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SAÚDE
Técnica da PUCPR combate Mal de Chagas
Publicado em 30/07/2007 | CECILIA VALENZA
Uma técnica desenvolvida por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) pode
representar uma esperança para portadores da Doença de Chagas. Há sete anos, a equipe do laboratório
de regeneração tecidual, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da universidade, vem trabalhando
em uma técnica que combina o uso de células do músculo esquelético da coxa com células-tronco
retiradas da medula com o objetivo de recuperar áreas lesionadas do coração. O procedimento já é feito
em pessoas que sofreram enfarte, mas a expectativa é que futuramente possa beneficiar também quem
sofre do Mal de Chagas.
A doença, causada pelo protozoário parasita Trypanosoma cruzi e transmitida pelo barbeiro, causa arritmia
(batimentos caríacos descompassados), perda da capacidade de bombeamento do sangue e o aumento do
tamanho do coração, prejudicando o funcionamento do órgão.
Para o coordenador da pesquisa, Luiz César Guarita Souza, o diferencial da técnica está na combinação
dos dois tipos de célula. “Quando ocorre um enfarte, uma parte do coração morre e não se regenera mais;
o uso dessas células em conjunto permite que essas áreas sejam recuperadas”, explica. Segundo o
pesquisador, cada tipo de célula desempenha uma função específica. Enquanto as células musculares
permitem a regeneração do músculo aumentando a força das contrações e o bombeamento do sangue, as
células-tronco, quando implantadas no coração, dão origem a novos vasos sanguíneos, garantindo a
circulação na área afetada.
Para o pesquisador, a técnica é uma alternativa para o tratamento de casos de insuficiência cardíaca. “É
uma opção a mais, e com a vantagem de usar tecidos do próprio paciente, o que representa menos chance
de rejeição”, afirma. Por enquanto ainda são poucos os pacientes já beneficiados pelo novo procedimento;
entretanto, os estudos com animais mostraram que a técnica recupera a função cardíaca em cerca de 40%.
Recuperação
Um dos primeiros a se submeter ao novo método foi o aposentado Carlos Alberto Manfredini, 64 anos.
Após sofrer três paradas cardíacas, Manfredini teve mais da metade do coração comprometido. “Os
médicos me indicaram o transplante de coração ou a nova técnica cirúrgica. Deixei a critério deles a
decisão”, conta. Em julho do ano passado, o aposentado teve as células implantadas no coração. Um ano
depois, ele leva uma vida normal, caminha normalmente, dirige e tem 45% da função cardíaca recuperada.
“Os médicos falaram que, com o tempo, isso deve melhorar ainda um pouco mais”, comemora.
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