Clique aqui para do arquivo

Propaganda
AVALIAÇÃO PSICOEDUCACIONAL EM CRIANÇAS ENCAMINHADAS
COM DIFICULDADE DE APRENDER
Maria Eni de Mattos – Acadêmica do nono período do curso de Psicologia da Faculdade
Guairacá- FAG – Guarapuava Paraná - e-mail: [email protected]
Josemary Giraldi – Professora Supervisora do Estágio Profissional I da Faculdade
Guairacá – FAG – Guarapuava – Paraná - e-mail: [email protected]
RESUMO
Este trabalho consiste na discussão de um caso de avaliação psicoeducacional de uma
criança com dificuldades de aprendizagem, como parte de um estágio curricular do
curso de Psicologia da Faculdade Guairacá, em Guarapuava. Esta prática teve como
objetivo a melhoria do desempenho educacional e a funcionalidade dos contextos de
ensino/aprendizagem frente às dificuldades encontradas na escola. O processo de
avaliação psicoeducacional deu-se através de entrevista com os pais, atendimento
individual com a criança, utilização de teste projetivo e de inteligência, jogos, visitas à
escola em que a criança atendida estuda e ao Núcleo Regional de Educação – NRE,
além de contato com professores e equipe pedagógica da escola para esclarecimento de
dúvidas e para fornecer orientações referentes ao trabalho com a criança em questão.
Durante o processo de avaliação constatou-se evolução do aluno no que se refere à sua
forma de se comportar em seus contextos e mudança de postura de sua mãe após
orientações de como lidar com seu filho. A realização deste trabalho indica a eficácia do
olhar atento e abrangente diante dos contextos e comportamentos da criança,
possibilitando, assim, possíveis e claras intervenções relacionadas às dificuldades de
aprendizagem.
Palavras-chave: avaliação psicoeducacional; dificuldade de aprendizagem; psicologia
educacional.
ABSTRACT
This paper consists in a discussion of a case of a psychoeducational evaluation of
children with learning difficulties as part of a curricular course at the Faculty of
Psychology Guairacá in Guarapuava. This practice was aimed at improving the
educational performance and functionality of the contexts of teaching and learning in
the face of difficulties at school. The process of psychoeducational assessment was
made through interviews with parents, individual care for the child, using the projective
and intelligence test, games, visits to the school the child attended studies and Regional
Education Center - NRE, and contact with teachers and pedagogical staff of the school
2
to clarify questions and to provide guidance regarding the work with the child in
question. During the evaluation process it was found the student's progress with regard
to their way of behaving in their contexts and change of attitude after his mother's
guidance on how to deal with your child. This work indicates the effectiveness of
comprehensive and watchful eye on the child’s behaviors and contexts, and thus makes
possible
and
clear
interventions
related
to
learning
difficulties.
Keywords: psychoeducational assessment, learning disabilities, educational psychology.
INTRODUÇÃO
A proposta de avaliação psicoeducacional aqui apresentada tem por objetivo
intervir junto a crianças com problemas de aprendizagem da região de Guarapuava e
cidades circunvizinhas e, a partir deste princípio, apresentaremos aqui um caso de uma
criança encaminhada com problemas de aprendizagem. Esta fez parte de um estágio
curricular que tem como prioridade crianças com necessidades educativas especiais,
transtornos de aprendizagem e/ou de desenvolvimento. Seu objetivo é melhorar o
desempenho desta população com análise e reflexões dos determinantes do sucesso ou
fracasso escolar.
Inicialmente, o presente material traz algumas reflexões epistemológicas nas
quais demonstra o referencial teórico-metodológico que fundamenta a prática da
avaliação psicoeducacional. Este engloba um breve apanhado histórico da teoria
utilizada, os princípios epistemológicos e a teoria psicanalítica como uma proposta para
o contexto escolar e a importância da inserção do psicólogo neste ambiente.
Em seguida apresenta o método utilizado, ou seja, a descrição do caso atendido
e do ambiente no qual o atendimento acontece, a quantidade de sessões realizadas e o
tempo de duração, além da descrição das técnicas e procedimentos utilizados no
processo avaliativo.
