(A Trajetória dos Processos de Autoavaliação Institucional na PUCPR)

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A Trajetória dos Processos de Autoavaliação Institucional na PUCPR
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)
Eixo III - Alcance interno e externo dos trabalhos da CPA
Alboni Marisa Dudeque Pianovski Vieira (Pontifícia Universidade Católica do Paraná)
Resumo
Na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, a avaliação institucional tem sido
oficialmente concebida como instrumento de gestão universitária a partir da adesão feita
ao Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras – PAIUB, na
década de 1990. Desde sua implantação até o momento, esse processo de avaliação
institucional tem passado por diferentes fases, tanto do ponto de vista conceitual quanto
procedimental. O objetivo deste trabalho, assim, é analisar as diferentes fases pelas
quais passou o processo de autoavaliação na PUCPR, ao longo de sua implantação,
considerando as alterações a que foi submetido, quer do ponto de vista qualitativo, quer
quantitativo, à luz das politicas educacionais, das orientações legais e institucionais
vigentes nos diversos momentos históricos mencionados. Como objetivos específicos,
buscou-se: 1) discutir a contribuição da Comissão Própria de Avaliação na consolidação
do processo de autoavaliação institucional na PUCPR; 2) discutir a abrangência
acadêmico-administrativa dos resultados em sua integração com o planejamento
estratégico institucional; 3) analisar a tendência identificada nas séries históricas de
desempenho obtidas a partir dos resultados e a reorientação política por elas motivada;
4) analisar os avanços na utilização dos sistemas eletrônicos auxiliares. Como apoio
teórico, foram utilizados os estudos de Dias Sobrinho e Balzan (2005), DarlingHammond e Ascher (2006), Cabrito (2009), Juliatto (2010) e Polidori et al (2011), entre
outros. Para responder às indagações da pesquisa, foram utilizados procedimentos de
coleta de dados nas fontes documentais disponíveis na instituição, tais como atas das
reuniões das Comissões de Avaliação anteriores a 2004 e da Comissão Própria de
Avaliação a partir dessa data, instrumentos utilizados para coleta de dados, relatórios de
autoavaliação, séries históricas disponibilizadas e outros resultados relativos ao período
estudado. Subsidiariamente, foram utilizadas fontes orais, constantes de entrevistas com
funcionários do setor de apoio da avaliação institucional na universidade. De abordagem
qualitativa, o estudo contou com a contribuição teórica de Bogdan e Biklen (1994). A
análise do material coletado possibilitou sistematizar os diferentes períodos avaliativos
da instituição, seus objetivos, procedimentos e resultados. Permitiu, também,
considerar os avanços e ajustes que foram feitos para a condução do processo no sentido
de transformá-lo efetivamente em uma ferramenta de gestão para coordenadores de
curso, diretores de câmpus e decanos de escolas, como elemento imprescindível para o
acompanhamento e avaliação das metas constantes do Plano de Desenvolvimento
Institucional, do Projeto Pedagógico Institucional e dos Projetos Pedagógicos dos
Cursos.
Palavras-chave: educação superior; avaliação institucional; gestão acadêmica.
Introdução
A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), criada em 14 de março
de 1959, a partir da agregação de diversas escolas de nível superior e de orientação
católica existentes em Curitiba, já em 17 de maio de 1960, pelo Decreto nº 48.232,
obtinha o reconhecimento oficial do Governo Federal.
1
A PUCPR é uma instituição de ensino orientada por princípios éticos, cristãos e
maristas, cuja missão é “desenvolver e difundir o conhecimento e a cultura e promover
a formação integral e permanente de cidadãos e profissionais comprometidos com a
vida e com o progresso da sociedade” (PUCPR/PDI, 2013). O posicionamento da
universidade para o horizonte 2012-2022 é o de “consolidar-se como uma instituição de
classe mundial com excelência no ensino, na produção de conhecimento, na prestação
de serviços e na relevância social” (PUCPR/PDI, 2013).
