identificação do projeto - pibic

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DIRETORIA DE PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO
Período: Setembro/2014 a Agosto/2015
( ) PARCIAL
(X) FINAL
IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Título do Projeto de Pesquisa: (ao qual está vinculado o Plano de Trabalho): ANÁLISES
FITOQUÍMICA E FARMACOGNÓSTICA DE ESPÉCIES AMAZÔNICAS: Petivera
alliacea L. e Eupatorium ayapana V.
Nome do Orientador: Marcieni Ataíde de Andrade
Titulação do Orientador: Doutora
Faculdade: Farmácia
Unidade: Instituto de Ciências da Saúde – ICS
Laboratório: Farmacognosia
Título do Plano de Trabalho: Composição química de frações obtidas de extratos com
diferentes polaridades de Eupatorium ayapana V.
Nome do Bolsista: Daniele Hidemi Okabe
Tipo de Bolsa:
( ) PIBIC/CNPq
( ) PIBIC/CNPq-AF
( ) PIBIC/UFPA - AF
( ) PIBIC/UFPA-AF
( ) PIBIC/INTERIOR
(X) PIBIC/FAPESPA
( ) PARD
( ) PARD – renovação
( ) PADRC
( ) Bolsistas PIBIC do edital CNPq 001/2007
RESUMO DO RELATÓRIO ANTERIOR
AVALIAÇÃO SAZONAL DA EXPRESSÃO DE CUMARINA EM Eupatorium ayapana V.
(ASTERACEAE)
Eupatorium ayapana V. (Asteraceae) é uma espécie vegetal da Amazônia, conhecida
popularmente por Japana, bastante utilizada na medicina tradicional. A principal classe de
metabólito secundário desta espécie é das cumarinas. Por isso, esse estudo avaliou a
influência da sazonalidade na expressão de cumarinas por esta planta. O material vegetal foi
coletado em dois períodos (seco e chuvoso) no município de Acará-PA. Para obtenção da
droga vegetal foi selecionado partes aéreas da espécie e submetidas ao processo de secagem,
pulverização e extração consecutiva com solventes de polaridade crescente (hexano,
diclorometano, acetato de etila e metanol). Os extratos foram analisados por Cromatografia de
Camada Delgada (CCD), utilizando a cumarina 1,2-benzopirona como padrão, onde os
extratos com melhores perfis de cumarinas foram selecionados para análise
espectrofotométrica. Realizou-se uma varredura espectral no intervalo de 280 nm a 400 nm
para selecionar o comprimento de onda e comparar espectros dos extratos e padrão.
Determinou-se a absorbância de diferentes diluições do padrão, no comprimento de onda
selecionado, para obtenção da curva de calibração e quantificou-se o teor de cumarinas nos
extratos. Dentre os extratos analisados por CCD, o de diclorometano e de acetato de etila
apresentaram os melhores perfis de cumarinas, que foram selecionados para análises
espectrofotométricas. Na varredura espectral o padrão de cumarina apresentou dois picos de
absorção (289 e 313 nm), sendo selecionado o de maior absorção. A curva de calibração
apresentou correlação linear entre a concentração e absorbância, deste modo, foi possível
constatar que o teor de cumarinas nos extratos do período chuvoso foi maior do que nos
extratos do período seco, demonstrando que a sazonalidade pode exercer efeito positivo na
produção de cumarinas pela planta e permitindo sugerir que o melhor período de coleta para
E. ayapana V. é o chuvoso.
Palavras chave: Eupatorium ayapana V., cumarinas, sazonalidade.
INTRODUÇÃO
A utilização de plantas e produtos naturais no tratamento de doenças é uma prática que
sempre esteve presente no decorrer da história da humanidade. O emprego de plantas
medicinais para a manutenção e a recuperação da saúde tem ocorrido ao longo dos tempos,
desde as formas mais simples de tratamento local até as formas tecnologicamente sofisticadas
de fabricação industrial (MELO, 2012). As plantas medicinais apresentam ampla diversidade
de metabólitos secundários com diferentes atividades biológicas (SIMÕES et al. 2003).
