- IPTSP

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL
E SAÚDE PÚBLICA
LUCIANA DAMACENA SILVA
Influência da exposição ao carbonato de cálcio no metabolismo de compostos orgânicos e
inorgânicos em Biomphalaria glabrata, hospedeiro de Schistosoma mansoni
Goiânia
2014
TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E
DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG
Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás (UFG) a disponibilizar,
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1. Identificação do material bibliográfico:
2. Identificação da Tese ou Dissertação
Autor (a):
Luciana Damacena Silva
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Vínculo empregatício do autor
Universidade Estadual de Goiás/UEG
Agência de fomento:
Sigla:
País:
UF:
CNPJ:
Título:
Influência da exposição ao carbonato de cálcio no metabolismo de compostos orgânicos e inorgânicos em
Biomphalaria glabrata, hospedeiro de Schistosoma mansoni
Palavras-chave:
Biomphalaria glabrata, carbonato de cálcio, metabolismo energético
Título em outra língua:
Influence of exposure to calcium carbonate in the metabolism of organic and inorganic
compounds in Biomphalaria glabrata, host Schistosoma mansoni
Palavras-chave em outra língua:
Biomphalaria glabrata, energetic metabolism, calcium carbonate
Área de concentração:
Parasitologia
Data defesa: (dd/mm/aaaa)
26/03/2014
Programa de Pós-Graduação:
Medicina Tropical e Saúde Pública
Orientador (a):
José Clecildo Barreto Bezerra
E-mail:
[email protected]
Co-orientador (a):*
Ana Maria de Castro/ Clélia Christina Corrêa de Mello-Silva
E-mail:
[email protected]/ [email protected]
*Necessita do CPF quando não constar no SisPG
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Data: ____ / ____ / _____
Assinatura do (a) autor (a)
1
Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita justificativa junto
à coordenação do curso. Os dados do documento não serão disponibilizados durante o período de embargo.
LUCIANA DAMACENA SILVA
Influência da exposição ao carbonato de cálcio no metabolismo de compostos
orgânicos e inorgânicos em Biomphalaria glabrata, hospedeiro de Schistosoma
mansoni
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de PósGraduação em Medicina Tropical e Saúde Pública da
Universidade Federal de Goiás para obtenção do Título de
Doutor em Medicina Tropical e Saúde Pública. Área de
concentração: Parasitologia.
Orientador: Prof. Dr. José Clecildo Barreto Bezerra
Co-orientadoras: Profa. Dra. Ana Maria de Castro e
Profa. Dra. Clélia Christina Corrêa de Mello-Silva
Goiânia
2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
GPT/BC/UFG
S586i
Silva, Luciana Damacena.
Influência da exposição ao carbonato de cálcio no
metabolismo de compostos orgânicos e inorgânicos em
Biomphalaria glabrata, hospedeiro de Schistosoma mansoni
[manuscrito]: / Luciana Damacena Silva. - 2014.
90f. : figs, tabs.
Orientador: Prof. Dr. José Clecildo Barreto Bezerra.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Goiás,
Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, 2014.
Bibliografia.
1 Moluscos – Metabolismo energético 2. Esquistossomose mansonica 3. Biomphalaria glabrata I. Título.
CDU : 594:591.1
Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública da
Universidade Federal de Goiás
BANCA EXAMINADORA DA TESE DE DOUTORADO
Aluna: Luciana Damacena Silva
Orientador: Prof. Dr. José Clecildo Barreto Bezerra
Co-orientadoras: Profa. Dra. Ana Maria de Castro e Profa. Dra. Clélia Christina
Corrêa de Mello-Silva
Membros:
1. Profª. Drª. Marina Clare Vinaud – IPTSP/UFG
2. Profª. Drª. Rejane da Silva Sena Barcelos – CBB/PUC
3. Prof. Dr. João Carlos Nabout– UnUCET /UEG
4. Prof. Dr. Wolf Christian Luz – IPTSP/UFG
5. Profª. Drª. Ana Maria de Castro (Suplente) - IPTSP/UFG
6. Profª. Drª. Valdirene Neves Monteiro (Suplente) – UnUCET /UEG
7. Profª. Drª. Vanessa Cristiane Santana Amaral (Suplente) – UnUCET /UEG
8. Prof. Dr. Éverton Kort Kamp Fernandes (Suplente) - IPTSP/UFG
Data:/26/03/2014
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu esposo Rafael Braga do Amaral e a
minha filha Amanda Bernardo do Amaral, por onde passa a minha vida....
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus primeiramente por me conceder saúde, também pelas respostas
dos avanços alcançados na realização deste trabalho.
A meu pai Henrique Barbosa dos Santos, maior referência de vida, e a minha
mãe Ana Mareilde Damacena Silva por ter me dado a vida.
Ao meu orientador Prof. Dr. José Clecildo Barreto Bezerra pela confiança,
motivação e parceria.
As minhas co-orientadoras Profa. Dra. Ana Maria de Castro e profa. Dra. Clélia
Christina Mello-Silva pela colaboração e incentivo na realização deste trabalho.
Aos professores do IPTSP que tanto contribuíram para o meu crescimento
científico: Drª Marina Clare Vinaud, Dra. Adelair Helena dos Santos, Dr. Wolf Christian
Luz.
Aos meus colegas professores da UEG pela colaboração, incentivo e amizade:
Dr. João Carlos Nabout, Dra Hélida Ferreira da Cunha, Dra Samantha Salomão
Caramori, Dra Solange Xavier, Dra Anamaria Ferreira, Dra Valdirene Neves Monteiro,
Dra Cleide Sandra Tavares Araújo e Dr. Olacir Alves.
A minha grande amiga e irmã Vanessa Cristiane Santana Amaral, agradeço de
maneira especial, pela amizade, carinho, motivação, parceria e colaboração de sempre...
Aos colegas que fazem parte da equipe do Laboratório de Estudos da Relação ParasitoHospedeiro (LAERPH): Carolina Aguiar de Araújo Machado, Carolina Miguel Fraga,
Hânstter Hállisson, Juliana Boaventura Avelar, Aline Barbaresco, Lilian Cristina
Morais de Andrade, Dayane Pereira Amaral, Glennyha Fernandes Duarte.
A minha prima Daniela Braz dos Santos pela colaboração na realização dos
experimentos.
A minha amiga e “anjo da guarda” Solange Martins Oliveira Magalhães por
fazer parte da minha história.
Aos meus alunos e amigos Franscisco Junior Simões Calaça, Samanta Oliveira
da Silva, Izabel Cristina Moreira e Camila Sabino Teixeira.
Aos meus amigos de quem tanto orgulho Pedro, Rogério, Karine e Letícia.
A todos servidores do Programa de Pós Graduação em Medicina Tropical e
Saúde Pública.
RESUMO
Moluscos do gênero Biomphalaria são conhecidos pelo seu papel como hospedeiro
intermediário do parasito Schistosoma mansoni, causador da doença esquistossomose
mansônica. O aumento da população desses moluscos, consequentemente sua
distribuição geográfica está condicionada a presença de cálcio no ambiente, também
considerado um elemento essencial no metabolismo energético do molusco. Este estudo
teve por objetivo avaliar a influência da exposição às diferentes concentrações de
CaCO3 (20, 40, 60, 80 e 100 mg/L), em diferentes intervalos de tempo (1, 14, 21 e 30
dias) sobre às concentrações de glicose, cálcio, proteínas totais, ureia, ácido úrico e
creatinina na hemolinfa de B. glabrata, ambas as substâncias foram dosadas através de
kits específicos e lidas em espectrofotômetro em 545 nm. Através da técnica de
cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), foi quantificado a presença de ácidos
orgânicos: piruvato, oxaloacetato, citrato, succinato, fumarato, propionato, acetoacetato
e β-hidroxibutirato na hemolinfa dos moluscos expostos ao CaCO3. Os resultados
demonstraram que a concentração de cálcio na hemolinfa não apresentou diferença
significativa (p>0,05) em relação ao controle, bem como, entre as concentrações
testadas. A concentração de glicose diminuiu (p<0,05) nas exposições a 20mg e 40mg e
aumentou nas exposições a 80mg e 100mg de CaCO3 em relação ao controle. Os ácidos
orgânicos piruvato, oxaloacetato, citrato, succinato, fumarato e lactato tiveram suas
concentrações aumentadas e propionato diminuída comparada ao controle na exposição
ao CaCO3. A concentração de acetoacetato diminuiu e a de β-hidroxibutirato aumentou
na exposição às concentrações testadas. Houve diminuição na concentração de proteínas
totais e de ureia. A concentração de ácido úrico aumentou na exposição a 20mg de
CaCO3 e, a concentração de creatinina aumentou nas exposições à 40mg e 100mg de
CaCO3. Concluiu-se que moluscos expostos às diferentes concentrações de CaCO3,
principalmente a partir de 14 dias, alteram o metabolismo como acontece em situações
de estresse fisiológico, com a finalidade de regular o sistema redox do molusco.
Palavras chave: Biomphalaria glabrata, carbonato de cálcio, metabolismo energético.
ABSTRACT
Biomphalaria snails act as intermediate hosts that harbor the Schistosoma mansoni
parasite, the causative agent of schistosomiasis. As population increases, snails have
their geographical distribution conditioned to the presence of calcium in the
environment, which is essential for their energetic metabolism. The objective of this
study was the assessment on the influence of exposure to different concentrations of
CaCO3 (20, 40, 60, 80 and 100 mg/L) at different intervals (1, 14, 21 and 30 days) for
the concentrations of glucose, calcium, total proteins, urea, uric acid and creatinine in
hemolymph B. glabrata. All substances were dosed using specific kits with a
spectrophotometer reading at 545 nm. High performance liquid chromatography
(HPLC) was the technique applied to quantify the presence of organic acids: pyruvate,
oxaloacetate,
citrate,
succinate,
fumarate,
propionate,
acetoacetate
and
β-
hydroxybutyrate in the hemolymph of mollusks exposed to CaCO3. Results revealed
that the calcium concentration in the hemolymph did not present significant difference
(p>0.05) with regard to control as well as to the concentrations assessed. The glucose
concentration decreased (p<0.05) in exposures to 20mg and 40mg and increased in
exposures to 80mg and 100mg of CaCO3 with regard to control. The organic acids
pyruvate, oxaloacetate, citrate, succinate fumarate and lactate had their concentrations
increased; propionate in turn had its concentration decreased set against control in
exposure to CaCO3. In the exposures to the concentrations assessed, acetoacetate
decreased and β-hidroxibutirato increased. Total proteins and urea presented decrease.
The uric acid concentration increased in the exposure to 20mg of CaCO3; the creatinine
concentration increased in the exposures to 40mg and 100mg of CaCO3. It was possible
to conclude that snails exposed to different concentrations of CaCO3 had their major
metabolic alterations occurring from the 14th day of exposure.
Key words: Biomphalaria glabrata, energetic metabolism, calcium carbonate
TABELAS, FIGURAS E ANEXOS
Figura 1 – Concha de Biomphalaria glabrata...........................................................
14
Figura 2 – Mecanismo de transporte de Ca2+ e HCO-3 em célula epitelial de
moluscos aquáticos......................................................................................................
16
Figura 3 – Absorção de Ca2+ exógeno, transporte através da hemolinfa para células
que atuam como reservatório de cálcio........................................................................ 17
Figura 4 – Metabolismo dos corpos cetônicos entre células da glândula digestiva,
hemolinfa
e
células
de
outros
tecidos
em
Biomphalaria
glabrata........................................................................................................................ 22
Figura 5 - Produção e excreção de fumarato, creatinina e uréia em
mamíferos..................................................................................................................... 24
Figura
6
-
Representação
esquemática
do
delineamento
experimental.
Biomphalaria glabrata expostos a concentrações de CaCO3 por 1, 14, 21 e 30
dias...............................................................................................................................
30
MANUSCRITO 1......................................................................................................
