AVALIAÇÃO PSICOEDUCACIONAL EM CRIANÇAS ENCAMINHADAS COM DIFICULDADE DE APRENDER Maria Eni de Mattos – Acadêmica do nono período do curso de Psicologia da Faculdade Guairacá- FAG – Guarapuava Paraná - e-mail: [email protected] Josemary Giraldi – Professora Supervisora do Estágio Profissional I da Faculdade Guairacá – FAG – Guarapuava – Paraná - e-mail: [email protected] RESUMO Este trabalho consiste na discussão de um caso de avaliação psicoeducacional de uma criança com dificuldades de aprendizagem, como parte de um estágio curricular do curso de Psicologia da Faculdade Guairacá, em Guarapuava. Esta prática teve como objetivo a melhoria do desempenho educacional e a funcionalidade dos contextos de ensino/aprendizagem frente às dificuldades encontradas na escola. O processo de avaliação psicoeducacional deu-se através de entrevista com os pais, atendimento individual com a criança, utilização de teste projetivo e de inteligência, jogos, visitas à escola em que a criança atendida estuda e ao Núcleo Regional de Educação – NRE, além de contato com professores e equipe pedagógica da escola para esclarecimento de dúvidas e para fornecer orientações referentes ao trabalho com a criança em questão. Durante o processo de avaliação constatou-se evolução do aluno no que se refere à sua forma de se comportar em seus contextos e mudança de postura de sua mãe após orientações de como lidar com seu filho. A realização deste trabalho indica a eficácia do olhar atento e abrangente diante dos contextos e comportamentos da criança, possibilitando, assim, possíveis e claras intervenções relacionadas às dificuldades de aprendizagem. Palavras-chave: avaliação psicoeducacional; dificuldade de aprendizagem; psicologia educacional. ABSTRACT This paper consists in a discussion of a case of a psychoeducational evaluation of children with learning difficulties as part of a curricular course at the Faculty of Psychology Guairacá in Guarapuava. This practice was aimed at improving the educational performance and functionality of the contexts of teaching and learning in the face of difficulties at school. The process of psychoeducational assessment was made through interviews with parents, individual care for the child, using the projective and intelligence test, games, visits to the school the child attended studies and Regional Education Center - NRE, and contact with teachers and pedagogical staff of the school 2 to clarify questions and to provide guidance regarding the work with the child in question. During the evaluation process it was found the student's progress with regard to their way of behaving in their contexts and change of attitude after his mother's guidance on how to deal with your child. This work indicates the effectiveness of comprehensive and watchful eye on the child’s behaviors and contexts, and thus makes possible and clear interventions related to learning difficulties. Keywords: psychoeducational assessment, learning disabilities, educational psychology. INTRODUÇÃO A proposta de avaliação psicoeducacional aqui apresentada tem por objetivo intervir junto a crianças com problemas de aprendizagem da região de Guarapuava e cidades circunvizinhas e, a partir deste princípio, apresentaremos aqui um caso de uma criança encaminhada com problemas de aprendizagem. Esta fez parte de um estágio curricular que tem como prioridade crianças com necessidades educativas especiais, transtornos de aprendizagem e/ou de desenvolvimento. Seu objetivo é melhorar o desempenho desta população com análise e reflexões dos determinantes do sucesso ou fracasso escolar. Inicialmente, o presente material traz algumas reflexões epistemológicas nas quais demonstra o referencial teórico-metodológico que fundamenta a prática da avaliação psicoeducacional. Este engloba um breve apanhado histórico da teoria utilizada, os princípios epistemológicos e a teoria psicanalítica como uma proposta para o contexto escolar e a importância da inserção do psicólogo neste ambiente. Em seguida apresenta o método utilizado, ou seja, a descrição do caso atendido e do ambiente no qual o atendimento acontece, a quantidade de sessões realizadas e o tempo de duração, além da descrição das técnicas e procedimentos utilizados no processo avaliativo. Posteriormente é descrito o processo em si, com a demanda trazida pela mãe da criança atendida e os objetivos para este caso. Também é apresentada a análise do processo, na qual é feita uma reflexão sobre as mudanças que puderam ser observadas na criança atendia, fazendo a devida correlação com a literatura utilizada. 