REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP 99 POBREZA, DEMOCRACIA E DIREITOS HUMANOS POLA, Karina Dala1 RESUMO: Este artigo tem o objetivo de analisar a relação que se estabelece entre a democracia, os direitos humanos e a pobreza, como um contribui para a efetivação e/ou violação do outro e quais seus fatores determinantes. Partimos de um entendimento da pobreza enquanto ausência de democracia e violação dos direitos humanos. Palavras-chave: pobreza; democracia; direitos humanos. ABSTRACT: The purpose of this article is to analyze the relationship established between democracy, human rights and poverty, and how each of them contributes to the accomplishment and/or violation of the other one and what are its determinants factors. We start from an understanding of poverty as a lack of democracy and human rights violations. Key words: poverty; democracy; human rights. INTRODUÇÃO Para falar de democracia e de direitos humanos não podemos só pensar em leis que os garanta formalmente, mas temos que pensar em mecanismos que garantam o exercício efetivo tanto da democracia como dos direitos humanos. Destacamos como um dos principais mecanismos as políticas sociais, que promovem a redução da desigualdade, o exercício da democracia e o gozo dos direitos humanos. Nessa perspectiva entendemos a pobreza enquanto ausência de democracia e violação dos direitos humanos. SABER ACADÊMICO - n º 10 - Dez. 2010/ ISSN 1980-5950 REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP 100 AS POLÍTICAS SOCIAIS E A CIDADANIA2 Vemos que o exercício da cidadania passa por uma democratização de bens e serviços que promovam qualidade de vida. Há hoje um reducionismo econômico, que esquece, ou melhor, desconsidera o aspecto político, como se a melhora na qualidade de vida da população depende-se exclusivamente do crescimento econômico e não da democratização dos serviços que proporcionam qualidade de vida, como educação, saúde, trabalho e da distribuição de renda. (BORÓN, 2001) Assim, a política social deve seguir a lógica do bem-estar da população, e não a do mercado, que visa à racionalização dos recursos com vistas à ampliação da acumulação. Como traz Santos "A política social escapa ao cálculo econômico e ingressa na contabilidade ética, no cerne do conflito entre valores, no trágico comércio entre o bem e o mal." (SANTOS, 1998, p.37). É nesta perspectiva que concordamos com a afirmação de Santos que as políticas sociais implicam "escolhas trágicas", já que se encontra diante do imperativo de administrar a escassez dos recursos em face de tantas e crescentes necessidades. (SANTOS, 1998) Desta maneira, as políticas sociais implicam escolhas trágicas em decorrência da escolha política feita, justificadas pelo aspecto econômico, afinal poder-se-ia destinar recursos em abundância para estas políticas, para se atingir a equidade, caso o objetivo do sistema capitalista não fosse somente obter lucros, o que impede o direcionamento dos recursos necessários á esta política, destinando somente o possível, e às vezes nem isso. A democracia esta diretamente ligada aos aspectos econômicos, não há democracia sem igualdade econômica, e não há cumprimento dos direitos humanos sem democracia, assim, a pobreza é entendida como ausência de democracia e violação dos direitos humanos. Para efetivação da democracia e dos direitos humanos é preciso acabar com a pobreza, e um dos caminhos para se alcançar este objetivo é a eliminação da desigualdade. Diante disso, temos que ter consciência de que nenhuma política pública implementada no sistema capitalista, irá erradicar efetivamente a pobreza e a miséria, SABER ACADÊMICO - n º 10 - Dez. 2010/ ISSN 1980-5950 REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP 101 pois isso se opõe aos interesses deste sistema, do seu objetivo de reprodução e acumulação de capital. Neste sentido, programas de transferência de renda como o Bolsa Família, estão plenamente de acordo com as necessidades de produção e reprodução do capital, não estão à margem deste sistema, nem vão contra seus ditames. Como claramente expõe Marques e Mendes Concluiu-se que não há impedimento entre o desenvolvimento da política econômica do governo Lula, voltada para o grande capital, em particular o financeiro, e a realização de programas direcionados às parcelas mais pobres da população, tal como o Bolsa