Hospital de Clínicas de Porto Alegre Serviço de Emergência Projeto de Educação / Ensino “Implantação do uso do Ultrassom a beira do leito no atendimento de urgência” Autores: M.D. Daniel Fontana Pedrolo M.D. Márcio da Silveira Rodrigues M.D. Ana Claudia Tonelli de Oliveira Professor responsável: Prof.Luis AntIonio Nasi Professor Chefe do Serviço de Emergência: Prof. Galton Albuquerque Local de Origem: Serviço Serviço de Emergência do Hospital de Clínicas Locais de Realização: Sala de atendimento de emergências, Unidade Vascular, Unidade de Internação e Unidade de observação Laranja da emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre Palavras chave - Ultrassonografia a beira do leito - Ultrassonografia de urgência Ultrassonografia Crítica Key words - Point of Care Ultrasound - Emergency ultrasound Hospital de Clínicas de Porto Alegre Serviço de Emergência 1. Introdução 2. Objetivos 2.1 Objetivo Primário 2.2 Objetivos Secundários 3. Método 4. Cronograma 5. Orçamento 6. Referências Bibliográficas Hospital de Clínicas de Porto Alegre Serviço de Emergência 1 - Introdução Nos últimos anos grande desenvolvimento vem ocorrrendo demonstrando a importância da ultrassonografia “crítica” ou ultrassonografia “à beira do leito” no manejo dos pacientes agudamente doentes em terapia intensiva e emergência. A evolução dos aparelhos de ecografia que nas últimas duas décadas tornaram-se mais compactos e custo-acessíveis, aliado ao baixo risco da realização desses exames, contribuiu para o crescimento da sua utilização em diversas áreas especializadas além da radiologia. Nos cuidados dos pacientes críticos cresceu a importância do exame realizado à beira do leito pelo médico que está atendendo ao paciente no momento que torna-se necessário a obtenção mais informações para tomada de decisão terapêutica.. Muitos estudos relacionados ao uso da ultrassonografia na emergência vem sendo publicados, envolvendo um amplo espectro de condições clínicas como a detecção aneurisma de aorta abdominal, diagnóstico do trauma toraco-abdominal, determinação de presença de derrame pericárdico, determinação de atividade mecânica na parada cardíaca, procedimentos guiados por ecografia, todos passíveis de serem avaliados com boa acurácia pelo médico emergencista e com propósito de redução de mortalidade, morbidade e de tempo de permanência hospitalar(1) Essa nova ênfase no uso da ultrassonografia traz consigo características diferentes dos estudos tradicionalmente realizados por radiologistas. Na ultrassonografia crítica o exame é realizado pelo médico que está atendendo o paciente no momento em há necessidade de mais informações para definição de conduta clínica relevante. O objetivo do exame é limitado a responder questões importantes para o manejo clínico do paciente, os achados devem ser de fácil aprendizado e reprodutíveis por diferentes operadores. Já o estudo realizado por medico radiologista inclui a avaliação completa de uma determinada região anatômica, muito mais detalhado, com maior demanda de tempo e incluindo informações sobre achados muitas vezes não relacionados ao manejo agudo das patologias. Hospital de Clínicas de Porto Alegre Serviço de Emergência Outro aspecto importante do ultrassom critico é que deve ser realizado na beira do leito, sem a necessidade de transporte dos pacientes para outra área, permitindo que mesmo pacientes instáveis com dificuldades para transporte dentro do hospital sejam examinados. Além disso a presença do ultrassom na emergência permite a avaliação dinâmica das alterações, podendo ser repetido sempre que necessário. Devido a importância clínica dessa avaliação o American College of Emergency Physicians recomenda que os aparelhos de ultrassonografia devam sempre estar presentes nos locais de atendimento dos pacientes críticos da sala de emergência.(2) Além da avaliação de patologias específicas a ultrassonografia vem sendo incorporada no atendimento inicial do paciente grave de uma forma global e dinâmica. Como exemplo temos a avaliação das causas de hipotensão, parada cardíaca e dispnéia onde a precisão diagnóstica inicial é bastante difícil e os exames tradicionais como testes laboratoriais, radiografias, tomografias e a própria ecografia formalmente realizada no serviço de radiologia não estão prontamente disponíveis. Nessas situações o médico que atende ao paciente pode rapidamente examinar as causas mais relevantes que possam necessitar de uma intervenção imediata, como a presença de derrame pericárdico, aneurisma de aorta roto, líquido livre abdominal, derrame pleural, disfunção cardíaca, trombose venosa profunda, etc. Com isso a lista de possibilidades diagnósticas por ser restringida, determinando medidas terapêuticas mais precisas e melhorando a lista de exames complementares a serem realizados.