3 Finalmente é apresentada a conclusão a partir do trabalho realizado, onde se demonstra as habilidades necessárias ao psicólogo e as reflexões levantadas de forma hipotética dentro d caso dentro do enfoque utilizado. REVISÃO DE LITERATURA A população escolar vive em constante mudança e a escola continua atuando como há muito tempo, sendo que muitas vezes não consegue atender a todos os alunos, o que leva muitos deles a se sentirem desmotivados e insatisfeitos. (GUZZO, 2008) O homem, como um ser inacabado, está sempre em busca de satisfação e, para isso, precisa aprender as regras para que se adeque à sociedade. Para tal intento, necessita frequentar a escola na intenção de receber os conhecimentos que sozinho não conseguiria. Dessa forma, cabe ao psicólogo auxiliar no entendimento dos problemas da escola e, principalmente, aqueles relacionados às crianças com dificuldades para aprender. Assim, o psicólogo tem a possibilidade de intermediar entre o professor, o aprendizado e a criança (SILVA, 2008). Diante da necessidade de se lidar com as dificuldades, a psicologia foi introduzida na escola para lidar com crianças “problema”, por não se adequarem às normas e princípios institucionais. Silva (2008) afirma que na década de 1970 o olhar do psicólogo era direcionado apenas para a criança, com o fim de ajustá-la ao ambiente escolar. Com o tempo, “o psicólogo voltou-se também para os docentes, mas restringindo o enfoque aos aspectos emocionais e visando ao aluno que não acompanhava os demais. O centro de sua atenção continuava sendo a criança” (SILVA, 2008, p. 140). Coll et al (2004, p. 31) afirmam que “a Psicologia da Educação/Escolar contribui para a elaboração de uma teoria que permita compreender e explicar melhor os processos educacionais”. Auxilia na preparação de estratégias e modelos de 4 planejamento e intervenção que possam orientar no processo, bem como ajudar no estabelecimento de “práticas educacionais mais eficazes, mais satisfatórias e mais enriquecedoras para as pessoas que participam dela”. (p. 31). Desse modo o contato direto da Psicologia da Educação/Escolar com problemas cotidianos da prática educacional contribui para a tomada de consciência da importância de sua contribuição para a melhoria dos processos de ensino/aprendizagem da instituição. O psicólogo escolar busca enfatizar a importância da afetividade e das relações que são estabelecidas com o aluno, valorizando sua subjetividade que está se estruturando, além do componente puramente cognitivo. Vale ressaltar aqui, segundo a Associação Brasileira de Psicologia Escolar/Educacional - ABRAPEE, que Psicólogo Escolar é aquele cuja atuação se caracteriza mais pela intervenção na prática, enquanto que a dos psicólogos educacionais, geralmente, se direciona para as áreas de ensino e pesquisa. Cabe lembrar, ainda, que o Psicólogo Escolar busca defender os direitos de crianças ao atendimento de suas necessidades e à promoção de seu desenvolvimento, sem discriminação ou intolerância de qualquer tipo. Como conhecedor das necessidades de todos os infantes, independentemente de sua condição social, habilitados ou que apresentem ou não déficit cognitivo, abandonados ou acolhidos por suas famílias. Assim, também Piletti (2006) afirma que a Psicologia da Educação é indispensável para que o docente tenha condições de compreender seus alunos e desenvolver um trabalho mais eficiente, pois pode ajudá-lo a entender as características de cada fase pela qual o aluno está passando e, dessa forma, auxiliar o discente de maneira que ele aprenda mais facilmente. Ressalta também que o psicólogo que atua na área da educação precisa compreender não somente o aluno como ator dentro do processo educacional, mas também, o professor. Nesse sentido, o psicólogo pode auxiliar os docentes, orientando-os em como trabalhar com essas crianças que apresentam algum tipo de dificuldade, seja de aprendizagem ou não, de forma que a escola cumpra o seu papel de formar um cidadão que possa lutar por aquilo que deseja e com condições de ocupar seu lugar na área de trabalho que elas escolherem. Assim, o profissional também ajuda o professor a buscar um método para aplicar em sala de aula que abarque todos os seus alunos, motivando-os e fazendo com 5 que queiram saber e buscar mais conhecimentos. Para isso, a “Psicologia Escolar deve voltar-se para a metodologia do