A Importância do Enfermeiro na Promoção da Humanização

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A Importância do Enfermeiro na Promoção da Humanização na Unidade de Terapia Intensiva 1
The Importance of Nurses in the Promotion of Humanizing the intensive care unit
La importancia de las enfermeras en la promoción de la humanización de la unidad de
cuidados intensivos
Castro Priscilla Gonçalves de, Brito Rafaella, Faquim Maria Cecília Stival 2, Brasileiro Marislei
Espíndula3. A Importância do Enfermeiro na Humanização da Unidade de Terapia Intensiva.
Revista Eletrônica de Enfermagem do Centro de Estudos de Enfermagem e Nutrição [serial online] 2010 jan-jul 1(1) 1-16. Available from: http://www.ceen.com.br/revistaeletronica.
Resumo
Objetivos: identificar a importancia do enfermeiro na humanização da UTI e compreender se o
enfermeiro tem papel relevante para que esta seja realmente vivenciada. Materiais e Método:
trata-se de um estudo do tipo bibliográfico, exploratório e retrospectivo com análise
integrativa, sistematizada e qualitativa. Resultados: o processo de revisão bibliográfica
permitiu a identificação de quatro categorias: Cuidado Humanizado, Qualidade da Assistência
de Enfermagem, Humanização em UTI - motivo de reflexão para a equipe de enfermagem e
Internação em UTI – motivo de estresse para o paciente, família e equipe. Assim, percebemos
que a sobrecarga imposta pelo cotidiano do trabalho faz com que a enfermagem venha a
prestar uma assistência mecanizada e tecnicista, não reflexiva, esquecendo de humanizar o
cuidado. O que se quer é um profissional de saúde que oriente sua prática pelo compromisso
ético do cuidado, mantendo uma educação continuada junto com sua equipe e enfatizando a
necessidade de criar meios de humanizar o ambiente, a equipe e a si mesmo, prestando uma
assistência de qualidade.
Descritores: Enfermeiro. Humanização. U.T.I .
Abstratc
This study aimed to realize that the humanization in intensive care is needed to understand
whether the nurse has an important role for it to be really experienced, and improve the
1 Artigo apresentado ao curso de Pós Graduação em Unidade de Terapia Intensiva 15 B do Centro de Estudos de
Enfermagem e Nutrição – Pontifícia Universidade Católica de Goiás.
2
Enfermeiras, especialistas em Unidade de Terapia Intensiva, e-mail: [email protected], [email protected],
[email protected]
3 Enfermeira, Doutora em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina UFG, Doutora em Ciências da Religião pela
PUC Goiás, Mestre em Enfermagem pela UFMG, Docente do CEEN. E-mail: [email protected]
2
nurse-patient-family in the ICU in order to well-being, patient recovery and teaching self-care.
This is a bibliographical study, exploratory and retrospective analysis integrative, systematic
and qualitative. The process of literature review allowed the identification of four categories:
Humanizing Care, Quality of Nursing Care, ICU Humanization - food for thought for the nursing
and hospitalization in intensive care - a stress for the patient, family and staff. Thus we see
that the burden imposed by daily work makes nursing will provide mechanical assistance and
skilful, not reflective, forgetting to humanize care. What we want is a health professional to
guide their practice by the ethical commitment of care, maintaining a continuing education
along with his team and emphasizing the need to create means of humanizing the
environment, the team and himself, providing quality care.
Keywords: Nurse. Humanization. U.T.I.
Resumen
El objetivo del estudio dan cuenta de que la humanización en los cuidados intensivos es
necesaria para entender si la enfermera tiene un papel importante para que sea muy
experimentado, y mejorar la relación enfermera-paciente-familia en la UCI para el bienestar, la
recuperación del paciente y auto-cuidado de la enseñanza. Este es un estudio bibliográfico,
exploración y análisis retrospectivo integradora, sistemática y cualitativa. El proceso de
revisión de la literatura permitió la identificación de cuatro categorías: Humanizar la atención,
la calidad de Atención de Enfermería, UCI Humanización - alimento para el pensamiento de la
enfermería y la hospitalización en cuidados intensivos - un estrés para el paciente, la familia y
el personal. Así, vemos que la carga impuesta por el trabajo diario hace que la enfermería
proporcionará asistencia mecánica y hábil, no refleja, sin olvidar a humanizar la atención. Lo
que queremos es un profesional de salud para orientar su práctica por el compromiso ético de
la atención, el mantenimiento de una educación permanente, junto con su equipo y haciendo
hincapié en la necesidad de crear medios de humanizar el medio ambiente, el equipo y él
mismo, proporcionar atención de calidad.
Descriptores: Enfermera. Humanización. U.T.I.
1 Introdução
A Humanização é uma medida que visa, sobretudo, tornar efetiva a assistência ao
indivíduo criticamente doente, considerando-o como um ser biopsicossocioespiritual. Além de
envolver o cuidado ao paciente, a humanização estende-se a todos aqueles que estão
envolvidos no processo saúde-doença neste contexto, que são, além do paciente, a família, a
equipe multiprofissional e o ambiente1.
3
A humanização no trabalho tem sido objetivo de discussões entre administradores e
estudiosos que a vêem como recurso capaz de produzir e/ou melhorar a satisfação dos
trabalhadores (servidores) como também dos usuários (clientes/pacientes). Nessa perspectiva,
cada um deve ser compreendido e aceito como ser único e integral, e, portanto, com
necessidades e expectativas particulares2.
No cuidado à saúde, em nosso país, a humanização do cliente pode ser percebida na
Constituição Federal, que garante a todos o acesso à assistência à saúde de forma resolutiva,
igualitária e integral3. O Ministério da Saúde instituiu através da portaria nº 881, de
19/06/2001, o Programa Nacional de Humanização Hospitalar – PNHAH, no âmbito do Sistema
Único de Saúde, que faz parte de um processo de discussão e implementação de projetos de
humanização do atendimento a saúde e de melhorias da qualidade do vínculo estabelecido
entre trabalhador de saúde, paciente e familiares 4.