Em seu Projeto Pedagógico Institucional estão descritos os princípios
institucionais de sua proposta educativa: identidade; excelência; educação
emancipadora; indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão; inovação e
empreendedorismo; flexibilidade curricular; sustentabilidade; empregabilidade;
internacionalidade; interdisciplinaridade; acessibilidade; contemporaneidade; cultura e
esportes; e solidariedade. Essa proposta está calcada nos valores maristas da presença
significativa, do espírito de família, da justiça, da espiritualidade, do amor ao trabalho e
da simplicidade (PUCPR/PPI, 2012). Traduz-se, assim, o perfil de uma universidade
preocupada “com as transformações sociais, a formação para a cidadania, a
humanização da produção científica e a inclusão social” (PUCPR/PPI, 2012, p. 3).
Instalada no câmpus Curitiba, na década de 1990 a PUCPR decidiu expandir
suas atividades. Dessa forma, em 1998 foi criado o câmpus São José dos Pinhais; em
2002, o câmpus Londrina; em 2003, o câmpus Toledo; e, em 2004, o câmpus Maringá,
este ampliado em 2007, com a aquisição da Faculdade Nobel.
Atualmente possui 26.455 alunos matriculados em cursos de graduação e cerca
de 6.000 alunos em cursos de pós-graduação lato e stricto sensu. Seu corpo docente é
constituído por doutores (33%), mestre (44%) e especialistas (16%) (PUCPR/DGAI,
2013).
Na PUCPR, desde 1996 a avaliação institucional tem sido oficialmente
concebida como instrumento de gestão universitária. A partir daí, o processo avaliativo
tem passado por diferentes fases, tanto do ponto de vista conceitual quanto
procedimental. Ao longo deste estudo, procurou-se destacar, além dessas fases, as
modificações que foram gradualmente inseridas nos procedimentos para coleta de
dados, análise, divulgação e utilização dos resultados da avaliação, como consequência
das experiências adquiridas e do amadurecimento do processo.
Justifica-se o estudo considerando-se que, na instituição pesquisada, foi possível
transformar a avaliação institucional, efetivamente, em uma ferramenta de gestão para
coordenadores de curso, diretores de câmpus e decanos de escolas, como elemento
imprescindível para o acompanhamento e avaliação das metas constantes do Plano de
Desenvolvimento Institucional, do Projeto Pedagógico Institucional e dos Projetos
Pedagógicos dos Cursos.
O objetivo geral deste trabalho é, assim, analisar as diferentes fases pelas quais
passou o processo de autoavaliação na PUCPR, considerando as alterações a que foi
submetido, quer do ponto de vista qualitativo, quer quantitativo, à luz das politicas
educacionais, das orientações legais e institucionais vigentes nos diversos momentos
históricos mencionados.
Como objetivos específicos, buscou-se: 1) discutir a contribuição da Comissão
Própria de Avaliação na consolidação do processo de autoavaliação institucional na
PUCPR; 2) discutir a abrangência acadêmico-administrativa dos resultados em sua
integração com o planejamento estratégico institucional; 3) analisar a tendência
identificada nas séries históricas de desempenho obtidas a partir dos resultados e a
reorientação política por elas motivada; 4) analisar os avanços na utilização dos
sistemas eletrônicos auxiliares.
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Metodologia
Para responder às indagações da pesquisa, foram utilizados procedimentos de
coleta de dados nas fontes documentais disponíveis na instituição, tais como atas das
reuniões das Comissões de Avaliação anteriores a 2004 e da Comissão Própria de
Avaliação implantada nos moldes preconizados pelo SINAES a partir dessa data,
instrumentos utilizados para coleta de dados, relatórios de autoavaliação, séries
históricas disponibilizadas e outros resultados relativos ao período estudado (19962012). Subsidiariamente, foram utilizadas fontes orais, constantes de entrevistas com
funcionários do setor de apoio da avaliação institucional na universidade.
De abordagem qualitativa, o estudo contou com a contribuição teórica de
Bogdan e Biklen (1994). A análise do material coletado possibilitou sistematizar os
diferentes períodos avaliativos da instituição, seus objetivos, procedimentos e
resultados.
Referencial teórico
A reflexão sobre o tema apresentado teve como base teórica os estudos de Dias
Sobrinho e Balzan (2005), Cabrito (2009), Juliatto (2010) e Polidori et al (2011), entre
outros.
