64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 FITOSSOCIOLOGIA DA VEGETAÇÃO LENHOSA ESTABELECIDA EM UMA DUNA DO LITORAL NORDESTE DO BRASIL 1 1 1 1 2* Tássia S. Pinheiro , Liliane F. Lima , Patrícia B. Lima , Claudjane M. J. L. Alves , Daniel W.P. Medeiros , 3 4 Carmen Zickel , Izabel Gallão 1 2 Programa de Pós-Graduação em Botânica, Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, Universidade 3 Federal Rural de Pernambuco – Unidade Acadêmica de Serra Talhada – UAST/UFRPE, Departamento de Biologia, 4 Área de Botânica, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Universidade Federal do Ceará. *[email protected] Introdução As dunas litorâneas são formadas basicamente por sedimentos arenosos, salinos, e constituem um ecossistema bem diferenciado dos demais ambientes terrestres, pois apresentam restrições abióticas e nutricionais que limitam o estabelecimento de espécies vegetais, principalmente, as lenhosas [1, 2]. Neste sentido, o presente trabalho teve por objetivo conhecer as espécies mais representativas que ocorrem nas dunas do município de Sabiaguaba - CE, contribuindo com informações sobre a vegetação que se desenvolve nestes ambientes, reconhecendo espécies que provavelmente apresentam baixa especificidade para a ocorrência ou adaptações eficientes a estes locais. Metodologia O estudo foi desenvolvido no Parque Natural das Dunas de Sabiaguaba, localizado no Extremo-Leste da cidade de Fortaleza, Ceará, no litoral nordeste do Brasil. A coleta dos dados fitossociológicos foi obtida ao longo de 10 transectos paralelos entre si, com 10m de distância entre eles. Cada transecto foi subdividido em 10 pontos, totalizando 100 pontos de coleta. A metodologia adotada foi a de ponto-quadrante. Os dados foram analisados através do programa Fitopac 2.1. Resultados e Discussão A análise nas Dunas de Sabiaguaba mostrou um total de oito espécies, distribuídas em oito gêneros, oito famílias: Anacardium ocidentale L. (Anacardiaceae), Byrsonima cf. sericea DC. (Malpighiaceae), Calotropis procera (Aiton) W.T. Aiton (Apocynaceae), Cereus cf. jamacaru DC. (Cactaceae), Myrcia sp. DC. (Myrtaceae), Tocoyena brasiliensis Mart. (Rubiaceae) e duas morfoespécies. Foram contabilizados 61 indivíduos e as espécies B. sericea e C. jamacaru, juntas, representam 65,38% do total do valor de importância, sendo 32,78% e 29,50% do IVI para cada espécies, respectivamente. B. sericea também obteve maior valor de frequência relativa (28,57%), seguida da C. jamacaru, que exibiu frequência relativa de 22,86%. Em relação ao IVC, pode-se constatar que, nesse caso, as posições se invertem, sendo possível observar valores de 59,25% para C. jamacaru e 55,50% para B. sericea. Os índices H’ e J’ foram 1,652 e 0,794, respectivamente. A riqueza e diversidade encontrada nesse estudo foram inferiores a outros levantamentos em áreas de Dunas e em outros ecossistemas costeiros, tais como restinga e áreas de tabuleiros. A diversidade de espécies pode ser consequência da forte pressão antrópica sofrida por ambientes de dunas, o que pode resultar na diminuição de microhabitats passando a haver, consequentemente uma homogeneidade ambiental, permitindo apenas o desenvolvimento de poucas espécies. Pode-se dizer que o valor encontrado para equabilidade demonstra a existência de uma contribuição equilibrada das espécies na composição florística da área, não havendo uma forte dominância ecológica por indivíduos de um ou poucos táxons. Das espécies/morfoespécies identificadas, cinco são arbustos e três são árvores. Na área, mesmo as espécies arbóreas apresentavam porte arbustivo ou mesmo estendiam seu tronco ao longo do substrato, revelando as condições adversas para o estabelecimento de indivíduos arbóreos. A baixa riqueza de espécies é comum em dunas litorâneas, principalmente porque esses ambientes apresentam baixo teor de nutrientes no solo e de matéria orgânica, e ainda estão expostas a ventos fortes que dificultam a estabilização dos sedimentos. Em conjunto esses fatores limitam o estabelecimento de espécies vegetais, pois estes indivíduos ainda precisam desenvolver adaptações a este ambiente bastante restritivo [3]. Conclusões As condições ambientais das dunas litorâneas são o fator limitante para a ocorrência de maior riqueza de espécies e de estratos vegetais, conferindo a estas áreas uma dinâmica diferenciada dos demais ecossistemas terrestres. Agradecimentos Ao CNPq pelo apoio financeiro para o desenvolvimento deste projeto. Referências Bibliográficas [1] Menezes, CM. 2007. A vegetação de restinga no Litoral Norte da Bahia, influência da Evolução Quaternária da Zona Costeira: estudo de caso Fazenda Riacho das Flores, Mata de São João. 96 f. Dissertação (Mestrado em Geologia Sedimentar)- Univ. Federal da Bahia. Salvador. [2] Dias & Menezes. 2007. Fitossociologia de vegetação sobre um cordão-duna no litoral norte da Bahia, Mata de São João, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, 5 (2): 1171-1173. [3] Maun, M.A. 1994. Adaptations enhancing survival and establishment of seedlings on coastal dune systems. Vegetatio. The Hague, 111(5): 59-70.