estruturas de mercado

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ESTRUTURAS DE MERCADO
Vamos estudar a maneira como se determinam os preços dos produtos e as
quantidades que serão produzidas nos diversos mercados de uma economia. Tais mercados,
por sua vez, estão estruturados de maneira diferenciada em função de dois fatores principais: o
número de firmas produtoras atuando no mercado e a homogeneidade ou diferenciação dos
produtos da firma.
Tendo isso em vista, podemos classificar as estruturas de mercado para o setor de bens
e serviços da seguinte forma:
• Concorrência Perfeita – é uma situação de mercado na qual o número de
compradores e vendedores é tão grande que nenhum deles, agindo individualmente, consegue
afetar o preço. Além disso, os produtos de todas as empresas no mercado são homogêneos;
• Monopólio – é uma situação de mercado em que uma única firma vende um produto
que não tenha substitutos próximos;
• Concorrência Monopolista – é uma situação de mercado na qual existem muitas
firmas vendendo produtos diferenciados que sejam substitutos entre si;
• Oligopólio – é uma situação de mercado em que um pequeno número de firmas
domina o mercado, controlando a oferta de um produto que pode ser homogêneo ou
diferenciado.
CONCORRÊNCIA PERFEITA
A primeira estrutura a ser analisada denomina-se concorrência perfeita. É uma estrutura
de mercado que visa descrever o funcionamento ideal de uma economia, servindo de
parâmetro para o estudo das outras estruturas de mercado. Trata-se de uma construção
teórica. Apesar disso, algumas aproximações dessa situação de mercado poderão ser
encontradas no mundo real, como é o caso dos mercados de vários produtos agrícolas.
Hipóteses básicas do modelo de concorrência perfeita:
Existência de um Grande Número de Compradores e Vendedores: Existe um
número tão grande de compradores e vendedores, sendo cada comprador ou vendedor tão
pequeno em relação ao tamanho do mercado, que nenhum deles, atuando isoladamente,
consegue influenciar o preço da mercadoria. Para simplificar, suponhamos que o mercado de
um produto qualquer seja composto, pelo lado da oferta, por 1.000 firmas, cada qual
produzindo 2.000 toneladas desse bem, totalizando a oferta conjunta de 2 milhões de
toneladas. Suponhamos ainda que, pelo lado da procura, existam 10.000 compradores, cada
qual adquirindo 200 kg desse produto. Se uma das firmas resolvesse dobrar sua produção, a
oferta total aumentaria em apenas 0,10%, o que não seria bastante para exercer impacto sobre
o preço de mercado. Se, por outro lado, um dos compradores resolvesse deixar de comprar
este produto, as vendas cairiam em 0,01%, o que também seria insuficiente para alterar o
preço desse bem. Isto evidencia o fato de que compradores e vendedores, isoladamente, são
incapazes de exercer influência sobre o preço do que está sendo comprado ou vendido. Por
essa razão, diz-se que eles são tomadores de preço, ou seja, o preço é um dado fixado tanto
para firmas quanto para consumidores;
Os Produtos são Homogêneos: Em um mercado de concorrência perfeita, os produtos
colocados no mercado pelas firmas são homogêneos, ou seja, são perfeitos substitutos entre
si. Como resultado, os compradores são indiferentes quanto à firma da qual eles irão adquirir o
produto;
Livre Entrada e Saída de firmas: Existem barreiras legais e econômicas tanto para a
entrada quanto para a saída de firmas no mercado. Pressupõe-se, portanto, a inexistência de
direitos de propriedades e patentes que possibilitam uma firma ou grupo de firmas controlarem
a entrada de novas firmas no mercado. Se tal controle ocorrer, a concorrência estará limitada e
o mercado não será perfeitamente competitivo. Igualmente, existem barreiras legais à entrada
e saída resultantes da ação governamental, tais como a exigência de determinadas condições
em imperfeições da concorrência;
Transparência de Mercado: Esta hipótese garante tanto aos compradores quanto aos
vendedores terem informação perfeita sobre o mercado: ambos conhecem a qualidade do
produto e seu preço vigente. Os vendedores conhecem também os custos e lucros de seus
concorrentes. Assim é que, pelo fato de inexistir desinformação, nenhum comprador estará
disposto a adquirir um produto por um preço superior ao vigente; pelo mesmo motivo, nenhum
vendedor estará disposto a vender seu produto por um preço inferior ao de mercado.