34
Figura 1 – Esquema representando os substratos utilizados em vias metabólicas na
obtenção de energia por Biomphalaria glabrata exposto ao CaCO3 ao longo de 30
dias, em relação ao controle...................................................................................
43
Tabela 1 – Concentração de cálcio e glicose (mg/dL) na hemolinfa de
Biomphalaria glabrata exposto a diferentes concentrações de CaCO3 por 1, 14, 21
e 30 dias.................................................................................................................
39
Tabela 2 – Concnetração de ácidos orgânicos (nMol/mL) na hemolinfa de
Biomphalaria glabrata exposto a diferentes concentrações de CaCO3 por 1, 14, 21
e 30 dias.................................................................................................................
40
Tabela 3 - Valores médios de pH na hemolinfa de Biomphalaria glabrata e água
de condicionamento de molusco, no grupo controle e nos grupos expostos ao
CaCO3 nos diferentes intervalos de tempo.................................................................
MANUSCRITO 2......................................................................................................
44
51
Tabela 1 – Concentração de proteínas totais, ureia, ácido úrico e creatinina
(mg/dL) na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a diferentes
concentrações de CaCO3 por 1, 14, 21 e 30 dias........................................................
56
SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS
ATP
Adenosina trifosfato
Acetil-CoA
Acetil coenzima A
Acetoacetil-CoA
Acetoacetil Coenzima A
ADP
Adenosina difosfato
Ca2+- ATPase
Bomba de cálcio – ATPase
CaCO3
Carbonato de cálcio
cAMP
Adenosina monofosfato cíclico
CLAE
Cromatografia líquida de alta eficiência
CO2
Dióxido de carbono
GOD
Glicose oxidase
H+
Ion hidrogênio
HCO3-
Ion bicarbonato
H2CO3
Ácido carbônico
H2 O
Água
HMG-CoA
3-hidroxi-3-metilglutaril-C
Na+/K+
Bomba de sódio e potássio
NAD
Nicotinamida dinucleotídeo
NAD+
Nicotinamida adenina dinucleotído oxidada
NADH
Nicotinamida adenina dinucleotído reduzida
PCr
Fosfato da fosfatocreatina
O2
Oxigênio
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................
11
1.1. Biomphalaria glabrata: Taxonomia, morfologia e fisiologia.............................
11
1.2. Importância do cálcio para moluscos Biomphalaria sp.......................................
14
1.3. Sistema de transporte e armazenamento de cálcio intramolusco.........................
15
1.4. Influência do pH no equilíbrio iônico..................................................................
18
1.5. Metabolismo de Biomphalaria............................................................................
19
1.5.1. Glicólise............................................................................................................
19
1.5.2. Ciclo do ácido tricaboxílico..............................................................................
19
1.5.3. Corpos cetônicos...............................................................................................
21
1.5.4. Produtos nitrogenados......................................................................................
21
1.5.5. Estudos da influência do cálcio no metabolismo de moluscos sob diferentes
condições fisiológicas.................................................................................................
25
2. JUSTIFICATIVA.................................................................................................
26
3. OBJETIVOS.........................................................................................................
28
3.1. Objetivo Geral.....................................................................................................
28
3.2. Objetivos específicos...........................................................................................
28
4. MÉTODOS............................................................................................................
29
4.1. Manutenção de Biomphalaria glabrata...............................................................
29
4.2. Composição dos grupos de estudo.......................................................................
29
4.3. Extração de hemolinfa.........................................................................................
30
4.3.1. Medida do pH da hemolinfa e água de condicionamento de
moluscos....................................................................................................................... 30
4.3.2. Dosagem da concentração de cálcio..................................................................
31
4.3.3. Dosagem da concentração de glicose................................................................. 31
4.3.4. Dosagem da concentração de proteínas totais.................................................... 31
4.3.5. Dosagem da concentração de uréia.................................................................... 31
4.3.6. Dosagem da concentração de ácido úrico..........................................................
32
4.3.7. Dosagem da concentração de creatinina............................................................
32
4.3.8. Estudo do perfil dos ácidos orgânicos................................................................ 32
4.4. Análise Estatística.................................................................................................
33
5. MANUSCRITOS.................................................................................................... 34
5.1. Manuscrito 1- Influência do cálcio no metabolismo energético do molusco
Biomphalaria glabrata................................................................................................. 34
5.1.1. Introdução..........................................................................................................
35
5.1.2. Materiais e métodos...........................................................................................
36
5.1.3. Resultados..........................................................................................................
38
5.1.4. Discussão...........................................................................................................
44
5.1.5. Referências......................................................................................................... 46
5.2. Manuscrito 2- Produtos metabólicos nitrogenados na hemolinfa de
Biomphalaria glabrata exposto a diferentes concentrações de carbonato de cálcio
no meio......................................................................................................................... 52
5.2.1. Introdução..........................................................................................................
53
5.2.2. Materiais e métodos...........................................................................................
54
5.2.3. Resultados..........................................................................................................
55
5.2.4. Discussão...........................................................................................................
58
5.2.5. Referências......................................................................................................... 59
6. CONCLUSÕES......................................................................................................
63
7. REFERÊNCIAS.....................................................................................................
64
8. ANEXOS.................................................................................................................
75
8.1. Cromatogramas....................................................................................................
75
8.2. Parecer do comitê de ética....................................................................................
88
8.3. Comprovante de submissão do manuscrito........................................................... 89
11
1. INTRODUÇÃO
1.1. Biomphalaria glabrata: taxonomia, morfologia e fisiologia
Os moluscos planorbídeos apresentam importância ecológica por ocuparem o segundo
nível trófico alimentar. Servem como fonte de alimento para sanguessugas, crustáceos,
insetos, peixes, anfíbios, aves e roedores, todavia podem viver como saprófitas, adaptando-se
as variações das condições do meio (PARAENSE, 1970; BARBOSA; SIMÕES- BARBOSA,
1994). Esses moluscos possuem muita plasticidade quanto ao habitat, ocorrendo tanto em
ambientes lóticos quanto lênticos (PIERI, 2007), preferem ambientes com águas mais calmas
que favorecem seus hábitos bentônicos (MADSEN, 1985). Estão presentes especialmente em
águas rasas e lênticas, como lagos, lagoas, poços, cisternas, brejos, riachos, valas de irrigação
e de drenagem, onde o substrato pode ser lamacento ou pedregoso e com vegetação flutuante
ou enraizada (BECKER, 1980). A presença e o aumento da população de Biomphalaria sp no
ambiente aquático depende não só de suas características físicas e químicas, mas também do
clima e da fauna existente. A composição do solo, a hidrografia, o clima e a geografia física
de uma dada região têm efeitos significativos na dinâmica de populações destes moluscos
(BARBOSA et al. 1994).
Pertencem ao filo Mollusca, classe Gastropoda, ordem Pulmonata, subordem
Basommathophora, família Planorbidae. O gênero Biomphalaria (bis = dois; omphalos =
umbigo), significa uma depressão, umbigo, em cada lado da concha (SOUZA; LIMA, 1997),
possui 34 espécies identificadas, 22 ocorrem nas Américas e 12 espécies são encontradas na
África (PARAENSE 1975; De JONG et al. 2003). Limita-se a regiões tropicais e subtropicais,
tendo o comércio de plantas aquáticas como a principal via de introdução e dispersão dos
representantes desse gênero no ambiente (MADSEN; FRANDSEN, 1989). Dentre as espécies
descritas, a maioria é encontrada na América do Sul, estudos filogeográficos e filogenéticos
com moluscos do gênero Biomphalaria tem comprovada sua origem sul-americana
(CAMPBELL et al. 2000; De JONG et al. 2001).
No Brasil existem dez espécies e uma subespécie do gênero Biomphalaria, no entanto,
apenas as espécies B. glabrata (SAY, 1818), B. tenagophila (ORBIGNY, 1835) e B.
straminea (DUNKER 1848) têm sido encontradas naturalmente infectadas por S. mansoni
(GUIMARÃES et al. 2009). A espécie B. glabrata é a principal hospedeira por ampla
distribuição geográfica, adaptação a diferentes condições ambientais, assim como, tolerância
12
às grandes variações nas características físicas, químicas e biológicas do ambiente onde vive,
altos índices de infecção e eficácia na transmissão da esquistossomose (CARVALHO et al.
1988; MELLO-SILVA, 2005). Estudos com esta espécie revelaram que o predatismo,
indisponibilidade de alimento (jejum), estivação, uso de moluscicidas e o processo de
infecção com S. mansoni, dentre outros, intereferem diretamente no seu ciclo de vida
(MELLO-SILVA 2005).
Moluscos do gênero Biomphalaria são hermafroditas, no entanto, a reprodução por
fecundação cruzada é preferencial (PARAENSE, 1955). O sistema genital é composto por
órgãos genitais masculinos e feminnos, tendo como órgãos hermafroditas, o ovoteste,
glândula produtora de óvulos e espermatozóides e ovispermiduto (canal para passagem dos
gametas). Os ovos de cor amarela são envolvidos por uma substância gelatinóide muito
transparente, o conjunto adquire um aspecto de cápsula amarelada que se denomina massa
ovígera. O número de ovos em cada massa ovígera varia de um a mais de 100. A eclosão dos
ovos normalmente se inicia sete dias após a postura. Com cerca de 30 dias os moluscos
podem alcançar a maturidade e começam a ovipor, podendo um só indivíduo produzir em
poucos meses milhares de descendentes (SOUZA; LIMA, 1997). A respiração é feita através
do saco pulmonar, pseudobrânquias e tegumento. O coração constituído por um átrio e um
ventrículo, está contido no pericárdio, e o principal órgão de excreção é o rim, sendo que a
urina é eliminada pelo meato do ureter. O sistema nervoso central é formado por pares de
gânglios bucais, cerebrais, pleurais, pedais, parietais e um gânglio visceral, que formam um
anel em torno do esôfago, atrás do saco bucal. O sistema digestório é completo,
compreendendo a massa bucal, glândulas salivares, esôfago, estômago, glândula digestiva,
intestino e ânus (PARAENSE, 1975). A glândula digestiva contém vários túbulos terminados
em fundo cego, revestidos por epitélio colunar, cujas células são altas e apresentam
microvilosidades na região apical. O lúmem dos ácinos da glândula se comunica com o
lúmem do estômago através de ductos. Este órgão apresenta várias funções, incluindo a
digestão intra e extracelular, além de atuar como reservatório de lipídios, glicogênio e
minerais. Atua como principal fonte na produção de enzimas digestivas, absorção e
armazenamento de nutrientes e excreção. Na glândula digestiva ocorre armazenamento e
excreção de reservas inorgânicas, como por exemplo, do íon cálcio (CACECI et al. 1988;
BARKER, 2002; ZARAI et al. 2011; FARO et al. 2013). Células da glândula digestiva
Biomphalaria spp sofrem danos mecânicos e líticos na presença de esporocistos e cercárias de
S. mansoni, que ocupam os espaços intertubulares da glândula, resultando em alterações
13
fisiológicas e metabólicas demonstradas a partir de análises bioquímica e histológica (FARO
et al. 2013). A concha dos moluscos é caracterizada por estrutura externa rígida, com o papel
de suportar e proteger os tecidos que compõem a parte mole, de predadores e suportar a
pressão hídrica do meio em que habitam (Figura 1). Sua formação ocorre a partir da
deposição contínua do nácar, na superfície interna da concha que inicia logo nos primeiros
estágios de desenvolvimento do molusco e seu crescimento é mais ou menos continuo durante
toda a vida (EBANKS et al. 2010). O desenvolvimento ocorre a partir de um núcleo
embrionário denominado protoconha situado no extremo da conha conhecido como bico. A
medida que a concha cresce novas camadas de calcário surgem apostas em redor de seu bordo
numa disposição subparalela a este que vai, então, tornar-se interno e assinalado,
superficialmente, pela linha de crescimento. Esta, portanto, marca a posição de um antigo
bordo da concha que se tornou interno pela aposição de nova camada de calcário no processo
de crescimento (MOREIRA, 2004). O nácar camada interna da concha é constituído por
substância dura e brilhante composta de camadas de conchiolina, uma escleroproteína
complexa formada de queratina, colágeno e elastina secretada pelo molusco e intercalada por
camadas de calcita e aragonita (cristais de carbonato de cálcio), proporcionando alta dureza e
rigidez à concha.
