Universidade Federal de Goiás Regional Catalão - IMTec Disciplina: Álgebra I 25/03/2015 Professor: André Luiz Galdino Gabarito da 2a Lista de Exercícios 1. Seja X = {x1 , x2 , x3 , . . . , xn } e Sn o conjunto de todas as funções bijetoras de X em X, ou seja, Sn = {φ : X → X | φ é uma função bijetora}. Mostre que Sn é um grupo com a operação de composição de funções. O grupo Sn é chamado de Grupo Simétrico ou Grupo das permutações. 2. Sejam G um grupo e S um subconjunto de G. Considere os seguintes conjuntos: a) S −1 = {a−1 | a ∈ S}. b) hSi = {a1 a2 a3 · · · an | n ∈ IN, ai ∈ S ou ai ∈ S −1 }. Mostre que o conjunto hSi é um subgrupo de G, chamado de Subgrupo gerado por S 3. Seja S3 o grupo de todas as funções bijetoras do conjunto X = {x1 , x2 , x3 } nele mesmo, ou seja, x x x x x x x x x x x x x x x x x x 1 2 3 , 1 2 3 , 1 2 3 , 1 2 3 , 1 2 3 , 1 2 3 S3 = x x x x2 x1 x3 x3 x2 x 1 x1 x3 x2 x 2 x3 x1 x3 x 1 x2 1 2 3 onde a notação x1 x2 x3 xi xj xk representa a função tal que: x1 → xi x2 → xj Considere as funções φ e ψ, dadas como segue: x1 x 2 x3 φ= x2 x 1 x3 x3 → xk ψ= x1 x 2 x3 x2 x 3 x1 Mostre que: a) φ2 = e c) ψ −1 = psi2 e) φψ = ψ −1 φ b) ψ 3 = e d) ψφ 6= φψ f) S3 = hφ, ψi 4. Seja G um grupo e a ∈ G qualquer elemento. Mostre que o conjunto hai = {an | n ∈ ZZ} é um subgrupo de G, chamado de subgrupo cíclico gerado por a. Pág. 1 de 8 5. Dizemos que um grupo G é um grupo cíclico, se existe um elemento em a ∈ G tal que G = hai. Sendo assim, mostre que: a) o grupo aditivo dos inteiros ZZ é cíclico, gerado pelo número 1. b) o grupo multiplicativo G = {−1, 1, −i, i} é cíclico, gerado por i, onde i2 = −1. c) o grupo aditivo dos inteiros ZZ é cíclico, gerado pelo número −1. d) o grupo multiplicativo G = {−1, 1, −i, i} é cíclico, gerado por −i, onde i2 = −1. e) o grupo aditivo 2ZZ = {2k | k ∈ ZZ} é cíclico, gerado por 2. f) o grupo aditivo nZZ = {nk | k ∈ ZZ} é cíclico, gerado por n. g) o grupo aditivo nZZ = {nk | k ∈ ZZ} é cíclico, gerado por −n. 6. Mostre que todo subgrupo de um grupo cíclico é cíclico. 7. Considere o conjunto Q8 = {1, −1, i, −i, j, −j, k, −k}, tal que: ij = k, jk = i, ki = j, kj = −i, ik = −j ji = −k, (±i)2 = (±j)2 = (±k)2 = 1. Mostre que Q8 é um grupo, chamado de Grupo dos Quatérnios. 8. Mostre que (IN, ∗) não é um grupo, com a operação binária ∗ definida por x ∗ y = xy . 9. Mostre que: a) D3 = {e, r, r2 , s, rs, r2 s} é um grupo, chamado de Grupo Diedral de Ordem 3, onde r3 = e, s2 = e e sr = r2 s. b) D4 = {e, r, r2 , r3 , s, rs, r2 s, r3 s} é um grupo, chamado de Grupo Diedral de Ordem 4, onde r4 = e, s2 = e e sr = r3 s. 10. Verdadeiro ou Falso: a) S3 tem pelo menos um subgrupo de ordem 2 e 3. b) S3 possui um único subgrupo de ordem 5. c) D4 possui pelo menos um subgrupo de ordem 2 e 4. d) D4 possui pelo menos um subgrupo de ordem 3. 