(37) A ultrassonografia vem então se tornando uma ferramenta cada vez mais utilizada na emergência e terapia intensiva. É evidente a necessidade de treinamento e de avaliação contínua dos métodos de ensino para os novos usuários da ultrassonografia mas também são muito evidentes os benefícios para os pacientes que obtém diagnósticos e condutas mais ágeis, além de procedimentos mais seguros muitas vezes salvadores da vida. Hospital de Clínicas de Porto Alegre Serviço de Emergência 2 – Objetivos 2.1 – Objetivo Primário Treinar e introduzir o uso rotineiro da ultrassonografia a beira do leito pelos médicos contratados da emergência no atendimento aos pacientes críticos que procuram antendimento no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, visando a excelência médica com benefícios na mortalidade, morbidade, tempo de permanência e redução de custos 2.2 - Objetivos Secundários 2.2.1 – Produzir um banco de imagens dos casos atendidos com finalidade didática educativa continuada futura; bem como servir como controle entre teoria e prática; 2.2.2 – Propiciar ambiente favorável para o aprendizado do ultrassom a beira do leito pelos residentes e estudantes de medicina; 2.2.3 – Desenvolver ambiente para pesquisa clínica no serviço de emergência buscando avaliar o impacto do uso do ultrassom nos desfechos clínicos. 3 - Método Num primeiro momento, serão treinados todos os médicos interessados no uso do ultrassom, em especial aqueles que realizam atendimento nos locais críticos da emergência, como a unidade vascular e box de atendimento de urgência. Será realizado treinamento básico em curso com carga horária de 20 horas com aulas teóricas e práticas dividido em 2 dias, sob regime de imersão. Serão ensinados os preceitos básicos da ultrassonografia e detecção de patologias com o ecógrafo no cenário da emergência. O plano de ensino obedecerá a recomendação do American College of Emergency Physician, dos Estados Unidos, que é o orgão regulamentador, até o momento, melhor estabelecido e conceituado. Num Segundo momento, os medicos treinados passarão a realizar os exames na prática e na rotina dos atendimentos na emergência, salvando clips de 6 segundos e preenchendo um formulário padronizado para os possíveis achados clínicos. Hospital de Clínicas de Porto Alegre Serviço de Emergência Posteriormente essas imagens e formulários serão recolhidos diariamente pela equipe responsável pelo treinamento que irá rever e analisar a qualidade das imagens e a concordância dos achados registrados, bem como realizarão comparação com exames formais que por ventura os pacientes tenham sido submetidos durante seu atendimento regular, via prontuário eletrônico (AGH). Esses dados coletados serão armazenados em um banco de dados. Por fim, os medicos treinados receberão, periodicamente, por e-mail, relatório sobre a qualidade e concordância do resultados dos exames por eles realizados, bem como orientações e supervisão, se necessário, para melhora da performance na realização dos exames. (2) O aparelho de ultrassonografia a ser utilizado será o Sonosite M - Turbo já adquirido pelo Hospital de Clínicas e disponibilizado para uso na emergência pelos médicos contratados treinados. Os exames serão salvos no próprio arquivo do aparelho. Os responsáveis pelo treinamento da equipe da emergência serão os médicos contratados abaixo listados : Ana Claudia Tonelli de Oliveira - Treinamento em Ultrassonografia em Emergência pelo Massachusetts General Hospital, Boston, EUA Daniel Fontana Pedrollo: Membro da WINFOCUS - World Interact Innternet Focus on Ultrasound, instrutor dos cursos de formação WINFOCUS em Ultrassonografia Crítica, Milão, Italia Márcio da Silveira Rodrigues - Membro da WINFOCUS, instrutor dos cursos de formação WINFOCUS, Fellow em Ultrassonografia em Emergência pelo Massachusetts General