Psicologia A Psicologia no Programa “Idade com Qualidade" A Psicologia faz parte integrante de todas as áreas exploradas, mas também pode funcionar de forma independente das restantes especialidades, ou seja, é possível recorrer à Psicologia sem se estar integrado em qualquer programa. No entanto, de acordo com as especialidades da clínica, a Psicologia desenvolve actividades sobretudo ao nível da disfunção sexual masculina e feminina, e ao nível do programa “Idade com Qualidade”. A psicologia na disfunção sexual O comportamento sexual resulta duma longa história íntima e pessoal, a história do sujeito desde o nascimento. O sexual, não é portanto redutível ao genital, nem ao crescimento biológico desse aparelho. É muito mais complexo e representa na sua essência e no seu conjunto, o estado actual e a sedimentação básica da evolução da espécie humana e da sua organização psicológica. A sexualidade depende, não apenas do corpo, mas também do aparelho psíquico. Partindo desta concepção do indivíduo como um todo, biopsicosocial, a Psicologia na nossa actividade clínica, integra-se em equipa multidisciplinar , permitindo ao utente expor as suas dúvidas, medos, de forma a favorecer o seu crescimento pessoal, a sua auto-estima e a formação de vínculos afectivos e amorosos saudáveis. Segundo Gabbard (1998), a compreensão dinâmica do utente, quer seja do sexo feminino ou do sexo masculino, tem de se iniciar com a percepção do contexto em que aparecem os sintomas. Falar do contexto significa perceber o tipo de relação ou relações que o indivíduo tem, perceber se o problema sexual é específico a um parceiro ou se é generalizado a todos os potenciais parceiros, perceber se algum acontecimento da vida do utente pode ter conduzido à disfunção. Só para homens Até muito recentemente, a andropausa e suas consequências para a saúde física e mental dos homens era completamente ignorada. O seu estudo tem vindo a tornar-se fundamental, pois com os avanços na medicina e nas ciências em geral, assiste-se a um aumento na expectativa de vida, o que resulta na necessidade do homem planear e continuar uma vida significativa por muitos anos após a andropausa. Em termos psicológicos, na perspectiva de Jaques (1990), uma certa ansiedade pode ser desencadeada pela constatação de que se parou de crescer e começou-se a envelhecer. A consciência da finitude da própria vida pode desencadear uma crise depressiva. A família e a ocupação estão estruturadas (na maior parte dos casos), os pais envelheceram (ou faleceram) e os filhos estão prestes a atingir a idade adulta, o que contribui intensamente para a sensação de envelhecimento. A meia-idade é a fase da vida na qual o indivíduo se conforma com o facto de não conseguir realizar todos os sonhos dos 20 anos. Gikovate (1989) refere que é tarefa da meia-idade a absorção das próprias limitações e das diferenças entre o que sonhamos para nós e o que fomos capazes de ser, ter e fazer. É o tempo da inquietação face à velhice, solidão e morte. Contudo, alerta também, que a chegada da meia-idade conduz a um certo apaziguamento interior em relação às questões práticas da luta pela sobrevivência, correspondendo ao alcance de uma certa estabilidade emocional no que respeita à autoestima, aos juízos de valor e às preocupações da infância. Como tal, esta é uma fase propícia ao fortalecimento da personalidade, uma vez que o indivíduo está mais disponível para a elaboração dos seus conflitos internos. Mas este processo, ao desencadear necessariamente alguma angústia, poderá beneficiar com uma ajuda terapêutica, a qual é contemplada pela consulta de Psicologia. É um facto que a forma como se reage a cada fase da vida é variável de pessoa para pessoa, mas na opinião de Sheehy (2001), é muito provável que qualquer homem em torno dos 40 anos, independentemente do sucesso que alcançou, se sinta estagnado, inquieto, sobrecarregado e subestimado. Começa a preocupar-se com a saúde e com o declínio da capacidade física, tal como as mulheres se angustiam com a perda da beleza da juventude. Para os homens o problema não é a fertilidade (pois uma percentagem razoável continua a ser capaz de procriar até uma idade avançada), mas antes o receio de não conseguir ou de não manter uma erecção, que leva a que muitos homens experimentem alguns fracassos na virilidade e vitalidade. Segundo esta autora, a andropausa é mais gradual e fugidia do que a menopausa. Os sintomas mais frequentes são a irritabilidade, uma certa frouxidão e mudanças de humor (ligeiras ou moderadas), sendo o efeito psicológico mais comum a quebra da sensação de bem-estar. Subjacente a todos os sintomas da andropausa, pode estar um homem que sente que está a perder poder. Quanto mais inseguro estiver o homem do seu controlo sobre a sua vida, mais imprescindível se tornará a consulta de Psicologia. Esta poderá ajudá-lo a renunciar aos objectivos e ideais da auto-imagem da juventude, a definir novas metas e projectos para o futuro, que lhe permitam caminhar rumo a uma nova e saudável integração. Só para mulheres A menopausa é um acontecimento universal para todas as mulheres da meia-idade e insere-se na evolução da vida reprodutiva feminina. Alguns autores sugerem que ameiaidade é caracterizada por uma crise que envolve alterações radicais, com desorganização da vida familiar e esforços para recuperar a juventude. Outras abordagens salientam a