Hellen Cristina Lelis Pacheco

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Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Enfermagem
Trabalho de Conclusão de Curso
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO CUIDADO DE ENFERMAGEM
A PARTIR DA PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS ALCOOLISTAS
Autor: Hellen Cristina Lelis Pacheco
Orientador: Prof. Dr. Leila Gottems
Co-orientadora: Prof. Carla Luciene
Brasília - DF
2012
HELLEN CRISTINA LELIS PACHECO
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO CUIDADO DE ENFERMAGEM A PARTIR DA
PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS ALCOOLISTAS
Monografia apresentada à disciplina
Trabalho de Conclusão de Curso para
obtenção do título de bacharel em
enfermagem
pela
Universidade
Católica de Brasília – UCB.
Orientadora: Prof. Dr. Leila Bernarda
Donato Gottems
Co-orientadora: Prof. Carla Luciene de
Moraes Sousa
Brasília, 2012
AGRADECIMENTO
Agradeço a Deus, por ter me iluminado com sabedoria, paciência e persistência para a
realização desse projeto. À minha orientadora Leila Gottems e a minha co-orientadora Carla
Luciene, pela força, dedicação e conhecimentos oferecidos durante a realização do projeto e
agradeço a minha família, pelo apoio, carinho e dedicação durante toda a minha vida, sempre
acreditando no meu potencial.
RESUMO
Introdução: O alcoolismo é uma doença crônica, incurável, que pode ter como causas:
fatores genéticos, sociais, psicológicos ou de personalidade. Segundo a Organização Mundial
de Saúde (2004), aproximadamente 2 bilhões de pessoas consomem bebidas alcoólicas, sendo
responsável por 3,2% de todas as mortes. Essa doença precisa de aceitação do indivíduo do
seu diagnóstico e persistência no seu tratamento. Objetivo Geral: Avaliar a assistência de
enfermagem a partir da opinião dos alcoolistas que já passaram por internação em função do
alcoolismo. Métodos e Materiais: Trata-se de um estudo exploratório de abordagem
qualitativa, realizado através de entrevista com roteiro semi-estruturado aos participantes dos
grupos de Alcoólicos Anônimos de Taguatinga Norte, com uma amostra de 30 membros.
Resultados: o perfil socioeconômico se caracterizou pela predominância da faixa etária de
46-55 anos (23%), sexo masculino (73%), com o ensino médio completo (20%), trabalham
(60%), casados (62%), com uma renda salarial de 3-5 salários mínimos (27%). Em relação ao
histórico da doença, muitos começaram a beber antes dos 15 anos (40%), tendo o principal
motivo diversão e lazer (30%). Estão sem beber em torno de 1-9 anos (44%), sem sequelas
devido ao uso abusivo de álcool (60%), precisaram de assistência médica após episódios de
bebedeira (80%), sendo que o lugar mais acessível foi o hospital público (31%) e esse
atendimento foi satisfatório (63%). Já os membros que não acharam o atendimento
satisfatório (20%), deram a justificativa de que o alcoolista não é bem visto pelos
profissionais de saúde (57%). Sobre a equipe de enfermagem, os membros acharam que o
atendimento recebido foi bom (17%) e a sugestão deles para essa melhoria do atendimento,
seria que os profissionais e saúde entendessem melhor o alcoolismo, procurassem ter mais
interesse e conhecimento dessa doença (34%). A maioria dos membros não realizam outro
tratamento além do A.A. (87%), e o principal motivo deles buscarem participar deste grupo de
auto-ajuda seria a vontade de parar de beber (30%). As principais áreas afetadas na vida dos
participantes devido ao alcool foram: a família, o ambiente de trabalho, físico, mental e
acidentes decorrentes pelo estado de embriaguez. Conclusão: A assistência de enfermagem a
partir da opinião dos alcoolistas que já passaram por internação em função do alcoolismo, foi
satisfatória e eficaz. As recomendações elaboradas para melhorar a qualidade do atendimento,
foram: atuação interdisciplinar, saber orientar locais de referência ao paciente alcoolista como
alternativa de tratamento e capacitação do enfermeiro sobre a doença alcoolismo.
Palavras-chave: alcoolismo, assistência de enfermagem, avaliação.
ABSTRACT
Introduction: Alcoholism is a chronic, incurable disease, which may have as causes: genetic,
social, psychological or personality. According to World Health Organization (2004),
approximately 2 billion people consume alcohol, accounting for 3.2% of all deaths. This
disease needs to accept the individual's persistence in their diagnosis and treatment. General
objective: To evaluate the nursing care based on the opinions of alcoholics who have
experienced hospitalization due to alcoholism. Methods and Materials: This is a qualitative
exploratory study, conducted through interviews with semi-structured groups of participants
of Alcoholics Anonymous in Taguatinga North, with a sample of 30 members. Results: The
socioeconomic profile is characterized by the predominance of 46-55 years (23%) male sex
(73%), with secondary education (20%), work (60%) married (62%), with a salary income of
3-5 minimum salaries (27%). In relation to the history of the disease, many began drinking
before 15 years old (40%) and the main reason for fun and leisure (30%). They are without
drinking around 1-9 years (44%) without consequences due to alcohol abuse (60%) needed
medical assistance after drinking episodes (80%), and the place was the most accessible
hospital public (31%) and that attendance was satisfactory (63%). Already members who did
not find the satisfactory attendance (20%), gave the explanation that the alcoholic is not well
seen by health professionals (57%). About the nursing staff, members thought that the service
received was good (17%) and their suggestion for the improvement of care, would be that
health professionals better understand alcoholism, sought to have more interest and
knowledge of this disease (34%). Most members do not realize treatment other than AA
(87%), and the main affected areas in the life of the participants were due to alcohol (30%).
And to conclude the analysis of results, the main consequences that alcohol affected the lives
of these alcoholics were: family, work environment, physical, mental and accidents caused by
drunken state. Conclusion: The nursing care based on the opinions of alcoholics who have
experienced hospitalization as a function of alcoholism, was satisfactory and effective. The
recommendations to improve the quality of care were: interdisciplinary, know direct local
reference to the alcoholic patient as an alternative treatment and training of nurses about the
disease alcoholism.
Keywords: alcoholism. nursing care. assessment.
LISTA DE ABREVIATURAS
AA – Alcoólicos Anônimos
AVC – Acidente Vascular Cerebral
CAPS – Centro de Atenção Psicossocial
CAPSad – Centro de Atenção Psicossocial de álcool e drogas
CEBRID – Centro Brasileiro de Informações sobre drogas psicotrópicas
CID – Classificação Internacional de Doenças
CNSM – Conferência Nacional de Saúde Mental
DSM-IV – Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
HSA – Hemorragia Subaracnóide
MAA – Miopatia Aguda Alcoólica
MS – Ministério da Saúde
OMS – Organização Mundial de Saúde
PAA/HUCAM/UFES – Programa de Atendimento ao Alcoolista do Hospital Universitário
Cassiano Antonio de Moraes da Universidade Federal do Espírito Santo
PIB – Produto Interno Bruto
PRONAL – Programa Nacional de Controle dos Problemas Relacionados com Consumo de
Álcool
PS – Pronto Socorro
SAA – Síndrome de Abstinência Alcoólica
SENAD – Secretaria Nacional Anti-drogas
SUS – Sistema Único de Saúde
SWK – Síndrome Wernicke Korsakoff
TC – Terapia Comunitária
LISTA DE TABELAS
Tabela nº
Páginas
1. Perfil Socioeconômico
53
2. Caracterísiticas do alcoolismo entre os participantes
56
3. Avaliação do antendimento de saúde por situações decorrentes do uso
58
abusivo de bebida alcoólica.
4. Motivos para a adesão ao A.A.
61
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11
2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 17
3. OBJETIVOS ............................................................................................................ 19
4. REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 20
4.1 HISTÓRICO ................................................................................................... 20
4.2 ÁLCOOL E SUAS CONSEQUÊNCIAS ....................................................... 29
4.2.1 Sistema digestivo ............................................................................ 30
4.2.2 Fígado .............................................................................................. 31
4.2.3 Sistema nervoso .............................................................................. 31
4.2.4 Deficiências nutricionais ................................................................ 32
4.2.5 Sistema urinário ............................................................................. 32
4.2.6 Sistema respiratório ....................................................................... 33
4.2.7 Sistema circulatório ........................................................................ 33
4.2.8 Sistema endócrino ........................................................................... 33
4.2.9 Disfunção sexual .............................................................................. 34
4.2.10 Sistema imunológico ...................................................................... 34
4.2.11 Gravidez e feto ............................................................................... 34
4.2.12 Problemas psiquiátricos e psicológicos ........................................ 35
4.2.13 Ambiente de trabalho .................................................................... 38
4.2.14 Ambiente familiar .......................................................................... 38
4.2.15 Aspectos econômicos ...................................................................... 39
4.2.16 Ferimentos acidentais ....................................................................... 40
4.3 TRATAMENTO .................................................................................................. 40
4.4 ATENDIMENTO AO ALCOOLISTA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE ............. 44
4.5 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ALCOOLISTA ........... 46
5. METODOLOGIA ............................................................................................................. 51
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 53
6.1 PERFIL SOCIOECONÔMICO ............................................................................ 53
6.1.1 Idade ...................................................................................................... 54
6.1.2 Sexo ........................................................................................................ 54
6.1.3 Escolaridade .......................................................................................... 55
6.1.4 Ocupação ............................................................................................... 55
6.1.5 Estado civil ............................................................................................ 55
6.1.6 Renda familiar ...................................................................................... 56
6.2 CARACTERÍSTICAS DO ALCOOLISMO ENTRE OS PARTICIPANTES...... 56
6.3 AVALIAÇÃO DO ATENDIMENTO DE
SAÚDE POR SITUAÇÕES
DECORRENTES DO USO ABUSIVO DE BEBIDA ALCOÓLICA ....................... 58
6.4 MOTIVOS PARA A ADESÃO AO AA .............................................................. 61
7. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 65
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 67
9. ANEXOS ............................................................................................................................ 74
9.1 ANEXO I - ROTEIRO DE ENTREVISTA INDIVIDUAL ................................. 74
9.2 ANEXO II - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ...... 77
9.3 ANEXO III - APROVAÇÃO DO CEP.................................................................. 78
11
1. INTRODUÇÃO
A partir de uma visita aos Alcoólicos Anônimos (AA) para a realização de um
trabalho acadêmico, surgiu o interesse para a realização desta monografia. Durante a visita, os
alcoolistas em seus depoimentos queixavam-se muito quanto ao tratamento dispensado pelos
profissionais da saúde no atendimento hospitalar, em especial do enfermeiro, pelo maior
contato deste com o alcoolista.
Este estudo apresenta fatores limitantes, pois as pessoas que participam dos grupos
do A.A., não participam somente de um grupo, eles frequentam vários, dificultando obter uma
grande amostra e houve também, participantes que não quiseram participar da pesquisa.
Consequentemente ocorreu uma mudança nos objetivos, os membros que não passaram por
internação participaram dessa pesquisa para enriquecer o trabalho sobre o alcoolismo. Em
relação aos que passaram por internação, muitos não souberam diferenciar por qual
profissional foi atendido, porque estavam no estado de embriaguez e não puderam fazer essa
distinção, então foi avaliado o atendimento em geral.
Do uso social ao problemático, o álcool é a droga mais consumida no mundo.
Segundo dados de 2004 da Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 2
bilhões de pessoas consomem bebidas alcoólicas. Seu uso indevido é um dos principais
fatores que contribuem para a diminuição da saúde mundial, sendo responsável por 3,2% de
todas as mortes e por 4% de todos os anos perdidos de vida útil. Quando esses índices são
analisados em relação à América Latina, o álcool assume uma importância ainda maior. Cerca
de 16% dos anos de vida útil perdidos neste continente estão relacionados ao uso indevido
dessa substância, índice quatro vezes maior do que a média mundial (Presidência da
República, 2007).
Segundo Campos (2009), o alcoolismo é considerado um dos mais sérios problemas
de saúde pública da atualidade, despertando a atenção de autoridades médicas e sanitárias de
diversos países. Segundo as informações disponíveis, 12,3% da população brasileira são
dependentes do álcool, e a prevalência da dependência está na faixa etária de 18 a 24 anos, em
um total de 19,2% (CEBRID, 2006).
12
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima-se que
aproximadamente 10-12% da população mundial e 11% da população brasileira sejam
dependentes de bebidas alcoólicas; o álcool também é citado como responsável por cerca de
60% dos acidentes de trânsito e aparece em 70% dos laudos referentes a mortes violentas
(OMS, 1999). Calcula-se que, no Ocidente, 90% dos adultos consumam bebidas alcoólicas
(RAMOS e WOITOWITZ, 2011). O Brasil tem no consumo do álcool o responsável por mais
de 10% de seus problemas totais de saúde (MELONI e LARANJEIRA, 2004). De fato, os
resultados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), frutos
de levantamentos domiciliares realizados sobre o uso de drogas em mais de 100 dos maiores
municípios brasileiros (CARLINI et al., 2007), retratam esse quadro. Percebeu-se um
percentual de 12,3% de dependentes de álcool, o que corresponde a 7.939 brasileiros entre 12
e 65 anos de idade, sendo esse considerado o maior problema de saúde pública nacional; a
situação na Região Nordeste é particularmente grave, com um quantitativo de dependentes
próximo a 14%, sendo que, em todas as regiões, observou-se maior dependência das pessoas
do sexo masculino.
O alcoolismo é uma doença crônica, incurável e que pode estar relacionada a vários
fatores, como: rejeição dos pais, falta de maturidade, tensão familiar, baixa auto-estima, uma
forma de “aliviar” os problemas, influências através do seu ambiente familiar, amigos, mídia,
entre outros, ou problemas psiquiátricos como depressão ou transtorno de ansiedade
(TWERSKI, 1981).
Segundo Brasil (2004), a Organização Mundial da Saúde recomenda a substituição
do termo “alcoolismo” por “síndrome da dependência de álcool” ou “dependência de em
álcool” (estatísticas no F10.2; ICD 10) e “consumo prejudicial de álcool” (no F10.1).
O termo “consumo prejudicial” abarca os conceitos usados hoje, como “abuso de
álcool”, “uso prejudicial de álcool” ou “problemas relacionados ao álcool”. O consumo
prejudicial pode resultar em uma série de complicações, como:
problemas de saúde,
psicológicos, psiquiátricos, sociais, interpessoais e con itos com a lei.
Muitos começam com uma dose em cada final de semana, depois passa pra todos os
dias, durante o período da manhã, tarde e noite, resultando num aumento da frequência da
ingestão, consequentemente ocasionando a dependência, a ponto de causar constrangimentos
sociais. Com o tempo aquela dose não faz mais efeito, então é preciso aumentar a ingestão de
13
álcool, criando a tolerância, fazendo o indivíduo sofrer sensações desagradáveis quando não
está sob o efeito da substância. O alcoolista, perde emprego, casa, bens materiais, a família e
sua dignidade (TWERSKI, 1981).
Assim a sociedade cria esteriótipos negativos em relação ao alcoolista, com o
pensamento de que o alcoolista bebe porque é fraqueza, que é uma vontade própria, que ele
tem a capacidade de decidir se continua bebendo ou não, consequentemente esse pensamento
influencia na assistência ao paciente alcoolista, muitos profissionais ainda não tem a
consciência de que o uso abusivo do álcool exerce papel de doença e esse indivíduo deve ser
tratado como doente (TWERSKI, 1981).
Para se tornar um alcoolista, não é preciso beber todos os dias, com um cardápio de
bebidas fortes e variadas. Há vários subtipos dessa doença, um deles é o beber periódico, onde
o indivíduo pode passar semanas, meses sem beber, mas num intervalo desse tempo, ter um
episódio sério de bebedeira, que começou com a intenção de beber alguns drinques e que
encaminha para o estado de embriaguez. Mas somente por esse episódio a pessoa pode ser
considerada um alcoolista? Não, mas neste caso, está claro a falta de controle da pessoa sob o
efeito do álcool, pois o indivíduo não tinha a intenção de ficar no estado de embriaguez,
indicando assim, que já existe a condição do alcoolismo. Também lapsos temporários de
memória, convulsões, alucinações causados pelo consumo de bebida alcoólica, devem ser
considerados como um sintoma do alcoolismo e que infelizmente, essa substância atingiu o
cérebro e que pode trazer danos sérios mais adiante (TWERSKI, 1981).
