A Metodologia Comunicativa no Ensino da Língua Inglesa Clíssia Schwantz Palavras-chave: Método Comunicativo; Escolas Públicas; Técnicas de Aprendizado; Dificuldades; Soluções. Sabe-se que as mudanças ocorridas no mundo atual, devido ao processo de globalização e às rápidas transformações tecnológicas, têm influenciado muito a vida das pessoas, principalmente no campo profissional. Dentro deste contexto, as exigências do mercado de trabalho aumentaram muito, pois o mercado está cada vez mais competitivo. A língua inglesa é uma dessas exigências e, por ser uma das línguas mais faladas no mundo, em função do poder econômico, político e social dos países de língua inglesa, torna-se um elemento básico em termos de comunicação mundial. Em conseqüência dessas exigências do mercado mundial, o estudo da língua inglesa tem se tornado indispensável e os métodos de ensino dessa língua tem sido constantemente questionados e analisados. Atualmente a aplicação do método comunicativo, utilizado por uma grande quantidade de professores, tem sido um grande desafio por diversos motivos, tais como: falta de condições oferecidas pelas escolas públicas ao professores e também uma carência na preparação dos próprios professores que utilizam o método. A escolha de um método de ensino depende basicamente de três elementos: a experiência do professor, as características dos alunos e as condições existentes. O ensino de Língua Inglesa, em seus primórdios, era um ensino totalmente baseado em estruturas mecânicas, com ênfase nos aspectos gramaticais, concentrando o ensino da língua somente no item lingüístico e desconsiderando completamente o conteúdo comunicativo. Passaramse anos para que isso fosse deixado um pouco de lado, somente depois de uma grande revisão das várias abordagens de ensino. Da conscientização de que era necessário identificar outros métodos para atingir novos objetivos no ensino da língua estrangeira é que houve o abandono do ensino mecânico sendo, então, substituído pelo método comunicativo, que se tornou revolucionário no ensino de línguas. O método comunicativo surgiu nos anos 70, porém ganhou prestigio e reconhecimento nos anos 80. O conceito de método comunicativo está baseado na realidade lingüística do aluno, visando um equilíbrio comunicativo entre a língua em estudo e o aprendiz. Desta forma, o método comunicativo apresenta um dos principais diferenciais em relação aos métodos que o antecederam, ou seja, uma postura mais crítica e autônoma tanto do aluno quanto do professor. Este defende que a aprendizagem deve ser centrada no aluno, não somente em conteúdos, mas principalmente nas técnicas usadas em sala de aula para que a comunicação efetivamente aconteça. O método visa compreender as quatro habilidades juntas, porém, se necessário, há possibilidade de trabalhá-las separadamente, dependendo do objetivo do grupo e do professor. O Método Comunicativo cuja meta é tornar os alunos comunicativamente competentes. Assim, a aprendizagem lingüística é vista como um processo de comunicação que envolve muito mais do que o simples conhecimento das formas da língua alvo, seu significado e funções, pois é preciso ser capaz de usar a língua adequadamente dentro de um contexto social. Isso envolve o domínio não só de competência gramatical ou lingüística, mas também de habilidades sociolingüísticas, discursivas e estratégicas. O método comunicativo é um método que abre muitas portas, mas as dificuldades que os professores enfrentam na hora da sua aplicação são muitas. Richards e Rodgers (1986), dizem que o método comunicativo é pautado em um contexto, ou seja, cria-se um tema para a aula e, baseado neste tema, emprega-se a gramática. O método comunicativo começa com a teoria da língua como comunicação. Este método difere dos outros métodos no que concerne ao significado, pois para este os diálogos são essencialmente usados para a comunicação e não como mero instrumento de memorização de regras. Nas aulas de língua estrangeira, os professores podem ajudar a motivar o trabalho com a língua materna, caso necessário. A linguagem é criada através da tentativa do aluno em se comunicar na língua, e assim, errando e sendo corrigido pelos próprios colegas, estes conseguem assimilar a comunicação com mais facilidade e rapidez. Além disso, no método comunicativo, interagir com outras pessoas é fundamental, pois o interesse se concentra na comunicação efetiva com o colega e na troca de informações reais. Cabe ressaltar ainda que o método comunicativo centraliza o ensino da língua estrangeira na comunicação e ensina o aluno a se comunicar adquirindo uma competência comunicativa. A ênfase se concentra no aspecto lingüístico ao invés da forma, ou seja, no conteúdo