Hospital, Boston, EUA Estes, formarão a equipe responsável pelo treinamento e avaliarão os exames realizados pelos contratados considerando adequação da imagem e conclusões tomadas a partir dessas. Além disso ajudarão na realização de exames quando Hospital de Clínicas de Porto Alegre Serviço de Emergência solicitados e também na realização de procedimentos guiados por ecografia que os contratados solicitarem. Extensão para Treinamento dos Médicos Residentes Além do treinamento aos médicos contratados planeja-se estender o treinamento para os médicos residentes do departamento de Medicina Interna e Medicina de Emergência que têm programado estágio no serviço de emergência do HCPA. Este treinamento poderá ser realizado no mesmo formato explicitado para os medicos contratados. Os temas escolhidos para serem inicialmente treinados estão descritos no Anexo 1. 4 - Cronograma Janeiro e fevereiro de 2012: montagem das aulas teóricas e práticas Março e Abril de 2012: treinamento teórico e prático da primeira turma de contratados da emergência Junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro de 2012: Primeiros 6 meses de pratica com revisão diária de imagens, formulários e feed backs da primeira turma treinada. Neste periodo, também poderá ser treinada a segunda turma de contratados. 5 – Orçamento Pessoal/ Insumos / Serviços Material de escritório Quantidade Valor Hospital de Clínicas de Porto Alegre Serviço de Emergência (papel, caneta, impressão) Disponibilização de sala 1 sala e 1 comuptador com computador ligado ao sistema HCPA Aparelho de ultrassom + 1 aparelho Investimento já realizado material de limpeza e gel Reposição do gel pelo HCPA e materiais Reposição do material para dentro da rotina do centro limpeza do aparelho entre de custo da emergencia os exames Médico equipe treinadores: 6 horas semanais Ana Claudia Tonelli Médico equipe treinadores: 6 horas semanais Daniel Pedrollo Médico equipe treinadores: 6 horas semanais Marcio Rodrigues Lanches / almoço para os 1 por participante Refeitório do HCPA participantes em dia de curso 6 - Referências 1. Kendall JL, Hoffenberg SR, Smith RS. History of emergency and critical care ultrasound: the evolution of a new imaging paradigm. Critical Care Medicine. 2007 May;35(5 Suppl):S126–30. Hospital de Clínicas de Porto Alegre Serviço de Emergência 2. American College of Emergency Physicians. Emergency ultrasound guidelines. Ann Emerg Med. 2009. p. 550–70. 3. Katz JF, Yucel EK. Point-of-care ultrasonography. N. Engl. J. Med. 2011 May 26;364(21):2075–6–authorreply2076. 4. Perera P, Mailhot T, Riley D, Mandavia D. The RUSH Exam: Rapid Ultrasound in SHock in the Evaluation of the Critically lll. Emergency Medicine Clinics of North America. 2010 Feb.;28(1):29–56. 5. Breitkreutz R, Price S, Steiger HV, Seeger FH, Ilper H, Ackermann H, et al. Focused echocardiographic evaluation in life support and peri-resuscitation of emergency patients: A prospective trial. Resuscitation. 2010 Nov.;81(11):1527–33. 6. Breitkreutz R, Walcher F, Seeger FH. Focused echocardiographic evaluation in resuscitation management: Concept of an advanced life support???conformed algorithm. Critical Care Medicine. 2007 May;35(Suppl):S150–61. 7. Lichtenstein DA, Meziere GA. Relevance of Lung Ultrasound in the Diagnosis of Acute Respiratory Failure: The BLUE Protocol. Chest. 2008 Jul. 1;134(1):117–25. 8. Nicolaou S, Talsky A, Khashoggi K, Venu V. Ultrasound-guided interventional radiology in critical care. Critical Care Medicine. 2007 May;35(Suppl):S186–97. 9. Quality AFHRA. Evidence Report/Technology Assessment Number 43 - Making Health Care Safer: A Critical Analysis of Patient Safety Practices. 2001 Jul. 25;:1– 672. 10. Mandavia DP, Hoffner RJ, Mahaney K, Henderson SO. Bedside echocardiography by emergency physicians. YMEM. 2001 Oct.;38(4):377–82. 11. Randazzo MR. Accuracy of Emergency Physician Assessment of Left Ventricular Ejection Fraction and Central Venous Pressure Using Echocardiography. Acad Emerg Med. 2003 Sep. 1;10(9):973–7. 12. Melniker LA, Leibner E, McKenney MG, Lopez P, Briggs WM, Mancuso CA. Randomized controlled clinical trial of point-of-care, limited ultrasonography for trauma in the emergency department: the first sonography outcomes assessment program trial. Ann Emerg Med. 2006 Sep.;48(3):227–35. 