O ENDOMARKETING COMO ESTRATÉGIA PARA O CRESCIMENTO ORGANIZACIONAL: uma nova perspectiva da gestão de pessoas Iracilene dos Reis de Sousa (PROMINAS) [email protected] José Carlos de Miranda (UFRRJ) [email protected] RESUMO O presente artigo aborda o endomarketing como estratégia para o crescimento organizacional dentro da gestão de pessoas. Entende-se que a gestão de pessoas passou por inúmeras modificações em sua estrutura dentro da administração, sendo direcionada na atualidade para o processo completo de gerir pessoas. O endomarketing refere-se à valorização do funcionário enquanto capital humano da organização. É sabido que funcionários satisfeitos produzem de forma satisfatória, o que contribui para o crescimento organizacional. O endomarketing é uma estratégia organizacional que visa manter o equilíbrio dentro da empresa, visando uma boa comunicação interna. Importante salientar que a comunicação é um elemento imprescindível dentro da organização, portanto deve ser trabalhada pela gestão de pessoas. O objetivo do trabalho foi analisar as ações estratégicas do endomarketing na gestão de pessoas, bem como sua contribuição para o crescimento organizacional. PALAVRAS CHAVE: Endomarketing. Gestão de pessoas. Valorização. ABSTRACT This study addresses the internal marketing as a strategy for organizational growth in people management. It is understood that people management has undergone numerous changes in its structure within the administration, being directed at the present time to complete the process of managing people. The internal marketing refers to the appreciation of the employee as a human capital of the organization. It is known that satisfied employees produce satisfactorily, which contributes to organizational growth. The internal marketing is an organizational strategy to maintain balance within the company, aiming at a good internal communication. Important to note that communication is an essential element within the organization, so it must be worked for the management of people. The objective was to analyze the strategic actions of the internal marketing personnel management, as well as their contribution to organizational growth. KEYWORDS: Internal Marketing. People management. Valuation. Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 2, n. 2, Mai/Ago – 2015 Página 47 1 INTRODUÇÃO O homem é um ser social que desenvolve relacionando uns com os outros e necessita se relacionar com os indivíduos que o cercam. No universo do trabalho não é diferente, o homem precisa relacionar-se, interagir com outros colaboradores para desenvolver um bom trabalho dentro da empresa. Nesse sentido, as novas tendências mercadológicas evidenciam o relacionamento interno como uma nova perspectiva do marketing. Essa nova política enfatiza a empresa sobre o tripé funcionário-produtocliente. O endomarketing surge como um olhar diferenciado sobre o colaborador e sua importância no processo produtivo e de crescimento da empresa. Os consumidores na atualidade tornaram-se mais exigentes, e investir em satisfação do colaborador é contribuir para o crescimento de fidelização de clientes. Isso porque, funcionário satisfeito é mais produtivo. É evidente que as empresas que não proporcionam investimentos no capital humano possuem uma rotatividade de funcionários, além de não haver comprometimento destes com o objetivo organizacional. Diante dessa realidade, o endomarketing como estratégica competitiva para o crescimento organizacional, demonstra o colaborador como fator potencializador na construção do relacionamento com o cliente. O estudo entende que a implantação de ações do endomarketing nas organizações atuais é um fator importante, porém complexo. Questiona-se como o endomarketing se posiciona enquanto estratégia do crescimento empresarial, na perspectiva da gestão de pessoas. Uma ferramenta estratégica para o crescimento organizacional. 1. O MARKETING DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES 1.1 Origens do Marketing O marketing, do grego “market”, significa mercado. Na idade antiga, tudo que se produzia era vendido, não havendo necessidade de esforço no processo de compra e venda. De acordo com Las Casas (2004, p.20), “[...] para maior simplificação podemos considerar a evolução do conceito a partir de mudanças na ênfase da comercialização, que basicamente passou por três fases”, ou eras (Tab.1). Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 2, n. 2, Mai/Ago – 2015 Página 48 Tabela 1: Três eras na história do marketing. Era Era produção Era vendas Era marketing da das do Período aproximado Antes dos anos 20 Antes dos anos 50 Segunda século XX metade Atitude predominante Um produto bom se venderá por si mesmo Propaganda e venda criativas vencerão a resistência do consumidor e o convencerão a comprar do O consumidor é o rei. Busque uma necessidade e satisfaça Fonte: (LAS CASAS, 2004) O marketing, enquanto instrumento estratégico, surgiu nos Estados Unidos transformando-o em uma grande potência econômica, que se disseminou por outros países. É importante enfatizar que foi nos Estados Unidos que surgiram as primeiras universidades com a oferta do curso de marketing para tratar dos problemas ocorridos nos processos de vendas e de produção, formando profissionais qualificados para ajudar as empresas a aperfeiçoar o processo de venda. O conceito de marketing foi definido no pós-guerra na década de 1950, quando o comércio passou a considerar não somente a qualidade dos produtos e custos competitivos, mas principalmente entender os desejos de seus clientes (KELLER, KOTLER, 2006). Essa nova perspectiva transformou radicalmente as relações econômicas entre organização e cliente. Percebeu-se que a qualidade do produto não era determinante no processo de compra e venda. Os clientes deixaram de ser subjetivos e passaram a ser o foco principal nas relações comerciais. A venda passou a ser norteada na busca da satisfação dos clientes. O novo consumidor busca por produtos com qualidade e empresas que sejam mais eficientes em seu atendimento. Sendo assim, as empresas atuais direcionam suas ações na busca de satisfação do cliente e a orientação das organizações não tem como foco absoluto a produção. 1.2 Estratégia competitiva As organizações estão inseridas em um contexto socioeconômico muito mutável que exige uma postura dinâmica diante da concorrência. Daí a necessidade em adotar Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 2, n. 2, Mai/Ago – 2015 Página 49 estratégias adequadas que proporcionem competitividade dentro desse cenário. São as chamadas estratégias competitivas para se enfrentar os desafios atuais. Martins e Guindani (2013), enfatizam que estratégia competitiva é uma questão de sobrevivência, frente as variações constantes e sem controle no ambiente externo. É imprescindível traçar boas estratégias para manter-se no mercado competitivo. A estratégia é o foco das atenções. O contexto competitivo mundial em que as organizações estão inseridas corresponde ao pano de fundo para a questão estratégica. O marketing possui um papel fundamental porque é um dos elos entre a organização e o mercado (TOALDO; LUCE, 2006, p. 26). A competividade, segundo Wood e Caldas (2007, p. 71), “é definida como o conjunto de fatores, políticas e instituições que definem a produtividade e o nível de prosperidade de uma economia”, isto implica que é um conjunto de fatores que influenciam diretamente no mercado. Importante frisar que no cenário econômico atual não se permite comodismo por parte dos gestores administrativos. Paixão (2008, p. 34) ressalta que o marketing estratégico tem os seguintes objetivos: [...] criar na empresa uma visão focada no cliente; orientar a empresa para o mercado; manter a empresa informada sobre as mudanças em seus ambientes competitivos; posicionar a empresa no mercado; criar uma identidade empresarial; criar valor para o cliente; comprometer seus clientes internos. Os objetivos citados por Paixão (2008) demonstram a grande preocupação em implantar estratégia de marketing de forma eficiente para que a organização cresça e se consolide no mercado. 