A Trajetória dos Processos de Autoavaliação Institucional na PUCPR Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Eixo III - Alcance interno e externo dos trabalhos da CPA Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) Resumo Na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, a avaliação institucional tem sido oficialmente concebida como instrumento de gestão universitária a partir da adesão feita ao Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras – PAIUB, na década de 1990. Desde sua implantação até o momento, esse processo de avaliação institucional tem passado por diferentes fases, tanto do ponto de vista conceitual quanto procedimental. O objetivo deste trabalho, assim, é analisar as diferentes fases pelas quais passou o processo de autoavaliação na PUCPR, ao longo de sua implantação, considerando as alterações a que foi submetido, quer do ponto de vista qualitativo, quer quantitativo, à luz das politicas educacionais, das orientações legais e institucionais vigentes nos diversos momentos históricos mencionados. Como objetivos específicos, buscou-se: 1) discutir a contribuição da Comissão Própria de Avaliação na consolidação do processo de autoavaliação institucional na PUCPR; 2) discutir a abrangência acadêmico-administrativa dos resultados em sua integração com o planejamento estratégico institucional; 3) analisar a tendência identificada nas séries históricas de desempenho obtidas a partir dos resultados e a reorientação política por elas motivada; 4) analisar os avanços na utilização dos sistemas eletrônicos auxiliares. Como apoio teórico, foram utilizados os estudos de Dias Sobrinho e Balzan (2005), DarlingHammond e Ascher (2006), Cabrito (2009), Juliatto (2010) e Polidori et al (2011), entre outros. Para responder às indagações da pesquisa, foram utilizados procedimentos de coleta de dados nas fontes documentais disponíveis na instituição, tais como atas das reuniões das Comissões de Avaliação anteriores a 2004 e da Comissão Própria de Avaliação a partir dessa data, instrumentos utilizados para coleta de dados, relatórios de autoavaliação, séries históricas disponibilizadas e outros resultados relativos ao período estudado. Subsidiariamente, foram utilizadas fontes orais, constantes de entrevistas com funcionários do setor de apoio da avaliação institucional na universidade. De abordagem qualitativa, o estudo contou com a contribuição teórica de Bogdan e Biklen (1994). A análise do material coletado possibilitou sistematizar os diferentes períodos avaliativos da instituição, seus objetivos, procedimentos e resultados. Permitiu, também, considerar os avanços e ajustes que foram feitos para a condução do processo no sentido de transformá-lo efetivamente em uma ferramenta de gestão para coordenadores de curso, diretores de câmpus e decanos de escolas, como elemento imprescindível para o acompanhamento e avaliação das metas constantes do Plano de Desenvolvimento Institucional, do Projeto Pedagógico Institucional e dos Projetos Pedagógicos dos Cursos. Palavras-chave: educação superior; avaliação institucional; gestão acadêmica. Introdução A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), criada em 14 de março de 1959, a partir da agregação de diversas escolas de nível superior e de orientação católica existentes em Curitiba, já em 17 de maio de 1960, pelo Decreto nº 48.232, obtinha o reconhecimento oficial do Governo Federal. 1 A PUCPR é uma instituição de ensino orientada por princípios éticos, cristãos e maristas, cuja missão é “desenvolver e difundir o conhecimento e a cultura e promover a formação integral e permanente de cidadãos e profissionais comprometidos com a vida e com o progresso da sociedade” (PUCPR/PDI, 2013). O posicionamento da universidade para o horizonte 2012-2022 é o de “consolidar-se como uma instituição de classe mundial com excelência no ensino, na produção de conhecimento, na prestação de serviços e na relevância social” (PUCPR/PDI, 2013). Em seu Projeto Pedagógico Institucional estão descritos os princípios institucionais de sua proposta educativa: identidade; excelência; educação emancipadora; indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão; inovação