FARMA 10 - Titulao Gisele Delaine

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DOSEAMENTO DE ACIDO FÓLICO EMPREGANDO TITULAÇÃO
PONTECIOMÉTRICA
OLIVEIRA, Juliana R (Unitri) [email protected]
ROSA, Gisele Araújo Alvarenga (Unitri) [email protected]
ARANTES, Delaine E (Unitri) Correspondência: [email protected]
Resumo: O ácido fólico é uma vitamina, auxilia na deficiência de folato. É uma
vitamina amplamente distribuída na natureza, estando presente em quase
todos os alimentos. O ácido fólico e indicado em profilaxia e tratamento de
anemias megaloblásticas, devida à deficiência de ácido fólico, e diagnostico de
deficiência de folatos. Todo medicamento necessita de testes para avaliar o
teor de princípios ativos, a fim de garantir sua eficácia e segurança. Buscando
isso, o presente artigo teve como objetivo o doseamento de ácido fólico
utilizando-se a titulação ácido e base. Foram utilizadas amostras de ácido fólico
em comprimidos de 5 mg, para a realização das análises. Na titulação
potenciométrica ácido-base, o teor de ácido fólico encontrado na amostra foi de
4,99%. Após as análises verificou-se que o método potenciométrico foi muito
eficiente.
Palavras-chave: Ácido Fólico; Titulação; Potenciometria
5
1 Introdução
A deficiência de ácido fólico é uma das deficiências vitamínicas mais
comum e sua carência no organismo humano pode produzir graves problemas
de saúde destacando-se defeitos na formação do tubo neural e anemia
megaloblástica (BAYNES; DOMINICZAK, 2000). As causas de deficiência do
ácido fólico podem incluir: ingestão inadequada, absorção insuficiente,
metabolismo deficitário e demanda aumentada.
A gestação e a lactação incluem-se ainda, como causa de deficiência
aumentada. A necessidade de ácido fólico pelo organismo aumenta devido ao
aumento do volume sanguíneo e do número de células, de modo que, no
terceiro trimestre de gestação as exigências de ácido fólico dobram (BAYNES;
DOMINICZAK, 2000).
No sentido de reduzir sua carência, o ácido fólico vem sendo adicionado
em alimentos consumidos em grande escala pela população, compensando
sua necessidade através de uma dieta alimentar (AGUIAR et al., 2003).Outra
forma de suprir a necessidade de ácido fólico é a sua prescrição médica, sendo
encontrado facilmente, em drogaria comprimido cotendo ácido fólico como
principio ativo.
O ácido fólico, folacina ou ácido pteroil-L-glutâmico, também conhecido
como vitamina B9 ou vitamina M, é uma vitamina hidrossoluveis pertencente ao
complexo B necessária para a formação de protéinas estruturais e
hemoglobina. Só a alimentação não oferece a quantidade suficiente de ácido
fólico que a mulher precisa ingerir diariamente, pois o cozimento dos alimentos
diminui a ação da vitamina (KOROKOLVAS, 2000).
A quantidade indicada pela Organização Mundial da Saúde e defendida
pelos médicos é de 0,4 miligrama por dia de ácido fólico para a prevenção de
ocorrência dos defeitos do tubo neural. As mamães que já tiveram um filho com
algum tipo de alteração do tubo neural merecem dose extra de ingestão dessa
vitamina. O ácido fólico previne outras alterações também como doenças do
coração, do trato urinário e fissura lábio-palatina. Para a mamãe, a vitamina
traz benefícios como prevenir doenças cardíacas, certos tipos de câncer e
anemia (CATHARINO, 2006).
A descoberta do ácido fólico foi nos anos quarenta, fora isolado da folha de
espinafre. Sua primeira síntese foi realizada em 1945, por Angier e
colaboradores que também determinaram sua estrutura em 1946.Investigações
posteriores evidenciaram que o ácido fólico e vitamina amplamente
disseminada na natureza ocorrendo nas formas tanto livre como conjugada
(KOROLKOVAS, 2006, p. 412).
O acido fólico e quimicamente conhecido como Ácido N-[p-[(2-amino-4hidroxi-6-pteridinil)metil]- amino]benzoil]-L-glutâmico (figura 1) com a fórmula
molecular C19H19N7O6 pertence a classe das vitaminas, complexo, sendo
indicado no tratamento de carências de ácido fólico, anemias hemolíticas, e
megaloblásticas (RANG, 2001, p. 98).
