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Trabalho 384
SISTEMATIZAÇÃO DO CUIDADO ÀS PESSOAS ACOMETIDAS PELO HTLV:
DISCUTINDO QUESTÕES DA SEXUALIDADE
INTRODUÇÃO: Os vírus humanos linfotrópicos de células T classificados em tipo I (HTLVI) e tipo II (HTLV-II), são caracterizados como retrovírus do tipo C portador de um genoma
de RNA de fita simples com uma organização similar aos outros retrovírus 1. Acredita-se que
15 a 20 milhões de pessoas estejam infectadas pelo HTLV no mundo 2. Estudos de prevalência
em grupos específicos confirmaram a presença de HTLV-I/II em todo o Brasil. Estima-se que
aproximadamente 2,5 milhões de pessoas estejam infectadas pelo HTLV I, tornando o Brasil
um país que apresenta maior número de casos3. O contágio do HTLV é similar ao do vírus da
aids, podendo ocorrer tanto por via vertical (da mãe para o bebê) como horizontal (via sexual
e via parenteral). A transmissão sexual apresenta 60% de eficiência do homem para a mulher e
4% no sentido inverso4. Sabendo que o HTLV é uma IST crônica e incurável, a vivência da
sexualidade pelas pessoas acometidas por essa doença implica na adoção de praticas sexuais
protegidas. Além disso, se faz mister que a equipe de saúde esteja preparada para o
aconselhamento desses casais, de modo a esclarecer suas principais dúvidas e dificuldades.
Assim, se faz necessário o debate acerca da sexualidade de pessoas que vivem com o HTLV
na área da saúde, e especificamente na enfermagem, de modo que sejam gerados subsídios
para a compreensão do seu significado para esses sujeitos. OBJETIVO: O estudo buscou
descrever a experiência de enfermeiras na sistematização do cuidado às pessoas soropositivas
para o vírus HTLV, envolvendo a discussão de questões ligadas à sexualidade.
METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, com abordagem
qualitativa, do tipo relato de experiência, desenvolvido em um centro de referência para o
atendimento de pessoas que vivem com o HTLV, localizado no município de Salvador/Bahia Brasil. Nesse centro é prestado atendimento multidisciplinar em saúde, sendo também um
espaço que propicia o fomento de pesquisas e realiza o treinamento especializado de
graduandos na área da saúde. O estudo foi idealizado e planejado em conjunto com uma
instituição filantrópica que atende pessoas acometidas pelo HTLV e a Escola de Enfermagem
de uma Universidade Federal localizada em Salvador/BA. O relato foi baseado na experiência
dos enfermeiros envolvidos no estudo quanto à sistematização do cuidado às pessoas
acometidas pelo HTLV, envolvendo a discussão de questões ligadas à sexualidade. Para tanto
foi criado um instrumento para coleta de dados dos pacientes de modo a identificar as
necessidades de cada um(a) respeitando suas especificidades. Após a coleta de informações
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foi proposta a de realização de oficinas em grupo e consulta de enfermagem, para a realização
do aconselhamento e esclarecimento de dúvidas a cerca das questões ligadas à sexualidade
das pessoas HTLV positivas. RESULTADOS: Para sistematização do cuidado às pessoas
soropositivas para o vírus HTLV, inicialmente foi criado um instrumento composto por sete
campos descritos a seguir: Campo 01 – contempla as informações referentes à identificação
do paciente, com a descrição do nome, número de registro do prontuário, idade, sexo, estado
civil,
cor auto-referida, escolaridade, profissão/ocupação, religião, renda familiar,
naturalidade, endereço e telefone; Campo 02 – dados referentes a historia de saúde, com a
especificação do diagnostico médico, co-morbidades, medicações em uso, transfusão
sanguínea, uso de drogas ilícitas, número de filhos, número de filhos soropositivos para o
HTLV, realização de amamentação exclusiva e número de abortos; Campo 03 – informações
referentes ao exame físico céfalo-caudal; Campo 04 – dados referentes a queixa urinária, com
especificação de perda urinária, infecção urinária constante, retenção urinária e realização de
auto-cateterismo limpo; Campo 05 – informações sobre a atividade sexual, com descrição de
vida sexual ativa, tempo de convivência com o(a) parceiro(a), conhecimento da condição de
soropositividade do parceiro(a), utilização de preservativo, dificuldade na vida sexual e
desenvolvimento de alguma estratégia para a vivência sexual; Campo 06 – Plano terapêutico
que deveria ser implementado de acordo com a especificidade do paciente. Após a construção
do histórico de enfermagem dos pacientes o cuidado de enfermagem foi sistematizado da
seguinte forma: no primeiro momento – realização da oficina de sensibilização do grupo,
incluindo o paciente e seu parceiro, buscando apreender questões ligadas à sexualidade,
esclarecimento de duvidas e aconselhamento quanto à patologia e uso do preservativo; no
segundo momento - consulta de enfermagem individualizada com a pessoa soropositiva para
o HTLV e no terceiro momento - avaliação da adoção das propostas discutidas em conjunto
para adoção de práticas sexuais seguras. Nos encontros estabelecidos para a construção do
projeto, pôde-se perceber que além de debater sobre a prática do sexo seguro, se fazia
necessário ter uma escuta sensível em relação ao enfrentamento dessas pessoas frente à sua
vivência em relação à sexualidade. Alguns sujeitos deram ênfase às dificuldades encontradas
em relação às práticas sexuais após o diagnóstico da doença e ao aparecimento das seqüelas
neurológicas. CONCLUSÃO: Discutir questões ligadas à sexualidade das pessoas que
convivem com o HTLV, é uma tarefa complexa, tendo em vista que esta infecção é
sexualmente transmissível, incurável e pode apresentar comprometimento neurológico,
dificultando o exercício da sexualidade desses sujeitos. O fato de o indivíduo ser acometido
por alguma IST não o exclui de continuar vivenciando suas práticas sexuais, devendo ser 1662
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estimulado a adoção de práticas seguras frente ao exercício da sexualidade por esses sujeitos.
Por outro lado, sabendo que a sexualidade é vivenciada diferentemente entre os sexos,
feminino e masculino, é necessário refletir em relação às questões de gênero que estão
imbricadas para o homem e a mulher acometidos pela infecção do HTLV.
DESCRITORES: Enfermagem, Cuidados de enfermagem, Virus Linfotrópico de Células T
Humanas Tipo 1.
REFERÊNCIAS:
1. Proietti ABFC et al. HTLV.
4°. ed. atualizada e aumentada. Belo Horizonte :
Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais, 2006. 304p.
2. Edlich RF, Arnette JA, Willians, FM. Global epidemic of human T-cell lymphotropic
vírus type-I (HTLV-I). Journal of Emergency Medicine 18:109-119, 2000.
3. Carneiro-Proietti ABF et al. Infecção e doença pelos vírus linfotrópicos humanos de
células T (HTLV-I/II) no Brasil. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. Uberaba, v.35, n.5,
2002.
4. Proietti FA et al. Global Epidemiology of HTLV-I infection and associated diseases.
Oncogene, 2005, n. 24, p. 6058-6068.
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