PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO INFLUÊNCIA DO TIPO DE TRATAMENTO - PÓS E PRÉ/PÓS-INDUÇÃO TUMORAL – SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE SARCOMA 180 UTILIZANDO SUBSTÂNCIAS BIOATIVAS DE Pleurotus djamor JOINVILLE - SC 2012 PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO INFLUÊNCIA DO TIPO DE TRATAMENTO - PÓS E PRÉ/PÓS-INDUÇÃO TUMORAL – SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE SARCOMA 180 UTILIZANDO SUBSTÂNCIAS BIOATIVAS DE Pleurotus djamor Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre no Programa de Pós-Graduação em Saúde e Meio Ambiente, na Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE. Área de concentração: Biotecnologia. Orientadora: Profa. Dra. Sandra Aparecida Furlan Co-orientador: Prof. Dr. Mauro de Souza Leite Pinho JOINVILLE - SC 2012 2 TERMO DE APROVAÇÃO “Influência do Tipo de Tratamento - Pós e Pré/Pós-Indução Tumoral – Sobre o Desenvolvimento de Sarcoma 180 Utilizando Substâncias Bioativas de Pleurotus djamor” por Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração Biotecnologia e aprovada em sua forma final pelo Programa de Mestrado em Saúde e Meio Ambiente. __________________________________ Profa. Dra. Sandra Aparecida Furlan Orientadora (UNIVILLE) __________________________________ Prof. Dr. Gilmar Sidnei Erzinger Coordenador do Programa de Mestrado em Saúde e Meio Ambiente Banca Examinadora: __________________________________ Profa. Dra. Sandra Aparecida Furlan Orientadora (UNIVILLE) __________________________________ Prof. Dr. Mauro de Souza Leite Pinho Coorientador (UNIVILLE) __________________________________ Prof. (UNIVILLE) __________________________________ Prof. Joinville, ____ de ________ de 2012. 3 Dedico este trabalho à minha vó, minha mãe e minha irmã. Exemplos de mulheres fortes, que me inspiram a vencer os desafios que encontro no meu caminho. 4 AGRADECIMENTOS A Deus, em primeiro lugar, fonte de luz e paz interior que me faz seguir em frente, vencendo cada obstáculo. À professora Sandra Aparecida Furlan, pela orientação deste trabalho e pelo exemplo de competência e dedicação. Às professoras Márcia L. Lange Silveira, minha mentora nas bancadas laboratoriais, e Mariane Bonatti Chaves, pelo auxílio sempre muito prestativo nos cultivos em biorreator. Às técnicas dos laboratórios de pesquisa Leslie, Fernanda e Endi, que sempre muito prestativamente me ajudaram ao longo do trabalho. Ao estagiário de iniciação científica Thierry Waltrich Augusto, que me auxiliou em vários testes laboratoriais. A todo corpo docente do programa de mestrado em saúde e meio ambiente da Univille, que contribuiu para minha formação. Ao Sebastian Strauch, biólogo que mais admiro por seu amor à pesquisa, que me inspira com seu exemplo de dedicação e competência. À minha chefe Elza Cristina Giostri, que compreendeu a necessidade de algumas ausências ao meu emprego e sempre facilitou para que eu conciliasse os horários. Especialmente à minha família, que é a base de tudo na minha vida. 5 RESUMO O câncer é responsável por quase 17% dos óbitos ocorridos por causa conhecida no Brasil, sendo considerada a segunda causa de morte na população. As terapias disponíveis de combate ao câncer causam danos ou enfraquecem as defesas imunológicas do paciente, que também podem ter sido danificadas pelo câncer em si. Diante disso, busca-se o desenvolvimento de terapias menos agressivas, que causem menos efeitos colaterais e diminuam o sofrimento típico de um paciente com câncer. A busca por novos tratamentos revelou a atividade antineoplásica de diversos fungos da classe dos basidiomicetos, dentre eles os fungos do gênero Pleurotus. A atividade antitumoral, em quase todos os cogumelos, é atribuída a polissacarídeos constituintes da parede celular. Muitos trabalhos reportados na literatura validaram a atividade de substâncias bioativas de fungos do gênero Pleurotus após a indução tumoral. No entanto, poucos trabalhos objetivaram investigar a possível ação preventiva dessas substâncias sobre o desenvolvimento das neoplasias. Este trabalho teve, portanto, como objetivo avaliar a atividade antitumoral de substâncias bioativas presentes na biomassa deslipidificada do basidiomiceto Pleurotus djamor contra Sarcoma 180, em camundongos albinos swiss machos, por meio de testes pós e pré/pós-indução tumoral. O tratamento pós-indução tumoral foi iniciado 24 horas após o implante tumoral e conduzido durante 10 dias, enquanto que o tratamento pré/pós-indução tumoral foi iniciado 10 dias antes da indução tumoral e mantido por 10 dias após a implantação do tumor. A administração da substância teste foi realizada por via intraperitoneal nas doses de 10, 30 e 50 mg kg-1 e a avaliação do desenvolvimento tumoral foi realizada 21 dias após a indução do tumor pela determinação do volume e da massa tumoral. Os resultados mostraram uma inibição tumoral média de 83,3% e 70% para os testes pré/pós- indução e pós-indução, respectivamente. A sobrevida dos animais tratados com 10 mg kg-1 da substância teste aumentou em 90%. O ensaio MTT revelou citotoxidade na dose de 16 mg mL-1. Palavras-chave: Pleurotus djamor, substâncias bioativas, câncer, tratamento preventivo, Sarcoma 180. 6 ABSTRACT Cancer is responsible for about 17% of the known causes of death in Brazil and is the second leading cause of death by desease in the country. Anticancer therapies very often cause damage and weaken the immunological resistance of patients that may also have been affected by the cancer itself. Therefore, the development of less aggressive therapies, which cause fewer side effects and diminish the typical suffering of cancer patients is being sought. The search for new thereapies revealed the antitumor activity of several basidiomycete mushrooms, including fungus of the genus Pleurotus. Antitumor activity in most mushrooms is exerted by polisaccharides present in the cell wall. Many works reported in literature have validated the activity of bioactive substances of fungi of the genus Pleurotus after tumor induction. Few studies aimed at investigating the possible preventive action of these substances against the development of tumors. Therefore, the aim of this work was to evaluate the antitumor activity of bioactive substances present in the delipidified mycelium of the mushroom Pleurotus djamor against Sarcoma 180 inoculated in albin swiss mice using protocols of post-inoculation treatment and pre/post-inoculation treatment. Post-treatment, started 24h after tumor inoculation and was maintained for 10 days, while pre/post- treatment started 10 days before tumor inoculation and was maintained for 10 days after tumor inoculation. The substance was administered intraperitoneally at doses of 10, 30 and 50 mg kg-1. Tumor inhibition was evaluated 21 days after inoculation by measuring tumor weight and volume. The results showed an average inhibition of 83.3% and 70% for the pre/posttreatment test and for the post-treatment test, respectively. The survival of animals, treated with 10 mg kg-1 of the test substance has increased by 90%. The MTT assay revealed cytotoxicity at the dose of 16 mg mL-1. Key words: Pleurotus djamor, bioactive substances, cancer, preventive treatment, Sarcoma 180. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Ciclo reprodutivo de um basidiomiceto.............................................................. Figura 2 Diagrama do processo de produção da 18 biomassa deslipidificada..................................................................................................... 55 Figura 3 Delineamento experimental para o tratamento antitumoral................................ 61 Figura 4 Delineamento experimental do teste taxa de sobrevida...................................... 64 Figura 5 (A) massas (g), (B) volumes (cm3) e (C) percentuais de inibição (%) do Sarcoma 180 (S 180) após o tratamento pré/pós-indução tumoral dos animais com 10, 30 e 50 mg kg-1 da biomassa deslipidificada, obtida de Pleurotus djamor................................................................................................................. 67 Figura 6 (A) volumes (cm3), (B) massas (g) e (C) percentuais de inibição (%) do Sarcoma 180 (S 180) após o tratamento pós-indução tumoral dos animais com 10, 30 e 50 mg kg-1 da biomassa deslipidificada, obtida de Pleurotus djamor................................................................................................................. 70 Figura 7 Comparação entre os testes pré/pós-indução tumoral e pós-indução tumoral para cada dose avaliada....................................................................................... 73 Figura 8 Viabilidade celular (%) de células de Sarcoma 180 tratadas com biomassa deslipidificada de P. djamor............................................................................... 81 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Fonte, tipo e bioatividade de alguns polissacarídeos macrofúngicos............... 20 Tabela 2 Efeitos medicinais de Pleurotus spp................................................................. 26 Percentuais de inibição (%) do Sarcoma 180 por substâncias obtidas de Tabela 3 diferentes espécies de Pleurotus adiministradas após indução tumoral........... 36 Tabela 4 Diferenciação entre tumores benignos e malignos........................................... 39 Tabela 5 Classificação dos tumores segundo sua origem tecidual.................................. 40 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12 1 OBJETIVOS.................................................................................................................... 14 1.1 Objetivo Geral .................................................................................................................... 14 1.2 Objetivos Específicos ......................................................................................................... 14 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 15 2.1 Fungos ................................................................................................................................ 15 2.1.1 Generalidades sobre Fungos ............................................................................................ 15 2.1.2 Os Basidiomicetos ........................................................................................................... 17 2.1.2.1 Generalidades ............................................................................................................... 17 2.1.2.2 Atividades Biológicas de Basidiomicetos .................................................................... 19 2.1.2.3 Atividade Antitumoral de Basidiomicetos ................................................................... 22 2.1.3 Fungos do Gênero Pleurotus ........................................................................................... 24 2.1.3.1 Atividade antitumoral de Pleurotus spp. ...................................................................... 27 2.2 Protocolos de Tratamentos a Base de Substâncias Fúngicas Bioativas.............................. 32 2.2.1 Pré-Tratamento ................................................................................................................ 32 2.2.2 Pré/Pós-Tratamento ......................................................................................................... 34 2.2.3 Pós-Tratamento ................................................................................................................ 35 2.3 Neoplasias ........................................................................................................................... 38 2.3.1 Classificação e Nomenclatura ......................................................................................... 38 2.3.2 Carcinogênese.................................................................................................................. 40 2.3.3 Incidência do Câncer Humano ........................................................................................ 43 10 2.3.4 Sarcomas .......................................................................................................................... 46 2.3.5 Tratamentos ..................................................................................................................... 47 2.3.5.1 Cirurgia ......................................................................................................................... 47 2.3.5.2 Quimioterapia ............................................................................................................... 48 2.3.5.3 Radioterapia .................................................................................................................. 49 2.3.5.4 Tratamentos Complementares ...................................................................................... 51 3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 55 3.1 Obtenção da Biomassa Deslipidificada .............................................................................. 55 3.1.1 Microrganismo e Manutenção ......................................................................................... 56 3.1.2 Preparo do Inóculo .......................................................................................................... 56 3.1.3 Produção de Biomassa ..................................................................................................... 57 3.1.4 Separação da Biomassa ................................................................................................... 58 3.1.5 Dose de Tratamento ......................................................................................................... 58 3.2. Avaliação In Vivo da Biomassa Deslipidificada................................................................ 58 3.2.1 Animais e Manutenção .................................................................................................... 59 3.2.2 Tumor e Manutenção ....................................................................................................... 59 3.2.3 Indução Tumoral.............................................................................................................. 59 3.2.4 Delineamento Experimental do Tratamento Antitumoral ............................................... 60 3.2.5 Testes Dose x Resposta ................................................................................................... 61 3.2.6 Avaliação do Desenvolvimento Tumoral ........................................................................ 62 3.2.7 Avaliação do Tempo de Sobrevida.................................................................................. 63 3.2.8 Teste de Citotoxicidade ................................................................................................... 65 3.2.9 Análise Estatística ........................................................................................................... 66 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................... 67 11 4.1 Avaliação da Atividade Antitumoral .................................................................................. 67 4.1.2 Teste Pré/Pós-Indução Tumoral ...................................................................................... 