6
HO
O
O
N
H
O
OH
OH
NH
N
N
H2 N
N
N
Figura 1 - Fórmula estrutural plana do ácido fólico.
O ácido fólico é largamente utilizado, fazendo-se necessário seu
doseamento em amostras de fármacos.
A literatura vem apresentando avanços nos métodos para determinação
de folatos, através de técnicas como cromatografia liquidade alta eficiência
(CLAE), em função de sua rapidez, alta sensibilidade, precisão e exatidão.
Pesquisa como (CLAE) têm sido realizadas para determinação simultânea de
folatos, em preparações farmacêuticas multivitamínicas e em alimentos
(CATHARINO, 2006).
De acordo com a Farmacopéia Brasileira (3º edição, 2000), o limite
aceitável da dose de ácido fólico 98-102%. A administração de um
medicamento com concentração de princípio ativo acima ou abaixo da
concentração declarada na formulação pode representar um sério risco para o
paciente.O ácido fólico é administrado, de preferência, por via oral, reservando
a via parenteral para os pacientes que não conseguem absorver por essa via.
A dose aconselhada é de 0,4 a 0,8 mg/dia. Quando houver antecedente
com deficiência na formação do tubo neural (DFTN), a dosagem recomendada
é de 4,0mg/dia, sendo esta considerada dose farmacológica. Portanto, é
extremamente necessário o doseamento do ácido fólico em formulações
farmacêuticas com intuito de evitar riscos ao paciente durante o
tratamento.(RANG, 2001.P 99). O presente trabalho teve como objetivo
encontrar um método simples e barato para facilitar análises de rotina durante
o doseamento de acido fólico.
O objetivo deste trabalho foi estudar o comportamento da curva de
titulação potenciométrica do ácido fólico com hidróxido de sódio e, determinar o
teor de ácido fólico em amostras de fármacos comerciais.
7
2. Metodologia
2.1. Amostras
As amostras de ácido fólico foram adiquiridas no comércio da cidade de
Morrinhos, na forma de comprimido 5mg, sendo todas as amostras de
comprimidos obtidas do mesmo fabricante e do mesmo lote. Tais amostras
foram analisadas de acordo com os métodos propostos potenciometria e
titulação.
2.2. Preparo e Padronização da Solução de Hidróxido de Sódio
Na preparação da solução de hidróxido de sódio (NaOH), pesou-se
4,2000 g de NaOH P.A (Fabricante:VETEC) que foi dissolvida em água
destilada previamente fervida e resfriada, ambos foram colocados em balão
volumétrico de 1 L e, houve agitação a fim de homogeneizar a solução. Em
seguida, a solução alcalina foi armazenada em frasco plástico de um litro.
Utilizou-se na padronização da solução de hidróxido de sódio, biftalato
de potássio, C6H4(COOH)(COOK) (Fabricante: QEEL – Química Especializada
Erich LTDA), o qual foi deixado em estufa (Fabricante: NEVONI, Modelo: NV–
1.3) por 2 horas a 110ºC e colocado em dessecador até a análise. Pesou-se
três amostras deste sal, e transferiu cada uma delas para um erlenmeyer de
250 mL, no qual se adicionou 25 mL de água destilada e duas gotas de
fenolftaleína. Titulou-se cada amostra separadamente com a solução de NaOH
0,1 mol/L previamente preparada. Anotou-se o volume gasto de solução de
NaOH ao observar uma coloração rosada, a qual perdurou por cerca de 30
segundos.
Após padronização da solução, esta foi diluída de 10 vezes para ser
empregada nas titulações das amostras de ácido fólico.
2.3 Metodologia do peso médio
Pesou-se, individualmente, 10 comprimidos de Ácido Fólico. Anotou-se
o peso de cada comprimido e, posteriormente, calculou-se o peso médio de
cada amostra. O cálculo foi realizado através da soma dos valores obtidos de
cada amostra, dividindo pelo número de amostras de cada comprimido, 10
amostras.
Nos valores encontrados, pode-se tolerar não mais que duas unidades
fora dos limites especificados, em relação ao peso médio, porém nenhuma
poderá estar acima ou abaixo do dobro das porcentagens indicadas
(FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988 p. V.1.1 e V.1.1.2).
