A hereditariedade específica corresponde à informação genética

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Matéria de Psicologia 12º Ano
Genética
A genética é a ciência que estuda o processo de transmissão dos carateres dos progenitores para
a sua descendência.
Agentes responsáveis pela transmissão hereditária:
Muitas das nossas características físicas e comportamentais são herdadas, ou seja, já nascem
connosco. Os agentes responsáveis por essa hereditariedade são os cromossomas, o ADN e os
genes. As células reprodutoras (óvulo – gâmeta feminino; espermatozoide – gâmeta masculino)
são responsáveis pela transmissão das características hereditárias. No início há a junção do
óvulo e do espermatozoide, que geram o ovo ou zigoto. Desta forma, o ovo ou zigoto é a
primeira célula que constitui o individuo. Esta célula vai dividir-se em duas, que por sua vez se
subdividirão até gerar o organismo, processo designado por mitose. Este processo é também
responsável pela produção das células novas que substituem as células que morrem. Assim, a
mitose permite o crescimento, a regeneração das lesões e a renovação dos tecidos. Os seres
humanos são constituídos por células que apresentam uma organização estrutural complexa,
com um núcleo delimitado por um invólucro nuclear e, no interior do núcleo encontra-se a
informação genética responsável pelas características de cada individuo. O núcleo de uma célula
contém os cromossomas, que são constituídos por ADN (ácido desoxirribonucleico) e por
proteínas. Os cromossomas são segmentos de ADN e contêm vários genes. São as estruturas
mais importantes na célula durante a divisão celular, porque são responsáveis pela transmissão
da informação hereditária de geração em geração. O cariótipo corresponde ao número e à forma
dos cromossomas característicos de cada espécie. O ser humano (o cariótipo humano) tem 46
cromossomas, ou seja, 23 pares (estão organizados dois a dois). Na síndroma de Down o ser
humano tem 47 cromossomas (Trissomia 21). Os cromossomas organizam-se em pares
semelhantes, dois a dois, exceto o par de cromossomas sexuais, isto é, os humanos têm 22 pares
comuns aos dois sexos, porém o par 23 é diferente, pois é o par do cromossoma sexual. Desta
forma, o cromossoma sexual da mulher é constituído por dois cromossomas X e o cromossoma
sexual do homem é constituído por um cromossoma X e por um cromossoma Y. Assim, é o pai
quem define o sexo da criança. Cada molécula de ADN parece-se com uma escada de corda
torcida ou a duas cadeias enroladas em hélice, uma dupla hélice. Os “degraus da escada” são
constituídos por quatro bases azotadas: Adenina (A),Timina (T), Citosina (C) e Guanina (G).
Estas bases estão ligadas duas a duas: a Adenina (A) está associada à Timina (T) e a Guanina
(G) está associada à Citosina (C). Os lados da escada são constituídos por cadeias de
desoxirribose (açúcar) e por ácido fosfórico. A cada conjunto formado por uma desoxirribose,
uma molécula de ácido fosfórico e uma base azotada dá-se o nome de nucleótido. O ADN é
formado por cadeias de nucleótidos. A estrutura do ADN é universal e o número e a sequência
dos nucleótidos definem as características de cada ser vivo. Resumindo, o ADN é um ácido
desoxirribonucleico constituído por uma molécula em forma de uma escada em hélice dupla que
é composta por subestruturas de fosfatos, bases azotadas e açúcar. O gene é um segmento de um
cromossoma a que corresponde um código distinto e uma informação para produzir uma
determinada proteína ou controlar uma característica (cor dos olhos ou dos cabelos). Um
cromossoma contém vários genes que são responsáveis por todas as características físicas do
individuo, ou seja, contêm a informação genética. O genoma é o conjunto de genes que
constituem a informação genética do ser humano. O que distingue os seres humanos de outros
seres vivos é a grande complexidade das associações entre os genes. Os cromossomas com
forma e estrutura idênticas são designados por cromossomas homólogos. Em cada par de
cromossomas homólogos existem genes com informação para o mesmo caracter, ocupando a
mesma posição relativa, isto é, situados no mesmo local. Estes genes são designados por genes
alelos, um alelo é herdado da mãe e outro do pai e cada um deles tem informações ligeiramente
diferentes, por exemplo, na cor dos olhos, o gene que determina a cor azul pode ser alelo do
gene que determina a cor castanha. Quando os alelos têm a mesma informação diz-se que o
individuo é homozigótico e se a informação é contrastante o indivíduo é heterozigótico. O gene
é dominante quando produz efeito, ainda que esteja presente num só alelo. O gene é recessivo
quando só produz efeito se presente nos dois genes (do pai e da mãe). A constituição genética de
um individuo para um determinado caracter é indicada pelos alelos e constitui o genótipo do
individuo para esse caracter. O modo como o genótipo se vai manifestar nesse mesmo individuo
Ana Pinto
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corresponde ao fenótipo, que resulta da expressão do genótipo em interação com o ambiente. Os
genes de desenvolvimento desenham o plano e o padrão do organismo, isto é, definem as
dimensões e as formas dos diferentes órgãos determinando o número, a forma e a localização
das células que os formam. Desta forma, planificam o processo de construção do organismo e
desempenham um papel decisivo nas etapas de construção do cérebro. Há genes de
desenvolvimento particulares que controlam a divisão e a morte das células, como os
oncogenes, que intervêm na formação de cancros e tumores. Os genes de desenvolvimento têm
uma função reguladora ao articularem os aspetos evolutivos, genéticos e de desenvolvimento.