A concha apresenta diferentes camadas de carbonato de cálcio,
normalmente duas, e uma camada orgânica externa, o perióstraco, que protege as camadas
calcárias da dissolução pela água (MARIN; LUQUET, 2004). A matriz inorgânica constituída
por carbonato de cálcio contribui entre 95 a 99% do peso total da concha. Os 1-5% restantes
são representados pela matriz orgânica, composta por polissacarídeos, proteínas,
glicoproteínas e proteoglicanas (MARXEN et al. 2003). Além do cálcio, vários outros
elementos inorgânicos podem ser incorporados à estrutura das conchas, cujas percentagens
variam e podem estar relacionados à temperatura, pH, salinidade e concentração destes
componentes na água do meio em que habitam (MARXEN; BECKER, 2000). Estudos
consistentes sobre a formação orgânica e biomineralização da concha de B. glabrata foram
realizados por Marxen e Becker (2000), revelando aspectos de camadas e o papel do cálcio
nestes processos.
14
Figura 1 – Concha de Biomphalaria glabrata
12 mm
1.2. Importância do cálcio para moluscos Biomphalaria sp.
O cálcio tem sido descrito como um fator limitante na distribuição e adaptação dos
moluscos no ambiente, sua participação na contração muscular, desenvolvimento
embrionário, crescimento, resistência ao ataque de predadores e nas respostas imunológicas é
essencial, além de ser importante na formação da concha, onde fica armazenado na forma de
carbonato de cálcio (DAWIES; ERASMUS, 1984; TUNHOLI et al. 2011). Em processos
metabólicos atua como solução tampão na hemolinfa de moluscos. Por exemplo, ocorre
mobilização de carbonato de cálcio, excretados ou metabolizados na concha para hemolinfa
em resposta à liberação de ácidos orgânicos, podendo ser tóxicos para o molusco. (BECKER,
1980; LIEBSCH; BECKER, 1990; MELLO-SILVA et al. 2006).
Em ambientes minimamente tamponados, com baixa resistência iônica, embriões de
moluscos pulmonados apresentaram desenvolvimento completo direto, emergindo de suas
conchas aproximadamente 10 dias pós-oviposição. O cálcio para suprir as demandas
metabólicas dos embriões em desenvolvimento é proveniente do líquido perivitelino e da
matriz gelatinosa (túnica interna) da massa ovígera, porém, em menos de uma semana essas
fontes se esgotam e passam a utilizar o cálcio do ambiente externo (EBANKS et al. 2010).
Esses moluscos contam com 80% do cálcio dissolvido na água, sendo o restante proveniente
da dieta. Em ambientes onde as concentrações de cálcio são menores que 20 mg/L os
moluscos tem respiração cutânea aumentada e diminuição na motilidade (DALESMAN et al.
2011), limitações no espessamento de suas conchas, as quais lhes fornecem proteção,
15
inclusive contra predadores, contribuindo para diminuição das populações ou mesmo
desaparecimento do grupo (BRIERS, 2003; RUNDLE et al. 2004). Onde o cálcio é limitado a
menos de 50 mg/L, as células do molusco contam com gasto de energia, para a captação de
cálcio do ambiente, necessário à homeostase interna de cálcio, e estes custos são reduzidos
substancialmente em nível de 80 mg/L (GREENAWAY, 1971). Estudos do papel do cálcio
na distribuição de moluscos gastropodes no ambiente é crescente, bem como sua importância
no metabolismo do molusco (JOKINEN, 1983; DAWIES; ERASMUS, 1984; EBANKS et al.
2010; MAGALHÃES et al. 2011; TUNHOLI et al. 2011; AUGUSTO et al. 2012).
1.3. Sistema de transporte e armazenamento de cálcio intramolusco
Após absorção gastrointestinal, o cálcio em alta concentração na hemolinfa é
distribuído para outros órgãos, além de funcionar como sistema tampão em processos
metabólicos (ZELK et al. 1995; SANTOS et al. 2005). O equilíbrio ácido-base é um dos
fatores fundamentais na manutenção da homeostase intramolusco, o que é dependente do
transporte de oxigênio de maneira satisfatória, bem como, da concentração ótima de cálcio
(GREENAWAY, 1971).
Tem sido descritos mecanismos de transporte de íons tanto na hemolinfa como em
nível celular, como os canais de cálcio voltagem-dependentes que são considerados as
principais vias de entrada de cálcio para o líquido intracelular de muitos tecidos excitáveis. A
identificação de diferentes tipos de canais de cálcio bem como o estudo destes em mediar
respostas celulares tem sido realizado. Canais proteicos de cálcio isolados de moluscos
revelaram que estes tipos de canais são altamente seletivos, entre os diversos tipos de canais,
seja por impedir o fluxo de cálcio pelo canal seja pela ativação do canal (DOERING;
ZAMPONI, 2003). No epitélio intestinal e cutâneo dos moluscos o cálcio é absorvido
passivamente. Entretanto, se os níveis de cálcio estiverem abaixo do ótimo, esse mecanismo
ocorre ativamente, ou seja, requer sistema de transporte com gasto de energia (Figura 2).
Assim, é criado um gradiente eletroquímico de cálcio pela atividade basolateral das bombas
de cálcio (Ca2+- ATPase) e sódio e potássio (Na+/K+), facilitado e mantido ainda pela
atividade apical da bomba de H+ com efluxo desse íon, favorecendo a absorção de Ca2+
(PERRY et al. 2003).
Células denominadas hemócitos apresentam importantes funções no metabolismo
iônico do molusco, sendo consideradas por alguns autores, pertencentes a um sistema
específico, que atua na remoção de íons metálicos da hemolinfa, mantendo suas
16
concentrações abaixo dos níveis tóxicos (NAIRAN 1973; LIE et al. 1976; MATRICONGONDRAN, 1990). Estas células são produzidas principalmente, por uma estrutura chamada
de APO (amebocytes produce organ) que é considerada como órgão principal para
hematopoiese, localizada na região entre o pericárdio e o epitélio posterior da cavidade do
manto. Após sua formação, os hemócitos podem ser encontrados tanto na hemolinfa quanto
nos espaços intersticiais de onde se locomovem por movimentos amebóides. Em molusco
infectados os hemócitos mobilizam-se em direção às regiões onde aparecem formas
parasitárias, acumulando-se ao seu redor e formando granulomas (LIE et al. 1976). Em muitas
espécies de moluscos os hemócitos apresentam habilidade de reconhecer e fagocitar materiais
estranhos que são incorporados a lisossomos no citoplasma, e por isto este mecanismo tornouse a base da classificação destas células (RUDDELL, 1971).
Água
Hemolinfa
Célula
Figura 2 – Mecanismo de transporte de Ca2+ e HCO-3 em célula epitelial de moluscos
aquáticos. Na região basolateral da célula (lado esquerdo), influxo de Ca2+ através dos canais
voltagens dependentes (VDCC), antiporte 2H+ e 1Ca2+, excreção de H+ pela bomba de
hidrogênio, difusão de HCO-3 para o meio intracelular. Supõem que bomba de Ca2+
basolateral é responsável pelo transporte de cálcio e HCO-3 através da membrana basolateral
para hemolinfa. Adaptado de EBANKS et al. (2010).
17
Moluscos B. glabrata apresentam em seus tecidos, células de cálcio classificadas em
A, B e C pela natureza de suas inclusões calcárias e distribuição intra-molusco. As células
tipo A se encontram distribuídas ao longo do tecido conjuntivo, ocorrendo em tecidos do
manto e massa visceral, principalmente na glândula digestiva; menor quantidade pode ser
encontrada nos tecidos da massa cefalopediosa; as células tipo B são encontradas em grande
quantidade abaixo do epitélio do pé e quantidade menor dentro do colar do manto e cabeça,
abaixo do epitélio; as células tipo C podem ser encontradas na cabeça, tentáculos e regiões
dorso-lateral do pé, tecido da massa visceral e na concha (DAVIES; ERASMUS, 1984).
O conteúdo dessas células é constituído por substância amorfa de carbonato de cálcio
e magnésio, em pequenas quantidades, que ficam armazenados dentro de vesículas na forma
de grânulos e, aparentemente envolvidas por matriz orgânica que subsequentemente se
fusiona a parte mineralizada. Acredita-se que a enzima anidrase carbônica pode estar
envolvida na formação destes grânulos por ser encontrada próxima a estes (SIMKISS et al.
1982).
Esses depósitos de cálcio são altamente solúveis in vitro, e podem passar para fora das
vesículas através de poros presentes em suas membranas. Estresses fisiológicos podem causar
mobilização das reservas de cálcio in vivo e tem sido observado por diversos autores
(DAVIES; ERASMUS, 1984; MISHKIN; JOKINEN, 1986; BECKER, 1980; PINHEIRO et
al. 2001; TUNHOLI et al. 2011; MAGALHÃES et al. 2011). A mobilização do conteúdo de
cálcio ocorre por processo de dissolução, o qual mantém a saturação dos íons cálcio e
bicarbonato nos fluidos corpóreos (Figura 3), mantendo o equilíbrio do fluxo de cálcio no
meio interno do molusco e ambiente externo (SIMKISS et al. 1982).
18
Figura 3 – Absorção do cálcio exógeno, transporte através da hemolinfa para células que atua
como reservatórios de cálcio intramolusco. Após o cálcio ter sido absorvido pode ocorrer
mobilização resultando em armazenamento de cálcio em vesículas presentes em células do
tecido conjuntivo de moluscos gastrópodes (células de cálcio) e também na concha. O cálcio
pode ser seqüestrado das vesículas e mobilizado da concha para hemolinfa em situações de
estresse fisiológico. Adaptado de SIMKISS et al. (1982).
1.4. Influência do pH no equilíbrio iônico
A acidificação natural e antrópica de ambientes aquáticos resultam em danos para
comunidades que vivem neste ambiente. Invertebrados aquáticos como insetos, crustáceos e
moluscos tornam-se escassos ou extintos em ambientes com pH abaixo de 5,7 (LEWIS et al.
2007). Investigações das respostas fisiológicas de moluscos aquáticos expostos a ambientes
ácidos (abaixo de 5,7) apontam para mortalidade por desequilíbrio eletrolítico ou dissolução
da concha. Para sobreviverem em ambientes com acidificação aguda, moluscos contam com a
19
mobilização de CaCO3 dos reservatórios intracelulares em resposta ao estresse ácido,
tamponando o excesso de H+ na hemolinfa (MACHADO et al. 1988), resultando em aumento
das concentrações de íons HCO3- e Ca2+ (PYNONNEN, 1991). O Ca2+ do ambiente influencia
signifcativamente no pH da hemolinfa assim como nas concentrações desse íon nos diferentes
órgãos que atua como armazenamento de cálcio (DAVIES; ERASMUS, 1984; EWALD et al.
2009; EBANKS et al. 2010).
1.5. Metabolismo de Biomphalaria
1.5.1. Glicólise
A glicólise é uma via central quase universal do catabolismo da glicose, que ocorre em
uma série de reações catalizadas por enzimas para liberar duas moléculas do piruvato.
Durante as reações seqüenciais da glicólise, parte da enrgia livre liberada da glicose é
conservada na forma de ATP e de NADH (LEHNINGER, 2006).
Moléculas de glicose são o principal combustível da maioria dos organismos e ocupa
uma posição central no metabolismo. Em moluscos são armazenadas na forma de glicogênio
que se coloca como material de reserva em órgãos como glândula digestiva e massa
cefalopediosa
e,
transportados
através
da
hemolinfa
aos
tecidos
do
molusco
(LIVINGSTONE; De ZWAAN, 1983; PINHEIRO, 1996; MELLO-SILVA et al. 2010).