2. A GESTÃO DE PESSOAS: Evolução histórica Vários estudos são discutidos na atualidade em relação ao trabalho, principalmente nas relações trabalhistas. Investigar os múltiplos significados atribuídos ao trabalho envolve uma complexidade política, social, antropológica, psicológica entre outras (KANAANE, 2006). O trabalho sempre esteve presente enquanto atividade humana. Nos primórdios, o trabalho ressalta a confrontação do homem com a natureza, isso, em busca de sua própria sobrevivência. O homem dominava a natureza com a força do trabalho. Uma atividade primitiva ou agrária que garantia o seu auto abastecimento. As relações de trabalho, ao longo dos anos e de acordo com o desenvolvimento social, político e cultural, mudaram significativamente de acordo com o contexto histórico vivido pelos indivíduos. Na Idade Moderna, no século XVII, surgiu a nova burguesia, advinda dos antigos servos alforriados que a partir de sua liberdade iniciaram suas Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 2, n. 2, Mai/Ago – 2015 Página 50 atividades no comércio, fator importantíssimo que modificou o sentido do trabalho (CHIAVENATO, 2009, p. 17). Do século XVII para o XVIII vivenciou-se a passagem do feudalismo para o capitalismo. Neste aspecto, o trabalho se consolidava com o advento da Revolução Industrial que “Constituiu uma espécie de revolução histórica, resultante da evolução do modo de produção capitalista (KANAANE, 2006, p. 16)”. Na Revolução Industrial imperava o modelo Taylorista, no modelo de gestão do trabalho, que preconizava o controle explícito do trabalhador sob o empregado: o empregador estabelecia regras que deveriam ser cumpridas impreterivelmente pelo subordinado. A Revolução Industrial trouxe consigo transformações vitais: a aplicação de descobrimentos científicos e de novos avanços tecnológicos industriais; concentração das unidades produtivas; expansão sem precedentes da produção em setores estratégicos; padronização da população ativa do país; superação das precedentes relações de produção na cidade e no campo [...]; (KANAANE, 2006, p. 16). A Revolução Industrial trouxe mudanças significativas à relação de trabalho, isto porque reforçou ideologias do controle absoluto sobre o empregado dentro do ambiente de trabalho. Com isso surgem novos modelos organizacionais e leis trabalhistas de proteção ao funcionário. Esses modelos e leis tiveram um papel importantíssimo na implementação da política de gestão de pessoas dentro da empresa, e, consequentemente, no desenvolvimento e crescimento organizacional, com suas normatizações e políticas empresariais sobre a gestão dos colaboradores da empresa. Na atualidade muito tem se discutido sobre a gestão de pessoas e as atividades desenvolvidas por esta, acredita-se que o RH da empresa seja o coração da organização. 2.1 Liderança A questão da liderança tem ocupado espaço significativo nos debates e estudos na administração moderna. Percebe-se um olhar diferenciado sobre o líder, bem como reconhece-se sua importância dentro da gestão administrativa. O líder é um dos atores na gestão de pessoas. A liderança nas organizações se conceitua como a capacidade de influenciar pessoas a agir (BERGAMINI, 1994). Diante do conceito citado e ainda segundo o autor, entende-se que liderar é uma relação de persuadir, convencer e sensibilizar, e não uma relação de poder. O líder se caracteriza pela sua postura e tem um papel indispensáveis para o andamento do processo produtivo. Além disto, deve ter conhecimento criterioso de sua função. Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 2, n. 2, Mai/Ago – 2015 Página 51 [...], elas conservam o denominador comum de que a liderança esteja ligada a um fenômeno grupal, isto é, envolve duas ou mais pessoas. Em segundo lugar, fica evidente tratar-se de um processo de influenciação exercido de forma intencional por parte dos líderes sobre seus seguidores (BERGAMINI, 1994, p. 103). Ao observar o novo modelo organizacional Ramos (1989, p. 146), mostra-nos o líder como “um agente capaz de facilitar o desenvolvimento de iniciativas livremente geradas pelos indivíduos, passíveis de se amalgamarem sob a forma de configurações reais”. Refere-se a um agente capaz de influenciar pessoas e motivar a equipe. Entendese que o líder então é alguém que ajuda o grupo a atingir os objetivos propostos por uma organização. O ambiente de trabalho é onde o individuo passa maior parte de seu tempo, daí a necessidade do ato de trabalhar não ser enfadonho. Pontes (2008, p. 39) afirma que: “ O equilíbrio organizacional depende do equilíbrio dos indivíduos e das relações estabelecidas entre estes e as organizações”. Nesse sentido, as lideranças devem buscar estrategicamente o desenvolvimento de seus grupos de trabalho, transformando-os em equipes de