Disciplina: Filosofia Professor: Daniel de Oliveira Neto

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Disciplina: Filosofia
Professor: Daniel de Oliveira Neto
Revisão para a prova:
- Metrética
A metrética (medida feita sobre as ações) que usa o estagirita, procurava o
caminho do meio entre vícios e virtudes, a fim de equilibrar a conduta do homem com
o seu desenvolvimento material e espiritual. Assim, entendido que a especificidade
do homem é a de ser um animal racional, a felicidade só poderia se relacionar com o
total desenvolvimento dessa capacidade. A felicidade é o estado de espírito a que
aspira o homem e para isso é necessário tanto bens materiais como espirituais.
Aristóteles herda o conceito de virtude ou excelência de seus antecessores,
Sócrates e Platão, para os quais um homem deve ser senhor de si, isto é, ter
autocontrole (autarquia). Trata-se do modo de pensar que promove o homem como
senhor e mestre dos seus desejos e não escravo destes. O homem bom e virtuoso é
aquele que alia inteligência e força, que utiliza adequadamente sua riqueza para
aperfeiçoar seu intelecto. Não é dado às pessoas simples nem inocentes, tampouco
aos bravos, porém tolos. A excelência é obtida através da repetição do
comportamento, isto é, do exercício habitual do caráter que se forma desde a
infância.
Segundo Aristóteles, as qualidades do caráter podem ser dispostas de modo
que identifiquemos os extremos e a justa medida. Por exemplo, entre a covardia e a
audácia está a coragem; entre a belicosidade e a bajulação está a amizade; entre a
indolência e a ganância está a ambição e etc. É interessante notar a consciência do
filósofo ao elaborar a teoria do meio-termo. Conforme ele, aquele que for
inconsciente de um dos extremos, sempre acusará o outro de vício. Isso porque os
extremistas não enxergam o meio-termo, acusando o que está no meio termo de
extremista.
Portanto, seguindo o famoso lema grego “Nada em excesso”, Aristóteles
formula a ética da virtude baseada na busca pela felicidade, mas felicidade humana,
feita de bens materiais, riquezas que ajudam o homem a se desenvolver e não se
tornar mesquinho, bem como bens espirituais, como a ação (política) e a
contemplação (a filosofia e a metafísica).
- AS ESCOLAS DO PERÍODO HELÊNICO
O terceiro período do pensamento grego abrange os três séculos após a
morte de Aristóteles. Na história da civilização e da cultura, este período toma o
nome de helenismo, significando a expansão da cultura grega, helênica, no mundo
civilizado; na história da filosofia denomina-se período ético, porquanto o interesse
filosófico é voltado para os problemas morais.
Os motivos desta filosofia prática surge na decadência espiritual e moral da
época, faltando ao homem interesse na especulação teórica, bem como na profunda
tristeza dos tempos e na profunda sensibilidade diante do mal. Tudo isto torna
dolorosa a vida do homem, que procura na filosofia um conforto, uma orientação
moral, encontrando-a na renúncia ao mundo e à própria vida. Do contingente e do
temporal, o homem volta-se para o transcendente e para o eterno; a filosofia tornase uma preparação para a morte, como julga Platão, e a sabedoria é desapego da
ação, como opina Aristóteles.
No terceiro período do pensamento grego não se encontram mais alguns
poucos e grandes pensadores, como no precedente, mas vastas orientações e
escolas; não sistemas críticos, mas afirmações dogmáticas.
Trataremos, antes de tudo, da escola estoica, em que ainda há uma metafísica,
elementar, porém, e anacrônica, em contradição consigo mesma e com a moral.
O Estoicismo
Em seu conjunto, o estoicismo pode-se dividir em três períodos: um período
antigo ou ético, um período médio ou eclético, um período recente ou religioso. Os
dois últimos, bastante divergentes do estoicismo clássico.
O fundador da antiga escola estoica é Zenão de Citium (334-262 a.C., mais
ou menos). Seu pai, mercador, leva para ele, de Atenas, uns tratados socráticos, que
lhe despertam o entusiasmo para com os estudos filosóficos. Aos vinte e dois anos
vai para Atenas; aí - perdidos seus bens - dedica-se à filosofia, frequentando por
algum tempo várias escolas e mestres, entre os quais o cínico Crates. Finalmente,
pelo ano 300, funda a sua escola, que se chamou estoica, do lugar onde ele costumava
ensinar: pórtico em grego, stoá. Iniciou, juntamente com a atividade didática, a de
escritor. Em seus escritos já se encontram a clássica divisão estoica da filosofia em
lógica, física e ética, a primazia da ética e a união de filosofia e vida.