11. Seja f : (G, ∗) → (H, •) um homomorfismo. Sendo eG o elemento neutro de G e eH o elemento neutro de H mostre que: a) f (eG ) = eH . b) f (x−1 ) = f (x)−1 . Pág. 2 de 8 Solução: a) f H G eG f (eG ) = eH Como eG ∗ eG = eG e f é um homomorfismo, temos: f (eG ) • f (eG ) = f (eG ∗ eG ) = f (eG ). Uma vez que o elemento neutro é único, concluimos que f (eG ) é o elemento neutro de H, ou seja, f (eG ) = eH . b) f H G f (x−1 ) = f (x)−1 x−1 Sendo f um homomorfismo e a ∗ a−1 = eG vem que: f (x) • f (x−1 ) = f (x ∗ x−1 ) = f (eG ) Pelo item a), sabemos que f (eG ) = eH . Isto é: f (x) • f (x−1 ) = eH . Uma vez que o elemento inverso é único, concluimos que f (x−1 ) é o elemento inverso de f (x) em H, ou seja, f (x−1 ) = f (x)−1 . 12. Seja g : (G, ∗) → (H, •) e f : (H, •) → (K, ) homomorfismos. Mostre que a composição f ◦ g : (G, ∗) → (K, ), dada por (f ◦ g)(x) = f (g(x)) é um homomorfismo. Solução: Pág. 3 de 8 g G H x g(x) f f ◦g (f ◦ g)(x) = f (g(x)) K Sendo g : (G, ∗) → (H, •) e f : (H, •) → (K, ) homomorfismos, por definição, temos: ∀ a, b ∈ G : g(a ∗ b) = g(a) • g(b) ∀ x, y ∈ H : f (x • y) = f (x) f (y) Observando a figura vemos que a função composta f ◦ g possui como domínio o grupo G, dessa forma: ∀ a, b ∈ G : (f ◦ g)(a ∗ b) = f (g(a ∗ b)) = f (g(a) • g(b)) = f (g(a)) f (g(b)) = (f ◦ g)(a) (f ◦ g)(b) Portanto, f ◦ g : (G, ∗) → (K, ) é um homomorfismo. 13. Seja f : (G, ∗) → (H, •) um homomorfismo e Ker(f ) = {x ∈ G | f (x) = eH }. Mostre que Ker(f ) é um subgrupo de G. Solução: f G H exG f (x) = eH Ker(f ) Por definição, Ker(f ) será um subgrupo de G se, e somente se, a) Ker(f ) 6= ∅. Pelo Exercício 11 temos que f (eG ) = eH , ou seja, eG ∈ Ker(f ). Consequentemente, Ker(f ) 6= ∅. b) ∀ a, b ∈ Ker(f ) ⇒ a ∗ b−1 ∈ Ker(f ). Pág. 4 de 8 Sendo a, b ∈ Ker(f ), temos que f (a) = eH e f (b) = eH . Observe ainda que pelo Pelo Exercício 11 vem que: f (b−1 ) = f (b)−1 = e−1 H = eH . Logo, se b ∈ Ker(f ) então b−1 ∈ Ker(f ). Portanto, f (a ∗ b−1 ) = f (a) • f (b)−1 = eH • eH = eH . Consequentemente, a ∗ b−1 ∈ Ker(f ). O que nos força a concluir que Ker(f ) é um subgrupo de G. 14. Mostre que f : ZZ → 2ZZ dada por f (n) = 2n, para todo n ∈ ZZ é um isomorfismo de (ZZ, +) em (2ZZ, +). Solução: Sabemos que uma função f é um isomorfismo se, e somente se, f é um homomorfismo de grupos e f é uma função bijetora. f ZZ 2ZZ n f (n) = 2n Primeiramente mostremos que f : ZZ → 2ZZ, dada por f (n) = 2n, é um homomorfismo. De fato, ∀n1 , n2 ∈ ZZ ⇒ f (n1 + n2 ) = 2(n1 + n2 ) = 2n1 + 2n2 = f (n1 ) + f (n2 ), ou seja, f : ZZ → 2ZZ é um homomorfismo. Verifiquemos agora que a função f : ZZ → 2ZZ dada é bijetora. a) f é sobrejetora. De fato, dado m ∈ 2ZZ, provemos que existe n ∈ ZZ tal que f (n) = m: se m ∈ 2ZZ então existe n ∈ ZZ tal que m = 2n, ou seja, f (n) = 2n = m. b) f é injetora. De fato, dados n1 , n2 ∈ ZZ, temos: f (n1 ) = f (n2 ) ⇒ 2n1 = 2n2 ⇒ n1 = n2 . Portanto, f é sobrejetora e injetora, ou seja, f é bijetora. Como f é um homomorfismo, concluímos que a f dada é um isomorfismo. 