Ao falarmos em cuidado de enfermagem ao ser humano, seja voltado para a assistência
direta ou para as relações de trabalho, implica essencialmente falar de cuidado humanizado.
Sabemos que este cuidado está inteiramente ligado com o profissional que o executa: seu
estado psicológico, físico e mental. Contudo é importante ressaltar que muitas vezes devido à
sobrecarga imposta pelo cotidiano do trabalho, a enfermagem presta uma assistência
mecanizada e tecnicista, não reflexiva, esquecendo de humanizar o cuidado4.
O aspecto humano do cuidado de enfermagem, com certeza, é um dos mais difíceis de
ser implementado. A rotina diária e complexa que envolve o ambiente da Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) faz com que os membros da equipe de enfermagem, na maioria das vezes,
esqueçam de tocar, conversar e ouvir o ser humano que está à sua frente.
Apesar do grande esforço que os enfermeiros possam estar realizando no sentido de
humanizar o cuidado em UTI, esta é uma tarefa difícil, pois demanda atitudes às vezes
individuais contra todo um sistema tecnológico dominante. A própria dinâmica de uma UTI não
possibilita momentos de reflexão para que seu pessoal possa se orientar melhor 1.
Da mesma forma o número inadequado de profissionais de enfermagem gera na equipe
sobrecarga, o que na maioria das vezes já está instalada, pois as remunerações inadequadas
abriga-os a manterem duplas e até triplas jornadas de trabalho, o que gera um cansaço físico
que pode ser um fator desfavorável à prática do cuidado humanizado 5.
Alguns
enfermeiros
acreditam
que
a
melhora
das
enfermidades
de
seus
pacientes/clientes depende, exclusivamente, de se executar uma técnica precisa, seguir-se
padrões com frieza e exatidão, aplicar prescrições sem questionamentos, onde não opinam na
forma de assistência e vêem o médico como se fosse o único portador do conhecimento
4
científico e de todas as formas assistenciais. Em contrapartida, outros acreditam que uma boa
assistência deve ser prestada dentro de uma visão holística, na qual a solidariedade e a
benevolência para com o próximo são imprescindíveis para a valorização do ser humano,
estabelecendo, desta forma, uma relação de ajuda e empatia, fazendo com que a humanização
seja a base da profissão de enfermagem5.
Desde Florence, já havia uma preocupação com a qualidade do atendimento de
enfermagem dispensada aos pacientes/clientes, o que, de certa maneira, além de abarcar
formas de tratamento e higiene, também contempla questões relacionadas ao seu bem-estar,
como conforto, atenção e ambientes tranqüilos. Recentemente no Brasil, Wanda Horta difundiu
um modelo de atendimento de enfermagem que disponibilizou aos pacientes/clientes um
tratamento que permite o auto cuidado sem se desvincular do acompanhamento da
enfermagem, o que pode ser entendido como humanização no atendimento de enfermagem,
uma vez que tenta colocar o enfermeiro a par do potencial do próprio paciente/cliente,
holisticamente compreende-lo5.
Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), área destinada à clientes que necessitam de
atendimento médico e de enfermagem contínuo, o tratamento implantado muitas vezes é
considerado agressivo e invasivo, necessitando de equipamentos e tecnologias de ponta, aliado
à uma equipe que busque o aperfeiçoamento constante. Por ser culturalmente um ambiente
desconhecido onde envolve uma forte carga emocional, na qual vida e morte se misturam, a
internação em uma UTI é um momento que normalmente desencadeia estresse, tanto ao
paciente e seus familiares quanto à equipe de enfermagem6.
Os serviços de terapia intensiva ocupam áreas hospitalares destinadas ao atendimento
de pacientes críticos que necessitem de cuidados complexos e especializados. Esses serviços
têm como objetivos: concentrar recursos humanos e materiais para o atendimento de
pacientes graves que exigem assistência permanente, além da utilização de recursos
tecnológicos apropriados para a observação e monitorização contínua das condições vitais do
paciente e para intervenção em situações de descompensações3.
As UTI surgiram a partir da necessidade de aperfeiçoamento e concentração de recursos
materiais e humanos para o atendimento a pacientes graves, mas tidos ainda como
recuperáveis, e da necessidade de observação constante, assistência médica e de enfermagem
contínua, centralizando os pacientes em um núcleo especializado 1.
Por força dos efeitos negativos do ambiente sobre o paciente, é importante abordar a
necessidade de humanização do cuidado de enfermagem na UTI, com a finalidade de provocar
a reflexão da equipe e, em especial dos enfermeiros. Embora seja o local ideal para o
atendimento a pacientes agudos graves recuperáveis, a UTI parece oferecer um dos ambientes
5
mais agressivos, tensos e traumatizantes do hospital1.
O paciente nessas circunstâncias, se encontra exposto à perda de identidade e à falta de
privacidade. Apesar de os profissionais terem consciência da necessidade do cuidado humano,
o cuidado técnico impera no ambiente da UTI. O cliente torna-se somente um paciente a mais,
outra patologia, outro tratamento, outro prontuário, ele é solicitado a descartar sua
personalidade e torna-se um paciente 1. Cuidado humanizado é respeito, amor, carinho, manter
diálogo, manter a privacidade do outro, proporcionar conforto e bem estar.
Só é possível humanizar a UTI partindo de nossa própria humanização. A humanização
deve fazer parte da filosofia de enfermagem. O ambiente físico, os recursos materiais e
tecnológicos são importantes, porém não mais significativos do que a essência humana. Esta,
sim, irá conduzir o pensamento e as ações da equipe de enfermagem, principalmente do
enfermeiro, tornando-o capaz de criticar e construir uma realidade mais humana, menos
agressiva e hostil para as pessoas que diariamente vivenciam a UTI.