67 4.1.3 Teste Pós-Indução Tumoral ............................................................................................. 69 4.1.4 Comparação Entre os Testes Pós e Pré/Pós-Indução Tumoral ........................................ 72 4.2 Teste de Sobrevida.............................................................................................................. 78 4.3 Teste de Citotoxicidade ...................................................................................................... 81 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 84 PERSPECTIVAS FUTURAS.................................................................................................. 85 REFERÊNCIAS................................................................................................................... 86 ANEXO .......................................................................................................................... 100 12 INTRODUÇÃO Em 2009, neoplasias malignas eram responsáveis por quase 17% dos óbitos ocorridos por causa conhecida no Brasil, sendo considerada a segunda causa de morte na população. Em 2010 estimou-se ocorrência de 489.270 casos novos de câncer no país, estimativa também válida para o ano de 2011 (INCA, 2012a, web). Para o ano de 2012 o Instituto Nacional do Câncer aponta a ocorrência de aproximadamente 518.510 casos novos de câncer no país, número também válido para 2013 (INCA, 2012b, web). O envelhecimento da população é uma das causas que influencia o aumento no número de casos de câncer (JEMAL et al., 2011). Outros fatores como sexo, lugar de residência, etnia (COATES e MCCREDDIE, 1998) e fatores ambientais, tais como físicos (raio ultravioleta, radiação ionizante), químicos (aflatoxinas) e biológicos (vírus), além de culturais (alimentação, estresse, tabagismo) e hereditários, podem também contribuir para o aparecimento de diversas neoplasias (COTRAN, KUMAR e COLLINS, 2000). Tanto a radioterapia como a quimioterapia, que juntamente com a cirurgia são as terapias mais convencionais de tratamento do câncer (BONASSA, 2001), invariavelmente causam danos ou enfraquecem as defesas imunológicas do paciente, que também podem ter sido danificadas pelo câncer em si (SMITH, ROWAN e SULLIVAN, 2003). Nesse contexto, torna-se de extrema importância a busca por terapias menos agressivas, que causem menos efeitos colaterais e diminuam o sofrimento típico de um paciente com câncer. A partir dessas observações, vem-se desenvolvendo um novo conceito na terapia contra o câncer, a de que é possível modificar a resposta do hospedeiro às células 13 cancerígenas (SMITH, ROWAN e SULLIVAN, 2003) pela utilização de compostos, que possam alterar ou aumentar os processos que ocorrem naturalmente no corpo. Tais compostos são chamados modificadores de resposta biológica (BRMs) e atuam melhorando a atividade do sistema imunológico, aumentando os mecanismos naturais de defesa do organismo (GOLDSBY, KINDT e KUBY, 2000). Estudos da literatura vêm revelando que vários autores atribuem a atividade antitumoral exercida por polissacarídeos fúngicos à ativação do sistema imune do hospedeiro (BOHN e BEMILLER, 1995; WASSER e WEIS, 1999; WASSER, 2002) e diversos estudos têm sido conduzidos com o intuito de comprovar a atividade antineoplásica de diversos fungos da classe dos basidiomicetos (KIHO et al., 2010; SOARES et al., 2011; TANAKA et al., 2011; ISHII et al., 2011). Dentre estes, vários fungos do gênero Pleurotus já tiveram sua atividade antitumoral comprovada (JUNG et al., 2011; ZAHNG et al., 2011; FACCHINI, 2011; ASSIS, 2011). Inúmeros trabalhos buscaram comprovar a atividade antitumoral das substâncias bioativas de fungos do gênero Pleurotus após a indução tumoral (ZHANG et al., 1994; ZHANG et al., 2004; WANG et al., 2005; SARANGI et al., 2006; TAO, ZHANG e CHEUNG, 2006; WOLFF et al. 2008; DE BARBA, 2010). No entanto, poucos autores objetivaram investigar a possível ação preventiva dessas substâncias sobre o desenvolvimento tumoral (SHAMTSYAN et al., 2004; BOBEK, GALBAVY e OZDIN, 1998; NOSÁL’OVÁ et al., 2001). Diante do exposto, o presente trabalho busca avaliar a atividade antitumoral de substâncias bioativas presentes da biomassa deslipidificada do basidiomiceto Pleurotus djamor em testes pós e pré/pós-indução tumoral, a fim de investigar a possível ação preventiva dessas substâncias sobre o desenvolvimento de Sarcoma 180 in vivo. 14 1 OBJETIVOS 1.1 Objetivo Geral Investigar in vivo a ação preventiva de substâncias bioativas presentes na biomassa deslipidificada de Pleurotus djamor sobre o desenvolvimento de Sarcoma 180 (S180). 1.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos são: • Investigar in vivo o efeito de diferentes concentrações de biomassa deslipidificada de Pleurotus djamor sobre o desenvolvimento de Sarcoma 180 por meio de testes pós e pré/pós-indução tumoral; • Avaliar o efeito da administração intraperitoneal da biomassa deslipidificada de Pleurotus djamor sobre a taxa de sobrevida dos animais portadores de Sarcoma 180; • Avaliar in vitro o efeito citotóxico das substâncias presentes da biomassa deslipidificada de Pleurotus djamor. 15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Fungos 2.1.1 Generalidades sobre Fungos Os fungos são seres eucarióticos e constituem um grupo de organismos heterotróficos em que não ocorre clorofila (RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2007; ESPOSITO e AZEVEDO, 2004). Podem apresentar-se sob a forma levuriforme (unicelular), ou constituir hifas (filamentos). O conjunto de hifas, ramificadas ou não, denomina-se micélio (ESPOSITO e AZEVEDO, 2004). Os fungos são responsáveis pela produção de importantes ácidos orgânicos, como o ácido cítrico, pela produção de fármacos, como alguns antibióticos, pela produção de enzimas de interesse industrial de elevado valor econômico, pelo controle biológico de pragas, pelo controle de inúmeras moléstias que atacam plantas cultivadas, e pela produção de etanol, dentre outros. Eles ainda têm destaque na produção de bebidas fermentadas como cervejas e vinhos, queijos dos mais diversos tipos e muitos outros alimentos (ESPOSITO e AZEVEDO, 2004). Para a obtenção de nutrientes eles agem como sapróbios, como parasitas ou como simbiontes mutualistas (PUTZKE e PUTZKE, 1998; MIMS, PLAYFAIR e ROITT, 1999; RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2007), absorvendo pequenas moléculas, que são liberadas 16 após secreção de enzimas sobre a fonte de nutrientes (MIMS, PLAYFAIR e ROITT, 1999; RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2007). Os fungos são seres cosmopolitas (RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2007) ecologicamente importantes, pois, no solo, participam da ciclagem dos nutrientes. Além do solo são também encontrados na água, em vegetais, em animais, no homem e em detritos (TRABULSI e TOLEDO, 1996). Os micologistas dividem o reino Fungi em três principais grupos: os fungos limosos, os fungos inferiores flagelados e os fungos terrestres (PELCZAR, CHAN e KRIEG, 1996). De acordo com o autor, a classificação dos fungos baseia-se primariamente nos seguintes critérios: • Características dos esporos sexuais e corpos frutíferos presentes durante os estágios sexuais dos seus ciclos de vida; • Natureza dos seus ciclos de vida; • Características morfológicas de seu micélio vegetativo ou de suas células. Entretanto, muitos fungos produzem esporos sexuais e basidiomas somente sob certas condições ambientais. Aqueles que possuem todos os estágios sexuais conhecidos são denominados fungos perfeitos e, os que não possuem, fungos imperfeitos. Estes são então colocados arbitrariamente em uma classe especial denominada Deuteromycetes. Quando seus ciclos sexuais são descobertos posteriormente, são então reclassificados entre as outras classes e recebem novos nomes (PELCZAR, CHAN e KRIEG, 1996). A classificação proposta por Alexopoulos, Mims e Blackwell (1996), bem como a de Raven, Evert e Eichhorn (2007) agrupa no reino fungi os filos Chytridiomycota, Zygomycota, 17 Ascomycota e Basidiomycota. Em 1995 a classificação proposta por Hawksworth et al. (1995) dividiu o filo basidiomycota em 3 classes: Basidiomycetes, Teliomycetes e Ustomycetes, sendo esta também a classificação aceita por Alexopoulos, Mims e Blackwell (1996) e Raven, Evert e Eichhorn (2007). 2.1.2 Os Basidiomicetos 2.1.2.1 Generalidades Basidiomicetos são caracterizados, em parte, pela produção de basidiósporos (esporos sexuais) em um basídio (célula onde ocorre cariogamia e meiose) (RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2007; HERNÁNDEZ et al., 2008). Segundo Raven, Evert e Eichhorn (2007) o micélio da maioria dos basidiomicetos passa por uma fase monocariótica (micélio primário), originada logo assim que o basidiósporo germina, e uma fase dicariótica (micélio secundário), formada pela fusão das hifas monocarióticas originadas de linhagens diferentes conforme demonstrado na Figura 1. Em grande parte das espécies o micélio secundário se divide por meio da formação de ansas ou fíbulas. O micélio terciário, dicariótico, é o que forma o basidioma, estrutura que contém os basídios, de onde bilhões de basidiósporos são liberados. O micélio dos basidiomicetos é sempre septado e os septos são perfurados. 18 Micélio secundário (n+n) Plasmogamia Basidiocarpo (n+n) Basídio inicial (cariogamia 2n) Basídio (meiose) Basidiósporo (n) Figura 1 – Ciclo reprodutivo de um basidiomiceto Fonte: Hood (2006) São conhecidas cerca de 23.000 espécies de fungos basidiomicetos (HOOD, 2006) e, dentre estas estão diversas espécies de cogumelos comestíveis (RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2007). Os cogumelos são muito apreciados como alimento em diversos países, não somente devido ao seu paladar, mas também por terem elevado valor nutritivo e baixo valor calórico. São fontes de ácidos graxos essenciais, sais minerais e proteínas (FURLANI e GODOY, 2005; TAKAHASHI e CARVALHO, 2010). Furlani e Godoy (2005) conduziram um trabalho que relatou o valor nutricional de cogumelos comestíveis. O estudo demonstrou que os cogumelos em questão mostraram ser 19 alimentos com características nutricionais excelentes, com alto teor de proteínas e fibras alimentares, além do baixo teor de lipídeos e fonte considerável de fósforo. Os cogumelos comerciais Agaricus bisporus (champignon), Lentinus edodes (shiitakii) e Pleurotus spp (ostra) são os mais comuns (WEBSTER e WEBER, 2007; HERNÁNDEZ et al., 2008). No entanto, muitos cogumelos selvagens, tais como Fistulina hepatica, Sparassis crispa, Albatrellus sp., Grifola frondosa, Hericium erinaceum e Laetiporus sulphureus, dentre vários outros, também são comestíveis (HERNÁNDEZ et al., 2008). Além da grande importância na indústria alimentícia, atualmente destacam- se também os produtos derivados de cogumelos com aplicações farmacológicas. Eles se apresentam, em sua maioria, na forma de extratos ou pó, derivados tanto do micélio cultivado como do corpo frutífero (BADALYAN, 2001). 2.1.2.2 Atividades Biológicas de Basidiomicetos Muitos, se não todos os basidiomicetos contém polissacarídeos biologicamente ativos em seus corpos frutíferos, micélio cultivado e caldo de cultura (WASSER, 2011). A atividade biológica de basidiomicetos foi confirmada por Lucas pela primeira vez em 1957, através do isolamento de uma substância de Boletus edulis, que apresentou efeito significativo na inibição contra células tumorais de Sarcoma 180 (ZHANG et al., 2007) e, desde então, diversos estudos têm sido conduzidos, buscando-se a confirmação de efeitos medicinais de polissacarídeos encontrados em várias espécies de basidiomicetos como mostra a Tabela 1. 20 A atividade antitumoral, em quase todos os cogumelos, é atribuída a polissacarídeos (GUNDE-CIMERMAN, 1999). No entanto, como pode ser observado na Tabela 1, além da atividade antitumoral, destacam-se dentre as propriedades medicinais dos fungos basidiomicetos, a atividade hipoglicêmica, antifúngica, antiviral, modulatória do sistema imunológico, antioxidante, anticolesterolêmica, cardiovascular, antiviral, antibacteriana, antiparasitária, antifúngica, desintoxicante, hepatoprotetora, antidiabética, entre outras (SMITH, ROWAN e SULLIVAN, 2002; WASSER, 2011). Tabela 1 - Fonte, tipo e bioatividade de alguns polissacarídeos macrofúngicos Fonte fúngica Pleurotus tuberregium Ganoderma lucidum Auricularia auricula Schizophillum commune Referências Zhang, Cheung e Zhang, 2001; Zhang, Chiu, Cheung, e Ooi, 2006; Zhang, Zhang e Cheung, 2003 Miyazaki e Nishijima, 1981; Mizuno, 1997 Fonte do polissacarídeo Esclerotia, micélio Tipo Principal atividade β-d-glucana Hepato-protetora, anti-câncer de seio Corpo de frutificação, caldo de cultivo Heteroglucana, mannoglucana, glicopeptídeo Hiperglicemia, imunomodulatória, antitumoral, antioxidativa, anti-decrepitude Ukai et al., 1983; Ukai et al., 1982 Corpo de frutificação Glucana Hiperglicemia, imunomodulatória, antitumoral, antiinflamatória, antiradioativa Yamamoto, 1981 Micélio Hericum erinaceus Kawagishi, Ando e Mizuno, 1990 Lentinus edodes Chihara, 1969; Chihara et al., 1970; Hobbs, 2000 Glucana, Antitumoral schizophyllana Corpo de Heteroglucana, Hiperglicemia, frutificação, micélio heteroglucanapeptídeo imunomodulatória, Antitumoral Caldo de cultivo, Manoglucana, Imunomodulatória, corpo de complexo antitumoral, frutificação polisacarídeoantiviral proteína, glucana, lentinana 21 Sclerotinia sclerotiorum Palleschi, Bocchinfuso, Coviello e Alhaique, 2005 Cui e Chisti, 2003 Polystictus versicolar Grifola frondosa Inonotus obliquus Kim et al., 2005 Trametes robiniophila Pleurotus ostreatus Morchella esculenta Heteroglucana, glicopeptídeo, krestin (PSK)a Imunomodulatória, antitumoral, antiradioativa, hiperglicemia, antiinflamatória Proteoglucana, glucana, galatomanan, heteroglucana, grifolana Imunomodulatória, antitumoral, antiviral, hepatoprotetora Zeng, 1990 Corpo de Complexo glucanafrutificação, micélio proteína, glicoproteína Antitumoral, antiinflamatória, antiviral, imunomodulatória Nakashim, Umeda e Kanada, 1979 Yang et al., 2004 Corpo de frutificação Micélio Glucana Antitumoral Glucana Antitumoral, imunomodulatória Liang, Miao e Zhang, 1996 Wang et al., 2005 Corpo de frutificação Corpo de frutificação Micélio Glucana Antitumoral Galactomanana Antitumoral Proteoglucana Imunomodulatória, hepatoprotetora, anti-câncer Zhang, 1995 Huang, 1982 Corpo de frutificação, micélio, caldo de cultivo Heteroglucana Hiperlipidemia, hiperglicemia, imunomodulatória, antitumoral, anti-decrepitude, antitrombótica Liu, Xie, Su, Han e Liu, 2003 Solomko, 1992 Corpo de frutificação, micélio Heteroglucana Corpo de Glicoproteína frutificação Imunomodulatória, hiperglicemia Antitumoral, hiperglicemia, antioxidante Tremella fuciformis Tremella aurantialba Corpo de frutificação, caldo de cultivo, micélio Antitumoral, imunomodulatória Antitumoral Flammulina velutipes Clitopilus caespitosus Pleurotus citrinopileatus Antitumoral Corpo de Glucana frutificação, micélio Corpo de Glucana, frutificação, micélio heteroglucana, glucana proteína, Glucomananacomplexo proteico Agaricus blazei Polypours umbellatus Glucana, scleroglucana (SSG)a Cun et al., 1994; Corpo de Zhuang