MONOPÓLIO
O monopólio é uma situação de mercado em que existe um só produtor de um bem ou
serviço que não tenha substituto próximo. Devido a isso, o monopolista exerce grande
influência na determinação do preço a ser cobrado pelo seu produto. De fato, iremos verificar
que o monopolista é um formador de preço. Isto significa que o monopolista tem a capacidade
de escolher o preço do produto.
Hipóteses básicas:
• Um Determinado Produto é Suprido por uma Única Firma: Uma única firma oferece
o produto em um determinado mercado;
• Não há substitutos Próximos para esse Produto: Isso significa dizer que o
monopolista enfrenta pouca ou nenhuma concorrência;
• Existem Obstáculos (barreiras) à Entrada de Novas Firmas na Indústria (nesse
caso a indústria é composta de uma única firma): Para que o monopólio exista é preciso
manter concorrentes em potencial afastados da indústria. Isto significa que devem existir
barreiras que impeçam o surgimento de competidores, protegendo, dessa forma, a posição de
monopolista. Estas barreiras fazem com que seja muito difícil (ou praticamente impossível) a
entrada de novas firmas na indústria.
Os principais obstáculos ao ingresso de firmas concorrentes no mercado são:
• Existência de “Economia de Escala”, ou seja, a empresa monopolista implicando no
segmento do “Monopólio “Natural”: Uma firma já existente e de grandes dimensões pode suprir
o mercado a custos mais baixos do que qualquer outra firma que deseje entrar na indústria.
Este parece ser o caso das indústrias que têm uma parcela de custo fixo e custos variáveis
relativamente baixos. Nestas condições, os custos fixos passam a ser distribuídos entre um
número cada vez maior de unidades à medida que a produção aumenta, cabendo a cada
unidade produtiva uma carga cada vez menor dos custos fixos. A tendência, então, é ter uma
curva de custo médio de longo prazo decrescente em uma larga faixa de produção. Como
resultado, uma única firma pode suprir a totalidade do mercado a um custo mais baixo do que
qualquer outra. Esse fenômeno dá origem àquilo que os economistas denominam Monopólio
Natural;
• Controle sobre o fornecimento de Matérias Primas: Se uma firma monopolista
detém o controle sobre o fornecimento das matérias primas essenciais à produção de um
determinado bem ou serviço, ela pode bloquear o ingresso de novas firmas no mercado;
• Barreiras Legais: As barreiras legais incluem patentes, licenças e concessões
governamentais. A posse de patentes dá ao monopolista o direito único de produzir uma
particular mercadoria durante um determinado período de tempo. Dessa forma, outras firmas
ficam legalmente proibidas de produzirem e venderem o produto patenteado. Nesse sentido,
ocorre um efeito semelhante ao controle sobre os fornecimentos de matérias primas
essenciais, uma vez que impede a entrada de novas firmas na indústria.
O Monopólio Legal ocorre quando o governo concede a uma empresa um direito
exclusivo para ela operar, por meio de licença e concessões que permitem que uma única
firma produza um determinado produto, excluindo legalmente a competição de outras firmas.
Em contrapartida, o governo pode fazer exigências em relação à quantidade e qualidade
do produto e impor preços e taxas a serem cobradas;
• Monopólios Estatais: Existem ainda os monopólios estatais, que pertencem e são
regulamentados pelos governos: federal, estadual e municipal.
CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA
Como o próprio nome diz, a concorrência monopolista é uma estrutura de mercado que
contém elementos da concorrência perfeita e do monopólio, ficando em situação intermediária
entre as duas formas de organização de mercado.
É baseado nas seguintes hipóteses:
• Existência de um Grande Número de Compradores e de Vendedores: Da mesma
forma que na concorrência perfeita, a concorrência monopolista apresenta grande número de
firmas, cada qual respondendo por uma fração da produção total de mercado;
• Cada Firma Produz e Vende um Produto Diferenciado, embora Substituto
Próximo: Na verdade, a diferenciação caracteriza a maioria dos mercados existentes.
Exemplificando: não existe um tipo homogêneo de perfumes, de aparelhos de televisão, de
restaurantes, de automóveis ou DVDs. Na realidade, cada produtor procura diferenciar seu
produto a fim de torná-lo único.
A diferenciação, por sua vez, pode ser real ou ilegítima. No caso da diferenciação real,
buscam-se diferenças reais nas características do produto. Costuma-se estabelecer, por
exemplo, diferenças a respeito do aspecto de composição química, serviços oferecidos por
vendedores, etc.