Na humanização em UTI, onde se presta cuidados a pacientes críticos, os profissionais
de saúde, principalmente os enfermeiros, necessitam utilizar a tecnologia aliada a empatia, a
experiência e a compreensão do cuidado prestado fundamentado no relacionamento
interpessoal terapêutico, a fim de promover um cuidado seguro, responsável e ético em uma
realidade vulnerável e frágil4.
Nesse sentido, a humanização caracteriza-se em colocar a cabeça e o coração na tarefa
a ser desenvolvida, entregar-se de maneira sincera e leal ao outro e saber ouvir com ciência e
paciência as palavras e o silencio. O relacionamento e o contato direto fazem crescer e é nesse
momento de troca que se executa a humanização, porque assim pode se reconhecer e se
identificar como gente, como ser humano5.
Em meio a essa realidade, sentimos a necessidade de saber: Porque o enfermeiro é
importante na humanização na UTI? Com o objetivo de perceber que a humanização na UTI é
necessária e compreender que o enfermeiro tem papel relevante para que a humanização seja
realmente vivenciada e aprimorar a relação enfermeiro-paciente-família na UTI visando o bemestar e recuperação do paciente e o ensino do auto-cuidado.
Entendemos que enquanto todos nós, profissionais enfermeiros, não nos empenharmos
em prestar uma assistência mais “humana”, colocando-nos sempre na situação do “outro”,
fragilizado, dependente, carente, a procura de um tratamento de respeito, não conseguiremos
prestar uma assistência humanizada.
2 Objetivos
6
•
Identificar a importância do enfermeiro na humanização da UTI e compreender se o
enfermeiro tem papel relevante para que esta seja realmente vivenciada;
3 Materiais e Métodos
Trata-se de um estudo do tipo bibliográfico, exploratório e retrospectivo com análise
integrativa, sistematizada e qualitativa. Devido às particularidades e subjetividades presentes
no estudo o princípio metodológico de escolha foi baseado na perspectiva da pesquisa de
abordagem qualitativa, pois esta trabalha com o universo dos significados (motivos,
aspirações, valores e atitudes), fatores estes, essenciais para tentar compreender e explicar a
dinâmica das relações humanas4.
Para a realização desta pesquisa optaremos pela abordagem de natureza qualitativa,
uma vez que esta permite entrar em profundidade na essência do tema proposto. A pesquisa
qualitativa permite compreender as representações de um determinado grupo e entender o
valor cultural que estes atribuem a determinados temas. Trata-se de um estudo bibliográfico,
pois foi desenvolvido com base em material já elaborado, constituída de livros e artigos
científicos7. Ao delimitarmos o tema da pesquisa, realizamos um estudo exploratório a fim de
nos aproximarmos dos conceitos que envolvem a humanização na UTI, buscando trabalhos de
natureza teórica capazes de proporcionar explicações a respeito do tema proposto, bem como
de pesquisas que abordavam o assunto.
Para tanto, realizamos um levantamento bibliográfico sobre o tema nos bancos de
dados informatizados, LILACS e SCIELO. A busca dos artigos deu-se por meio do uso das
palavras-chave, a saber, UTI, humanização, enfermeiro, dentre outras. Realizamos pesquisa na
literatura nacional publicada no período entre 2002 a 2007, procurando diversificar os
periódicos para alcançar um número maior de publicações que abordassem o tema em questão
A Importância do Enfermeiro na Promoção da Humanização na Unidade de Terapia Intensiva.
De posse do material realizamos uma leitura do tipo exploratória que tem por objetivo
verificar, em que medida o obra consultada interessa à pesquisa. Nesse momento, obtivemos
maior familiaridade com o tema da investigação. A leitura exploratória é feita mediante o
exame da folha de rosto ou resumo, dos índices da bibliografia e das notas de rodapé. Também
faz parte deste tipo de leitura o estudo da introdução, do prefácio, livros e resumos de artigos.
Com esses elementos, é possível ter uma visão global do texto, bem como sua utilidade para a
pesquisa. Para tanto utilizamos bibliotecas virtuais em saúde e revistas em busca do tema
proposto7.
A próxima etapa constituiu-se da determinação do material de interesse à pesquisa.
Nesse momento, realizamos a leitura seletiva a qual é mais profunda que a exploratória, que
ainda não é definitiva, pois possibilita a retomada do mesmo material com propósitos
7
diferentes. Posteriormente, procedemos à leitura do tipo analítica que é feita com base nos
textos selecionados. Essa etapa tem por finalidade ordenar e sumarizar as informações
contidas nas fontes, de forma que estas possibilitem a obtenção de respostas ao problema da
pesquisa7.
Assim, os textos foram lidos várias vezes a fim de identificarmos sua relação com o
objeto desta pesquisa, constituindo-se como critério de inclusão dos textos aqueles que
abordaram a temática em estudo. Por fim, realizamos a leitura interpretativa que tem por
objetivo relacionar o que o autor afirma como problema para o qual se propõe uma solução.
Dessa forma, foi possível elencar o material, extrair dos textos temas de interesse nesta
pesquisa e interpretá-los a partir do objetivo proposto.
Para o breve resgate histórico utilizou-se livros e revistas impressas que abordassem o
tema e possibilitassem um breve relato sobre humanização em UTI relacionada ao enfermeiro.
4 Resultados
Ao se buscar nas Bases de Dados Virtuais em Saúde, tais como a SCIELO, FEN-UFG,
SOBRAGEN, bibliotecas virtuais universitárias, utilizando-se as palavras-chave: enfermeiro,
humanização e UTI encontrou-se 27 artigos publicados entre 2002 a 2007, principalmente na
Revista Brasileira de Enfermagem no ano 2007. Foram excluídos 13, sendo, portanto, incluídos
neste estudo 14 publicações. Após a leitura exploratória dos mesmos, foi possível identificar a
visão de diversos autores a respeito da importância do enfermeiro na humanização na unidade
de terapia intensiva.