et al., 1994; frutificação Zhuang, Mizuno, Ito, Shimura e Sumiya, 1993 Mizuno, 1992; Mizuno, 1998 Ganoderma applanatum Esclerotia Duncan et al., 2002 Corpo de frutificação Heteroglucana Hiperglicemia, antitumoral 22 Omphalia lapidescens Saito, Nishijima, Ohno, Yadomae e Miyazaki, 1992 Phellinus linteus Kim, Choi, Lee e Park, 2004 Armillariella tabescens Dictyophora indusiata Peziza vericulosa Tricholoma mongolium Cordyceps SP Corpo de frutificação Glucana Antiinflamatória, imunomodulatória Corpo de frutificação Glucana Kiho, Shiose, Nagai Micélio e Ukai, 1992 Hara et al., 1991 Corpo de frutificação Mimura, Ohno, Corpo de Suzuki, e Yadomae, frutificação 1985 Wang, Ooi, Ng, Corpo de Chiu e Chang, 1996 frutificação Glucana Antitumoral Heteroglucana Antitumoral Heteroglucana, manana, glucana Proteoglucana, glucana Antitumoral, hiperlipidemia Imunomodulatória, antitumoral Glucana Antitumoral Glucana, heteroglucana Antitumoral, imunomodulatória, antitumoral, hiperglicemia Hsu, Shiao, Hsieh e Corpo de Chang, 2002 frutificação, micélio, caldo de cultivo Fonte: ZHANG et al (2007) 2.1.2.3 Atividade Antitumoral de Basidiomicetos Diversos estudos vêm demonstrando o efeito antitumoral de fungos basidiomicetos. Kiho et al. (2010) verificaram o efeito antitumoral in vitro de extratos etanólicos dos cogumelos medicinais comestíveis Tremella aurantia, Pholiota adipose e Pholiota aurivella contra células humanas de câncer de próstata, linhagens LNCaP e PC-3. Os extratos etanólicos nomeados TA-70E, PAD-70E e PAU-70E, respectivamente, foram obtidos a partir da desidratação dos corpos de frutificação (100 g) de cada fungo e deslipidificação com etanol (700 mL) em Soxhlet. Em seguida, extrações com etanol 70% foram realizadas 4 vezes (500 mL) por 12 h em banho-maria. O extrato foi evaporado e liofilizado, obtendo-se um extrato de etanol 70%. O extrato foi seco e suspenso em PBS, obtendo-se uma concentração final de 5 mg mL -1. As células LNCaP e PC-3 foram tratadas com 0,5 mg mL -1 ou 1 mg mL -1 de cada 23 extrato. Os extratos de todos os fungos inibiram acentuadamente o crescimento das células LNCaP. A viabilidade das células LNCaP e PC-3 foi drasticamente reduzida pelo TA-70E em uma concentração de 1 mg mL-1 para 12% e 32% em relação ao controle, respectivamente, e foi mais significativa do que PAD-70E e 70E-PAU. Os resultados desse trabalho demonstraram a atividade inibitória dos extratos sobre o crescimento das linhagens de células LNCaP e PC-3. Em um estudo realizado por Soares et al. (2011) uma fração bioativa composta de um polissacarídico ligado a proteínas, de Grifola frondosa (maitake), foi extraída e preparada por um procedimento padronizado desenvolvido por Maitake Produtos Inc. Este estudo examinou o efeito dessa fração sobre a viabilidade e apoptose de células de câncer de mama humano (MCF7). Essas células foram tratadas com extrato de maitake (fração D) a 18 µg mL-1, 36 µg mL-1, 91 µg mL-1, 183 µg mL-1 ou 367 µg mL-1 ou foram deixados sem tratamento (controle) por 24 horas. A apoptose foi dose dependente, atingindo quase 98% de morte celular na concentração máxima de 367 µg mL-1. Um ensaio de microarray revelou upregulation da BAK-1 e transcrições do citocromo c, duas proteínas diretamente envolvidas na via de apoptose. BAK-1 foi um dos genes mais expressos. Estes resultados confirmam o efeito apoptótico de maitake fração D em células de câncer de mama. Tanaka et al. (2011) examinaram o efeito antitumoral induzido por ingestão oral de uma dieta imunomoduladora composta por extrato micelial de Lentinula edodes (L.E.M.). Camundongos C57BL/6 foram inoculados por via subcutânea na pata com melanoma B16 e após 24h iniciou-se a ingestão de alimento contendo 1%, 2% ou 10% de extrato L.E.M. A ingestão de 1% ou 2% do extrato inibiu significativamente o crescimento tumoral nos animais tratados em relação ao grupo controle. O crescimento do tumor nos animais que foram alimentados livremente com 2% de extrato L.E.M. foi significativamente suprimido em 24 comparação com camundongos alimentados com 1% de extrato de L.E.M. Não houve diferença no crescimento do tumor entre os camundongos que foram alimentados livremente com extrato L.E.M. 2% ou 10%. 2.1.3 Fungos do Gênero Pleurotus Espécies de Pleurotus, comumente conhecidos como cogumelos ostra (MANDEEL, AL-LAITH e MOHAMED, 2005) devido ao formato do píleo ser semelhante a uma concha (CHANG e MILES, 2004), são fungos comestíveis cultivados em todo o mundo, especialmente no sudeste da Ásia, Índia, Europa e África (MANDEEL, AL-LAITH e MOHAMED, 2005). O gênero Pleurotus pertence à classe dos basidiomicetos e é composto por um grupo de cogumelos ligninolíticos, com propriedades medicinais e importantes aplicações biotecnológicas e ambientais. Na indústria de alimentos, o cultivo de Pleurotus spp é mundialmente importante do ponto de vista econômico (COHEN, PERSKY e HADAR, 2002). Essas propriedades e aplicações, bem como o fato de poderem ser facilmente manipulados e apresentarem um rápido desenvolvimento devido ao uso de matéria orgânica em decomposição para o crescimento, apresentando uma grande variedade de alternativas para uso como substrato no cultivo, fazem com que os cogumelos deste gênero estejam entre os mais cultivados no mundo (CARVALHO, SALES-CAMPOS e ANDRADE, 2010). Eles apresentam elevado teor de proteínas, aminoácidos essenciais, proporção elevada de ácidos graxos insaturados, diversas vitaminas e minerais, além de teores baixos de 25 gorduras, ácidos nucléicos, açúcares e calorias (RAMPINELLI et al., 2010). Um estudo, realizado por Guo, Lin e Lin (2007) verificou que Pleurotus djamor, Pleurotus ferulae, Pleurotus nebrodensis e Pleurotus sapidus apresentam quantidades de carboidratos totais, polissacarídeos, fibra bruta, proteína bruta, gordura bruta e cinzas nas faixas de 46,2-59,9%, 9,02-18,8%, 11,2-17,2%, 15,6-30,3%, 1,65-7,35% e 3,84-5,83%, respectivamente. Rampinelli et al. (2010) avaliaram o valor nutricional de basidiomas de Pleurotus djamor cultivados em palha de bananeira e verificaram teores de carboidratos totais, proteína bruta, fibra bruta e cinzas para o 1o fluxo produtivo de 32,7%, respectivamente e 20,5%, 22,4%, 7,4%, para o 2o fluxo produtivo de 27,4%, 19,8%, 12,7% e 6,3%, respectivamente. Devido à habilidade de secretar várias enzimas, como peroxidases, lacases, celulases, hemicelulases e xilanases, o cultivo desses fungos torna-se possível em uma variedade de substratos lignocelulósicos (COHEN, PERSKY e HADAR, 2002). Assim, os resíduos de atividades agroindustriais como palha de milho, casca de café (DIAS et al., 2003), palha de trigo (SHER, MOHAMAD e KHAN, 2011), palha de bananeira (GERN et al., 2010), entre outros, podem ser utilizados para produção de cogumelos, trazendo consigo uma vantagem tanto comercial, pela redução do custo de produção e agregação de valor ao resíduo, como uma vantagem ambiental, pela disposição final adequada de um resíduo até então degradado no meio ambiente. Além do cultivo sólido, é possível a realização do cultivo submerso (WISBECK, FURLAN e NINOW, 2005; ZANOTELLI, FURLAN e WISBECK, 2007; GERN et al., 2008). A aplicação ambiental desses fungos é também demonstrada pela capacidade de 26 degradação de compostos poluentes. P. ostreatus mostrou-se capaz de degradar 2,4-diclorofenol, importante poluente encontrado nos resíduos da indústria de papel e celulose (SILVA et al., 2009). Garcia (2009) validou a capacidade de P.ostreatus e P. sajor-caju em degradar 2,4 diclorofenol e 2, 4, 6 triclorofenol. Libardi Junior (2010) demonstraram a capacidade da lacase encontrada em caldo fermentado por P. ostreatus em degradar os compostos interferentes endócrinos tnonilfenol, bisfenol-A e 17α-etinilestradiol. Além da aplicação ambiental, destacam-se também diferentes atividades medicinais atribuídas aos fungos do gênero Pleurotus. Estudos têm sido conduzidos e diversas dessas atividades já foram comprovadas em espécies do gênero, como mostra resumidamente a Tabela 2. Tabela 2 - Efeitos medicinais de Pleurotus spp Efeito medicinal Antimicrobiano Antitumoral Anti- hipertensivo Fungo Pleurotus ostreatus Wolff et al., 2008; Wisbeck, Robert e Furlan, 2002 Pleurotus ostreatus Pleurotus sajor-caju Pleurotus djamor Pleurotus geesteranus Pleurotus eryngii Pleurotus cornucopiae Wolff et al., 2008 Dalonso et al, 2009 De Barba, 2010 Zhang et al., 2011 Jung et al., 2011 Jang et al., 2011 Pleurotus ostreatus Jayakumar, Thomas, 2009; Xia et al., 2011 Pleurotus eryngii Pleurotus. sajor-caju Pleurotus eous Pleurotus florida Pleurotus tuber-regium Pleurotus eryngii Oke e Aslim, 2011 Telles et al., 2011 Suseem et al., 2011 Ghazanfari et al., 2009 Wong et al., 2011 Han et al., 2011 Antioxidante Analgésico Imunomodulatório Antialérgico Fonte: Primária (2012) Referências Geraldine, 27 2.1.3.1. Atividade antitumoral de Pleurotus spp. Resultados obtidos por Sousa, Nascimento e Correia (2004) sugerem que a fração solúvel em água obtida a partir do cogumelo Pleurotus ostreatoroseus, testada in vitro contra a linhagem de células NCI-H292 (originadas de células de carcinoma pulmonar humano) e in vivo após indução do tumor Sarcoma 180 em camundongos albinos suíços, tem potencial farmacológico no tratamento de tumores. Apesar de um efeito tóxico não ter sido observado na cultura de células in vitro, quando o teste foi realizado in vivo, o grupo de animais tratados mostrou sinais clínicos sugestivos de toxicidade e a mortalidade começou mais cedo do que no grupo não tratado. Porém os camundongos tratados apresentaram uma inibição tumoral de 41,96% do tumor. Frações solúveis em água de um proteoglicano obtido do micélio de P. ostreatus por Sarangi et al. (2006) foram purificadas por meio de preciptação alcólica, cromatografia de troca iônica e de permeação em gel. Foram obtidas 3 frações, com diferentes relações entre polissacarídeos e proteínas. Essas frações foram testadas in vivo em camundongos inoculados intraperitonealmente com Sarcoma 180. O tratamento com cada uma das três frações (5mg kg-1 de massa corporal) foi realizado durante 6 dias consecutivos e revelou que todas as frações foram capazes de reduzir o número de células de câncer significativamente. A fração III, com relação de 18,3mg de polissacarídeo/ proteína, apresentou a maior atividade antitumoral, chegando a mais de 90% de redução. Para investigar o efeito antineoplásico de P. ostreatus, Wolff et al. (2008) utilizaram o caldo de cultura in natura, o extrato do caldo de cultura (obtido pela precipitação do caldo de cultivo por 4 volumes de acetona) e o extrato dos corpos de frutificação (obtido pela 28 precipitação com 5 volumes de etanol do sobrenadante resultante de extração aquosa - 100ºC por 4h - de corpos frutíferos frescos). Os testes foram conduzidos em camundongos albinos Swiss fêmeas, inoculados com o tumor ascítico de Ehrlich no peritônio dos animais, na concentração de 5x106 cel.animal-1. Todas as substâncias testadas inibiram o desenvolvimento tumoral em níveis próximos de 70% quando injetadas via intraperitoneal nos camundongos. A maior inibição tumoral foi 76%, alcançada para o tratamento com o extrato do caldo de cultura. Li et al. (2008), após isolarem a lectina, uma proteína ligada a carboidrato, de basidiomas frescos do fungo Pleurotus citrinopileatus, verificaram cerca de 80% de inibição do crescimento tumoral em camundongos ICR com sarcoma 180. O tratamento foi realizado por via intraperitoneal, administrando-se 5 mg kg-1 diários durante 20 dias, após indução tumoral. Dalonso et al. (2010) investigaram a atividade antitumoral de 4 frações polissacarídicas obtidas do basidioma de Pleurotus sajor-caju,. As frações foram administradas por via intraperitoneal por 6 dias na dose de 10 mg kg-1 em camundongos fêmeas da raça Swiss, inoculados com o tumor ascítico de Ehrlich- TAE. As frações FI e FII apresentaram redução no número de células neoplásicas presentes no líquido ascitíco de 86,2% e 85%, respectivamente, quando comparado ao controle positivo (grupo inoculado com o tumor, mas sem tratamento). As frações FIII-I e FIII-II inibiram o desenvolvimento tumoral em 54% em 52%, respectivamente. DE BARBA (2010) investigou em camundongos albinos suíços machos, inoculados com Sarcoma 180 (S180), a atividade antitumoral de polissacarídeos extracelulares de Pleurotus djamor, cultivado em meio líquido. Os extratos polissacarídicos foram obtidos por precipitação com etanol (PE1) e com acetona (PE2), e foram administrados por via 29 intraperitoneal nos animais durante 10 dias. Os resultados mostraram que ambos os precipitados foram efetivos contra S180, com taxas de inibição de 60%, 83%, 94% e 64% para doses de 3, 10, 30 e 100 mg kg-1 de massa corporal de PE1, respectivamente, e de 55%, 82%, 93% e 89% para doses de 3, 10, 30 e 100 mg kg-1 de massa corporal de PE2, respectivamente. Em um estudo in vitro realizado por Jung et al. (2011), corpos de frutificação de Pleurotus eryngii secos a 40ºC por 24 horas e triturados, foram suspensos em água destilada (1000g) e agitados a 100º C por 3 horas. Após centrifugação, adicionou-se ao sobrenadante 3 volumes de etanol a 4ºC por 24h. Após nova centrifugação, o precipitado foi dialisado com água destilada por 5 dias. Os extratos, tanto na forma nativa como na forma modificada por sulfatação, foram testados em dois diferentes tipos de células cancerosas: A549, de pulmão humano e H4IIE, de fígado de rato. Os derivados sulfatados com diferentes graus de substituição (0,12 a 0,92) demonstraram atividade inibitória da ordem de 80% sobre A549, de forma dependente da dose, enquanto a forma nativa mostrou inibição de quase 40%, dependendo da dose. Zahng et al. (2011) obtiveram 4 frações a partir de cogumelos da espécie Pleurotus geesteranus utilizando um tratamento com água quente e posterior fracionamento com gradiente de precipitação em água e sulfato de amônia. Células humanas de câncer de mama (linhagem MCF7) foram tratadas com 12,5, 25, 50, 100, e 200 µg mL-1 de cada fração durante 72h. Uma das frações, que apresentou alta massa molar e era composta principalmente de glucose, exerceu um efeito citotóxico significativo sobre a linhagem de células MCF7. O percentual de inibição do crescimento celular de MCF7 foi de 32% para a concentração de 200 µg mL-1 e 37% para a concentração de 100 µg mL-1. Facchini (2011) avaliou a eficácia na redução do desenvolvimento do Tumor Ascítico 30 de Ehrlich (TAE) e do Sarcoma 180 de seis extratos obtidos por meio de fracionamentos subsequentes da biomassa micelial de Pleurotus ostreatus DSM 1833 congelada: FS (tratamento com etanol a 80ºC por 3h, 4 vezes), FI (extração aquosa a 100ºC por 3h, 4 vezes), FII (extração com NH4-oxalato a 100ºC por 3h, 4 vezes), FIII-1 (extração com NaOH e NaBH4 em temperatura ambiente por 24h, 2 vezes e precipitação com AcOH até pH 6) e FIII2 (precipitação com etanol do sobrenadante de FIII-1) e ainda FC (fração etanólica do caldo de cultivo). As substâncias foram administradas em camundongos por via intraperitoneal. O tratamento dos animais foi iniciado 24 horas após o implante tumoral e foi conduzido durante 10 dias, na dose de 30 mg kg-1. A avaliação do desenvolvimento tumoral foi realizada 21 dias após a indução do tumor pela determinação do volume e da massa tumoral. Os