Posteriormente é descrito o processo em si, com a demanda trazida pela mãe da
criança atendida e os objetivos para este caso. Também é apresentada a análise do
processo, na qual é feita uma reflexão sobre as mudanças que puderam ser observadas
na criança atendia, fazendo a devida correlação com a literatura utilizada.
3
Finalmente é apresentada a conclusão a partir do trabalho realizado, onde se
demonstra as habilidades necessárias ao psicólogo e as reflexões levantadas de forma
hipotética dentro d caso dentro do enfoque utilizado.
REVISÃO DE LITERATURA
A população escolar vive em constante mudança e a escola continua atuando
como há muito tempo, sendo que muitas vezes não consegue atender a todos os alunos,
o que leva muitos deles a se sentirem desmotivados e insatisfeitos. (GUZZO, 2008)
O homem, como um ser inacabado, está sempre em busca de satisfação e, para
isso, precisa aprender as regras para que se adeque à sociedade. Para tal intento,
necessita frequentar a escola na intenção de receber os conhecimentos que sozinho não
conseguiria. Dessa forma, cabe ao psicólogo auxiliar no entendimento dos problemas da
escola e, principalmente, aqueles relacionados às crianças com dificuldades para
aprender. Assim, o psicólogo tem a possibilidade de intermediar entre o professor, o
aprendizado e a criança (SILVA, 2008).
Diante da necessidade de se lidar com as dificuldades, a psicologia foi
introduzida na escola para lidar com crianças “problema”, por não se adequarem às
normas e princípios institucionais. Silva (2008) afirma que na década de 1970 o olhar
do psicólogo era direcionado apenas para a criança, com o fim de ajustá-la ao ambiente
escolar. Com o tempo, “o psicólogo voltou-se também para os docentes, mas
restringindo o enfoque aos aspectos emocionais e visando ao aluno que não
acompanhava os demais. O centro de sua atenção continuava sendo a criança” (SILVA,
2008, p. 140).
Coll et al (2004, p. 31) afirmam que “a Psicologia da Educação/Escolar
contribui para a elaboração de uma teoria que permita compreender e explicar melhor os
processos educacionais”. Auxilia na preparação de estratégias e modelos de
4
planejamento e intervenção que possam orientar no processo, bem como ajudar no
estabelecimento de “práticas educacionais mais eficazes, mais satisfatórias e mais
enriquecedoras para as pessoas que participam dela”. (p. 31). Desse modo o contato
direto da Psicologia da Educação/Escolar com problemas cotidianos da prática
educacional contribui para a tomada de consciência da importância de sua contribuição
para a melhoria dos processos de ensino/aprendizagem da instituição.
O psicólogo escolar busca enfatizar a importância da afetividade e das relações
que são estabelecidas com o aluno, valorizando sua subjetividade que está se
estruturando, além do componente puramente cognitivo.
Vale ressaltar aqui, segundo a Associação Brasileira de Psicologia
Escolar/Educacional - ABRAPEE, que Psicólogo Escolar é aquele cuja atuação se
caracteriza mais pela intervenção na prática, enquanto que a dos psicólogos
educacionais, geralmente, se direciona para as áreas de ensino e pesquisa.
Cabe lembrar, ainda, que o Psicólogo Escolar busca defender os direitos de
crianças ao atendimento de suas necessidades e à promoção de seu desenvolvimento,
sem discriminação ou intolerância de qualquer tipo. Como conhecedor das necessidades
de todos os infantes, independentemente de sua condição social, habilitados ou que
apresentem ou não déficit cognitivo, abandonados ou acolhidos por suas famílias.
Assim, também Piletti (2006) afirma que a Psicologia da Educação é
indispensável para que o docente tenha condições de compreender seus alunos e
desenvolver um trabalho mais eficiente, pois pode ajudá-lo a entender as características
de cada fase pela qual o aluno está passando e, dessa forma, auxiliar o discente de
maneira que ele aprenda mais facilmente. Ressalta também que o psicólogo que atua na
área da educação precisa compreender não somente o aluno como ator dentro do
processo educacional, mas também, o professor.
Nesse sentido, o psicólogo pode auxiliar os docentes, orientando-os em como
trabalhar com essas crianças que apresentam algum tipo de dificuldade, seja de
aprendizagem ou não, de forma que a escola cumpra o seu papel de formar um cidadão
que possa lutar por aquilo que deseja e com condições de ocupar seu lugar na área de
trabalho que elas escolherem.