Mediante o consumo cada vez mais frequente de plantas medicinais, sob forma de chás e/ou
cápsulas, estudos devem ser desenvolvidos a fim de avaliar a sua composição (ANDRADE et
al, 2005).
A família Asteraceae pode ser considerada uma das mais importantes fontes de
espécies vegetais de interesse terapêutico, dado o grande número de plantas pertencentes a ela
com uso medicinal (MELO, 2012). Asteraceae é uma das maiores famílias de plantas e
compreende cerca de 1.600 gêneros e 23.000 espécies (ANDENBERG et al, 2007). Na região
amazônica, Eupatorium ayapana Veuten (Asteraceae) é uma das espécies da família bastante
utilizada com fins terapêuticos, possuindo atividade antimicrobiana (GUPTA et al. 2002),
antioxidante (BEPARI et al. 2013), hemostática (DI STASI, 1989) e antidiarreica (CORRÊA,
1984). Eupatorium triplinerve e Ayapana triplinervis são sinonímias da espécie, que na região
é conhecida popularmente como Japana.
Estudos acerca da espécie E. ayapana apontam classes de constituintes isolados do
extrato das folhas, sendo eles: cumarinas e esteroides (GUPTA et al. 2002). Os compostos
ativos que já foram isolados e identificados pertencem majoritariamente à classe das
cumarinas (CHATURVEDI e MULCHANDANI, 1989; NATAJARAM e NATAJARAM,
1979; BOSE e ROY, 1936, GARG e NIGAM, 1970; TRANG et al., 1992, 1993). Outros
estudos já identificaram diversos tipos de derivados triterpênicos e derivados aromáticos no
óleo essencial da espécie (GUPTA et al., 2004; MAIA et al., 1999; GAUVIN-BIALECKI &
MARODON, 2008; GARG e NIGAM, 1970; GARG e NAKHARE, 1993; BEGUM et al.,
2010).
JUSTIFICATIVA
A ampliação das opções terapêuticas ofertadas a população, com garantia de acesso a
plantas medicinais, fitoterápicos e serviços relacionados à fitoterapia, com segurança, eficácia
e qualidade, na perspectiva da integralidade da atenção à saúde, é uma importante estratégia
com vistas à melhoria da atenção à saúde da população e a inclusão social. Tratando-se de
uma prática que estimula a participação direta da população no processo saúde-doença,
propomos realizar uma avaliação de espécies amazônicas sobre o sistema nervoso central
enfocando análises comportamentais, fitoquímicas e antioxidantes. Quanto mais detalhadas
forem as informações, maiores serão as chances de a pesquisa trazer subsídios de interesse
para se avaliar não somente a eficácia, mas garantir segurança ao uso de plantas medicinais e
dos seus produtos fitoterápicos.
Sabe-se que o Brasil é o país de maior biodiversidade do planeta que, associada a uma
rica diversidade étnica e cultural que detém um valioso conhecimento tradicional associado ao
uso de plantas medicinais, tem o potencial necessário para desenvolvimento de pesquisas com
resultados em tecnologias e terapêuticas apropriadas.
Dentre o arsenal da biodiversidade da flora encontrado na região amazônica
destacamos as espécies medicinais encontradas na região do estado do Pará, com sua
amplitude para tratar diversos males, enfermidades entre outros usos. Muitas destas plantas
possuem alegação de uso para atuarem no Sistema Nervoso Central (SNC) como Mucuracaá,
Japana, Marapuama, entre outras. Tais alegações precisam ser confirmadas a fim de
contribuírem para a utilização segura e eficaz das espécies medicinais. Estudos na área
comportamental com plantas da biodiversidade amazônica são escassos, evidenciando uma
lacuna no conhecimento científico da utilização de espécies nativas da região amazônica.
Sendo estudo de utilização de plantas medicinais estratégico para nosso país, este
projeto propõe através de suas ações, auxiliar no aprimoramento desta ação governamental e
contribuir para o conhecimento e a prática utilizada pela população amazônica, viabilizando
não apenas maior acesso a medicamentos, mas também garantir maior confiabilidade no uso
seguro e aos possíveis riscos à saúde.