Família.” (MARQUES; MENDES, 2007, p. 22). A luta pela efetivação das políticas públicas dentro do sistema capitalista é uma luta na qual se pode ganhar batalhas, mas nunca se ganhará a guerra, nunca se eliminará o adversário, que é o sistema capitalista, até porque não se está lutando contra ele, mas se fazendo barganha pelas migalhas que ele pode oferecer à maioria da população. Essa luta deveria se concentrar na mudança do modo de produção e apropriação das riquezas produzidas, buscando um sistema que permitisse uma vida digna para todos os seres humanos. É claro que não podemos deixar de lutar pela efetivação dos direitos garantidos por lei. Pois o sucateamento das políticas sociais fazem parte da estratégia do capital, dentro das suas necessidades, para sua reprodução e manutenção. Não podemos deixar de nos atentar para o fato de que o próprio Estado é dominado pelo capital, e usa as políticas sociais como uma forma de amenizar o conflito, pois o Estado precisa se colocar em uma posição de conciliação, como se defendesse os interesses de toda a sociedade, e não somente de uma parcela dela, no caso os capitalistas. Entendemos que as políticas sociais são um campo de conflito de interesses, originária da pressão e exigências da classe trabalhadora; e como uma estratégia de controle e dominação do sistema capitalista. Por isso, enquanto integrantes dos trabalhadores assalariados, devemos lutar pela ampliação, efetivação das políticas sociais, sem perder de vista a possibilidade de superação deste sistema. SABER ACADÊMICO - n º 10 - Dez. 2010/ ISSN 1980-5950 REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP 102 WELFARE STATE: AMPLIAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DA POLÍTICA SOCIAL O Estado de Bem-estar Social é um tipo de organização política e econômica que coloca o Estado (nação) como agente da promoção (protetor e defensor) social e organizador da economia. Nesta orientação, o Estado é o agente regulador de toda vida social, política e econômica do país. Cabendo á este garantir serviços públicos e proteção à população. Como afirma Sping-Andersen, o Estado de bem-estar social Representou um esforço de reconstrução econômica, moral e política. Economicamente, significou um abandono da ortodoxia da pura lógica do mercado, em favor da exigência de extensão da segurança do emprego e dos ganhos como direitos de cidadania; moralmente, a defesa das idéias de justiça social, solidariedade e universalismo. Politicamente, o welfare state foi parte de um projeto de construção nacional, a democracia liberal, contra o duplo perigo do fascismo e do bolchevismo”. (ESPING-ANDERSEN, 1995, p.73) Este modelo desenvolveu-se principalmente na Europa, onde seus princípios foram defendidos pela social-democracia, tendo sido implementado com maior intensidade nos Estados escandinavos tais como a Suécia, a Dinamarca, a Noruega e a Finlândia. O Welfare State teve a origem no pensamento keynesiano e surge como resposta no contexto que se vivenciava na Europa. No pós Segunda Guerra Mundial, ocorre uma grande expansão da política social, com base na concepção de que existem direitos sociais indissociáveis à existência de qualquer cidadão. Este período contou com uma grande intervenção do Estado, criando as condições para o crescimento do capitalismo, ao investir maciçamente em setores estruturais; também houve mobilização do movimento dos trabalhadores, reivindicando melhores condições de trabalho e vida, agrega-se à este contexto, a ameaça do regime socialista (Guerra Fria), enfim foram um conjunto de fatores que viabilizaram a expansão e consolidação das políticas sociais neste período. (BEHRING, 2007) Pelos princípios do Estado de Bem-estar Social, todo o indivíduo teria direito, a um conjunto de bens e serviços que deveriam ter seu fornecimento garantido, seja SABER ACADÊMICO - n º 10 - Dez. 2010/ ISSN 1980-5950 REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP 103 diretamente através do Estado ou indiretamente, mediante seu poder de regulamentação sobre a sociedade civil. Esses direitos incluiriam a educação, a assistência médica gratuita, o auxílio ao desempregado, a garantia de uma renda mínima, entre outros benefícios. O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL NO BRASIL Ao longo dos anos 70 e 80, o Estado brasileiro busca organizar o Estado de bemestar social, na tentativa de