alto desempenho, capazes de assumir uma tarefa importante e ter competências para realiza-la. Ser líder é muito mais importante do que conhecer os fundamentos e teorias da liderança, embora convenha não os ignorar (LISONDO, 2011). Isso significa que além dos conhecimentos técnicos sobre a liderança é fundamental que o líder saiba como utilizá-los na prática. Sendo assim, a liderança da empresa não pode ser vista apenas como função administrativa, mas também como ação de influenciar pessoas. Bergamini (1994), destaca a liderança em dois aspectos: o primeiro refere-se ao convívio em grupo, isto significa que envolve várias pessoas em um mesmo ambiente, e o segundo refere-se a influência do líder sobre essas pessoas que compõe o grupo. Segundo Maximiano (2008), Liderança é o processo de conduzir as ações ou influenciar o comportamento e a mentalidade de outras pessoas. Liderança é a realização de metas por meio da direção de colaboradores. A pessoa que comanda com sucesso seus colaboradores para alcançar uma finalidade especifica é um líder (MAXIMIANO, 2008, p. 277). A liderança é um fator importantíssimo para o crescimento organizacional, cabe a esta buscar conhecimentos sobre a gestão de pessoas no intuito de construir uma relação sadia com seus liderados. 2.2 Políticas de Comunicação Interna Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 2, n. 2, Mai/Ago – 2015 Página 52 A comunicação dentro da organização é uma das mais importantes ferramentas para o crescimento organizacional. Essa ferramenta deve ser trabalhada dentro da gestão de pessoas de forma saudável. A palavra falada é o método mais usual de comunicação. Entende-se que a comunicação oral é o meio mais eficiente de transmitir e receber informações. Entretanto, isso depende muito da capacidade de eloquência do emissor em expressar a sua intenção de modo eficiente e do receptor em saber ouvir, interpretar e compreender de forma precisa a mensagem recebida. A linguagem verbal é a palavra falada ou escrita, em que a primeira pode ser utilizada na comunicação oral frente a frente ou à distância (telefone, rádio, televisão, etc.) e a segunda na comunicação escrita através de livros, revistas e jornais, entre outros (PIMENTA, 2009, p.78). Segundo Matos (2009), em média, o impacto de uma mensagem sobre o ouvinte é garantido em apenas 7% pelas palavras (o que a pessoa diz); 38% pelo tom de voz e inflexão (a maneira como fala) e 55% pelo corpo, olhos, mãos, braços, ou seja, pelas expressões, atitudes e gestos. Sendo assim, o processo de comunicação entre o emissor e o receptor é determinado pela forma como a mensagem é transmitida. Não são somente as palavras que falam, há uma interpretação visual da forma como essa mensagem está sendo enviada. A comunicação é destacada como fator fundamental para a busca constante de melhoria da qualidade no trabalho. Ao englobar a atividade e as políticas de emissão e captação de informações, a comunicação empresarial solidifica a cultura (crença e valores) de uma organização. A necessidade de se ter uma boa comunicação dentro da organização contribui para minimizar os conflitos internos e torna o trabalho mais saudável e motivador. As comunicações, nas organizações, devem proporcionar informações precisas, com as implicações emocionais apropriadas, para todos os membros que precisam do conteúdo da comunicação. Isso supõe que nem um excesso ou uma falta de informações se encontra no sistema, estando claro, desde o início, quem pode utilizar aquilo que está disponível (HALL, 2004, p. 157). É evidente que essa condição de comunicação requer uma administração eficiente, esse processo acontece partindo primeiramente da liderança, se esta não atua de forma compreensiva e respeitosa compromete todo o entendimento do grupo. 