Como o desenvolvimento do projeto proposto, os resultados obtidos pela equipe
poderão beneficiar toda a população amazônica que faz uso de plantas medicinais no
tratamento de diversas enfermidades através da prática popular. Assim como os órgãos da
área da saúde e mesmo ambientais do Estado do Pará que poderão utilizar os resultados como
subsídios na avaliação da utilização de tais plantas. Um dos objetivos maiores deste trabalho é
fornecer dados que possam servir de suporte para programas de produção de fármacos e
certificação de produtos naturais, garantido a melhoria da qualidade de vida da população.
Desta forma, este projeto pleiteia dentro do seu contexto se unir as linhas e diretrizes
da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, aprovada por meio do Decreto Nº
5.813, de 22 de junho de 2006, que estabelece objetivos comuns voltados à garantia do acesso
seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos em nosso país, ao desenvolvimento
de tecnologias e inovações, assim como ao fortalecimento das cadeias e dos arranjos
produtivos, ao uso sustentável da biodiversidade brasileira e ao desenvolvimento do
Complexo Produtivo da Saúde.
OBJETIVO GERAL
Caracterizar a composição química de frações obtidas a partir de extratos com
diferentes polaridades de Eupatorium ayapana V.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Obter extratos de diferentes polaridades: atividade realizada;

Realizar a avaliação fitoquímica dos diferentes extratos extratos de Eupatorium
ayapana V: atividade realizada;

Realizar o fracionamento dos extratos por cromatografia líquida nos extratos de
Eupatorium ayapana V: atividade realizada;

Traçar o perfil cromatográfico das frações por Cromatografia de Camada Delgada
atividade realizada;

Determinar o teor de cumarinas nas frações por espectrofotometria: atividade não
desenvolvida por falta de recursos, em compensação foi realizado uma varredura
espectral das frações.
MATERIAIS E MÉTODOS
COLETA E IDENTIFICAÇÃO DO MATERIAL VEGETAL
A espécie Eupatorium ayapana V. foi coletada em abril de 2014 no município de
Acará-PA. Amostras do material vegetal foram selecionadas para preparação de exsicatas que
tiveram identificação botânica realizada por especialistas do Herbário João de Mursa Pires do
Museu Paraense Emílio Goeldi, onde se encontra depositada com o número de registro
MG123913.
OBTENÇÃO DA DROGA VEGETAL
As amostras de partes aéreas do material vegetal foram cuidadosamente selecionadas,
lavadas com água corrente e submetidas à secagem em temperatura ambiente por 24 horas e
estufa com fluxo de ar forçado (40ºC) durante 48 horas. O material resultante foi pulverizado
em um moinho de facas para obtenção da droga vegetal.
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA DROGA VEGETAL
A análise físico-química da droga vegetal foi realizada por meio de determinações dos
teores de umidade, cinzas totais e insolúveis através de técnicas preconizadas pela
Farmacopéia Brasileira (2010). Os resultados expressam a média de três determinações para
cada amostra de droga vegetal.
PREPARAÇÃO DE EXTRATOS DE DIFERENTES POLARIDADES
A droga vegetal foi submetida à extração, com solventes de diferentes polaridades
(Hexano, Acetato de etila e Metanol), através do processo de maceração. Os extratos obtidos
foram concentrados em evaporador rotativo para eliminação dos solventes.
PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA DOS DIFERENTES EXTRATOS OBTIDOS
Os diferentes extratos e a droga vegetais foram submetidos a testes de prospecção
fitoquímica para identificação de grupos de constituintes químicos (MATOS, 1997; COSTA,
1987), sendo os seguintes: alcaloide; polifenóis; esteroides e terpenóides; cumarinas;
flavonoides; antraquinonas. Para cada classe de compostos, preparou-se uma solução extrativa
de uma droga vegetal padrão que foi utilizada como controle positivo.