Ácidos orgânicos produzidos nas vias catabólica (glicólise) e anabólica (gliconeogenese) são
importantes componentes do metabolismo intermediário na produção de energia. No
metabolismo de B. glabrata o piruvato é o produto final da glicólise que através da piruvato
desidrogenase resulta em acetil CoA, um importante elemento no ciclo do ácido tricarboxílico
(ATC) na catabolização dos carboidratos de forma geral e ativação da cadeia respiratória,
gerando a energia necessária (ATP) (LIVINGSTONE; De ZWAAN, 1983).
1.5.2. Ciclo do ácido tricarboxílico
Um grupo acetil do acetil-coenzima A, resultante da oxidação do piruvato são
introduzidos no ciclo do ATC, o acetil-CoA transfere seu grupo acetil para o oxaloacetato,
para formar o citrato. O citrato é então transformado em isocitrato, e este é desidorgenado,
com perda de CO2, para formar α-cetoglutarato. Este último perde CO2 e libera succinato que
é oxidado a fumarato que sofre hidratação para produzir malato que por sua vez é oxidado a
oxaloacetato (LEHNINGER, 2006).
20
A importância do ciclo ATC no metabolismo de B. glabrata infectado e não-infectado
foi demonstrado por Bezerra et. al. (1999) e Massa et al. (2007). Em condições
ecofisiológicas adversas como jejum, estivação, infecção por S. mansoni, dentre outros, esses
moluscos passam por alterações na glicogênese, gliconeogênese e glicólise (BEZERRA et al.
1999; MELLO-SILVA et al. 2010).
Estudos da caracterização e alterações nas concentrações dos ATC na hemolinfa de B.
glabrata sob infecção por larvas de Echinostoma paraensei, demonstraram baixas
concentrações de piruvato e aumento na concentração de lactato de moluscos infectados
comparado com não-infectados, confirmando a ativação do metabolismo anaeróbico como via
alternativa na produção de energia (TUNHOLI et al. 2011). Aumento na concentração de
oxalato na hemolinfa de B. glabrata infectado por S. mansoni, sugeriu desacelaração do ciclo
do ATC, consequentemente do metabolismo aeróbio (BEZERRA et al. 1997; TUNHOLI et
al. 2013).
No metabolismo de B. glabrata, o piruvato é o produto final da glicólise que através
da piruvato desidrogenase resulta em acetil-CoA, um importante elemento no ciclo do ácido
tricarboxílico na catabolização dos carboidratos de forma geral e ativação da cadeia
respiratória, gerando a energia necessária (ATP) para manutenção das funções vitais.
Oxaloacetato e acetil CoA por meio da citrato sintase resultará na ativação do ciclo do ATC
(ALP et al. 1976). Estudos com essa espécie demonstraram que malato e fumarato,
respectivamente, podem ser convertidos para succinato sendo este o produto final do
metabolismo de uma inversão parcial do ciclo e este último como produto final do
metabolismo (De ZWAAN; ZANDEE, 1972; HOCHACHKA, 1983). Essa inversão
ocasionará a oxidação do piruvato para acetato que sob condições anaeróbicas poderá ser um
dos produtos finais do metabolismo.
Baixas concentrações de succinato em B. glabrata infectado foram interpretadas como
redução de malato a succinato via fumarato redutase, promovendo uma inversão do ciclo do
ATC. O succinato resultante foi metabolizado a propionato resultando em produção de
energia e manutenção do balanço redox (TIELENS, 1994).
A concentração dos ácidos orgânicos na hemolinfa de B. glabrata pode indicar ainda
qual substrato está sendo utilizado na produção de energia, por exemplo, carboidratos como
fonte de energia por via aeróbica, moluscos sob anoxia podem acionar ou redirecionar seu
fluxo metabólico em sentido anaeróbio, utilizando aminoácidos e ácidos graxos como
21
substratos na gliconeogênese e em menor escala o uso de corpos cetônicos (BEZERRA et al.
1999).
1.5.3. Corpos Cetônicos
Em B. glabrata, os corpos cetônicos provenientes da glândula digestiva podem ser
utilizados como substratos energéticos para outros tecidos, através da cetólise. A formação do
acetoacetato (Figura 5), ocorre por condensação enzimática de duas moléculas de acetil-CoA
catalisada pela tiolase, o acetoacetil-CoA consdensa-se em acetil-CoA para formar o βhidroxi-β-metilglutaril-CoA (HMG-CoA) o qual é quebrado para formar acetoacetato livre e
acetil-CoA. O acetoaceto livre assim produzido é reduzido em D- β-hidroxibutirato por meio
de uma reação reversível catalisada pela D- β-hidroxibutirato desidrogenase, uma enzima
mitocondrial (MEYER et al. 1986). Apesar de a oxidação de ácidos graxos ser a principal
fonte de corpos cetônicos, eles também são gerados do catabolismo de certos aminoácidos,
tais como: leucina, isoleucina, lisina, triptofano, fenilalanina e tirosina. Esses aminoácidos são
denominados cetogênicos, porque suas cadeias carbônicas são catabolizadas a acetil-CoA ou
acetoacetil-CoA, substratos para a síntese de corpos cetônicos (MOTTA, 2005).
A concentração de corpos cetônicos em moluscos apresenta um padrão bastante
diferente do encontrado em outros animais no mesmo estado fisiológico, ou seja, em
moluscos alimentados a concentração de corpos cetônicos é alta, com decréscimo após cinco
dias em estivação (BECKER; LΫTH, 1977).
Meyer et al. (1986),
relataram alta atividade das enzimas da cetólise na massa
cefalopediosa de B. glabrata infectado por larvas de S. mansoni, sugerindo o uso de corpos
cetônicos como substrato energético em condições de estresse fisiológico pelos tecidos
muscular e nervoso presentes nessa região.
1.5.4. Produtos Nitrogenados
Os moluscos B. glabrata excretam íons amônio sob condições fisiológicas normais, e
sob estresse fisiológico ocorre alteração no padrão de excreção para ureotélico (uréia) ou
uricotélico (ácido úrico), devido a acelaração da via da uréia. Amônia e aminoácidos são
geralmente transportados pela hemolinfa para lugares onde possam ser excretados ou
metabolizados. A concentração desses produtos na hemolinfa pode indicar a atividade do
metabolismo das proteínas e ácidos nucléicos em um animal exposto a situação de estresse,
resultando na produção de uréia, amônia ou ácido úrico (BECKER, 1983). Mudanças na
22
degradação dos produtos nitrogenados são resultantes de um mecanismo de adaptação do
molusco a condições adversas, sendo o ácido úrico um metabólito menos tóxico para
moluscos aquáticos (BECKER, 1983; MELLO-SILVA, 2010).
Figura 4 – Metabolismo dos corpos cetônicos entre célula da glândula digestiva, hemolinfa e
células de outros tecidos em Biomphalaria glabrata. 1 – Acetil-CoA-acetiltransferase, 2 - 3hidroxi-3-metilglutaril-CoA-sintase, 3- hidroxi--metilglutaril-CoA-liase, 4- hidroxibutiratodesidrogenase a, HB – hidroxibutirato, 5-succinil-CoA-transferase, Acac – acetoacetato,
Adaptado de Meyer et al. (1986).
A uréia é o principal produto de excreção do excesso de nitrogênio proveniente do
catabolismo dos aminoácidos. Sua síntese em moluscos ocorre via ciclo arginina-ornitinauréia (OUC), este ciclo apresenta quatro (4) passos enzimáticos: A ornitina recebe o grupo
carbamil do fosfato e forma a citrulina, com a liberação de Pi. Essa reação é catalisada pela
enzima ornitina-transcarbamoilase. Um segundo grupo amido, originado do aspartato, é
adicionado à citrulina, formando argininosuccinato. Essa reação é catalisada pela enzima
citosólica arginino succinato sintetase, e consome ATP. O argininosuccinato é degradado por
uma argininosuccinase, liberando arginina e fumarato. A enzima citosólica arginase hidrolisa
a arginina, formando ornitina e uréia. Estudos do metabolismo do molusco terrestre Achatina
fulica revelou eficiência na taxa de síntese de uréia, bem como, na regulação das atividades
23
das enzimas OUC em respostas a situações de estresses fisiológicos resultante da
desintoxicação da amônia (HIONG et al. 2005).
O ácido úrico que é também o produto final da degradação de purina e nucleotídeos é
excretado por moluscos, nos quais podem ainda, atuar como anti-oxidante não enzimático
(BECKER, 1993).
Outra substância excretada por moluscos é a creatinina, composto orgânico
nitrogenado e não protéico, que surge como produto do ciclo da uréia (Figura 5) ou a partir
da quebra do fosfato de creatina (CIAN et al. 2000), via pela qual a creatinina surge como
propduto final é o circuito creatina-cinase-fosfatocreatina, que atua como um termostato
bioenergético repondo rapidamente o ATP nos tecidos em caso de alta demanda. Quando o
ATP é rapidamente esgotado, a creatina-cinase catalisa a doação de um grupo fosfato da
fosfatocreatina (PCr) para ADP, produzindo mais ATP para suprir as necessidades
energéticas. Por outro lado, quando a energia é liberada, um grupo fosfato individual é clivado
do ATP, fazendo com que a creatina se junte a PCr. Dessa forma, trata-se de uma reação
reversível tendo como produto final creatinina que é excretada (ALLEN, 2011).
24
Figura 5 - Produção e excreção de fumarato, creatinina e uréia em mamíferos. A oxidação de
proteínas, gorduras e carboidratos gera Acetil-CoA utilizado no ciclo do ácido tricarboxílico.
O catabolismo de aminoácidos gera glutamato utilizado no ciclo da uréia. C. citoplasma. E.
produtos finais do metabolismo excretados. M. mitocôndria. Setas pontilhadas indicam
substâncias absorvidas por processo ativo que passam por reações catabólicas no citoplasma
(VINAUD, 2007).
Sob condições fisiológicas normais, B. glabrata, excreta íons amônio, e sob estresse
fisiológico ocorre alteração no padrão de excreção para ureotélico ou uricotélico, devido
acelaração da via da uréia (BECKER, 1983). A síntese máxima de uréia, bem como, a
incorporação de purinas (guanina e ácido úrico), coincide com os níveis mínimos de proteínas
na hemolinfa (RUPPRECHT et al. 1989). Os compostos aminos excretados pelo molusco, são
reciclados no interior da cavidade do manto por correntes inalantes e exalantes (MELLOSILVA et al. 2010). Adaptações anatômicas, fisiológicas, bioquímicas e ecológicas auxiliam
na recuperação de aminoácidos perdidos pelo molusco durante a excreção (THOMAS;
EATON, 1998).
25
1.5.5. Estudos da influência do cálcio no metabolismo de moluscos sob diferentes
condições fisiológicas
Estudo da influência do cálcio proveniente de fontes exógenas tem sido realizado
desde a década de 70 por Greenaway (1971). O molusco aquático Elimia flava, apresentou
diferentes respostas fisiológicas quando submetido experimentalmente a diferentes
concentrações de CaCO3 (EWALD et al. 2009). Ao caracterizar o mecanismo de aquisição de
Ca2+, HCO3-, CO32- necessários para o processo de calcificação da concha de embriões do
molusco L. stagnalis, Ebanks et al. (2010), concluíram que a obtenção desses produtos estão
estreitamente interligados; de acordo com esses autores os embriões vão necessitar de Ca2+
exógeno apenas quando os estoques materno presente no fluido vitelínico se esgotarem; mas
ele podem utilizar o HCO3- endógeno produzido a partir da hidratação da anidrase carbônica
Davies e Erasmus (1984), identificaram em tecidos de B. glabrata células de cálcio,
classificadas pela natureza de suas inclusões calcárias e distribuição intra-molusco em A, B e
C. A influência do parasitismo por larvas de S. mansoni e Angiostrongylus cantonensis
(Nematoda), nas reservas de cálcio de B. glabrata foi avaliada por Tunholi-Alves et al.