A escola estoica média ou eclética, surge pela influência de outras escolas e
para responder às objeções dessas escolas. Podem-se, pois, agrupar na escola estoica
nova ou religiosa os que entendiam absolutamente a filosofia, o estoicismo, não
como ciência, metafísica, mas como uma missão e uma prática religiosa, sacerdotal.
O Pensamento: Metafísica
Os estoicos dividem a lógica em dialética e retórica. A mente humana é
concebida como uma tabula rasa. Como em Aristóteles, o conhecimento parte dos
dados imediatos do sentido; mas, diversamente de Aristóteles, o conhecimento é
limitado ao âmbito dos sentidos, não obstante as repetidas e múltiplas declarações
estoicas em louvor da razão. O conhecimento intelectual nada mais pode ser que
uma combinação, uma complicação quantitativa de elementos sensíveis. O
conceito, pois, é destruído, seguindo-se o aniquilamento da ciência, da metafísica e,
logo, também da moral.
A metafísica estoica reduz-se à física, porquanto é radicalmente materialista:
se tudo é material, toda atividade é movimento, devem-se conceber
materialisticamente também Deus, a alma, as propriedades das coisas. Esta matéria
está em perpétuo vir-a-ser, conforme a concepção de Heráclito. Incoerentemente
declaram racional o fogo - substância metafísica da realidade -, atribuem-lhe
arbitrariamente os atributos divinos da sabedoria e da providência, imaginam-no
como espírito ordenador, razão da vida, fazendo emergir todas as qualidades da
matéria, como o Sol faz brotar da semente a planta, segundo uma ordem teológica.
Como se vê, a metafísica dos estoicos é uma metafísica elementar, decadente,
contraditória, e os estoicos não são filósofos metafísicos, mas pragmatistas,
moralistas, inteiramente absorvidos na prática, na ética.
A Moral e a Política
No pensamento dos estoicos, o fim supremo, o único bem do homem, não é
o prazer, a felicidade, mas a virtude; não é concebida como necessária condição para
alcançar a felicidade, e sim como sendo ela própria um bem imediato. Com o
desenvolvimento do estoicismo, todavia, a virtude acaba por se tornar meio para
a felicidade da tranquilidade, da serenidade, que nasce da virtude negativa da
apatia, da indiferença universal. A felicidade do homem virtuoso é a libertação de
toda perturbação, a tranquilidade da alma, a independência interior, a autarquia.
Como o bem absoluto e único é a virtude, assim o mal único e absoluto é o
vício. E não tanto pelo dano que pode acarretar ao vicioso, quanto pela sua
irracionalidade e desordem intrínseca, ainda que se acabe por repudiá-lo como
perturbador da indiferença, da serenidade, da autarquia do sábio. Tudo aquilo que
não é virtude nem vício, não é nem bem nem mal, mas apenas indiferença; pode
tornar-se bem se for unido com a virtude, mal se for ligado ao vício; há o vício quando
à indiferença se ajunta a paixão, isto é, uma emoção, uma tendência irracional, como
geralmente acontece.
A paixão, na filosofia estoica, é sempre e substancialmente má; pois é
movimento irracional, morbo e vício da alma - quer se trate de ódio, quer se trate de
piedade. De tal forma, a única atitude do sábio estoico deve ser o aniquilamento
da paixão, até a apatia. O ideal ético estoico não é o domínio racional da paixão, mas
a sua destruição total, para dar lugar unicamente à razão: maravilhoso ideal de
homem sem paixão, que anda como um deus entre os homens. Daí a guerra
justificada do estoicismo contra o sentimento, a emoção, a paixão, donde derivam o
desejo, o vício, a dor, que devem ser aniquilados.
A virtude estoica é, no fundo, a indiferença e a renúncia a todos os bens do
mundo que não dependem de nós, e cujo curso é fatalmente determinado. Por
conseguinte, indiferença e renúncia a tudo, salvo e pensamento, a sabedoria, a
virtude, que constituem os únicos bens verdadeiros: indiferença e renúncia à vida e à
morte, à saúde e à doença, ao repouso e à fadiga, à riqueza e à pobreza, às honras e à
obscuridade, numa palavra, ao prazer e ao sofrimento - pois o prazer é julgado insana
vaidade da alma. Daí surge a virtude da fortaleza que o estoicismo reconhece e louva.
