PREFEITURA DO MUNICÍPÍO DE SÃO PAULO SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE - SMS COORDENAÇÃO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE-COVISA GERENCIA DO CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOSES INFORME TÉCNICO: ESPOROTRICOSE EM ANIMAIS – 2015 1. Agente etiológico A esporotricose é uma zoonose causada pelo fungo dimórfico Sporothrix brasiliensis, o qual pode apresentar-se na forma de bolor ou levedura de acordo com a temperatura (Montenegro et al., 2014). Acomete o ser humano e várias espécies de animais domésticos e silvestres, sendo os felinos considerados os mais suscetíveis (FARIAS, 2000; BARROS et al., 2008). O agente patogênico é saprófita do solo e já foi isolado de palha, cascas de árvores, madeiras, espinhos de plantas e terra (Campbell, 1998) bem como de lesões de pele, cavidade oral e fragmentos de garras de felinos doentes (Schubach et al., 2001). região cefálica, auricular, plano nasal e membros torácicos. Em raras ocasiões, pode disseminar-se para outros órgãos e levar à morte (Barros, 2004). 5. O Laboratório de Diagnóstico de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores (LabZoo) do Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo (CCZ-SP) realiza gratuitamente exame diagnóstico de isolamento do fungo em meio de cultura (ágar Mycosel) a partir de exudato das lesões, coletadas por swab estéril. 6. 2. Transmissibilidade Normalmente a infecção é transmitida por inoculação traumática do fungo em pele ou mucosas a partir de solo, plantas ou matéria orgânica contaminada era considerada uma zoonose ocupacional associada a atividades de agricultura e floricultura. A inoculação do fungo por mordidas ou arranhaduras de animais infectados, em especial felinos vem sendo observada, sendo considerado um fator de risco para os cuidadores dos animais e profissionais da área veterinária. 4. Tratamento em animais Epidemiologia A esporotricose é uma zoonose de distribuição cosmopolita principalmente em países tropicais e subtropicais, de maior ocorrência em áreas urbanas (Sampaio et al., 2000; Larsson, 2011). Em 1956 ocorreu o primeiro relato da doença em felinos no Brasil (Freitas et al, 1956) e a transmissão de gatos para humanos a partir de arranhadura foi descrita em São Paulo, em meados do século XX (Almeida et al., 1955 apud Borges, 2007). Casos esporádicos da doença em gatos e sua transmissão para humanos vêm ocorrendo desde então (Dunstan et al., 1986; Larsson et al., 1989; Marques et al., 1993; Andrade et al, 1999). A esporotricose humana tem sido relacionada à arranhadura ou mordedura de animais como cães e gatos, ratos, tatus e esquilos (Kaufman, 1999). Farias (2000) descreveu a epidemia de esporotricose em gatos com transmissão para humanos no Rio de Janeiro, que se iniciou em 1998. Desde essa data, houve o acometimento de mais de 2.200 pessoas, 3.244 gatos e mais de 120 cães até o ano de 2009, em diferentes bairros com dificuldades socioeconômicas e ambientais (Barros, 2010). 3. Diagnóstico Laboratorial Sintomas A doença se manifesta com lesões que costumam restringir-se à pele, panículo e linfonodos e vasos linfáticos adjacentes. Em gatos as lesões ocorrem principalmente em O tratamento em animais é realizado com antifúngicos Itraconazol via oral na dosagem de 10mg/Kg/dia, por no mínimo, seis meses, com acompanhamento periódico por médico veterinário. O medicamento deve ser administrado em alimento palatável de consistência pastosa (patês ou ração úmida, por exemplo) para evitar a manipulação e risco de infecção dos tratadores no momento de medicar. Casos de reinfecção ou recidiva podem ocorrer, devendo então reavaliar o animal e reiniciar a medicação. 7. Vigilância e Controle O Núcleo de Vigilância Epidemiológica do CCZSP realiza ações de investigação, busca ativa de casos em animais e pessoas contatantes, diagnóstico em animais, orientação e o acompanhamento do tratamento nos gatos infectados por esporotricose, em conjunto com as SUVIS. Nos distritos de Itaquera e Itaim Paulista, da Zona Leste da cidade de São Paulo, vem sendo detectado surtos em gatos e pessoas desde maio de 2011 (Silva EA, et. al., 2015). Casos isolados foram detectados na região norte da cidade, nos distritos de Tremembé e Vila Maria e na zona sul nos distritos de Pedreira e Campo Grande. Para a detecção precoce de casos humanos e em animais e é importante que seja feita a notificação para o CCZ-SP de animais suspeitos e/ou positivos. 8. Fluxo de Notificação A ficha de notificação de caso suspeito ou confirmado de esporotricose deve ser encaminhada para o email: [email protected] ou pelos telefones 11 3397-8918 ou 8917. O material para diagnóstico deve ser encaminhado ao Centro de Controle de Zoonoses, Rua Santa Eulália, 86 – Santana, São Paulo, juntamente com as informações sobre o animal e proprietário (ficha de notificação/encaminhamento de amostra - anexo 1). 1