ensino. Para ela, teoria e prática são duas dimensões inseparáveis da produção científica enquanto ciência humano-social” (PATTO, 1997, p. 456). E Hohendorff (1999) afirma que no ato educativo, além da transmissão de saberes metodologicamente estabelecidos e executados, ocorre a transmissão de sentimentos inconscientes, tanto por parte do professor quanto por parte dos alunos. Para a autora, este espaço de transmissão faz limite ao saber pedagógico na medida em que não pode ser mensurado, quantificado, nem metodologicamente reproduzido, pois é singular a cada pessoa. Este espaço da transmissão só é acessível por meio de seus efeitos que são sempre da ordem do singular, ou seja, quando se percebe a individualidade de cada aluno e, por conseguinte de cada professor. Ao considerar que as vivências de aluno e professor interferem nesse processo de ensino-aprendizagem, o psicólogo escolar tem a possibilidade de auxiliar o docente para que compreenda o comportamento do aluno e ajude-o a entender aquilo que está sendo exposto e, dessa forma, a aprendizagem possa se efetivar. OBJETIVO E PROPÓSITO O objetivo deste trabalho foi entender de que forma a avaliação psicoeducacional pode contribuir para a melhora do desempenho de crianças encaminhadas ao serviço de Psicologia com queixa de problemas/dificuldades de aprendizagem. Teve como propósito investigar um menino de dez anos encaminhado pela mãe por ter apresentado baixo rendimento em algumas disciplinas no primeiro bimestre do ano letivo de 2010. Foram realizadas intervenções tanto diretamente na criança, quanto nas relações familiares e escolares. METODOLOGIA Esta prática teve como métodos de trabalho: entrevistas com pais, professores, equipe de ensino do Núcleo Regional de Educação do Estado, Testes projetivo e de inteligência e atividades com a criança, intervenções junto aos pais e à escola. 6 Objeto Estudado e Procedimentos A avaliação psicoeducacional apresentada foi realizada com uma criança de dez anos, que veio encaminhada pela mãe devido à nota baixa no primeiro bimestre escolar. Segundo a mãe, a criança encontrava-se muito quieta, não falava sobre os acontecimentos da escola, evitava comentar sobre os colegas e professores e chorava por qualquer motivo. Durante a entrevista buscou-se informações sobre o desenvolvimento da criança, sua relação com a família e inicio da escolarização. O primeiro passo após a entrevista com a mãe foi dar início aos atendimentos com o menino. Ao longo dos encontros com a criança, foram utilizados jogos, desenhos, conversas e desafios, com a finalidade primeira de criação de vínculo e, sequencialmente, de identificar as causas de sua dificuldade de aprendizagem e notas baixas. Usou-se ainda, atividades para desenvolver sua autoestima e também testes projetivo e de inteligência para avaliar a hipótese levantada. Dentro dos procedimentos foram realizadas visitas à escola com o objetivo de conhecer melhor o contexto da criança e ter contato com equipe pedagógica e professores, tanto para perceber a visão da escola diante das queixas apresentadas referentes à criança quanto para orientações em como lidar com ela. Na devolutiva feita à mãe e à criança foi enfatizado que o menino tem condição de continuar melhorando e se dedicando em seus estudos. O mesmo tinha consciência de que melhorou e que recuperou a nota baixa tirada no primeiro bimestre e estava mais participativo nas aulas, mais socializado ao ambiente e com mais amigos. Em casa estava mais comunicativo e segundo a mãe, os professores em geral o elogiaram dizendo o quanto ele se dedicou mais aos estudos, realizou as tarefas e trabalhos e a mãe ressaltou que ele parecia mais confiante. Ela relatou também que outros familiares perceberam a mudança de comportamento do garoto. Levantou-se também a possibilidade de o menino frequentar a Sala de Recursos Multifuncional no ano seguinte, 2011, caso a triagem feita no ambiente escolar e pela equipe do Núcleo Regional de Educação - NRE confirmasse a hipótese levantada Na devolutiva feita à escola foi sugerido que professores trabalhassem atividades que promovessem sua autoestima e interação com os demais alunos, já que 7 ele estava se adaptando melhor, mas que era necessário que os colegas também o incentivassem, convidando-o a participar de seus jogos e brincadeiras. O atendimento do caso em discussão foi supervisionado em encontros semanais grupais, nos quais cada um dos estagiários apresentava as intervenções