satisfazer algumas demandas da população. Entretanto, desde o início, jamais o Brasil considerou os gastos com políticas sociais como "investimento" sendo a maior parte das políticas adotadas destinadas mais a "remediar a pobreza" do que a políticas efetivamente capazes de proporcionar uma distribuição equitativa das riquezas produzidas. A Constituição Federal de 1988 consagrou o ideário da universalização das políticas sociais no Brasil, numa fase em que as condições econômicas para chegar a um universalismo de fato se tornavam cada vez mais precárias. O Brasil passou toda a década de 1990 condicionado pelos empréstimos do FMI (Fundo Monetário Internacional) e sujeito às regras do Consenso de Washington, que privilegia os interesses dos capitais financeiros internacionais e são avessas a quaisquer políticas sociais. (SOARES, 2001) O modelo de desenvolvimento econômico e a base de sustentação financeira das políticas sociais no Brasil têm sido organizados de forma incompatível com os ideais de universalização dos direitos. Como corolário, tem-se uma universalização que na prática é excludente. (SOARES, 2001) Sendo assim, crise econômica, crise nas finanças públicas e direitos constitucionais adquiridos passam a ser, desde meados dos anos 90, um dos conflitos a serem enfrentados numa eventual reforma do Estado. A crise do Estado do bem-estar social no Brasil chegou antes que ele pudesse ser, de fato, implantado em sua plenitude. (TAVARES, 2007) SABER ACADÊMICO - n º 10 - Dez. 2010/ ISSN 1980-5950 REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP 104 A POBREZA COMO VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS Um marco da trajetória histórica dos direitos do homem foi a Declaração Universal dos Direitos do Homem em 1948, uma demonstração de que a humanidade partilha alguns valores, o que difere primordialmente é a forma como são efetivados estes direitos em cada sociedade. (BOBBIO,1992) As políticas sociais implementadas representam um padrão de proteção social, voltado para a redistribuição dos benefícios sociais, visando diminuir as desigualdades sociais estruturais produzidas pelo desenvolvimento sócio-economico. No Brasil, temos que lutar justamente pela ampliação deste padrão de proteção social, pois até agora o padrão utilizado é muito baixo, chega à miséria extrema. Observamos que a Declaração traz a concepção de que os direitos humanos são universais, ou seja, não estão vinculados a gênero, raça, credo ou nacionalidade, são reservados a todos os seres humanos; são indivisíveis, quando um direito é violado os outros também o são, o não respeito a um direito impede o gozo dos demais. (PIOVESAN, 2003) Frente à indivisibilidade dos direitos humanos temos que superar a idéia de que os direitos civis e políticos merecem mais reconhecimento do que os direitos sociais, econômicos e culturais, de que estes seriam direitos de segunda classe. E este reconhecimento tem importantes conseqüências, como afirmam Asborn Eide e Allan Rosas Levar os direitos econômicos, sociais e culturais a sério implica, ao mesmo tempo, um compromisso com a integração social, a solidariedade e a igualdade, incluindo a questão da distribuição de renda. Os direitos sociais, econômicos e culturais incluem como preocupação central a proteção aos grupos vulneráveis. (...) as necessidades fundamentais não devem ficar condicionadas à caridade de programas e políticas estatais, mas devem ser definidas como direitos." (apud PIOVESAN, 2003, p. 143). Afirmar que os direitos humanos são indivisíveis não significa negar a sua historicidade. Os direitos do homem não nasceram e se consolidaram todos de uma vez, sendo preciso continuar na luta por sua efetiva consolidação, visto que é um processo SABER ACADÊMICO - n º 10 - Dez. 2010/ ISSN 1980-5950 REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP 105 histórico com avanços e retrocessos, ou seja, é um movimento gradual na história, que envolve uma correlação de forças, de luta e resistência. Que não devem ser entendidos de maneira fragmentada, mas como uma unidade indivisível, no qual o não exercício de um pode prejudicar o gozo dos demais. Em consonância com o que estamos argumentando neste trabalho, de que não há democracia sem direitos humanos, e de que não há direitos humanos sem igualdade econômica, entendemos que a pobreza constitui-se em uma violação dos direitos