e empreendedorismo; flexibilidade curricular; sustentabilidade; empregabilidade; internacionalidade; interdisciplinaridade; acessibilidade; contemporaneidade; cultura e esportes; e solidariedade. Essa proposta está calcada nos valores maristas da presença significativa, do espírito de família, da justiça, da espiritualidade, do amor ao trabalho e da simplicidade (PUCPR/PPI, 2012). Traduz-se, assim, o perfil de uma universidade preocupada “com as transformações sociais, a formação para a cidadania, a humanização da produção científica e a inclusão social” (PUCPR/PPI, 2012, p. 3). Instalada no câmpus Curitiba, na década de 1990 a PUCPR decidiu expandir suas atividades. Dessa forma, em 1998 foi criado o câmpus São José dos Pinhais; em 2002, o câmpus Londrina; em 2003, o câmpus Toledo; e, em 2004, o câmpus Maringá, este ampliado em 2007, com a aquisição da Faculdade Nobel. Atualmente possui 26.455 alunos matriculados em cursos de graduação e cerca de 6.000 alunos em cursos de pós-graduação lato e stricto sensu. Seu corpo docente é constituído por doutores (33%), mestre (44%) e especialistas (16%) (PUCPR/DGAI, 2013). Na PUCPR, desde 1996 a avaliação institucional tem sido oficialmente concebida como instrumento de gestão universitária. A partir daí, o processo avaliativo tem passado por diferentes fases, tanto do ponto de vista conceitual quanto procedimental. Ao longo deste estudo, procurou-se destacar, além dessas fases, as modificações que foram gradualmente inseridas nos procedimentos para coleta de dados, análise, divulgação e utilização dos resultados da avaliação, como consequência das experiências adquiridas e do amadurecimento do processo. Justifica-se o estudo considerando-se que, na instituição pesquisada, foi possível transformar a avaliação institucional, efetivamente, em uma ferramenta de gestão para coordenadores de curso, diretores de câmpus e decanos de escolas, como elemento imprescindível para o acompanhamento e avaliação das metas constantes do Plano de Desenvolvimento Institucional, do Projeto Pedagógico Institucional e dos Projetos Pedagógicos dos Cursos. O objetivo geral deste trabalho é, assim, analisar as diferentes fases pelas quais passou o processo de autoavaliação na PUCPR, considerando as alterações a que foi submetido, quer do ponto de vista qualitativo, quer quantitativo, à luz das politicas educacionais, das orientações legais e institucionais vigentes nos diversos momentos históricos mencionados. Como objetivos específicos, buscou-se: 1) discutir a contribuição da Comissão Própria de Avaliação na consolidação do processo de autoavaliação institucional na PUCPR; 2) discutir a abrangência acadêmico-administrativa dos resultados em sua integração com o planejamento estratégico institucional; 3) analisar a tendência identificada nas séries históricas de desempenho obtidas a partir dos resultados e a reorientação política por elas motivada; 4) analisar os avanços na utilização dos sistemas eletrônicos auxiliares. 2 Metodologia Para responder às indagações da pesquisa, foram utilizados procedimentos de coleta de dados nas fontes documentais disponíveis na instituição, tais como atas das reuniões das Comissões de Avaliação anteriores a 2004 e da Comissão Própria de Avaliação implantada nos moldes preconizados pelo SINAES a partir dessa data, instrumentos utilizados para coleta de dados, relatórios de autoavaliação, séries históricas disponibilizadas e outros resultados relativos ao período estudado (19962012). Subsidiariamente, foram utilizadas fontes orais, constantes de entrevistas com funcionários do setor de apoio da avaliação institucional na universidade. De abordagem qualitativa, o estudo contou com a contribuição teórica de Bogdan e Biklen (1994). A análise do material coletado possibilitou sistematizar os diferentes períodos avaliativos da instituição, seus objetivos, procedimentos e resultados. Referencial teórico A reflexão sobre o tema apresentado teve como base teórica os estudos de Dias Sobrinho e Balzan (2005), Cabrito (2009), Juliatto (2010) e Polidori et al (2011), entre outros. Segundo Cabrito (2009, p. 187) o “acto de avaliar, de compreender a qualidade em