Outro subtipo dessa doença que podemos considerar, é quando o indivíduo precisa de
uma dose da bebida para realização de alguma atividade da sua rotina, como por exemplo,
antes das refeições, para socialização, antes de alguma apresentação de trabalho, para dormir,
ou seja, quando uma ou mais funções que este indivíduo exerça, se torna dependente do álcool
para acontecer, também é um sintoma do alcoolismo. “Pode-se dizer que existe alcoolismo
quando qualquer função normal se torna dependente do álcool, não importando a quantidade
consumida” (TWERSKI, 1981).
Há também a dependência cruzada, que deve ter cuidado com esta, pois seria uma
pessoa dependente do álcool que usa qualquer substância química que proporcione o mesmo
efeito. Essas susbstâncias podem ser: tranquilizante, sedativo ou analgésico , que para um
14
alcoolista tende a criar dependência de qualquer uma ou de todas essas substâncias
(TWERSKI, 1981).
É muito difícil quando uma pessoa apresenta esses subtipos, ser considerada um
alcoolista, pois muitos tem a ideia que para ser um dependente alcoólico, é preciso viver no
estágio da embriaguez. Mas alcoolismo é uma doença, que tem seus estágios iniciais, como o
câncer, que estando no seu estágio inicial, não deixa de ser uma doença e que precisa de um
tratamento, antes que ela progrida para um estágio avançado, podendo ser difícil tratá-la.
Assim é com o alcoolismo, que diagnosticado e tratado precocemente, pode evitar situações
devastadoras (TWERSKI, 1981).
De acordo com Twerski, como se pode esperar que uma pessoa aceite o diagnóstico
de alcoolismo quando a bebida ainda não lhe causou qualquer dano aparente e a todo o mundo
parece ser o típico beber social “saudável”? O alcoolismo existe muito antes do alcoolista e os
que o cercam se tornarem conscientes disso, mas o alcoolista inicial é alcoolista tanto aquele
de caso muito avançado.
Em relação as complicações que o alcoolismo pode causar no individuo, pode-se
citar: 1. Problemas de saúde - surgimento e/ou agravamento de doenças e maior incidência de
traumatismos e/ou ferimentos. 2. Problemas psicológicos e psiquiátricos - que incluem
agressividade, depressão, doenças de ansiedade e crises psicóticas relacionadas ao álcool. 3.
Problemas sociais e interpessoais - con itos
familiares
relacionados com violência
doméstica, resultados de uma variedade de efeitos físicos e /ou psicológicos traumáticos, tanto
a curto quanto a longo prazo entre os membros da família do consumidor irresponsável; m
da harmonia entre os vizinhos; problemas no ambiente de trabalho (e também acidentes). 4.
Con itos com a lei, como dirigir embriagado, crimes violentos cometidos após ou durante o
consumo de álcool, delitos relacionados a comportamentos agressivos ou anti-sociais
consequentes do abuso de álcool (OSIATYNSKA, 2004).
O alcoolismo tem como causas: os fatores genéticos, sociais, psicológicos ou de
personalidade.
Existem pessoas que estão pré dispostas geneticamente para desenvolver o
alcoolismo, ou seja, a partir da primeira dose, o vício pode se manifestar no indivíduo, mas
15
tem pessoas que com um aumento da frequência de ingestão de bebidas alcoólicas, adquirem
essa doença (TWERSKI, 1981).
Em relação ao fator social, indivíduos que começam cedo o consumo de álcool, pode
estar relacionado aos hábitos familirares regulares de ingestão de álcool, regiões rurais, onde
produzem bebidas alcoólicas, grupos ou instituições, onde a frequencia do consumo é alta,
como por exemplo: grupos desportivos, instituições militares, entre outros. (LINO, 2006).
A personalidade do indivíduo pode influenciar no consumo excessivo de álcool,
como por exemplo, personalidade anti-social ou fobia social, o indivíduo usa o álcool como
um instrumento desinibidor, para ter entrosamento com as pessoas, melhorando assim, seus
relacionamentos (LINO, 2006). Outros fatores podem influenciar, como: baixa auto-estima,
falta de auto-controle e assertividade, doenças pré-existentes (ex.: transtorno de déficit de
atenção e hiperatividade), e vulnerabilidade psicossocial (BRASIL, 2004).
O curso do alcoolismo desenfreado é previsível e inexorável. A única variável é o
tempo. Alguns bebedores podem seguir durante décadas antes que o álcool alcance o seu
horrível tributo, ao passo que outros podem ter um curso fulminante, com sérios danos
mentais e físicos desenvolvendo-se em apenas alguns anos (TWERSKI, 1981).
No que diz respeito a assistência ao alcoolista pela equipe de enfermagem em
hospitais e postos de saúde, evidencia-se um atendimento rápido, focando apenas na
desintoxicação, por meio de medicação para estabilização dos sintomas, isso acontece por
causa da grande demanda de pacientes. Os enfermeiros consideram que trabalhar com
pacientes alcoolistas é algo difícil e desagradável, pois eles geralmente recusam ajuda dos
profissionais, tornando a sua assistência mais difícil (VARGAS, OLIVEIRA e LUIS, 2010).
Em relação aos tratamentos, temos intervenções farmacológicas, desintoxicação,
tratamento ambulatorial, grupos de ajuda (por exemplo: alcoólicos anônimos), instituições
destinadas a acolher pacientes com transtornos mentais.
As medicações mais usadas são: dissulfiram (foi a primeira intervenção
farmacológica usada no tratamento da dependência de álcool), naltrexona, acamprosato,
topiramato, ondansetron. A intervenção farmacológica não deveria ser a principal estratégia
terapêutica, pois não são só os aspectos biológicos que constituem essa doença, outros fatores
16
(emocionais, sociais) perfazem essa doença e devem ser tratados (CASTRO e BALTIERI,
2011).
Infelizmente alcoolismo não tem cura, é uma doença crônica, que precisa
essencialmente da aceitação do indivíduo do seu diagnóstico e persistência no seu tratamento.
Além da desintoxicação, o alcoolista pode contar com a ajuda do Alcoólicos Anônimos (AA),
pois é uma fonte de apoio, que reune homens e mulheres com o mesmo objetivo de alcançar a
sobriedade, compartilhando suas dificuldades e necessidades, com o intuito de evitar o
primeiro gole. Familiares dos alcoolistas, podem participar das reuniões do AA, ajudando a
compreender melhor essa doença, mas podem contar também com o grupo Al-anon, que é um
espaço de troca de experiências entre os familiares dos alcoolistas. Esses grupos não são
filiados a nenhuma instituição, seita, religião e partidos políticos.
Diante dos depoimentos dos participantes do grupo AA, foi levado em consideração,
as suas queixas nos atendimentos nos hospitais quando estavam alcoolizados, e esta pesquisa
tem o intuito de saber essas queixas, e qual a posição do enfermeiro frente a este paciente.
17
2. JUSTIFICATIVA
O alcoolista é um paciente como outro qualquer, que merece ser assistido com
respeito e sem julgamentos. Ele sofre com essa doença e com a abstinência. Naturalmente, o
comportamento do alcoolista pode ser irritante e repulsivo que desperta ira em quem o cerca,
sendo difícil compreender que tal pessoa está sofrendo. Podendo haver o ato de punir o
alcoolista, como alguns depoimentos relataram, que tem profissionais da saúde que
administram medicações que causam dor, com o intuito do indivíduo desenvolver consciência
do seu ato de beber e que não fique dando trabalho no pronto socorro. “Punir o alcoolista não
o fará parar de beber, podendo até contribuir para a sua progressão” (TWERSKI, 1981).
O enfermeiro vem apresentando dificuldade em atender um alcoolista, ao
desenvolver uma assistência integrada e compreender que o alcoolismo é uma doença e não
uma fraqueza. Pelo fato de ter uma grande demanda de pacientes, o profissional acaba
focando somente nos sintomas em que o alcoolista apresenta, aplicando a medicação e sua
assistência se limitando a isso, como esse paciente geralmente chega num estado crítico,
podendo estar entrando em coma, ou apresentar agressividade, irritabilidade, o enfermeiro
acaba criando percepções estereotipadas e pessimistas com relação ao alcoolista, como por
exemplo: “..às vezes, você tá preocupada com um paciente mais grave, e ele tá agressivo,
tumultuando, dando trabalho”, “ele se torna um cara chato, pegajoso e acaba perturbando o
serviço, isso faz a gente ficar até intolerante com ele” (VARGAS e OLIVEIRA, 2010).
Através da leitura dos artigos, percebe-se que tem enfermeiros que se preocupam
com o paciente alcoolista, demonstrando a vontade de ter mais tempo para prestar uma
assistência adequada, tendo a oportunidade de perguntar como ele chegou aquele ponto,
orientar tratamentos, ou seja, tratar esse paciente com respeito e oferecer cuidados além das
medicações. E também há enfermeiros que apresentam uma postura com atitudes negativas,
que influencia na assistência e faz que o paciente desenvolva uma postura hostil, não
aceitando os cuidados do enfermeiro, dificultando assim, o seu tratamento. Entende-se então,
que a assistência do profissional influencia no relacionamento e tratamento do alcoolista.
De acordo com Fornazier e Siqueira (2006), o processo de formação do enfermeiro
está voltado para a saúde coletiva, abrange tanto a saúde pública quanto a mental e associa-se
à constatação científica (RAMOS e WOITOWITZ, 2011) de que, no mundo atual, cerca de
90% da população adulta consome algum tipo de bebida alcoólica. Além disso, entre os
18
bebedores, 10% irão apresentar uso nocivo (abusivo) e outros 10% a dependência
(alcoolismo).
Segundo Oliveira e Luchesi (2010) o enfermeiro é um profssional indispensável para o
tratamento e a busca da recuperação do alcoolista e suas atitudes podem infuenciar
defnitivamente no relacionamento com o paciente alcoolista e, consequentemente, favorecer o
tratamento.
Neste sentido, a questão norteadora deste estudo é avaliar a assistência de
enfermagem pelo ponto de vista dos alcoolistas frequentadores dos grupos de apoio do AA da
cidade satélite de Taguatinga - DF.
19
3. OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL

Avaliar a assistência de enfermagem a partir da opinião dos alcoolistas que já
passaram por internação em função do alcoolismo.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Definir o perfil socioeconômico dos alcoolistas frequentadores dos AA de
Taguatinga Norte;

Elaborar recomendações para melhorar a qualidade do atendimento.
20
4. REVISÃO DA LITERATURA
4.1 HISTÓRICO
Conforme Lino (2006), o consumo de álcool, nas diferentes civilizações, inicia-se
com a revolução neolítica, onde se dá um avanço nas tecnologias de fermentação, o que
contribui para um aumento da produção de matérias primas, como a cevada e frutas.
O hidromel (mistura fermentada de água e mel) e cerveja são, desde à milhares de
anos, as mais consumidas. Registros datados de 2200 a.C., apontam consumos dessas bebidas.
Existem também registros de 500 a.C., na Babilônia do consumo de cerveja e vinho de palma.
Os antigos egípcios tinham destilarias há já cerca de seis mil anos e praticavam o culto a
Osíris como forma de agradecimento pela dádiva da cevada. Os gregos, por sua vez,
transferiam esse mesmo culto para Dionísio, onde ofereciam bebidas alcoólicas a deusas e
soldados para facilitar as relações interpessoais. Os romanos agradeciam a Baco a criação do
“vinho divino” e foram eles que contribuíram para a regulação da produção do vinho e sua
distribuição pela Europa.
De acordo com Twerski (1981), na civilização ocidental, o uso do álcool é tido como
coisa certa e abertamente encorajado. Dificilmente alguém pensaria em fazer uma festa sem
oferecer álcool em abundância. Os banquetes e as reuniões são iniciados com um coquetel,
geralmente serve-se álcool aos convidados para almoçar ou jantar e as vendas e os negócios
muitas vezes são fechados com um drinque. Depois de um dia de trabalho estafante, tomar um
drinque tornou-se parte de nossa cultura de trabalho. De fato, qualquer pessoa que se afaste
dos usos culturais aceitos do álcool algumas vezes pode ser olhada como de certo modo
excêntrica e anormal.
Segundo Gigliotti e Bessa (2011), o conceito do alcoolismo só surgiu no século
XVIII, logo após a crescente produção e comercialização do álcool destilado, consequente à
revolução industrial. Deste período, destacam-se dois autores: Benjamin Bush e Thomas
Trutter. O primeiro, um psiquiatra americano, foi responsável pela célebre frase: “Beber inicia
num ato de liberdade, caminha para o hábito e, finalmente, afunda na necessidade”. O
segundo foi quem, pela primeira vez, referiu-se ao alcoolismo como “doença”. Outro autor de
relevância foi o sueco Magnus Huss (1849), que introduziu o conceito de “alcoolismo
21
crônico”, estado de intoxicação pelo álcool que se apresentava com sintomas físicos,
psiquiátricos ou mistos.
Através da história, o álcool tem tido múltiplas funções: atuando como veículo de
remédios, perfumes e poções mágicas e, principalmente, sendo o componente essencial de
bebidas que acompanham os ritos de alimentação dos povos.
De acordo com Osiatynska (2004), a presença de álcool na cultura e os
comportamentos habituais das pessoas em muitos países confere à substância justa cidadania.
Apesar dos efeitos prejudiciais do abuso do álcool, é difícil imaginar sua total ausência em
nossa vida. No entanto, alguns círculos de defensores antiálcool identificam qualquer uso de
álcool como alcoolismo (ou alcoolismo em potencial). Essa abordagem, observada em vários
países do Leste Europeu, é irreal e ineficiente. Ainda mais quando médicos e pesquisadores já
afirmaram repetidas vezes que o uso moderado de álcool por adultos saudáveis pode
contribuir para o bem-estar e a boa saúde, até mesmo na prevenção de várias doenças.
Em relação as causas do alcoolismo, Simon (1974) realizou um estudo que agrupava
as motivações que induziam o alcoolismo, de acordo com a opinião dos próprios pacientes.
As motivações alegadas pelos pacientes estudados foram agrupadas em quatro itens: 1)
Influências externas, mormente a intervenção dos 'colegas', camaradagem, serviço militar,
jogo de futebol. 2) Desgostos em conexão com desajustes na família, adultério, morte de
parentes, perda de emprego, entre outros. 3) Dificuldades materiais, pobreza. 4) Conflitos
psicológicos (conflitos internos, distúrbios de personalidade).
De acordo com Neves (2004), antropólogos americanos realizaram um estudo
demonstrando que a as causas do alcoolismo, pode-se destarcar o uso do álcool pelo seu efeito
relaxador dos constrangimentos culturais e facilitador de aprendizados diversos, conforme
cada cultura. Reivindicaram a exemplaridade das situações de ingestão de bebida alcoólica
para o estudo das formas de pensamento e ação que orientam o comportamento social,
inclusive o referido por processos mentais inconscientes.
Entre os antropólogos brasileiros, o alcoolismo é tema tangencial ao estudo das
relações sociais objetivadas por assíduos frequentadores de bar. Relevando o papel do bar
enquanto espaço privilegiado de produção e reprodução de convívios rotineiros entre os
homens (trabalhadores), que devem apresentar modos de controle do consumo de bebidas
22
alcoólicas. Sendo que o autocontrole é parte do comportamento masculino esperado, sendo o
bêbado então desclassificado e neutralizado segundo etiquetas de evitação. Essas etiquetas são
parte da aprendizagem da frequência assídua ao bar.
Sousa e Almeida (2008), desenvolveram um estudo sobre o alcoolismo nos
adolescentes, e em relação as causas que levam estes a beberem, tiveram como base os
estudos de Fishman (1988) e Vieira et al. (2007), podendo listar seis principais fatores que
influenciam o comportamento de beber:
1.
Contexto Familiar e Social. A crença de que uma reunião social possa não ser
agradável sem que inclua consumo de álcool é comum na nossa sociedade. Os adolescentes
são inclinados a imitar os pais, outros parentes e heróis da televisão, dos livros, do rádio ou do
cinema. É comum um adolescente dizer que começou a beber porque viu que isso era um
hábito de alguém que ele admira. Uma pesquisa realizada por Vieira et al. (2007) com
estudantes de Paulínia (SP), revela que 40,4% dos alunos relataram que familiares foram os
primeiros a lhes oferecer bebida alcoólica e, que quase metade (47,9%) afirmou que há
alguém na família que bebe demais;
2.
Curiosidade e Experimentação. Muitos adolescentes sentem curiosidade de
experimentar o sabor da bebida que eles vêem os outros os outros ingerir. Além disso, querem
explorar os efeitos da bebida, por meio do abuso. Querem saber como é estar embriagado ou
intoxicado;
3.