A prospecção fitoquímica foi realizada por CCD, para isso foram utilizadas
cromatoplacas de alumínio recobertas por sílica gel 60G F254 Merck, o sistema de eluente e
reveladores utilizados para cada constituinte químico estão representados no Quadro 1.
Quadro 1. Droga vegetal padrão, substância química padrão, sistema de eluentes e reveladores utilizados para
cada constituinte químico na CCD.
Constituinte
Substância
Droga vegetal padrão
Sistema de eluente
Revelador
químico
padrão
1. Tolueno:acetato de
Alcalóides
Pilocarpina
etila:dietanolamina
A. Dragendorff
(70:20:10)
B. Solução
2. Tolueno:acetato de
Flavonóides
Citrus sinensis
Quercetina
metanólica de
etila:metanol:ácido
cloreto de alumínio
fórmico (75:25:10:6)
2%
C.Solução
Compostos
Stryphnodendron
3.Tolueno:acetato de
Ácido Tânico
metanólica de
fenólicos
adstringens
etila:metanol:ácido
cloreto férrico
fórmico (40:30:30:10)
(FeCl3) 1%
Esteróides e
4. Tolueno:
D.Reativo de
Panax ginseng
terpenóides
clorofórmio:metanol
Liebermann(40:40:10);
burchard
5. Tolueno:éter (1:1),
E. Solução
1,2 –
Cumarinas
saturado com ácido
etanólica de
benzopirona
acético glacial 10%.
hidróxido de
potássio 10%
E. Solução
6. Acetato de
Antraquinonas
Rhamnus purshiana
etanólica de
etila:metanol:água
hidróxido de
(100:13,5:10);
potássio 10%
FRACIONAMENTO DOS EXTRATOS
O extrato com melhor perfil cromatográfico para cumarinas foi submetido à partição
por Cromatografia Líquida em Coluna (CLC). Utilizou-se uma coluna de vidro preenchida
por sílica gel 60 (70-230 mesh ASTM) e a eluição foi realizada com diferentes proporções dos
solventes hexano, acetato de etila e metanol. Os parâmetros utilizados neste fracionamento
estão detalhados no Quadro 2. As frações foram concentradas em evaporador rotativo.
Quadro 2. Parâmetros utilizados para fracionamento do extrato de acetato de etila por CLC.
Parâmetros
Especificações
Altura da coluna
40 cm
Diâmetro da coluna
4 cm
Massa de sílica gel
100 g
Amostra de extrato
4,5 g
Fase móvel
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
Volume de fase móvel
500 mL
Hexano:acetato de etila (9:1)
Hexano:acetato de etila (7:3)
Hexano:acetato de etila (1:1)
Acetato de etila (100%)
Acetato de etila:metanol (1:1)
Metanol:acetato de etila (7,5:2,5)
Metanol (100%)
PERFIL CROMATOGRÁFICO DAS FRAÇÕES
Baseados em métodos proposto por Wagner e Bladt (2001) e Costa (1987), foi
realizado um perfil de detecção cromatográfica por Cromatografia de Camada Delgada (CCD)
nas frações coletadas por CLC para detecção de cumarinas. O sistema de solvente utilizado
foi hexano:acetato de etila (8:2) sob luz UV-365 nm a fim de detectar a presença de
cumarinas, que é evidenciada pela formação de mancha verde-fluorescente e/ou a azulfluorescente. As frações que apresentaram estas manchas foram selecionadas para a
continuidade das análises.