13. Noble V, Nelson B. Manual of emergency and critical care ultrasound. Cambridge Univ Pr; 2011. 14. Tayal VS, Graf CD, Gibbs MA. Prospective study of accuracy and outcome of emergency ultrasound for abdominal aortic aneurysm over two years. Acad Emerg Med. 2003 Aug.;10(8):867–71. Hospital de Clínicas de Porto Alegre Serviço de Emergência 15. Lichtenstein DA, Pinsky MR, Jardin F. General Ultrasound in the Critically Ill. Springer Verlag; 2007. p. 199. 16. Lichtenstein D, Mezi x000E8 re G, Biderman P, Gepner AXS. The “lung point”: an ultrasound sign specific to pneumothorax. Intensive Care Med. 2000 Oct. 17;26(10):1434–40. 17. Lichtenstein D, Meziere G, Biderman P, Gepner A. The comet-tail artifact: an ultrasound sign ruling out pneumothorax. Intensive Care Med. Springer; 1999;25(4):383–8. 18. Lichtenstein D, Meziere G, Biderman P, Gepner A, Barré O. The comet-tail artifact. An ultrasound sign of alveolar-interstitial syndrome. Am. J. Respir. Crit. Care Med. 1997 Nov.;156(5):1640–6. 19. Lichtenstein D, Meziere G. A lung ultrasound sign allowing bedside distinction between pulmonary edema and COPD: the comet-tail artifact. Intensive Care Med. Springer; 1998;24(12):1331–4. 20. Blaivas M, Lambert MJ, Harwood RA, Wood JP, Konicki J. Lower-extremity Doppler for deep venous thrombosis--can emergency physicians be accurate and fast? Acad Emerg Med. 2000 Feb.;7(2):120–6. 21. Jang T. Resident-performed Compression Ultrasonography for the Detection of Proximal Deep Vein Thrombosis: Fast and Accurate. Academic Emergency Medicine. 2004 Mar. 1;11(3):319–22. Hospital de Clínicas de Porto Alegre Serviço de Emergência ANEXO 1 Ultrassonografia para Procedimentos Na esfera da medicina baseada em evidência poucos ítens tem demonstração tão forte de benefício e segurança aos pacientes como a realização de procedimentos guiados pro ecografia. O uso da técnica guiada por ultrassom diminui complicações e melhora taxas de sucesso dos mais diversos ítens como punçoes venosas periféricas e centrais, toracocentese, paracentese, drenagem de abcessos etc.(8) Em 2001 a National Agency for Health Care enumerou entre as 12 intervenções com maior evidência de segurança para os pacientes o uso da ultrassonografia para a colocação de cateteres venosos centrais, considerando que essa técnica ocasiona menos complicações, maior sucesso e mais conforto para os pacientes pois diminui o número de tentativas de punção quando comparada com a técnica baseada em marcadores anatômicos cutâneos. Ressalta-se ainda que o maior benefício seria para os profissionais menos experientes e para os pacientes com condições mais complexas.(9) Avaliação Ecocardiográfica Básica e Detecção de Derrame Pericárdico Avaliação ecocardiográfica cardíaca é de fundamental importância no esclarecimento de causas de hipotensão na emergência. Identificar derrame pericárdico, estimar volemia, diferenciar assistolia de atividade elétrica sem pulso ou estimar a função cardíaca são aplicações da ultrassonografia “point-of-care” que podem representar Hospital de Clínicas de Porto Alegre Serviço de Emergência importantes mudanças no manejo imediato de um paciente crítico. Diversos estudos comprovam a possibilidade do aprendizado da detecção das patologias citadas acima. Mandavia demonstrou uma sensibilidade de 98% para a detecçãod e derrame pericárdico por emergencistas, com uma acurácicia de 97,5% utilizando como padrão ouro o exame realizado por ecocardiografistas. (10) Randazzo et al comparou a ecografia formal com estimativa da fração de ejeção(ruim, moderada ou normal) e pressão venosa central(baixa, normal ou alta) com o exame realizad por médicos emergencistas treinados obtendo 86% de concordância para fração de ejeção e 70% para estimativa da pressão venosa central.(11) Detecção de Líquido Livre Intraabdominal Na avaliação de pacientes traumatizados se recomenda a realização de ecografia para detecção de líquido livre com a finalidade de detectar o sangramento intraabdominal como causa de hipotensão. De fácil aprendizado, também encontramos vários estudos demonstrando que a pronta realização desse exame pelo médico emergencista melhora desfechos clínicos, agiliza a definição de necessidade cirúrgica e diminui o tempo para realização dessa. Em nosso hospital o trauma não é patologia frequente, mas pacientes em choque sem causa evidente e pacientes com ascite duvidosa são extremamente prevalentes e o aprendizado da detecção de líquido livre abdominal é de fundamental importância e fácil realização.