educação só faz sentido se tiver um objectivo formativo, se contribuir para encontrar problemas e sugerir possíveis respostas adequadas a cada situação particular”. A melhoria da qualidade da educação, portanto, deve ser decorrente do ato avaliativo. Juliatto (2010) destaca que a missão e os objetivos institucionais devem estar presentes na qualidade buscada, os quais, por sua vez, deverão atender aos fins maiores da educação estabelecidos pelas leis educacionais do país. Outro aspecto a ser ponderado, no contexto avaliado, diz respeito ao destinatário da qualidade, que deve envolver não apenas os estudantes, professores, gestores e o corpo técnico-administrativo, mas também a clientela externa do câmpus e, de um modo geral, a sociedade como um todo. Afirma Juliatto (2010): A qualidade da educação é conceito complexo e, muitas vezes, obscuro, que inclui algumas inelutáveis conotações subjetivas. Investigadores e observadores recomendam que a questão deva ser abordada de modo multidimensional e eclético, visto que o conceito da qualidade escapa a uma definição singela e sucinta (JULIATTO, 2010, p. 103). Para se avaliar a qualidade da educação, dois tipos de métodos podem ser empregados: quantitativos e qualitativos, de acordo com a natureza da questão a ser analisada. Ambos apresentam vantagens e limitações, razão pela qual é prudente utilizálos em conjunto, quando possível, na pesquisa dos indicadores selecionados. De acordo com Darling-Hammond e Ascher (2006, p. 31), “[...] os indicadores devem ser vistos como um conjunto de dados num processo de ‘construção política reflexiva’ e como um auxílio para um processo reflexivo de tomada de decisões nas escolas”. Os indicadores possibilitam “identificar áreas que demandam investigações mais aprofundadas e fornecer pistas para linhas de trabalho mais promissoras”, segundo esses autores. 3 A definição dos indicadores, portanto, é uma construção social, que considera o momento histórico, os grupos envolvidos e os interesses a que se relacionam, direta ou indiretamente. Dessa construção emergem os objetivos e os valores que se pretende avaliar. Segundo Dias Sobrinho e Balzan (1995): Discutir a universidade, procurar entender suas redes de relações internas e externas, compreendê-las como a tessitura de processos sociais e públicos que se fundamentam na sua dimensão pedagógica é uma tarefa que precisa ser permanentemente enfrenta e renovada. A universidade não só deve buscar construir uma imagem razoavelmente unitária da sociedade, mas também de si mesma (DIAS SOBRINHO e BALZAN, 1995, p. 15). A partir dos resultados obtidos, poder-se-á redirecionar ações e rever conceitos, discutindo-se com a comunidade acadêmica os rumos a serem seguidos. Inserida em um contexto social e cultural, a universidade, ao se renovar para atender a essas demandas, deve tornar-se um centro de inovação, de pesquisa e de produção do saber. Com apoio em Juliatto (2010, p. 245), “a avaliação é importante, necessária e mesmo essencial, quando propugnamos a qualidade e a excelência no ensino superior [...]. Utilizada com critério e amplo espectro de variedade, torna-se instrumento prático e eficaz na mão dos gestores na busca da educação de qualidade”. Quanto à evolução do desenvolvimento do processo avaliativo, o trabalho se apoiou na divisão em quatro ciclos, elaborada por Polidori et al (2011, pp. 261-262) e que, em síntese, traz o seguinte: 1. O primeiro ciclo, de 1983 a 1992, apresenta iniciativas de organização de um processo de avaliação de caráter isolado, no país. 2. O segundo ciclo, de 1993 a 1995, é marcado pelo Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras – PAIUB. 3. O terceiro ciclo, de 1996 a 2003, denominado de “implementação e consolidação da proposta governamental”, envolve o Exame Nacional de Cursos (ENC), o Provão e a Avaliação das Condições de Oferta (ACO), posteriormente denominada Avaliação das Condições de Ensino (ACE). 