Segundo Cabrito (2009, p. 187) o “acto de avaliar, de compreender a qualidade
em educação só faz sentido se tiver um objectivo formativo, se contribuir para encontrar
problemas e sugerir possíveis respostas adequadas a cada situação particular”. A
melhoria da qualidade da educação, portanto, deve ser decorrente do ato avaliativo.
Juliatto (2010) destaca que a missão e os objetivos institucionais devem estar presentes
na qualidade buscada, os quais, por sua vez, deverão atender aos fins maiores da
educação estabelecidos pelas leis educacionais do país.
Outro aspecto a ser ponderado, no contexto avaliado, diz respeito ao destinatário
da qualidade, que deve envolver não apenas os estudantes, professores, gestores e o
corpo técnico-administrativo, mas também a clientela externa do câmpus e, de um modo
geral, a sociedade como um todo.
Afirma Juliatto (2010):
A qualidade da educação é conceito complexo e, muitas vezes,
obscuro, que inclui algumas inelutáveis conotações subjetivas.
Investigadores e observadores recomendam que a questão deva
ser abordada de modo multidimensional e eclético, visto que o
conceito da qualidade escapa a uma definição singela e sucinta
(JULIATTO, 2010, p. 103).
Para se avaliar a qualidade da educação, dois tipos de métodos podem ser
empregados: quantitativos e qualitativos, de acordo com a natureza da questão a ser
analisada. Ambos apresentam vantagens e limitações, razão pela qual é prudente utilizálos em conjunto, quando possível, na pesquisa dos indicadores selecionados.
De acordo com Darling-Hammond e Ascher (2006, p. 31), “[...] os indicadores
devem ser vistos como um conjunto de dados num processo de ‘construção política
reflexiva’ e como um auxílio para um processo reflexivo de tomada de decisões nas
escolas”. Os indicadores possibilitam “identificar áreas que demandam investigações
mais aprofundadas e fornecer pistas para linhas de trabalho mais promissoras”, segundo
esses autores.
3
A definição dos indicadores, portanto, é uma construção social, que considera o
momento histórico, os grupos envolvidos e os interesses a que se relacionam, direta ou
indiretamente. Dessa construção emergem os objetivos e os valores que se pretende
avaliar.
Segundo Dias Sobrinho e Balzan (1995):
Discutir a universidade, procurar entender suas redes de relações
internas e externas, compreendê-las como a tessitura de
processos sociais e públicos que se fundamentam na sua
dimensão pedagógica é uma tarefa que precisa ser
permanentemente enfrenta e renovada. A universidade não só
deve buscar construir uma imagem razoavelmente unitária da
sociedade, mas também de si mesma (DIAS SOBRINHO e
BALZAN, 1995, p. 15).
A partir dos resultados obtidos, poder-se-á redirecionar ações e rever conceitos,
discutindo-se com a comunidade acadêmica os rumos a serem seguidos. Inserida em um
contexto social e cultural, a universidade, ao se renovar para atender a essas demandas,
deve tornar-se um centro de inovação, de pesquisa e de produção do saber.
Com apoio em Juliatto (2010, p. 245), “a avaliação é importante, necessária e
mesmo essencial, quando propugnamos a qualidade e a excelência no ensino superior
[...]. Utilizada com critério e amplo espectro de variedade, torna-se instrumento prático
e eficaz na mão dos gestores na busca da educação de qualidade”.
Quanto à evolução do desenvolvimento do processo avaliativo, o trabalho se
apoiou na divisão em quatro ciclos, elaborada por Polidori et al (2011, pp. 261-262) e
que, em síntese, traz o seguinte:
1.
O primeiro ciclo, de 1983 a 1992, apresenta iniciativas de organização de
um processo de avaliação de caráter isolado, no país.
2.
O segundo ciclo, de 1993 a 1995, é marcado pelo Programa de Avaliação
Institucional das Universidades Brasileiras – PAIUB.
3.
O terceiro ciclo, de 1996 a 2003, denominado de “implementação e
consolidação da proposta governamental”, envolve o Exame Nacional de Cursos (ENC),
o Provão e a Avaliação das Condições de Oferta (ACO), posteriormente denominada
Avaliação das Condições de Ensino (ACE).
4.