resultados mostraram que as frações FC, FI e FII, na dose de 30 mg kg-1 proporcionaram um valor médio de 70 % de inibição do desenvolvimento do TAE. A fração FII exerceu inibição, também, do sarcoma 180 nessa mesma dose, bem como a fração FIII-2. Ambas resultaram num valor médio de 90% de inibição contra este tumor. Sendo assim, S180, que apresentou melhor resposta às frações e a fração FII, por ser obtida mais facilmente que FIII-2 foram selecionados para os testes de determinação da dose capaz de proporcionar maior regressão tumoral. As doses testadas foram, então, de 10, 30 e 50 mg kg-1. As doses 10 e 30 mg kg-1, promoveram a maior inibição do Sarcoma 180, cerca de 75%, sem diferença significativa entre si, sendo a dose de 10 mg kg-1, a que representou a necessidade de uma menor massa para a realização do tratamento. Assis (2011) avaliou a atividade antitumoral dos polissacarídeos extracelulares (PE1) e intracelulares (PM1 e PM2) de Pleurotus sajor-caju, obtidos da seguinte forma: PM1 extração aquosa a 80ºC por 4 horas da biomassa liofilizada. Após aquecimento, a solução foi filtrada em membrana de 0,45µm. O filtrado foi concentrado a vácuo em rotavapor e 31 adicionado de etanol PA na proporção 1:4 (filtrado: etanol, v:v), agitado vigorosamente e mantido “overnight” a 4°C. Após, o precipitado formado foi separado por centrifugação (5500 rpm por 20 minutos); PM2 – obtido a partir da biomassa liofilizada por processo de extração em soxhlet com éter de petróleo por 8-10 horas para deslipidificação. O material isento de lipídeo foi adicionado de metanol PA e, após a evaporação do metanol, liofilizado e mantido em frasco vedado, em temperatura ambiente, até a sua utilização; PE1 – precipitação com etanol PA na proporção 1:4 (caldo de cultivo:etanol, v:v) “overnight” a 4ºC, adicionado ao caldo de cultivo isento de biomassa. Após, o precipitado formado foi separado por centrifugação, liofilizado e mantido em frasco vedado, em temperatura ambiente, até sua utilização. Os testes foram conduzidos em camundongos machos da raça albino swiss, inoculados com S180 e submetidos a tratamento pós-indução tumoral com quatro diferentes doses (3, 10, 30 e 100 mg kg-1) das substâncias teste. O precipitado polissacarídico PE1 e o extrato PM2 apresentaram taxas de inibição da ordem de 86% e 82%, respectivamente, em relação ao controle positivo. No caso do extrato polissacarídico PM1, apenas a dose de 100 mg kg-1 apresentou redução tumoral (80%), já que para as demais doses não se observou diferença estatisticamente significativa no peso tumoral em relação ao controle. Lavi et. al. (2011) avaliaram o papel de extratos obtidos de corpos frutíferos (FBE) e do micélio (ME) do cogumelo comestível Pleurotus pulmonarius em cancer de colon induzido. In vitro, células humanas de câncer colorretal foram tratadas com FBE e ME e analisadas quanto à resposta inflamatória, marcadores de apoptose e progressão do ciclo celular. In vivo, FBE e ME foram administrados oralmente a camundongos modelo FVB/N. Os animais foram avaliados quanto a colite associada à carcinogênese colorretal induzida. Os camundongos tratados foram alimentados com uma dieta diária contendo 2 ou 20 mg de FBE ou ME por camundondo por 80 dias. Os autores concluíram que os extratos obtidos a partir de 32 P. pulmonarius inibiram colite associada à carcinogênese de cólon induzida em camundongos por meio da modulação da proliferação celular, indução de apoptose e inibição da inflamação. 2.2 Protocolos de Tratamentos a Base de Substâncias Fúngicas Bioativas 2.2.1 Protocolos de Pré-Tratamento Trabalhos avaliaram a eficácia do pré-tratamento com substâncias fúngicas contra diversos danos. Nosáľová et al. (2001) demonstraram o possível papel imunomodulador preventivo de Pleurotus ostreatus. Os autores estudaram a ação da pleuran, uma ß-1,3 glucana isolada do cogumelo cometível P. ostreatus, em um modelo de colite aguda induzida em ratos pela administração intracolon de ácido acético. Houve uma redução de 75% da classificação do dano do cólon, após pré-tratamento intracólon único com suspensão de pleuran 2%, realizada 30 minutos antes da indução ao dano, em relação ao grupo de animais tratados com uma ração à base de celulose. Resultados obtidos após administração intraperitoneal repetida de pleuran em doses de 30 e 100 mg kg-1 48 e 24h anteriormente à exposição ao ácido acético foram de 75% e 90,42% de redução da classificação do dano de cólon, respectivamente. O prétratamento com pleuran, administrado por via oral como componente de 10% da ração alimentar por mais de 4 semanas anteriores à administração de ácido acético foi eficaz na redução da extensão do dano em 38,85%. 33 Em um estudo realizado por Shamtsyan et al. (2004) corpos frutíferos de Pleurotus ostreatus secos a 60ºC foram tratados com etanol 85% a 80ºC durante 8h. Duas extrações com água fervente durante 3h foram realizadas com o precipitado. O filtrado obtido foi evaporado sob vácuo e as frações de polissacarídeos foram precipitadas em 5 volumes de etanol, dialisadas contra água destilada e liofilizadas. Os extratos obtidos foram administrados por duas semanas, por via oral (100mg de extrato por kg do animal) em camundongos fêmeas C57BL. Após esse período, melanoma B16 foi transplantado subcutaneamente nos animais (1 x 106 cel.animal-1). A avaliação da inibição tumoral foi realizada de 8 a 40 dias após o transplante. A inibição do tumor aumentou, entre o 8° e o 26º dia, de 30 para 80%, em relação ao grupo controle. Nada, Omara e Abdel-Salam (2010) avaliaram o efeito de polissacarídeos fúngicos insolúveis livres de amido (MINSP) em ratos que sofreram dano hepatológico induzido por tetracloreto de carbono (CCl4 ). MINSP (100 e 200 mg kg-1) foi administrado oralmente por 15 dias antes da indução do dano hepático com CCl4 (1,5mL kg-1). O pré-tratamento com MINSP melhorou significativamente os parâmetros testados quando comparados ao grupo controle. Observou-se a melhora na atividade antioxidante no fígado de forma dependente da dose, e a análise histopatológica do tecido hepático revelou que a administração de MINSP protegeu hapatócitos de danos causados por CCl4. Ishii et al. (2011) reportaram um percentual de 45,52% de redução de genotoxicidade em camundongos suíços machos, após administração de ração suplementada com 10% do cogumelo Agaricus blazei desidratado. O dano no DNA dos animais foi induzido pela administração de DMH pelo período de duas semanas. O tratamento com A. blazei foi realizado pelo período de 2 semanas, antes do inicio da indução do dano, seguindo um protocolo de pré-indução. Em relação à redução de danos no cólon dos animais, os autores 34 observaram uma redução de 54,60%. 2.2.2 Protocolos Pré/Pós-Tratamento Whistler et al. (1976) utilizaram polissacarídeo derivado do cogumelo Schizophyllum commune (Schizophyllan) em camundongos implantados com células de sarcoma 180 e reportaram um aumento da sobrevida em 57% dos animais que foram submetidos a um tratamento pré/pós-indução tumoral. Bobek, Galbavy e Ozdin (1998) estudaram o efeito da dieta suplementada com 5% de Pleurotus ostreatus desidratado sobre a carcinogenese de colon induzida em ratos da raça Wister. A indução tumoral foi realizada pela administração de 20 mg kg-1 de dimetil-hidrazina (DMH) uma vez por semana, pelo período de 12 semanas. As lesões tumorais que ocorreram foram caracterizadas como carcinomas in situ ou adenocarcinomas infiltrantes. A dieta suplementada com Pleurotus ostreatus foi administrada concomitantemente à aplicação de DMH, ou seja, anteriormente ao surgimento de lesões tumorais e mantido durante todo o processo de indução tumoral com DMH. A dieta fúngica reduziu significativamente a incidência de hiperplasia linfóide. Uma redução no número total de tumores foi observada nos grupos de animais alimentados com dieta de cogumelo. Além disso, uma redução significativa do número de focos tumorais do carcinoma in situ foi observada em animais alimentados com P. ostreatus. Estes animais tiveram o número significativamente menor de focos de criptas aberrantes no colon. Ishii et al. (2011) ao seguirem um protocolo de pré-tratamento + condições contínuas, 35 em que os animais se mantiveram sob tratamento, durante todo o tempo do experimento, com ração suplementada pelo cogumelo A. blazei, como citado no item 3.3.1, observaram atividade antigenotóxica demonstrada por um precentual de redução de danos de 38,76%. Quando os autores avaliaram a redução de danos em relação a integridade do cólon dos animais, análises comprovaram 50,45% de redução, comprovando a atividade anticarcinogênica de A. blazei. 2.2.3 Protocolos de Pós-Tratamento Whistler et al. (1976), ao seguirem um protocolo de pós-tratamento verificaram um aumento no tempo de sobrevida de 43% em animais implantados com células de sarcoma 180 tratados com polissacarídeo derivado do cogumelo Schizophyllum commune (Schizophyllan). Bobek, Galbavy e Ozdin, (1998) admistraram uma dieta imunomoduladora, suplementada com 5% de Pleurotus ostreatus desidratado por 21 semanas após indução tumoral descrita anteriormente no item 2.2.2. Houve redução no número total de tumores. No protocolo de tratamento pós-indução seguido por Ishii et al. (2011), em que animais receberam o tratamento de dieta suplementada com A. blazei após a indução do dano, os autores verificaram uma redução de 50,09% da genotoxicidade induzida e a redução no número de criptas aberrantes no cólon dos animais foi de 30,56%. Diversos estudos comprovam a ação antitumoral de substâncias bioativas produzidas por fungos do gênero Pleurotus em protocolos de pós-tratamento contra Sarcoma 180. A Tabela 3 mostra os resultados da literatura com respeito ao percentual de inibição (%) do 36 Sarcoma 180 por substâncias obtidas de diferentes espécies de Pleurotus adiministradas após indução tumoral. Tabela 3 - Percentuais de inibição (%) do Sarcoma 180 por substâncias obtidas de diferentes espécies de Pleurotus adiministradas após indução tumoral Espécie Origem da fração polissacarídica Concentração Tempo/ tipo do tumor de (cel.animal-1) administração (s* ou i.p.) Dose (Dias/ i.p. ou (mg kg1) oral) Tempo de avaliação Inibição (dias)** (%) Referência Ikekawa et al. (1969) P. ostreatus Corpos frutíferos - (s) 10/i.p. 200 35 75,3 P. ostreatus Corpos frutíferos 5x106 (s) 10/i.p. 0,2 35 95 Yoshioka et al. (1985) P. citrinupileatus Corpos frutíferos secos (FI) 2x106 (s) 10/i.p. 10 21 23 Zhang et al. (1994) P. citrinupileatus Corpos frutíferos secos (FII) 2x106 (s) 10/i.p. 10 21 24,1 Zhang et al. (1994) P. citrinupileatus Corpos frutíferos secos (FIII-1) 2x106 (s) 10/i.p. 10 21 79,5 Zhang et al. (1994) P. citrinupileatus Corpos frutíferos secos (FIII-2) 2x106 (s) 10/i.p. 10 21 93,5 Zhang et al. (1994) P. tuber-regium Corpos frutíferos secos 1x105 (s) 10/i.p. 20 17 75 Zhang et al. (2004a) P. tuber-regium Biomassa micelial seca 1x105 (s) 10/i.p. 20 17 65,4 Zhang et al. (2004b) P. citrinupileatus Precipitado do caldo de cultivo 3x106 (i.p.) 20/oral 50 20 74 Wang et al. (2000) P. ostreatus Biomassa micelial fresca 2x106 (i.p.) 6/i.p. 5 7 98 Sarangi et al. (2006) P. tuber-regium Corpos frutíferos secos 1x105 (s) 8/i.p. 20 9 Tao, Zhang 21,6 e Cheung, (2006) 37 P. tuber-regium Corpos frutíferos secos P. ostreatus Tao, Zhang 72,1 e Cheung, (2006) 1x105 (s) 8/i.p. 60 9 Precipitado do caldo de cultivo 5x106 (i.p.) 6/i.p. 10 7 72 Wolff et al. (2008) P. djamor Precipitado do caldo de cultivo - (s) 10/i.p. 10 21 83 De Barba (2010) P. djamor Precipitado do caldo de cultivo - (s) 10/i.p. 30 21 94 De Barba (2010) P. djamor Precipitado do caldo de cultivo - (s) 10/i.p. 100 21 64 De Barba (2010) 6x106 (s) 28/i.p. 40 56 53,1 6x106 (s) 28/i.p. 80 56 P. eryngii P. eryngii Biomassa micelial Biomassa micelial Jeong et al. (2010) Jeong et al. 25,7 (2010) P. sajor-caju Precipitado do caldo de cultivo 5x106 (s) 10/i.p. 10 21 79 Assis (2011) P. sajor-caju Precipitado do caldo de cultivo 5x106 (s) 10/i.p. 30 21 86 Assis (2011) P. sajor-caju Precipitado do caldo de cultivo 5x106 (s) 10/i.p. 100 21 86 Assis (2011) 5x106 (s) 10/i.p. 30 21 85,6 Facchini (2011) 5x106 (s) 10/i.p. 30 21 54,1 Facchini (2011) 5x106 (s) 10/i.p. 30 21 93,6 Facchini (2011) 5x106 (s) 10/i.p. 10 21 74,1 5x106 (s) 10/i.p. 30 21 P. ostreatus P. ostreatus P. ostreatus P. ostreatus P. ostreatus Biomassa micelial (FII) Biomassa micelial (FIII1) Biomassa micelial (FIII2) Biomassa micelial (FII) Biomassa micelial (FII) Biomassa 5x106 (s) 10/i.p. 50 micelial (FII) *s= subcutâneo, i.p.= intraperitoneal **contados a partir do início do tratamento Fonte: Facchini (2011) P. ostreatus 21 Facchini (2011) Facchini 75,5 (2011) 53,7 Facchini (2011) 38 2.3 Neoplasias Neoplasias são formas de crescimento celular não controladas, dando origem a uma proliferação anormal de tecido que foge parcial ou totalmente ao controle do organismo, tendendo à autonomia e à perpetuação com efeitos agressivos ao hospedeiro (INCA, 2008). Apresentam elevada atividade proliferativa, capacidade de invasão tecidual e o desenvolvimento de metástases para outros órgãos (PINHO, 2005). 2.3.1 Classificação e Nomenclatura De acordo com a manifestação biológica os tumores podem ser benignos ou malignos. Alguns critérios morfológicos são utilizados para o diagnóstico, tais como encapsulação, crescimento, diferenciação morfológica em relação ao tecido de origem, mitoses, antigenicidade e metástases. A Tabela 4 mostra os critérios de diferenciação entre tumores benignos e malignos (INCA, 2008). 39 Tabela 4 - Diferenciação entre tumores benignos e malignos Critérios Encapsulação Mitoses Benignos Presença frequente Lento, expansivo e bem delimitado. Reproduz o aspecto do tecido de origem Raras e típicas Antigenicidade Ausente Metástases Fonte: INCA (2008) Não ocorrem Crescimento Morfologia Malignos Geralmente ausente Rápido, infiltrativo com delimitação imprecida Caracteres diferentes do tecido de origem Frequentes a atípicas Presente- embora geralmente fraco Frequentes A nomenclatura dos tumores depende do tecido que lhes deu origem. O tumor benigno pode apresentar mais de uma linhagem celular, recebendo na maior parte dos casos o nome dos tecidos que o compõe acrescido do sufixo “oma”. Os tumores malignos podem ser subdividos em dois grandes grupos de acordo com sua origem. Aqueles formados a partir de tecidos epiteliais (de revestimento, derivados do ectoderma ou endoderma), são denominados como carcinomas. Por outro lado, tumores oriundos de tecidos mesenquimais são classificados em geral como sarcomas, podendo ser melhor caracterizados pela adição do nome de seu tecido específico de origem, como por exemplo o tumor maligno do tecido cartilaginoso – condrossarcoma, o tumor maligno do tecido gorduroso – lipossarcoma, entre outros (INCA, 2008). A Tabela 5 mostra a classificação dos tumores segundo sua origem tecidual. 