(2012). A mobilização do cálcio da concha para hemolinfa em B. glabrata exposto a
diferentes soluções de CaCO3, em diferentes intervalos de tempo, foi observado por
Magalhães et al. (2011), os quais concluiram que ocorre mobilização frequente de cálcio nos
sítios intramolusco de acordo com a quantidade de cálcio disponível no ambiente. O efeito da
exposição ao CaCO3, na emergência de cercárias por B. glabrata experimentalmente
infectados por S. mansoni, foi avaliado por Augusto et al. (2012), os autores descreveram que
a sobrevivência dos moluscos infectados foi diretamente associada a quantidade de carbonato
de cálcio e a emergência de cercárias foi inversamente proporcional a quantidade de
carbonato de cálcio.
Estudos da influência do CaCO3 no metabolismo energético de B. glabrata com ênfase
nos substratos utilizados para obtenção de energia, bem como,o perfil dos ácidos orgânicos e
suas vias metabólicas essenciais, vem somar aos estudos já realizados.
26
2. JUSTIFICATIVA
Os moluscos planorbídeos apresentam importância ecológica por ocuparem o segundo
nível trófico alimentar. Servem como fonte de alimento para alguns animais invertebrados e
vertebrados (PARAENSE, 1970; BARBOSA, 1994). Esses moluscos têm como habitat o
ecossistema límnico, o qual apresenta características ecológicas que permitem a manutenção
dos mesmos neste ambiente. A Biomphalaria glabrata, como as demais espécies hospedeiras
do S. mansoni no Brasil, sobrevivem em diferentes tipos de habitas, preferencialmente em
águas rasas, lênticas e lóticas de baixa correnteza (PIERI; JURBERG et al. 1980).
Quanto aos aspectos físico-químicos da água apresentam altos limites de tolerância,
adaptando-se a diferentes características dos sistemas dulcícolas. As concentrações de cloreto
de sódio, cálcio e magnésio influenciam diretamente a permanência dos moluscos nestes
ambientes. Atuam como bioindicadores de qualidade ambiental de corpos aquáticos (ABÍLIO
et al. 2007), e a dinâmica de populações destes moluscos sofre influência de fatores como
composição do solo, a hidrografia, o clima e a geografia de uma dada região (BARBOSA et
al. 1994). Por exemplo, um fator limitante ao desenvolvimento de B. glabrata no meio
límnico, é a baixa tensão de oxigênio provocada pelos resíduos orgânicos jogados neste meio
e pelo aumento de produtos nitrogenados oriundos de processos de decomposição. Como um
ser anaeróbico facultativo, é capaz de sobreviver por curtos períodos em micro ambientes com
pequena ou nenhuma quantidade de oxigênio, enquanto se alimenta. Podem sobreviver longos
períodos em ambientes com fluxos diferentes de oxigênio (diurnos e sazonais). Os moluscos
podem se beneficiar e proporcionar ao meio produtos finais do metabolismo. As mudanças
metabólicas destes organismos estão associadas às condições ambientais.
O estudo dos elementos químicos se justifica pela participação indispensável nos
processos vitais desses moluscos, sendo os metais cobre, ferro, zinco e manganês essenciais
no metabolismo celulares de B. glabrata. Dentre os elementos maiores, o cálcio, objeto do
presente estudo, é o que tem se mostrado mais influente na vida de Biomphalaria motivo
pelo qual se tornou o elemento mais analisado tanto nos criadouros naturais (ROSA, 1987;
SOUZA et al. 1998; SILVA et al. 2001), quanto em condições de laboratório DAVIES;
ERASMUS, 1984; MAGALHÃES et al. 2011; AUGUSTO et al. 2012; TUNHOLI-ALVES et
al. 2012).
27
A concentração de cálcio, assim como, de ácidos orgânicos estudados na hemolinfa
pode indicar qual substrato e sua respectiva via metabólica está sendo utilizado na produção
de energia, por exemplo, carboidratos como fonte de energia por via aeróbia, ou
alternativamente anaeróbia (BEZERRA et al. 1999; MAGALHÃES et al. 2011; TUNHOLIALVES, 2013).
No metabolismo das proteínas, a uréia é o principal produto de excreção do excesso de
nitrogênio proveniente do catabolismo dos aminoácidos (IONG et al. 2005). Quando B.
glabrata encontra-se sob condições de estresse, por exemplo, jejum ou infecção por S.
mansoni ocorre alteração no padrão de excreção para ureotélico ou uricotélico, devido
acelaração da via da uréia. A relevância destas observações no presente trabalho pode ajudar
na compreensão de como este metabolismo no molusco pode atuar como um mecanismo antioxidante (BECKER, 1993). Em invertebrados, a creatinina pode originar como produto
intermediário do ciclo da uréia ou do catabolismo do fosfato de creatina.
Portanto, a exposição de B. glabrata às diferentes concentrações de CaCO3, pode
fornecer respostas as condições fisiológicas em que o molusco se encontra, bem como, as
possíveis alterações metabólicas desencadeadas podem subsidiar uma melhor compreensão da
relação de B. glabrata com o meio e outros organismos.
28
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo geral
Efeito das diferentes concentrações de carbonato de cálcio nos meio exógeno e
endógeno de B. glabrata, bem como, em substratos e produtos do metobolismo energético do
molusco.
3.2. Objetivos específicos
Avaliar o pH da hemolinfa e água de condicionamento de B. glabrata exposto às
diferentes concentrações de carbonato de cálcio, assim como, a concentração de cálcio,
glicose, dos ácidos orgânicos piruvato, oxaloaceato, citrato, fumarato, malato, succinato,
propionato, acetoacetato, β-hidroxibutirato, a concentração de proteínas totais, ureia, ácido
úrico e creatinina na hemolinfa desses moluscos.
29
4. MÉTODOS
4.1. Manutenção de Biomphalaria glabrata
Foram utilizados neste trabalho, B. glabrata linhagem procedente de Belo Horizonte
(BH), cedidas pelo Laboratório de Esquistossomose Experimental da Fundação Oswaldo
Cruz, Instituto Oswaldo Cruz RJ em julho de 2011. Os exemplares foram mantidos no
laboratório de Malacologia do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) em
aquários de polietileno contendo 8 L de acordo com Bezerra et al. (1999) e Magalhães et al.
(2011a). Os aquários foram monitorados diariamente e lavados uma vez por semana. Os
moluscos foram alimentados ad libitum, com folhas frescas de alface (Lactuca sativa),
previamente lavadas em água corrente (água de condicionamento de moluscos).
Este trabalho foi submetido e aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais CEUAPRPPG-UFG, com protocolo n. 083/12 (Anexo 2)
4.2. Composição do grupo de estudo
Para compor o grupo de estudo foram utilizados 360 moluscos com diâmetro médio de
concha de 8 mm. Os moluscos foram retirados aleatoriamente dos aquários de manutenção e
foram alocados em caixas plásticas (Figura 5) contendo, 20 mg/L, 40 mg/L, 60 mg/L, 80
mg/L ou 100 mg/L de CaCO3 em 4 L de água. O CaCO3, pesado previamente, foi colocado
primeiro na caixa e depois acrescentou-se a água para melhor solubilização do CaCO3. As
caixas identificadas com o respectivo tratamento continham 60 moluscos, alternando entre
indivíduos presentes na superfície e fundo do aquário. Semanalmente, as caixas foram lavadas
tendo a água e as concentrações de CaCO3 renovadas. Para cada grupo controle foram
seguidos os mesmos procedimentos e quantidade de moluscos utilizados para os grupos
expostos ao CaCO3, porém, mantidos em água sem CaCO3. Os períodos de exposição ao
CaCO3 foram de 1,14, 21 ou 30 dias, nos referentes períodos foram retirados 15 moluscos de
cada grupo para extração da hemolinfa, sendo esta acondicionada em microtubos.
30
Moluscos
alocados em seus
respectivos
grupos
0
Período de exposição a 20 mg, 40 mg, 60
mg, 80 mg ou 100 mg de CaCO3
1o dia
14o dia
21º dia
n = 15
n = 15
n = 15
Extração da
hemolinfa
Extração da
hemolinfa
Extração da
hemolinfa
30º dia
n = 15
Extração da
hemolinfa
Figura 6 – Representação esquemática do delineamento experimental. B. glabrata exposto a
concentrações de CaCO3 por 1, 14, 21 ou 30 dias.
4.3. Extração da hemolinfa
Para a extração da hemolinfa os moluscos tiveram suas conchas limpas e secas com papel
absorvente. Em seguida, com auxílio de uma seringa de 1mL, uma agulha 0,7x25 (tipo 22G
1”) foi introduzida a na cavidade pericárdica de cada indivíduo, a retirada da hemolinfafoi
realizada com o auxílio de um microscópio estereoscópico Zeiss STEMI DV4. A hemolinfa
coletada foi acondicionada em microtubos de 1mL e mantidas em gelo. Para cada grupo,
foram sacrificados 15 moluscos nos períodos pré-estabelecidos dos quais obteve-se amostras
compostas de hemolinfa, cada amostra continha hemolinfa de 5 indivíduos do mesmo grupo
experimental, resultando num total de 3 amostras por grupo em cada período.
4.3.1. Medida do pH da hemolinfa e água de condicionamento de molusco
Para realização das medidas de pH da hemolinfa foram utilizadas fitas para medir pH
Merck®. As medidas de
pH da água de condicionamento de moluscos foram obtidas
utilizando pHametro digital de bancada PHS-3B Phtek.
31
4.3.2. Dosagem da concentração de cálcio na hemolinfa
A concentração de cálcio foi obtida por colorimetria (Lambert-Beer), utilizando o kit
cálcio Liquiform LABTEST® (BURTIS, 1986), foi utilizado o reagente 1 - tampão 920
nmol/L, pH 12; reagente 2 – o-cresolftaleína complexona 320 µmol/L, 8-hidroxiquinoleína 13
mmol/L e ácido clorídrico 130 mmol/L; padrão – cálcio 10 mg/dL (formol 0,1%) e 0,02 mL
de hemolinfa. A leitura da concentração de cálcio foi realizada em espectrofotômetro (BIO
2000©), da marca BIOPLUS®, em 545 nm.
4.3.3. Dosagem da concentração de glicose
A dosagem da concentração de glicose na hemolinfa dos moluscos B. glabrata foi
realizada por colorimetria (Lambert-Beer), utilizando o kit glicose Liquiform LABTEST®
(YONG, 1993), em cujo princípio, a enzima glicose oxidase (E.C. 1.1.3.4) catalisa a oxidação
da glicose de acordo com a seguinte reação: Glicose + O2 + H2O
GOD
ácido glucônico +
H2O2. Utilizou-se reagente contendo tampão fosfato 30 mmol/L, pH 7,5; fenol 1 mmol/L;
glicose oxidase ≥ 1000U/L, peroxidase ≥ 800 U/L; 4-aminoantipirina ≥ 290 µmol/L; azida
sódica 7,5 mmol/L, surfactates e 0,01 mL de hemolinfa. A leitura foi realizada em
espectrofotômetro (BIO 2000©), da marca BIOPLUS®, em 545 nm.
4.3.4. Dosagem da concentração de proteínas totais
A concentração de proteínas totais foi obtida utilizando o kit de proteínas totais
LABTEST®, através da reação de Biureto (WEICHSELBAU, 1946). A mistura de 0,05 mL
de hemolinfa com 2,5 mL de reagentes (600 mmol/L, 12 mmol/L de sulfato de cobre,
estabilizador e antioxidante), foram homogeinizados e incubados a 370C por 10 minutos. Na
sequência a leitura foi realizada em espectrofotômetro (BIO 2000©), da marca BIOPLUS®,
em 545 nm.