O quarto ciclo, de 2003 até a atualidade, denominado de “construção da
avaliação emancipatória”, corresponde à implantação do Sistema Nacional de Avaliação
da Educação Superior (SINAES), com a Lei n 10.861/2004.
Os conceitos expendidos pelos citados autores embasarão a reflexão proposta
sobre o tema objeto desta pesquisa.
Resultados e discussões
Embora, segundo Bueno et al (2003), ações e atividades de avaliação
institucional tenham sido desenvolvidas na PUCPR, sob diversas formas e métodos, há
bastante tempo, não há notícia de que elas tenham ocorrido com alguma periodicidade
nos anos correspondentes ao primeiro ciclo de que trata Polidori et al (2011).
A preocupação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná com a avaliação
institucional tem como referência inicial a adesão ao Programa de Avaliação
Institucional das Universidades Brasileiras – PAIUB, inserindo-se, portanto, no segundo
ciclo mencionado por Polidori et al (2011). Esse Programa surgiu em 1993, coordenado
pela Secretaria da Educação Superior (SESu) do Ministério da Educação e do Desporto
4
(MEC), com o objetivo de estimular e fomentar um processo de avaliação institucional
nas universidades brasileiras.
Os principais objetivos do PAIUB eram:
1.
Fomentar um processo criativo de avaliação da instituição,
como forma de exercitar a vontade política de auto-avaliar-se e
submeter-se à avaliação externa, para garantir a qualidade
acadêmica e de gestão universitária;
2.
Conhecer, numa atitude diagnóstica, como se realizam e se
inter-relacionam na universidade as tarefas acadêmicas, em suas
dimensões de ensino, pesquisa, extensão e administração;
3.
Restabelecer compromissos com a sociedade, explicitando
as diretrizes de um projeto pedagógico e os fundamentos de um
programa sistemático e participativo de avaliação, que permita o
constante reordenamento, consolidação ou reformulação das
ações da universidade;
4.
Repensar objetivos, modos de atuação e resultados na
perspectiva de uma universidade mais consentânea com o
momento histórico em que se insere;
5.
Estudar e propor mudanças ao cotidiano das tarefas
acadêmicas do ensino, da pesquisa, da extensão e da
administração, contribuindo para a formação de projetos
socialmente legitimados e relevantes (BRASIL, 1993).
Em âmbito nacional, a padronização de projetos resultante da proposta do
PAIUB concorreu para o descumprimento do primeiro objetivo e, de resto,
comprometeu o alcance dos demais. No entanto, dele restou a ideia de que a avaliação
institucional deveria ser uma ferramenta de gestão, voltada para a melhoria da qualidade
da educação e para a aproximação com a sociedade.
A avaliação realizada pela instituição, em 1996, e que envolveu cursos,
professores e alunos, atendia aos objetivos do PAIUB. Como explicam Bueno et al:
Ela foi orientada pela reflexão e pela análise do processo de
ensino desenvolvido nos diferentes cursos de graduação
ofertados pela Instituição. Nesse primeiro momento, a proposta
desenvolvida seguiu as diretrizes do Programa de Avaliação
Institucional das Universidades Brasileiras – PAIUB.
Sua principal finalidade foi verificar a eficácia da relação
pedagógica entre professores e alunos, dos programas e
disciplinas, bem como sua dinâmica nos diferentes cursos de
graduação. Dessa forma, possibilitou a tomada de decisão em
relação às práticas internas, bem como a definição de novas
propostas para o ensino na PUCPR (BUENO et al, 2003, p. 36).
Em 1999, num momento em que se vivia a avaliação das condições de oferta dos
cursos no âmbito do MEC, a Reitoria da PUCPR designou uma comissão para avaliar
todos os cursos de graduação da PUCPR. Essa designação coincidiu com os estudos
realizados institucionalmente para a implantação do Projeto Pedagógico dos cursos de
graduação, efetivada a partir do ano de 2000, e direcionou o foco da avaliação dos
docentes pelos discentes para a avaliação da implementação dos mencionados Projetos
5
Pedagógicos. Para tanto, o processo avaliativo se ampliou, incluindo novas fontes de
informação, como questionários específicos para decanos, diretores, professores e
alunos. Essas avaliações tiveram por objeto setores, processos, projetos, cursos e as
diferentes formas de atuação da Universidade, delas resultando diversas publicações e
relatórios.