3. O ENDOMARKETING CRESCIMENTO ORGANIZACIONAL COMO ESTRATÉGIA PARA O Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 2, n. 2, Mai/Ago – 2015 Página 53 3.1 Do marketing ao endomarketing: histórico e conceitos O marketing surgiu da necessidade de desenvolver ações de venda e fidelização de clientes. Entende-se que esta é uma poderosa ferramenta que contribui para destacar a empresa em um cenário competitivo. Kotler (2006), afirma que o marketing é uma filosofia organizacional que direciona as ações organizacionais para satisfazer o cliente de forma lucrativa. Trata-se de criar elementos de relacionamento agregando valor para o cliente e para a organização. No cenário econômico atual percebe-se uma mudança no comportamento das empresas. Acontece que o mundo mudou. Tudo ficou diferente. E tudo será mais diferente ainda. A enorme mudança que afeta todas as nossas vidas, o aumento exacerbado da competição e os clientes agora preocupados em comparar preço, qualidade e valor agregado, constituem três grandes fatores que estão levando as empresas rumo ao sucesso, ou fracasso. As empresas bem-sucedidas são aquelas que estão abertas à mudança, são competitivas e totalmente voltadas para o cliente (CHIAVENATO, 1996, p. 39). É justamente essa mudança de postura do cliente que subsidiou o surgimento do marketing. Para que as empresas na atualidade se mantenham equilibradas é necessário o implante de ações mercadológicas. O cliente é a pessoa mais importante da organização, e é para esse grupo que a organização aprimora seu atendimento, produtos e serviços no intuito de fidelizá-lo. No entanto, é importante frisar que o primeiro cliente da organização é o colaborador e este também requer atenção e cuidados especiais, com uma política voltada para marketing de dentro, ou seja: endomarketing. O endomarketing surgiu em 1990 no Brasil, sendo uma criação brasileira de Saul Faingaus Bekin. O mesmo enfatiza que “Endomarketing é um conceito, uma postura, uma atitude e um comportamento, um instrumental que corresponde a uma nova abordagem para o mercado (BEKIN, 2004, p. 4)”. O século XXI é o grande marco para o avanço da tecnologia e da informação dentro das empresas, sendo assim, gestores modernos não priorizam as máquinas, mas as pessoas que estão por trás delas. Quem está por trás do processo produtivo são os funcionários e sem esta nenhuma máquina se opera sozinha. Honorato (2004) afirma que: Em plena era da informação e do conhecimento, vivenciamos uma fantástica evolução ou transformação não só tecnológica, mas, sobretudo nos valores sociais. Presa demasiadamente na tecnologia, a maioria das organizações empresariais marginaliza de alguma maneira o que na verdade tem de mais precioso – e que sem eles de pouco adiantam estratégias para conquista e permanência no mercado: os funcionários e a valorização deles como tal (HONORATO, 2004, p. 27). Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 2, n. 2, Mai/Ago – 2015 Página 54 Nessa nova perspectiva da gestão de pessoas é fundamental que suas atividades estejam direcionadas para o marketing interno ou endomarketing, isso porque funcionários satisfeitos são mais comprometidos com a organização. Entende-se que a empresa precisa propiciar ao funcionário um ambiente adequado para seu desenvolvimento administrativo e intelectual. Levando em consideração os fatores externos. Sendo assim, a empresa que investe em plano de carreira, valorização do colaborador, benefícios, entre outras ações do endomarketing, consegue tornar a equipe mais comprometida com os objetivos da empresa. As organizações que desenvolverem ações voltadas para os clientes internos poderão gerar uma maior vantagem competitiva. Para Kotler (2006), o marketing interno surge como um programa de gestão que auxilia as empresas a realinharem sua cultura organizacional por meio da comunicação e do treinamento, buscando melhorar os relacionamentos internos. Essa melhoria acaba por estreitar os laços entre empresa e funcionários e tem reflexo direto nos clientes externos. De acordo com Paixão (2012), o endomarketing é um processo que busca meios para assegurar que todos os funcionários compreendam o negócio, e ainda, para que todos os níveis estejam preparados, motivados e orientados para o cliente. A satisfação dos funcionários é a satisfação dos clientes. Para que uma empresa tenha sucesso em suas estratégias de marketing, é de fundamental importância incluir em seus planos estratégicos o marketing interno, visualizando seus funcionários como clientes internos, responsáveis pelo início do processo mercadológico. Torna-se difícil satisfazer os desejos e as necessidades dos clientes externos sem a satisfação dos clientes internos, pois é a partir destes que as relações com o cliente serão duradouras (HONORATO, 2004, p. 24). Nesse sentido, as ações para fidelização de clientes devem ser direcionadas primeiramente para o cliente interno e em seguida para o externo. Quando a empresa investe em seu funcionário este “veste a camisa” da empresa, torna-se o primeiro a defender a marca, produtos ou serviços prestados pela mesma. A Revista Você S/A, em sua 17ª edição faz destaque as 155 empresas brasileiras e multinacionais que mais investem e alcançam resultados na satisfação e na motivação de seus funcionários. Vários fatores que envolvem a gestão de pessoas foram questionados como mostra a figura 1. A empresa vencedora do prêmio em 2013 é o Google. Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 2, n. 2, Mai/Ago – 2015 Página 55 Figura 1: Aspectos pesquisa Você S/A Fonte:http://exame.abril.com.br/revista-voce-sa/melhores-empresas-para-trabalhar/2013 O Google foca suas ações na criatividade e na valorização do funcionário que é considerado o maior patrimônio da empresa. Em análise leva-se em conta o espaço físico da empresa que é um prédio ecologicamente correto, além de toda arquitetura ser direcionada para o bem estar do mesmo. A empresa conta com áreas de descanso e lazer que seguem o padrão de bem-estar mundialmente conhecido: salas de jogos e entretenimento, cantos com poltronas, pufes e redes para um rápido cochilo e estúdio com instrumentos musicais para que os aspirantes a música possam ensaiar nas horas vagas. A qualquer hora do dia, também é possível ir às áreas onde são servidos lanches, que mais parecem feiras de alimentos saudáveis. As refeições são gratuitas e não há limite de quantidade para consumo. Esses espaços foram planejados para proporcionar momentos de interação, mas também servem para fazer reuniões de trabalho mais descontraídas. (REVISTA VOCÊ S/A). As empresas vencedoras acreditam que investindo no profissional (colaborador) o resultado de lucratividade é garantido. Importante enfatizar que mais do que salários e benefícios, as oportunidades que as empresas oferecem para que seus funcionários se qualifiquem e tenham melhores oportunidades de crescer em suas carreiras têm contado pontos na hora de um profissional optar por determinado emprego. Em conformidade Knapik (2011, p. 259) afirma que “A valorização é uma estratégia na gestão de pessoas e está atrelada aos processos de motivação, retenção e desenvolvimento de talentos”. As empresas que investem no capital humano se desenvolvem e se consolidam de forma eficiente no mercado. Um colaborador quando está motivado torna-se mais produtivo dentro da organização. Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 2, n. 2, Mai/Ago – 2015 Página 56 Portanto, é de suma importância que a empresa implante o endomarketing, o que não é tão simples, mas é fundamental para permanência no cenário econômico competitivo. 3.2 Estrutura e implementação de endomarketing Esse não é um processo fácil de ser implementado. Apesar de ser uma das ferramentas mais utilizadas para a melhoria do clima organizacional, o marketing interno não é totalmente aceito pelas organizações que têm sua base de gestão ainda espelhada no taylorismo, ou seja, um modelo de gestão apoiado na crença de que a empresa é uma organização fechada, uma máquina, e que a motivação do funcionário advém de salário (PAIXÃO, 2012). A empresa é considerada o segundo lugar onde as pessoas passam a maior parte do seu tempo. É no convívio do ambiente de trabalho que a maioria das pessoas fazem amizades e se relacionam socialmente. Muitos estudiosos enfatizam que o trabalho é o segundo lar do individuo, isso em relação ao tempo de permanência no local. Por ser considerado um tempo significativo na qual o funcionário fica no local de trabalho é fundamental que o ambiente seja satisfatório, isso o motivará em busca dos objetivos organizacionais. O marketing interno requer ações planejadas que visem valorizar o ser humano em sua totalidade. Para implementação do marketing interno é fundamental que a empresa observe alguns fatores que de acordo com Paixão (2012) são fundamentais: Treinamento – com base nas necessidades da empresa e funcionários. Considerado como investimento, deve ocorrer em todos os níveis. Processos de seleção – estabelecimento do perfil desejado para cada cargo. Planos de carreira – preocupação com uma política de retenção. Motivação – reconhecimento