2.4 Titulação potenciométrica
O pHmetro (Fabricante: Quimis, Modelo: Q 400A) foi calibrado antes da
sua utilização. Desta forma, lavou-se o eletrodo de vidro com água destilada
secando-o com papel absorvente macio. Em seguida, colocou o eletrodo numa
solução tampão pH 7,0 e, utilizando o botão “Calibração” ajusto-se o
8
potenciômetro para esse valor. Logo após, retirou-se o eletrodo desta solução,
que foi lavado e seco como anteriormente. Colocou-se o eletrodo em uma
solução tampão pH 4,0 e, ajustou-se o potenciômetro para esse valor utilizando
o botão “Sensibilidade”.
Pesou-se 0,444g da amostra de Ácido Fólico (sendo que essa massa
corresponde a 4 comprimidos do mesmo). Colocou-se amostra em becker de
100 mL, sendo antes macerados em gral de vidro, adicionou-se água destilada
até imersão completa do eletrodo, e manteve em constante agitação com o
auxílio de um agitador magnético. Na bureta colocou-se a solução padronizada
de hidróxido de sódio, NaOH, 9,892x10-3 mol/L.
Ligou-se o pHmetro
(Fabricante: Quimis Modelo: Q 400A) para obtenção do pH inicial.
Em seguida, adicionou-se NaOH 0,1 mol/L anotando-se o pH do
sistema. Depois de obtidos os valores, fez-se um gráfico para cada amostra
representando os pontos de equivalência.
3 - Resultados e discussões
3.1 Padronização da solução de NaOH 0,1 mol/L
O experimento foi realizado em triplicata para maior confiabilidade dos
resultados. Em cada amostra pesou-se diferentes massas de biftalato de
potássio e, obteve volumes diferentes do titulante. Realizou-se cálculos para
determinar a concentração do titulante e obter a média e o desvio padrão.
A solução de hidróxido de sódio, foi diluída de dez vezes para ser
utilizada na determinação da amostra de ácido fólico.
Tabela 1 – Resultados obtidos ápos padronização da solução de hidróxido de sódio de
0,1mol/L
Amostra
1
2
3
Massa Biftalato / g
0,138
0,105
0,111
VNaOH / mL
6,6
5,4
5,5
[NaOH] / mol.L-1
0,1025
0,09532
0,09893
0,09892
3.2 Determinação do peso médio
O peso médio é essencial para a realização de uma amostragem. Desta
forma, encontram-se as massas dos comprimidos analisados, nas tabelas 1 e
2.
9
Tabela 2 - Valores obtidos após a pesagem dos comprimidos de ácido fólico.
Amostra
Massa / g
1
0,111g
2
0,112g
3
0,109g
4
0,115g
5
0,116g
6
0,111g
7
0,109g
8
0,115g
9
0,109
10
0,109
Peso Médio = 0,112g ±0,003g
3.3 Titulação potenciométrica
A análise potenciométrica consiste na medição do pH à medida que se
adiciona o titulante, solução de hidróxido de sódio, NaOH. Utiliza-se para
obtenção da atividade do íon H+ em soluções, um eletrodo de membrana de
vidro, que é altamente seletivo e tem boa sensibilidade na detecção desse íon
(Figura 2).
O elétrodo de vidro apresenta um formato de tubo de ensaio, fechado no
alto, sendo que no final contém um bulbo de vidro de paredes delgadas
sensível ao pH. Ele possui em seu interior uma solução-tampão de cloreto de
um elétrodo de referência, geralmente prata-cloreto de prata ou calomelano
(EWING, 2001 p.214 ).
10
Figura 2 – Eletrodo de vidro combinado utilizado
na obtenção do pH da solução após adição do
titulante. Fonte: EWING, G. W., 2001.
A titulação potenciométrica é uma técnica que requer bastante atenção
do analista. Por se tratar de uma análise instrumental, antes de se iniciar a
análise deve-se calibrar o pHmetro, a fim de evitar erros. O eletrodro de vidro é
muito sensível, portanto deve ser manuseado com bastante cuidado. É
importante fazer a calibragem do pHmetro antes de sua utilização. Para isso,
deve-se empregar soluções tampão devidamente preparadas, pois os erros de
medida podem ocorrer quando as soluções-teste são pouco tamponadas e
quase neutras.
O eletrodo de vidro deve ser lavado com água destilada solução e, seco
utilizando papel absorvente macio. Não deve secar bruscamente o eletrodo ou
esfregá-lo pois poderia ocasionar um erro na leitura do pH ao ser introduzido
na próxima solução.