Pressão dos amigos. Para muitos garotos e garotas seguir a moda pode ser uma
necessidade, assim como gostar de certos tipos de música. Nesse estágio eles se encontram
psicologicamente imaturos para exercer o senso crítico e a capacidade de julgamento,
absorvendo influências sem refletir sobre elas. Se beber está na moda entre determinado
grupo de adolescentes, poucos serão dotados de segurança e senso crítico suficientes para
criticar a bebida ou simplesmente recusar-se a beber. No estudo de Vieira et al. (2007), 35,5%
dos alunos disseram que amigos foram os primeiros a lhes oferecer bebida alcoólica e 62,4%
relatam beber mais freqüentemente na companhia de amigos.
4.
Prazer. Muitos adolescentes usam o álcool como estimulante para a diversão e
o namoro, isto é, para os prazeres. Incluem bebidas em festas, idas ao cinema ou ao jogo de
futebol como elementos favoráveis ao prazer. Trata-se de um mecanismo cultural que
identifica o álcool com o prazer e que deve ser desmascarado.
23
5.
Problemas emocionais. Um dos efeitos imediatos do álcool é o de
tranqüilizante ou de causador de euforia e bem-estar. Um indivíduo que esteja enfrentando
momentos de tensão, nervosismo, conflitos com a família, com amigos ou dificuldades no
relacionamento pode entregar-se ao álcool para suprimir temporariamente a depressão, a
ansiedade e os sentimentos de medo. Acabam aí agravando os problemas em vez de resolvêlos.
6.
Facilidade de acesso. Além de tudo que já foi citado, um outro fator que
contribui fundamentalmente para o uso do álcool entre adolescente é a disponibilidade
comercial e o preço. As bebidas alcoólicas são encontradas facilmente, em qualquer lugar e
com preços acessíveis aos jovens. Apesar de existirem leis que proíbem a venda de bebidas a
menores de 18 anos, essa é uma prática comum e que deve ser combatida.
Segundo Oliveira e Luchesi (2010), as substâncias psicoativas apresentam, como
principal mediador, o neurotransmissor dopamina que está associado à sensação de prazer
“em vias específcas do sistema de recompensa e de motivação”, que sofrem adaptações em
contato com essas substâncias, de forma que, ao passar o efeito, o usuário pode apresentar
sensação de desconforto importante.
Acauan, Donato e Domingos (2008) afirmam que, como substância psicoativa, o
álcool produz efeito depressor ou euforizante, e seu consumo não pode ser entendido como
um fenômeno marginal, já que 10% dos residentes nos centros urbanos, independente de sexo,
idade, nível de escolaridade e poder aquisitivo, consomem álcool livremente, mesmo sabendo
da repercussão dos seus efeitos orgânicos, psicológicos, familiares e sociais.
A OMS (1993), conceitua as drogas como substâncias que quando consumidas,
ingeridas, inaladas, injetadas ou fumadas, podem reduzir alterações no funcionamento do
nosso organismo. Segundo Dias e Pinto (2006), drogas psicoativas são substâncias que
alteram as sensações, o humor, a consciência ou outras funções psicológicas e
comportamentais. De acordo com Horta (2007), as drogas psicoativas seriam o tabaco,
bebidas alcoólicas, substâncias ilícitas (maconha, cocaína, ecstasy ou crack) e também alguns
medicamentos como benzoadiazepínicos e os anorexígenos. Estas substâncias possuem como
ação fundamental a modificação da atividade psíquica, sendo conseideradas drogas de abuso,
não são empregadas para fins terapêuticas. Niel (2009) complementa, comentando que as
mesmas têm a capacidade de alterar o funcionamento do cérebro, modificando a nossa
24
atenção, reflexo e até desencadeando alterações no comportamento e na percepção
(ARAÚJO, 2010).
Segundo Laranjeira (2010), o álcool é a substância com maior potencial para ensinar
como estabelecer uma verdadeira política de drogas baseada em resultados. Em 2003, a
Organização Mundial de Saúde produziu um livro em que os maiores especialistas do mundo
propuseram medidas a serem implementadas em todos os países, buscando diminuir o custo
social relacionado a essa substância. A conclusão geral é que todos os países deveriam
diminuir o consumo global de álcool.
Tem sido demonstrado por inúmeros trabalhos que a proibição da venda para
menores diminui significantemente o consumo. Há uma questão que permanece: as leis
efetivamente influenciam o comportamento de consumo de drogas? Leis e controles informais
têm o poder de conter o consumo de drogas através de vários mecanismos: disponibilidade da
substância, estigmatização do uso, medo das consequências de praticar atividades ilegais,
efeito do fruto proibido e efeito simbólico geral da proibição. A abolição das leis proibindo o
consumo teria um efeito dramático em vários desses citados fatores, diminuindo,
portanto,uma série de impedimentos para o consumo.
São várias as diretrizes políticas que visam a diminuir o consumo global de álcool:
(1) Políticas de preço e taxação são ações com maior impacto social imediato. Estudos
mostram que o preço do álcool segue o padrão de qualquer mercadoria e, quanto maior,
menor o consumo. Existe uma elasticidade no consumo, que no caso do álcool é diferente de
outras mercadorias. Mas para cada aumento de 100% do preço, existe cerca de 30% de queda
de consumo global. Mesmo os bebedores pesados diminuem o consumo nesse caso. Este tipo
de política pode ser muito útil no Brasil, onde o preço do álcool é um dos mais baixos do
mundo ocidental, cerca de U$ 1,5 por um litro de pinga. (2) Políticas que diminuam o acesso
físico ao álcool. Está demonstrado que, quanto menor o número de locais vendendo álcool,
maior o respeito ao limite de idade. Maior a consistência das leis do beber e dirigir, menor é o
consumo global de uma população. (3) Políticas de proibição da propaganda nos meios de
comunicação. O objetivo da propaganda do álcool não é só buscar preferência por
determinada bebida, mas criar um clima social de tolerância e estímulo ao álcool, visando
nitidamente a aumentar o consumo global. A proibição da propaganda tem sido
consistentemente mostrada em pesquisas como fator importante na diminuição do consumo.
(4) Campanhas na mídia e nas escolas visando a informar melhor os efeitos de álcool. O efeito
25
das campanhas quando feitas desacompanhadas das demais diretrizes é muito pequeno. De
nada adianta a professora informar ao aluno sobre álcool e outras drogas, se a televisão
continua mostrando a alegria e a descontração associada à bebida e, sobretudo, essa droga
transformada em “paixão nacional”.
No campo da política de atenção integral em álcool e outras drogas no Brasil, este
tema tem sido tratado de modo pontual, contando com esforços de setores e grupos
preocupados com o aumento exponencial do problema do uso abusivo de álcool de outras
drogas. O Ministério da Saúde assume de modo integral e articulado o desafio de prevenir,
tratar, reabilitar os usuários de álcool e outras drogas como um problema de saúde pública.
Esta decisão atende às propostas que foram enfaticamente recomendadas pela III Conferencia
Nacional de Saúde Mental, em dezembro de 2001 (III CNSM, Relatório Final, 2001).
Comprometer-se com a formulação, execução e avaliação de uma política de atenção a
usuários de álcool e outras drogas exige exatamente a ruptura de uma lógica binarizante que
separa e detém o problema em fronteiras rigidamente delineadas, e cujo eixo principal de
entendimento (e, portanto, de "tratamento") baseia-se na associação drogas/comportamento
anti-social (álcool) ou criminoso (drogas ilícitas). Em ambos os casos, há um único objetivo a
ser alcançado: a abstinência.
Frente a este objetivo, são traçadas estratégias de abordagem para sua consecução:
redução da oferta e redução da demanda. Para a primeira estratégia, conta-se com a ação da
justiça, da segurança e da defesa. Para a segunda, a operação substancial tem-se dado por
meio de tratamentos de internação com afastamento do usuário do agente indutor.
As práticas de saúde, devem acolher, sem julgamento, o que em cada situação, com
cada usuário, é possível, o que é necessário, o que está sendo demandado, o que pode ser
ofertado, o que deve ser feito, sempre estimulando a sua participação e o seu engajamento.
Políticas e práticas dirigidas para pessoas que apresentam problemas decorrentes do
uso de álcool e outras drogas, no âmbito de atuação do Ministério da Saúde, devem estar
integradas às propostas elaboradas pela Área Técnica de Saúde Mental/Álcool e Drogas do
MS, bem como articuladas com as demais áreas do próprio Ministério da Saúde.
Viabilizando as deliberações da III Conferência Nacional de Saúde Mental, no
sentido de normalizar a atenção a usuários de álcool e drogas, o Ministério da Saúde publicou
26
portarias voltadas para a estruturação de rede de atenção específica a estas pessoas. A Portaria
GM/336 de 19 de fevereiro de 2002 (MS, 2002) define normas e diretrizes para a organização
de serviços que prestam assistência em saúde mental, tipo Centros de Atenção Psicossocial –
CAPS, incluídos aqui os CAPS voltados para o atendimento aos usuários de álcool e drogas,
os CAPSad. Já a Portaria SAS/189 de 20 de março de 2002 (MS, 2002) regulamenta a
Portaria GM/336, criando no âmbito do SUS os "serviços de atenção psicossocial para o
desenvolvimento de atividades em saúde mental para pacientes com transtornos decorrentes
do uso prejudicial e/ou dependência de álcool e outras drogas".
Em relação a classificação do alcoolismo, Lino (2006) afirma que há vários autores
que classificam o alcoolismo de formas diferentes, então para a realização deste trabalho foi
escolhida a classificação de Jellinek, que define o alcoolismo como qualquer comportamento
alcoólico que cause algum dano ao indivíduo ou à sociedade ou a ambos, sendo que este
comportamento é classificado como doença, dando-lhe uma noção de repercussão negativa e
social. O alcoolismo passa por vários níveis considerando o processo de doença e os seus
sintomas. Jellinek utiliza letras do Alfabeto Grego para classificar os vários níveis de
alcoolismo, assim sendo temos:
Alcoolismo Alpha – considerado como alcoolismo social onde o álcool é utilizado
como fato desinibitório das relações interpessoais e onde os sintomas são pura e
exclusivamente físicos, em que não se coloca a questão da perda de controle nem inabilidade
de abstinência. É também muitas vezes definido como categoria de alguém que tenha
problemas com o álcool.
Alcoolismo Beta – espécie de alcoolismo em que as complicações físicas são ao
nível das polineuropatias, gastrites e cirrose que podem persistir mesmo que não haja
dependência física ou psicológica. O dano maior nesta espécie é a carência nutricional,
especialmente da vitamina B12, originando assim doenças de deficiência nutricional.
Alcoolismo Gamma – espécie de alcoolismo onde existe um aumento à tolerância de
álcool; uma adaptação do metabolismo ao álcool; um quadro sintomático e craving e perda de
controle sobre o consumo. É nesta categoria que se categorizam os alcoólicos crônicos.
Alcoolismo Delta – espécie de alcoolismo que reúne as três primeiras características
do tipo Gamma, só que em vez da perda de controle existe inabilidade de abstinência.
27
Alcoolismo Epsilon – considerao como um alcoolismo periódico, em que um
indivíduo poderá estar num processo de recuperação, tem uma recaída durante alguns meses e
por remorso, volta à abstinência.
Em 1976, Edwards & Gross definiram a síndrome de dependência do álcool
ampliando-se a percepção de alcoolismo, de quadro unitário e merecedor de uma única
conduta terapêutica, para uma síndrome, multifacetada, polideterminada e que comporta um
espectro abrangente de propostas terapêuticas. Esta visão mantém-se atual até nossos dias e
foi a fonte tanto da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), quanto da Manual de
Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV). Nestas classificações estão
contempladas as quatro categorias diagnósticas, aludidas apenas que os bebedores com
problemas passaram a serem denominados de nocivos e os alcoolistas, de portadores da
síndrome de dependência. As quatro categorias diagnósticas começaram a serem delineadas: a
dos abstêmios, a dos bebedores moderados (dito sociais), a dos bebedores excessivos e a dos
alcoolistas (RAMOS e WOITOWITZ, 2011).
Através da classificação por Marconi (1959), os bebedores abstêmios são aqueles
que referem não consumir bebida alcoólica. Os bebedores moderados são aqueles que bebe
antes das refeições, ou ao fim do dia, ou no dia do pagamento. Apresentando as seguintes
características: não se embriaga (a não ser muito raramente), não apresentam dependência
psíquica ou física pelo álcool (se bem que podem apresentar dependência cultural). Os
bebedores excessivos são aqueles que tem a mesma distribuição de ingestão do grupo
anterior, porém, em maior quantidade. Com as seguintes características: chegam até à
embriaguez; procuram momento de euforia artificialmente através do álcool, para mudar um
estado de ânimo depressivo e apresentam dependência psíquica pelo álcool. Os alcoolistas são
aqueles que apresentam dependência psíquica, cultural e física. A distribuição da ingestão é
maior do que nos grupos anteriores. Apresentam manifestações de abstinência ou síndrome de
privação (cefaléia, tremores de extremidades, incapacidade de deter-se, incapacidade de
abster-se, insônia) (CARON-RUFFINO e RUFFINO-NETTO, 1979).
Conforme Lino (2006), a dependência fisiológica do álcool é indicada pela evidência
de tolerância ou pelos sintomas da abstinência. Esta por sua vez caracteriza-se pelo
desenvolvimento de sintomas de abstinência num período aproximado de quatro a doze horas
após a redução de um consumo de álcool continuado, prolongado e maciço. Quando se
desenvolve um padrão de utilização compulsiva, os sujeitos com dependência podem
28
despender períodos de tempo substanciais na obtenção e consumo de bebidas alcoólicas,
continuando frequentemente a utilizar o álcool apesar da evidência de consequências adversas
psicológicas e físicas.
Os critérios que identificam a dependência alcoólica são: tolerância definida por
necessidade de quantidade crescentes de substância para atingir a intoxicação ou o efeito
desejado; tolerância definida por necessidade na diminuição acentuada do efeito com a
utilização continuada da mesma quantidade da substância; abstinência manifestada por
síndrome da abstinência característica da substância; abstinência manifestada pela mesma
substância ou outra relacionada, sendo consumida para aliviar ou evitar sintomas da
abstinência; a substância é frequentemente consumida em quantidades superiores ou por um
período mais longo do que se pretendia; existe desejo persistente ou esforços, sem êxito, para
diminuir ou controlar a utilização da substância; é despendida grande quantidade de tempo em
atividades necessárias à obtenção e utilização da substância e à recuperação dos seus efeitos;
abandono ou diminuição da participação de atividades sociais, ocupacionais ou recreativas
devido à utilização dessa substância; a utilização dessa substância é continuada apesar da
existência de um problema persistente ou recorrente, físico ou psicológico, provavelmente
causado ou exarcebado pela utilização da substância.
O abuso do álcool necessita de menos sintomas, podendo tornar-se menos graves do
que a dependência e só se diagnostica quando tiver sido estabelecida a ausência de
dependência. Os indivíduos com abuso de álcool apesar de saberem que o consumo excessivo
trará problemas sociais ou interpessoais negativos, continuam a consumir a bebida alcoólica.
O abuso, além de evoluir rapidamente para dependência, muitas vezes é confundido com a
mesma, pois ambos são caracterizados pelos sintomas de tolerância, abstinência ou consumo
compulsivo, daí ser necessário delimitar bem os critérios para que se possa diferenciar da
dependência. Os critérios que identificam o abuso do álcool são: utilização recorrente de uma
substância resultando na incapacidade de cumprir obrigações importantes no trabalho, na
escola ou em casa; utilização recorrente da substância em situações em que tal se torna
fisicamente perigoso; problemas legais recorrentes, relacionados com a substância;
continuação da utilização da substância apesar dos problemas sociais ou interpessoais,
persistentes ou recorrentes, causados ou exarcebados pelos efeitos da substância.
A intoxicação pelo álcool é a presença de alterações comportamentais ou
psicológicas desadaptativas, clinicamente significativas, como por exemplo, comportamento
29
sexual ou agressivo desadequado, labilidade do humor, pertubações da capacidade de
discernimento, diminuição do funcionamento social ou ocupacional, que se desenvolvem
durante ou logo após a ingestão de álcool. Essas alterações são acompanhadas por evidência
de discurso empastado, descoordenação, marcha instável, nistagmo, défices na atenção ou na
memória, estupor ou coma (LINO, 2006).