15. Seja a ∈ IR∗+ , com a 6= 0. Mostre que G = {an | n ∈ ZZ} é um subgrupo de (IR∗+ , ·). Além disso, prove Pág. 5 de 8 que a função f : ZZ → G dada por f (n) = an define um homomorfismo de (ZZ, +) em (G, ·). Solução: Primeiramente observe que o grupo multiplicativo (IR∗+ , ·) dos números reais positivos e não nulos, possui como elemento neutro o número 1. Também para cada y ∈ (IR∗+ , ·) seu elemento 1 inverso é y −1 = . y a) Afirmamos que G = {an | n ∈ ZZ} é um subgrupo de (IR∗+ , ·). De fato, como a0 = 1 vem que 1 ∈ G, ou seja, G 6= ∅. Sejam x, y ∈ G, ou seja, existem n, m ∈ ZZ tal que x = an e y = am . Sendo y −1 = x · y −1 = x · 1 temos: y 1 x an = = m = an−m ∈ G, y y a pois sendo n, m ∈ ZZ, então n − m ∈ ZZ. Portanto, G é um subgrupo de (IR∗+ , ·). b) A função f : ZZ → G dada por f (n) = an define um homomorfismo de (ZZ, +) em (G, ·). f ZZ G f (n) = an n De fato, como (ZZ, +) é um grupo aditivo, dados n, m ∈ ZZ temos: f (n + m) = an+m = an · am = f (n) · f (m). Portanto, a função f dada é um homomorfismo. 16. Prove que um grupo G é abeliano se, e somente se, a função f : G → G definida por f (x) = x−1 é um homomorfismo. Solução: f G G f (x) = x−1 x (⇒) Suponhamos que G é um grupo abeliano e mostremos que a função f : G → G definida por f (x) = x−1 é um homomorfismo. Sendo G é um grupo abeliano temos que ∀ x, y ∈ G ⇒ x ∗ y = y ∗ x. Pág. 6 de 8 Além disso, lembre-se de que para todo x, y pertencentes a um grupo G, temos que x−1 , y −1 tamém pertencem a G, e (x ∗ y)−1 = y −1 ∗ x−1 . Assim, ∀ x, y ∈ G ⇒ f (x ∗ y) = (x ∗ y)−1 = y −1 ∗ x−1 = x−1 ∗ y −1 = f (x) ∗ f (y). Portanto, a função f dada é um homomorfismo. (⇐) Agora suponhamos que a função f : G → G definida por f (x) = x−1 é um homomorfismo e mostremos que o grupo G é abeliano. Primeiramente observe que f (x−1 ) = (x−1 )−1 = x. Consequentemente, ∀ x, y ∈ G ⇒ x ∗ y = f (x−1 ) ∗ f (y −1 ) = f (x−1 ∗ y −1 ) = f (y ∗ x)−1 = y ∗ x. Portanto, o grupo G é abeliano. 17. Seja F (IR) = {g : IR → IR}. a) Mostre que (F (IR), +) é um grupo com a operação soma de funções. b) Considere a função φ : (F (IR), +) → (IR, +), definida por φ(g) = g(0) para todo g ∈ F (IR). Mostre que φ é um homomorfismo. Solução: a) Sendo f, g : IR → IR, a função soma f + g é definida por (f + g)(x) = f (x) + g(x). Isto é f + g : IR → IR e consequentemente f + g ∈ F (IR). Uma vez que a soma de funções é associativa, e a função f (x) = 0, para todo x ∈ IR, é tal que f (x) + g(x) = 0 + g(x) = g(x), nos resta apenas verificar qual é o elemento inverso de g ∈ F (IR). Afirmamos que tal inverso é dado pela função (−g)(x) = −g(x). De fato, (g + (−g))(x) = g(x) + (−g(x)) = g(x) − g(x) = 0. Portanto, (F (IR), +) é um grupo. b) Pág. 7 de 8 φ F (IR) g IR φ(g) = g(0) Observe que: ∀f, g ∈ F (IR) ⇒ φ(f + g) = (f + g)(0) = f (0) + g(0) = φ(f ) + φ(g). Portanto, φ é um homomorfismo. 18. Mostre que todo grupo cíclico é abeliano. 19. Mostre que S3 não é abeliano. 20. Se H e K são subgrupos de um grupo abeliano G, então HK é um subgrupo de G. Pág. 8 de 8 Fim do Gabarito