Screening de câncer gástrico: por que, quando e como - relato de caso Saraiva, FPRA; Santana, M; Fogaças H; Farias CM; Vandesteen LP; Lua, JFF; Carneiro, AJ; Nametala, J Serviço de Gastroenterologia – Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) – UFRJ Introdução: O câncer gástrico é a 2° causa de morte relacionada a câncer, com estágios precoces assintomáticos e diagnóstico geralmente em fases avançadas, limitando os tratamentos curativos com alta taxa de mortalidade. No Ocidente, o diagnóstico tardio gera uma sobrevida em 5 anos menor que 20% e quando detectado precocemente e ressecado essa sobe para 90%. A carcinogênese gástrica é um processo multifatorial, relacionado à interação de fatores do hospedeiro, ambientais e infecção pelo H. Pylori. Para prevenção primária, são necessárias algumas modificações comportamentais. Por outro lado, como prevenção secundária, screening radiológico ou endoscópico é realizado em alguns países asiáticos com alta incidência de câncer. Relato de caso: Paciente, 60 anos, com história de úlcera péptica tratada cirurgicamente em 1977, e hemotransfusão na ocasião. Em 2000 recebe diagnóstico de hepatite C crônica e cirrose quando inicia acompanhamento no HUCFF. Em julho/2009 realiza endoscopia digestiva (EDA) e é visualizada úlcera péptica em antro gástrico e H.pylori positivo. Em novembro/2009 nova EDA de controle mostra lesão ulcerada e infiltrativa em mesma topografia, configurando adenocarcinoma bem diferenciado e extensa metaplasia intestinal. Ultrasom endoscópico (USE) evidenciou acometimento apenas mucosa e submucosa, pela ECO endoscopia, compatível com câncer gástrico precoce e extensa metaplasia intestinal incompleta. Foi internado em 15/01/2010 e realizou antrectomia + reconstrução a Bilroth I com exame de congelação do linfonodo supra pilórico sem alterações histopatológicas. Recebeu alta hospitalar em 04/02/2010 para acompanhamento ambulatorial. Controle endoscópico em julho/12 mostra ausência de recidiva tumoral. Conclusão: Para reduzir a morbidade e mortalidade, seria necessário diagnosticar o câncer gástrico em um estágio inicial. A estratégia de rastrear e erradicar H. pylori em populações de alto risco deve reduzir a incidência de câncer gástrico e é recomendada, porém em populações de baixo risco não é viável pelo baixo custobenefício. Existem reconhecidas condições pré-malignas para câncer que geram um questionamento sobre acompanhamento periódico com EDA. Infelizmente, não se pode basear essa decisão sobre os resultados de grandes estudos. A vigilância endoscópica em intervalos curtos é justificada em pacientes com displasia gástrica e em intervalos mais longos deve ser considerada para pacientes com gastrite atrófica e metaplasia intestinal.