No período correspondente ao terceiro ciclo apontado por Polidori et al (2011), o
Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras – CRUB propôs que fosse
implantado um programa de avaliação que contemplasse 14 dimensões básicas: 1ª missão, objetivos e vocação da instituição; 2ª – ensino; 3ª pesquisa; 4ª – relações
externas; 5ª – corpo docente; 6ª – corpo discente; 7ª corpo técnico-administrativo; 8ª –
administração acadêmica dos cursos; 9ª - controle de produto; 10ª – organização e
governo; 11ª – planejamento e avaliação; 12ª – recursos de informação; 13ª recursos de
infraestrutura; 14ª – recursos financeiros (CRUB, 2000). Entendiam os dirigentes das
instituições de educação superior do país que a avaliação era um processo fundamental
para que ocorresse o desenvolvimento e a melhoria de qualidade na educação ofertada.
Alguns passos foram, na sequência, tomados pela PUCPR, para que se
implantasse o processo de avaliação institucional nos termos propostos pelo CRUB: a
adesão à proposta do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras – CRUB; a
designação, pela Portaria nº 241, de 29 de junho de 2001, de uma Comissão de
Avaliação Institucional, composta pelos professores Jayme Ferreira Bueno, presidente,
Lucia Izabel Czerwonka Sermann, Maria Luiza Trevisan Scherner e Paulo Otávio Mussi
Augusto; a elaboração de um Programa de Avaliação Institucional pela Comissão
designada, considerando os termos de adesão à proposta do CRUB; a análise e
discussão do Programa elaborado, visando à implantação da autoavaliação na
Universidade; e a regulamentação da avaliação institucional na PUCPR, com a
aprovação do Programa de Avaliação Institucional da PUCPR, em 27 de março de
2002, pelo Conselho Universitário - CONSUN. Esse Programa definiu os objetivos, a
metodologia, os aspectos a serem avaliados nas perspectivas institucional, acadêmica e
administrativa, além das etapas, princípios e conceitos que norteariam o processo
avaliativo na PUCPR (PUCPR, 2002).
Apresentando caráter de globalidade e de processo permanente, a avaliação
institucional da PUCPR passou a integrar o respectivo Plano de Desenvolvimento
Institucional, possibilitando medir, analisar e julgar a eficácia da Universidade como
IES.
Com a edição da Lei Federal nº 10.861/2004, a PUCPR se orientou no sentido
das novas determinações, passando a vivenciar o quarto ciclo identificado por Polidori
et al (2011). Assim, foi elaborada uma proposta de reformulação do processo de
avaliação acadêmica, mais tarde denominada avaliação institucional, abrangendo as
dimensões previstas naquele documento legal.
Pela Portaria nº 327, de 15 de junho de 2004, foi designada a primeira Comissão
Própria de Avaliação da PUCPR, nos termos da Lei nº 10.861/2004. Dois anos após,
nova CPA foi designada, pela Portaria nº 48, de 9 de março de 2006, mantendo-se essa
periodicidade. Mais tarde, pela Resolução nº 28, de 23 de março de 2007, foi aprovado
pelo CONSUN o Regulamento da Comissão Própria de Avaliação – CPA da PUCPR,
que dispôs sobre sua constituição, competência e funcionamento.
De acordo com o art. 2º da mencionada Resolução, a CPA é instituída por ato do
Reitor, com o “objetivo de conduzir os processos de avaliação institucional nos diversos
segmentos da PUCPR, promover autoavaliação e prestar as informações solicitadas pelo
MEC, de acordo com as diretrizes emanadas da Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004”
(PUCPR/CONSUN, 2007).
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A CPA da PUCPR, de acordo com a Resolução nº 28/2007, é composta por 10
(dez) membros, com representantes da comunidade universitária e da sociedade civil
organizada, com mandato de 2 (dois) anos, facultada a recondução. Incumbe à CPA
definir o Programa de Avaliação Institucional; sensibilizar, informar e discutir com a
comunidade acadêmica todos os aspectos referentes à avaliação; analisar os
instrumentos de avaliação e propor alterações; comunicar os resultados da avaliação à
comunidade; avaliar o processo e propor melhorias; bem como acompanhar as
comissões externas de avaliação designadas pelo MEC nos processos que envolvem a
instituição (PUCPR/CONSUN, 2007).