O estoico pratica esta indiferença e renúncia para não ser perturbado,
magoado pela possível e frequente carência dos bens terrenos, e para não
perder, de tal maneira, a serenidade, a paz, o sossego, que são o verdadeiro,
supremo, único bem da alma. O sábio é beato, porque, inteiramente fechado na sua
torre de marfim, nada lhe acontece que não seja por ele querido, e se conforma com
o demais, sem saudades e sem esperanças; pois sabe que tudo é efeito de um
determinismo universal. A serenidade, a apatia dos estoicos seria, sem dúvida, fruto
de uma fatigosa conquista, de uma dura virtude. Mas é uma virtude absolutamente
negativa (nega e renuncia). Com efeito, quando o homem se torna indiferente a tudo,
e a tudo renuncia, salvo o seu pensamento - cujo conteúdo é, em definitivo, esta
mesma renúncia -, não lhe resta efetivamente mais nada. Não Deus, pois no sistema
estoico, é uma pura palavra; não a alma, destinada a resolver-se na matéria. A
sabedoria estoica é ação negadora da expansão das forças espirituais, virtude
corrosiva, morte moral.
Pelo que diz respeito à política, manifesta-se na filosofia estoica um
racionalismo cosmopolita radical a propósito da sociedade estatal: o homem, político
por natureza, torna-se cosmopolita por natureza. Diz o estoico Musônio: "O mundo é
a pátria comum de todos os homens". Tal cosmopolitismo foi fecundo em progresso,
em civilização humana e moral. Abre-se caminho a um sentimento de caridade, de
perdão, até para os infelizes e os escravos, os estrangeiros e os inimigos, em
virtude da doutrina que afirma a identidade da natureza humana, sentimento este
inteiramente desconhecido ao mundo antigo, clássico, onde campeia solitária uma
justiça, que existe, porém, apenas para os concidadãos, livres e íntegros. E até
começam a nascer instituições caritativas para com os pobres e os doentes. Destarte,
esse cosmopolitismo, a que os estoicos não podem fornecer uma base racional e
metafísica, promove todavia os conceitos de sociedade universal, de direito natural,
de lei racional, conceitos que deveriam ser deduzidos da natureza racional do
homem.
EPICURISMO
Filosofia e obra
O propósito da filosofia para Epicuro era conseguir a alegria, uma vida
tranquila caracterizada pela aponia, a ausência de dor e medo, e vivendo cercado
de amigos. Ele pensava que a dor e o prazer eram a melhor maneira de medir o que
era bom ou ruim, a morte era o fim do corpo e da alma e, portanto não devíamos
temer os deuses. Das numerosas obras escritas pelo filósofo, só restaram três cartas
que versam sobre a natureza, sobre os meteoros e sobre a moral, e uma coleção de
pensamentos. Estas cartas, com os fragmentos, foram coligidas por Hermann Usener
sob o título de Epicurea, em 1887. Por suas proposições filosóficas Epicuro é
considerado um dos precursores do pensamento anarquista no período clássico.
A certeza
Segundo Epicuro, para atingir a certeza é necessário confiar naquilo que foi
recebido passivamente na sensação pura e, por consequência, nas ideias gerais que
se formam no espírito (como resultado dos dados sensíveis recebidos pela faculdade
sensitiva).
O atomismo
Epicuro defendia ardorosamente a liberdade humana e a tranquilidade do
espírito. O atomismo acreditava o filósofo, poderia garantir ambas as coisas
desde que modificado. A representação vulgar do mundo, com seus deuses, o medo
dos quais fez com que se cometessem os piores atos, é obstáculo à serenidade. Todas
as doutrinas filosóficas, salvo o atomismo, participam dessas superstições.
No sistema epicurista, os átomos se encontram fortuitamente e esta é a grande
modificação em relação ao atomismo de Demócrito (onde o encontro dos átomos é
necessário). É este encontro fortuito que garante a liberdade (se assim não fosse,
tudo estaria sob o jugo da Natureza) e garante a explicação dos fenômenos, sua
elucidação, fazendo com que possam ser explicados racionalmente. Assim, ao
compreender como opera a Natureza, o homem pode livrar-se do medo e das
superstições que afligem o espírito.
O prazer
A doutrina de Epicuro entende que o sumo bem reside no prazer e, por isso, foi uma
doutrina muitas vezes confundida com o hedonismo. O prazer de que fala Epicuro é o
prazer do sábio, entendido como quietude da mente e o domínio sobre as
emoções e, portanto, sobre si mesmo. É a própria Natureza que nos informa que o
prazer é um bem. Este prazer, no entanto, apenas satisfaz uma necessidade ou
aquieta a dor. A Natureza conduz-nos a uma vida simples. O único prazer é o prazer
do corpo e o que se chama de prazer do espírito é apenas lembrança dos prazeres do
corpo. O mais alto prazer reside no que chamamos de saúde. A função principal da
filosofia é libertar o homem.