semântico ao invés do conteúdo sintático. A gramática utilizada pelo método comunicativo é nocional, pois os exercícios mecânicos são substituídos por exercícios que dão idéias de organização de sentido, os exercícios, sejam de comunicação real ou simulados, são sempre interativos. E é assim, levando para a sala de aula atividades de interação, que se constitui um aprendizado a partir da comunicação, partindo sempre do conhecimento prévio do aluno e da sua realidade. Para que os professores sejam capazes e consigam utilizar o meto comunicativo é preciso levar para sala de aula a produção variada de enunciados, ou seja, praticar trabalhos em grupo oral e escrito que permitam a comunicação entre os alunos, utilizar-se de dramatizações que permitam a comunicação livre, sem esquecer do trabalho individual para testar sua capacidade de auto-aprendizagem. Após realizar a presente pesquisa observou-se que o ensino de uma língua estrangeira precisa, principalmente, de mudanças nas abordagens didáticas, mudanças no objetivo de ensino, e acima de tudo, alterações no papel do aluno, do professor e do material didático. A abordagem comunicativa, considerada por muitos estudiosos como a melhor hoje, como foi dito nesta pesquisa, trouxe muitos avanços para o ensino de L.E., porém, neste momento, ela começa a ser objeto de questionamentos. O método comunicativo está servindo mais como um rótulo para a venda de materiais didáticos e para marketing dos cursos de língua estrangeira e não está sendo colocado em prática como deveria. Mesmo tendo mostrado mais eficiência que outros métodos mais antigos, a abordagem comunicativa é alvo de muitos questionamentos, como aponta Weininger (2001): As limitações ainda mais sérias da abordagem comunicativa, porém, são a falta de autenticidade da comunicação em sala-de-aula e o fato de que ela não deixa de ser autoritária, apesar da intenção emancipatória e democrática. Ela “primeiramente decreta de forma paternalista a necessidade de 'emancipação', e depois em que áreas e com que instrumentos lingüísticos ela deve ocorrer – e até em que limites” (p. 44). Esses questionamentos têm indícios concretos, pois foi constatado na pesquisa de campo que os professores não aplicam a teoria da abordagem comunicativa, não conseguem estabelecer entre os participantes docentes e discentes a verdadeira comunicação que os aprendizes necessitam para enfrentar os desafios do novo idioma. E os exercícios que tentam promover o diálogo não são espontâneos como mostra Weininger (2001): (...) a maioria dos exercícios situativos não passa de uma simulação artificial. Nos exercícios típicos, ninguém está realmente perguntando pelo nome do colega ao lado, pois já o sabe, nem comprando uma passagem ou reservando um quarto de hotel, muito menos trocando um aparelho com defeito. Predomina o faz-deconta, que privilegia os participantes mais extrovertidos (tanto professores quanto alunos, mas causa constrangimentos, passividade ou até mal-estar para outros). A abordagem “comunicativa” padece de uma contradição intrínseca constitutiva que pode ser ilustrada com a seguinte instrução: “Seja bem espontâneo. Agora!”. Em outras palavras, um ato comunicativo sem uma intenção comunicativa genuína e autêntica dos participantes é artificial e normalmente disfuncional lingüisticamente (p. 45). Isso mostra que o método comunicativo é passível mesmo de questionamentos e, além disso, com este método não se consegue superar a prisão da sala-de-aula, e suas grades curriculares. A abordagem comunicativa continua tratando a língua em estudo como um objeto externo que ela tenta controlar. Assim, com esses questionamentos percebe-se que “a 'construção social de conhecimentos' exige uma comunicação autêntica e autônoma de todos os participantes do processo”. Isso faz com que o método comunicativo fique novamente como uma abordagem que foi melhor que outras, porém não faz com que o aluno adquira a eficiência certa para enfrentar os desafios da língua estrangeira em estudo. Tudo isso leva a crer que novos métodos virão, mas basta saber se irão dar conta “do ideal de sermos agentes autônomos com letramento pleno na comunicação”, ou seja, os novos métodos que virão trarão as mesmas dificuldades que a abordagem comunicativa trouxe para os professores de língua inglesa na hora de sua aplicação? (Weininger, 2001). Este é um questionamento que só poderá ser respondido quando da efetiva aplicação de novos métodos. Então, a pergunta que pode ser levantada neste momento é a seguinte: existirá somente um método ideal para todas as situações de ensino de línguas, quando o aprendizado de uma língua envolve muito mais do que o desenvolvimento das quatro habilidades lingüísticas?