40 Tabela 5 - Classificação dos tumores segundo sua origem tecidual Origem Revestimento Glândula Benignos Tecido epitelial Papiloma Adenoma Malignos Carcinoma Adenocarcinoma Tecido conjuntivo Fibroso Mixóide Adiposo Cartilagem Vasos sanguíneos Glômus Pericitos Vasos linfáticos Mesotélio Meninge Mielóide Linfoide Células de lagerhans Liso Estriado Neuroblasto Neurônio Fonte: INCA (2008) Fibroma Mixoma Lipoma Condroma Hemangioma Glomangioma Hemangiopericitoma Linfangioma Meningioma Tecido hemolinfopoético Tecido muscular Leiomioma Rabdomioma Tecido nervoso Ganglioneuroma - Fibrossarcoma Mixossarcoma Lipossarcoma Condrossarcoma Hemangiossarcoma Hemangiopericitoma maligno Linfangiossarcoma Mesotelioma maligno Menigioma maligno Leucemia (vários tipos) Leucemia linfocítica Linfoma Plasmocitoma Doença de Hodgkin Histiocitose X Leiomiossarcoma Rabdomiossarcoma Ganglioneuroblastoma Neuroblastoma 2.3.2 Carcinogênese O câncer é causado pela falta de controle sobre nascimento e morte celular (FRANK, 2007). São os genes e seus mecanismos reguladores os responsáveis por determinar as 41 características de crescimento das células e, também, quando ou se essas células devem dividir-se para formar novas células. Uma mutação ou alguma outra forma de ativação anormal desses genes controladores do crescimento e da divisão celular predispõem um organismo ao câncer. Esses genes anormais são chamados de oncogenes (GUYTON e HALL, 1997). O câncer tem início com a proliferação descontrolada de células malignas causada por problemas ocorridos na apoptose, processo que leva à morte celular (VULIMIRI E DIGIOVANNI, 2006). Segundo BORCHERS; KEEN e GERSHWIN (2004), a carcinogênese, processo de formação do câncer, pode ser dividida em três etapas: iniciação, promoção e progressão. Durante a iniciação, exposição a produtos químicos, por exemplo, muitas vezes causam uma mutação (FRANK, 2007). Após a iniciação, um promotor tumoral é necessário para estimular a divisão celular e a formação de pequenos tumores benignos. A progressão resulta na proliferação descontrolada de células cancerosas e envolve também a capacidade dessas células de invadir tecidos adjacentes e, eventualmente, a metástase (BORCHERS, KEEN e GERSHWIN, 2004). Para Pinho (2005) um distúrbio local, que tem origem na perda da capacidade regulatória de uma única célula, resulta em uma linhagem celular que apresenta um ganho proliferativo, resultando em nódulos de crescimento acelerado. Segundo o autor, essa etapa é seguida pelo desencadeamento de uma série de reações análogas ao processo de inflamação, que dá origem a uma progressiva formação de vasos sanguíneos, denominada como angiogênese, o que favorece o ritmo proliferativo devido ao maior aporte nutricional. A proliferação indefinida de células cancerosas demanda, eventualmente, toda a nutrição disponível para o corpo. Como resultado, os tecidos normais sofrem, gradualmente, morte nutricional (GUYTON e HALL, 1997). 42 No entanto, uma única mutação ocorrida na etapa de iniciação, mesmo que causando danos irreversíveis ao DNA, é insuficiente para causar câncer, sendo necessário um progressivo acúmulo destas (BOCHERS, 2004). O surgimento de células com alterações em seu DNA decorrente de defeitos ocorridos em divisões celulares é bastante frequente. Entretanto, apenas um número reduzido destas irá de fato levar ao desenvolvimento de uma neoplasia invasiva (câncer) em decorrência de diversos fatores, como descreve Guyton e Hall (1997): • A maioria das células mutantes tem menos capacidade de sobrevivência e, simplesmente morrem; • Controles normais por feedback impedem o crescimento excessivo de células mesmo que essas apresentem grandes mutações; • Ativação do sistema imune do corpo em resposta à formação de proteínas anormais pelas células, devido aos seus genes alterados, fazendo com que formem anticorpos, ou linfócitos sensibilizados que reagem contra as células cancerosas, destruindo-as; • Necessidade de que vários oncogenes diferentes sejam ativados ao mesmo tempo. A metástase ocorre quando células se desprendem de um tumor primário e invadem a circulação sanguínea ou linfática e, após vencerem diversas barreiras, estabelecem nova colônia em outro local (LIU e ROBINS, 2006). Algumas dessas barreiras são descritas por Liu e Robins (2006) para o processo de invasão e metástase de um carcinoma epitelial no pulmão. Segundo os autores, as células necessitam: 43 • Ganhar mobilidade (secreção de fatores de mobilidade); • Desprender-se de seu local ou afrouxar sua adesão (perda de E-caderina) às células vizinhas; • Superar sua membrana basal; • Encontrar outra membrana basal; • Evitar sua detecção pelo sistema imunológico para finalmente se alojar num leito capilar; • Afastar as células endoteliais; • Repenetrar a membrana basal endotelial; • Formar um novo aporte sanguíneo (angiogênese). O conhecimento sobre os mecanismos mais importantes responsáveis pela ocorrência de metástases levou pesquisadores a tomarem como alvo as etapas individuais da invasão. Estão sendo estudados, por exemplo, inibidores especiais de metaloproteinase, que impedem as células cancerosas de penetrarem nas membranas basais, e inibidores antiangiogênese, como por exemplo, inibidores de fatores de crescimento vascular - endotelial (VEGF), a talidomida e a endostatina (LIU e ROBINS 2006). 2.3.3 Incidência do Câncer Humano O impacto global do câncer mais que dobrou em 30 anos. No Brasil, as neoplasias malignas constituem-se na segunda causa de morte na população, representando quase 17% 44 dos óbitos de causa conhecida (INCA, 2012a, web). Em 2010 e 2011 estimou-se a ocorrência de 489.270 casos novos de câncer no Brasil. Os tipos mais incidentes, à exceção do câncer de pele do tipo não melanoma, seriam os cânceres de próstata e de pulmão no gênero masculino e os cânceres de mama e do colo do útero no gênero feminino (INCA, 2012a, web). O ônus global do câncer continua a aumentar. As estimativas para o ano de 2012, válidas também para 2013, segundo o Instituto Nacional do Câncer apontam a ocorrência de aproximadamente 518.510 casos novos de câncer (INCA, 2012b, web). Tal fato se dá, em grande parte, devido ao envelhecimento e crescimento da população mundial e uma crescente adoção de hábitos que predispõem ao câncer, particularmente o tabagismo, em países economicamente em desenvolvimento (JEMAL et al., 2011). Idade, gênero, raça e lugar de residência são variáveis que segundo Coates e McCreddie (1998), afetam a incidência da maioria dos cânceres. Entre homens brancos com idade entre 80 e 84 anos, nos Estados Unidos, o câncer de cólon, por exemplo, é mais de 200 vezes mais frequente do que em indivíduos desse mesmo grupo com idade de 30 a 34 anos. Homens em geral também apresentam uma incidência maior para a maioria dos cânceres, o que é explicado por exposições mais frequentes a agentes conhecidamente causadores de câncer do que as mulheres. Os autores supracitados mencionam ainda a etnia como fator de influência visto que, a incidência de câncer de próstata, por exemplo, é duas vezes maior em negros do que em brancos, nos Estados Unidos. Cotran, Kumar e Collins (2000) explicam que a influência étnica pode ser decorrência de fatores genéticos. Indivíduos que moram na zona rural têm menos casos de certos cânceres registrados, tais como câncer de pulmão e de mama, do que indivíduos que moram na zona urbana (COATES e McCREDDIE, 1998). 45 Os fatores ambientais, tais como físicos (raio ultravioleta, radiação ionizante), químicos (aflatoxinas) e biológicos (vírus) e a hereditariedade, são apontadas como causadores de mutações gênicas, predispondo os organismos ao surgimento de diversas neoplasias (GUYTON e HALL, 1997; COTRAN, KUMAR e COLLINS, 2000). Segundo Guyton e Hall (1997), os íons formados nas células teciduais sob influência de radiações ionizantes, tais como raios X, raios gama, as partículas radiantes de substâncias radioativas e, até mesmo, a luz ultravioleta, são extremamente reativos e podem romper filamentos de DNA, causando assim muitas mutações. Além disso, os autores relatam que substâncias químicas de certos tipos apresentam elevada propensão de causar mutações. Estes agentes carcinogênicos podem ser encontrados na fumaça do cigarro, por exemplo. A abrasão continuada do revestimento do trato intestinal por alguns tipos de irritantes físicos, como os encontrados em alguns tipos de alimentos, é também um dos fatores citados por pelos autores como causador de mutações, pois leva à rápida substituição mitótica das células, elevando a probabilidade de alterações gênicas. De acordo com os autores, no caso de mutações causadas por vírus, o DNA viral pode inserir-se diretamente em um dos cromossomos. Os autores sugerem ainda que em muitas famílias existe forte tendência hereditária para o surgimento do câncer. Nestes casos, já que uma ou mais mutações podem ter sido herdadas a partir do genoma paterno ou materno, diminuem o número de outras mutações necessárias para o desenvolvimento do câncer. 46 2.3.4 Sarcomas Sarcomas é um grupo diverso e raro de tumores que são derivados de tecidos conjuntivos, incluindo músculo, osso e cartilagem (HELMAN e MELTZER, 2003). Os sarcomas acometem indivíduos de todas as faixas etárias e é a quinta causa mais comum de morte por câncer em crianças. São classificados em sarcoma ósseo e sarcoma de partes moles, sendo o primeiro mais raro que o segundo (PATEL e BENJAMIN, 2008). Segundo os autores, os sarcomas de partes moles podem acometer músculos, tendões, gordura, tecidos fibrosos e sinoviais, vasos e nervos. Os membros são afetados em 60% dos casos, sendo os membros inferiores 3 vezes mais afetados que os superiores. O tronco é afetado em 30% dos casos e a cabeça e pescoço em 10%. Aproximadamente 20 grupos diferentes de sarcomas de partes moles são reconhecidos com base nos padrões de diferenciação para o tecido normal. Por exemplo, o rabdomiossarcoma mostra evidências de fibras musculares esqueléticas com estrias cruzadas, os leiomiossarcomas contêm fascículos entrelaçados de células fusiformes que se assemelham ao músculo liso e, os lipossarcomas contêm adipócitos (PATEL e BENJAMIN, 2008). Os sarcomas metastáticos de partes moles são em grande parte incuráveis (PATEL e BENJAMIN, 2008). Baker (2009) classifica os sarcomas ósseos, segundo suas características citológicas e produtos celulares em osteossarcomas, sarcomas de Ewing e condrossarcomas. O osteossarcoma é uma neoplasia que forma osteóide (osso não mineralizado) e é responsável por quase 45% dos sarcomas ósseos (PATEL E BENJAMIN, 2008). Os condrossarcomas são tumores de cartilagem (BAKER, 2009) e representam aproximadamente de 20 a 25% dos 47 sarcomas ósseos (PATEL E BENJAMIN, 2008). Os tumores de Ewing representam 10 a 15% dos tumores ósseos (PATEL E BENJAMIN, 2008) e, segundo Baker (2009), a célula de origem desses tumores permanece desconhecida, mas admite-se uma origem neuroectodérmica. 2.3.5 Tratamentos 2.3.5.1 Cirurgia A cirurgia é o método mais utilizado de combate ao câncer (PERRY, 2009). Estima-se que 60% de todos os pacientes com câncer necessitem de procedimento cirúrgico (INCA, 2008). A cirurgia é denominada curativa quando, após a cirurgia, não há câncer residual e as margens cirúrgicas são microscopicamente livres de lesão. Quando a cirurgia é realizada com a finalidade de apenas reduzir a população de células tumorais, a fim de controlar sintomas, que põem em risco a qualidade de vida do paciente (descompressão de estruturas vitais, controle de hemorragias, controle da dor, entre outros) é então denominada paliativa (INCA, 2008). Gomes (2003) classifica os tipos de cirurgias oncológicas, além da curativa e paliativa, ainda em cirurgia diagnóstica, e em um grupo diversificado, denominado “outros procedimentos”. 48 Na cirurgia diagnóstica, um dos procedimentos mais importantes é a biópsia, fundamental para o planejamento terapêutico dos tumores malignos (GOMES, 2003). Dentre as cirurgias classificadas por Gomes (2003) no grupo denominado “outros procedimentos”, destacam-se a endocrinocirurgia, realizada como complementação terapêutica nos tumores hormodependentes; cirurgia para implante de cateteres; cirurgia reconstrutora, entre outras. 2.3.5.2 Quimioterapia A quimioterapia do câncer usa normalmente drogas que bloqueiam os mecanismos de duplicação celular, síntese de DNA, RNA e proteínas (DELGADO, 2003). A maioria dos antineoplásicos quimioterápicos atua de forma não específica, lesando tanto células malignas como células benignas por atuarem indistintamente no tumor e tecidos normais de proliferação rápida, como o sistema hematopoiético e as mucosas (INCA, 2008). A quimioterapia pode ser curativa se o seu resultado final puder levar a cura dos pacientes, como é o caso das leucemias e linfomas, tumor do testículo e doença trofoblástica. A quimioterapia paliativa é aquela que se aplica após tratamento loco-regional (cirurgia e radioterapia), com o intuito de destruir micrometástases (DELGADO, 2003). Perry (2009) cita ainda como modalidades de quimioterapia, a quimioterapia neoadjuvante ou primária, que é utilizada antes da cirurgia ou radioterapia para diminuir o tamanho de cânceres localmente avançados, permitindo assim melhor ressecção cirúrgica e erradicação de metástases identificáveis e, a quimioterapia adjuvante, aplicada após 49 tratamento cirúrgico ou radioterápico com o intuito de se evitar recidiva. Os quimioterápicos antineoplásicos são classificados quanto à sua relação com o ciclo celular, sendo divididos em ciclo-específicos, que atuam nas células que se encontram numa fase específica do ciclo celular e ciclo-inespecíficos, que apresentam seus efeitos citotóxicos em qualquer fase do ciclo celular. Eles são ainda classificados quanto à estrutura e função química, podendo ser alquilantes, causando alterações nas cadeias de DNA; antimetabólicos, bloqueando a produção de enzimas ou interpondo-se entre as cadeias de DNA e RNA, transmitindo mensagens errôneas; antimitóticos, interferindo na formação do fuso mitótico; topoisomerase-interativos, interagindo com a enzima topoisomerase I e II, interferindo assim na síntese de DNA; antibióticos antitumorais, interferindo com a síntese de ácidos nucléicos, impedindo a duplicação e a separação das cadeias de DNA e RNA (INCA, 2008). 