No caso da diferenciação ilegítima do produto, as diferenças são artificiais, tais como
marca, embalagem e design. Em outros casos, pode não haver nenhuma diferença, mas o
consumidor pode ser levado a pensar que elas existem, normalmente como resultado de
campanhas promocionais que, de maneira artificial, apontam características diferenciadoras
entre os produtos.
O fato de os produtos serem diferenciados é que dá ao produtor o poder de monopólio,
uma vez que somente ele produz aquele tipo de bem. Nestas condições, a exemplo do que
ocorre no monopólio, cada produtor possui alguma liberdade para fixar seus preços;
• Existência de Livre Entrada e Saída de Firmas: Da mesma forma que no mercado
de concorrência perfeita, não existem barreiras legais ou de qualquer outro tipo que impeçam a
livre entrada e saída de firmas no mercado.
OLIGOPÓLIO
O oligopólio é a forma de mercado que atualmente prevalece nas economias do mundo
ocidental. Ele pode ser conceituado como uma estrutura de mercado em que um pequeno
número de firmas controla a oferta de um determinado bem ou serviço. De acordo com essa
conceituação, a indústria automobilística é um exemplo de indústria com pequeno número de
firmas. Entretanto, o oligopólio pode também ser entendido como sendo uma indústria em que
há um grande número de firmas, mas poucas dominam o mercado. Como exemplo, podemos
citar a indústria de bebidas.
Da mesma forma que a concorrência monopolista, o oligopólio corresponde às indústrias
existentes no mundo real. No Brasil muitas indústrias, tais como as montadoras de veículos,
indústria de aço, a indústria de fumo e a indústria de bebidas, são tidas como sendo
oligopolistas e possuem os seguintes elementos:
• Existência de Poucas Firmas: O oligopólio é uma estrutura de mercado que se situa
entre a concorrência monopolista e o monopólio. O oligopólio apresenta como principal
característica o fato das firmas serem independentes. Isso decorre do pequeno número de
firmas existentes na indústria. O oligopólio pode ter duas, três, dez ou mais empresas,
dependendo da natureza da indústria. Entretanto, o número deve ser pequeno, de tal forma
que as firmas levem em consideração e tenham reações quanto às decisões de preço e
produção de outras. Uma das maneiras de se verificar uma indústria é um oligopólio e por meio
de determinação do índice de concentração da indústria.
Este método nos fornece o percentual da produção total da indústria que é controlada
pelas quatro (às vezes oito) maiores produtoras.
Para exemplificar a ação e reação dentro de uma indústria oligopolista, suponhamos que
somente três firmas controlem a oferta de uma determinada mercadoria e que uma delas
resolva diminuir o preço de seu produto, aumentando a sua participação no mercado e
reduzindo as vendas das outras firmas da indústria.
As outras firmas, entretanto, podem reagir, diminuindo ainda mais seus preços. Essa
retaliação novamente afeta a participação no mercado de todas as firmas e pode eliminar o
ganho inicial da firma que deu origem à diminuição de preço. Se as firmas têm ganhos a partir
de cada concorrência de preços, depende da elasticidade de demanda da mercadoria.
Na verdade, um oligopolista reluta em se engajar em uma competição de preço devido à
possibilidade de reação das firmas competidoras, por temerem desencadear uma guerra de
preços. Por essa razão, existem muitas outras formas de competição extra preç o dentro de um
oligopólio. As firmas oligopolistas concorrem com base na qualidade, design do produto,
serviço ao cliente, propaganda, etc.;
• Produto Homogêneo ou Diferenciado: O oligopólio pode ser puro ou diferenciado.
Ele será considerado puro caso os concorrentes ofereçam um produto homogêneo (substitutos
perfeitos entre si). Exemplos de oligopólio puros podem ser encontrados na indústria de
cimento, de alumínio, cobre, aço, etc. Caso os produtos não sejam homogêneos, o oligopólio
será considerado diferenciado. Como exemplo, podemos citar a indústria automobilística e de
cigarros, cujos produtos, embora semelhantes, não são idênticos (o carro Vectra é diferente do
Gol e o cigarro Marlboro é diferente do free, e assim por diante);
• Existência de Dificuldades para Entrar na Indústria: Da mesma forma que no
monopólio, existem barreiras que favorecem o surgimento do oligopólio, impedindo a entrada
de novas firmas na indústria, tais como a existência de patentes e outras barreiras legais.
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