VARREDURA ESPECTRAL
O extrato de acetato de etila e as frações foram diluídos em metanol para concentração
de
1
mg/mL
e
foram
submetidos
à
uma
varredura
em
espectrofotômetro
(PerkinElmer/Lambda 650) no intervalo de comprimento de onda entre 700 nm a 190 nm com
diminuição regressiva de 0,1 nm, modo leitura rápida, utilizando cubetas de quartzo com 1,0
cm de caminho óptico. Deste modo, compararam-se os espectros das frações e do extrato.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA DROGA VEGETAL
O teor de umidade está apresentado na tabela 1. Observa-se que o valor da média está
entre 8 e 14%, estando de acordo com a Farmacopeia Brasileira. O excesso de água nas
amostras é prejudicial para sua qualidade, pois favorece a atividade enzimática e a
proliferação de microrganismos que poderão decompor os princípios ativos da planta
(NASCIMENTO et al. 2005, apud BACCHI, 1996). Os teores de cinzas totais e insolúveis
estão apresentados na Tabela 1. A determinação do teor de cinzas permite a verificação de
impurezas inorgânicas não voláteis que podem estar presentes como contaminantes (FARIAS,
2003). Assim, os resultados de cinzas totais da droga mostram que a presença de materiais
inorgânicos é pequena, estando a droga adequada para sua utilização. O teor de cinzas
insolúveis também apresentou baixo índice. As cinzas insolúveis em ácido clorídrico
permitem a verificação de contaminantes como resíduo de terra ou areia (FARIAS, 2003).
Tabela 1. Resultado da análise físico-química da droga vegetal.
Análise
Teor de umidade
Teor de cinzas totais
Teor de cinzas insolúveis
Média ± Desvio Padrão
10,733 ± 0,002 %
5,667 ± 0,001 %
0,033 ± 0,033 %
RENDIMENTO DOS EXTRATOS
Os rendimentos dos extratos são demostrados na Tabela 2. Observa-se que o metanol
extraiu uma quantidade maior de metabólitos, permitindo sugerir que a planta possua em
maiores quantidades constituintes polares. Em contrapartida, o hexano apresentou o menor
rendimento, evidenciando uma quantidade pequena de constituintes apolares.
Tabela 2. Rendimento percentual (m/v) dos extratos obtidos.
Extrato
Hexano
Acetato de etila
Metanol
Rendimento
1,16%
2,29%
5,17%
PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA
A detecção fitoquímica foi realizada nos extratos e na droga vegetal com o intuito de
comparar o perfil fitoquímico, assim a detecção para a droga foi realizada de modo
direcionado para cada metabólito. Os diferentes extratos e a droga vegetal foram submetidos a
uma série de reações de caracterização fitoquímica, os resultados de metabólitos secundários
analisados nos extratos e na droga vegetal estão apresentados na Tabela 3. Observou-se a
presença de cumarinas, polifenóis, esteroides e triterpenos nos extratos e na droga vegetal.
Houve diferença em relação à presença de O-heterosídeos e C-heterosídeos, no extrato o
resultado foi negativo e na droga vegetal foi positivo, esse resultado pode ser atribuído aos
diferentes métodos de extração.
Tabela 3. Prospecção fitoquimica nos extratos da E. ayapana.
Grupo químico
Indicador
Extratos
Hexano
Alcaloides
(C. calisaya)
Antraquinonas
(R. purshiana)
Flavonoides
(C. sininsis)
Esteroides e
triterpenos
(P. ginseng)
Cumarinas
Dragendorff
Bouchadart
Mayer
Complexação com
ácido
tânico
Reação para
identificação de
Antraquinonas Livres
Reação para
identificação de Oheterosídeos
Reação para
identificação de
C-heterosídeos
Shinoda
Hidróxido de sódio
Cloreto de alumínio
Reação oxalo-bórica
Reação de liebermann
bouchardat
Hidróxido de Potássio
.
-
Acetato de
etila
-
Metanol
Droga
vegetal
Padrão
-
-
+++
+++
+++
-
-
-
-
+++
-
-
-
-
+++
NA
NA
-
+++
+++
NA
NA
-
+
+++
-
-
-
+++
+++
+++
-
-
-
-
+++
++
+
+
+
+
+++
++
+++
+++
*
Cloreto férrico
NA
NA
+
++
+++
Acetato de cobre
NA
NA
+
++
+++
Acetato de chumbo
NA
NA
+
++
+++
Complexação com
NA
NA
+
++
+++
gelatina
NA: Não aplicável; (+): Pouco reativo; (++): Reativo; (+++): Fortemente reativo; (-): Negativo; *: A própria
droga vegetal é considerada padrão.