2.3.5.3 Radioterapia A radioterapia consiste na aplicação clínica de radiação para o tratamento de doenças neoplásicas, que pode se realizar por meio de três métodos distintos de administração: teleterapia, que envolve a aplicação da radiação a partir de uma fonte externa ao corpo, braquiterapia, que coloca a fonte de radiação em contato com o corpo, a poucos centímetros do tumor, podendo o implante físico da fonte ocorrer dentro dos tecidos, dentro das cavidades existentes ou próximas da superfície do corpo (INCA, 2008; WALDRON e O’SULLIVAN, 2006) e a isoterapia, que consiste na administração intravenosa ou oral de isótopos radioativos que são seletivamente absorvidos por tecidos específicos que contenham tumores 50 (WALDRON e O’SULLIVAN, 2006). A radioterapia pode ser aplicada como uma única modalidade curativa ou em associação com a cirurgia ou a quimioterapia, para o tratamento da doença neoplásica. O objetivo do tratamento é obter o melhor equilíbrio entre a probabilidade de cura do tumor e de danos ao tecido normal, o que é chamado de índice terapêutico (WALDRON e O’SULLIVAN, 2006). Segundo Gates e Fink (2009), a radioterapia pode ser aplicada em caráter paliativo proporcionando não a cura, mas a melhoria da qualidade de vida do paciente. As doses desse tipo de radioterapia são baixas ou moderadas e auxiliam na redução de sintomas em certos cânceres, como o alívio da dor em lesões ósseas, redução de metástases no cérebro, desobstrução de lesões obstrutivas, atenuação de sangramento em neoplasias ginecológicas (PERRY, 2009). A radiação ionizante funciona induzindo à interrupção do ciclo celular em etapas de controle específicas e, embora qualquer molécula dentro das células possa sofrer danos pela radiação, é provável que a grande maioria desses danos não tenha conseqüências. No entanto, lesões aos tecidos normais podem ocorrer devido à radiação por conseqüência de perda celular (WALDRON e O’SULLIVAN, 2006). As manifestações clínicas de lesões em tecidos normais podem ocorrer em um curto prazo depois da irradiação como nos tecidos da pele, hemocitopoiético, linfóide, mucosa, aparelho, digestivo, ovário e outros (INCA, 2008), carcterizando-os como tecidos de resposta rápida (BAKER, 2009). Alterações podem ocorrer também em tempo mais prolongado após a irradiação, como nos tecidos ósseo, conjuntivo, muscular e nervoso. Esses tecidos, caracterizados como tecidos lentos (BAKER, 2009) apresentam baixa atividade proliferativa e menor suscetibilidade à apoptose (INCA, 2008). Os danos às células são causados pela interação da radiação com o oxigênio 51 molecular, induzindo a formação de superóxido ou peróxido de hidrogênio, ou radicais hidroxila, que danificam o DNA, levando à morte celular (PERRY, 2009). 2.3.5.4 Tratamentos Complementares Tanto a radioterapia como a quimioterapia invariavelmente causam danos ou enfraquecem as defesas imunológicas do paciente, que também podem ter sido danificadas pelo câncer em si. A partir dessas observações, vem-se desenvolvendo um novo conceito na terapia contra o câncer, a de que é possível modificar a resposta do hospedeiro às células cancerígenas (SMITH, ROWAN e SULLIVAN, 2003; SMITH, ROWAN e SULLIVAN, 2006). As células tumorais são reconhecidas pelo sistema imunológico por elementos da imunidade inata e adaptativa. Sendo assim, como parte da imunidade inata, macrófagos, quando ativados, podem secretar, por exemplo, a TNF-α, que quando secretada, induz morte por apoptose. Também como parte da imunidade inata, células NK (natural killers) são responsáveis pelo reconhecimento e lise de células tumorais. Entre as células efetoras da imunidade adaptativa, encontram-se os linfócitos B e os linfócitos T (CHAMMAS et al., 2009). Segundo Smith, Rowan e Sullivan (2006), agentes imunoestimulantes poderiam ser coadjuvantes úteis para terapias contra o câncer se não interferirem com a eficácia do tratamento convencional. Sendo assim, modificadores de resposta biológica (BRMs) vêm 52 evoluindo como um quarto método de tratamento de câncer (SMITH, ROWAN e SULLIVAN, 2003). Modificadores da resposta biológica são compostos usados para tratar o câncer, alterando ou aumentando os processos que ocorrem naturalmente no corpo. A imunoterapia faz uso de BRMs para melhorar a atividade do sistema imunológico aumentando os mecanismos de defesa naturais do organismo contra o câncer (GOLDSBY, KINDT e KUBY 2000). Bisht, Bist e Dhasmana (2010) classificam os BRMs em: • IFN: IFN-α - pequenas proteínas sintetizadas pelas células imunes em resposta a vários estímulos. Promovem a resposta imune celular (células T); • IL: IL-2, IL-6, IL-11- citocinas produzidas no organismo, pelos linfócitos; • Fatores estimuladores de colônias (CSFs) - fatores de crescimento mediadores da proliferação, maturação, regulação e ativação de células hematopoiéticas; • Anticorpos monoclonais - clones de anticorpos similares que são dirigidos contra antígenos específicos; • Agentes diferenciadores- tretinoína, bexaroteno; • Inibidores de tirosina quinase (TKIs); • TNF-α; secretadas por macrófagos ativados por endotoxinas. A TNF liga-se ao receptor em membranas celulares, inicia a atividade celular e é citotóxica a célula. • Talidomida e seus congêneres; • Inibidores angiogênicos- atuam impedindo sanguíneos; o crescimento de novos vasos 53 • Vacinas contra o câncer - utilizadas contra agentes infecciosos que podem causar câncer. Segundo os autores os BRMs apresentam mecanismo de ação direta, propiciado pela atividade citotóxica sobre células tumorais, como a conferida por anticorpos monoclonais; mecanismo de ação indireta, atuando como imunoestimulantes, causadas por interleucinas e interferons; ou mecanismo de ação mista caracterizada tanto pela promoção de diferenciação celular, conferida pelos fatores estimuladores de colônias, ajudando a substituir células alteradas, como pela interferência em alterações neoplásicas, exercida por agentes que facilitam a diferenciação das células tumorais em células normais e pela prevenção de metástases, causados por inibidores angiogênicos. A atividade imunomoduladora de compostos isolados de macrofungos medicinais está relacionada à ação exercida sobre células imuno-efetoras, como células-tronco hematopoiéticas, linfócitos, macrófagos, células T, DCs e células NK envolvidas na imunidade inata e adaptativa, resultando na produção de citocinas (MORADALI et al., 2007). A estimulação dos sistemas de defesa imunológica por polímeros bioativos de cogumelos medicinais tem efeitos significativos sobre a maturação, diferenciação e proliferação de muitos tipos de células do sistema imunológico do hospedeiro (WASSER, 2011). Segundo Bohm e Bemillar (1995) parecem agir como imuno-estimulantes inespecíficos, embora alguns tenham efeitos citotóxicos diretos. Mizuno, Minato e Tsuchida (1998) sugeriram que a atividade antitumoral de Agaricus blazei em camundongos se dá por meio da modulação do sistema imune, tratados com uma fração solúvel em água de polissacarídeos deste cogumelo. Akramiené, Didžiapetrienė e Kėvelaitis (2007) associam a atividade medicinal de 54 fungos aos polissacarídeos encontrados na parece celular. Segundo o autor esses polissacarídeos apresentam composições diferentes, sendo a maior parte pertencente ao grupo das β-glucanas. Chan, Chan e Sze (2009) relatam que β-glucanas agem sobre vários receptores imunológicos incluindo Dectin-1, receptor de complemento (CR3) e TLR-2/6 e desencadeiam um grupo de células do sistema imunológico, incluindo macrófagos, neutrófilos, monócitos, células natural killer e células dendríticas. Como consequência, tanto a resposta adaptativa quanto inata podem ser moduladas por β-glucanas que também podem aumentar a fagocitose. O efeito imunomodulador de polissacarídeos de P. tuber regium e P. rhinocerus foram estudados por Wong (2011). Os resultados obtidos nesse estudo demonstram um significativo aumento do baço dos camundongos tratados com os extratos obtidos destes fungos, indicando um aumento de atividade mitogênica, que leva à maturação de linfócitos. A utilização de substâncias provenientes de cogumelos que seguem protocolos de tratamento pré-indução demonstraram ação preventiva contra danos no cólon (NOSÁĽOVÁ et al., 2001), tumores (SHAMTSYAN et al., 2004) e danos hepatológicos (NADA, OMARA e ABDEL-SALAM, 2010). Protocolos pré/pós-indução tumoral demonstram a atividade antitumoral exercida pelo fungo Pleurotus ostreatus (BOBEK, GALBAVY e OZDIN, 1998) e pelo cogumelo Agaricus blazei (ISHII et al., 2011). Tais relatos sugerem que substâncias fúngicas podem atuar como modificadores de resposta biológica, podendo conferir um efeito preventivo ao surgimento de tumores. 55 3 METODOLOGIA 3.1 Obtenção da Biomassa Deslipidificada A biomassa deslipidificada foi obtida pelo processo demonstrado na Figura 2. Figura 2 – Diagrama do processo de produção da biomassa deslipidificada Fonte: Primária (2012) 56 3.1.1 Microrganismo e Manutenção O fungo utilizado para a produção da biomassa deslipidificada foi o Pleurotus djamor UNIVILLE 001, isolado pelo Grupo de Pesquisa de “Processos Biotecnológicos” da Univille. A linhagem foi mantida em meio sólido Trigo-Dextrose-Ágar (TDA) (FURLAN et al., 1997), sob refrigeração (4 ºC) e os repiques feitos a cada três meses. 3.1.2 Preparo do Inóculo O inóculo foi preparado em frasco da marca DURAN de 2L contendo 400 mL de meio POL. O meio POL foi preparado conforme descrito por Cavazzoni e Adami (1992): 5,0g de (NH4)2SO4; 0,2g de MgSO4. 7H2O; 1,0g de K2HPO4; 2,0g de extrato de levedura; 1,0g de peptona; 1,0g de CaCO3; 1,0L de H20 qsp; pH 6,5 – 7,0), com concentração inicial de glicose igual a 20g L-1. O frasco foi inoculado com micélio de 7 dias, contido em uma placa de Petri conforme item 3.1.1. Após a inoculação, o frasco foi incubado a 30ºC e mantido sob agitação recíproca de 120 min-1, por seis dias. 57 3.1.3 Produção de Biomassa A biomassa foi obtida a partir de cultivos submersos, realizados em regime descontínuo, em reator de mistura completa modelo Biostat B, B. BRAUN, com dorna de vidro de capacidade de volume útil de 5,0L e volume de trabalho de 4,0L. O sistema possuía três turbinas, estando a primeira turbina situada imediatamente acima do anel dispersor de ar. O diâmetro das turbinas era de 63mm e a distância entre elas de 75mm. O pH foi controlado em 3 pela da adição automática de soluções de NaOH 6M e H3PO4 12N, tendo acoplado ao biorreator um sensor de pH (modelo EASYFERM PLUS K8 325, INGOLD ELECTRODES). Conforme Wisbeck (2003), a temperatura foi controlada em 30ºC por meio de sensor de temperatura (modelo PT 100, B.BRAUN) e um banho termostático. A vazão de ar foi mantida em 0,25L min-1 e a frequência de agitação fixada em 300 min-1. No entanto, durante o cultivo não foi monitorada a pressão parcial de oxigênio dissolvido (pO2) por meio do eletrodo polarográfico, devido a aderência dos pellets formados à sonda de pO2, dificultando assim a medida do KLa. Na preparação do sistema, o biorreator contendo 1,5L de água destilada foi esterilizado em autoclave a gás a 121ºC por 20 minutos. Neste processo, os sensores de temperatura e pH foram esterilizados juntamente com o biorreator. O meio de cultivo (POL), concentrado em 1,5L, a solução de glicose (40gL-1), concentrada em 0,4L e a solução de CaCO3 (1 g L-1), concentrada em 0,2L, foram esterilizados separadamente. O volume de inóculo foi de 0,4L, completando o volume de trabalho de 4L e, tendo-se uma fração de inóculo equivalente a 10% v/v (WISBECK, 2003). Após toda a preparação e montagem do sistema, foi dado início ao processo de cultivo. 58 3.1.4 Separação da Biomassa O caldo de cultivo e a biomassa obtidos dos cultivos em biorreator foram separados por filtração em papel Whatmann n° 1. A biomassa micelial de Pleurotus djamor foi liofilizada e o conteúdo lipídico foi extraído em Soxhlet com éter de petróleo por 8-10h, a fim de remover moléculas não associadas a atividade antitumoral. Após, ao material deslipidificado, adicionou-se metanol na proporção 2:3 (biomassa: metanol) e acondicionou-se a 4ºC “overnight”. O metanol foi evaporado a 40º- 50ºC e o material foi liofilizado e armazenado em temperatura ambiente até utilização (JOSE, AJITH e JANARDHANAN, 2004). 3.1.5 Dose de Tratamento O material liofilizado deslipidificado foi solubilizado em solução tampão fosfato (PBS 0,01M, pH 7,0) e testado nas doses de 10 mg kg-1, 30 mg kg-1e 50 mg kg-1. 3.2. Avaliação In Vivo da Biomassa Deslipidificada 59 3.2.1 Animais e Manutenção Foram utilizados camundongos albinos suíços machos, com peso de 25 ± 5g, mantidos em biotério, com água e ração ad libitum, controle de temperatura em 21±1°C e fotoperíodo de 12 horas. Os experimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Animais da UNIVILLE (Anexo A). 3.2.2 Tumor e Manutenção A linhagem tumoral, Sarcoma 180 (S180), foi obtida do Departamento de Farmacologia da UNIVALI (Itajaí – SC) e mantida por meio de repiques intraperitoneais realizados a cada 7 dias em camundongos albinos Swiss machos (PAGNO et al., 2006). 3.2.3 Indução Tumoral A indução tumoral foi realizada, via subcutânea, no dorso de cada camundongo dos grupos teste e controle positivo na concentração de 5x106 cel animal-1 conforme Pagno et al. (2006). 60 3.2.4 Delineamento Experimental do Tratamento Antitumoral O número total de animais utilizados foi de 100 indivíduos, sendo 50 para o tratmento pré/pós-indução tumoral e 50 para o tratamento pós-indução. Os animais em cada tratamento foram divididos em grupos como descrito a seguir: a) Grupo Teste (GT) - composto por 30 animais nos quais foi realizada a indução tumoral e administração da substância teste por via intraperitoneal. Este grupo foi subdividido em 3 subgrupos, de acordo com a dose da substância utilizada: • Grupo T1 (n=10): 10 mg kg-1 da substância teste; • Grupo T2 (n=10): 30 mg kg-1 da substância teste; • Grupo T3 (n=10): 50 mg kg-1 da substância teste. b) Grupo Controle Substância (CS) - composto por 5 animais, nos quais foi realizada a administração da substância, na dose de 50 mg kg-1 por, via intraperitoneal, sem indução tumoral. c) Grupo Controle positivo (CP) - composto por 10 animais, nos quais foi realizada a indução tumoral e administração de PBS na dose de 10 mg kg-1, por via intraperitoneal. d) Grupo Controle negativo (CN) - Composto por 5 animais, nos quais foi realizada a administração de PBS na dose de 10 mg kg-1, por via intraperitonial, porém sem a indução 61 tumoral. O delineamento experimental utilizado tanto para o tratamento pré/pós- indução, quanto para o tratamento pós-indução tumoral está demonstrado na Figura 3. * * * * 5 animais s/ tumor *substância a ser testada como antitumoral Figura 3 - Delineamento experimental para o tratamento antitumoral Fonte: Primária (2012) 3.2.5 Testes Dose x Resposta A avaliação do tratamento antitumoral foi realizada por meio de dois tipos de teste dose x resposta: a) Teste pré/pós-indução– os animais dos grupos T1, T2 e T3 foram tratados uma vez ao dia, durante os 10 dias que precediam a indução tumoral; o tratamento foi reiniciado 24 horas após a indução do tumor e mantido por mais 10 dias. Esta metodologia foi adaptada a partir da metodologia utilizada por Ajith e Janardhanan (2003). Aos animais do grupo CP foi realizada a administração de PBS, iniciando-se também 62 10 dias antes da indução tumoral e mantendo-os sob tratamento por 10 dias após indução do tumor. Ao grupo CN foi realizada a administração de PBS, sem indução tumoral, por 20 dias, uma vez ao dia. Ao grupo CS foi realizada a administração da substância, sem indução tumoral, por 20 dias, uma vez ao dia. Cada grupo recebeu a dose indicada na sessão 3.2.4. b) Teste pós-indução – os animais dos grupos T1, T2 e T3 foram tratados uma vez ao dia, iniciando-se 24h após a indução tumoral. O tratamento foi mantido por 10 dias consecutivos (ZHANG et al., 1994; MIZUNO et al., 1999; AJITH e JANARDHANAN, 2003). Aos animais do grupo CP foi realizada a administração de PBS iniciando-se também 24 h após a indução tumoral. Ao grupo CN foi realizada a administração de PBS, sem indução tumoral, por 10 dias, uma vez ao dia. Ao grupo CS foi realizada a administração da substância, sem indução tumoral por 10 dias, uma vez ao dia. As doses de tratamento estão indicadas na sessão 3.2.4. As soluções de tratamento foram preparadas na concentração de 1g L-1 da biomassa deslipidificada para a dose de 10 mg kg-1 de peso do animal. Para as doses de 30 e 50 mg kg-1 de peso do animal as soluções foram preparadas na concentração de 10g L-1 da biomassa deslipidificada. 