e recompensa. Comunicação interna – informações necessárias à consciência do cliente. Conhecimento dos clientes internos. O endomarketing é apontado por especialistas da administração moderna como um dos principais diferenciais competitivos que transforma os colaboradores e funcionários da empresa nos principais criadores da imagem institucional de uma organização saudável e bem sucedida. Por intermédio de um bem elaborado programa de implantação do endomarketing, pode-se motivar os funcionários a se comprometerem com a nova postura da empresa, cada um em sua área de atuação e por meio das atividades que desenvolve. Desse modo, é como dar voz aos funcionários para que participem ativamente das Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 2, n. 2, Mai/Ago – 2015 Página 57 decisões organizacionais, é reconhecer sua importância dentro desse processo. Em conformidade Matos (2009) afirma que: A empresa que não favorece a cultura da comunicação e da valorização do funcionário acaba perdendo confiança, produtividade, qualidade, credibilidade e, consequentemente, clientes, negócios e mercado, o que significa baixa competitividade. E no contexto de globalização, perda de competitividade quer dizer a mesma coisa que desempenho negativo ou falência (MATOS, 2009, p. 90). Embora alguns estudiosos enfatizam a independência do marketing, em profunda análise se percebe que estes estão interligados. Para que seja implantado o endomarketing de forma eficiente dentro da organização é fundamental que os gestores tenham conhecimento do que é esta ferramenta, bem como seus benefícios dentro da organização. No entanto, muitos gestores ainda direcionam seu marketing exclusivamente para o cliente externo. A Revista de Administração de Empresas - RAE, nº 11, traz uma matéria de Daniel Pereira Andrade onde se questiona sobre a valorização dos profissionais que formam o quadro de funcionários de uma organização. “Valorizar as pessoas tornou-se palavra de ordem no mundo corporativo, repetida à exaustão por executivos e consultores de RH (ANDRADE, 2011)”. Com isto, o investimento no funcionário é considerado como investimento no capital humano da organização, uma relação estreita entre o endomarketing e o capital humano. 3.3 O endomarketing e o capital humano Entende-se que na atualidade o bem mais valioso da organização são as pessoas. Reconhece-se o quadro de funcionários como capital humano, ou seja, capital que agrega valor aos produtos/serviços oferecidos pela organização. No século XIX as organizações focavam prioritariamente nos meios de engenharia e produção. A mão de obra, denominada como trabalhador não eram muito valorizados, mas vistos como parte da produção (REVISTA DA FAE, 2002). Diante da economia globalizada, capacitação profissional é imprescindível para o crescimento organizacional. Sendo assim, investir em formação para seus colaboradores é uma ferramenta de estratégia competitiva, visto que investir no capital humano da empresa é garantir lucratividade. Sendo assim, Martins (2008) conceitua capital humano: Entende-se por capital humano toda capacidade, conhecimento, habilidade e experiência dos empregados e gerentes. O capital humano inclui também a criatividade e a inovação organizacional, observando-se com que frequência novas ideias são geradas dentro da empresa, ou com que frequência estas ideias são implementadas, ou ainda qual o percentual de sucesso na implementação destas ideias (MARTINS, 2008, p. 3). Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 2, n. 2, Mai/Ago – 2015 Página 58 Quando a organização não investe em seus funcionários percebe-se a falta de inovação, criatividade e motivação para desenvolver ações dentro da organização. 