Segundo Campos (2009), o alcoólico deve reconhecer que é portador de uma doença,
que independe da “força de.vontade” para seu controle. Ao invés de afirmarem “eu posso”,
“eu quero” e “eu consigo”, tal como prevê a crença arraigada na soberania do eu, assente na
ideologia moderna do individualismo, frente ao reconhecimento de seu fracasso na condução
de sua própria vida pela vontade,ele reconhece sua.“impotência” diante de uma doença que é
fatal,e que necessita de ajuda.
Conforme Lima, Braga e Gubert (2010), os transtornos relacionados ao uso de álcool
afetam cinco vezes mais homens do que mulheres. Homens são acometidos em idade mais
precoce, mas, uma vez portadoras do transtorno, as mulheres têm uma progressão mais rápida
da doença. Ao longo dos últimos anos, as pessoas têm iniciado o consumo de álcool cada vez
mais cedo, o risco de dependência tem aumentado e o padrão de uso de álcool e dependência
entre as mulheres têm se tornado semelhante aos dos homens.
Segundo Twerski (1981), uma vez que o álcool entra no corpo, ninguém tem ontrole
algum sobre o que este faz. O álcool é um produto químico e as reações químicas seguem
suas próprias regras.
4.2 ÁLCOOL E SUAS CONSEQUÊNCIAS
Segundo Melcop (2004), o álcool talvez seja uma das substâncias psicoativas mais
utilizada em todo o mundo e pode, dependendo da dose, freqüência e circunstâncias, ser
consumida sem problemas. Entretanto, estudos recentes indicam que uma fração importante
da população substitui esse uso recreativo por outros, chamados de risco ou prejudicial, que
podem acarretar graves conseqüências físicas, psicológicas e sociais.
Outros estudos nacionais e internacionais têm demonstrado a ocorrência significativa
de mortes e doenças associadas ao uso indevido de álcool. Relatos de violência doméstica,
lesões corporais, tentativas e homicídios consumados, assim como outras situações de
30
conflitos interpessoais, são cada vez mais evidentes em contextos nos quais o álcool se faz
presente (Presidência da República, 2007).
De acordo com Alves, Kessler e Ratto (2011), no que se refere aos transtornos
mentais, é comum que os relacionados ao consumo de álcool coexistam com outras doenças
psiquiátricas. De um modo geral, o uso, mesmo que em pequenas doses, de bebidas alcoólicas
pode gerar conseqüências mais sérias que as vistas em pacientes sem comorbidade.
A incidência desses transtornos parece estar aumentando nas últimas décadas. Este
achado pode estar relacionado à priorização dos cuidados de saúde mental na comunidade: o
fechamento de hospitais psiquiátricos, a priorização de tratamento ambulatorial e o aumento
da disponibilidade do álcool.
Em relação aos efeitos que o álcool provoca no indivíduo através do consumo
prejudicial, pode-se abordar os efeitos físicos e psicológicos, mas deve-se considerar os danos
em um contexto mais amplo, e não só os fisiológicos. Sendo assim, a seguir será abordado os
efeitos do álcool:
4.2.1 Sistema digestivo
O álcool tem um efeito muito irritante sobre a mucosa gástrica ou revestimento do
estômago. Com decorrentes exposições, pode causar: gastrite alcoólica, com dor, náusea e
vômito. Podendo ocorrer hemorragia séria, êmese, dilatação gástrica aguda, resultando até em
morte. Há um aumento na produção do ácido gástrico, expondo o revestimento do estômago e
parte do intestino delgado, frequentemente resultando em úlceras, com possível perfuração e
hemorragia (BALBACH, 1960).
O consumo prolongado de álcool pode irritar a mucosa e, consequentemente, causar
inflamação do esôfago. A relevância do álcool no desenvolvimento de câncer do esôfago
ainda é desconhecida. A cirrose pode causar varizes no esôfago (quase sempre seguidas de
hemorragias fatais). Também é comprovado que o consumo do álcool é um fator importante
que contribui para úlceras gástricas, câncer de colón, pancreatite e, consequentemente,
propicia um risco maior de hipoglicemia e diabetes (OSIATYNSKA, 2004).
31
4.2.2 Fígado
De acordo com Osiatynska (2004), o fígado reage relativamente rápido ao consumo
de álcool e é propenso aos seus danos. A patogênese dos problemas relacionados ao álcool
tem sido pesquisada em detalhes; sabe-se que os danos mais perigosos podem incluir
degeneração do fígado, hepatite e cirrose. A cirrose é uma doença progressiva, irreversível e
fatal. Mulheres que bebem são mais propensas a essa doença do que os homens.
Segundo Brunner e Suddarth (2005), a cirrose é uma doença caracterizada pela
substituição do tecido hepático normal por fibrose difusa, a qual rompe com a estrutura e
função do fígado. Existem três tipos de cirrose ou cicatrização do fígado: a cirrose alcoólica,
cirrose pós-necrótica, cirrose biliar. A cirrose alcoólica, na qual o tecido cicatricial circunda
caracteristicamente as áreas portas. Isso se deve com maior frequência ao alcoolismo crônico
e é o tipo mais comum de cirrose. A cirrose pós-necrótica, em que existem faixas largas de
tecido cicatricial como consequência tardia de um surto prévio de hepatite viral aguda. A
cirrose biliar, em que a cricatrização acontece no fígado ao redor dos dutos biliares. Em geral,
esse tipo é o resultado da obstrução biliar crônica e da infecção (colangite); é muito menos
comum que os dois outros tipos.
Conforme Twerski (1981), a cirrose é o último estágio da moléstia hepática do
alcoolista. O fígado é a “usina química” do corpo, e o mau funcionamento hepático pode
causar dano sério e disseminado, relacionado à coagulação do sangue; nesse caso, a pessoa
pode sangrar com facilidade. É por isso que tantos alcoolistas apresentam muita propensão a
ter equimoses, com grandes manchas pretas e azuladas na pele, mesmo sem ter levado um
tombo ou uma pancada.
Quando a cirrose ou as cicatrizes do fígado obstruem o fluxo sanguíneo, o sangue faz
um desvio para os pequenos vasos na junção do esôfago e do estômago, consequentemente,
ocorre uma dilatação e essas veias transformam-se em varizes, que quando rompidas, causam
uma hemorragia séria, podendo levar a morte.
4.2.3 Sistema nervoso
Twerski (1981) afirma que, o dano cerebral causado pelo álcool é irreversível,
nenhuma intervenção pode restaurar as células que foram destruídas. Quando o álcool começa
32
a causar lapsos temporários de memória, convulsões ou alucinações, isto deve servir como um
sinal de que o álcool atingiu cérebro.
Segundo Haes et. al (2010), estudos epidemiológicos sugerem que o risco do
consumo de álcool influencia, diretamente, o risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Em
casos de Hemorragia Subaracnoide (HSA) e hemorragias intraparenquimatosas, o risco
aumenta linearmente com o aumento da ingestão diária, sendo decorrentes de alterações da
coagulação ou fibrinólise, trombocitopenia ou disfunção plaquetária, assim como hipertensão
arterial aguda ou crônica. O risco de ressangramento ou vasoespasmo após HSA também
aumenta com o consumo de álcool.
4.2.4 Deficiências nutricionais
Em relação aos mecanismos de deficiências nutricionais em consumidores
exagerados de álcool Osiatynska (2004) afirma que, são complexos e pouco conhecidos. Vale
mencionar o fato de que o álcool, como uma substância altamente energética, sacia a demanda
urgente de calorias do corpo, saciando a fome. Tal fenômeno combinado com a menor
absorção e disfunção do canal alimentar, pode contribuir para uma deficiência de vitaminas,
de absorção de proteínas de zinco e de outras substâncias nutricionais.
Conforme Twerski (1981), as anemias graves são comuns no alcoolismo, apesar de
dieta adequada e até de alta ingestão de vitaminas. Os níveis de açúcar no sangue podem ser
elevados pelo álcool, dando um quadro parecido com o diabético, e as pessoas com tendência
à diabete podem tornar-se realmente diabéticas em consequências do efeito do álcool no
fígado e no pâncreas. A hipoglicemia, também pode ser causada por dano hepático. As
moléstas pulmonares de várias espécies são mais comuns e sérias em alcoólatras, não somente
por causa da menor resistência do organismo e a sua ineficaz resposta à infecção, mas
também porque os reflexos de proteção que ajudam a manter o corpo estranho fora dos
pulmões ficam inativos pelo álcool. Este agrava a pressão arterial alta e também tem um
efeito nocivo direto sobre o músculo do coração. O álcool em excesso pode causar
deterioração grave de todos os elementos nervosos do corpo.
4.2.5 Sistema urinário
O álcool também altera os rins, interferindo na eliminação da urina, que são
carregadas de produtos tóxicos, e que se não forem eliminadas, acumulam-se no corpo. Isso é
33
causado pelo fato dos rins endurecerem por causa do álcool, originando uma deficiência nessa
eliminação, então, esses produtos tóxicos ficam concentrados no sangue, resultando a
hidropisia. Como um desses produtos tóxicos é a uréia, temos também outro estado
patológico, a uremia (elevação da uréia no sangue). “Os rins degenerados não mais
conseguem eliminar a tempo a urnia, daí provém a hidropisia, a uremia e a morte”
(BALBACH, 1960).
4.2.6 Sistema respiratório
De acordo com Brunner e Suddarth (2005), o álcool pode ser um fator de risco para
infecções por Pneumococos penicilina-resistentes e medicamento-resistentes. E se associado
ao tabagismo pode ser um fator de risco para o câncer de laringe.
4.2.7 Sistema circulatório
Segundo Osiatynska (2004), o álcool afeta os mecanismos que regulam a pressão
sangüínea. É sabido que quanto maior a quantidade de álcool ingerida, maior a propensão ao
aumento de pressão arterial. O consumo exagerado aumenta o risco de anemia.
4.2.8 Sistema endócrino
De acordo com Osiatynska (2004), o consumo pesado de bebidas alcoólicas pode
causar uma série de doenças hormonais, inclusive secreção anormal de testosterona e
luteotropina, assim como uma diminuição na motilidade dos espermatozóides e prejuízos em
sua estrutura. Homens que consomem álcool podem sofrer efeminação (crescimento de
glândulas mamárias, atrofia do testículo, anormalidades no crescimento dos pêlos, perda de
barba, entre outros). As mulheres podem sofrer atrofia do ovário e masculinização (pêlos no
rosto, voz grossa, entre outros). Essas mudanças podem vir acompanhadas de diminuição da
libido, irregularidades no ciclo menstrual, esterilidade e menopausa prematura. O álcool
também afeta o funcionamento da tireóide e das glândulas supra-renais.
Segundo Ramos, Trevizan e Pepe (2002), outra alteração que pode-se considerar é a
doença de Madelung ou lipomatose simétrica múltipla, uma doença rara, que é caracterizada
por acúmulo de gordura não encapsulada, geralmente localizada simetricamente ao redor do
pescoço e ombros. A etiologia é desconhecida, mas é freqüentemente observada em pacientes
com história de alcoolismo crônico e é acompanhada por anormalidades metabólicas.
34
4.2.9 Disfunção sexual
Em relação à disfunção sexual Osiatynska (2004) afirma que, apesar da noção
popular de que o álcool é benéfico e estimula o desempenho sexual, os fatos provam o
contrário. O álcool desinibe (diminui a timidez) e pode estimular a libido. No entanto, o uso
pesado de álcool por muito tempo pode causar impotência. Altas concentrações de álcool no
sangue causam disfunção erétil, ejaculação tardia e orgasmo brando. Muitas mulheres que
bebem sofrem de perda de libido, pouca lubrificação vaginal e ovulação irregular.
4.2.10 Sistema imunológico
Em relação ao sistema imunológico, Osiatynska (2004) afirma que, o consumo
prolongado de álcool retarda as funções do sistema imunológico, que resulta em uma maior
propensão para doenças infecciosas, pneumonia, tuberculose, e mesmo câncer. O álcool afeta
a atividade dos linfócitos na produção de anticorpos e diminui sua atividade. Pode-se dizer
que o consumo intenso de álcool afeta, de forma irreversível, todas as funções do sistema
imunológico.
4.2.11 Gravidez e feto
Conforme Osiatynska (2004), é comprovado que após 40-60 minutos da ingestão de
álcool por uma gestante, a concentração de álcool no sangue fetal fica equivalente à
concentração de álcool no sangue da mãe. Como o álcool intoxica principalmente organismos
muito jovens, mulheres que bebem durante a gravidez têm uma incidência maior de parto
prematuro, parto acelerado ou abortos retidos e abortos espontâneos.
Recém-nascidos de mães que consumiram álcool durante a gravidez podem
apresentar sintomas leves a severos de abstinência (tremores, tensão muscular, fraqueza,
problemas de sono, choro, dificuldade de sugar, entre outros). Outros problemas podem
incluir retardo no crescimento, dificuldades de concentração e atenção. As complicações mais
sérias são decorrentes da síndrome alcoólica fetal (definida em 1968). Os sintomas incluem
baixo peso, saúde instável, atraso no desenvolvimento e alta freqüência de doenças do
desenvolvimento.
35
4.2.12 Problemas psiquiátricos e psicológicos
Segundo Osiatynska (2004), quadros psicóticos agudos decorrentes do álcool
(Delirium tremens, ilusões ou paranóias, doença de Korsakoff, entre outros) aparecem quase
sempre em alcoolistas crônicos e caracterizam-se pelo padrão mais destrutivo de consumo. As
pessoas também podem sofrer de depressões crônicas.
Conforme Maciel e Kerr-Corrêa (2011), a Síndrome de Abstinência Alcoólica (SAA)
é responsável por um aumento significativo na morbidade e mortalidade associadas ao
consumo de álcool e é um dos critérios diagnósticos da síndrome de dependência de álcool.
Caracteriza-se por sinais e sintomas decorrentes de uma interrupção total ou parcial de
consumo de bebidas alcoólicas em dependentes que apresentam um consumo prévio
significativo. Esses sinais e sintomas não são específicos somente da síndrome de abstinência
alcoólica,
podendo
estar
presentes
em
outras
síndromes
de
abstinência
(por
benzodiazepínicos, por exemplo). São, ainda, insidiosos e pouco específicos, o que torna seu
reconhecimento e avaliação processos complexos; variam quanto à intensidade e gravidade,
podendo aparecer, como dito, após uma redução parcial ou total da dose usualmente utilizada.
Os sinais e sintomas mais comuns da SAA são, entre outros, agitação, ansiedade, alterações
de humor (disforia), tremores, náuseas, vômitos, taquicardia e hipertensão arterial.
As suas principais complicações secundárias são bastante comuns (convulsões e
alucinações); outras, mais graves e menos comuns (delirium tremens).
As convulsões secundárias a quadros de abstinência alcoólica são, geralmente, do
tipo tônico-clônicas (ou "grande mal"), únicas, e incidem nas primeiras 48 horas (com pico
entre 13 e 24 horas) após a suspensão ou redução do consumo de álcool. Entretanto, sintomas
focais podem aparecer em cerca de 5% dos quadros convulsivos secundários à abstinência
alcoólica. Quase sempre, o aparecimento de convulsões está associado a quadros mais graves
de abstinência alcoólica e grande parte dos pacientes que não são tratados adequadamente
evolui para delirium tremens.
De acordo Maciel e Corrêa (2011), delirium tremens é um quadro específico de
delirium, relacionado à abstinência do álcool. Quadros de delirium usualmente apresentam
sintomas flutuantes, com piora significativa à noite. São comuns alterações cognitivas, da
memória e da atenção e desorientação temporo-espacial. A atenção diminuída e distúrbios do
36
pensamento resultam em fala incoerente. o diferencia dos que apresentam quadros
demenciais. São comuns alterações senso-perceptivas (alucinações e ilusões), sendo as
alucinações visuais bastante comuns. Delírios também são freqüentes, em geral persecutórios
e relacionados à desorientação temporo-espacial. Alterações do humor são usuais e variam
desde intensa apatia até quadros de ansiedade intensa; a presença de alterações no ciclo sonovigília é constante.
Conforme Haes et al. (2010), cerca de 16% dos pacientes desenvolvem delírio após 2
a 5 dias da última ingestão alcoólica, e cerca de 1/3 desses pacientes desenvolve Delirium
Tremens, quadro caracterizado por confusão acentuada, alucinações, tremor, hiperpirexia e
hiperatividade simpática. O maior risco ocorre em pacientes com crises convulsivas, e o risco
de morte está associado, principalmente, aos traumas, hipernatremia, desidratação e
hipotensão.