4.3.5. Dosagem da concentração de ureia
A concentração de ureia foi obtida através do kit de ureia LABTEST®. Para a análise
utilizou-se, solução contendo: reagente 1 - tampão alcalino 20 mmol/L, pH 10,0; 2cetoglutarato 16 mmol/L; NADH 300 µmol/L; azida sódica 30,8 mmol/L e surfactante;
reagente 2 -
tampão 380 mmol/L, pH 8,0; urease (E.C. 3.5.1.5) ≥50000 U/L; GLDH
≥3750U/L; azida sódica 14,6 mmol/L, conservante e surfactante; solução padrão contendo 70
mg/dL de ureia e 7,7 mmol/L de azida sódica. Foi adicionado à mistura uma gota de urease e
32
0,01 mL de hemolinfa (CONNERTY et al. 1955). Posteriormente, a solução foi
homogeinizada e incubados a 37ₒC por 5 minutos, e a leitura foi realizada em
espectrofotômetro (BIO 2000©), da marca BIOPLUS®, em 545 nm.
4.3.6. Dosagem da concentração de ácido úrico
A concentração de ácido úrico foi dosada através do kit de ácido úrico LABTEST®,
pela metodologia enzimático-Trinder. Para a análise utilizou-se, solução contendo: reagente 1
- (tampão 80 mmol/L pH 7,0, 4-aminoantipirina 0,82 mmol/L, peroxidase ≥16000 U/L, azida
sódica 0,8 mmol/L e octil fenol polioxietanol 1 g/L; reagente 2 – (tampão tampão 80 mmol/L
pH 7,0, DHBS 10 mmol/L, uricase (E.C. 1.7.3.3) ≥ 500 U/L, octil fenol polioxietanol 1 g/L e
azida sódica 0,8 mmol/L; padrão – ácido úrico 6,0 mg/dL (BISHOP et al. 1996).
Posteriormente, acrescentou-se 0,02 mL de hemolinfa à solução que foi homogeinizada e
incubados a 37ₒC por 5 minutos, e a leitura foi realizada em espectrofotômetro BTS 370© em
545 nm.
4.3.7. Dosagem da concentração de creatinina
A concentração de creatinina foi dosada utilizando o kit de creatinina da marca
DOLES®, método Jaffé modificado (HENRY, 1996). A amostra foi preparada em um bécker,
adicioando: 2,0 mL de reagente Pícrico; 8,0 mL de água destilada, 8 gotas de solução alcalina
e homogeinizada por 5 minutos. Os reagentes foram homogeinizados aguardando por 5
minutos. Na sequência 1 mL da solução reagente foi transferida para um tubo de ensaio,
acrescentando 0,01 mL de hemolinfa, a mistura foi homogeinizada com ligeira agitação.
Posteriormente, a solução foi aferida em espectrofotômetro (BIO 2000©) da marca
BIOPLUS®, em 545 nm.
4.3.8. Estudo do perfil dos ácidos orgânicos
Para o estudo do perfil dos ácidos orgânicos, as amostras de hemolinfa armazenadas
em microtubos foram conservadas em gelo, na sequência foram centrifugados (120 g/5 min,
2°C) para separar hemócitos e partículas teciduais dos moluscos (BEZERRA et al. 1999).
Os ácidos orgânicos foram extraídos por meio de uma pequena coluna de troca iônica,
o Bond Elut® (coluna Varian). Com auxílio de uma bomba a vácuo, esta coluna de extração
foi ativada com 1 mL de HCl (0,5 mol/L), 1 mL de metanol e 2 mL de H2O ultrafiltrada. Em
seguida, 250 µL da amostra foram aplicados à coluna iônica.
33
Após a aplicação da amostra, foram acrescentados 2 mL de água ultrafiltrada e
retirado o Bond Elut® do vácuo. Na sequência, foram adicionados 250 µL de H2SO4 (0,5 M) e
centrifugado a 500 g (aproximadamente 2000 rpm) por cinco minutos a 2°C.
A amostra resultante foi submetida à análise de cromatografia líquida alta eficiência
(CLAE – Varian ProStar) com uma coluna de exclusão BIORAD-Aminex íon exclusion HPX
– 87H (300 X 7,8 MM). A coluna de separação é protegida por uma pré-coluna BIORADAminex HPX – 85. O eluente utilizado na fase móvel foi o ácido sulfúrico (5 mmol/L) à
temperatura de 25° a 30°C, com vazão de 0,6 mL/min, acoplado a um detector UV/visível em
comprimento de onda de 210 nm. Cada amostra foi injetada num volume de 50 µL
(BEZERRA et al. 1997).
O tempo de retenção dos ácidos orgânicos e as áreas dos picos das substâncias
detectadas foram calculados por um programa computadorizado acoplado ao cromatógrafo:
Star Chromatography Workstation 5.0 Varian, fornecendo sua concentração nas amostras. Os
ácidos orgânicos foram identificados de acordo com o tempo de retenção e com calibração
previamente realizada no CLAE utilizando-se padrões para piruvato e lactato, indicadores da
glicólise, citrato, α-cetoglutarato, succinato, fumarato, malato e oxaloacetato, substâncias do
ciclo do ácido tricarboxílico; β-hidroxibutirato, acetoacetato, acetato e propionato,
relacionados ao catabolismo de ácidos graxos (BEZERRA et al. 1999; VINAUD et al. 2007).
Após a leitura dos ácidos na CLAE, obteve-se a concentração dos ácidos orgânicos em
nmol/mL.
4.4. Análise estatística
Os resultados deste estudo foram analisados pela ANOVA bifatorial [Fator 1:
concentração de carbonato de cálcio; Fator 2: dias de exposição], seguida pelo teste de
comparações múltiplas Tukey. O nível de significância adotado em todos os experimentos foi
de p<0,05. Foi utilizado o Programa STATISTICA versão 7.1 (STATSOFT, 2007).
34
5. MANUSCRITOS
5.1. Manuscrito 1
INFLUÊNCIA DO CÁLCIO NO METABOLISMO ENERGÉTICO DO MOLUSCO
Biomphalaria glabrata.
Resumo
O cálcio é considerado um elemento essencial no metabolismo do molusco aquático
Biomphalaria glabrata, e tem sido descrito como um fator limitante na distribuição e
adaptação desse molusco no ambiente. Este estudo teve por objetivo avaliar a influência da
biodisponibilidade de cálcio sobre a concentração de glicose, dos ácidos orgânicos piruvato,
alguns intermediários do ciclo do ácido tricarboxílico e de cálcio na hemolinfa de B. glabrata
sob exposição a diferentes concentrações de
CaCO3 (20, 40, 60, 80 e 100 mg/L), em
diferentes intervalos de tempo: 1, 14, 21 e 30 dias. Foram utilizados moluscos com 60 dias de
vida, distribuídos em seis grupos, cinco expostos a diferentes concentrações de CaCO3 (20,
40, 60, 80 e 100mg/L) e um controle. Os exemplares foram sacrificados por meio de punção
cardíaca para extração da hemolinfa, nos períodos descritos. As concentrações de cálcio e
glicose na hemolinfa foram determinadas usando-se kits de diagnóstico (Liquiform
LABTEST®). Os ácidos orgânicos foram extraídos por meio da coluna de troca iônica, o
Bond Elut® (coluna Varian), e a amostra resultante foi submetida à análise de cromatografia
líquida alta eficiência (CLAE – Varian ProStar) com uma coluna de exclusão BIORADAminex íon exclusion HPX – 87H (300 X 7,8 MM). Os resultados demonstraram que a
concentração de cálcio na hemolinfa não apresentou diferença significativa (p>0,05) em
relação ao controle, bem como, entre as concentrações testadas. A concentração de glicose
diminuiu (p<0,05) nas exposições a 20mg e 40mg e aumentou nas exposições a 80mg e
100mg de CaCO3 em relação ao controle e demais concentrações testadas ao longo de 30 dias.
Os ácidos orgânicos piruvato, oxaloaceato, citrato, succinato, fumarato, β-hidroxibutirato e
lactato tiveram suas concentrações aumentadas, propionato e acetoacetato tiveram suas
concetrações diminuída comparada ao controle na exposição ao CaCO3. De maneira geral a
influências dos diferentes períodos de exposição ao CaCO3, nas concentrações das substâncias
analisadas foi a de 14 dias. Conclui-se que as exposições ao CaCO3 influenciaram na redução
de glicose, sendo esta metabolizada a piruvato produto final da glicólise. Os ácidos orgânicos
dosados na hemolinfa de B. glabrata sugerem adaptações fisiológicas e servem de indicadores
de um funcionamento aeróbio ou parcialmente anaeróbio.
35
5.1.1. Introdução
Os moluscos gastrópodes atuam como bioindicadores da qualidade ambiental de
corpos aquáticos (ABÍLIO et al. 2007), sendo influenciados por diversos fatores como:
elementos químicos dissolvidos na água, a hidrografia, a composição do solo, o clima e a
geografia física de uma dada região (BARBOSA et al. 1994). Os elementos químicos têm
participação indispensável nos processos vitais dos moluscos, sendo os metais cálcio, cobre,
ferro, zinco e manganês essenciais no metabolismo celulares destes organismos.
A espécie Biomphalaria glabrata tem sido utilizada como modelo de estudos em
ecologia, toxicologia e parasitologia, por ocupar o segundo nível trófico alimentar , servir
como fonte de alimento para alguns animais invertebrados e vertebrados (PARAENSE, 1970;
BARBOSA, 1994), atuar como bioindicadora de contaminação de ambientes dulcícolas
(CANTINHA et. al. 2010), e por ser a principal espécie hospedeira intermediária do ciclo do
parasito Schistosoma mansoni (SOUZA; CLARK, 1997) no Brasil.
Dentre os elementos, o cálcio tem sido o mais analisado em Biomphalaria tanto nos
criadouros naturais (ROSA, 1987; SOUZA et al. 1998; SILVA et al. 2001), quanto em
condições de laboratório (DAVIES; ERASMUS, 1984; MAGALHÃES et al. 2011a;
MAGALHÃES et al. 2011b; AUGUSTO et al. 2012; TUNHOLI-ALVES et al. 2012),
demonstrando
a
sua
importância na formação
da concha,
contração
muscular,
desenvolvimento embrionário, crescimento, resistência a predadores e nas respostas
imunológicas. Além de ser importante nos processos metabólicos como solução tampão e cofator para ativação de enzimas envolvidas nas vias metabólicas da glicólise e ciclo do ácido
tricarboxílico (TCA) (BECKER, 1980; LIEBSCH; BECKER, 1990; MELLO-SILVA et al.
2006; TUNHOLI et al. 2011).
Para a produção de energia, B. glabrata utiliza a glicose disponível na hemolinfa e
armazenada sob a forma de glicogênio em órgãos como glândula digestiva e massa
cefalopediosa (SCHWARTZ; CARTER, 1982; LIVINGSTONE; ZWAAN, 1983; MELLOSILVA et al. 2010). Em condições de estresse fisiológico, como jejum, estivação, infecção e
expostos a moluscicidas, os moluscos utilizam fontes alternativas de glicose como lipídeos e
proteínas (MELLO-SILVA et al. 2011; TUNHOLI et al. 2013).
Ácidos
orgânicos
produzidos
nas
vias
catabólica
(glicólise)
e
anabólica
(gliconeogênese) são importantes componentes do metabolismo intermediário e indicam a via
metabólica utilizada. Em condições aeróbicas são observadas na hemolinfa altas
concentrações dos ácidos piruvato, oxalacetato, citrato, succinato, fumarato e malato,
36
indicando a ativação do ciclo do ácido tricarboxílico (TCA). Em vias alternativas de produção
de energia são observadas aumento nas concentrações de corpos cetônicos, sendo eles o
acetoacetato e o β-hidroxibutirato, como produtos finais do metabolismo de lipídios, a partir
do ciclo TCA. Enquanto que o aumento de lactato, oxalato e propionado indicam processos
glicolíticos anaeróbicos (BEZERRA et al, 1999; TUNHOLI et al. 2013).