4. O quarto ciclo, de 2003 até a atualidade, denominado de “construção da avaliação emancipatória”, corresponde à implantação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), com a Lei n 10.861/2004. Os conceitos expendidos pelos citados autores embasarão a reflexão proposta sobre o tema objeto desta pesquisa. Resultados e discussões Embora, segundo Bueno et al (2003), ações e atividades de avaliação institucional tenham sido desenvolvidas na PUCPR, sob diversas formas e métodos, há bastante tempo, não há notícia de que elas tenham ocorrido com alguma periodicidade nos anos correspondentes ao primeiro ciclo de que trata Polidori et al (2011). A preocupação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná com a avaliação institucional tem como referência inicial a adesão ao Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras – PAIUB, inserindo-se, portanto, no segundo ciclo mencionado por Polidori et al (2011). Esse Programa surgiu em 1993, coordenado pela Secretaria da Educação Superior (SESu) do Ministério da Educação e do Desporto 4 (MEC), com o objetivo de estimular e fomentar um processo de avaliação institucional nas universidades brasileiras. Os principais objetivos do PAIUB eram: 1. Fomentar um processo criativo de avaliação da instituição, como forma de exercitar a vontade política de auto-avaliar-se e submeter-se à avaliação externa, para garantir a qualidade acadêmica e de gestão universitária; 2. Conhecer, numa atitude diagnóstica, como se realizam e se inter-relacionam na universidade as tarefas acadêmicas, em suas dimensões de ensino, pesquisa, extensão e administração; 3. Restabelecer compromissos com a sociedade, explicitando as diretrizes de um projeto pedagógico e os fundamentos de um programa sistemático e participativo de avaliação, que permita o constante reordenamento, consolidação ou reformulação das ações da universidade; 4. Repensar objetivos, modos de atuação e resultados na perspectiva de uma universidade mais consentânea com o momento histórico em que se insere; 5. Estudar e propor mudanças ao cotidiano das tarefas acadêmicas do ensino, da pesquisa, da extensão e da administração, contribuindo para a formação de projetos socialmente legitimados e relevantes (BRASIL, 1993). Em âmbito nacional, a padronização de projetos resultante da proposta do PAIUB concorreu para o descumprimento do primeiro objetivo e, de resto, comprometeu o alcance dos demais. No entanto, dele restou a ideia de que a avaliação institucional deveria ser uma ferramenta de gestão, voltada para a melhoria da qualidade da educação e para a aproximação com a sociedade. A avaliação realizada pela instituição, em 1996, e que envolveu cursos, professores e alunos, atendia aos objetivos do PAIUB. Como explicam Bueno et al: Ela foi orientada pela reflexão e pela análise do processo de ensino desenvolvido nos diferentes cursos de graduação ofertados pela Instituição. Nesse primeiro momento, a proposta desenvolvida seguiu as diretrizes do Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras – PAIUB. Sua principal finalidade foi verificar a eficácia da relação pedagógica entre professores e alunos, dos programas e disciplinas, bem como sua dinâmica nos diferentes cursos de graduação. Dessa forma, possibilitou a tomada de decisão em relação às práticas internas, bem como a definição de novas propostas para o ensino na PUCPR (BUENO et al, 2003, p. 36). Em 1999, num momento em que se vivia a avaliação das condições de oferta dos cursos no âmbito do MEC, a Reitoria da PUCPR designou uma comissão para avaliar todos os cursos de graduação da PUCPR. Essa designação coincidiu com os estudos realizados institucionalmente para a implantação do Projeto Pedagógico dos cursos de graduação, efetivada a partir do ano de 2000, e direcionou o foco da avaliação dos docentes pelos discentes para a avaliação da implementação dos mencionados Projetos 5 Pedagógicos. Para tanto, o processo avaliativo se ampliou, incluindo novas fontes de informação, como questionários específicos para decanos, diretores, professores e alunos. Essas avaliações tiveram por objeto setores, processos, projetos, cursos e as diferentes formas de atuação da Universidade, delas resultando diversas publicações e relatórios. No período correspondente ao terceiro ciclo apontado por Polidori et al (2011), o Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras – CRUB propôs que fosse implantado um programa de