Psicologia e Política Pública: Os primeiros passos Amar o Ser Humano é essencial no trabalho em Políticas Públicas! Como em qualquer profissão que trabalha com pessoas, o trabalho de políticas públicas não se diferencia, exige dos coadjuvantes compromisso ético, político e cada vez mais envolvimento com o bem-estar; atuando em campos multidisciplinares, na solução de problemáticas socioeconômicas que após delineadas e ordenadas, estendem em planos, programas, projetos, bases de dados ou sistema de informação e pesquisas e se postas em ação, seguem acompanhadas e avaliadas para que multipliquem em atuações futuras em qualquer outro campo ou grupo de interesse. O que é Política Pública? Política Pública (considerar também o uso no plural, “Políticas Públicas") é a soma das atividades dos governos, que agem diretamente ou através de delegação de ações que influenciam a vida de determinado grupo cidadãos. De uma forma ainda mais abrangente, pode-se considerar as Políticas Públicas como "o que o governo escolhe fazer ou não fazer". Velasques define o termo como "conjunto de sucessivas iniciativas, decisões e ações do regime político frente a situações socialmente problemáticas e que buscam a resolução das mesmas, ou pelo menos trazê-las a níveis manejáveis" A política pública é concebida como o conjunto de ações desencadeadas pelo Estado - no caso brasileiro, nas escalas federal, estadual e municipal - com vistas ao atendimento a determinados setores da sociedade civil. Elas podem ser desenvolvidas em parcerias com organizações não governamentais e como se verifica mais recentemente, com a iniciativa privada. Tradicionalmente, são compostas e baseadas em quatro elementos centrais: Dependem do envolvimento do governo, da percepção de um problema, da definição de um objetivo e da configuração de um processo de ação. Legislação que a Política Pública se baseia A Constituição Federal de 1988, abriu o caminho para a política pública e iniciou a demanda para o trabalho do Psicólogo. Os artigos da CF que mencionam a Saúde são os Art.194 ao Art.200. Dentre as principais leis, temos a do Sistema Único de Saúde – SUS, que constitui o modelo oficial público de atenção à saúde em todo o país e Sistema Único de Assistência Social – SUAS, baseada na Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS. O SUS está definido na Lei Nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 – Lei Orgânica da Saúde como “O conjunto de ações e serviços de saúde, prestadoras por órgãos e instituições públicas, federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, incluídas as instituições públicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade, pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de sangue, hemoderivados e de equipamentos para a saúde” O trabalho do psicólogo e da equipe multiprofissional junto à política de assistência social lutam para garantir sua participação nas políticas públicas sob os princípios constitucionais. Universalidade: Todas as pessoas tem direito ao atendimento independentemente de cor, raça, religião, local de moradia, situação de emprego ou renda, etc. Equidade: Todo cidadão é igual perante o SUS e será atendido conforme as suas necessidades. Integralidade: Os serviços de saúde devem funcionar atendendo o indivíduo com um ser humano integral submetido as mais diferentes situações de vida e trabalho, que o leva a adoecer e a morrer. O indivíduo é um ser humano, social, cidadão que biologicamente, psicologicamente, e socialmente está sujeito riscos de vida. Na Assistência Social a CF88, abriu portas para constituir o Sistema Brasileiro de Seguridade Social que desde 1993, com a vigência da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), esta passa a ser reconhecida enquanto política pública, com a missão de garantir direitos e promover a cidadania de amplos os segmentos da população em situação de vulnerabilidade social. O SUAS foi aprovado a partir da IV Conferência Nacional de Assistência Social (2003) e das diretrizes estabelecidas pela LOAS. Estabeleceu o Programa Nacional de Assistência Social o PNAS/2004. Portanto, o SUAS propõe a sua intervenção a partir de duas grandes estruturas articuladas entre si: A Proteção Social Básica, que se responsabiliza pela atenção e prevenção de situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e a Proteção Social Especial que se responsabiliza pela atenção especial considerado de média e alta complexidade indivíduos em situação de risco pessoal ou social, cujos direitos tenham sido violados ou ameaçados. As possibilidades da Psicologia e outras ciências nas políticas públicas Considerada uma ciência nova, a psicologia tem muito a contribuir com outras ciências; tanto a nível teórico, como prático, produzindo conhecimentos que embasam a atuação de profissionais nos vários campos de atuação das Políticas Públicas e que subsidiam o desenvolvimento de atividades em diferentes espaços institucionais e comunitários. A atuação do psicólogo, assim como, a de outros profissionais que atuam no trabalho de políticas públicas, pode ser caracterizada como: promoção, prevenção, cuidado e reabilitação. Os profissionais devem voltar-se para a valorização dos aspectos saudáveis e presentes nos sujeitos, nas famílias e na comunidade. Não importando em que local está sendo realizado o trabalho, o indispensável é buscar o processo de territorialização, ou seja, trabalhar com a rede intersetorial, socioassistencial, saúde, educação, justiça, entre outros. É preciso olhar o sujeito no contexto social e político no qual está inserido e humanizar as políticas públicas. Os cidadãos devem ser pensados como sujeitos que tem sentimentos, ideologias, valores e modos próprios de interagir com o mundo e que constitui numa subjetividade que se constrói na interação contínua dos indivíduos com os aspectos histórico-culturais e afetivorelacionais que os cercam. O importante é compreender a demanda em seus aspectos e contextualizar, para realizar uma intervenção psicológica mais efetiva e resolutiva, com base na demanda planejada, contribuindo para fazê-lo reconhecer sua identidade e seu poder pessoal. As práticas profissionais não devem categorizar, patologizar e objetivar as pessoas atendidas, mas buscar compreender e intervir sobre os processos e recursos psicossociais, estudando assim, as particularidade e circunstâncias em que ocorrem. A prática interdisciplinar é uma prática política, um diálogo entre pontos de vista diferentes para se construírem leituras, compreensões e atuações consideradas adequadas, visando a abordagem de questões relativas ao cotidiano, pautadas sobre a realidade dos indivíduos em seu território. Portanto, o acompanhamento do individuo deve ser de forma integral levando em consideração a parceria com outros profissionais, como: psiquiatras, médicos, nutricionista, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, pedagogos, odontólogos, enfermeiros, professores, entre outros. A equipe deve promover e fortalecer vínculos sócio afetivos, de forma que as atividades de atendimentos gerem progressivamente autonomia na perspectiva da cidadania. O compromisso dos profissionais é oferecer serviços de qualidade, diminuir sofrimentos, evitar a cronicidade dos quadros de vulnerabilidade, defendo emancipação social. o processo democrático e favorecendo a