividade, onde nós somente podemos conhecer os objetos relativos a
nossa capacidade e a nossa forma de compreensão, que sempre será diferente da
capacidade e da compreensão de todas as outras pessoas;
4 - Hipótese, porque todas as provas tem um fundamento último que não se
pode provar e é portanto uma convenção, e que não é uma lei natural;
5 - Circulo vicioso, as convenções tomam por evidente e demonstrado
justamente aquilo que se deveria demonstrar e isso acontece porque é impossível a
demonstração do quem se quer demonstrar.
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