avaliação que contemplasse 14 dimensões básicas: 1ª missão, objetivos e vocação da instituição; 2ª – ensino; 3ª pesquisa; 4ª – relações externas; 5ª – corpo docente; 6ª – corpo discente; 7ª corpo técnico-administrativo; 8ª – administração acadêmica dos cursos; 9ª - controle de produto; 10ª – organização e governo; 11ª – planejamento e avaliação; 12ª – recursos de informação; 13ª recursos de infraestrutura; 14ª – recursos financeiros (CRUB, 2000). Entendiam os dirigentes das instituições de educação superior do país que a avaliação era um processo fundamental para que ocorresse o desenvolvimento e a melhoria de qualidade na educação ofertada. Alguns passos foram, na sequência, tomados pela PUCPR, para que se implantasse o processo de avaliação institucional nos termos propostos pelo CRUB: a adesão à proposta do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras – CRUB; a designação, pela Portaria nº 241, de 29 de junho de 2001, de uma Comissão de Avaliação Institucional, composta pelos professores Jayme Ferreira Bueno, presidente, Lucia Izabel Czerwonka Sermann, Maria Luiza Trevisan Scherner e Paulo Otávio Mussi Augusto; a elaboração de um Programa de Avaliação Institucional pela Comissão designada, considerando os termos de adesão à proposta do CRUB; a análise e discussão do Programa elaborado, visando à implantação da autoavaliação na Universidade; e a regulamentação da avaliação institucional na PUCPR, com a aprovação do Programa de Avaliação Institucional da PUCPR, em 27 de março de 2002, pelo Conselho Universitário - CONSUN. Esse Programa definiu os objetivos, a metodologia, os aspectos a serem avaliados nas perspectivas institucional, acadêmica e administrativa, além das etapas, princípios e conceitos que norteariam o processo avaliativo na PUCPR (PUCPR, 2002). Apresentando caráter de globalidade e de processo permanente, a avaliação institucional da PUCPR passou a integrar o respectivo Plano de Desenvolvimento Institucional, possibilitando medir, analisar e julgar a eficácia da Universidade como IES. Com a edição da Lei Federal nº 10.861/2004, a PUCPR se orientou no sentido das novas determinações, passando a vivenciar o quarto ciclo identificado por Polidori et al (2011). Assim, foi elaborada uma proposta de reformulação do processo de avaliação acadêmica, mais tarde denominada avaliação institucional, abrangendo as dimensões previstas naquele documento legal. Pela Portaria nº 327, de 15 de junho de 2004, foi designada a primeira Comissão Própria de Avaliação da PUCPR, nos termos da Lei nº 10.861/2004. Dois anos após, nova CPA foi designada, pela Portaria nº 48, de 9 de março de 2006, mantendo-se essa periodicidade. Mais tarde, pela Resolução nº 28, de 23 de março de 2007, foi aprovado pelo CONSUN o Regulamento da Comissão Própria de Avaliação – CPA da PUCPR, que dispôs sobre sua constituição, competência e funcionamento. De acordo com o art. 2º da mencionada Resolução, a CPA é instituída por ato do Reitor, com o “objetivo de conduzir os processos de avaliação institucional nos diversos segmentos da PUCPR, promover autoavaliação e prestar as informações solicitadas pelo MEC, de acordo com as diretrizes emanadas da Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004” (PUCPR/CONSUN, 2007). 6 A CPA da PUCPR, de acordo com a Resolução nº 28/2007, é composta por 10 (dez) membros, com representantes da comunidade universitária e da sociedade civil organizada, com mandato de 2 (dois) anos, facultada a recondução. Incumbe à CPA definir o Programa de Avaliação Institucional; sensibilizar, informar e discutir com a comunidade acadêmica todos os aspectos referentes à avaliação; analisar os instrumentos de avaliação e propor alterações; comunicar os resultados da avaliação à comunidade; avaliar o processo e propor melhorias; bem como acompanhar as comissões externas de avaliação designadas pelo MEC nos processos que envolvem a instituição (PUCPR/CONSUN, 2007). O direcionamento do processo avaliativo na PUCPR é efetivamente liderado pela Comissão Própria de Avaliação, como se pode constatar das atas das reuniões consultadas para a realização deste trabalho. Além de realizar estudos com apoio em bibliografia recente