Segundo Maciel e Kerr-Corrêa (2011), a Síndrome Wernicke Korsakoff (SWK) é
uma complicação potencialmente fatal associada à deficiência de vitamina B1 ou tiamina. Foi
descrita como duas entidades distintas – encefalopatia de Wernicke e psicose de Korsakoff.
A síndrome é composta por uma tríade de anormalidades clínicas descritas por
Wernicke – oftalmoplegia, ataxia e confusão mental. Esses seriam os pilares no diagnóstico
da síndrome; porém, a presença de todos esses sintomas não é necessária para o diagnóstico
de SWK, sendo mais rotineiramente encontrados sinais isolados (de oftalmoplegia e/ou
desorientação e/ou estupor e/ou coma). Os movimentos oculares podem consistir em nistagmo
horizontal e vertical, fraqueza ou paralisia do músculo reto lateral e do olhar conjugado. Em
casos avançados, pode-se encontrar oftalmoplegia completa. A confusão mental é
caracterizada por diminuição do estado de alerta e atenção e alteração senso-perceptual e da
memória. Quadros de confabulação são comuns nesse grupo de pacientes. Algumas vezes há
progressão para coma.
Zubaran et al. (1996) afirmam que, a doença de Wernicke e a psicose de Korsakoff
foram identificadas no final do século passado. A primeira é caracterizada por nistagmo,
marcha atáxica, paralisia do olhar conjugado e confusão mental. A doença de Wernicke está
associada com deficiência nutricional, ocorrendo especialmente em alcoolistas. A psicose de
Korsakoff é uma desordem mental na qual a memória de retenção está seriamente
37
comprometida em um paciente até então sadio. Esta desordem está também associada ao
alcoolismo e à deficiência nutricional.
Para Silva (2005), os pacientes com alucinose alcoólica caracterizam-se clinicamente
pela presença de alucinações visuais ou auditivas (por ex., cliques, ruídos imprecisos, trechos
de músicas, rugidos, barulhos de sinos, cânticos e vozes), vívidas e de início agudo que se
iniciam após a suspensão ou diminuição do consumo excessivo de álcool. As alucinações
verbais consistem de vozes que podem falar diretamente com o paciente, ou então, podem
fazer comentários sobre ele. As alucinações podem ser imperativas, ordenando ao paciente
que realize alguma atividade contra à sua vontade (por ex., tentativa de suicídio). As vozes
podem aparecer ou desaparecer de forma súbita ou ocorrerem de forma mais ou menos
constante. Uma característica clínica importante é a ausência de alterações do nível de
consciência, ou seja, as alucinações ocorrem num cenário de clara consciência. As
alucinações podem ser acompanhadas por ilusões, delírios, idéias de referência e alterações
do afeto. Os delírios são, na verdade, tentativas de explicar as alucinações. Os pacientes não
evoluem com hiperatividade autonômica. Alguns pacientes podem expressar medo, ansiedade
e agitação psicomotora em resposta às experiências alucinatórias.
Outra alteração provocada pelo alcoolismo de acordo com Ferraz et al. (1989), seria
a miopatia aguda alcoólica (MAA), que caracteriza-se clinicamente por surto abrupto de dor,
inchaço e fraqueza muscular, com predomínio para os membros inferiores. As enzimas
musculares estão extremamente elevadas. Os pacientes que desenvolvem MAA são, em sua
grande maioria., alcoólatras crônicos.
De acordo com Maciel e Kerr-Corrêa (2011), a Síndrome de Marchiava Bignami,
também denominada "degeneração primária do corpo caloso", é uma doença mais comumente
definida pelos aspectos patológicos que pelos clínicos. A principal alteração é encontrada na
porção medial do corpo caloso onde, ao exame de olho nu, vê-se uma diminuição da
densidade do tecido, com leve depressão avermelhada ou amarelada, dependendo do tempo da
lesão. É uma doença rara, que afeta pessoas mais idosas e, com poucas exceções, todos os
pacientes acometidos são dependentes de álcool. Alguns apresentam, no estágio terminal,
quadros de estupor e coma, e outros, sintomas compatíveis com quadro de intoxicação crônica
e síndrome de abstinência. Em alguns casos, descreveram-se quadros de demência
progressiva, com sintomas como disartria, movimentos vagarosos e instáveis, incontinência
38
esfincteriana transitória, hemiparesia e afasia. O diagnóstico dessa patologia raramente é feito
durante a vida mas, via de regra, na necropsia, por meio de exame anátomo-patológico.
Segundo Osiatynska (2004), aqueles que abusam de álcool, mas não são
dependentes, no entanto, podem encobrir, com a compulsão por bebida, algumas doenças
psiquiátricas. O efeito prolongado de embriaguez no cérebro pode causar mudanças de
personalidade, como a deterioração da vida emocional, perda de interesses, diminuição de
motivação social, perda da capacidade de planejamento e organização, entre outros.
Obviamente, as mudanças negativas afetam a qualidade das relações interpessoais e o estilo
de vida (familiar, conjugal, profissional) e podem diminuir significativamente a harmonia da
família e do ambiente de trabalho.
4.2.13 Ambiente de trabalho
Conforme Duarte (2004), diz que no Brasil foi realizado um estudo no ano de 1993
pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) (VAISMANN, 1995),
apontando que de 10% a 15% dos trabalhadores brasileiros apresentam dependência ou
problemas de abuso do álcool, cujas conseqüências se traduzem em: três vezes mais licenças
médicas do que aquelas concedidas para outras doenças; cinco vezes mais chances de
acidentes de trabalho; 50% do total de absenteísmo e licenças médicas; utilização de 8 vezes
mais diárias hospitalares; utilização, por parte da família, de 3 vezes mais a assistência médica
e social das empresas.
4.2.14 Ambiente familiar
Segundo Filizola et al. (2006), os prejuízos trazidos pelo uso excessivo de álcool são
inúmeros. Entre eles ressaltam-se as alterações comportamentais da pessoa que faz uso e
abuso do álcool levando, na maioria das vezes, à desestruturação familiar, a gastos excessivos
com tratamentos médicos e internações hospitalares, a elevado número de acidentes de
trânsito com pessoas alcoolizadas, violência urbana e mortes prematuras.
Em relação ao ambiente familiar Filizola et al. (2009) afirmam que, a princípio a
família percebe o uso de álcool como um fator de interação social, nega que os problemas
enfrentados tenham ligação com o uso/abuso do álcool e vai buscando justifcativas para os
confitos existentes no lar. Com o tempo, o abuso do álcool passa a provocar mudanças no
ambiente familiar, e tanto a família como o próprio alcoolista acabam sofrendo as
39
consequências. Há difculdades em se manter relações afetuosas devido às atitudes do
alcoolista, os familiares convivem com brigas e agressões físicas que levam à fragilização dos
vínculos afetivos. A família passa a não aceitar as opiniões do familiar alcoolista, o qual vai
perdendo o respeito de seus familiares e da sociedade.
Quanto às relações familiares, Filizola et al. (2006) afirma que elas são, na maioria
das vezes, conturbadas. Os filhos afastam-se dos pais alcoolistas por medo e vergonha,
algumas esposas estão sempre considerando a possibilidade de separação como única forma
de solucionar o problema, relatando também que há prejuízos para a vida conjugal. Ainda
constata-se que a maioria das famílias evita falar do alcoolismo com os demais familiares
isolando-se diante do problema. Os familiares revelaram também um forte sentimento de
vergonha em relação ao familiar alcoolista devido a suas atitudes constrangedoras, o que
compromete sobremaneira a vida social das mesmas.
Conforme Filzola et al. (2009), o álcool facilita a violência, que pode se apresentar
sob formas sutis. A violência associada ao álcool é a do tipo interpessoal – a relação entre as
pessoas. É a questão da violência familiar, que envolve negação, segredo, culpa, vergonha e,
raramente, isso é comentado na família. As atitudes do alcoolista resultam na perda de
respeito dentro do lar e perante a sociedade, e o sofrimento afeta profundamente a família na
qual, além do alcoolista, flhos e esposa acabam se tornando doentes. O impacto na família
manifesta-se, principalmente, pela ruptura e desorganização das relações interpessoais, com
prejuízos no desenvolvimento das pessoas, na qualidade de vida e na saúde dos que convivem
com o problema.
4.2.15 Aspectos econômicos
Em relação aos aspectos econômicos o alcoolismo causa gastos exorbitantes de
acordo com Gouveia (2009), estimativas apontam um gasto anual de 7,3% do Produto Interno
Bruto (PIB) brasileiro com problemas advindos do uso de álcool no País, chegando-se à
quantia de 130 bilhões de reais por ano (GALLASSI et al, 2008). Conforme a Secretaria
Nacional Anti-Drogas (SENAD, 2008), entre 2002 e 2006, o Sistema Único de Saúde (SUS)
gastou aproximadamente 37 milhões de reais com o tratamento de dependentes de bebidas
alcoólicas e outras drogas. Durante o mesmo período, mais R$ 4.317.251,59 foram gastos em
procedimentos hospitalares de internações relacionadas com o uso de álcool e outras drogas.
Na esfera da criminalidade, Duarte e Carlini-Cotrim (2000) analisaram 130 processos de
40
homicídios ocorridos em Curitiba entre 1990 e 1995. Os resultados mostraram que 53,6% das
vítimas e 58,9% dos autores dos crimes estavam sob efeito de bebidas alcoólicas no momento
da ocorrência do crime. Além disso, o uso e o abuso do álcool envolvem diversos outros
problemas sociais, além da violência e dos acidentes de trânsito (OMS, 1999), como, por
exemplo, baixo desempenho escolar (TAVARES, BÉRIA e LIMA, 2001), perda de emprego,
vandalismo, problemas familiares, interpessoais e financeiros (MELONI e LARANJEIRA,
2004) e abuso de menores (HABIGZANG et al., 2005).
4.2.16 Ferimentos acidentais
De acordo com Osiatynska (2004), pessoas que bebem têm mais tendência a
ferimentos acidentais. A razão para isso é causada diretamente pelo álcool, que diminui a
concentração, percepção e avaliação da situação.
Com relação aos acidentes de trânsito, Silva (2005) diz que um amplo estudo
multicêntrico foi conduzido pela Associação Brasileira dos Departamentos de Trânsito, em
1997, no Recife, em Salvador, Brasília e Curitiba. Os homens foram as principais vítimas de
acidentes de trânsito (71,5%). Cerca de 35% dos acidentados estavam na faixa etária de 20 a
29 anos. Os homens solteiros representaram 57% de todas as vítimas. Com relação à
alcoolemia, 61% tinham concentrações acima 0,01g/dl. Quase 30% tinham concentração
acima do limite permitido pelo Código Nacional de Trânsito Brasileiro, que é de 0,06g/dl. A
faixa etária que apresentou níveis maiores que 0,06g/dl foi a de 20 a 39 anos. Noventa e sete
por cento dos homens tinham álcool na corrente sangüínea, sendo que em 33,5% a
concentração excedia 0,06g/dl. Sessenta e três por cento das mulheres tinham algum nível
alcoólico no sangue, sendo que 9,6% delas tinham níveis acima do permitido pela lei
(ABDETRAN, 1997).
4.3 TRATAMENTO
Segundo Mazuca e Sardinha (1999), a escolha da metodologia do tratamento do
alcóolico é muito influenciada pela importância dos fatores biológico, psicológico e social.
Assim, os terapeutas que tendem a valorizar mais os fatores psicológicos, por exemplo, se
utilizarão como principais ferramentas de trabalhos de psicoterapias ou técnicas de
modificação de comportamento, dependendo da linha que se segue. Por outro lado, os
simpatizantes do modelo biológico poderão investir em drogas eficazes na redução do efeito
41
reforçador cerebral. E os que atribuem maior importância aos fatores sociais poderão atuar
através de modelos sistêmicos, envolvendo a família ou a comunidade em que o dependente
se insere.
No entanto, considerando qualquer uma das formas de tratamento, a tarefa mais
difícil e complexa é conseguir a manutenção da mudança do comportamento inadequado, ou
seja, conseguir se manter sem ter a recaída. Então, em relação ao uso do álcool, a maior
dificuldade não está em parar de beber, mas sim em manter-se em abstinência sem ter a
recaída.
De acordo com Brasil (2004), existem diversos impedimentos para diagnosticar,
tratar ou encaminhar as pessoas que apresentam complicações decorrentes do consumo de
álcool. Em um plano cognitivo, os trabalhadores de saúde apresentam a falta de
conhecimentos sobre a variedade de apresentações sintomáticas gerados pelo uso abusivo e
pela dependência ao álcool, bem como de meios para facilitar o seu diagnóstico. Apresentam
também uma visão negativa do paciente, e de suas perspectivas evolutivas frente ao problema,
o que impede uma atitude mais produtiva.
O diagnóstico e o tratamento precoces da dependência ao álcool têm papel
fundamental no prognóstico deste transtorno, o que se amplia em uma perspectiva global de
prevenção e promoção da saúde, e se agrava ao constatarmos que, de uma forma geral, há
despreparo significativo e desinformação das pessoas que lidam diretamente com o problema,
sejam elas usuários, familiares, sejam profissionais de saúde.
Segundo Silva (2005), a primeira intervenção farmacológica para o tratamento da
dependência de álcool foi o dissulfiram, mas para ter êxito é preciso que os pacientes estejam
participando de algum programa de tratamento (CASTRO e BALTIERI, 2011). Esta
medicação atua inibindo a enzima hepática aldeído-desidrogenase (ALDH), que catalisa a
oxidação do acetaldeído em acetato, subprodutos do metabolismo do álcool. O aumento dos
níveis sangüíneos de acetaldeído provoca uma reação aversiva caracterizada clinicamente por
rubor facial, cefaléia pulsátil, náuseas, vômitos, dor torácica, palpitações, taquicardia,
fraqueza, turvação visual, hipotensão arterial, tontura e sonolência. Nas reações graves, os
pacientes (principalmente aqueles mais susceptíveis) podem exibir delirium, infarto do
miocárdio, arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca congestiva, depressão respiratória e
convulsões.
42
A naltrexona é um antagonista opióide utilizado como coadjuvante das intervenções
psicossociais no tratamento ambulatorial do alcoolismo. Estudos pré-clínicos sugerem que os
antagonistas opióides atenuam os efeitos prazerosos do consumo de álcool. Baseados nesses
estudos animais, a eficácia e a efetividade da naltrexona têm sido investigada no tratamento
da dependência de álcool.
O acamprosato vem sendo prescrito há mais de uma década em diversos países e tem
se mostrado eficaz no tratamento da dependência de álcool. Esta medicação inibe a atividade
excitatória glutamatérgica, agindo, provavelmente, em uma subclasse dos receptores de
glutamato (NMDA), especialmente quando há hiperatividade destes receptores. Há indícios
de que esta medicação reduza a recaptação do cálcio induzida pelo glutamato nos neurônios,
suprima as respostas condicionadas ao etanol em animais dependentes – até mesmo naqueles
com abstinência prolongada –, reduza os efeitos aversivos da retirada do álcool, iniba a
hiperexcitabilidade cerebral do glutamato e iniba a expressão gênica do c-fos.
De acordo com Haes et al. (2010), quando um paciente é encaminhado para o Pronto
Socorro (PS), é importante a realização do exame de glicemia capilar em todos os pacientes
com intoxicação alcoólica, pois uma vez que a libação alcoólica aguda aumenta a chance de o
paciente apresentar hipoglicemia. Caso seja confirmada a presença de hipoglicemia
concomitante, ou caso não haja glicemia capilar disponível, deve-se realizar a infusão de 50 a
100g de glicose endovenosa associada à reposição de Tiamina, para a prevenção da
Encefalopatia de Wernicke.
Ainda no tratamento farmacológico, segundo Silva (2005), utiliza-se a reposição
vitamínica para evitar a síndrome de Wernick, também pode ser indicado o uso dos
benzodiazepínicos, diazepam, clordiazepóxido, e nos casos mais de hepatopatias graves, usase o lorazepam.
Ocorrendo falha (recaída ou evolução desfavorável) dessas abordagens, a indicação
de ambulatório deve ser revista, com encaminhamento para modalidades de tratamento mais
intensivas e estruturadas.
Outra forma de tratamento são os grupos de auto-ajuda, que segundo Fizola et al.