Neste contexto, o presente trabalho tem por objetivo avaliar o efeito de diferentes
concentrações de carbonato de cálcio em função do tempo de exposição no metabolismo
energético de B. glabrata, a fim de subsidiar uma melhor compreensão da interferência de
elementos químicos dissolvidos no meio aquático na fisiologia destes moluscos, propiciando
indicadores de contaminação ambiental.
5.1.2. Materiais e Métodos
Os exemplares de B. glabrata utilizados neste trabalho pertencem a linhagem
procedente de Belo Horizonte (BH), e foram cedidos pelo Laboratório de Esquistossomose
Experimental da Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz/RJ em julho de 2011. Os
exemplares foram mantidos no laboratório de Malacologia do Instituto de Patologia Tropical
e Saúde Pública (IPTSP) em aquários de polietileno contendo 8 L de acordo com Bezerra et
al. (1999) e Magalhães et al. (2011). Os aquários foram monitorados diariamente e lavados
uma vez por semana. Os moluscos foram alimentados ad libitum, com folhas frescas de alface
(Lactuca sativa), previamente lavadas em água corrente (água de condicionamento de
moluscos).
Este trabalho foi submetido e aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais
CEUA-PRPPG-UFG, com protocolo n. 083/12.
Composição do grupo de estudo
Foram utilizados 360 moluscos com diâmetro médio de concha de 8 mm, para compor
os grupos experimentais os moluscos foram retirados aleatoriamente dos aquários de
manutenção e alocados em caixas plásticas contendo, 20 mg/L, 40 mg/L, 60 mg/L, 80 mg/L
ou 100 mg/L de CaCO3, acrescido de de água (4 L) para melhor solubilização do CaCO3. As
caixas identificadas com o respectivo tratamento continham 60 moluscos. Semanalmente, as
caixas foram lavadas tendo a água e as concentrações de CaCO3 renovadas. Os moluscos que
compuseram o grupo controle foram mantidos nas mesmas condições que os expostos ao
37
CaCO3, mas sem a presença deste. Os períodos de exposição ao CaCO3 foram de 1,14, 21 ou
30 dias, nos quais os moluscos foramretirados, 15 de cada grupo, para extração da hemolinfa.
Extração da Hemolinfa
Para a extração da hemolinfa os moluscos tiveram suas conchas limpas e secas com papel
absorvente. Em seguida, com auxílio de uma seringa de 1mL, uma agulha 0,7x25 (tipo 22G
1”) foi introduzida a na cavidade pericárdica de cada indivíduo, a retirada da hemolinfafoi
realizada com o auxílio de um microscópio estereoscópico Zeiss STEMI DV4. A hemolinfa
coletada foi acondicionada em microtubos de 1mL e mantidas em gelo. Para cada grupo,
foram sacrificados 15 moluscos nos períodos pré-estabelecidos dos quais obteve-se amostras
compostas de hemolinfa, cada amostra continha hemolinfa de 5 indivíduos do mesmo grupo
experimental, resultando num total de 3 amostras por grupo em cada período.
Medida do pH da hemolinfa e água de condicionamento de caramujo
Para realização das medidas de pH da hemolinfa dos moluscos foram utilizadas fitas
pH Merck® e para o pH da água foi medido utilizando pHmetro digital de bancada PHS-3B
Phtek.
Estudo do perfil dos ácidos orgânicos
Para o estudo do perfil dos ácidos orgânicos, as amostras de hemolinfa armazenadas
em microtubos foram conservadas em gelo, na sequência foram centrifugados (120 g/5 min,
2°C) para separar hemócitos e partículas teciduais dos moluscos (BEZERRA et al. 1999). Os
ácidos orgânicos foram extraídos por meio de uma pequena coluna de troca iônica, o Bond
Elut® (coluna Varian). Com auxílio de uma bomba a vácuo, esta coluna de extração foi
ativada com 1 mL de HCl (0,5 mol/L), 1 mL de metanol e 2 mL de H2O ultrafiltrada. Em
seguida, 250 µL da amostra foram aplicados à coluna iônica. Após a aplicação da amostra,
foram acrescentados 2 mL de água ultrafiltrada e retirado o Bond Elut® do vácuo. Na
sequência, foram adicionados 250 µL de H2SO4 (0,5 M) e centrifugado a 500 g
(aproximadamente 2000 rpm) por cinco minutos a 2°C. A amostra resultante foi submetida à
análise de cromatografia líquida alta eficiência (CLAE – Varian ProStar) com uma coluna de
exclusão BIORAD-Aminex íon exclusion HPX – 87H (300 X 7,8 MM). A coluna de
separação é protegida por uma pré-coluna BIORAD-Aminex HPX – 85. O eluente utilizado
38
na fase móvel foi o ácido sulfúrico (5 mmol/L) à temperatura de 25° a 30°C, com vazão de
0,6 mL/min, acoplado a um detector UV/visível em comprimento de onda de 210 nm. Cada
amostra foi injetada num volume de 50 µL (BEZERRA et al. 1997). O tempo de retenção dos
ácidos orgânicos e as áreas dos picos das substâncias detectadas foram calculados por um
programa computadorizado acoplado ao cromatógrafo: Star Chromatography Workstation 5.0
Varian, fornecendo sua concentração nas amostras. Os ácidos orgânicos foram identificados
de acordo com o tempo de retenção e com calibração previamente realizada no CLAE
utilizando-se padrões para piruvato e lactato, indicadores da glicólise, citrato, α-cetoglutarato,
succinato, fumarato, malato e oxaloacetato, substâncias do ciclo do ácido tricarboxílico; βhidroxibutirato, acetoacetato, acetato e propionato, relacionados ao catabolismo de ácidos
graxos (BEZERRA et al. 1999; VINAUD et al. 2007). Após a leitura dos ácidos na CLAE,
obteve-se a concentração dos ácidos orgânicos em nmol/mL.
Dosagem da concentração de glicose e cálcio na hemolinfa
As concentrações de glicose e cálcio foram obtidas utilizando kits específicos da
marca LABTEST®. A leitura das concentrações foi realizada em espectrofotômetro (BIO
2000©), da marca BIOPLUS®, em 545 nm.
Análise estatística
Os resultados foram analisados pela ANOVA bifatorial [Fator 1: concentração de
carbonato de cálcio; Fator 2: dias de exposição], seguida pelo teste Tukey. O nível de
significância adotado em todos os experimentos foi de p<0,05. Foi utilizado o Programa
STATISTICA versão 7.1 (STATSOFT, 2007).
5.1.3. Resultados
Os resultados apresentados na Tabela 1 representam a concentração de cálcio e glicose
na hemolinfa dos moluscos expostos a diferentes concentrações de CaCO3. Não houve
diferenças significativas na concentração de cálcio na hemolinfa dos moluscos expostos a
diferentes concentrações de CaCO3, nos diferentes intervalos de tempo. As análises (p<0,05)
revelaram que a concentração de glicose diminuiu nas exposições a 20 mg e 40 mg de CaCO3
ao longo de 30 dias em relação ao controle e demais concentrações testadas.
39
Tabela 1 - Concentração de cálcio e glicose (mg/dL) na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
diferentes concentrações de CaCO3 - Média e desvio padrão (±)
Controle (a)
Cálcio
40 mg/L (c)
60 mg/L (d)
80 mg/L (e)
100 mg/L (f)
1º dia
14,43
11,70
18,20
12,60
11,10
13,60
(A)
±0,05
±0,88
±1,37
±2,09
±2,33
±1,73
14º dia
13,90
10,90
12,96
11,90
10,83
11,86
(B)
±0,40
±0,79
±4,10
±1,12
±0,70
±1,33
21º dia
14,40
11,80
13,80
11,76
11,16
12,00
(C)
±0,45
±0,90
±1,80
±2,31
±1,81
±2,11
30º dia
14,36
10,63
12,20
10,60
12,40
12,10
(D)
±0,15
±0,98
±1,94
±2,81
±2,97
±2,80
B
1º dia
96,83
(A)
±2,17
14º dia
Glicose
20 mg/L (b)
(B)
89,00
CD
±1,02
D
93,03
defCD
±3,15
88,56
defCD
±1,02
81,80
acdefD
88,13
adefCD
±2,37
90,63
defCD
±1,65
72,40
adef
115,20
efCD
2,81
114,20
aefCD
±1,15
95,90
efD
160,23
afBCD
179,20aBCD
±2,70
234,76
afCD
±1,15
127,70aD
±1,15
177,56
afD
±1,15
122,36aD
21º dia
101,66
(C)
±8,14
±0,98
±0,95
±3,01
±1,43
±0,72
30º dia
98,06
61,03acdef
73,50aef
70,83aef
113,73af
45,00a
(D)
±0,70
±1,05
±0,60
±3,46
±1,78
±2,21
Letras minúsculas diferentes - diferença estatística, na concentração dos ácidos orgânicos nos
grupos expostos a diferentes concentrações de CaCO3, mesmo dia (p<0,05; ANOVA)
Letras maiúsculas diferentes - diferença estatística, na concentração dos ácidos orgânicos nos
grupos expostos a mesma concentração de CaCO3, em dias diferentes (p<0,05; ANOVA)
Concentração dos ácidos orgânicos
Pode-se observar na Tabela 2, que houve diferença significativa na concentração de
piruvato, oxaloaceato, citrato, succinato, fumarato, propionato, acetoacetato, β-hidroxibutirato
e lactato nas exposições a diferentes concentrações de CaCO3. Houve aumento nas
concentrações de piruvato, oxaloaceato, citrato, succinato, fumarato, β-hidroxibutirato e
lactato, bem como, diminuição nas concentrações de propionato e acetoaceato ao longo dos
períodos de exposição ao CaCO3 em relação ao controle (Figura 1). Nas comparações entre
grupos (20 mg x 40 mg, 60 mg, 80 mg, 100 mg; 40 mg x 60 mg, 80 mg, 100 mg; 60 mg x 80
mg, 100 mg; 80 mg x 100 mg de CaCO3), foi possível observar que a concentração de
piruvato, citrato, fumarato, propionato, β-hidroxibutirato e lactato diminuiu com 1 dia de
exposição a 20 mg e, aumentou a partir de 14 dias em relação a maioria das concentrações de
de CaCO3. A concentração de oxaloaceato aumentou com 1 dia de exposição a 20 mg de
CaCO3 e diminuiu a partir de 14 dias. Houve diminuição na concentração de succinato com 1
dia de exposição a 20 mg e aumento com 30 dias comparado as demais concentrações de
CaCO3. Observou-se aumento na concentração de acetoacetato aos 14 dias de exposição a 20
40
mg e 40 mg de CaCO3 e diminuição a partir de 21 dias quando comparado as demais
concentrações.
Tabela 2 - Concentração de ácidos orgânicos (nMol/ml) na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
diferentes concentrações de CaCO3 (mg/L).