Assim, o profissional também ajuda o professor a buscar um método para
aplicar em sala de aula que abarque todos os seus alunos, motivando-os e fazendo com
5
que queiram saber e buscar mais conhecimentos. Para isso, a “Psicologia Escolar deve
voltar-se para a metodologia do ensino. Para ela, teoria e prática são duas dimensões
inseparáveis da produção científica enquanto ciência humano-social” (PATTO, 1997, p.
456).
E Hohendorff (1999) afirma que no ato educativo, além da transmissão de
saberes metodologicamente estabelecidos e executados, ocorre a transmissão de
sentimentos inconscientes, tanto por parte do professor quanto por parte dos alunos.
Para a autora, este espaço de transmissão faz limite ao saber pedagógico na medida em
que não pode ser mensurado, quantificado, nem metodologicamente reproduzido, pois é
singular a cada pessoa. Este espaço da transmissão só é acessível por meio de seus
efeitos que são sempre da ordem do singular, ou seja, quando se percebe a
individualidade de cada aluno e, por conseguinte de cada professor.
Ao considerar que as vivências de aluno e professor interferem nesse processo
de ensino-aprendizagem, o psicólogo escolar tem a possibilidade de auxiliar o docente
para que compreenda o comportamento do aluno e ajude-o a entender aquilo que está
sendo exposto e, dessa forma, a aprendizagem possa se efetivar.
OBJETIVO E PROPÓSITO
O objetivo deste trabalho foi entender de que forma a avaliação
psicoeducacional pode contribuir para a melhora do desempenho de crianças
encaminhadas ao serviço de Psicologia com queixa de problemas/dificuldades de
aprendizagem. Teve como propósito investigar um menino de dez anos encaminhado
pela mãe por ter apresentado baixo rendimento em algumas disciplinas no primeiro
bimestre do ano letivo de 2010. Foram realizadas intervenções tanto diretamente na
criança, quanto nas relações familiares e escolares.
METODOLOGIA
Esta prática teve como métodos de trabalho: entrevistas com pais, professores,
equipe de ensino do Núcleo Regional de Educação do Estado, Testes projetivo e de
inteligência e atividades com a criança, intervenções junto aos pais e à escola.
6
Objeto Estudado e Procedimentos
A avaliação psicoeducacional apresentada foi realizada com uma criança de dez
anos, que veio encaminhada pela mãe devido à nota baixa no primeiro bimestre escolar.
Segundo a mãe, a criança encontrava-se muito quieta, não falava sobre os
acontecimentos da escola, evitava comentar sobre os colegas e professores e chorava
por qualquer motivo. Durante a entrevista buscou-se informações sobre o
desenvolvimento da criança, sua relação com a família e inicio da escolarização.
O primeiro passo após a entrevista com a mãe foi dar início aos atendimentos
com o menino. Ao longo dos encontros com a criança, foram utilizados jogos, desenhos,
conversas e desafios, com a finalidade primeira de criação de vínculo e,
sequencialmente, de identificar as causas de sua dificuldade de aprendizagem e notas
baixas. Usou-se ainda, atividades para desenvolver sua autoestima e também testes
projetivo e de inteligência para avaliar a hipótese levantada.
Dentro dos procedimentos foram realizadas visitas à escola com o objetivo de
conhecer melhor o contexto da criança e ter contato com equipe pedagógica e
professores, tanto para perceber a visão da escola diante das queixas apresentadas
referentes à criança quanto para orientações em como lidar com ela.
Na devolutiva feita à mãe e à criança foi enfatizado que o menino tem condição
de continuar melhorando e se dedicando em seus estudos. O mesmo tinha consciência
de que melhorou e que recuperou a nota baixa tirada no primeiro bimestre e estava mais
participativo nas aulas, mais socializado ao ambiente e com mais amigos. Em casa
estava mais comunicativo e segundo a mãe, os professores em geral o elogiaram
dizendo o quanto ele se dedicou mais aos estudos, realizou as tarefas e trabalhos e a mãe
ressaltou que ele parecia mais confiante. Ela relatou também que outros familiares
perceberam a mudança de comportamento do garoto. Levantou-se também a
possibilidade de o menino frequentar a Sala de Recursos Multifuncional no ano
seguinte, 2011, caso a triagem feita no ambiente escolar e pela equipe do Núcleo
Regional de Educação - NRE confirmasse a hipótese levantada
Na devolutiva feita à escola foi sugerido que professores trabalhassem
atividades que promovessem sua autoestima e interação com os demais alunos, já que
7
ele estava se adaptando melhor, mas que era necessário que os colegas também o
incentivassem, convidando-o a participar de seus jogos e brincadeiras.