O processo de revisão bibliográfica permitiu a identificação de quatro categorias que
são descritas, a seguir:
4.1 Cuidado ao paciente na Unidade de Terapia Intensiva deve ser humanizado
Dos quatorze artigos analisados, três estão em consenso quanto ao fato de que o
cuidado humanizado ao paciente exige do profissional interesse, respeito, ver o outro de forma
individual, integral e holística, conforme é possível verificar nas falas dos autores abaixo:
Por “cuidar”, entende-se o prestar atenção global e continuada ao paciente, nunca
esquecendo que este é, antes de tudo, uma pessoa, um ser único e insubstituível. Assim, este
é o centro da atenção de quem presta cuidados e, por isto, todos os aspectos, sejam físicos,
psicológicos ou espirituais, e não somente os exigidos pela doença em si, são considerados e
integram a assistência8. Buscando aplicar o conceito do autor de cuidar dentro da UTI,
observamos a necessidade de uma melhor preparação de toda a equipe multiprofissional para
melhor atender as necessidades de cada paciente.
8
Para esse mesmo autor o profissional apto a prestar um cuidado humanizado tem que
ser capaz de manter uma relação de confiança com o paciente, ouvindo e compreendendo o
que este necessita em sua integralidade e não o vendo como mera doença, assim como
descrito a seguir: o paciente não é visto como um objeto, um número, um diagnóstico ou um
caso a mais e sim como uma pessoa única, singular, numa situação particular, que deve ser
assistida de maneira individualizada, respeitando-se seus direitos e necessidades. Assim, o
profissional de saúde não se preocupa apenas com o tratar da doença ou aliviar os sinais e
sintomas, embora isto faça parte da sua atenção. Sua presença não é meramente física ou
profissional, mas de uma pessoa capaz de escutar, entender e acolher, numa relação de
abertura, compreensão, vínculo e confiança8.
Há uma valorização da relação interpessoal, o respeito pelos valores e cultura do
paciente e a participação deste nas decisões que devem ser tomadas. No “cuidar” o outro é
visto como um fim em si mesmo e não apenas mero meio para fins científicos, técnicos ou
institucionais. Isto exige sensibilidade às emoções do outro, manifestando por este interesse,
respeito, atenção, compreensão, consideração e afeto8.
Humanizar os cuidados envolve respeitar a individualidade do Ser Humano e construir
“um espaço concreto nas instituições de saúde, que legitime o humano das pessoas
envolvidas”. Assim, para cuidar de forma humanizada, o profissional da saúde, principalmente
o enfermeiro, que presta cuidados mais próximos ao paciente, deve ser capaz de entender a si
mesmo e ao outro, ampliando esse conhecimento na forma de ação e tomando consciência dos
valores e princípios que norteiam essa ação. Neste contexto, respeitar o paciente é
componente primordial no tocante a cuidados humanizados9.
Conseguindo respeitar o paciente apesar das rotinas, o enfermeiro caminha em direção
a humanização, e cuidar de forma humanizada constitui-se um desafio. Cuidar de maneira
humanizada é uma necessidade atual tendo em vista que, por muitas vezes, o cuidado acaba
se tornando a aplicação de uma técnica de Enfermagem. E, perceber que o ser ao qual se
aplica essas técnicas é um agente biopsicossocial é fundamental para humanizar. Ter esta
percepção de individualidade é inevitável se quisermos respeitar e agir de maneira
Humanizada9.
O cuidar envolve verdadeiramente uma ação interativa. Essa ação e comportamento
estão calçados em valores e no conhecimento do ser que cuida e “para” e “com” o ser que é
cuidado. O cuidado ativa um comportamento de compaixão, de solidariedade, de ajuda, no
sentido de promover o bem, no caso das profissões de saúde, visando ao bem-estar do
paciente, à sua integridade moral e à sua dignidade como pessoa 1.
Há necessidade da humanização dos cuidados, porém diversos fatores têm contribuído
9
para a fragmentação do ser humano como alguém compreendido com necessidades puramente
biológicas: a tecnologia, a visão de que é a equipe de saúde que detém todo o saber e, não ter
a percepção da integridade do Ser Humano são exemplos destes fatores 9.
Percebe-se que o paciente acima de tudo é um ser humano, único e individual, sendo
este o centro dos cuidados, devendo ser atendido em todos os seus aspectos. Para tanto é
importante que o profissional tenha capacidade de ouvir, comunicar e perceber o paciente e a
si próprio, em busca de um cuidado humanizado. Porém, na maioria das vezes, a realidade é
oposta, os profissionais se deparam com inúmeras burocracias e tecnologias que despendem
tempo e dificulta a assistência humanizada.
Sabendo que a enfermagem faz parte da equipe multiprofissional e presta assistência
direta e continua ao paciente, percebemos que o enfermeiro é fundamental para que o cuidado
humanizado seja realmente vivênciado.
4.2 Qualidade da Assistência de Enfermagem – um cuidar além da técnica
A categoria qualidade da assistência de enfermagem – um cuidar além da técnica
contempla aspectos relacionados a diferença de cuidar e tratar, relacionamento em equipe,
comunicação profissional-paciente-familia e respeito. Quatro dos 14 artigos analisados são
mencionados abaixo:
O profissional de saúde, nesta perspectiva do “tratar”, valoriza tudo o que é técnico e
preocupa-se apenas em tratar o doente com eficácia e competência. Limita-se a executar
rigorosamente todas as tarefas e todas as técnicas que têm por fim restabelecer a saúde,
dando preferência às mais sofisticadas, ainda que impliquem em mais sofrimento para o
doente. Não se envolve emocionalmente e considera perda de tempo conversar e ouvir a
pessoa doente ou a sua família. Ser profissional significa não sentir compaixão e não revelar
quaisquer sentimentos8.
O autor relata que o tratar prevalece sobre o cuidar, onde os
profissionais apenas são meros executados de rotinas, prestando cuidados apenas a fisiologia
da doença esquecendo que o cuidado em questão envolve um ser humano.