Polifenóis
(S. adstringens)
A prospecção fitoquímica realizada por CCD nos extratos e na droga vegetal pode ser
observada na Tabela 4.
A Figura 1 e 2 da Tabela 4 apresentam o perfil cromatográfico para cumarinas. Na
Figura 1, observa-se mancha azul-fluorescente nas aplicações dos extratos de diferentes
polaridades e extrato etanólico direcionado. A Figura 2 apresenta a placa após revelação, no
qual, observa-se o padrão de cumarina com mancha verde fluorescente, assim como, mancha
azul-fluorescente de mesmo fator de retenção. Segundo WAGNER e BLADT (2001), as
cumarinas substituídas podem ser visualizadas na cor azul-verde brilhante sob luz UV 365
nm, diferentemente das cumarina não substituídas que somente apresentam fluorescência após
tratamento com KOH, sendo esta fluorescência verde-amarelo. Logo, infere-se que as
cumarinas presentes nos extratos e droga vegetal são derivados substituídos.
Na Tabela 4, a Figura 3 e 4 apresenta o perfil cromatográfico para antraquinonas livres
e heterosídeos, observa-se a presença de banda vermelha nas aplicações A e E e banda
marrom na aplicações C e D na Figura 3; e na Figura 4 somente na aplicação D. Conforme
WAGNER e BLADT (2001), utilizando sistema de eluente e revelador semelhantes aos
utilizados, as antraquinonas aparecem em bandas vermelhas ou marrons na luz visível. As
aplicações A, C e E da Figura 3 e a aplicação D da Figura 4 são de padrões de antraquinonas,
sendo assim, observou-se a presença de antraquinonas apenas na solução etérea do extrato
ácido de E. ayapana (aplicação D na Figura 3). Permitindo sugerir a presença de compostos
antraquinônicos O-heterosídeos na droga vegetal e a ausência desses compostos nos diferentes
extratos.
O perfil cromatográfico para esteroides e triterpenos está apresentado na Figura 5 da
Tabela 4, observa-se que o comportamento dos diferentes extratos da E. ayapana é
semelhante ao extrato hidroalcoolico de Panax Giseng, com as mesmas cores e fatores de
retenção, permitindo assim, sugerir a presença de esteroides e triterpenos na espécie E.
ayapana. O fator de retenção é a razão entre a distância percorrida pela substância em questão
e a distância percorrida pela fase móvel, segundo Braz et al. 2011, todas as identificações por
CCD são baseadas no fator de retenção e na comparação da cor das manchas entre amostra e
um padrão, quando a placa é borrifada com um revelador específico.
No perfil cromatográfico para alcaloides na Figura 6 da Tabela 4, observa-se que o
padrão apresentou uma banda na coloração laranja visualizados em luz visível e os diferentes
extratos da E. ayapana não apresentaram essas bandas. Segundo Wagner e Bladt (2001), a
presença de bandas laranja-marrom em luz visível indica a presença de alcaloides, ao
empregar o mesmo sistema de eluente e revelador. Assim, sugere-se a ausência deste
metabólito na E. ayapana.
O perfil cromatográfico para flavonoides está apresentado na Figura 7 da Tabela 4,
verificou-se que a quercetina e o extrato etanólico de C. sinensis, padrões de flavonoides,
apresentaram comportamentos distintos aos extratos de E. ayapana quando visualizados sob
luz UV de 365 nm, apresentando bandas com fatores de retenção diferentes. Assim, os
resultados permitiram sugerir a ausência de flavonoide na espécie E. ayapana.
Na Figura 8 da Tabela 4, observa-se a CCD para polifenóis, no qual se constatou que
o extrato e a solução aquosa da E. ayapana apresentam perfis cromatográficos muito
semelhantes ao do padrão e da droga vegetal padrão, com bandas marrons em luz visível e
com o mesmo fator de retenção, permitindo assim sugerir a presença de polifenóis.