do homem, e uma negação da sociedade democrática. Atualmente, a efetivação dos direitos do homem vai além da necessidade de argumentar em sua defesa, mas depende e esta associado a problemas históricos, sociais e econômicos da humanidade. Como expõe Bobbio "O problema fundamental em relação aos direitos do homem, hoje, não é tanto o de justificá-los, mas o de protegê-los. Trata-se de um problema não filosófico, mas político." (BOBBIO, 1992, p.24) A consolidação dos direitos do homem passa pelo amadurecimento e consolidação da democracia. Não podemos desvencilhar os direitos humanos dos problemas socioeconômicos vivenciados ao longo da história, que culminam nos problemas enfrentados hoje. O processo de democratização faz necessário não só uma estrutura formal democrática, mas é preciso a construção de uma nova postura, tanto por parte dos cidadãos, como das instituições, no aprendizado sobre os direitos e responsabilidades de cada um e da coletividade diante da construção da democracia, perpassando para isso, o desenvolvimento de uma estrutura institucional democrática. O que Jelin denomina de cultura de cidadania As pessoas devem adotar crenças e práticas que sejam apropriadas à noção de democracia ou consistentes com ela; elas também devem aprender como agir dentro do sistema institucional renovado. Por sua vez, os líderes políticos e as classes dominantes devem aprender a reconhecer e respeitar os direitos e as identidades dos diferentes atores sociais, e não apenas abandonar as arbitrariedades como, também, a impunidade. O desafio da democratização está na capacidade de combinar as mudanças institucionais formais com a expansão das práticas democráticas e o fortalecimento de uma cultura de cidadania" (JELIN, 2006, p. 156 -157). SABER ACADÊMICO - n º 10 - Dez. 2010/ ISSN 1980-5950 REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP 106 Jelin deixa claro que a prática democrática precisa ser incorporada por todos, visto que o processo de aprendizado democrático se dá dentro das estruturas sociais concretas. Ainda segundo a autora, neste processo de democratização as Ong's tem um importante papel de legitimação de demandas junto ao Estado, conscientização e monitoramento nas ações estatais, além de intermediar as relações entre o Estado e o cidadão. (JELIN, 2006) Entretanto o que vemos hoje é uma inversão de papeis, pois o Estado transfere suas responsabilidades para as Ong's, que acabaram tornando-se executoras, enquanto o Estado fiscaliza e regulamenta sua atuação. O aumento da participação das Ong's na execução das políticas sociais, traz consigo, a elevação do trabalho voluntário, o que desprofissionaliza o serviço prestado na área social, entrando no campo da solidariedade e da desresponsabilização da política social, ou seja, saímos do campo do direito do cidadão aos serviços sociais e do dever do Estado, para o campo da solidariedade da sociedade. As Ong's deixam de ser rede complementar ao Estado, ocorrendo uma refilantropização das políticas sociais. (JELIN, 2006) NEOLIBERALISMO: DESMONTAGEM DO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL Como podemos perceber as políticas sociais congregam um sistema de proteção social, que visa garantir acesso aos serviços sociais ao indivíduo e sua família, proporcionando qualidade de vida e segurança nos diversos ciclos da vida. O neoliberalismo é uma doutrina econômica, implantada a partir da década de 1970, na qual é defendida a absoluta liberdade de mercado e uma restrição à intervenção estatal sobre a economia, só devendo esta ocorrer em setores imprescindíveis e ainda assim num grau mínimo. Para promover a retirada do Estado sobre a economia foi realizada uma verdadeira campanha publicitária, com o objetivo de demonstrar a ineficiência deste na execução dos mais diversos serviços, e demonstrar a eficiência do mercado, esta transição se deu por meio das privatizações. No Brasil a mídia difundiu a necessidade das privatizações, apontando o Estado ampliado como um fator determinante para a recessão econômica vivenciada. SABER ACADÊMICO - n º 10 - Dez. 2010/ ISSN 1980-5950 REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP 107 O Estado privatizou diversas empresas, porém assumiu as dívidas e os fundos de pensão e aposentadoria, como podemos perceber "[...] é preciso muito Estado para criar um mercado livre [...]