A fragilização do ser humano na posição de “paciente” desfavorece o exercício da
autonomia quando ocorre a visão paternalista de que a equipe de saúde detém o poder e o
conhecimento, subestimando assim a capacidade do doente em fazer julgamentos com relação
a si e a sua saúde9.
Considerando que respeitar envolve agir com respeito não se deve desconsiderar que
estas ações estão ancoradas na maneira como ocorrem as relações interpessoais entre o
enfermeiro e o paciente e que, portanto, a forma como o enfermeiro se comunica com ele é
10
um fator primordial quando o componente respeito é analisado nesta relação 9.
Comunicação é o processo de troca de mensagens, que tem como elementos principais
o contexto, o emissor, o receptor e a própria mensagem. Este processo é composto,
basicamente, de formas verbais e não-verbais, além da paralinguagem, que é a maneira como
falamos. A comunicação adequada, objetiva, pode diminuir possíveis conflitos gerados e sanar
dúvidas, além de ser o instrumento básico da assistência efetiva de Enfermagem, pois apenas
através dela é que podemos compreender o doente como um todo e identificar o significado
que o problema tem pra ele. O enfermeiro conhecendo técnicas de comunicação terapêuticas
adequadas tem mais um recurso a seu favor, dando um toque mais humanístico à
comunicação e ás relações interpessoais que mantém. A comunicação sustém discursos de
qualidade em cuidado e humanização9.
Através do autor percebemos que há necessidade de respeitar, de ouvir o outro,
comunicar com paciente, permitir que ele interaja no seu próprio tratamento, não sendo
somente sujeito passivo da ação, mas também participante ativo do seu tratamento,
garantindo assim uma assistência de qualidade. Através de uma comunicação adequada,
cuidado humanizado e respeito ao paciente cada membro da equipe precisa saber lidar com os
próprio sentimentos, saber suas limitações e anseios, e ter satisfação em prestar o cuidado
mas para isso condições de trabalho e valorização do profissional é de fundamental
importância.
O desafio é fazer com que a equipe reconheça suas próprias limitações, seus valores e
suas crenças. Desse modo, poderá desenvolver sentimento de confiança em si mesma e, com
isso,
construir
um
caminho
para
estabelecer
um
relacionamento
mais
harmonioso,
promovendo um salto qualitativo tanto no cuidado, como no ambiente de trabalho da UTI 10.
.
Em geral, o processo de cuidar torna-se frustrante, sobretudo por causa das
dificuldades decorrentes das condições de trabalho. O que se observa é que, ante a escassez
de recursos materiais e humanos, os profissionais acabam fazendo o melhor que podem, mas
isso culmina em prejuízo para a qualidade do cuidar9.
Sabe-se que nem sempre é possível proporcionar o melhor atendimento. Uma boa
estrutura de UTI envolve: pessoal em número suficiente e treinado para fornecer assistência
específica e observação contínua, planta física elaborada com equipamentos especiais e
manutenção constante e organização administrativa preocupada em manter padrões de
assistência e programas de educação continuada11
Vale ressaltar que a maior parte dos integrantes da equipe da UTI tem mais de um
emprego. O ambiente da UTI é instável. Na maioria das vezes, os plantões transcorrem em um
11
ambiente de agitação, o que exige atenção e cuidado rigoroso de todos os integrantes dessa
equipe. As atividades são intensas, especialmente quando ocorre admissão de pacientes muito
graves11.
Além disso, a capacidade de relacionamento da equipe deve ser estimulada para que as
boas relações possam acontecer, pois um dos maiores estressores enfrentados pelos
funcionários é a falta de coleguismo e de compromisso da equipe de saúde. Portanto, é preciso
que os lideres de equipe avaliem as atitudes de cada profissional, busquem o equilíbrio e
atuem no sentido de coibir atitudes arrogantes e vaidosas.
Convém destacar a importância de que insistam no diálogo construtivo, valorizem a
honestidade e a amizade e exijam respeito mútuo. É preciso também motivar o grupo para a
construção de uma equipe unida, harmoniosa e comprometida com a assistência de qualidade,
possibilitando, assim, a melhoria da qualidade de vida do paciente, da família e da própria
equipe11. Através do autor percebemos que as atividades na UTI são intensas onde exige
cuidado integral e constante, para tanto é preciso que o profissional de saúde esteja motivado
e satisfeito com as condições de trabalho, além disso, uma estrutura adequada e um
relacionamento interpessoal deve ser motivado, visando uma assistência de qualidade.
Para que haja uma assistência de qualidade em meio ao ambiente tecnológico e
estressante da UTI, cabe ao enfermeiro junto a sua equipe se atualizar e proporcionar um
atendimento voltado para a melhoria das condições fisiológicas, emocionais e psicológicas de
cada cliente.
4.3 Humanizações em UTI- motivo de reflexão para a equipe de enfermagem
Em meio aos artigos analisados, quatro mencionaram que só é possível humanizar
partindo da nossa própria humanização, sendo necessário ter preparo emocional para cuidar
de pacientes críticos, perceber o ser humano como um todo e agir de forma ética, assim como
pode ser visto abaixo:
Humanizar gira em torno do respeito, da percepção do paciente como um ser humano
sendo que este tem seus medos, anseios, angústias, dores, que não é simplesmente um
objeto do cuidado.
Perceber o ser humano como alguém que não se resume meramente a um ser com
necessidades biológicas, mas como um agente biopsicossocial e espiritual, com direitos a
serem respeitados, devendo ser garantido sua dignidade ética, é fundamental para
começarmos a caminhar em direção à humanização dos cuidados de saúde 9.