O atendimento do caso em discussão foi supervisionado em encontros
semanais grupais, nos quais cada um dos estagiários apresentava as intervenções
realizadas, bem como sua proposta de continuidade do caso. Este espaço foi usado para
realizar a discussão e embasamento teórico sempre que necessário. Em cada supervisão
os estagiários apresentavam as evoluções e os obstáculos do caso atendido, com análises
e discussões feitas regularmente em grupo, além de orientação para a confecção de
materiais que se fizeram necessários. Também eram realizadas leitura e apresentação
periódica dos assuntos relacionados com a área de Avaliação Psicoeducacional/
psicopedagógica, Intervenção Psicoeducacional/ psicopedagógica, Psicoterapia infantil,
Desenvolvimento infantil e Necessidades Educativas Especiais.
Análise dos Procedimentos e Resultados
Nas entrevistas iniciais a mãe expôs que a criança tirara nota vermelha na
escola, não se relacionava com os colegas, não comentava o que acontecia na escola e
chorava sempre que ela mandava que ele fizesse algo. Tinha como expectativa que o
filho se abrisse, falasse sobre o que o incomodava e como ele gostaria de ser tratado em
casa.
De acordo com a entrevista feita e o desempenho do menino no Teste R-2,
levantou-se a hipótese de Altas Habilidades/Superdotação. Para confirmação solicitouse à pedagoga da escola onde ele estuda que realizasse uma prova pedagógica para
confirmação ou não da hipótese. Segundo Sánchez - Cano e Cols. (2010, p. 364), “toda
medida contém erros de estimativa e, por mais que um determinado teste nos dê uma
cifra exata, continua sendo uma estimativa”. Assim, a avaliação de uma equipe
multidisciplinar poderia colaborar confirmando ou refutando a hipótese. Na sequência
foi investigado o comportamento de isolamento, não socialização e notas baixas em
algumas disciplinas. Optou-se, então, pelo Teste Projetivo House, Tree, Person (H T P)
que revelou insegurança, baixa autoestima e inadequação ao meio. O Teste HTP retrata
questões subjetivas e estimula a projeção de elementos da personalidade e áreas de
conflito. Assim, percebeu-se a importância de considerar que nem todos os problemas
em relação à nota baixa têm relação com dificuldade de aprendizagem, havendo a
8
necessidade de investigar o que de fato leva a criança a agir dessa forma para, então,
fazer as intervenções necessárias.
No decorrer dos atendimentos percebeu-se que a criança estava mais
comunicativa, falava mais sobre si, família e escola. Segundo a mãe, seu relacionamento
melhorou na escola, já possuía mais amigos com quem conversava e brincava no
horário do recreio. Fazia seus trabalhos e tarefas e suas notas melhoraram. Ela relatou
que a orientadora da escola disse que o menino já não ia mais à sua sala para reclamar
dos colegas. Em casa estava mais comunicativo, não chorava mais por qualquer motivo,
conversava mais e sorria o que não acontecia há algum tempo.
De acordo com a professora de educação Física, o menino estava mais
participativo e falante em suas aulas. Segundo ela, o garoto discutia os assuntos da aula
e na parte escrita da matéria ia muito bem, apenas na prática é que ele não evoluiu
muito.
Os atendimentos proporcionaram mudanças significativas, como a melhora da
autoestima e seu relacionamento em casa e na escola. Possibilitou que ele falasse sobre
seus sentimentos e auxiliou-o na compreensão de si e da necessidade de se relacionar,
despertando-o para se sentir mais ambientado à escola, aos colegas e professores. Então,
mudou seu comportamento em casa e na escola, passando a interagir mais com as
pessoas com quem convive.