na área da avaliação e leitura de documentos institucionais, a CPA analisa e interpreta os dados quantitativos e qualitativos levantados junto às diferentes áreas da PUCPR. No ano de 2007, foi implantada a avaliação dos cursos de graduação, envolvendo professores e alunos, com indicadores voltados para o processo de ensino e aprendizagem, os serviços e a infraestrutura. Para coleta de dados, no primeiro semestre de 2007, foi utilizado o sistema IGER, tendo sido avaliado o processo de ensino e aprendizagem por professores e alunos; no segundo semestre, a coleta foi feita por meio de questionários impressos, acrescentando-se à avaliação do projeto pedagógico dos cursos a dos serviços e da infraestrutura. Como decorrência da alteração do processo de coleta de dados, o percentual de respondentes passou de 38% para 71% (PUCPR/DGAI, 2013a). Em seguida, os dados foram tabulados e organizados pela Diretoria de Avaliação Institucional da Pró-Reitoria de Graduação, Pesquisa e Pós-Graduação da PUCPR. Mais tarde, foram divulgados à comunidade acadêmica. Em 2008, com a assunção de nova Comissão Própria de Avaliação, passou-se a utilizar o ambiente virtual denominado EUREKA, da PUCPR, para coleta dos dados. Intensa campanha de sensibilização foi promovida pela CPA, com a colaboração do marketing institucional e dos gestores. O retorno de professores e alunos, acessando o sistema e respondendo o questionário de forma voluntária foi expressivo: 64% dos alunos, nos dois semestres e, dos professores, respectivamente, 70% e 81% (PUCPR/DGAI, 2013a). Manteve-se a avaliação semestral, definindo-se a primeira quinzena dos meses de maio e de outubro de cada ano para a coleta. Aliando a avaliação quantitativa à qualitativa, foram inseridos espaços para comentários e sugestões dos alunos e professores em relação aos indicadores. Procurou-se tornar mais ágil o processo de retorno dos dados à comunidade, ficando convencionado que os resultados deveriam ser repassados no próprio semestre em que houvessem sido coletados. Foram publicados no portal da PUCPR, ainda, os relatórios de autoavaliação institucional, prática reiterada anualmente pela CPA. No ano de 2009, para melhor atender à proposta do SINAES (2004), a CPA realizou a avaliação das dez dimensões, envolvendo para tanto a resposta a questionário por parte dos docentes, bem como entrevistas com gestores e responsáveis por setores estratégicos da instituição. Nesse mesmo ano, passou-se a avaliar a percepção dos alunos dos cursos de pós-graduação stricto sensu, a respeito da qualidade da educação ofertada pela PUCPR, refletida no desenvolvimento dos programas, atuação dos orientadores, infraestrutura disponibilizada, informações sobre bolsas e outros indicadores. Aperfeiçoamentos de caráter técnico foram feitos no sistema EUREKA, para melhor atender às especificidades do processo avaliativo. 7 Com o objetivo de elaborar séries históricas contendo os resultados obtidos nos indicadores avaliados, a CPA decidiu que durante um período não seriam alteradas as respectivas questões formuladas. Assim, em 2010 foi possível iniciar o trabalho com séries históricas, permitindo aos gestores mais adequada percepção dos resultados obtidos a cada semestre. O ano de 2010 foi marcado pela mobilização dos gestores no sentido de se rever o planejamento estratégico da Pontifícia Universidade Católica do Paraná para o período 2012-2022, a qual culminou com a definição de tornar a instituição uma world class university (WCU) até 2022. Nesse processo, a integração entre a avaliação institucional e a elaboração do Plano de Desenvolvimento Institucional ficou evidenciada. Em 2011, iniciou-se o projeto piloto de avaliação dos cursos de pós-graduação lato sensu, que passou a compor a avaliação institucional liderada pela Comissão Própria de Avaliação. No segundo semestre desse ano, a avaliação da comunicação institucional e a dos valores maristas também foram inseridas nos questionários. Considerando-se que a participação de docentes e discentes é voluntária, têm sido registrados expressivos índices, o que demonstra o envolvimento da comunidade acadêmica no processo avaliativo. A série histórica do percentual de