CINISMO
Juntamente com epicuristas e estoicos, o cinismo é considerado como escola
filosófica, pela opção de um modo de vida que se manifestava contra as
transformações ocorridas na Grécia no período do domínio macedônico.
Diógenes de Sínope (413 – 323 a.C) foi sua figura mais marcante. Diógenes
foi discípulo de Antístenes, e esse foi discípulo de Sócrates e fundador da escola
cínica. Tornou sua filosofia uma forma de viver radical. Ele resumia seu pensamento
através da frase "procuro um homem". Segundo dizem, ele passava entre as pessoas
com uma lanterna acesa buscando um homem que vivesse segundo a sua essência.
Alguém que vivesse sem as exterioridades exigidas pelas convenções sociais como
comportamento, dinheiro, luxo ou conforto. Procurava um homem feliz, que tivesse
encontrado a sua verdadeira natureza, que vivesse conforme ela.
As pessoas tem, segundo o filósofo, a seu dispor tudo aquilo que
realmente precisam para serem felizes. Mas para isso é necessário conhecer a sua
própria natureza e as verdadeiras exigências que essa lhe faz. A música, a física, a
matemática, a astronomia e a metafísica são inúteis pois são formuladoras de
conceitos. Mas o que importa é a ação, o comportamento e o exemplo.
O necessário para nós é imposto pela nossa condição animal, como nos
alimentar por exemplo. O animal também não tem objetivos para viver, ele não tem
que responder pelos seus atos para a sociedade, ele não precisa de casa ou conforto.
É nas necessidades básicas dos animais que o homem deve se espelhar para conduzir
sua vida.
Seu estilo de vida opõe-se tanto ao dos não filósofos quanto ao dos filósofos.
O cínico rejeita o modo de vida que se baseia na investigação científica, bem
como também aquilo que os homens em geral consideram indispensável: as
regras, a vida em sociedade, a propriedade, o governo, a política, etc.
A prática de vida dos cínicos baseia-se no impudor deliberado: fazem sexo
em locais públicos, comem sem utensílios e sem preparar os alimentos, não usam
vestimentas, etc., isto é, não se adaptam às conveniências sociais e à opinião.
Desprezam o dinheiro, mendigam, não querem posição estável na vida, não têm
cidade, nem casa, nem pátria; são miseráveis, errantes, vivem o dia-a-dia. Têm
somente o necessário para sua sobrevivência.
O cinismo pode ser considerado uma escola filosófica, ainda que seus
representantes não tenham ministrado qualquer ensino em alguma escola. No
entanto, a relação que havia entre mestre e discípulo confere ao cinismo um caráter
escolar. Porém, o teor filosófico da escola cínica tem pouca expressão. Os cínicos não
se atêm às construções teóricas sob qualquer tema: quando se afirmava que o
movimento não existia, Diógenes, por exemplo, contentava-se em ficar de pé e andar.
A filosofia cínica é unicamente uma escolha de vida, a escolha da liberdade total e
absoluta ou da independência das necessidades inúteis, da recusa ao luxo e da
vaidade presentes na vida social.
Diógenes pôs em pratica seus pensamentos e passou a viver perambulando
pelas ruas na mais completa miséria tomando por moradia um barril o que se tornou
um ícone do quão pouco os homens precisam para viver. Alimentava-se do que
conseguia recolher em sua cuia. Tinha por proteção um manto que usava para dormir
e usava os espaços públicos para fazer tudo mais que precisava. Segundo ele esse
modo de viver o deixava livre para ser ele mesmo pois eliminava a necessidade de
coisas supérfluas. Ele acreditava atingir essa liberdade cansando o corpo para se
habituar a dominar os prazeres até desprezá-los por completo pois para os cínicos os
prazeres enfraquecem o corpo e a alma, pondo em perigo a liberdade do homem pois
o torna escravo dos mesmos.
Os cínicos contestavam ainda o matrimônio e a convivência em sociedade. Eles
se declaravam cidadãos do mundo. Acreditavam que o homem deve ser autônomo e
auto-suficiente tratando o mundo com indiferença pois a felicidade deve vir de
dentro do homem e não do seu exterior.