O direcionamento do processo avaliativo na PUCPR é efetivamente liderado
pela Comissão Própria de Avaliação, como se pode constatar das atas das reuniões
consultadas para a realização deste trabalho. Além de realizar estudos com apoio em
bibliografia recente na área da avaliação e leitura de documentos institucionais, a CPA
analisa e interpreta os dados quantitativos e qualitativos levantados junto às diferentes
áreas da PUCPR.
No ano de 2007, foi implantada a avaliação dos cursos de graduação,
envolvendo professores e alunos, com indicadores voltados para o processo de ensino e
aprendizagem, os serviços e a infraestrutura. Para coleta de dados, no primeiro semestre
de 2007, foi utilizado o sistema IGER, tendo sido avaliado o processo de ensino e
aprendizagem por professores e alunos; no segundo semestre, a coleta foi feita por meio
de questionários impressos, acrescentando-se à avaliação do projeto pedagógico dos
cursos a dos serviços e da infraestrutura. Como decorrência da alteração do processo de
coleta de dados, o percentual de respondentes passou de 38% para 71% (PUCPR/DGAI,
2013a). Em seguida, os dados foram tabulados e organizados pela Diretoria de
Avaliação Institucional da Pró-Reitoria de Graduação, Pesquisa e Pós-Graduação da
PUCPR. Mais tarde, foram divulgados à comunidade acadêmica.
Em 2008, com a assunção de nova Comissão Própria de Avaliação, passou-se a
utilizar o ambiente virtual denominado EUREKA, da PUCPR, para coleta dos dados.
Intensa campanha de sensibilização foi promovida pela CPA, com a colaboração do
marketing institucional e dos gestores. O retorno de professores e alunos, acessando o
sistema e respondendo o questionário de forma voluntária foi expressivo: 64% dos
alunos, nos dois semestres e, dos professores, respectivamente, 70% e 81%
(PUCPR/DGAI, 2013a). Manteve-se a avaliação semestral, definindo-se a primeira
quinzena dos meses de maio e de outubro de cada ano para a coleta. Aliando a avaliação
quantitativa à qualitativa, foram inseridos espaços para comentários e sugestões dos
alunos e professores em relação aos indicadores. Procurou-se tornar mais ágil o
processo de retorno dos dados à comunidade, ficando convencionado que os resultados
deveriam ser repassados no próprio semestre em que houvessem sido coletados. Foram
publicados no portal da PUCPR, ainda, os relatórios de autoavaliação institucional,
prática reiterada anualmente pela CPA.
No ano de 2009, para melhor atender à proposta do SINAES (2004), a CPA
realizou a avaliação das dez dimensões, envolvendo para tanto a resposta a questionário
por parte dos docentes, bem como entrevistas com gestores e responsáveis por setores
estratégicos da instituição. Nesse mesmo ano, passou-se a avaliar a percepção dos
alunos dos cursos de pós-graduação stricto sensu, a respeito da qualidade da educação
ofertada pela PUCPR, refletida no desenvolvimento dos programas, atuação dos
orientadores, infraestrutura disponibilizada, informações sobre bolsas e outros
indicadores. Aperfeiçoamentos de caráter técnico foram feitos no sistema EUREKA,
para melhor atender às especificidades do processo avaliativo.
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Com o objetivo de elaborar séries históricas contendo os resultados obtidos nos
indicadores avaliados, a CPA decidiu que durante um período não seriam alteradas as
respectivas questões formuladas. Assim, em 2010 foi possível iniciar o trabalho com
séries históricas, permitindo aos gestores mais adequada percepção dos resultados
obtidos a cada semestre.
O ano de 2010 foi marcado pela mobilização dos gestores no sentido de se rever
o planejamento estratégico da Pontifícia Universidade Católica do Paraná para o
período 2012-2022, a qual culminou com a definição de tornar a instituição uma world
class university (WCU) até 2022. Nesse processo, a integração entre a avaliação
institucional e a elaboração do Plano de Desenvolvimento Institucional ficou
evidenciada.