3.2.6 Avaliação do Desenvolvimento Tumoral A avaliação do desenvolvimento tumoral, tanto para o teste pré/pós como para o teste 63 pós-indução tumoral, foi realizada após 21 dias, a contar da indução tumoral (ZHANG et al., 1994; MIZUNO et al., 1999; AJITH e JANARDHANAN, 2003), considerando-se três variáveis: determinação da massa (g) do tumor (MISAKI et al., 1984), obtida utilizando-se balança analítica; do volume tumoral (AJITH e JANARDHANAN, 2003), calculado pelo uso da fórmula da esfera após obtenção de duas medidas, a de menor diâmetro e a de maior diâmetro, com uso de paquímetro; e determinação da taxa de inibição, obtida por meio da relação [(1-T)/C]*100, onde T é a massa média do tumor do grupo teste e C é a massa média do tumor do grupo controle positivo. (MIZUNO et al., 1999; ZHANG et al., 2004). 3.2.7 Avaliação da taxa de Sobrevida O número utilizado para o teste de sobrevida foi de 30 indivíduos divididos em grupos como descrito a seguir. a) Grupo Teste (GT) - composto por 10 animais nos quais foi realizada a indução tumoral e administração da substância teste por via intraperitoneal na dose de 10 mg kg –1. b) Grupo Controle Substância (CS) - composto por 5 animais, nos quais foi realizada a administração da substância, na dose de 10 mg kg-1 por, via intraperitoneal, sem indução tumoral. c) Grupo Controle positivo (CP) - composto por 10 animais, nos quais foi realizada a indução 64 tumoral e administração de PBS na dose de 10 mg kg-1, por via intraperitoneal. d) Grupo Controle negativo (CN) - Composto por 5 animais, nos quais foi realizada a administração de PBS na dose de 10 mg kg-1, por via intraperitonial, porém sem a indução A substância teste, descrita no item 3.1.5, foi administrada na dose diária de 10 mg kg1 de peso do animal, via intraperitonial, durante 5 dias consecutivos, iniciando 24 horas após a inoculação tumoral (KASAI et al., 1991). Nos grupos controle negativo e controle positivo foi administrado solução de PBS. A sobrevivência dos animais foi avaliada por 30 dias após a inoculação tumoral (KASAI et al., 1991). O delineamento experimental para o teste de sobrevida está representado na Figura 4. Grupo Teste T1 (10 mg Kg-1 sub. teste). 10 animais c/ tumor Grupos controle Controle positivo (10 mg kg-1 PBS). 10 animais c/ tumor Figura 4 - Delineamento experimental do teste de sobrevida Fonte: Primária (2012) Controle substância (50 mg kg-1 sub. teste). 5 animais c/ tumor Controle negativo (10 mg kg-1 PBS). 5 animais s/ tumor 65 3.2.8 Teste de Citotoxicidade Foi utilizado o método colorimétrico 3-(4,5-Dimetiltiazol-2-il) 2,5-Difenil Brometo de Tetrazoilium (MTT) descrito por Mosmann (1983), que consiste em medir indiretamente a viabilidade celular pela atividade enzimática mitocondrial das células vivas. O ensaio de MTT é um rápido e sensível ensaio espectrofotométrico usado para determinar a viabilidade celular de culturas de linhagens de células que formam monocamadas (SELVI et al., 2011). Detecta células vivas que são metabolicamente ativas (BASSIL et al., 2012). O tetrazólio amarelo MTT (3-(4, 5- Dimetiltiazol -2- il)-2,5 Difenil brometo de Tetrazoilium) é reduzido por células metabolicamente ativas, em parte pela ação das enzimas desidrogenase, gerando equivalentes redutores como NADH e NADPH. A cor roxa intracelular resultante pode ser solubilizada e quantificada por meios espectrofotométricos (SELVI et al., 2011). Uma concentração de 54 x 104 células por poço da linhagem tumoral de Sarcoma 180, tratada com a biomassa deslipidificada de Pleurotus djamor por 24h nas concentrações de 0,5, 1,0, 2,0, 4,0, 8,0, 16,0 mg mL-1, foi adicionada aos poços de cultivo celular em placas ELISA. Cada dose foi avaliada em 11 replicatas. Após o período de 24h também se adicionou 10 µL de MTT, na concentração de 5 mg mL-1. A placa foi então incubada por 3 horas em estufa a 37°C. Após este período, foram acrescentados 100 µL de Dodecil sulfato de sódio (SDS) a 10% e a placa foi recoberta por papel alumínio e colocada na estufa a 37°C por 24h. A quantificação da densidade óptica foi medida em espectofotômetro utilizando-se o filtro de interferência de 550 nm. A determinação do percentual de citotoxicidade foi relizada por meio da comparação do valor obtido em cada dose com o obtido com o controle celular. 66 O controle celular continha uma concentração de 54 x 104 células por poço da linhagem tumoral de Sarcoma 180, porém não tratadas com a biomassa deslipidificada de P. djamor. 3.2.9 Análise Estatística Todos os dados obtidos de massa e volume tumoral foram analisados pelo teste estatístico para rejeição de valores desviantes, denominado Teste ‘Q’ de Dixon (r10), com nível de confiança de 95% (RORABACHER, 1991). Os dados resultantes do teste Q foram submetidos à análise de variância de valores médios (ANOVA), por meio do Teste Tukey com o nível de significância de 5% (p<0,05). 67 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Avaliação da Atividade Antitumoral 4.1.2 Teste Pré/Pós-Indução Tumoral Na Figura 5 estão apresentados os valores dos volumes (cm3), das massas (g) e dos percentuais de inibição (%) do Sarcoma 180 nos animais tratados com 10, 30 e 50 mg kg-1 da substância de tratamento no teste pré/pós-indução tumoral. Os asteriscos sobre as barras de dados indicam os valores que não apresentaram diferença estastística. A) 6,31 1,51 0,61 1,02 10 mg kg-1 30 mg kg-1 50 mg kg-1 Figura 5 – (A) massas (g), (B) volumes (cm3) e (C) percentuais de inibição (%) do Sarcoma 180 (S 180) após o tratamento pré/pós-indução tumoral dos animais com 10, 30 e 50 mg kg-1 da biomassa deslipidificada, obtida de 68 Pleurotus djamor. CN = controle negativo, CP = controle poistivo. Os valores se referem às medias dos valores de massa e volume obtidos ao fim do experimento ± erro padrão. Fonte: Primária (2012) B) 20,25 6,33 3,5 3,53 10 mg kg-1 30 mg kg-1 C) 50 mg kg-1 90,4% 83,8% 76,0% 10 mg kg-1 30 mg kg-1 50 mg kg-1 Figura 5 – (continuação) Fonte: Primária (2012) Observa-se na Figura B que as doses de 10, 30 e 50 mg kg-1 apresentaram diferença significativa em relação ao grupo controle positivo tanto no que diz respeito ao volume quanto à massa tumoral, porém não apresentaram diferença significativa entre si. 69 Os volumes tumorais foram de 6,3cm3 para o grupo tratado com 10 mg kg-1 e 3,5 cm3 para os grupos tratados tanto com 30 mg kg-1 quanto com 50 mg kg-1, O volume tumoral no grupo controle positivo foi de 20,2cm3. A massa tumoral observada nos grupos tratados foi de 1,5g, 0,6g e 1,0g para as doses de 10, 30 e 50 mg kg-1, respectivamente. Já, a massa no grupo controle positivo foi de 6,3g. O percentual de inibição tumoral em cada grupo tratado em relação ao grupo controle foi de 76,0%, 90,4% e 83,8% para as doses 10 mg kg-1, 30 mg kg-1 e 50 mg kg-1, respectivamente. Considerando que o percentual de inibição tumoral é calculado a partir da massa tumoral e que este parâmetro não apresentou diferença significativa entre as doses de tratamento, pode-se dizer que para a concentração da substância de tratamento variando de 10 a 50 mg kg-1, a redução tumoral é de em média, 83,3%. 4.1.3 Teste Pós-Indução Tumoral Na Figura 6 estão apresentados os valores dos volumes (cm3), das massas (g) e dos percentuais de inibição (%) do Sarcoma 180 nos animais tratados com 10 mg kg-1, 30 mg kg-1 e 50 mg kg-1 da substância de tratamento no teste pós-indução tumoral. 70 9,93 A) 4,02 2,82 2,06 10 mg kg-1 30 mg kg-1 50 mg kg-1 29,29 B) 12,27 9,15 5,01 10 mg kg-1 30 mg kg-1 50 mg kg-1 Figura 6 – (A) massa (g), (B) volume (cm3) e (C) percentuais de inibição (%) do Sarcoma 180 (S 180) após o tratamento pós-indução tumoral dos animais com 10, 30 e 50 mg kg-1 da biomassa deslipidificada, obtida de Pleurotus djamor. CN = controle negativo, CP = controle poistivo. Os valores se referem às medias dos valores de massa e volume obtidos ao fim do experimento ± erro padrão. Fonte: Primária (2012) 71 C) 79,2% 71,6% 59,5% 10 mg kg-1 30 mg kg-1 50 mg kg-1 Figura 6 – (continuação) Fonte: Primária (2012) Os perfis obtidos nos testes pós-indução tumoral foram muito similares aos observados no teste pré/pós-indução tumoral. Observa-se na Figura 6 que as doses 10 mg kg-1, 30 mg kg-1 e 50 mg kg-1 apresentaram diferença significativa em relação ao grupo controle positivo tanto no que diz respeito ao volume quanto à massa tumoral, porém não apresentaram diferença significativa quando comparadas entre si. A massa tumoral observada nos grupos tratados foi de 2,8g, 2,0 g e 4,0g para as doses 10, 30 e 50 mg kg-1, respectivamente, enquanto a massa no grupo controle positivo foi de 9,93g. Já, o volume tumoral nos grupos tratados foi de 12,3cm3, 5,0cm3 e 9,2cm3 para as doses 10, 30 e 50 mg kg-1 respectivamente, enquanto o volume tumoral no grupo controle positivo foi de 29,3cm3. 72 O percentual de inibição tumoral em cada grupo tratado em relação ao grupo controle foi de 71,6%, 79,2% e 59,5% para as doses 10, 30 e 50 mg kg-1, respectivamente. Seguindo o mesmo raciocínio usado para a análise do primeiro teste, pode-se considerar que independentemente da dose (10 a 50 mg kg-1) da substância de tratamento, obtém-se, em média, 70% de redução tumoral. 4.1.4 Comparação Entre os Testes Pós e Pré/Pós-Indução Tumoral Comparando-se os resultados dos testes pré/pós-indução tumoral com os resultados dos testes pós-indução tumoral, observa-se que para a dose da substância de tratamento variando de 10 a 50 mg kg-1 no teste pré/pós, a redução tumoral é de, em média, 83,3%. No caso dos testes pós-indução tumoral, obteve-se, em média, 70% de redução tumoral, também de forma independente da dose (10 a 50 mg kg-1). Os testes pré/pós-indução tumoral conferiram um percentual de inibição em média 13,3 % maior do que os testes realizados após a indução. A Figura 7 apresenta a comparação entre os testes pré/pós-indução tumoral e os testes pós-indução tumoral em relação à massa tumoral média obtida com as doses 10, 30 e 50 mg kg-1. 73 10 mg/Kg 30 mg/Kg 50 mg/Kg 6 4,01 ** Massa Tumoral (g) 5 4 2,81 ** 3 2,06 ** 1,51 2 * 1,02 * 0,60 * 1 0 Pré-Pós Pós Pré-Pós Pós Pré-Pós Pós Figura 7 - Comparação entre os testes pré/pós-indução tumoral e pós-indução tumoral para cada dose avaliada. Os valores se referem às medias dos valores de massa obtidos ao fim do experimento ± erro padrão. Fonte: Primária (2012) Verifica-se diferença significativa entre os tipos de tratamentos em todas as doses testadas. Em relação à dose de 10 mg kg-1, o teste pré/pós apresenta uma massa tumoral média 46,27% menor do que o teste pós-indução. Nesta dose o valor médio da massa tumoral foi de 1,51g para o teste pré/pós-indução tumoral e 2,81g para o teste pós-indução. Para a dose de 30 mg kg-1, a massa tumoral média observada no teste pré/pós-indução tumoral foi de 0,6 g, enquanto que para o teste pós foi de 2,0g. Nesta dose a massa tumoral no teste pré/pós foi 70,88% menor que no teste pós. Para a dose de 50 mg kg-1 a massa tumoral média observada 74 no teste pré/pós foi de 1,02g e para o teste pós-indução, de 4,01g, ou seja, a massa tumoral do teste pré/pós foi 74,57% menor do que a massa tumoral do teste pós. O elevado percentual de inibição tumoral apresentado nos testes pré/pós-indução tumoral em relação àquele obtido nos testes pós-indução pode estar relacionado à estimulação do sistema imunológico, proporcionado pelas substâncias bioativas presentes na biomassa deslipidificada do cogumelo testado, conferindo um efeito preventivo. Outros autores compararam protocolos de pré e pré/pós-tratamento fúngico. Whistler et al. (1976) reportam diferenças em testes pré-indução tumoral, pré/pósindução tumoral combinado, e pós-indução tumoral que utilizaram polissacarídeo derivado do cogumelo Schizophyllum commune (Schizophyllan) em camundongos implantados com células de Sarcoma 180. Os autores relatam que, nesse estudo, o tratamento prévio com schizophyllan não teve qualquer efeito. Já, o tratamento pré/pós combinado e o tratamento pós resultaram no aumento da sobrevida em 57% e 43% dos animais tratados, respectivamente. O teste pré/pós-indução realizado neste trabalho também foi o que apresentou melhor resposta. No trabalho realizado por Bobek, Galbavy, Ozdin (1998) observou-se uma redução no número total de tumores tanto no grupo de animais alimentados com dieta de cogumelo que seguiu protocolo de pós-tratamento como no grupo tratado duranto todo o experimento. No entanto, observou-se uma redução significativa do número de focos de tumor do carcinoma in situ em animais alimentados com os cogumelos durante todo experimento. Esses animais também tiveram o número significativamente menor de focos de cripta aberrante. Ishii et al. (2011) verificaram a redução dos danos sofridos pelo DNA, induzidos por 1,2 dimetilhidrazina (DMH) em camundongos suíços machos, conferida pela administração de ração suplementada com 10% do cogumelo Agaricus blazei desidratado, em testes de tratamento simultâneo, de pré-tratamento + condições contínuas, pré-tratamento e pós- 75 tratamento. O teste pré-tratamento + condições contínuas, que se equivale ao teste pré/pósindução deste trabalho, apresentou um percentual de redução de danos de 38,76%. O teste pós- tratamento apresentou um percentual de redução de danos 25,85% maior que o teste prétratamento + condições contínuas. Os resultados apresentados por Ishii e colaboradores apresentam uma tendência contrária à apresentada neste trabalho, em que os testes pré/pósindução apresentam, em média, maior taxa de inibição do que os testes pós-indução. No entanto, quando o autor avaliou a redução de danos em relação à integridade do cólon dos animais, análises estatísticas indicaram a atividade anticarcinogênica de A. blazei nos grupos pré-tratamento e pré-tratamento + condições contínuas com uma redução percentual de danos de 54,60 e 50,45%, respectivamente. Os grupos tratamento-simultaneo e pós-tratamento apresentaram redução percentual de danos de 48,96 e 30,56, respectivamente. O autor argumenta que mesmo não havendo diferença significativa entre os grupos existe uma tendência à prevenção. No presente trabalho, os resultados obtidos com os testes em que o tratamento teve início anteriormente à indução tumoral fica clara a ação antitumoral preventiva de P. djamor, já que a taxa de inibição foi maior para todas as doses em relação aos testes pós-indução. A maioria dos trabalhos que avaliaram a ação antitumoral de substâncias bioativas provenientes de fungos do gênero Pleurotus seguiram protocolos de tratamento pós-indução tumoral. Sousa, Nascimento e Correia (2004) realizaram testes in vivo em camundongos albinos suíços. Os camundongos tratados após indução de Sarcoma 180 com uma fração solúvel em água obtida a partir do cogumelo Pleurotus ostreatoroseus na dose de 0,1mL 10g-1 apresentaram uma redução de 41,96% do tumor, valor este inferior à média obtida no presente trabalho. 