realizadas, bem como sua proposta de continuidade do caso. Este espaço foi usado para realizar a discussão e embasamento teórico sempre que necessário. Em cada supervisão os estagiários apresentavam as evoluções e os obstáculos do caso atendido, com análises e discussões feitas regularmente em grupo, além de orientação para a confecção de materiais que se fizeram necessários. Também eram realizadas leitura e apresentação periódica dos assuntos relacionados com a área de Avaliação Psicoeducacional/ psicopedagógica, Intervenção Psicoeducacional/ psicopedagógica, Psicoterapia infantil, Desenvolvimento infantil e Necessidades Educativas Especiais. Análise dos Procedimentos e Resultados Nas entrevistas iniciais a mãe expôs que a criança tirara nota vermelha na escola, não se relacionava com os colegas, não comentava o que acontecia na escola e chorava sempre que ela mandava que ele fizesse algo. Tinha como expectativa que o filho se abrisse, falasse sobre o que o incomodava e como ele gostaria de ser tratado em casa. De acordo com a entrevista feita e o desempenho do menino no Teste R-2, levantou-se a hipótese de Altas Habilidades/Superdotação. Para confirmação solicitouse à pedagoga da escola onde ele estuda que realizasse uma prova pedagógica para confirmação ou não da hipótese. Segundo Sánchez - Cano e Cols. (2010, p. 364), “toda medida contém erros de estimativa e, por mais que um determinado teste nos dê uma cifra exata, continua sendo uma estimativa”. Assim, a avaliação de uma equipe multidisciplinar poderia colaborar confirmando ou refutando a hipótese. Na sequência foi investigado o comportamento de isolamento, não socialização e notas baixas em algumas disciplinas. Optou-se, então, pelo Teste Projetivo House, Tree, Person (H T P) que revelou insegurança, baixa autoestima e inadequação ao meio. O Teste HTP retrata questões subjetivas e estimula a projeção de elementos da personalidade e áreas de conflito. Assim, percebeu-se a importância de considerar que nem todos os problemas em relação à nota baixa têm relação com dificuldade de aprendizagem, havendo a 8 necessidade de investigar o que de fato leva a criança a agir dessa forma para, então, fazer as intervenções necessárias. No decorrer dos atendimentos percebeu-se que a criança estava mais comunicativa, falava mais sobre si, família e escola. Segundo a mãe, seu relacionamento melhorou na escola, já possuía mais amigos com quem conversava e brincava no horário do recreio. Fazia seus trabalhos e tarefas e suas notas melhoraram. Ela relatou que a orientadora da escola disse que o menino já não ia mais à sua sala para reclamar dos colegas. Em casa estava mais comunicativo, não chorava mais por qualquer motivo, conversava mais e sorria o que não acontecia há algum tempo. De acordo com a professora de educação Física, o menino estava mais participativo e falante em suas aulas. Segundo ela, o garoto discutia os assuntos da aula e na parte escrita da matéria ia muito bem, apenas na prática é que ele não evoluiu muito. Os atendimentos proporcionaram mudanças significativas, como a melhora da autoestima e seu relacionamento em casa e na escola. Possibilitou que ele falasse sobre seus sentimentos e auxiliou-o na compreensão de si e da necessidade de se relacionar, despertando-o para se sentir mais ambientado à escola, aos colegas e professores. Então, mudou seu comportamento em casa e na escola, passando a interagir mais com as pessoas com quem convive. Discussão A partir do trabalho realizado com a criança em questão, pôde-se identificar que processos familiares estavam influenciando no seu desempenho escolar, pois, a mesma apresentava-se de forma retraída, quase não se comunicava em casa e na escola, tirou nota baixa em algumas disciplinas e não queria ir para a escola. Assim, Barros e Valente (2005, p. 105) ressaltam que “a família e a dinâmica de relações estabelecidas por ela influenciam no desenvolvimento e na formação do sintoma da criança”. Elas afirmam que problemas escolares podem mascarar ou expressar que algo não está bem com a criança, pois, conforme Bleger (1984, p.79) “todo comportamento está sempre relacionado a um acontecimento na vivência da pessoa”. Vilana (2010, p. 64) afirma que: 9 [...] necessitamos de dados precisos sobre todas as pessoas que, de forma significativa, têm algo a ver com seu processo psicológico e de aprendizagem. Por isso, além do contato pessoal com o aluno, é quase sempre necessário o intercâmbio de informação com seu