(2009), são considerados importantes fontes de apoio, pois reúnem pessoas com o mesmo
objetivo, difculdades, necessidades e podem colaborar com o apoio necessário às pessoas e
43
suas famílias. De acordo com Bunign (2004), os alcoólicos anônimos (AA) é o melhor
exemplo nesse aspecto, pois consiste em um sistema mundial de grupos de auto-ajuda que
tem beneficiado milhares de pessoas. Uns dos argumentos a favor do AA seria: baixo custo, é
disponível em horários não comerciais, os participantes falam aquilo que querem falar, sem
pressão e utiliza a mesma metodologia em todo o mundo. Um forte argumento a favor dos
grupos de auto-ajuda é que os participantes têm completo controle sobre seu próprio bemestar. Ao recusar apoio do governo, eles se tornam independentes. Devido ao seu sucesso em
tratar tantas pessoas com problemas relacionados ao álcool, ele deve ser respeitado. Ao
mesmo tempo, a discussão sobre o consumo controlado de álcool deve ser estimulado e
mantido de forma objetiva e não-moralista para que as pessoas possam tomar suas próprias
decisões.
De acordo com Campos (2004), os Alcoólicos Anônimos são, de acordo com sua
literatura oficial composta pelo livro básico do AA, folders de divulgação e também pela
revista Vivência, de publicação trimestral, “uma irmandade de homens e mulheres que
compartilham suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolver seu problema comum e
ajudar outros a se recuperarem do alcoolismo”. Trata-se de um programa de recuperação,
expresso nos “doze passos e doze tradições”, cujo objetivo é ajudar os alcoólicos a evitar o
“primeiro gole” e, assim, a manter a sua sobriedade.
Conforme Fizola et al. (2009), o alcoolismo afeta toda a família e suas relações,
acarretando sérias repercussões sobre os flhos. Os familiares também tem um grupo de auto
ajuda, que é o Al-Anon, sendo um espaço de troca de experiências para familiares de
alcoolistas. Esse grupo não está ligado a seitas, religiões, partidos políticos e instituições. O
Al-anon abrange também o Alateen, que são grupos compostos por membros jovens (13 a 19
anos), que sofrem com o alcoolismo de um familiar ou amigo.
No campo da terapêutica para os problemas derivados do abuso do álcool e outras
substâncias psicoativas, Giffoni e Santos (2011), afirmam que uma das abordagens mais
promissoras é a terapia comunitária (TC). Trata-se de modalidade terapêutica nascida na
favela do Pirambu, em Fortaleza, CE, no ano 1987, e que tem sido incorporada como política
pública do Sistema Único de Saúde (SUS), difundindo-se para todos os Estados do Brasil,
alguns países da Europa e EUA. Estudos recentes têm sido dedicados a demonstrar as bases
teóricas e os benefícios terapêuticos de sua aplicação, bem como as repercussões dessa
modalidade de tratamento, no cotidiano de seus participantes.
44
O leque de aplicabilidade da TC é amplo, podendo funcionar como recurso de
atenção primária, visando a prevenção de problemas ou seu agravamento, assim como se
presta ao tratamento de difculdades já instaladas, como o uso de substâncias psicoativas. A
riqueza das práticas populares de cura é valorizada e incorporada pela TC, consoante com
compreensão mais próxima dos aspectos culturais envolvidos no processo saúde/doença.
4.4 ATENDIMENTO AO ALCOOLISTA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE
A pessoa que procura o profissional de acordo com Santos, Furegato e Scatena
(2006), quer ajuda e, em geral, está disposta a mudanças, pois está insatisfeita com alguma
coisa ou está sofrendo muito. Entretanto, a mudança só vai ocorrer no momento em que a
pessoa estiver pronta, em condições para fazê-lo. Dessa forma, a atenção de quem ajuda deve
estar concentrada no indivíduo com suas condições pessoais e sociais, evitando fixar-se
apenas no problema que ele apresenta.
Segundo Fornazier e Siqueira (2006), a assistência a usuários de álcool foi efetiva em
nosso país através do Programa Nacional de Controle dos Problemas Relacionados com o
Consumo do Álcool (PRONAL), no qual temos a intenção à saúde dirigida de forma
específica para essa problemática, bem como a participação de diversos profissionais da saúde
na assistência ao alcoolista e aos seus familiares.
No Programa de Atendimento ao Alcoolista do Hospital Universitário Cassiano
Antonio de Moraes da Universidade Federal do Espírito Santo (PAA/HUCAM/UFES), a
intervenção é desenvolvida através de uma equipe técnica composta por serviço social,
medicina, enferrmagem e psicologia (Macieira et al., 1992), que assistem o alcoolista e seus
familiares de forma tanto individual quanto grupal, tendo o enfermeiro um papel
essencialmente educativo. Segundo Pillon e Nóbrega (2001), esse papel educativo auxilia na
quebra de crenças preconceitos e superação da negação do problema, possibilitando o
desenvolvimento de um plano assistencial individualizado, com intervenções educativas e
aconselhamentos.
De acordo com Cardim et al. (1986), os fatores que estariam contribuindo para o
aumento das internações por alcoolismo seriam: 1. Maior oferta de serviços, isto é, hospitais e
casas de saúde conveniadas, e consequentemente maior facilidade para internar-se; 2.
Aumento decorrente de um artifíco, que no caso é estatístico, em que o total é 100%. Ora, há
45
doenças como a sífilis e psicoses endotóxicas, em que ocorreu uma diminuição real, o que
necessariamente faz com que os outros diagnósticos subam em suas proporções; 3. Aumento
real na prevalência do alcoolismo. Estudos nacionais e internacionais mostram um aumento
de alcoolismo, principalmente na população feminina e 4. Aprimoramento do diagnóstico de
alcoolismo.
Conforme Ministério da Saúde (2004), se as manifestações do uso indevido de álcool
e drogas encontram seu lugar na comunidade, é neste ambiente que terão lugar as práticas
terapêuticas, preventivas e educativas de maior impacto sobre os chamados fatores de risco
para este uso indevido.
O Ministério da Saúde publicou portarias voltadas para a estruturação de rede de
atenção específica aos usuários de álcool e drogas. A Portaria GM/336 de 19 de fevereiro de
2002 (MS, 2002) define normas e diretrizes para a organização de serviços que prestam
assistência em saúde mental, tipo Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, incluídos aqui os
CAPS voltados para o atendimento aos usuários de álcool e drogas, os CAPSad.
A necessidade de definição de estratégias específicas de enfrentamento que visam ao
fortalecimento da rede de assistência aos usuários de álcool e outras drogas, com ênfase na
reabilitação e reinserção social dos mesmos, levou o Ministério da Saúde a instituir, no
âmbito do Sistema Único de Saúde, o Programa Nacional de Atenção Comunitária Integrada
aos Usuários de Álcool e outras Drogas, via Portaria GM/816 de 30 de abril de 2002 (MS,
2002); mediante a consideração da multiplicidade de níveis de organização das redes
assistenciais localizadas nos Estados e Distrito Federal, da diversidade das características
populacionais existentes no País e da variação da incidência de transtornos causados pelo uso
abusivo e/ou dependência de álcool e outras drogas, o Ministério da Saúde propõe a criação
de 250 Centros de Atenção Psicossocial – CAPSad , dispositivo assistencial de comprovada
resolubilidade, podendo abrigar em seus projetos terapêuticos práticas de cuidados que
contemplem a flexibilidade e a abrangência possíveis e necessárias a esta atenção específica,
dentro de uma perspectiva estratégica de redução de danos sociais e à saúde.
Para ser atendido num Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) pode-se procurar
diretamente esse serviço ou ser encaminhado pelo Programa de Saúde da Família ou por
qualquer serviço de saúde. A pessoa pode ir sozinha ou acompanhada, devendo procurar,
preferencialmente, o CAPS que atende à região onde mora.
46
Pode-se encontrar esse ambiente no CAPS, que são instituições que acolhem
pacientes com transtornos mentais, com o objetivo de ressocialização destes, apoiando – os
em suas iniciativas de busca da autonomia, dispondo atendimento médico e psicológico. Para
os pacientes alcoolistas, é indicado o Centro de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e
drogas (CAPSad), que tem atendimento diário para indivíduos que desenvolveram transtornos
decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas, como álcool e outras drogas.
Possui leitos de repouso com a finalidade exclusiva de tratamento de desintoxicação (MS,
2004).
O CAPSad deve oferecer atendimento diário, sendo capazes de oferecer atendimento
nas modalidades intensiva, semi-intensiva e não-intensiva, permitindo o planejamento
terapêutico dentro de uma perspectiva individualizada de evolução contínua. Possibilita ainda
intervenções precoces, limitando o estigma associado ao tratamento. Assim, a rede proposta
se baseia nestes serviços comunitários, apoiados por leitos psiquiátricos em hospital geral e
outras práticas de atenção comunitária (ex.: internação domiciliar, discussão comunitária de
serviços), de acordo com as necessidades da população-alvo dos trabalhos.
O CAPSad oferece atenção ambulatorial diária aos dependentes químicos,
desenvolvendo uma gama de atividades que vão desde o atendimento individual
(medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros), até atendimentos em grupo ou
oficinas terapêuticas e visitas domiciliares.
4.5 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ALCOOLISTA
Para Vargas (2010), quando um alcoólico é admitido em unidades de hospitais gerais
um dos primeiros membros da equipe da unidade que entra em contato com ele é o enfermeiro
que, além de responsabilizar-se pela maioria dos contatos iniciais com esse paciente na
instituição, é responsável pelo planejamento de sua assistência do mesmo durante a
internação, o que por si só justificaria a realização de estudos sobre as atitudes desse
profissional diante de tais pacientes. As atitudes apresentadas por esse profissional nos
primeiros contatos com o paciente podem afetar significativamente o curso subsequente do
tratamento.
Vargas (2010) afirma que há um predomínio das atitudes negativas dos enfermeiros
frente ao alcoolismo e ao alcoolista, embora considerem o alcoolismo uma doença que precisa
47
de tratamento, ainda é possível encontrar opiniões dos profissionais que atribuem ao
alcoolismo a vontade do próprio paciente, predominando a insatisfação desses profissionais
quando precisam trabalhar com essa clientela, apesar de se sentirem capazes de cuidar dela.
Conforme Vargas e Labate (2006), o enfermeiro é um dos
profissionais mais
adequados ao tratamento das doenças mentais e particularmente o alcoolismo, sendo que suas
atitudes têm um grande impacto na relação com o paciente e conseqüentemente nos resultados
do tratamento.
De acordo com Pillon e Luis (2004), do ponto de vista dos cuidados de enfermagem,
Miranda et al. (2006), afirmam que na esfera do exercício profissional da enfermagem,
entende-se que apesar da crença de que todo o comportamento tem uma finalidade e visa
satisfazer uma carência ou comunicar uma mensagem, combinada com um sentimento de
curiosidade pelo significado do comportamento do cliente por parte do profissional
enfermeiro, este aspecto aparentemente trivial por ser cotidiano constitui a base do princípio
de que a mesma explora o comportamento do paciente em busca de respostas terapêuticas
capazes de atender a necessidade a partir da mensagem que está sendo comunicada.
No modelo moral, os indivíduos são considerados responsáveis tanto pelo início e o
desenvolvimento do problema, quanto pelas soluções e acredita-se que necessitam apenas de
motivação apropriada. A principal limitação do modelo moral é que as pessoas são levadas a
sentir-se culpadas pelo desenvolvimento do problema e a pensar que, de alguma forma, lhes
faltam força de vontade ou “fibra moral”, por não conseguirem alterar com sucesso seu
comportamento.
No modelo psicólogo ou psicossocial, inclui o aprendizado social, a interação
familiar e os traços da personalidade do indivíduo. O modelo de aprendizado social propõe
que o comportamento social é aprendido através da observação e imitação. Isto é, mostra que
o exemplo dos pais é um importante fator no padrão inicial do consumo de substâncias,
especialmente naquelas pessoas com habilidades sociais precárias. O uso do álcool é
socialmente adquirido, os padrões de comportamento aprendidos são mantidos por fatores
cognitivos, pela influência de modelos, expectativas e indicadores, e pela interação do
comportamento com reforços do meio, incluindo também os fatores genéticos. O ambiente
familiar é visto como parte importante na determinação do consumo do álcool e sugere que o
48
alcoolismo está consistentemente associado com negligência, distanciamento emocional,
rejeição dos pais e tensão familiar.
Prosseguindo, no modelo sociológico ou sociocultural, concebe a problemática das
drogas como resultado de um número de forças sociais. A sua explicação a respeito do uso de
substâncias enfatiza a função do meio cultural com suas crenças, valores e atitudes que
conduzem a comunidade ou seus grupos específicos no caminho da abstenção ou do uso de
drogas. É um modelo ambientalista, que destaca a importância do ambiente na conduta do
indivíduo; na interação de elementos sociológicos (do grupo ou subcultura à qual ele
pertence) e culturais (costumes e tradições). Para esse modelo, atitudes culturais com relação
ao uso de droga psicoativa podem exercer função importante na determinação do
comportamento individual, os fatores sociológicos tais como o desemprego, a privação social,
e outros, podem ter efeitos importantes sobre o início e o uso continuado da substância pelo
indivíduo. Também o sexo, idade, religião, etnicidade, condições socioeconômicas e ambiente
familiar influenciam diretamente na opção individual de usar ou não a substância.
Segundo Vargas, Oliveira e Luis (2010), a concepção dos profissionais a respeito do
alcoolista ou da pessoa que faz uso prejudicial do álcool, parece estar relacionada a indivíduos
que já se encontram em estágios avançados da doença; demonstram, assim, desconhecer ou
não atentar para aqueles usuários que buscam atendimento nesses serviços com queixas
inespecÌficas, que podem estar associadas ao uso prejudicial ou à dependência alcoólica.
De acordo com Twerski (1981), virtualmente, em todos os casos, não há coisa
alguma que você possa fazer para mudar o alcoolista. Tudo o que você pode fazer é
surpreender a espécie de comportamento que impede o alcoolista de sentir o impacto do beber
destrutivo o bastante cedo para salvá-lo e, espera-se, preservar a unidade da família.
Conforme Pillon e Luis (2004), no modelo médico ou de doença, baseia-se na
suposição de que a dependência de substâncias psicoativas seja entidade nosológica distinta e
de caráter progressivo, com origens ou manifestações físicas e necessita de tratamento
médico. Diversas entidades têm se empenhado em que seja utilizado o termo “dependência
em detrimento de outros com maior conotação moral” (vício) e que esse problema seja visto
como um conjunto de sintomas clínicos.Também implica em aceitar que o uso da substância
exerce papel de doença e o indivíduo espera ser tratado como doente. O enfoque do
tratamento implica na recuperação do uso, abuso e/ou dependência da substância, sendo a
49
abstinência total objetivo a ser alcançado. Como exemplo, os grupos de auto-ajuda (AA Alcoólatras Anônimos).
Lima, Braga e Gubert (2010) afirmam que, as interações do profissional enfermeiro
com um indivíduo são também interações indiretas com a família dele, porque esta é um
sistema dinâmico e a incapacidade de um membro afeta os demais na convivência familiar.
Apenas com a incorporação da família no processo de reabilitação, pode o sistema familiar
adaptar-se à mudança em um de seus membros. Ao adotar o agir centrado na dimensão desse
encontro humano, além dos aspectos biopsicossocial, o enfermeiro pode identificar pontos de
estrangulamento da convivência familiar, por meio de ações educativas em saúde e da visita
domiciliária.
De acordo com Acauan, Donato, Domingos (2011), quanto ao papel da equipe de
enfermagem junto ao alcoolista, é importante lembrar que, no Brasil, a partir da criação da Lei
n° 775/49, os currículos de graduação em enfermagem passaram a prever a formação de
profissionais voltados para atuar na área de Psiquiatria, cuja prática assistencial sempre foi
influenciada diretamente pelo saber médico construído sobre o doente mental, tanto que
“cabia às enfermeiras apenas vigiar, acompanhar, reprimir e controlar os doentes mentais ou
alienados, como eram designados no século XX”.
Segundo Pillon e Laranjeira (2005), o ensino de enfermagem pode estar contribuindo
para atitudes neutras ou negativas. Isto pode, por sua vez, comprometer o atendimento ao
segmento da população de pacientes que usam ou abusam do álcool ou outras substâncias
psicoativas. A educação formal sobre o uso de álcool e suas conseqüências é limitado,
especialmente no âmbito da oferta de cuidados adequados e tratamento para pacientes com
problemas de álcool ou alcoolismo. É imperativo que o enfermeiro deve ser capaz de
identificar problemas relacionados ao alcoolismo, quando aparecem juntos com outros
problemas de saúde, de modo que eles podem ter a capacidade de atendimento para tais
pacientes.