76 Li et al. (2008) verificaram cerca de 80% de inibição do desenvolvimento tumoral em camundongos ICR com sarcoma 180. A substância de tratamento foi obtida de corpos frutíferos frescos do fungo Pleurotus citrinopileatuse e administrada na dose diária de 5 mg kg-1 durante 20 dias, por via intraperitoneal, após inoculação tumoral. Comparando-se, observa-se que o percentual de inibição verificado pelos autores é maior do que o obtido neste trabalho. De Barba (2010) testou extratos etanólicos obtidos a partir do caldo de cultivo da mesma espécie fúngica utilizada no presente trabalho (P. djamor), para o tratamento pósindução tumoral de camundongos albinos suíços machos inoculados com S180. A redução do crescimento do S180 nos animais tratados foi de 83% e 94% para as doses de 10 e 30 mg kg-1, respectivamente, com tratamento intraperitoneal (i.p.) por 10 dias consecutivos. Verifica-se que as taxas de inibição proporcionadas pelo caldo de cultivo no trabalho de De Barba foram maiores do que as apresentadas neste trabalho para biomassa micelial. Assis (2011) avaliou a taxa de inibição tumoral de camundongos albinos swiss machos inoculados com S180 tratados após indução tumoral com uma substância de tratamento proveniente de Pleurotus sajor-caju, obtida da mesma forma que a substância utilizada neste trabalho. Os camundongos foram tratados por 10 dias e as doses utilizadas foram de 3, 10, 30 e 100 mg kg-1. Em todas as doses testadas a autora observou inibição tumoral de aproximadamente 80% nos grupos tratados em relação ao controle, valor maior do que o obtido com protocolo de pós-tratamento de Pleurotus djamor neste trabalho. As três frações polissacarídicas obtidas de Pleurotus ostreatus, FII, FIII-1 e FIII-2, avaliadas por Facchini (2011) apresentaram um percentual de inibição tumoral contra S180 de 85,6, 54,1 e 93,6%, respectivamente na dose de 30 mg kg-1. Após, o autor realizou a avaliação da atividade antitumoral da fração FII por meio de ensaios dose x resposta nas doses de 10, 30 77 e 50 mg kg-1. As doses de 10 e 30 mg kg-1 promoveram a maior taxa de inibição, cerca de 75%, sem diferença significativa entre si e a maior dose, 50 mg kg-1, promoveu uma menor taxa de inibição (53,7%). Um estudo realizado por Jeong et al. (2010) também revelou atividade antitumoral contra S180 de uma fração polissacarídica obtida de biomassa micelial de P. eryngii após extração aquosa a quente. Os animais foram tratados com 10 a 80 mg kg-1 de extrato micelial durante 28 dias. A maior inibição observada foi de 53,1% para a dose de 40 mg kg-1, enquanto 80 mg kg-1 inibiu apenas 25,7%. Embora no presente trabalho não tenha sido possível observar influência da dose da substância sobre o desenvolvimento tumoral, pode-se afirmar que a biomassa deslipidificada de P. djamor, mostrou-se mais eficaz do que a biomassa de P. eryngii, com maior redução tumoral em menor tempo de tratamento, muito embora, o método de obtenção da substância seja outro. Durante os testes dose x resposta realizados neste trabalho observou-se a morte de alguns animais. Nos testes pré/pós-indução, o grupo controle substância (animais sem tumor e tratados com biomassa deslipidificada de P. djamor na dose de 50 mg kg-1) apresentou a perda de 2 animais, verificada a partir do décimo sexto dia de tratamento. No grupo controle positivo (animais tratados com PBS), foi observada a morte de 1 animal no 20º dia do experimento. No grupo controle negativo (animais sem tumor e trados com PBS) não houve mortes. No grupo T1 (animais tratados com a dose de 10 mg kg-1 da substância) observou-se a morte de 1 animal no décimo dia após indução. No grupo T2 (animais tratados com a dose de 30 mg kg-1 da substância) observou-se a morte de 6 animais, verificadas a partir do quarto dia após inoculação tumoral (décimo quarto dia de tratamento). No grupo T3 (animais tratados com a dose de 50 mg kg-1 da substância) observou-se a morte de 4 animais, verificadas a partir do quarto dia após inoculação tumoral (décimo quarto dia de tratamento). O grupo 78 tratado com a menor dose da substância de tratamento nos testes pré/pós-indução tumoral (T1) foi o que apresentou a menor perda de animais, o que sugere que as doses administradas nos outros grupos estão acima do tolerável, conferindo, provavelmente, um efeito tóxico nos animais. Nos testes pós-indução tumoral, observou-se a perda de 3 animais, verificadas a partir do quarto dia de tratamento no grupo controle substância (animais sem tumor e tratados com biomassa deslipidificada de P. djamor na dose de 50 mg kg-1). O grupo controle positivo apresentou morte de 1 animal no nono dia do experimento. O grupo controle negativo não apresentou mortes. No grupo T1 (animais tratados com a dose de 10 mg kg-1 da substância) observou-se a morte de 1 animal, verificada no sétimo dia de tratamento. No grupo T2 (animais tratados com a dose de 30 mg kg-1 da substância) observou-se a morte de 7 animais, verificada a partir do terceiro dia de tratamento. No grupo T3 (animais tratados com a dose de 50 mg kg-1 da substância) observou-se a morte de 5 animais, verificadas a partir do segundo dia de tratamento. O grupo tratado com a menor dose da substância (10 mg kg-1) nos testes pós-indução tumoral foi o que apresentou a menor perda de animais. Estes resultados vão de encontro aos obtidos nos testes pré/pós-indução tumoral, em que o grupo T1 também teve o menor número de mortes. Devido ao exposto, mostrou-se necessário a realização do teste de sobrevida dos animais, sendo, para tanto, escolhida a dose de 10 mg kg -1. 4.2 Teste de Sobrevida 79 Durante o teste de sobrevida os animais foram tratados com 10 mg kg-1 da biomassa deslipidificada de P. djamor e apresentaram uma taxa de sobrevivência de 90% em comparação ao grupo controle positivo. Os animais do grupo controle positivo começaram a morrer a partir do 18º dia, chegando a uma taxa de sobrevida de 0% em 30 dias. Já, a taxa de sobrevivência do grupo controle substância (animais sem tumor e tratados com biomassa deslipidificada de P. djamor na dose de 10 mg kg-1) foi de 100% em 30 dias. De Barba (2010) utilizou precipitado de polissacarídeos extracelulares de Pleurotus djamor obtidos com etanol (PE1) e com acetona (PE2) para avaliação do tempo de sobrevida de camundongos inoculados subcutâneamente com uma concentração celular de 25x106 cel mL-1 de tumor S180. A substância PE1, quando administrada por via intraperitoneal, promoveu uma taxa de sobrevida em 30 dias de 100%, 100% e 80% para as doses de 30, 100 e 300 mg kg-1, respectivamente. A substância PE2, promoveu uma taxa de sobrevida em 30 dias de 100%, 100% e 0% para as doses de 30, 100 e 300 mg kg-1, respectivamente. A dose testada neste trabalho para avaliação da taxa de sobrevida foi de apenas 10 mg kg-1 e conferiu uma taxa de 90% de sobrevida dos animais. Nos estudos realizados por De Barba (2010) doses maiores das substâncias teste (30 e 100 mg kg-1) conferiram maiores taxas de sobrevida aos animais do que a apresentada neste trabalho. Vale ressaltar que apesar de se tratar do mesmo fungo, trata-se de fontes diferentes da substância teste (extrato polissacarídico do caldo de cultivo no trabalho de De Barba e biomassa deslipidificada no presente trabalho). Wang, Gao e NG (2000), realizaram estudos de avaliação do tempo de sobrevida de camundongos inoculados intraperitonealmente com células de S180 ou hepatoma H-22 nas concentrações de 5 x 106 e 2,5 x 105. Os animais foram tratados com uma lectina obtida de Pleurotus ostreatus e observou-se que os animais inoculados com uma concentração celular de 5x106 células de Sarcoma 180 tratados com a lectina apresentaram um aumento do tempo 80 de sobrevida de 57,6%. Já os animais inoculados com uma concentração celular de 2,5x105 desse mesmo tumor apresentaram um aumento do tempo de sobrevida na ordem de 106,7% em relação ao grupo de animais não tratados. Para os grupos inoculados com H-22 observouse um aumento no tempo de sobrevida de 21,9 e 37,9% em grupos de animais inoculados com uma concentração tumoral de 5 x 106 e 2,5 x 105, respectivamente. Neste trabalho os animais também foram inoculados com uma concentração celular de 5x106 células por animal do tumor Sarcoma 180. O presente trabalho corrobora os resultados de Wang, Gao e NG (2000), que validam a influência na sobrevida positiva de animais portadores de tumores tratados com substâncias bioativas obtidas de fungos do gênero Pleurotus. Shamtsyan et al. (2004), avaliaram o efeito do extrato etanólico obtido de P. ostratus em camundongos inoculados com melanoma B16 e verificaram uma taxa de sobrevida de 100% para o grupo tratado com o extrato 24 dias após transplante tumoral, enquanto o grupo controle apresentou uma taxa de 50%. A taxa de sobreviventes chegou em 0% no 27º dia para os animais do grupo controle, enquanto no grupo tratado 70% dos animais ainda estavam vivos. No 30º dia após a inoculação tumoral, a taxa de sobrevida dos animais tratados era de 60%. A morte de todos os animais só foi atinginda no 44º dia no grupo tratado. Comparando aos resultados obtidos neste trabalho, a taxa de sobrevida conferida por P. djamor em animais inoculados com S180 é bem maior do que a observada por Shamtsyan e colaboradores (2004). Vale notar que não só as espécies fúngicas são diferentes bem como se trata de linhagens tumorais distintas. 81 4.3 Teste de Citotoxicidade Neste estudo várias concentrações da substância teste, obtida da biomassa deslipidificada de P. djamor, foram testadas sobre células de Sarcoma 180 para avaliação do efeito citotóxico da substância. As concentrações da substância teste foram 0,5, 1,0, 2,0, 4,0, 8,0 e 16,0 mg mL-1. A porcentagem final da viabilidade celular em 24 h de tratamento foi de 113,7; 76,5; 82,7; 94,9; 63,5; 9,88, respectivamente. A Figura 8 apresenta os valores de viabilidade celular (%) em função das concentrações da substância teste em 24h de tratamento. Os asteriscos indicam diferença significativa em relação ao controle. Concentrações da substância teste mg mL-1 Figura 8 – Viabilidade celular (%) de células de Sarcoma 180 tratadas com biomassa deslipidificada de P. djamor. CC = controle celular de S180. Os valores representam as médias de 11 replicatas ± erro padrão. 82 Fonte: Primária (2012) Citotoxicidade em cultura de células é normalmente expressa como LC50, a concentração de um determinado agente que é letal para 50% das células (ZHANG et. al., 2007). Sendo assim, a viabilidade celular observada nos tratamentos com as concentrações de 0,5; 1,0; 2,0 e 4,0 mg mL-1 não foram consideradas citotóxicas, pois em todas essas concentrações, mais de 50% das células permaneceram viáveis. Não houve diferença significativa em relação ao controle celular (cc). A partir da concentração de 8 mg mL-1, observa-se diferença significativa em relação ao controle celular, indicando um efeito inibitório do crescimento celular de 36,41% para esta concentração. Porém, 8 mg mL-1não foi considerada uma concentração citotóxica, já que o percentual de inibição celular não chegou à marca de 50%. A concentração mais alta (16,0 mg mL-1) mostrou um efeito citotóxico sobre as células de Sarcoma 180, em que 90,12% das células não apresentavam atividade metabólica. Apesar de vários autores atribuirem a atividade antitumoral fúngica à ativação do sistema imune do hospedeiro e não à citotoxicidade direta, estudos demonstraram a inibição da proliferação celular e o efeito citotóxico sobre diversos tipos de linhagens de células cancerosas em testes in vitro, conferidos por fungos do gênero Pleurotus. Venkatakrishnan et al. (2010) examinaram o efeito de extratos de P. ostreatus na proliferação celular de HL-60, uma linhagem de células de leucemia, utilizando o teste MTT. O extrato de Pleurotus ostreatus inibiu a proliferação de células de forma dependente da dose, após 72h de tratamento com 0,1, 0,2, 0,4 e 0,8 mg mL-1 de extrato do cogumelo em 32,42, 47,2, 52,66 e 78,27%, respectivamente. Doses menores do que as utilizadas no presente 83 trabalho apresentaram efeito citotóxico (0,4 e 0,8 mg mL-1). No entanto, tanto a espécie fúngica quanto a linhagem tumoral e o tempo de tratamento diferem do presente trabalho. Um estudo realizado por Maness et al. (2011), para determinar a atividade antiproliferativa de extratos etanólicos e aquosos de P. tuberregium contra HCT-116 (células de câncer de cólon) e HeLa (células de câncer de colo uterino) em concentrações de 0, 100, 200, 400, 600 e 800 µg mL-1 após 24, 48 e 72h de exposição, utilizou o ensaio MTT. Após 72 horas, o extrato etanólico de P. tuberregium na concentração de 800 µg mL- 1 apresentou atividades inibidoras de 65 e 47% quando testado em células HCT 116 e HeLa, respectivamente, enquanto o extrato aquoso na mesma concentração tinha atividades inibidoras de 45 e 37%. No presente trabalho doses bem mais altas da substância teste causaram efeito inibidor sobre as células de Sarcoma 180 (8,0 e 16,0 mg mL-1), porém em um tempo menor de tratamento. Tanto a espécie fúngica quanto a linhagem tumoral utilizados diferem em comparação a este trabalho. Bassil et al. (2012) verificaram o efeito citotóxico de extratos etanólicos obtidos de corpos frutíferos de P. ostreatus sobre células Jurkat (uma linhagem de células humanas de leucemia linfoblástica aguda), utilizando o ensaio MTT e demonstram que P. ostreatus induziu um aumento da atividade metabólica das células em 24h e 48h de tratamento em baixas concentrações do extrato, até 8 mg mL-1. No presente trabalho as doses abaixo de 8 mg mL-1 também não apresentaram efeito inibitório. O IC50 no trabalho de Bassil et al. (2012) foi entre 10 e 16 mg mL-1 em 48h de tratamento. Para o tratamento de 24h um plateau foi observado entre 10 e 20 mg mL-1, não atingindo a marca de 50%, ou seja não foi citotóxico. O tratamento realizado com P.djamor neste trabalho apresenta citotoxicidade de 90,12% em um tratamento de 24h para uma dose de 16 mg mL-1 e uma inibição do crescimento celular a partir da dose de 8 mg mL-1 . 84 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com relação aos testes antitumorais realizados com a biomassa deslipidificada de P. djamor, tanto as doses testadas nos tratamento pré/pós-indução tumoral quanto as doses testadas no tratamento pós-indução apresentaram potencial antitumoral. No entanto, entre os dois tipos de tratamentos avaliados, o que apresentou maiores taxas de inibição tumoral foi o pré/pós-indução tumoral para todas as doses testadas, indicando um efeito preventivo da biomassa deslipidificada de P.djamor sobre o desenvolvimento de Sarcoma 180. Os resultados do estudo da taxa de sobrevida demonstraram que a administração de 10 mg kg-1 da biomassa deslipidificada de P.djamor aumenta a sobrevida dos animais portadores de Sarcoma 180. O teste realizado para avaliar a citotoxicidade revelou que apenas na concentração de 16 mg mL-1 a substância apresenta citotoxicidade sobre as células de Sarcoma 180. 85 PERSPECTIVAS Para trabalhos futuros sugere-se que seja realizada a caracterização das substâncias presentes na biomassa deslipidificada do fungo Pleurotu djamor; avaliada a atividade antitumoral em outros modelos tumorais, para comprovar o efeito antitumoral em outros tipos de células neoplásicas; realizado um estudo imunológico, para elucidação do mecanismo de ação das substâncias bioativas da biomassa deslipidificada de Pleurotus djamor; estudada a atividade citotóxica sobre células saudáveis, a fim de verificar se células saudáveis são preservadas, após se alcançar a redução do tumor. 86 REFERÊNCIAS ADAMS, D. Fungal cell wall chitinases and glucanases. Microbiology Reading, v. 150, n. 7, p. 2029-2035, 2004. AJITH, T. A.; JANARDHANAN, K. K. 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