(12) A detecção de ascite em pacientes cirróticos muitas vezes mostra-se de difícil determinação e tem fundamental importância na avaliação de emergência nos pacientes suspeitos de peritonite bacteriana espontânea. Aneurisma de Aorta Abdominal Aneurisma de aorta abdominal costuma apresentar-se na emergência com grandes dificuldades para o seu diagnóstico devido as mais diversas queixas associadas ao quadro, dificultando o diagnóstico precisos aptravés apenas da tradicional anamnese e Hospital de Clínicas de Porto Alegre Serviço de Emergência exame físico. Na emergência a sua detecção na suspeita de rompimento pode ser salvadora da vida, mas para isso depende essencialmente de um diagnóstico precoce. Por essas características a avaliação da aorta abdominal é dos ítens como maior benefício para os pacientes, permitindo a rápida detecção de um paciente de alto risco, mobilização precoce de recursos necessários e até necessidade transferência para outro local que possa realizar o tratamento adequado.(13) (14) Ultrassonografia Pulmonar O exame pulmonar é habitualmente realizado através do exame clínico, radiológico ou tomográfico, não sendo comum a utilização da ultrassonografia para avaliação desse órgão. Por muito tempo a presença de ar foi considerada um obstáculo, sendo então considerando inacessível pela ultrassonografia. A geração de artefatos pelo ar justificam esse dogma, citado frequentemente na literatura clínica. No entanto a geração de artefatos no pulmão é exatamente o que proporciona identificar a presença de diversas patologias: pneumotórax, infiltrado intersticial alveolar e consolidações são algumas delas. Na detecção de pneumotórax demonstra sensibilidade maior que a radiografia, parâmetro já extensamente estudado.(15-17) Outro parâmetro estudado é a diferenciação das causa de dispnéia em pacientes na emergência. Mutias vezes encontramos dificuldade em diferenciar pacientes com congestão pulmonar de pacientes com falta de ar por doença pulmonar obstrutiva crônica. Diversos estudos já comprovaram a sensibilidade elevada da ecografia para congestão pulmonar, considerando-se um excelente método para avaliação desses pacientes na emergência.(18,19) Além disso o exame pulmonar permite uma melhor avaliação dos pacientes críticos a beira do leito, pois esses tem grande dificuldade de transporte para a realização de tomografia do órgão, exame padrão ouro para determinação de diversas patologias. Hospital de Clínicas de Porto Alegre Serviço de Emergência Ultrassonografia para Identificação de Trombose Venosa Identificação de trombose venosa nos pacientes agudamente dispneicos é um diagnóstico de extrema utilidade para o manejo imediato da suspeita de embolia pulmonar. Estima-se que 10 a 50% das tromboses dos membros inferiores propagamse pelo sistema venoso causando embolia no sistema respiratório.(13) A identificação dessa patologia através da ultrassonografia imediata realizada pelo emergencista pode ser uma importante ferramenta diagnóstica proporcionando um início de tratamento mais precoce tanto para os casos de embolia pulmonar como para os casos de trombose venosa exclusiva, ajudando a evitar a propagação dessa e consequentemente as complicações decorrentes.(20,21) Ultrassonografia para Identificação de Colelitíase e Colecistite Apesar de não tratar-se de um exame crítico a identificação de colelitíase e colecistite pode poupar considerável tempo de avaliação no departamento de emergência. Além disso a identificação precoce da possível fonte de um quadro séptico ajuda no manejo adequado e início de antibioticoterapia específica. Ultrassonografia para Identificação de Hidronefrose Cálculos renais ou cólicas renais são queixas frequentes na sala de emergência e muitas vezes com fácil resolução. No entanto a presença de hidronefrose associada ao quadro pode ser um sinal de complicação relacionado a obstrução da via urinária, com complicações graves se não tratada. Novamente a ultrassonografia precoce com identificação da alteração pode agilizar o processo de avaliação levando a um acionamento mais ágil do processo para realização da desobstrução da via urinária.