Discussão
A partir do trabalho realizado com a criança em questão, pôde-se identificar
que processos familiares estavam influenciando no seu desempenho escolar, pois, a
mesma apresentava-se de forma retraída, quase não se comunicava em casa e na escola,
tirou nota baixa em algumas disciplinas e não queria ir para a escola. Assim, Barros e
Valente (2005, p. 105) ressaltam que “a família e a dinâmica de relações estabelecidas
por ela influenciam no desenvolvimento e na formação do sintoma da criança”. Elas
afirmam que problemas escolares podem mascarar ou expressar que algo não está bem
com a criança, pois, conforme Bleger (1984, p.79) “todo comportamento está sempre
relacionado a um acontecimento na vivência da pessoa”. Vilana (2010, p. 64) afirma
que:
9
[...] necessitamos de dados precisos sobre todas as pessoas que, de forma
significativa, têm algo a ver com seu processo psicológico e de aprendizagem.
Por isso, além do contato pessoal com o aluno, é quase sempre necessário o
intercâmbio de informação com seu professor e com sua família.
Chamat (1997, p. 93) salienta “a importância de se conhecer todos os vínculos
do sujeito em estudo e o tipo de comunicação presentes nessas relações, quer sejam
parentais ou não”
Com os atendimentos pôde-se aprender que é possível acontecer na escola o
aparecimento dos conflitos dos estudantes, por meio de comportamentos de isolamento,
falta de socialização e participação nas atividades e até mesmo sentimento de baixa
autoestima que fazem com que o aluno apresente baixo desempenho escolar. De acordo
com Mckay e Fanning (2010, p. 284) a “autoestima é a armadura que protege a criança
dos dragões da vida: drogas, álcool, relacionamentos doentios e delinqüência”.
Diante das avaliações feitas com a criança e os seus resultados percebeu-se
que o sofrimento interno pelo qual ela passava aparecia retratado nos desenhos ou em
suas falas, enquanto desenvolvia suas tarefas. Foi preciso também ter um olhar atento e
diferenciado sobre o comportamento da criança para que se compreendesse e pudesse
auxiliá-la a superar aquilo que a incomodava.
Nesse sentido, percebeu-se a necessidade de conversar com os pais do menino
para orientá-los na forma de ajudar o filho, tanto na parte afetiva, quanto na escolar. Os
desenhos, feitos pelo garoto, foram mostrados para que os pais pudessem perceber os
sentimentos que ele apresentava por meio das atividades propostas.
No decorrer de todo o processo notou-se uma nova postura da mãe em relação
ao filho, no sentido de auxiliá-lo, incentivando sempre que conseguia atingir um
objetivo, seja melhorando a nota, interagindo mais com colegas e professores, seja em
casa, falando e expressando os sentimentos.
CONCLUSÃO
Este trabalho possibilitou a compreensão de que o psicólogo escolar não pode
trabalhar de forma isolada, só com o sujeito que apresenta dificuldade, mas com todos
com quem a criança se relaciona (família e comunidade escolar) para que assim, possam
contribuir para uma mudança de comportamento.
10
A parte prática contribuiu para a percepção do quanto é importante um olhar
psicológico diante de cada caso. Foi importante também notar a necessidade e eficácia
da avaliação psicoeducacional, pois a partir dos resultados obtidos por meio das
entrevistas com os pais, professores, equipe pedagógica, dos testes e atividades
realizadas com a criança, pôde-se formular a hipótese e se chegar ao resultado final.
Partindo-se da hipótese de Altas Habilidades levantada pelo resultado do Teste
R-2 e atividades desenvolvidas com a criança, buscou-se uma forma de ajudá-la a
melhorar seu desempenho na escola e em casa, fazendo com que ao final dos
atendimentos o resultado fosse positivo.
Esse trabalho, tanto prático quanto teórico, proporcionou a possibilidade de
repensar valores sobre o comportamento dos profissionais da educação em relação a
crianças que apresentam baixo desempenho escolar e o quanto a escola precisa se
atualizar para acompanhar as mudanças que estão ocorrendo. Percebeu-se o quanto a
escuta e a aceitação pode auxiliar a pessoa a expressar aquilo que a incomoda, seja
falando ou desenhando e pensar sobre o que pode ser feito para a mudança de atitude
quando ela se sente entendida, aceita e respeitada pelo outro. E ainda, o quanto os pais
podem auxiliar no sentido de reverter a situação, como na queixa trazida no início dos
atendimentos e o resultado obtido ao final do mesmo.