Respeitar envolve ouvir o que o outro tem a dizer, buscando interpretar o que ouvimos,
12
ter
compaixão,
ser
tolerante,
honesto,
atencioso,
é
entender
a
necessidade
do
autoconhecimento para poder respeitar a si próprio e, então, respeitar o outro. Embora o
conceito de respeito seja bastante amplo, pode-se pontuar que, ao agir de forma a considerar
a individualidade e a subjetividade do paciente, tratando-o com atenção, consideração e
deferência, o enfermeiro estará agindo de forma respeitosa e, portanto, oferecendo cuidados
mais integrais, éticos e humanizados9.
Há a necessidade de que o enfermeiro reavalie seu cuidado, de maneira a perceber que
os princípios bioéticos devem reger sua prática sempre, de forma a auxiliar no respeito ao
paciente e no cuidado humanizado de Enfermagem, fazendo com o que assistência não se
torne apenas a aplicação de técnicas de Enfermagem, mas sim, uma prática complexa que
considera que aquele quem se presta este cuidado é um ser digno, com necessidades não
apenas biológicas, mas psicológicas, sociais e espirituais9.
O enfermeiro deve refletir sobre esses princípios em sua pratica profissional, pois a
ética profissional envolve motivação, ações, ideais, valores, princípios e objetivos, além de ser
um mecanismo que regula as relações sociais do homem e garante a coesão social, pois
harmoniza os interesses tanto individuais como coletivos. O respeito pela autonomia implica
tratar as pessoas de forma a capacitá-las a agir autonomicamente, enquanto que o desrespeito
“envolve atitudes e ações que ignoram, insultam ou degradam a autonomia dos outros e,
portanto, negam a igualdade mínima entre as pessoas”9.
Para agir de forma ética, humanizada, com respeito à autonomia do paciente, é preciso
se colocar no lugar do outro, de forma a entender o que se passa com o mesmo. Sendo
capazes de avaliar e escolher terapeuticamente como gostaríamos de ser tratados naquele
momento.
Só é possível humanizar a UTI partindo de nossa própria humanização. Os profissionais
de enfermagem não podem humanizar o atendimento do paciente crítico, antes de aprender
como ser inteiro/íntegro consigo mesmo. O encontro com o paciente nunca é neutro, sempre
carregamos conosco os preconceitos, valores, atitudes, enfim, nosso sistema de significados
culturais. Por isso, cuidar de quem cuida é essencial para poder cuidar terapeuticamente de
outros1.
Essa é, então, a perspectiva do ideal de humanizar. Colocando-se no lugar do outro, o
profissional passa a cuidar, considerando um significado de humanizar que envolve respeito,
dignidade, abrangendo a expressão amar o próximo como a si mesmo 1.
A equipe multiprofissional, em sua prática, lida constantemente com as perdas alheias,
portanto é necessário aprender a superá-las ou desenvolver mecanismos de adaptação,
13
fortalecendo-se como pessoa, para, dessa forma, apoiar os pacientes e familiares nos
momentos de suas perdas11.
As ações da equipe devem favorecer a geração de condições para que o cuidado possa
produzir crescimento e transformação, a despeito das circunstâncias, pois a finalidade do
cuidado é ajudar o individuo a crescer, seja para viver ou para morrer. Assim, é fundamental
que exista um espaço para se falar sobre a morte e o morrer, pois vivenciar esse processo é
condição inerente aos profissionais que lidam com a vida e dela cuidam11.
A informação adequada e o preparo emocional da equipe para lidar com o sofrimento da
família são estratégias imprescindíveis para que a equipe multiprofissional possa cuidar
integralmente de seu cliente (paciente e família) 11. Com base nas citações acima, entende-se
que o profissional necessita saber lidar com as perdas para que dessa forma saiba agir nos
momento em que ela ocorre, proporcionando assim, compreensão e aceitação da família
quando a morte do ente querido.
A temática humanização em saúde mostra-se relevante no contexto atual, uma vez que
a constituição de um atendimento calcado em princípios como a integridade da assistência, a
equidade, a participação social do usuário, dentre outros, demanda a revisão das práticas
cotidianas, com ênfase na criação de espaços de trabalho menos alienantes, que valorizem a
dignidade do trabalhador e do usuário3.
Portanto, caminhar rumo à humanização da assistência significa refletir sobre como
cuidar do paciente, lidar consigo, trabalhar em equipe respeitando a mesma e informar a
família o cuidado que está sendo prestado ao paciente. As ações da equipe de enfermagem
devem favorecer a bioética, produzir um cuidado digno e individual de enfermagem ao cliente,
respeitando as suas necessidades biopsicossocioespirituais.
Dessa forma para que o cuidado se torne relevante dentro das ações de enfermagem é
importante refletir a respeito das atitudes e dos cuidados prestados a quem precisa, buscando
sempre se identificar com as principais necessidades do cliente promovendo um atendimento
humanizado.
4.4 Internações em UTI- motivo de estresse para o paciente, família e equipe.
Ao analisarmos percebemos que seis artigos mencionam que o estresse em UTI tem
influência direta no bem estar do paciente, e pode ser minimizada, através de diminuição de
ruídos, temperatura, luz e cores claras, observou-se também que dentre esses fatores
deparamos com a família em busca de informações, um paciente que muitas vezes evolui
lentamente, uma equipe com carga horário elevada e o avanço tecnológico, contribuindo ainda
14
mais para um ambiente estressante. Assim descreve alguns autores.
O avanço da tecnologia médica, principalmente a partir da segunda metade do século
XX, fez com que, por muitas vezes o cuidado se torne a aplicação de um procedimento técnico,
a fim de cumprir com um objetivo mecanicista, como puncionar um acesso venoso, aplicar
uma medicação ou realizar determinado exame. Em meio a esse ambiente tecnológico, o
processo de hospitalização torna-se um evento estressante, para pacientes, familiares e
equipe9.
O ambiente da unidade é, muitas vezes, encarado como agressivo e frio; este faz com
que o paciente perceba-se mais grave do que realmente está. Esses fatores e outros
associados ao tratamento parecem favorecer a uma percepção de condições ambientais
instáveis e estressantes. A enfermeira, ao mudar a decoração, procurar tornar o ambiente
menos agressivo e estressante aos olhos do paciente, de certa forma está humanizando, pois
percebe-se que o paciente se distrai, apontando e olhando as figuras das paredes. O ambiente
tem influência direta no bem-estar do paciente, família e equipe 10.