Conforme Vargas (2010), os enfermeiros de serviços de saúde, consideram cuidar de
pessoas com problemas relacionados ao álcool e outras drogas, como algo difícil e
desagradável, com um predomínio de atitudes negativas frente à questão.
50
Acauan, Donato e Domingos (2011) referiram que, “os enfermeiros tendem a ser
mais moralistas com relação aos alcoolistas e percebem o problema mais como fraqueza do
que como doença; também são mais moralistas se comparados com outros profissionais de
saúde”. E, ainda, que a percepção do enfermeiro com relação ao alcoolismo “tem sido mais no
enfoque de doença do que moral”, por isso “acreditam que essa população deve receber
assistência de saúde como outro doente qualquer”.
De acordo com Vargas e Labate (2006), apesar da crescente demanda de dependentes
do álcool nos hospitais, nem sempre o enfermeiro encontra-se preparado para atuar frente a
essa problemática. Talvez não seja tarefa fácil para os enfermeiros generalistas
compreenderem alguns aspectos que envolvem o alcoolismo, principalmente, porque pouca
atenção tem sido dada à questão do abuso de álcool na formação desses profissionais.
Segundo Pillon e Luis (2004), há necessidade de se promover a aliança terapêutica
através de um ambiente acolhedor, da empatia (fundamental para a motivação), conduzindo
ao relacionamento interpessoal. Garantindo ao indivíduo assistência integral e contínua e
contribuindo para a competência coletiva do trabalho da equipe. É particularmente importante
boa comunicação e o trabalho cooperativo. O paciente deve ser entendido e abordado sob a
ótica da totalidade numa perspectiva holística (a chave da intervenção terapêutica) que tem
como foco principal o ser humano na compreensão e tratamento do problema ou desconforto.
Pillon e Luis (2004) afirmam que, o paciente deve ser entendido e abordado sob a
ótica da totalidade numa perspectiva holística (a chave da intervenção terapêutica) que tem
como foco principal o ser humano na compreensão e tratamento do problema ou desconforto.
Nessa visão, o uso da substância química é visto como o agente gerador de malefícios, que
precisa ser tratado de alguma maneira, mas, inegavelmente, o indivíduo deve receber os
aportes necessários para alcançar o seu equilíbrio. Nesse sentido, o enfermeiro pode auxiliar
nessa
instrumentalização,
incentivando
e
apoiando
os usuários
responsabilidade pela melhora na qualidade de sua vida em todos os níveis.
a
assumirem
a
51
5. METODOLOGIA

Tipo de estudo
Estudo exploratório de abordagem qualitativa, que foi realizado por meio de
entrevistas, com a finalidade de descobrir as principais queixas dos alcoolistas em relação a
assistência de enfermagem. Para Polit e Hungler (1995), a pesquisa qualitativa costuma ser
descrita como holística (preocupada com os indivíduos e seu ambiente, em todas as suas
complexidades) e naturalista (sem qualquer limitação ou controle impostos ao pesquisador).

Sujeitos da pesquisa
Os sujeitos do estudo foram representados por alcoolistas, membros do grupo de
auto-ajuda Alcoólicos Anônimos, que desejaram participar da pesquisa voluntariamente, que
participavam regularmente das reuniões, e apresentavam condições físicas e emocionais para
responder aos questionamentos. As entrevistas foram realizadas em quatro grupos de AA da
cidade satélite Taguatinga Norte: Esperança, Taguanorte, Satélite e Serenidade. Foram
aplicados trinta questionários.
Os grupos tem uma média de 10-15 membros, exceto no grupo Esperança que a
média é de 5 pessoas. Foi definido o número de participantes no decorrer da coleta de dados,
através do critério de saturação de participantes, pois os membros não participavam somente
de um grupo e sim de vários, reduzindo assim, número de pessoas para a coleta. A coleta foi
iniciada após a permissão do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de
Brasília.
Alcoólicos Anônimos é uma irmandade de homens e mulheres que compartilham
suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolver seu problema comum e ajudar outros
a se recuperarem do alcoolismo. O único requisito para tornar-se membro é o desejo de parar
de beber. Para ser membro de A.A. não há taxas ou mensalidades, eles são auto-suficientes,
graças às suas próprias contribuições. Os Alcoólicos Anônimos não está ligado a nenhuma
seita ou religião, nenhum movimento político, nenhuma organização ou instituição, não
deseja entrar em qualquer controvérsia; não apóia nem combate quaisquer causas. O seu
propósito primordial é se manterem sóbrios e ajudar outros alcoólicos a alcançarem a
sobriedade. (The AA Grapevine, Inc.; 1966)
52

Coleta de dados
Os dados foram coletados por meio de entrevista, aplicando-se um roteiro semi
estruturado (anexo I). Segundo Togatlian, entrevista é um procedimento utilizado na
investigação social para coleta de dados, com a finalidade de fornecer subsídios para
diagnósticos, análises, pesquisas, ou mesmo com a finalidade de discutir e buscar soluções
para alguma problemática de natureza social. A coleta de dados nos grupos respeitou a
vontade daqueles que não quiseram participar da pesquisa. As respostas das questões abertas,
foram diretas, com pouca informação, mas no decorrer dos depoimentos, foi possível
compreender melhor os problemas relatados nas respostas, o que foi de grande ajuda na
discussão dos resultados.

Análise dos dados
Foi utilizada a análise de conteúdo do Bardin (2002), que seria um conjunto de
técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de
descrição do conteúdo das mensagens. Tais procedimentos são criteriosos, com muitos
aspectos observáveis, mas que colaboram bastante no desvendar dos conteúdos de seus
documentos. As fases dessa análise de acordo com Goldemberg e Otutumi (2008), seriam: a
exploração do material, tem-se o período mais duradouro: a etapa da codificação, na qual são
feitos recortes em unidades de contexto e de registro; a fase da categorização, no qual os
requisitos para uma boa categoria são a exclusão mútua, homogeneidade, pertinência,
objetividade e fidelidade e produtividade. Já a última fase, do tratamento e inferência à
interpretação, permite que os conteúdos recolhidos se constituam em dados quantitativos e/ou
análises reflexivas, em observações individuais e gerais das entrevistas.

Aspectos éticos
Os procedimentos éticos deste estudo são representados pela aprovação do projeto do
estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Católica de Brasília (anexo
III) e pela assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (anexo II) pelos sujeitos
que aceitaram participar da pesquisa. A pesquisa teve início após a aprovação do CEP.
53
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 PERFIL SOCIOECONÔMICO
Tabela 1 – Perfil socioeconômico
VARIÁVEL
N°
%
20 a 35 anos
2
7
36-45
3
10
46-55
7
23
56-65
4
13
66-75
4
13
Acima de 75
2
7
Sem resposta
8
27
Masculino
22
73
Feminino
6
20
Sem resposta
2
7
Ensino Fundamental completo
4
13
Ensino Fundamental incompleto
5
17
Ensino médio completo
6
20
Ensino médio incompleto
2
7
Ensino superior completo
5
17
Ensino superior incompleto
1
3
Outros
2
6
Sem resposta
5
17
Trabalham
18
60
Aposentados
7
23
Sem resposta
5
17
19
63
FAIXA ETÁRIA
SEXO
ESCOLARIDADE
OCUPAÇÃO
ESTADO CIVIL
Casados
54
Divorciados
4
14
Solteiros
4
14
Viúvos
1
3
Sem respostas
2
7
1 a 2 salários mínimos
5
17
2 a 3 salários mínimos
5
16
3 a 5 salários mínimos
8
27
Acima de 10 salários minimos
7
23
Sem respostas
5
17
RENDA FAMILIAR
6.1.1 Idade
A faixa de etária dos entrevistados que concentra maior número de alcoolistas é entre
46-55 anos (23%), sendo a menor idade de 22 anos e a maior de 82 anos. Temos 13% com 5665 anos, 13% com 66-75 anos, 10% com 36-45 anos, 7% com a faixa dos 20-35 anos e 7%
acima de 75 anos. Ressalta-se que 27% da amostra não respondeu essa questão.
Em relação a faixa etária prevalente nesses grupos, Campos (2009) afirma que a
maturidade física é um fator relevante na percepção das perdas e na decisão de filiar-se à
associação. O que explica a participação de pessoas mais velhas nos grupos de Alcoólicos
Anônimos.
6.1.2 Sexo
Verificou-se entre os entrevistados uma predominância de alcoolistas do sexo
masculino (73%), sendo que 20% são do sexo feminino e 7% não responderam essa questão.
Os dados deste estudo estão consoantes com Lima et al (2010), Araújo (2010) e Horta (2007),
os quais confirmam que os transtornos relacionados ao uso de álcool afetam cinco vezes mais
homens do que mulheres. Homens são acometidos em idade mais precoce, mas, uma vez
portadoras do transtorno, as mulheres têm uma progressão mais rápida da doença (LIMA et
al, 2010).
De acordo com Araújo (2010), estudos afirmam que as mulheres buscam mais
auxílio médico em geral que os homens, mas quando se trata de consumo de drogas, isso se
modifica. Horta (2007) afirma que, as mulheres procuram menos ajuda que os homens para
55
lidar com os problemas decorrentes do uso de substâncias psicoativas e aparecem menos
frequentemente em estudos que avaliam a associação entre o uso de substâncias psicoativas e
comportamentos violentos.
6.1.3 Escolaridade
Em relação a escolaridade, 20% tem o ensino médio completo, 17% ensino
fundamental incompleto, 17% ensino superior completo, 13% tem o ensino fundamental
completo, 6% ensino médio incompleto e 3% ensino superior incompleto. Ressalta-se que 7%
dos entrevistados estão classificados no item outros (pós graduação e analfabetismo) e 17%
não responderam essa questão.
6.1.4 Ocupação
Os dados levantados quanto à ocupação profissional mostram que 60% trabalham,
23% aposentados e 17% não responderam essa questão. As profissões que se destacam dentre
os que trabalham são: cinco autônomos, um professor, um policial militar, um ladrilheiro, um
empresário, um pedreiro, um empregador, um corretor, um pintor de automóvel, um auxiliar
de limpeza e quatro não especificaram a profissão.
6.1.5 Estado civil
Quanto ao estado civil teve predomínio dos casados (62%), sendo que alguns
relataram estarem no segundo casamento, pois por causa da bebida, muitos relacionamentos
terminaram. Em relação as outras respostas, 14% são divorciados, 14% solteiros, 3% viúvos e
7% não responderam essa questão.
As relações familiares antes do período de abstinência dos alcoolistas, na maioria das
vezes, são conturbadas. Segundo Filizola et al. (2006), os filhos afastam-se dos pais
alcoolistas por medo e vergonha, algumas esposas estão sempre considerando a possibilidade
de separação como única forma de solucionar o problema, tendo também prejuízos na vida
conjugal. Em muitos casos, a família evita falar do alcoolismo com os demais familiares
isolando-se diante do problema. Os familiares revelam um forte sentimento de vergonha em
relação ao familiar alcoolista devido a suas atitudes constrangedoras, o que compromete
sobremaneira a vida social das mesmas.
56
6.1.6 Renda familiar
A renda familiar dos membros do A.A., 27% de 3-5 salários mínimos, 23% acima de
10 salários mínimos, 17% recebem 1-2 salários mínimos, 16% de 2-3 salários mínimos e 17%
não responderam essa questão.
6.2 CARACTERÍSTICAS DO ALCOOLISMO ENTRE OS PARTICIPANTES
Tabela 2 – Caracterísiticas do alcoolismo entre os participantes
VARIÁVEL
Nº
%
INÍCIO DO CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS
Antes dos 15 anos
12
40
15 a 18
8
27
19 a 25
7
23
26 a 35
3
10
MOTIVOS
Diversão e lazer
9
30
Influências externas
7
23
Timidez
5
17
Curiosidade
3
10
Estado emocional
2
7
Beber socialmente
1
3
Vontade de beber
1
3
Sem resposta
2
7
TEMPO DE SOBRIEDADE
20 a 33 anos
4
13
10 a 19 anos
5
17
1 a 9 anos
13
44
1 a 11 meses
7
23
Menos de 1 mês
1
3
57
Em relação ao histórico da doença desses alcoolistas, a idade que os membros
começaram a beber foram antes dos 15 anos (40%), 15-18 anos (27%), 19-25 anos (23%), 2635 anos (10%).
Estes dados estão de acordo com Lima et al (2010) quando este autor afirma que ao
longo dos últimos anos, as pessoas têm iniciado o consumo de álcool cada vez mais cedo,
aumentado o risco de dependência e alterando o padrão de uso de álcool, visto que
dependência entre as mulheres têm se tornado semelhante aos dos homens.
De acordo com I Levantamento Nacional sobre os padrões de consumo de álcool na
população brasileira (2007), as bebidas alcoólicas são as substâncias psicotrópicas mais
utilizadas por adolescentes. Adolescentes que consomem bebidas alcoólicas podem ter
conseqüências negativas tão diversas como problemas nos estudos, problemas sociais, praticar
sexo sem proteção e/ou sem consentimento, maior risco de suicídio ou homicídio e acidentes
relacionados ao consumo (Faden, 2005). O consumo de bebidas alcoólicas no Brasil só é
legalmente permitido após os 18 anos de idade; no entanto, os empecilhos são pequenos para
que os adolescentes comprem e consumam álcool.
Quanto aos motivos que induziram o alcoolismo, foram citados: diversão e lazer
(30%), influências externas (23%), timidez (17%), curiosidade (10%), estado emocional (7%),
beber socialmente (3%), vontade de beber (3%) e 7% não responderam essa questão.
Após a análise dos resultados, pode-se afirmar que os membros começaram a
consumir bebidas alcoólicas muito cedo, antes dos 15 anos, por várias razões, festas de fim de
ano, ou porque ia comprar uma bebida alcoólica para o pai e acabava experimentando a
bebida. Outros motivos seriam a influência dos amigos e parentes; diversão e lazer; timidez,
que está relacionada a fazer amizades ou falar em público; estado emocional, pois quando
tinham algum problema, a bebida alcoólica era a solução para enfrentar a situação.
Sousa e Almeida (2008), desenvolveram um estudo sobre o alcoolismo nos
adolescentes, e em relação as causas que levam estes a beberem, tiveram como base os
estudos de Fishman (1988) e Vieira et al. (2007), podendo listar seis principais fatores que
influenciam o comportamento de beber: 1. contexto familiar e social, 2. curiosidade, 3.
pressão dos amigos, 4. prazer, 5. problemas emocionais e 6. facilidade de acesso. Sendo assim
58
observa-se que há consonância com os motivos que levaram os entrevistados ao consumo de
álcool.
O tempo de sobriedade dos membros entrevistados são: 1-9 anos (44%), 1-11 meses
(23%), 10-19 anos (17%), 20-33 anos (13%) e menos de um mês (3%). Entre os
entrevistados, 40% apresentam sequelas do uso abusivo de bebida alcoólica, sendo: dois com
diabetes, quatro com hipertensão, um com gastrite, um com esteatose hepática, dois sofreram
acidentes e três não especificaram as sequelas. Em contrapartida, 60% não tiveram nenhum
problema.
Segundo Melcop (2004), o álcool talvez é uma das substâncias psicoativas mais
utilizada em todo o mundo e pode, dependendo da dose, freqüência e circunstâncias, ser
consumida sem problemas. Entretanto, estudos recentes indicam que uma fração importante
da população substitui esse uso recreativo por outros, chamados de risco ou prejudicial, que
podem acarretar graves conseqüências físicas, psicológicas e sociais.
De acordo com o Ministério da Saúde (2004), entende-se como uso prejudicial de
bebidas alcoólicas o consumo que pode acarretar danos à saúde e ao bem-estar da pessoa e
dos ambientes sociais. O uso prejudicial guarda relação diretamente proporcional com os
padrões de consumo (quantidade, tipo, qualidade, forma e hábito de uso).