Em 2011, iniciou-se o projeto piloto de avaliação dos cursos de pós-graduação
lato sensu, que passou a compor a avaliação institucional liderada pela Comissão
Própria de Avaliação. No segundo semestre desse ano, a avaliação da comunicação
institucional e a dos valores maristas também foram inseridas nos questionários.
Considerando-se que a participação de docentes e discentes é voluntária, têm
sido registrados expressivos índices, o que demonstra o envolvimento da comunidade
acadêmica no processo avaliativo. A série histórica do percentual de alunos de
graduação que tem respondido às avaliações demonstra que o número de participantes
oscilou, do 1º semestre de 2010 ao 1º semestre de 2013, entre 49,76% (2º semestre de
2010) e 67,49% (1º semestre de 2011). Já a série histórica do percentual de avaliações
respondidas pelos professores dos cursos de graduação apresenta percentuais entre
71,38%, no 2º semestre de 2010, e 83,82% no 1º semestre de 2011, quando atingiu seu
ponto máximo (PUCPR/DGAI, 2013a).
Campanhas de marketing são promovidas pela Comissão Própria de Avaliação,
em conjunto com a Diretoria de Graduação e Avaliação Institucional (DGAI),
destacando as reivindicações manifestadas nas avaliações e o atendimento, pela
instituição, de grande parte delas. Desta forma, os participantes percebem que a
avaliação é consequente, uma vez que são consideradas suas necessidades para a oferta
de uma educação de melhor qualidade.
Os dados coletados via sistema EUREKA, tabulados e organizados pela
Diretoria de Graduação e Avaliação Institucional (anteriormente denominada Diretoria
de Avaliação Institucional) da Pró-Reitoria Acadêmica (anterior Pró-Reitoria de
Graduação, Pesquisa e Pós-Graduação) são repassados a professores, coordenadores e
decanos/diretores da PUCPR, dentro de sua alçada de competência, em geral no prazo
de dez a quinze dias após a finalização da coleta.
De todas as avaliações institucionais realizadas tem sido dada ampla divulgação
à comunidade interna e externa. Essa divulgação é feita diretamente aos gestores e aos
alunos, com o envio de mensagens eletrônicas, discussão de questões relevantes em
reuniões, cartazes dispostos nos murais dos câmpus, bem como por meio do portal da
PUCPR. A CPA também tem incentivado a discussão dos resultados como ferramenta
de gestão, numa busca de constante reflexão sobre a qualidade da educação ofertada
pela instituição.
Desde 2007, em geral dois meses após o encaminhamento dos relatórios
semestrais contendo o tratamento estatístico dos dados coletados quanto a cada um dos
indicadores avaliados, é encaminhada a cada gestor de curso uma ficha de metaavaliação. O objetivo do preenchimento dessa ficha é identificar as providências que
foram tomadas pelos gestores em relação aos resultados da avaliação, considerando-se o
projeto pedagógico, o corpo docente e discente e outras ações significativas realizadas a
respeito. Em 2010, o processo de meta-avaliação chegou à sua consolidação, em
8
especial com os resultados obtidos pelos estudos qualitativos desenvolvidos na Diretoria
de Avaliação Institucional, pelos professores Gerson Linck Bichinho e Alboni Marisa
Dudeque Pianovski Vieira (PUCPR/CPA, 2011). A partir de 2012, a série histórica
2009-2012 e o gráfico demonstrativo da evolução de cada indicador acompanham a
ficha de autoavaliação, com o objetivo de facilitar a percepção dos gestores.
Na ficha de meta-avaliação relativa ao 1° semestre de 2013, solicitou-se o
retorno das ações realizadas: (1) quanto ao projeto pedagógico: implementação dos
planos de ensino; abordagem dos temas transversais – sustentabilidade, direitos
humanos, diversidade; revisão de regulamentos (TCC, atividades complementares,
estágios); parcerias com a comunidade; oferta de cursos de extensão direcionados aos
alunos do curso; outros; (2) corpo docente e discente: alterações do corpo docente;
relacionamento professor/aluno; inserção de alunos no PIBIC/iniciação científica;
discussão da avaliação com o NDE; discussão da avaliação com os alunos; discussão da
avaliação com os professores; sensibilização para maior participação na avaliação
institucional; informação sobre as melhorias obtidas com os resultados da avaliação
institucional anterior; adequação dos professores às disciplinas; cobrança de
pontualidade no início e término das aulas; efetividade da supervisão de estágio;
corresponsabilidade no processo de aprendizagem (professor/aluno); outros; (3) outras
ações relevantes realizadas e não contempladas nos itens anteriores; (4) sugestões para
melhoria do processo de autoavaliação institucional (PUCPR/DGAI, 2013b).
