Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte Comissão de Farmácia e Terapêutica Nota Técnica 02 - Comissão de Farmácia e Terapêutica Assunto: Critérios para tratamento de Helicobacter pylori Para: Profissionais da SMSA/BH A prevalência de infecção pelo Helicobacter pylori é muito elevada no nosso meio. A literatura já apresenta evidências incontestáveis do benefício da erradicação da bactéria para a cicatrização e redução do risco de recorrências ou re-sangramentos em pacientes com úlcera gástrica ou duodenal. Não há consenso apoiando o tratamento na dispepsia não ulcerosa, DRGE (doença do refluxo gastroesofágico) e em pacientes assintomáticos com o objetivo de prevenção de câncer gástrico. Assim sendo, apoiando-se em dados consensuais da literatura, adequados à disponibilidade de recursos locais e a uma relação custo-efetividade viável, a SMSA de Belo Horizonte passa a disponibilizar o tratamento para Helicobacter Pylori, segundo os critérios abaixo: Critérios para liberação do esquema proposto - Portadores de úlcera gástrica ou duodenal, ativa ou cicatrizada. - Portadores de linfoma MALT (Mucosa a-associated lymphoid tissue) de baixo grau. - Pacientes submetidos à gastrectomia parcial devidos a câncer gástrico avançado. - Pacientes submetidos à ressecção de câncer gástrico precoce (endoscópica ou cirúrgica). - Portadores de gastrite histológica intensa, considerando-se o tipo e a intensidade do processo inflamatório e a presença de metaplasia intestinal. - Pacientes que possuam parentes de primeiro grau com diagnóstico de câncer gástrico. Tratamento Esquema terapêutico para adultos Omeprazol 20 mg + claritromicina 500 mg + amoxicilina 1000 mg*, duas vezes ao dia Ou Omeprazol 20 mg + claritromicina 500 mg + metronidazol 500 mg, duas vezes ao dia Tempo de tratamento 7 a 14 dias No caso de intolerância ao omeprazol, a ranitidina pode ser utilizada. *A forma farmacêutica padronizada de amoxicilina é de 500mg (2 comp. 2x/dia). Considerações sobre as recomendações de tratamento Recomendamos como primeira linha de tratamento da infecção por H. pylori a associação de um inibidor de bomba de prótons (em dose padrão) à claritromicina 500mg e à amoxicilina 1000mg (Terapia Tripla), administrados duas vezes ao dia por 07 dias. Podendo estender o tratamento por até 14 dias. Monitorização Os mais importantes fatores preditores de falha de tratamento são o não cumprimento do regime medicamentoso e a resistência bacteriana. É muito importante que os profissionais da saúde enfatizem a necessidade da administração dos medicamentos nos horários corretos, sem faltas, e a necessidade de se fazer o tratamento até o final. A confirmação da erradicação do H. pylori deve ser feita no mínimo quatro semanas após o término do tratamento, por meio do teste respiratório com uréia marcada com C13, que é ofertado pela rede SUS-BH para residentes do município, por solicitação do gastroenterologista. A endoscopia digestiva alta também poderá Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte Comissão de Farmácia e Terapêutica ser solicitada para controle de cura nos casos de úlcera gástrica, ou na suspeita ou acompanhamento de Linfomas MALT. Nesses casos especiais, o pedido de endoscopia pode ser encaminhado para a equipe de regulação que avaliará a prioridade para marcação. Retratamento No caso de falha terapêutica, recomendamos outras opções. Dentre elas, a seguinte é disponibilizada pelo SUS: Esquema terapêutico para adultos Omeprazol 20 mg + claritromicina 500 mg + amoxicilina 1000* mg, + metronidazol 500 mg, duas vezes ao dia. Tempo de tratamento 10 a 14 dias Importante: o uso da claritromicina deve ser evitado no esquema de retratamento, a menos que o antibiograma esteja disponível. *A forma farmacêutica padronizada de amoxicilina é de 500mg (2 comp. 2x/dia). Conclusões A relação direta entre infecção por H. pylori e o desenvolvimento de adenocarcinoma gástrico ressalta a importância do tratamento. A taxa de erradicação com a Terapia Tripla é elevada, de 80%, entretanto é fundamental que todo o paciente seja orientado sobre a importância de cumprir o esquema terapêutico como prescrito e do início ao fim para de evitar a ocorrência de resistência bacteriana. Dessa forma, o envolvimento de profissionais de saúde capacitados a orientar sobre as doenças e sobre as possíveis reações adversas ao tratamento é fundamental. Documentos exigidos para a liberação: - Apresentação da cópia da Receita, do Relatório Médico e Cópia do Laudo da Endoscopia com anátomo – patológico (H. Pylori positivo). Observação: Nos casos de suspeita de refratariedade, recorrência ou pacientes com parentes de 1º grau com câncer gástrico será necessário apenas: - Apresentação da cópia da Receita, do Relatório Médico e testes não invasivos que confirmem a presença de H. Pylori, como teste respiratório da Uréia ou pesquisa de antígenos nas fezes. Para todos os casos, tais documentos deverão ser entregues no Centro de Saúde da área de abrangência do usuário, avaliados pelo farmacêutico da unidade ou encaminhado à Farmácia Distrital. O fornecimento será regulado pelos farmacêuticos, de acordo com os critérios acima definidos. Belo Horizonte, 30 de dezembro de 2015. Referências 3º Consenso Brasileiro para Estudo do Helicobacter pylori. Arq. Gastroenterol. vol.50 no.2. São Paulo, Apr./June 2013 Epub Apr 19, 2013. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Faculdade de Farmácia. Centro Colaborador do SUS – CCATES. Diretrizes para diagnóstico e erradicação do H.Pylori utilizando medicamentos da Atenção Primária (SUS). Março, 2014. NOTA TÉCNICA 02/2014.