6.3 AVALIAÇÃO DO ATENDIMENTO DE SAÚDE POR SITUAÇÕES DECORRENTES
DO USO ABUSIVO DE BEBIDA ALCOÓLICA
Tabela 3 – Avaliação do antendimento de saúde por situações decorrentes do uso abusivo de
bebida alcoólica
VARIÁVEL
Nº
%
ASSISTÊNCIA MÉDICA
Sim
24
80
Não
6
20
LOCAL
Hospital público
13
32
Hospital particular
10
25
Posto de saúde
4
10
59
SAMU
2
5
Outros
6
14
Sem resposta
6
14
AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA MÉDICA
Satisfatória
19
63
Insatisfatória
6
20
Sem resposta
5
17
JUSTIFICATIVA
O alcoolista não é bem visto
4
13
Foi
2
7
2
7
1
3
1
3
1
3
2
7
bem
atendido
pela
equipe
Teve orientação da equipe
Atendimento
rápido
e
eficaz
Atendimento não foi eficaz
Os profissionais de saúde
entendem que o alcoolismo
é uma doença
Os profissionais de saúde
não
entendem
que
o
alcoolismo é uma doença
AVALIAÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
Ótimo
2
7
Muito bom
4
13
Bom
5
17
1
3
Regular
3
10
Péssimo
3
10
Precisa melhorar
1
3
2
7
Grande
participação
no
tratamento
Os profissionais de saúde
deveriam entender melhor
o alcoolismo
60
9
Sem resposta
30
SUGESTÕES
4
13
10
34
4
7
1
3
1
3
Melhoria salarial
1
3
Sem resposta
11
37
Melhorar atendimento
O
enfermeiro
deve
estudar/entender melhor a
doença alcoolismo
Atender com mais atenção,
disposição e respeito
Ter mais paciência
Orientar o alcoolista sobre
a sua doença
Conforme dados coletados, 80% dos membros precisaram de assistência médica em
consequência do uso abusivo de bebida alcoólica e 20% não precisaram. Sendo esse
atendimento no hospital público (32%), hospital particular (25%), posto de saúde (10%),
SAMU (5%), na opção outros (14%), seriam: clínica psiquiátrica, CAPs, atendimento
domiciliar, e 15% não responderam essa questão. Conforme Fonseca (2007), o alcoolismo e
as doenças orgânicas associadas ao álcool constituem uma das principais causas de internação
no Brasil.
A assistência médica foi avaliada em satisfatório (63%), insatisfatório (20%) e 17%
não responderam essa questão. Tendo diversas justificativas dessa avaliação, sendo elas: o
alcoolista não é bem visto (13%), bom atendimento (7%), os profissionais de saúde não
entendem que o alcoolismo é uma doença (7%), teve orientação da equipe de enfermagem, de
que o alcoolismo é uma doença e existe tratamento (7%), os profissionais de saúde entendem
que o alcoolismo é uma doença (3%), atendimento foi rápido e eficaz (3%), atendimento não
foi eficaz (3%) e 57% não responderam esse item.
Em relação ao atendimento da equipe de enfermagem, teve as seguintes avaliações:
bom (17%), muito bom (13%), regular (10%), péssimo (10%), ótimo (7%), precisa melhorar
(3%), a equipe de enfermagem foi muito importante, tendo grande participação no tratamento
(3%), os profissionais de saúde deveriam entender melhor o alcoolismo (7%) e 30% não
responderam essa questão.
61
Os trechos a seguir, ilustra uma das opiniões dos entrevistados em relação ao
atendimento da equipe de enfermagem:
A1: “Foi bom e ajudou a tomar consciência de que beber era um problema”.
A2: “Conscientizou-me da doença alcoolismo e como estacioná-la e fazer uma
reformulação e vida”.
A3: “Porque quando o alcoólico chega ao hospital em busca de ajuda (seja qual for o
motivo), sempre é mal atendido”.
A4: “Me chamavam de cachaceiro, irresponsável. Só vem dá trabalho para eles”.
Os alcoolistas insatisfeitos com o atendimento, relataram a discriminação dos
profissionais de saúde em relação ao alcoolismo, que eles não eram tratados como um
paciente e sim como o “bêbado”.
As sugestões dos alcoolistas para a melhoria da assistência de enfermagem, foram:
melhorar atendimento (13%), referindo que o profissional de saúde não deveria fazer
distinção de pessoas, ou seja, não tratando o alcoolista como “o bêbado” e sim como um
paciente como todos os outros. O enfermeiro deve entender/estudar a doença alcoolismo
(34%), atender com mais atenção, disposição e respeito (7%), ter mais paciência (3%),
orientar o alcoolista em relação a doença (3%), melhoria salarial (3%) e 37% não
responderam essa questão.
A1: “Sei que é difícil, mas todos enfermeiros(as) deveriam atender o público com
atenção e disposição”.
6.4 MOTIVOS PARA A ADESÃO AO AA
Tabela 4 – Motivos para a adesão ao A.A.
VARIÁVEL
Nº
%
MOTIVOS PARA A ESCOLHA DO A.A. COMO FORMA DE TRATAMENTO
Parar de beber
9
30
Através de internação
5
17
62
3
10
Sugestão do emprego
1
3
Visita ao A.A.
1
3
Última alternativa
2
7
Sofrimento
4
14
Família
3
10
Não conseguia sozinho
1
3
Incorreto
1
3
No A.A. todos passaram
pelo problema
REALIZAÇÃO DE OUTRO TRATAMENTO ALÉM DO A.A.
Sim
4
13
Não
26
87
PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS DO ALCOOLISMO NA VIDA DOS
PARTICIPANTES
1º Ambiente familiar
13
28
2º Ambiente de trabalho
6
13
3º Físico
8
17
4º Mental
6
13
5º Acidentes
6
13
Incorreto
7
15
Os motivos que fizeram os alcoolistas escolherem o A.A. como forma de tratamento,
foram: parar de beber (30%), através de internação (17%), no A.A. todos passaram pelo o
mesmo prolema (10%), sugestão do emprego (3%), visita ao A.A. (3%), era a última
alternativa (7%), sofrimento (14%), família (10%), não conseguia sozinho (3%), e teve uma
resposta que não foi coerente com a pergunta (3%). Dos entrevistados, 87% não participam de
outro tratamento além do A.A., e 13% participam, somente um especificou qual era o outro
tratamento, que era a internação.
De acordo com Alcoholics Anonymous World Services (2010), para ser membro de
AA, o único requisito é o desejo de parar de beber. Esta tradição é plena de significado. Pois
Alcoólicos Anônimos está sempre a dizer a todo beberrão contumaz: “você será um membro
de Alcoólicos Anônimos se assim o quiser. Você pode declarar-se dentro da Irmandade;
ninguém poderá mantê-lo de fora. Quem quer que você seja, por mais baixo que tenha
63
chegado, por mais graves que sejam as suas complicações emocionais – até mesmo os seus
crimes – não poderemos negar-lhe AA. Queremos apenas ter certeza de que você terá a
mesma oportunidade de chegr à sobriedade que nós tivemos. De modo que você será um
membro de Alcoólicos Anônimos no instante em que assim se declarar”.
Em relação aos motivos que fizeram os alcoolistas escolherem o A.A. como forma de
tratamento, o “parar de beber”, significa que eles já estavam conscientes de que eram
impotentes perante a bebida, e que não conseguiam parar de beber sozinhos. E outro motivo
“no A.A. todos passaram pelo o mesmo problema”, refere-se a simplicidade e eficácia do
programa, pois era somente alcoolistas compartilhando os seus problemas, então eles se
sentiam confortáveis em expor as suas dificuldades ao enfrentar essa doença, com alguém que
não iria julgá-los e sim, compreendê-los.
Os trechos a seguir, ilustram a importância do A.A. como escolha de tratamento dos
alcoolistas:
A1: “Tentei em vários lugares sem êxito, somente em A.A., pois falamos a mesma
linguagem, pois passamos pelos mesmos problemas”.
A2: “Visitei e teve alguma coisa que me tocou, parece que todos falavam de mim”.
Para os membros, o A.A. é um marco muito importante na vida deles, alguns relataram
em seus depoimentos, como se fosse “a luz do fim do túnel”, pois foi nesse grupo de autoajuda, que eles econtram apoio, compreensão e força para enfrentar o vício.
As principais consequências do uso abusivo de bebida alcoólica na vida desses
alcoolistas em forma crescente, foram: 1º ambiente familiar (28%), 2º ambiente de trabalho
(13%), 3º físico (17%), 4º mental (13%), 5º acidente (13%) e incorreto (15%).
Segundo Campos (2009), os membros de A.A. destacam as perdas acumuladas,
sobretudo, na família, durante o período ativo do alcoolismo. Embora a doença alcoólica seja
um mal individual, ela ao mesmo tempo em que atinge o dependente também afeta sua
família e local de trabalho, deteriorando os vínculos sociais e os afetos.
De acordo com Lima et al (2010), o alcoolismo pode constituir-se como um dos
maiores problemas para as famílias, as quais demonstram pouco conhecimento sobre o
64
mesmo. Entre as maiores difculdades enfrentadas estão a violência intrafamiliar e as relações
conturbadas.
Para Fonseca (2007), o alcoolismo acomete principalmente os grupos mais jovens e
também os adultos que trabalham, nos quais as conseqüências podem ser fatais, dada a
possibilidade dos acidentes de trabalho, afetando, também, a produtividade das empresas.
Seus graves efeitos se estendem também à questão social e familiar, esta última tendo em
vista a desestruturação da família, inclusive no aspecto econômico, uma vez que grandes
quantias de dinheiro são gastas pelos trabalhadores no consumo de bebidas.
Segundo Oliveira e Luchesi (2010), a visão da Organização Mundial da Saúde é de
que o álcool possui consequências para a saúde e o ambiente social do alcoolista através da
intoxicação, dependência, dentre outros efeitos bioquímicos. A intoxicação tem sido
relacionada a problemas como acidentes de carro, violência doméstica, doenças crônicas e
problemas de ordem social. Tem aumentado as evidências de que o volume de álcool
consumido e os padrões de beber são impactantes para a saúde.
65
7. CONCLUSÃO
Esta pesquisa teve como objetivo geral avaliar a assistência de enfermagem a partir da
opinião dos alcoolistas que já passaram por internação em função do alcoolismo. Do total de
entrevistados, 63% acham que a assistência médica recebida foi satisfatória e eficaz. O
atendimento de enfermagem foi considerado bom (17%). Muitos dos entrevistados não
souberam diferenciar qual profissional de saúde que prestou atendimento, então eles
avalariam o atendimento no geral. Apesar de terem essa opinião, muitos membros sugerem
que os enfermeiros deveriam ter mais interesse por essa doença, procurando entendê-la
melhor, pois assim, eles poderão orientar o paciente que tenha dependência alcoólica a
procurar um tratamento adequado, que no caso, eles sugerem os Alcoólicos Anônimos.
Os objetivos específicos foram: definir o perfil socioeconômico dos alcoolistas
frequentadores dos AA de Taguatinga Norte. Tendo como perfil, faixa etária de 44-55 anos,
sexo masculino, possuem o ensino médio completo, trabalham, são casados e obtém uma
renda salarial de 3-5 salários mínimos.
Tendo como outro objetivo, elaborar recomendações para melhorar a qualidade do
atendimento de enfermagem. Diante disso, as recomendações seriam: atuação interdisciplinar,
saber orientar locais de referência ao paciente alcoolista como alternativa de tratamento e
capacitação do enfermeiro sobre a doença alcoolismo.
Essa atuação disciplinar, seria a enfermagem com os outros profissionais das áreas de
serviço social, medicina e psicologia, oferecerendo uma assistência integral ao paciente
alcoolista e a sua família, através das seguintes etapas: 1) reunião de sala de espera, que
abordaria temas relacionados ao alcoolismo, como por exemplo: definição da doença,
sintomas, tratamento, entre outros; 2) entrevista com o serviço social; 3) consulta médica; 4)
consulta de enfermagem, que abordaria a educação em saúde ao paciente alcoolista e a sua
família, a partir dos problemas decorrentes do uso, abuso e dependência do álcool. Atendendo
também, as necessidades humanas básicas centradas no autocuidado do paciente; 5)
atendimento psicológico; 6) grupos de auto ajuda (A.A., Al-anon, Alateen).
Nessa pesquisa foi citado vários tipos de tratamentos, como os farmacológicos e os
não farmacológicos. E como foi sugerido que o enfermeiro tenha conhecimento de locais de
66
referência para tratamento de alcoolismo, pode-se citar: o CAPS ad, os Alcoólicos Anônimos
e a terapia comunitária.
Em relação a capacitação do enfermeiro sobre o alcoolismo, tem como sugestões
mini cursos e visitar um grupo de auto ajuda, pois em cada reunião eles abordam o alcoolismo
desde da causa até as suas consequências. Essa última opção seria mais viável, pois não paga
para assistir as reuniões, não são de longa duração, oferece grande conhecimento desta
doença, e pode conscientizar o profissional de saúde da gravidade da doença.
67
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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74
9. ANEXOS
9.1 ANEXO I
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
PESQUISA DE CAMPO
Idade: _____ anos
Sexo: (
Escolaridade:
(
) Ensino fundamental completo
(
) Ensino fundamental incompleto
(
) Ensino médio completo
(
) Ensino médio incompleto
(
) Ensino superior completo
(
) Ensino superior incompleto
Outros: ____________________
Ocupação:
(
) Aposentado(a)
(
) Desempregado(a)
(
) Empregado(a)
Qual?________________
Estado civil:
(
) Solteiro(a)
(
) Casado(a)
(
) Divorciado(a)
(
) Viúvo(a)
Outro: ___________________________________
Renda familiar:
(
) 1-2 salários mínimos
(
) 2-3 salários mínimos
(
) 3-5 salários mínimos
)F (
)M
75
(
) Acima de 10 salários mínimos
Com quantos anos você começou a beber?
(
) Antes dos 15 anos
(
) 15 – 18 anos
(
) 19 – 25 anos
(
) 26 – 35 anos
Outros: ________________________
Qual foi o principal motivo que influenciou a você beber?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Há quanto tempo você está sem beber?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Tem algum problema de saúde por consequência pelo uso do álcool?
(
) Sim
(
) Não
Qual?__________________________________________
Você já precisou de assistência médica por consequência pelo uso do álcool?
(
) Sim
(
) Não
Quantas vezes? _____________
Aonde foi esse atendimento?
(
) Hospital particular
(
) Hospital público
(
) Posto de saúde
(
) SAMU
Outro? _____________________
76
O atendimento foi satisfatório?
(
) Sim
(
) Não
Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Qual a sua opinião da equipe de enfermagem durante o atendimento que você recebeu?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Você tem alguma sugestão para a melhoria da assistência de enfermagem?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Você realiza outro tratamento além da participação do AA?
(
) Sim
(
) Não
Qual? ____________________________________________________
Qual foi o principal motivo que fez você a participar do AA?
___________________________________________________________________________
De forma crescente, qual a principal consequência do álcool na sua vida?
(
) Físico
(
) Mental
(
) Ambiente familiar
(
) Ambiente de trabalho
(
) Acidentes
77
9.2 ANEXO II
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Prezado (a)
Venho através deste termo, solicitar sua participação na pesquisa: Identificando as
principais queixas dos alcoolistas em relação a assistência de enfermagem ..
Esta pesquisa visa avaliar a assistência de enfermagem a partir da opinião dos
alcoolistas que já passaram por internação em função do alcoolismo. As informações serão
levantadas a partir de um questionário, sem qualquer tipo de divulgação individual e não
haverá nenhum tipo de remuneração e nem custo financeiro ao participante. Sua contribuição
à pesquisa deverá ser voluntária e em qualquer fase da pesquisa poderá desistir de participar
sem riscos ou prejuízos a sua pessoa. Os benefícios da pesquisa serão para fornecer dados
para outros estudos e construção de novos conhecimentos.
Assim, caso seja de livre e espontânea vontade sua participação, solicitamos que
assine o termo de autorização abaixo que será impresso em duas cópias (uma para o
participante e outra para o pesquisador).
Eu abaixo assinado.................................................................................................., concordo
em participar voluntariamente, do estudo: ........................................................................,
realizado por Hellen Cristina Lelis Pacheco, acadêmica do Curso de Enfermagem da
Universidade Católica de Brasília. Declaro que fui devidamente informado(a) pela aluna
pesquisadora, sobre os objetivos da pesquisa e, que posso, se assim desejar, não participar do
estudo, sem nenhum risco ou prejuízo. A orientação do trabalho está a cargo de Leila Gottems
e Carla Luciene Docentes do curso de Enfermagem da Universidade Católica de Brasília.
Assinatura......................................................................................................................................
Em caso de dúvida, favor manter contato pelo telefone. Hellen Cristina (84265471)
Assinatura da pesquisadora: .........................................................................................................
Local e data: ................................................................................................................................
78
9.3 ANEXO III
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