alunos de graduação que tem respondido às avaliações demonstra que o número de participantes oscilou, do 1º semestre de 2010 ao 1º semestre de 2013, entre 49,76% (2º semestre de 2010) e 67,49% (1º semestre de 2011). Já a série histórica do percentual de avaliações respondidas pelos professores dos cursos de graduação apresenta percentuais entre 71,38%, no 2º semestre de 2010, e 83,82% no 1º semestre de 2011, quando atingiu seu ponto máximo (PUCPR/DGAI, 2013a). Campanhas de marketing são promovidas pela Comissão Própria de Avaliação, em conjunto com a Diretoria de Graduação e Avaliação Institucional (DGAI), destacando as reivindicações manifestadas nas avaliações e o atendimento, pela instituição, de grande parte delas. Desta forma, os participantes percebem que a avaliação é consequente, uma vez que são consideradas suas necessidades para a oferta de uma educação de melhor qualidade. Os dados coletados via sistema EUREKA, tabulados e organizados pela Diretoria de Graduação e Avaliação Institucional (anteriormente denominada Diretoria de Avaliação Institucional) da Pró-Reitoria Acadêmica (anterior Pró-Reitoria de Graduação, Pesquisa e Pós-Graduação) são repassados a professores, coordenadores e decanos/diretores da PUCPR, dentro de sua alçada de competência, em geral no prazo de dez a quinze dias após a finalização da coleta. De todas as avaliações institucionais realizadas tem sido dada ampla divulgação à comunidade interna e externa. Essa divulgação é feita diretamente aos gestores e aos alunos, com o envio de mensagens eletrônicas, discussão de questões relevantes em reuniões, cartazes dispostos nos murais dos câmpus, bem como por meio do portal da PUCPR. A CPA também tem incentivado a discussão dos resultados como ferramenta de gestão, numa busca de constante reflexão sobre a qualidade da educação ofertada pela instituição. Desde 2007, em geral dois meses após o encaminhamento dos relatórios semestrais contendo o tratamento estatístico dos dados coletados quanto a cada um dos indicadores avaliados, é encaminhada a cada gestor de curso uma ficha de metaavaliação. O objetivo do preenchimento dessa ficha é identificar as providências que foram tomadas pelos gestores em relação aos resultados da avaliação, considerando-se o projeto pedagógico, o corpo docente e discente e outras ações significativas realizadas a respeito. Em 2010, o processo de meta-avaliação chegou à sua consolidação, em 8 especial com os resultados obtidos pelos estudos qualitativos desenvolvidos na Diretoria de Avaliação Institucional, pelos professores Gerson Linck Bichinho e Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira (PUCPR/CPA, 2011). A partir de 2012, a série histórica 2009-2012 e o gráfico demonstrativo da evolução de cada indicador acompanham a ficha de autoavaliação, com o objetivo de facilitar a percepção dos gestores. Na ficha de meta-avaliação relativa ao 1° semestre de 2013, solicitou-se o retorno das ações realizadas: (1) quanto ao projeto pedagógico: implementação dos planos de ensino; abordagem dos temas transversais – sustentabilidade, direitos humanos, diversidade; revisão de regulamentos (TCC, atividades complementares, estágios); parcerias com a comunidade; oferta de cursos de extensão direcionados aos alunos do curso; outros; (2) corpo docente e discente: alterações do corpo docente; relacionamento professor/aluno; inserção de alunos no PIBIC/iniciação científica; discussão da avaliação com o NDE; discussão da avaliação com os alunos; discussão da avaliação com os professores; sensibilização para maior participação na avaliação institucional; informação sobre as melhorias obtidas com os resultados da avaliação institucional anterior; adequação dos professores às disciplinas; cobrança de pontualidade no início e término das aulas; efetividade da supervisão de estágio; corresponsabilidade no processo de aprendizagem (professor/aluno); outros; (3) outras ações relevantes realizadas e não contempladas nos itens anteriores; (4) sugestões para melhoria do processo de autoavaliação institucional (PUCPR/DGAI, 2013b). O retorno das ações em decorrência da comunicação dos resultados da avaliação tem demonstrado a preocupação