Após terminar a análise o eletrodo de vidro deve ser mantido em água
destilada, exceto durante longos períodos de estocagem, os quais coloca-se o
eletrodo mergulhado em uma solução tampão previamente preparada.
Deve-se ter os cuidados necessário com a calibração, lavagem dos
aparelhos e o conhecimento da técnica para que se evite erros durante a
análise. Realizou-se todos os cuidados com os instrumentos e técnica, no
presente artigo, a fim de evitar os erros determinados.
Na titulação potenciométrica, anotou-se o valor do pH após cada adição
da base bem como o volume adicionado. Em seguida, obtve-se o gráfico do pH
versus volume do titulante (Figura 3).
11
11
10
V2 = 17,6 mL
pH
9
8
7
V1 = 5,1 mL
6
5
0
5
10
15
20
25
VNaOH / mL
Figura 3 - Curva da titulação potenciométrica da
amostra de ácido fólico com solução de hidróxido
-3
-1
de sódio 9,892x10 mol.L .
Como pode ser observado no gráfico, há dois pontos de inflexão. Isto
caracteriza a presença de 2 mols de H+1 ionizáveis (Figura 4).
HO
O
O
N
H
O
OH
OH
NH
N
N
H2 N
N
N
Figura 4 – Fórmula estrutural plana do ácido
fólico. Em destaque encontram-se os H ionizáveis.
12
O primeiro ponto de inflexão, forneceu o valor de 5,1 mL da solução de
hidróxido de sódio e apresenta viragem entre pH 6,2 e 7,5. O segundo ponto de
equivalência ocorre no volume de 17,6 mL da solução básica na faixa de pH de
9,2 a 10,5.
Utilizando-se o volume de 5,1 mL da solução de hidróxido de sódio
9,892x10-3 mol.L-1, foi possível obter os resultados contidos na tabela 3, a
seguir, para a dosagem da amostra de ácido fólico.
Tabela 3 – Resultados obtidos após análise da amostra de ácido fólico.
Massa
da
amostra
/g
Teor
esperado
/%
Teor
encontrado
/%
Massa
encontrada
/g
Massa
esperada
/g
Massa por
comprimido
/ mg
0,446
4,50
4,99
0,0223
0,020
5,5
De acordo com a Farmacopéia Brasileira, (3º edição, 2000), para
determinação do ácido fólico em amostra de fármaco utiliza-se uma
metodologia que requer o emprego de vários reagentes, tornando o
procedimento dispendioso. Utiliza-se também um fotocolorímetro, equipamento
que não é encontrado na maioria dos laboratórios de análise. Assim a técnica
proposta, no presente trabalho foi muito precisa e o equipamento utilizado é
relativamente barato e, encontrado facilmente nos laboratórios de análises.
4 - Conclusões
De acordo com a Farmacopéia Brasileira (3º edição, 2000), o limite
aceitável da dose de ácido fólico 98-102%. Com base nos cálculos feitos com
base nesse padrão. O valor esperado do teor seria de 4,50% e o valor obtido
nesse experimento foi de 4,99%. Referente à massa esperada por comprimido,
em miligrama, seria de 5,0 mg e o valor obtido foi de 5,5 mg.
Conclui-se que o valor de 0,5 mg encontrado que está acima do valor
esperado, não é prejudicial a saúde. Geralmente, a empresa coloca um pouco
a mais do que consta no rótulo para garantir que vai ser absorvida a
quantidade ideal para o tratamento do paciente. Desta forma, após análise dos
resultados, foi possível concluir que o valor esperado está muito próximo ao
valor encontrado. Assim, esta análise é muito precisa na determinação de
ácido fólico em amostras de medicamentos.
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5 - Referências
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n. 2, 2003, p. 129 -134.
BAYNES, J., DOMINICZACK, Marek H. Bioquímica médica. São Paulo:
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CATHARINO, R. R., GODOY, H. T., LIMA-PALLONE, J. A. Metodologia
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EWING, G. W. Métodos intrumentais de análise química: volume I. São
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Farmacopeia brasileira. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2000.
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Janeiro: Guanabara Koogan, 2006, p. 9.5.
RANG, H. P.; DALE, M. M.; RITTER, J. M., Farmacologia. 4. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. p. 98.
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