." (BEHRING, 2007, p. 153) e supostamente mais eficiente que o próprio Estado. Ocorre com a implantação do neoliberalismo, uma desestruturação das políticas sociais, que provocam danos não só nas condições de trabalho da população, mas atingem todos os âmbitos da vida social. (CASTEL, 2000) A mudança do sistema intervencionista keynesiano-desenvolvimentista, que vigia anteriormente na maior parte do mundo capitalista, para esse "novo sistema" neoliberal não era inevitável; ao contrário, a globalização neoliberal foi um processo escolhido pelas elites político-econômicas mundiais, por estas acreditarem que esse processo melhor atenderia a seus interesses econômicos do momento turbulento que atravessam. Os ajustes nas políticas sociais provocaram uma deteriorização na qualidade dos serviços ofertados. Tais ajustes não são apenas resultado das crises econômicas, mas sobretudo de escolhas políticas. Assim, as políticas sociais são determinadas pelos problemas sociais, pela demanda por serviços e benefícios sociais, pelo poder de reivindicação da população e pela estrutura de financiamento do setor público. Destacamos que o financiamento vem sofrendo restrições com as políticas de ajuste, tornando-se um problema estrutural. (SOARES, 2001) CONCLUSÃO Diante deste quadro temos que tomar medidas urgentes que possam combater ou ao menos minimizar os efeitos da política de ajuste neoliberal, antes que seus efeitos se tornem mais irreversíveis do que já são. Como afirma Behring A política social, no contexto do capitalismo em sua fase madura, não é capaz de reverter esse quadro, nem é sua função estrutural. Contudo, levar as políticas sociais ao limite de cobertura numa agenda de lutas dos trabalhadores é tarefa de todos os que têm compromissos com a SABER ACADÊMICO - n º 10 - Dez. 2010/ ISSN 1980-5950 REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP 108 emancipação política e a emancipação humana, tendo em vista elevar o padrão de vida das maiorias e suscitar necessidades mais profundas e radicais. Debater e lutar pela ampliação dos direitos e das políticas sociais é fundamental porque engendra a disputa pelo fundo público, envolve necessidades básicas de milhões de pessoas com impacto real nas suas condições de vida e trabalho e implica um processo de discussão coletiva, socialização da política e organização dos sujeitos políticos." (BEHRING, 2007, p.190). Todos os países têm encontrado sérias dificuldades para manter e/ou consolidar suas políticas sociais, e cada um tem procurado a sua alternativa, de acordo com sua trajetória histórica. Não há uma receita pronta para o crescimento e desenvolvimento de um país, que assegure um alto nível na qualidade de vida da população, mas há alguns indícios que norteiam, como um Estado forte e intervencionista, que assegure políticas sociais eficientes que, efetivamente combatem a pobreza, assegurando o exercício da cidadania e o gozo dos direitos humanos. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. Política social: fundamentos e história. São Paulo: Cortez, 2007. BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992. BORÓN, A. A sociedade civil depois do dilúvio neoliberal. In: SADER, E.; GENTILI, P. (Orgs.) As políticas sociais e o Estado democrático. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 63118. BUSSINGER, V. V. Fundamentos dos direitos humanos. Serviço Social e Sociedade. São Paulo, n.53, p.9-45. mar. 1997. CASTEL, R. As transformações da questão social. In: BELFIORE-WANDERLEY, M.; BÓGUS, L; YASBEK, C. (org's). Desigualdade e a questão social. 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Acesso em: maio de 2007. 1 Mestre em Serviço Social pela UEL/Londrina, graduação em Serviço Social pela UEL/Londrina, docente da Faculdade de Presidente Prudente – FAPEPE/UNIESP, assistente social da Prefeitura Municipal de Cândido Mota – SP. 2 É importante deixarmos claro que a defesa da cidadania e dos direitos sociais, se dá dentro dos limites do sistema capitalista, nos colocando distante da compreensão marxista de superação deste sistema, pois nos coloca no plano da “humanização” do capitalismo, atuando na amenização de suas conseqüências, e não na eliminação das causas da desigualdade socioeconômica intrínseca a este sistema. Texto Recebido em 07 de outubro de 2010. Aprovado em 10 de dezembro de 2010. SABER ACADÊMICO - n º 10 - Dez. 2010/ ISSN 1980-5950