Com exceção dos compostos antraquinônicos, todos os metabólitos testados
apresentaram resultados semelhantes quando comparadas as diferentes técnicas de detecção,
CCD, prospecção fitoquímica dos extratos e prospecção fitoquímica direcionada com a droga
vegetal.
Tabela 4. Resultados das análises cromatográficas nos extratos e droga vegetal realizados com sistemas de
eluentes e reveladores citados na Tabela 1.
Cont.
Fig. 1. Cumarinas.
A
B
C D E
A: Extrato hexânico;
B: Extrato de acetato de etila;
C: Extrato metanólico;
D: Extrato etanólico da E.
ayapana.
E: Padrão (1,2-benzopirona
1mg/mL)
Eluente: 5
Revelador: Não utilizado
Fig. 2. Cumarinas.
A B C D E
A: Extrato hexânico;
B: Extrato de acetato de etila;
C: Extrato metanólico;
D: Extrato etanólico da E.
ayapana.
E: Padrão (1,2-benzopirona
1mg/mL)
Eluente: 5
Revelador: E
Tabela 4. Resultados das análises cromatográficas nos extratos e droga vegetal realizados com sistemas de
eluentes e reveladores citados na Tabela 1.
A: Solução etérea de R. purshiana
Fig. 4. Antraquinonas.
Fig. 3. Antraquinonas. (Antraquinonas livres);
B: Solução etérea de E. ayapana;
A B C D E
A B C D E F
C: Solução etérea do extrato ácido
de R. purshiana (O- heterosídeos);
D: Solução etérea do extrato ácido
de E. ayapana;
E: Fase clorofórmica do extrato
tratado com FeCl3 de R. purshiana
(C- heterosídeos);
F: Fase clorofórmica do extrato
tratado com FeCl3 de E. ayapana.
A: Extrato do metanólico;
B: Extrato de acetato de
etila;
C: Extrato Hexânico;
D: Extrato hidroalcoolico R.
purshiana.
E: Extrato hidroalcoolico E.
ayapana
Eluente: 6
Revelador: E
Eluente: 6
Revelador: E
Fig. 5. Esteróis e Triterpenos.
A
B
C
D
E
Fig. 6. Alcalóides.
A: Extrato hidroalcoolico de
Panax Giseng;
B: Extrato etanólico de E.
ayapana;
C: Extrato hexânico;
D: Extrato de acetato de etila;
E: Extrato metanólico.
A B
C
D
Eluente: 1
Revelador: A
Eluente: 4
Revelador: D
Fig. 7. Flavonóides.
A B C D E F
A: Extrato hexânico;
B: Extrato de acetato de
etila;
C: Extrato metanólico;
D: Padrão (pilocarpina
1mg/mL)
Fig. 8. Polifenóis.
A: Extrato hexânico;
B: Extrato de acetato de etila;
C: Extrato metanólico;
D: Extrato etanólico de C.
sinensis;
E: Extrato etanólico de E.
ayapana;
F: Padrão (quercetina 0,3
mg/mL).
Eluente: 2
Revelador: B
A
B
C D
A: Extrato metanólico
B: Padrão ( solução
metanólica de ácido tânico)
C: Extrato aquoso de S.
adstringens
D: Extrato aquoso de E.
ayapana.
Eluente: 3
Revelador: C
PERFIL CROMATOGRÁFICO DAS FRAÇÕES
O extrato de acetato de etila foi selecionado, pois apresentou o melhor perfil
cromatográfico para cumarinas e foi submetido a fracionamento por CLC, onde obteve-se um
total de 13 frações.
O perfil cromatográfico das frações obtidas por CLC pode ser visualizado na Figura 9.
Observa-se que as frações de 4 a 10 apresentaram duas manchas sugestivas de cumarinas,
uma verde-fluorescente de menor intensidade e outra azul-fluorescente de maior intensidade,
sugerindo a presença de diferentes tipos de compostos cumarínicos.
Fr
13
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11 12
Figura 9. Perfil cromatográfico por CCD das frações obtidas por CLC sob luz UV 365 nm.