professor e com sua família. Chamat (1997, p. 93) salienta “a importância de se conhecer todos os vínculos do sujeito em estudo e o tipo de comunicação presentes nessas relações, quer sejam parentais ou não” Com os atendimentos pôde-se aprender que é possível acontecer na escola o aparecimento dos conflitos dos estudantes, por meio de comportamentos de isolamento, falta de socialização e participação nas atividades e até mesmo sentimento de baixa autoestima que fazem com que o aluno apresente baixo desempenho escolar. De acordo com Mckay e Fanning (2010, p. 284) a “autoestima é a armadura que protege a criança dos dragões da vida: drogas, álcool, relacionamentos doentios e delinqüência”. Diante das avaliações feitas com a criança e os seus resultados percebeu-se que o sofrimento interno pelo qual ela passava aparecia retratado nos desenhos ou em suas falas, enquanto desenvolvia suas tarefas. Foi preciso também ter um olhar atento e diferenciado sobre o comportamento da criança para que se compreendesse e pudesse auxiliá-la a superar aquilo que a incomodava. Nesse sentido, percebeu-se a necessidade de conversar com os pais do menino para orientá-los na forma de ajudar o filho, tanto na parte afetiva, quanto na escolar. Os desenhos, feitos pelo garoto, foram mostrados para que os pais pudessem perceber os sentimentos que ele apresentava por meio das atividades propostas. No decorrer de todo o processo notou-se uma nova postura da mãe em relação ao filho, no sentido de auxiliá-lo, incentivando sempre que conseguia atingir um objetivo, seja melhorando a nota, interagindo mais com colegas e professores, seja em casa, falando e expressando os sentimentos. CONCLUSÃO Este trabalho possibilitou a compreensão de que o psicólogo escolar não pode trabalhar de forma isolada, só com o sujeito que apresenta dificuldade, mas com todos com quem a criança se relaciona (família e comunidade escolar) para que assim, possam contribuir para uma mudança de comportamento. 10 A parte prática contribuiu para a percepção do quanto é importante um olhar psicológico diante de cada caso. Foi importante também notar a necessidade e eficácia da avaliação psicoeducacional, pois a partir dos resultados obtidos por meio das entrevistas com os pais, professores, equipe pedagógica, dos testes e atividades realizadas com a criança, pôde-se formular a hipótese e se chegar ao resultado final. Partindo-se da hipótese de Altas Habilidades levantada pelo resultado do Teste R-2 e atividades desenvolvidas com a criança, buscou-se uma forma de ajudá-la a melhorar seu desempenho na escola e em casa, fazendo com que ao final dos atendimentos o resultado fosse positivo. Esse trabalho, tanto prático quanto teórico, proporcionou a possibilidade de repensar valores sobre o comportamento dos profissionais da educação em relação a crianças que apresentam baixo desempenho escolar e o quanto a escola precisa se atualizar para acompanhar as mudanças que estão ocorrendo. Percebeu-se o quanto a escuta e a aceitação pode auxiliar a pessoa a expressar aquilo que a incomoda, seja falando ou desenhando e pensar sobre o que pode ser feito para a mudança de atitude quando ela se sente entendida, aceita e respeitada pelo outro. E ainda, o quanto os pais podem auxiliar no sentido de reverter a situação, como na queixa trazida no início dos atendimentos e o resultado obtido ao final do mesmo. Por meio da avaliação psicoeducacional notou-se a importância de investigar a queixa levando em conta diversos fatores que podem influenciar a criança a ter determinado comportamento e procurar saber o que realmente a leva a agir desta forma, buscando meios que possam auxiliar no diagnóstico e uma possível solução para o caso. 11 REFERÊNCIAS ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. As Influências da Psicanálise na Educação Brasileira no Início do Século XX Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Mai-Ago 2006, Vol. 22 n. 2, pp. 233-240. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v22n2/a13v22n2.pdf. Acesso em: 20 Nov. 2010 BARROS, Maria Silvana da Rocha e VALENTE, Maria Luísa L. Castro. 2005. A criança como sintoma da família. Em: Maria Luísa L. Valente, Castro e, Marlene Castro Waideman (Org.). E a família, como vai? Assis – FLC – Assis – UNESP – Publicações. BLEGER, José. , 1984. Psicologia da Conduta. Trad. Emília de Oliveira Diehl. Porto Alegre: Artes Médicas. BOSSA, Nádia Aparecida. 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