Por meio da avaliação psicoeducacional notou-se a importância de investigar a
queixa levando em conta diversos fatores que podem influenciar a criança a ter
determinado comportamento e procurar saber o que realmente a leva a agir desta forma,
buscando meios que possam auxiliar no diagnóstico e uma possível solução para o caso.
11
REFERÊNCIAS
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. As Influências da Psicanálise na Educação Brasileira no
Início do Século XX Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Mai-Ago 2006, Vol. 22 n. 2,
pp. 233-240. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v22n2/a13v22n2.pdf.
Acesso em: 20 Nov. 2010
BARROS, Maria Silvana da Rocha e VALENTE, Maria Luísa L. Castro. 2005. A
criança como sintoma da família. Em: Maria Luísa L. Valente, Castro e, Marlene
Castro Waideman (Org.). E a família, como vai? Assis – FLC – Assis – UNESP –
Publicações.
BLEGER, José. , 1984. Psicologia da Conduta. Trad. Emília de Oliveira Diehl. Porto
Alegre: Artes Médicas.
BOSSA, Nádia Aparecida. Dificuldades de Aprendizagem O Que São? Como TratáLas?
Disponível
http://www.psicopedagogia.com.br/entrevistas/entrevista.asp?entrID=32
em:
Acesso
em: 29 Nov. 2010.
CHAMAT, Leila Sara José. 1997. Relações vinculares e aprendizagem: Um Enfoque
Psicopedagógico. São Paulo: Vetor
COLL, César. MARCHESI, Álvaro e PALACIOS, Jesus. 2004. Desenvolvimento
psicológico e educação: Psicologia da educação escolar. Vol. 2. Trad. Fátima
Murad. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed.
FACCI, Marilda Gonçalves e Cols. Contribuições da Teoria Histórico – Cultural para
o Processo de Avaliação Psicoeducacional. Psicologia USP, 2006, 17(1), 99-124.
12
Disponível em: www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/psicousp/v17n1/v17n1a08.pdf
Acesso em: 20 Nov. 2010.
HOHENDORFF, Clara Maria Von. Cultura é aquilo que fica de tudo que se esquece.
Revista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre / Associação Psicanalítica de
Porto Alegre. - n° 16, 1999. - Porto Alegre: APPOA, 1995. Disponível em:
http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/psicousp/v17n1/v17n1a08.pdf. Acesso em:
20 Nov. 2010
MCKAY, Mathew e FANNING, Patrick. 2010. Autoestima. Trad. Áurea Arata. 1ª ed.
São Paulo: Centro de Estudos Vida e Consciência.
PATTO, Maria Helena Souza. 1997. Introdução à psicologia escolar. 3ª ed. São Paulo:
Casa do Psicólogo.
PILETTI, Nelson. 2006. Psicologia Educacional. 17ª ed. São Paulo: Ática.
QUEIROZ, Raquel N. Vaz de. O Diálogo Entre A Psicanálise E A Educação. Publicado
em: 04/05/2010. Disponível em:
http://psicopedagogiaclinicaeinstitucional.blogspot.com/2010/05/o-dialogo-entrepsicanalise-e-educacao.html Acesso em: 20 Nov. 2010
SABATELLA, Maria Lucia Prado. 2009. Talento e Superdotação: Problema ou
Solução de 2ª edição, da editora Ibpex.
SÁNCHEZ-CANO M.; BONALS, J e Cols. 2008. Avaliação Psicopedagógica. Trad.
Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, reimpressão 2010.
SILVA, Silvia Maria Cintra da e Cols. O Psicólogo Escolar e a Infância - uma
experiência em escola pública. EDUCAÇÃO: Teoria e Prática - v. 18, n.31, jul. dez. -2008 p.137-152. Disponível em: http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br.
Acesso em: 20 Nov. 2010.
VILANA, Ramon. A entrevista com os pais, os professores e os alunos. Em Manuel
Sanches – Cano e Joan Bonals. 2010. Avaliação Psicopedagógica. Tradução
Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed.
Download