O ambiente físico pode ser o responsável pelo desenvolvimento de distúrbios
psicológicos, pela desorientação no tempo e no espaço, privação de sono devido aos ruídos
constantes. Todos os aspectos que puderem ser melhorados nesse sentido devem ser
valorizados1.
Quando falamos em humanizar devemos lembrar que além do ambiente adequado é
necessário acima de tudo manter a família informada e preparada para entrar na UTI.
Informação adequada, com palavras simples e condizentes com o nível sociocultural dos
familiares, é um importante requisito para a humanização do cuidado. A participação do
enfermeiro junto aos familiares, além de possibilitar a visita aos pacientes internados na UTI,
envolve o fornecimento de informações preciosas, favorecendo o contato com a realidade 1.
Cuidado humanizado como respeito, amor, carinho, mantendo diálogo, a privacidade,
dando atenção á família é fundamental, para que atitudes, comportamentos, condutas que
caracterizam a UTI como um ambiente mecânico e desumano com o paciente, família e equipe
de enfermagem, deixem de existir1.
Humanizar é um cuidado além do técnico há uma dose de sentimento.
A UTI precisa e deve utilizar recursos tecnológicos cada vez mais avançados, porém os
profissionais não deveriam esquecer de que jamais a máquina substituirá a essência humana 1.
O ambiente da UTI é bastante instável, há dias tranqüilos, mas também, dias agitados,
com pacientes graves, que exigem atenção e cuidado rigoroso de toda a equipe. A equipe de
15
enfermagem está exposta a um nível maior de estresse que qualquer outra do hospital, porque
deve lidar não somente com a assistência a seus pacientes e familiares, mas também com
suas próprias emoções e conflitos1.
A UTI é uma unidade geradora de estresse, sendo as principais manifestações: fadiga
física e emocional, tensão e ansiedade. Dentre as fontes que produzem alto poder estressante,
a equipe considera: o ambiente de crise, risco de vida, situação vida/morte, sobrecarga de
trabalho,
má
utilização
de
habilidades
médicas
e
a
falta
de
reconhecimento
pelos
profissionais1.
Em meio a esse ambiente estressante da UTI, o envolvimento com o paciente e a
família é um pré-requisito essencial para humanizar. É necessário que os profissionais da UTI
criem um bom relacionamento com a família, facilitando sua participação no tratamento do
paciente. Além disso, é preciso que haja reformulação de algumas normas e rotinas, sobretudo
daquela que dizem respeito aos horários de visitas, ao tempo de permanência dos familiares
junto ao paciente e ao modo como as informações são fornecidas 11.
Não é suficiente permitir a entrada da família na UTI. É necessário prepará-la e
acompanhá-la durante a visita, identificando e esclarecendo suas dúvidas, observando as
reações
e
comportamentos
e,
especialmente,
compreendendo
seus
sentimentos.
Os
profissionais precisam reconhecer que, nesse momento, a família também está ansiosa e
sente-se isolada, com medo da morte e sem controle da situação 11. O envolvimento familiar é
importante para a recuperação do paciente, por tanto os profissionais devem ter um bom
relacionamento com a família do paciente através de comunicação e informação
O familiar, na Medicina Intensiva, é quem acompanha diretamente a evolução do
paciente e é, sobre ele, que pesará o processo de tomada de decisões, em conjunto com a
equipe multidisciplinar, frente ás diferentes possibilidades terapêuticas, além da ansiedade e
do estresse que o impacto destes caminhos trará ao paciente criticamente enfermo 12.
O estresse é uma situação tensa, fisiológica ou psicológica; que pode afetar as pessoas
em todas as suas dimensões. A resposta ao estresse é influenciada pela intensidade, duração e
âmbito do agente estressor e pelo seu número presente no momento. Em paciente internados
em UTI, o desenvolvimento de estresse está relacionado a conseqüências psicológicas como
ansiedade, depressão, raiva, negação e dependência. Alguns estudos têm sugerido que estas
conseqüências neuropsicológicas da internação na UTI podem afetar a qualidade de vida dos
pacientes após a sua saída da unidade13.
A humanização da UTI está intimamente vinculada á atuação dos profissionais de saúde
frente aos fatores estressantes. É importante na atenção ao paciente o controle da dor e
16
ansiedade, explicações sobre sua doença e tratamento em linguagem acessível, melhora da
qualidade do sono, maior movimentação no leito, políticas de visitas aberta, respeito à
privacidade, conforto e apoio psicológico e emocional. O envolvimento com o paciente e a
família é um pré-requisito essencial para humanizar. Porém, este aspecto deveria ser
trabalhado e discutido com a equipe para não gerar angústia ou sentimento de impotência,
levando, com isso, á negação e ao distanciamento como mecanismos de defesa 13.
Dessa forma, percebemos que o enfermeiro tem grande importância na humanização
da UTI, pois cabe a ele dedicação integral ao paciente, família e equipe, visto que esse
profissional é quem acompanha toda a evolução do quadro do cliente, desde à admissão até a
alta hospitalar.
O que se quer é um profissional de saúde que oriente sua prática pelo compromisso
ético do cuidado, para que haja uma assistência de qualidade, mantendo uma educação
continuada junto com sua equipe enfatizando a necessidade de criar meios de humanizar o
ambiente, a equipe e a si mesmo, prestando uma assistência de qualidade. Evitando assim,
que fatores estressantes, tais como, ruídos, baixas temperaturas, muita luz, pouca
privacidade, linguagem técnica, sensação de impotência, sofrimento do paciente e da família,
convívio com a morte dentre outros, prejudiquem a evolução do paciente.