As frações foram reunidas conforme semelhanças nas características cromatográficas
por CCD e no perfil de pigmentação das frações em luz visível (Tabela 5). Sendo as frações
de 4 a 10 selecionadas para varredura espectral.
Tabela 4. Reunião e rendimento em miligramas (mg) das frações obtidas por CLC.
Frações
Rendimento (mg)
Frações 1 e 2
599
Fração 3
518
Fração 4
201
Fração de 5 a 9
1431
Fração 10
1036
Fração 11,12,13
176
VARREDURA ESPECTRAL
A varredura espectral realizada com o Extrato de Acetato de Etila no comprimento de
onda de 190 a 700 nm está apresentado na figura 10. Observa-se a presença de quatro picos
principais, sendo eles no comprimento de onda de 233 nm, 293 nm, 346 nm e 408 nm.
Figura 10. Varredura espectral do Extrato de Acetato de Etila no comprimento de onda de 190 a 700 nm.
O perfil espectral das frações obtidas por CLC submetidas à varredura em
espectrômetro (190 a 700 nm) pode ser observado na Figura 16. Observa-se que a fração
reunida (5 a 9), quando comparados as demais frações, apresentou picos de absorção mais
elevados, fato previsto conforme a diferença observada no perfil cromatográfico das frações
(Figura 9).
Figura 11. Varredura espectral das frações obtidas por CLC no comprimento de onda de 190 a 700 nm.
A escopoletina, derivado cumarínico, possui picos de absorção no comprimento de
onda de 226 nm, 296 nm, 338 nm e 339 nm (BATH et al. 2011), comportamento similar ao
obtido na varredura espectral do extrato de Acetato de etila e na fração reunida. Segundo
Krauter et al. 2013, dependendo do solvente utilizado e do substituinte da cadeia lateral da
base estrutural de cumarina (1,2-benzopirona) ocorre a interferência de emissão e absorção do
derivado cumarínico. Em relação ao solvente, conforme Marcolan et al. 2011, quanto maior a
polaridade dos solventes melhor a intensidade do sinal espectral, facilitando a interação da luz
UV com o derivado cumarínico, justificando a utilização do metanol em todas as análises
espectrofotométricas. Assim, os picos de absorção do extrato de Acetato de Etila e da fração
reunida sugere a presença de um ou mais derivados cumarínicos. Ao todo, sete tipos de
cumarinas foram isolados em E. ayapana: a ayapanina, ayapina, dafnetina, éter dimetil
dafnetina, éter 7-metildafnetina, hidragetina e umbeliferona. (GAUVIN-BIALECKI, 2009;
TAYLOR, 2006), permitindo sugerir a presença de ayapina em E. ayapana.
CONCLUSÃO
Os parâmetros de qualidade para droga vegetal foram estabelecidos por análises físicoquímicos.
Na prospecção fitoquímica por testes colorimétricos, precipitação e CCD, detectou-se
a presença de cumarinas, polifenóis, esteroides e triterpenos nos extratos e na droga vegetal e
de heterosídeos antraquinônicos apenas na droga vegetal. Sendo que o perfil cromatográfico
de cumarinas permitiu selecionar o extrato acetato de etila para fracionamento.
Por CLC foram obtidas 13 frações, e após análise as frações 4 a 10 foram selecionadas
por apresentar duas manchas sugestivas de cumarinas, uma verde-fluorescente e outra azulfluorescente, que após análise por CCD (UV 365 nm) foram identificadas como frações
cumarínicas, e foram reunidas de acordo com semelhanças no perfil cromatográfico e na
coloração.
Na varredura espectral das frações e extrato de acetato de etila observou-se que a
fração reunida e o extrato de acetato de etila apresentou comportamento semelhante a
compostos cumarínicos, como a ayapina e a escopoletina, com picos de absorção
correspondentes, permitindo assim sugerir a presença de ayapina em E. ayapana.
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DIFICULDADES
O plano de trabalho teve que passar por modificações por falta de equipamentos e
materiais, bem como, a falta de recursos para aquisição dos mesmos, dificultando o seu
processo de execução.
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