importância de considerar, por um lado, mulheres que vivenciam a menopausa como um momento de crise e grandes dificuldades e, por outro, mulheres que encaram este período da vida como um momento de mudança e de novas adaptações, mas não necessariamente de crise. De acordo com Benedek (1950), a menopausa envolve estados emocionais característicos – ansiedade, irritabilidade, hiper-sensibilidade, temores alternados com tensão, impaciência e hostilidade – e uma tendência para o aparecimento de sonhos associados a sentimentos de perda, assim como sintomas depressivos. No entanto, considera que as alterações biológicas, apesar do seu carácter regressivo, estimulam processos psicológicos na mulher capazes de levá-la, mediante condições favoráveis, a um melhor domínio das dificuldades da vida e a uma adaptação progressiva. Assim, encara a menopausa como uma fase de desenvolvimento que desencadeia necessidades emocionais (não necessariamente transtornos físicos ou psicológicos) e no qual energias sublimadas estão livres, o que promove a integração da personalidade e pode servir à mulher madura para dar um carácter mais sereno às suas relações afectivas. Lax (1982) chama a atenção para uma variedade de factores que determinam o modo e extensão da resposta à menopausa. Esta resposta da mulher depende então, da severidade dos seus sintomas fisiológicos, da natureza das suas experiências passadas, das suas relações objectais internalizadas, da sua estrutura psíquica, da força dos seus investimentos libidinais, do seu narcisismo saudável, das suas relações objectais do presente e da natureza do seu setting familiar e social. Sendo assim, as capacidades adaptativas da mulher condicionam fortemente o modo como ela vivencia a menopausa, mas é de esperar, segundo esta autora, a ocorrência de uma reacção depressiva durante os anos de perimenopausa, que deve ser encarada como um afecto específico da fase. Uma visão mais recente surge com Marraccini (2000), a qual postula que, face às mudanças e tomadas de consciência impostas pela menopausa, algumas mulheres poderão enveredar pelo caminho da normalidade, enquanto outras rumam à patologia. Associa as dificuldades típicas deste período ao luto que a mulher tem de enfrentar em diferentes aspectos: pela perda da fertilidade, pelo que a mulher não realizou no passado e pelas idealizações da sua própria pessoa e/ou de outras às quais se vinculou. Acrescenta que é importante considerar os abalos ocasionados pelo atingir da segunda metade da vida, pois o pesar pelo envelhecimento – visível em cada sinal do corpo e do rosto – representa um forte ataque ao narcisismo e auto-estima da mulher. Muitas são as que temem perdas na feminilidade e sexualidade, sentindo inveja e concorrência pelas mulheres mais jovens e receio das mulheres idosas que ameaçam com o envelhecimento, perda do poder de atracção, infertilidade, solidão e morte. Atendendo ao referido, é possível pensar que a reacção à menopausa poderá ser consideravelmente diferente de mulher para mulher, de acordo com as diferenças nassuas histórias de vida. Segundo Gannon, as experiências prévias da mulher; os acontecimentos de vida que acontecem em simultâneo com a menopausa, como a saída dos filhos de casa ou a perda dos pais; e o contexto social da mesma podem afectar a forma como a mulher vivencia este período. Sendo assim, o atendimento psicológico será imprescindível para as mulheres que atingem a menopausa num registo angustiante de que estão a envelhecer, não se sentem as mesmas e mostram desinteresse por tudo aquilo que as interessava anteriormente. Já Benedek em 1950, considerava que a administração de hormonas costuma aliviar os sintomas vaso-vegetativos, mas não resolve os conflitos emocionais. Apenas a psicoterapia pode conduzir à descoberta do problema emocional de cada mulher e ajudá-la a desenvolver estratégias para lidar com a situação. Se optar pela consulta de Psicologia, poderá usufruir de um espaço e tempo para reflectir sobre si própria e sobre as dificuldades/mudanças que a menopausa tem vindo a desencadear. Será apreciado o desempenho na avaliação psicológica, trabalhando consigo estratégias que potenciem o seu bem-estar e maximizem os resultados do programa de rejuvenescimento. Em resumo A consulta de Psicologia, tanto para homens como para mulheres, será o caminho para facilitar o percurso por um conjunto de tarefas desenvolvimentais específicas da meiaidade (Kernberg): - Limites da criatividade: percepção dos próprios limites do passado e restrição para as realizações no futuro. Identidade do ego na perspectiva do tempo: o novo conhecimento da meia-idade sobre as próprias limitações consolida a identidade do ego, de forma diferente do passado. - Ajuste de contas com a agressão exterior: capacidade de enfrentar com realismo os ataques que permeiam o ambiente adulto, sem os explorar ou negar e sem se submeter ou corromper por eles, aceitando que a responsabilidade final é para o próprio. - Mudanças na perspectiva cronológica: a relação com os pais é actualizada na relação com os filhos jovens e adolescentes, mas com papéis invertidos, o que promove o aparecimento de afectos ligados às identificações do passado. - Reversão nos ritmos exterior e interior de transformação: o crescimento rápido dos filhos e o envelhecimento e desaparecimento dos pais ameaça a estabilidade alcançada. Perda, luto e mor