Conclui-se que com o avanço da tecnologia o profissional de saúde vem deixando de
lado a humanização, realizando apenas procedimentos técnicos. O enfermeiro para diminuir o
estresse na UTI necessita de dedicação integral ao paciente, família e equipe, promovendo um
ambiente agradável, lúdico, informado, o que favorece na melhora do quadro clínico do
paciente. Responder aos objetivos
5 Considerações finais
O objetivo desse estudo foi perceber que a humanização na UTI é necessária e
compreender que o enfermeiro tem papel relevante para que a humanização seja realmente
vivenciada.
Ao falarmos em cuidado de enfermagem ao ser humano, seja voltado para a assistência
direta ou para as relações de trabalho, implica essencialmente falar de cuidado humanizado.
Sabemos que este cuidado está inteiramente ligado com o profissional que o executa: seu
estado psicológico, físico e mental. Contudo, é importante ressaltar que muitas vezes devido à
sobrecarga imposta pelo cotidiano do trabalho, a enfermagem presta uma assistência
mecanizada e tecnicista, não reflexiva, esquecendo de humanizar o cuidado11.
Trazer as conclusões das categorias, com outras palavras em um parágrafo.
17
Percebemos então, que o cuidado humanizado reflete em uma assistência de qualidade
pois minimiza as situações de estresse em torno do paciente, permitindo que o cliente tenha
individualidade, autonomia, capacidade de fazer o alto cuidado e se sinta respeitado. Por outro
lado, no campo profissional, facilita a interação da equipe, o reconhecimento do trabalho
prestado, o diálogo com o paciente e familiares, e melhor aceitação da evolução para a morte.
Referências
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intensiva: “muito falado e pouco vivido”.Rev. Latino-Am. Enfermagem. Ribeirão Preto. 2002
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clientes no período pós-internação em uma UTI-adulto. Acta Scientiarum. Health Sciences
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3. Leite MA, Vila VSC. Dificuldades vive renciadas pela equipe multiprofissional na unidade de
terapia intensiva. Revista Latino americana de Enfermagem 2005 março-abril; 13(2): 145-50.
Disponível em: http://www.eerp.usp.br/rlae Acesso em 05/11/2009.
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em
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http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_3/v8n3a08.htm Acesso em 05/11/2009.
5. Leite RS, Nunes CV, Beltrame I. Humanização hospitalar: Análise da literatura sobre a
atuação da enfermagem. Graduandos do Centro Universitário Nove de Julho (São Paulo).
Available From: www.sobragen.org.br/publi/publi5.pdf Acesso em 05/11/2009.
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Available from: http://www.win2pdf.com Acesso em 05/11/2009.
7. Matheus MCC. Pesquisa qualitativa em enfermagem. São Paulo (SP): Livraria Médica
Paulista; 2006 ESSE DAQUI E DO TRABALHO DA PROF.
8. Zoboli ELCP, Sartório N de A. Bioética e enfermagem: um interface no cuidado. O Mundo da
Saúde 2006 Jul-Set; 30(3).
9. Barbosa IA, Silva MJP. Cuidado humanizado de enfermagem: o agir com respeito em um
hospital universitário. Revista Bras Enferm 2007 Set-Out; 60(5): 546-51.
10. Pauli MC, Bousso RS. Crenças que permeiam a humanização da assistência em unidade de
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terapia intensiva pediátrica. Rev Latino-am Enfermagem 2003 Mai-Jun; 11(3): 280-6.
11. Leite MA, Vila VSC. Dificuldades vivenciadas pela equipe multiprofissional na unidade de
terapia intensiva. Rev Latino-am Enfermagem 2005, Mar-Abr; 13(2): 145-50.
12. Wallau RA, Guimaraes HP, Falcão LFR, Lopes RD, Leal PHR, Senna APR, Alheira RG,
Machado FR, Amaral JLG. Qualidade e Humanização do Atendimento em Medicina Intensiva.
Qual a visão dos Familiares?-RBTI 2006 Jan-Mar; 18(1).
13. Bitencourt AGV, Neves FBCS, Dantas MP, Albuquerque LC, Melo RMV, Almeida AM, Agareno
S, Teles JMM, Farias AMC, Messender OH. Análise de Estressores para o Paciente em Unidade
de Terapia Intensiva. Revista Brasileira de Terapia Intensiva 2007, Jan-Mar; 19(1): 53-59.
19
Oficio 01/2010
Goiânia 27 de fevereiro de 2010
A Revista Eletrônica de Enfermagem e Nutrição
A/C.: Renata Vieira França
Vimos por meio deste, encaminhar nosso artigo cujo título é “A Importância do
Enfermeiro na Humanização na Unidade de Terapia Intensiva”, a fim de ser avaliado e
publicado pela Comissão Editorial.
Eu, Marislei Espíndula Brasileiro, Enfermeira, residente na Rua T-37 n° 3832, Edifício
Capitólio, apto 404, Setor Bueno – Goiânia/GO, e-mail: [email protected] , fone: (62)
3255 4747, assino autorizando sua publicação.
___________________________________________________________________________
Eu, Priscilla Gonçalves de Castro, Enfermeira, residente na Rua SC-2 quadra 18 lote 20
Setor Goiânia II – Goiânia/GO, e-mail: [email protected] , fone: (62) 3205-6747, assino
autorizando sua publicação.
___________________________________________________________________________
Eu, Rafaella Brito, Enfermeira, residente Rua 1066 quadra 141 lote 01 Setor Pedro
Ludovico - Goiânia /Go, e-mail: [email protected] , fone: (62) 3241-2619 , assino
autorizando sua publicação.
___________________________________________________________________________
Eu, Maria Cecília Stival Faquim, Enfermeira, residente na Rua 14 quadra C17 lotes.
11/13 Jardim Goiás Unique! Residence apto 901B CEP. 74.810.018 - Goiânia/GO, e-mail:
[email protected], fone: (62) 9682-5647, assino autorizando sua publicação.
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Sem mais para o momento, agradecemos.
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