dos gestores em alinhar as expectativas da comunidade à sua tomada de decisão. Pela atuação coerente e constante da CPA, alunos e professores têm clara noção de que os momentos avaliativos refletem a preocupação institucional com a qualidade da educação ofertada e, como tal, deles participam em percentual significativo. À medida que esse processo se consolida, aumenta o nível de exigência dessa comunidade, uma vez que a busca de qualidade não é um ponto final. Considerações Finais Iniciado em 1996, o processo de avaliação institucional na Pontifícia Universidade Católica do Paraná atendeu aos ciclos propostos por Polidori et al (2011), à exceção do primeiro. Partindo dos objetivos propostos para este trabalho, é possível afirmar, ao longo da trajetória da avaliação institucional na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, que a atuação da Comissão Própria de Avaliação tem sido relevante para que ganhos acadêmicos ocorram, tendo como referência a melhoria da qualidade da educação ofertada. Desde sua implantação, em 2004, funcionando com regularidade e em atenção às normas do sistema federal de ensino, a CPA possibilitou a consolidação do processo de autoavaliação institucional na PUCPR. Gradualmente, todas as dimensões do SINAES foram inseridas, ao mesmo tempo em que a conscientização da comunidade acadêmica se foi ampliando. A abrangência acadêmico-administrativa dos resultados permite a tomada de decisões alinhadas às expectativas da comunidade interna e externa, o que é facilitado pelas séries históricas e pela análise estatística dos resultados, que permitem estudos e comparações entre os semestres, ano a ano. Além disso, o sistema EUREKA, utilizado na coleta de dados e aperfeiçoado continuamente em suas funcionalidades, vem demonstrando sua eficácia também na consulta dos resultados por parte dos professores e gestores. 9 Percebe-se, na PUCPR, que a avaliação institucional é comprometida com o processo de ensino e aprendizagem, tendo se constituído em elemento imprescindível para o acompanhamento das metas do Plano de Desenvolvimento Institucional e dos Projetos Pedagógicos dos Cursos. Como referem Fonseca et al (2008): [...] na perspectiva formativa e emancipatória, a avaliação não cumpre apenas o papel de controle, regulação e mensuração da eficácia institucional, mas apresenta-se como lógica indutora do desenvolvimento institucional, que se quer autônomo, e da promoção dos atores envolvidos no processo de produção acadêmica. Nesse sentido, a avaliação busca a melhoria da instituição e dos processos de gestão no seu interior por meio da humanização do trabalho acadêmico (FONSECA et al, 2008, p. 27). A atuação dos decanos de escolas, diretores de câmpus fora de sede e de coordenadores de curso vem correspondendo às exigências de um processo avaliativo em que a participação e a responsabilidade estejam presentes. Os relatórios anuais, postados no e-Mec e divulgados à comunidade interna e externa, no portal da PUCPR, demonstram uma trajetória firme, contínua, preocupada não só com a eficácia do processo, mas também com o aperfeiçoamento dos mecanismos de coleta, tratamento e análise dos dados. Nesse particular, o apoio técnico fornecido pela Diretoria de Graduação e Avaliação Institucional tem sido relevante. Além da reorientação das ações institucionais, os resultados de acompanhamento do desempenho institucional alimentam as adequações imediatas ou propostas a serem incorporadas no Plano de Desenvolvimento Institucional em suas versões quinquenais (PUCPR/PDI, 2013). Referências BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Editora, 1994. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Documento básico. Avaliação das universidades brasileiras. Uma proposta nacional. Comissão Nacional de Avaliação. Brasília, 1993. BRASIL. Lei 10.861, de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.861.htm. Acesso em 10 ago. 2013. BUENO, J. F.; SERMANN, L. I. C.; SCHERNER, M. L. T. (orgs.). Avaliação institucional – PUCPR. Fundamentação teórica, contexto institucional e perfil do aluno. Curitiba: Editora Champagnat, 2003. 10 CABRITO, B. G. 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