Outro fato conhecido de Diógenes é seu encontro com Alexandre, então o
homem mais poderoso conhecido. Alexandre solicitou que Diógenes pedisse o que
quisesse e este pediu que Alexandre saísse de sua frente pois estava tapando o sol.
Diógenes estava com esse ato demonstrando o quão pouco ele necessitava para viver
bem conforme sua natureza.
Sentenças:
- Busco um homem honesto.
- Elogiar a si mesmo desagrada a todos.
- O amor é uma ocupação de quem não tem o que fazer.
- O insulto ofende a quem o faz e não a quem o recebe.
- A sabedoria serve para reprimir os jovens, para consolar os velhos, para enriquecer
os pobres e para enfeitar os ricos.
- A liberdade para falar é a coisa mais bela para um homem.
- Um filósofo só serve para machucar os sentimentos de alguém.
- O tempo é o espelho da eternidade.
- Sou uma criatura do mundo.
CETICISMO
O ceticismo prega que nenhum conhecimento é seguro, tudo é incerto.
O pirronismo (como também é conhecido o ceticismo grego antigo)
defendia que se deve contentar com a vida da forma como ela nos parece ser, de
acordo com a aparência das coisas. Deve-se desfrutar sensações vinda dos
sentidos e viver feliz e em paz, em vez de buscar uma verdade plena impossível,
pois o homem nunca saberá como as coisas são na verdade.
O pirronismo é considerado uma forma de ceticismo (pois surgiram outras
correntes céticas depois), que professa a impossibilidade do conhecimento e de se
chegar a verdade absoluta.
É do nome Pirro de Élida (365 - 270 a.C.), que deriva o termo pirronismo. Pirro
foi fundador da escola cética. Para ele existe o que é o bem por natureza e o que
é o bem pelas convenções humanas, diferenciando esses dois bens. Conclui que
não existem coisas verdadeiras ou coisas falsas, não existe também na natureza
conceitos como a feiura e a beleza ou a bondade e a maldade, esses conceitos todos
são criações dos homens e ele os nega por serem somente uma convenção, um
costume. Por isso não podemos fazer juízos sobre as coisas (dizer se é certo ou
errado, bom ou ruim, justo ou injusto, verdadeiro ou falso, etc.)
Para o cético, os juízos dependem do que os homens convencionaram,
acordaram, e não da natureza, e essa não faz convenções. Por isso devemos parar
de emitir juízos, julgamentos e conceitos. E se todos os juízos são convenções,
também são passageiros.
Após essa compreensão, surge o conceito de ataraxia (uma indiferença
para o mundo e para com as coisas) e que conduz o homem a felicidade, por meio
da paz, serenidade, independentemente de tudo que está em volta. Daí o porquê
não faz sentido darmos nossas opiniões, pois somos indiferentes às convenções.
Os céticos ramificaram-se em várias vertentes. Alguns dos principais
seguidores são Sexto Empírico e Agripa.
----Segundo Sexto Empírico (séc. III e II a.C), no dia-a-dia, o cético deve seguir
quatro direções essenciais:
1 - os sentidos, que são os desígnios dados diretamente pela natureza;
2 - as necessidades naturais do corpo;
3 - as leis tradicionais que são os caminhos trilhados pela natureza humana;
4 - as artes e suas normas que são também muitas vezes criações e expressão
da natureza humana.
Segundo Agripa (aproximadamente 300 anos depois de Pirro) existem cinco
formas para podermos alcançar a interrupção dos nossos juízos e que pretendem
estabelecer a impossibilidade do conhecimento:
1 - Discordância, os filósofos vão sempre discordar sobre diversas coisas,
sendo impossível escolher entre a opinião de um e de outro;
2 - Prova última, toda prova parte do princípio de que existe uma prova para
esta prova e esse argumento pode ser levado ao infinito pois sempre vai existir uma
prova que prova a prova da prova;
3 - Relatividade, onde nós somente podemos conhecer os objetos relativos a
nossa capacidade e a nossa forma de compreensão, que sempre será diferente da
capacidade e da compreensão de todas as outras pessoas;
4 - Hipótese, porque todas as provas tem um fundamento último que não se
pode provar e é portanto uma convenção, e que não é uma lei natural;
5 - Círculo vicioso, as convenções tomam por evidente e demonstrado
justamente aquilo que se deveria demonstrar e isso acontece porque é impossível a
demonstração do que se quer demonstrar.
Curiosidade:
- Conta-se que certa vez, Pirro, vendo seu mestre Anaxarco caído num
pântano, passou sem socorrê-lo e, depois, o mestre o felicitou, louvando sua
indiferença e a impassibilidade.
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