3.4 Gestão por competência A adoção de um modelo de gestão por competências passa a ser um recurso estratégico nas empresas, e se bem conduzida, facilita o gerenciamento dos negócios. A gestão de pessoas precisa ter clareza sobre sua visão empresarial e sobre os resultados que pretende alcançar, para que defina as competências que agregam valor aos negócios. Knapik (2012, p.36) enfatiza que: “A gestão de pessoas deve ser compreendida como um conjunto de políticas, práticas, atitudes e ações empregadas para interferir no comportamento humano e focá-lo nos objetivos organizacionais”. O modelo de gestão por competências possibilita um direcionamento das práticas de recursos humanos para a atração, o desenvolvimento, a retenção e a recompensa das capacidades e entregas exigidas pelos funcionários. São os funcionários que desenvolvem tecnologia e as fazem funcionar, isso significa que sem eles a tecnologia não é suficiente para o desenvolvimento organizacional. A organização que reconhece suas competências irá traçar estratégias que contemple suas necessidades, isso contribuirá para o crescimento organizacional bem como para fazer diagnóstico de suas fraquezas. O Recursos Humanos é um fator primordial no desenrolar de uma estratégia competitiva, isso porque, quem executa tais estratégias são os funcionários da organização. Para administrar pessoas usando os conceitos mais avançados, é preciso aprender a lidar com as competências, que são atributos que uma pessoa deve ter para desempenhar as responsabilidades ou funções do seu cargo. Nesse aspecto, o endomarketing é uma política que visa a valorização do cliente interno, esta valorização pode ser promovida por diferentes ações e uma desta é o conhecimento. A ideia das competências é o alicerce das práticas modernas de gestão de pessoas. Você deve usá-la para fazer planejamento da mão-de-obra, recrutamento, seleção, remuneração e lidar com todas as funções de recursos humanos (MAXIMIANO, 2006, p. 130). Identificar e descrever competências são um exercício útil e necessário dentro da organização, pois este leva a pensar no tipo de colaborador que a empresa deseja, bem como administrar o desempenho da equipe. Em suma, gerir por competências é reconhecer o funcionário enquanto elemento fundamental no processo de crescimento organizacional. Nesse aspecto, o endomarketing tem muito a contribuir com a gestão por competência, trançando estratégias de Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 2, n. 2, Mai/Ago – 2015 Página 59 valorização do colaborador, investir em ações de marketing interno uma estratégia de se sobressair diante das mudanças econômicas ressaltando ainda, que o funcionário é um bem valioso para organização. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa buscou analisar o endomarketing enquanto estratégia competitiva para o crescimento organizacional, investigando teóricos que enfatizam sobre a temática, partindo de pressupostos conceituais e históricos. Pensando nisto, o endomarketing surge como ferramenta de implantação do RH no intuito de valorizar o cliente interno, visto que o funcionário é o primeiro cliente da empresa. Ressalta-se que se o funcionário não estiver satisfeito com as condições de trabalho, têm-se a possibilidade do mesmo não realizar suas atividades com eficiência, prejudicando a organização. Neste sentido a liderança tem um papel importante no processo de implementação do endomarketing dentro da organização. Líder não é aquele que só manda ou é autoritário, mas sim ser capaz de influenciar pessoas a atingir determinado objetivo. É de suma importância implantar o endomarketing dentro de uma organização, porém complexo, pois primeiramente é necessário romper paradigmas que são perpetuados por modelos de liderança. Muitas empresas vêm o endomarketing como custo para organização e não como investimento. O Recurso Humano da empresa deve direcionar suas ações para promoção do capital humano da empresa, investindo em conhecimento, formação, capacitação entre outros elementos que agregam valor ao funcionário que, desempenham as funções satisfeitos e comprometidos com a organização, trazem como resultado a lucratividade e crescimento organizacional. Portanto, conclui-se que o endomarketing é uma importante ferramenta para o crescimento organizacional, visto que é direcionado para o primeiro cliente da empresa que é o funcionário. E, funcionário satisfeito e valorizado significa produtividade e consequentemente lucratividade. REFERÊNCIAS ANDRADE, Daniel Pereira. Empresa humana ou humano empresa? In: Revista Administração de Empresas –RAE, vol. 10 nº11 jan/jun 2011. BEKIN, S.F. Endomarketing: como praticá-lo com sucesso. São Paulo: Prentice Hall, 2004. Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 2, n. 2, Mai/Ago – 2015 Página 60 BERGAMINI, Cecília Whitaker. 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