O retorno das ações em decorrência da comunicação dos resultados da avaliação
tem demonstrado a preocupação dos gestores em alinhar as expectativas da comunidade
à sua tomada de decisão.
Pela atuação coerente e constante da CPA, alunos e professores têm clara noção
de que os momentos avaliativos refletem a preocupação institucional com a qualidade
da educação ofertada e, como tal, deles participam em percentual significativo. À
medida que esse processo se consolida, aumenta o nível de exigência dessa comunidade,
uma vez que a busca de qualidade não é um ponto final.
Considerações Finais
Iniciado em 1996, o processo de avaliação institucional na Pontifícia
Universidade Católica do Paraná atendeu aos ciclos propostos por Polidori et al (2011),
à exceção do primeiro.
Partindo dos objetivos propostos para este trabalho, é possível afirmar, ao longo
da trajetória da avaliação institucional na Pontifícia Universidade Católica do Paraná,
que a atuação da Comissão Própria de Avaliação tem sido relevante para que ganhos
acadêmicos ocorram, tendo como referência a melhoria da qualidade da educação
ofertada. Desde sua implantação, em 2004, funcionando com regularidade e em atenção
às normas do sistema federal de ensino, a CPA possibilitou a consolidação do processo
de autoavaliação institucional na PUCPR. Gradualmente, todas as dimensões do
SINAES foram inseridas, ao mesmo tempo em que a conscientização da comunidade
acadêmica se foi ampliando.
A abrangência acadêmico-administrativa dos resultados permite a tomada de
decisões alinhadas às expectativas da comunidade interna e externa, o que é facilitado
pelas séries históricas e pela análise estatística dos resultados, que permitem estudos e
comparações entre os semestres, ano a ano.
Além disso, o sistema EUREKA, utilizado na coleta de dados e aperfeiçoado
continuamente em suas funcionalidades, vem demonstrando sua eficácia também na
consulta dos resultados por parte dos professores e gestores.
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Percebe-se, na PUCPR, que a avaliação institucional é comprometida com o
processo de ensino e aprendizagem, tendo se constituído em elemento imprescindível
para o acompanhamento das metas do Plano de Desenvolvimento Institucional e dos
Projetos Pedagógicos dos Cursos.
Como referem Fonseca et al (2008):
[...] na perspectiva formativa e emancipatória, a avaliação não
cumpre apenas o papel de controle, regulação e mensuração da
eficácia institucional, mas apresenta-se como lógica indutora do
desenvolvimento institucional, que se quer autônomo, e da
promoção dos atores envolvidos no processo de produção
acadêmica. Nesse sentido, a avaliação busca a melhoria da
instituição e dos processos de gestão no seu interior por meio da
humanização do trabalho acadêmico (FONSECA et al, 2008, p.
27).
A atuação dos decanos de escolas, diretores de câmpus fora de sede e de
coordenadores de curso vem correspondendo às exigências de um processo avaliativo
em que a participação e a responsabilidade estejam presentes.
Os relatórios anuais, postados no e-Mec e divulgados à comunidade interna e
externa, no portal da PUCPR, demonstram uma trajetória firme, contínua, preocupada
não só com a eficácia do processo, mas também com o aperfeiçoamento dos
mecanismos de coleta, tratamento e análise dos dados. Nesse particular, o apoio técnico
fornecido pela Diretoria de Graduação e Avaliação Institucional tem sido relevante.
Além da reorientação das ações institucionais, os resultados de acompanhamento
do desempenho institucional alimentam as adequações imediatas ou propostas a serem
incorporadas no Plano de Desenvolvimento Institucional em suas versões quinquenais
(PUCPR/PDI, 2013).
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