Quando ocorre a fecundação o ovo contém 46 cromossomas e se nos indivíduos não ocorresse
um processo que reduzisse para metade o número de cromossomas, o individuo seguinte
possuiria 92 cromossomas, isto é, duplicaria em relação ao anterior, o que se traduziria numa
alteração das características da espécie. Na realidade, a quantidade de material genético em cada
espécie mantem-se constante de geração em geração graças à meiose, isto é, um processo de
divisão celular da qual resultam as células sexuais, que possuem metade do número de
cromossomas característicos da espécie. A separação, ao acaso, dos cromossomas homólogos,
que reduz o número de cromossomas para metade, contribui para o aumento da variabilidade
genética. Desta forma, o caracter aleatório reforça a diversidade genética resultante da meiose e
explica a grande variedade de seres dentro da mesma espécie.
Influências genéticas e epigenéticas no comportamento:
A hereditariedade específica corresponde à informação genética responsável pelas
características comuns a todos os indivíduos da mesma espécie, determinando a constituição
física e alguns comportamentos. Entre os seres humanos há um conjunto de características
comuns que nos definem como humanos, como por exemplo, a constituição do rosto e das mãos
e a estrutura do esqueleto e do cérebro, que constituem a nossa hereditariedade específica. A
hereditariedade individual corresponde à informação genética responsável pelas características
de um individuo e que o distingue de todos os outros membros da sua espécie. É o que o torna
um ser único. Todos temos a mesma hereditariedade específica, ou seja, que nos torna humanos,
e todos temos uma diferente hereditariedade individual, ou seja, que nos torna únicos. O
genótipo corresponde à coleção de genes de que o individuo é dotado aquando da sua conceção
e que resulta do conjunto de genes provenientes da mãe e do pai. O genótipo é a constituição
genética de um individuo, o conjunto das determinações genéticas herdadas e que podem, ou
não, exprimir-se conforme as características do meio em que se desenvolve. O genótipo é,
assim, o projeto genético de um organismo. O fenótipo designa a aparência do individuo, ou
seja, o conjunto de características observáveis que resultam da interação entre o genótipo e o
meio ambiente onde ocorre o desenvolvimento. O fenótipo é, assim, o conjunto de carateres
individuais de origem genética que receberam modificações decorrentes da relação como o
meio. Desta forma, a aparência de uma pessoa é determinada pelo genótipo e, assim, a pessoa é
o resultado de uma história em que se interligam fatores hereditários e fatores ambientais. A
interação hereditariedade - meio pode permitir o desenvolvimento harmónico do potencial
genético, mas pode também influenciar negativamente o processo de expressão e
desenvolvimento desse potencial. O meio antes do nascimento, isto é, o meio intrauterino, pode
afetar negativamente o desenvolvimento do feto, no caso de a mãe ter uma má nutrição ou se
ingerir substâncias tóxicas. Também o meio após o nascimento irá influenciar em grande parte o
que somos. Os gémeos falsos, gémeos heterozigóticos, resultam da fecundação de dois óvulos
por dois espermatozoides distintos. A fecundação irá gerar dois seres humanos diferentes que
nascerão ao mesmo tempo. Por outro lado, os gémeos verdadeiros, gémeos homozigóticos,
resultam do desdobramento do ovo, pois este resulta de um óvulo fecundado por um
espermatozoide e como os dois ovos resultam do desdobramento, têm os mesmos cromossomas
e, por isso, a mesma carga hereditária. Logo, são cópias absolutamente iguais, a configuração
física é a mesma e têm o mesmo grupo sanguíneo. O preformismo ou teoria da preformação
considerava que o ovo continha o individuo em miniatura e, assim, defendia que o
desenvolvimento embrionário consiste no desenvolvimento de potencialidades preexistentes no
ovo. Desta forma, o desenvolvimento do novo individuo limitava-se ao aumento do tamanho do
ser em miniatura e à amplificação das estruturas preexistentes no ovo. Uns cientistas
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consideravam que o futuro ser já se encontrava em miniatura no espermatozoide e outros
cientistas consideravam que o novo ser existia preformado no óvulo. Logo, no interior estaria
um pequeno homem preformado. Assim, o preformismo acentua a dimensão genética do
desenvolvimento, não tendo em conta o efeito do ambiente, sendo que esse desenvolvimento
dependeria apenas da componente hereditária, isto é, haveria um determinismo hereditário. A
teoria da epigénese ou epigenetismo considera que o ovo é uma estrutura desorganizada e que a
diferenciação do embrião dá-se pelo efeito de forças exteriores e, assim, nega a existência de
estruturas preformadas no ovo e que se desenvolvem mais tarde. Logo, o desenvolvimento é o
resultado de um processo gradual de crescimento, diferenciação e modificação. Assim, o
desenvolvimento não é a simples sucessão de etapas predeterminadas no ovo, pois resulta de um
conjunto de interações entre as potencialidades genéticas e as influências do meio. Concluindo,
a epigénese designa o que na construção do organismo e dos seus comportamentos não depende
apenas dos genes nem apenas da aprendizagem.
A complexidade do ser Humano e o seu inacabamento biológico:
A filogénese refere-se ao desenvolvimento da espécie, isto é, constitui o conjunto de processos
de evolução dos seres vivos, é o conjunto dos processos biológicos de transformação que
explicam o aparecimento das espécies e a sua diferenciação e, por fim, refere-se à história
evolutiva de uma espécie. A ontogénese refere-se ao desenvolvimento do individuo, isto é,
constitui o desenvolvimento do individuo desde a fecundação até ao estado adulto. A lei da
recapitulação corresponde à lei segundo a qual a ontogénese recapitula a filogénese, ou seja, no
decurso do seu desenvolvimento, o embrião reproduz os estádios da evolução da vida das
espécies. Chama-se lei da recapitulação ontofilogenética, isto é, o desenvolvimento do embrião
exprime e recapitula, etapas do desenvolvimento que correspondiam a estádios da evolução, da
história filogenética das espécies. Desta forma, a ontogénese seria determinada pela filogénese.
O individuo é produto da interação entre os fatores genéticos e os fatores ambientais e é esta
interação que garante a adaptação ao meio ambiente, uma condição necessária para a
sobrevivência. Assim, ao contrário do que defendia a lei da recapitulação, a ontogénese é a
causa da filogénese, isto é, são as transformações ontogenéticas que ocorrem no processo
evolutivo que permitem a adaptação ao meio ambiente. Desta forma, um ser que não se
modificasse no sentido de adaptação morreria e uma espécie que não mudasse extinguir-se-ia.
Concluindo, a ontogénese integra os efeitos combinados e indissociáveis da maturação e da
experiência. Todos os seres vivos estão programados. São programas genéticos fechados, os que
preveem de forma determinada os processos evolutivos e comportamentos característicos de
uma determinada espécie. São programas genéticos abertos, os que não estão totalmente
programados, como por exemplo, o ser humano tem uma programação básica de caracter
biológico, mas não está determinado por um sistema de instintos que defina, à partida, o seu
desenvolvimento e o seu comportamento. Isto constitui uma vantagem, porque, desta forma, o
Homem tem capacidade para enfrentar situações imprevistas, isto é, o seu inacabamento
permite-lhe adaptar-se às mudanças e às situações imprevistas. O Homem é um ser
biologicamente inacabado, pois quando nasce apresenta uma incapacidade para reagir ao meio.
Assim, o ser humano é um ser prematuro, isto é, não apresenta as suas capacidades e as suas
competências desenvolvidas, porque nasceu inacabado. Por essa mesma razão, a sua infância é
muito longa e necessária para a sua sobrevivência. O inacabamento biológico do ser Humano
designa-se por neotenia, isto é, representa um atraso no desenvolvimento que faz com que o
individuo se desenvolva mais devagar, dependendo dos adultos, pois é necessário ensinar-lhe a
andar, a falar, a comer, etc. O processo de desenvolvimento do cérebro está ligado ao
retardamento ontogenético, ou seja, ao prolongamento do período da infância e da adolescência.
Concluindo, os genes de desenvolvimento fazem do ser humano um ser neoténico, ou seja, um
animal em que há um prolongamento da morfologia juvenil até à idade adulta. A prematuridade
do ser humano é uma vantagem, porque possibilita uma maior capacidade de aprender e de
desenvolver muitas das suas capacidades e competências, o processo de adaptação ao meio
torna-se mais flexível e o Homem tem, assim, a necessidade de criar a sua própria adaptação, a
sua própria cultura que irá transmitir de geração em geração e terá de recorrer à aprendizagem
para sobreviver.
Ana Pinto
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