Piruvato
Oxaloacetato
Citrato
1º dia
(A)
14º dia
(B)
21º dia
(C)
30º dia
(D)
1º dia
(A)
14º dia
(B)
21º dia
(C)
30º dia
(D)
1º dia
(A)
14º dia
(B)
21º dia
(C)
30º dia
(D)
Controle (a)
20 mg/L (b)
40 mg/L (c)
60 mg/L (d)
80 mg/L (e)
100 mg/L (f)
5,51
±0,34
5,63
±0,48
5,15
±0,45
5,95
±0,02
6,20
±0,29
4,17
±0,17
4,44
±0,57
5,69
±0,74
39,07
±0,88
39,02
±0,02
25,30
±0,09
28,52
±0,21
22,03acdefBCD
±1,17
56,34acdef
±1,08
48,63acf
±1,04
60,55acdef
±1,51
84,32acdfBCD
±0,20
25,36acdefCD
±1,53
35,91acdefD
±0,59
12,01a
±0,86
41,48 cdefBCD
±2,22
48,71cefCD
±9,36
27,32defD
±5,80
18,74cef
±2,77
59,63adefBCD
±1,34
44,10 adefC
±2,43
24,70adefD
±1,13
46,83adef
±5,95
62,07adeBCD
±2,65
12,05acdfC
±1,30
6,29ef
±0,54
8,65
±0,46
86,92adefCD
±3,45
94,6adefCD
±9,63
36,55efD
±1,57
78,84adef
±6,50
45,62aefBD
±2,28
25,14afCD
±0,81
47,68afD
±4,27
54,17aef
±0,78
5,67aefBCD
±0,78
51,00aefCD
±3,07
10,22aef
±1,12
7,30
±1,02
139,42aeBCD
±5,70
43,38efD
±8,81
44,35aefD
±7,50
14,07aef
±2,98
67,73afBC
±1,17
29,62afCD
±1,61
47,03afC
±2,91
67,39af
±1,05
82,07afBCD
±1,02
10,47afC
±0,61
50,43afD
±4,40
8,96
±1,43
112,59afBC
±4,08
24,19afCD
±3,33
94,79af
±3,30
99,18af
±12,68
51,79 aBCD
±1,10
63,04aCD
±2,22
78,62aD
±4,19
23,57
±2,51
63,20aBCD
±0,73
73,69aCD
±1,33
18,81aD
±0,61
9,31
±0,42
139,85aBCD
±5,26
354,57aCD
±3,00
122,42aD
±7,18
35,94
±5,05
41
Tabela 2- Continuação.
Succinato
Fumarato
Propionato
1º dia
(A)
14º dia
(B)
21º dia
(C)
30º dia
(D)
1º dia
(A)
14º dia
(B)
21º dia
(C)
30º dia
(D)
1º dia
(A)
14º dia
(B)
21º dia
(C)
30º dia
(D)
Controle (a)
20 mg/L (b)
40 mg/L (c)
60 mg/L (d)
40,98CD
±1,19
44,22 CD
±1,83
110,33 D
±1,63
78,04
±0,17
0,91D
±0,00
0,80D
±0,00
0,58
±0,00
0,29
±0,00
3126,38D
±1,18
3086,72D
±1,49
2986,30
±3,18
3032,65
±0,70
209,09acefBCD
±21,58
145,28acdefD
±18,38
137,83cefD
±2,58
337,53acdef
±21,04
1,09cdefBCD
±0,54
2,89acdefCD
±0,06
9,49acdefD
±0,06
6,12adef
±0,11
1198,56cdefBCD
±61,44
683,70acdefCD
±63,00
3480,30acdefD
±67,89
763,44adef
±33,49
126,86adefBCD
±12,75
69,21fD
±8,44
44,50aeD
±2,06
189,02aef
±6,61
2,74aBD
±0,02
4,76adeCD
±0,01
2,57adD
±0,13
5,66aef
±0,43
931,11aBD
±72,40
692,53adeCD
±132,40
1229,63adD
±46,81
2336,00aef
±199,89
232,07aefBC
±10,60
94,15acD
±21,15
131,07efD
±9,60
206,33aef
±8,98
2,99aBCD
±0,24
8,71aefCD
±0,34
6,16aefD
±0,15
5,32aef
±0,28
1182,98aBCD
±58,34
1245,46aefCD
±41,10
1356,23aefD
±86,52
2218,75aef
±114,99
80 mg/L
(e)
165,38afBCD
±8,43
66,17fD
±21,24
87,64fD
±25,25
131,58a
±18,95
3,17afBC
±0,12
1,59afCD
±0,09
2,35afD
±0,05
3,10af
±0,09
2970,75afBC
±138,53
1336,42afCD
±87,56
1117,15afD
±58,98
2222,79af
±177,74
100 mg/L (f)
293,85aBCD
±2,73
104,74aC
±14,45
45,16aD
±1,99
113,90a
±0,56
2,65aB
±0,03
4,42aCD
±0,06
2,85a
±0,11
2,39a
±0,23
2348,75aB
±43,56
1739,45aCD
±4,73
1734,67a
±137,47
2930,69a
±293,25
42
Tabela 2 - Continuação.
Controle
CD
20 mg/L
aeB
40 mg/L
60 mg/L
aeBC
aefBD
80 mg/L
afBD
100 mg/L
1º
2451,92
311,24
308,81
614,23
1023,44
278,15aBCD
dia
±1,10
±68,97
±77,48
±59,24
±99,14
±51,01
14º
2578,60CD
1308,88acdeCD 984,65adefCD
1729,88aeCD
300,44afC
1580,15aD
dia
±0,86
±257,01
±88,18
±231,04
±86,84
±21,62
Acetoacetato
21º
1735,94D
410,36aefD
634,32af
383,56aefD
849,71af
1714,96D
dia
±2,35
±31,25
±86,73
±43,94
±222,42
±372,11
acdf
df
aef
af
30º
871,18
251,41
609,39
1347,60
532,23
2455,68a
dia
±1,73
±35,36
±65,11
±186,15
±0,82
±91,79
1º
924,76CD
504,42acdefBCD 1029,50BCD
1198,54aefBCD
976,86BCD
992,70CD
dia
±1,55
±40,70
±40,84
±33,31
±83,75
±218,70
14º
928,40CD
1280,46adefC 1408,28adefCD
2146,20aefCD
335,60afD
988,61CD
dia
±0,93
±5,83
±77,17
±36,98
±46,87
±4,38
Hidroxibutirato
21º
651,67D
1552,75acdef
671,64defD
2617,75aefD
292,08aD
443,52aD
dia
±1,17
±62,32
±47,38
±53,41
±46,87
±51,01
30º
1230,77
1441,80acef
1193,66def
1588,76aef
2068,12af
747,19
dia
±0,41
±17,28
±154,54
±46,20
±24,89
±80,70
1º
2,45
9,75acdefBCD
15,51aBCD
17,91a
14,97aBCD
15,45aBCD
dia
±0,12
±0,45
±0,60
±1,00
±1,37
±0,87
14º
2,93
32,03adefCD
32,40adefCD
14,65afD
11,43afCD
20,95aCD
dia
±0,66
±2,48
±1,48
±1,29
±0,54
±0,76
Lactato
21º
3,58
25,53acdfD
10,74aefD
11,81aefD
26,12af
3,82
dia
±0,01
±1,03
±2,51
±1,71
±1,13
±0,99
30º
4,12
13,18adef
14,59adef
20,19aef
24,83af
4,94
dia
±0,01
±0,67
±3,53
±0,79
±0,59
±0,88
Letras minúsculas diferentes - diferença estatística, na concentração dos ácidos orgânicos nos grupos expostos as
diferentes concentrações de CaCO3, mesmo dia (p<0,05; ANOVA).
Letras maiúsculas diferentes - diferença estatística, na concentração dos ácidos orgânicos nos grupos expostos a
mesma concentração de CaCO3, em dias diferentes (p<0,05; ANOVA).
43
Figura 1 – Esquema representando os substratos utilizados em vias metabólicas na
obtentenção de energia por Biomphalaria glabrata exposto ao CaCO3 ao longo de 30
dias, em relação ao controle. As substâncias grifadas indicam que foram analisadas
neste estudo e estas mesmas substâncias em negrito significa que houve aumento
destas. As substâncias que não estão em negrito significam que diminuíram.
Foi analisado os valores de pH médios das soluções obtidas com 20, 40, 60, 80 e
100mg de CaCO3. Estas soluções apresentaram pH 8,5 em 20mg e 9,0 nas demais soluções de
CaCO3, enquanto o pH da água do controle foi 8,0. Já os valores de pH da hemolinfa dos
moluscos expostos a diferentes concentrações de CaCO3 foi 8,0 (todas as concentrações) e a
do controle 7,5 (Tabela 3).
44
Tabela 3 – Valores médios de pH na hemolinfa de Biomphalaria glabrata e água de condicionamento de
molusco no grupo controle e nos grupos expostos ao CaCO3 (20mg, 40mg, 60mg, 80mg e 100mg CaCO3),
nos diferentes intervalos de tempo (1, 14, 21 e 30 dias).
Hemolinfa
Água com CaCO3
Grupos
1 dia
14 dias
21 dias
30 dias
Controle
20 mg CaCO3
40 mg CaCO3
60 mg CaCO3
80 mg CaCO3
100 mg CaCO3
7,5
8,0
8,0
8,0
8,0
8,0
7,5
8,0
8,0
8,0
8,0
8,0
7,5
8,0
8,0
8,0
8,0
8,0
7,5
8,0
8,0
8,0
8,0
8,0
Controle
20 mg CaCO3
40 mg CaCO3
60 mg CaCO3
80 mg CaCO3
100 mg CaCO3
7,8
8,5
8,7
8,9
8,9
8,7
7,8
8,5
8,7
8,9
8,9
8,7
7,8
8,5
8,7
8,9
8,9
8,7
7,8
8,5
8,7
8,9
8,9
8,7
5.1.4. Discussão
A influência das diferentes concentrações de CaCO3 no metabolismo de B. glabrata
foi avaliada neste estudo. A presença de CaCO3 no ambiente favorece a alcalinidade e
disponibilidade do íon Ca2+ (LEWIS et al. 2007), esses fatores têm relação com a distribuição
populacional de B. glabrata que dependem de cálcio para manter a homestasia intramolusco.
O valor de pH na hemolinfa dos moluscos expostos à diferentes concentrações de CaCO3
neste estudo foi 8,0 e do controle 7,5. E as soluções obtidas com CaCO3 nas concentrações 20
mg/L, 40 mg/L, 60 mg, 80mg/L e 100 mg/L apresentaram valores de pH entre 8,5 a 9,0
enquanto os valores de pH da água de condicionamento de molusco, sem CaCO3, foi 8,0 em
todas as concentrações testadas, já o pH do controle foi 7,5.
Os mecanismos propostos para absorção de Ca2+ e HCO-3 em células do epitélio
intestinal de moluscos aquáticos destacam o H+ e HCO-3 como produtos da reação catalisada
pela anidrase carbônica sob CO2 hidratado, íons H+ são excretados pela bomba de hidrogênio
contribuindo para gradiente elétrico negativo no líquido intracelular, gerando influxo de Ca2+
através dos canais voltagens dependentes. Sendo a excreção de H+ realizado por
contratransporte de 2H+ e 1Ca2+ (EBANKS, 2010). A exposição de B. glabrata a diferentes
concentrações de CaCO3 neste estudo não alterou a concentração de Ca2+ na hemolinfa, o que
sugere transporte deste íon via hemolinfa para órgãos reservatórios como a concha
(MARXEN et al. 2003), células de cálcio presentes no tecido conjuntivo do molusco
(DAVIES; ERASMUS, 1984), ou ainda armazenado forma de pérolas negras em locais como
glândula digestiva e intestino (MAGALHÃES et al. 2011b). A exposição de B. glabrata a 20
45
mg de CaCO3 por 15 dias resultou em aumento deste íon na hemolinfa e foi interpretado por
Magalhães et al. (2011), como mobilização desse íon da concha para hemolinfa onde atua
como solução tampão (BECKER, 1980).
O Ca2+ apresenta relevância no metabolismo dos moluscos aquáticos pulmonados por
atuar como co-fator para ativação de enzimas envolvidas nas vias metabólicas da glicólise e
ciclo do ácido tricarboxílico (TCA) (WITT; SMINIA, 1980). Diminuição na concentração de
glicose na hemolinfa dos moluscos expostos à 20 mg e 40 mg de CaCO3 observada no
presente estudo com aumento de piruvato, oxaloacetato, citrato, fumarato e succinato nos
diferentes intervalos de tempo, apontou para ativação do ciclo (TCA). Estudos com B.
glabrata demonstraram que malato e fumarato, respectivamente, podem ser convertidos para
succinato sendo este o produto final do metabolismo de uma inversão parcial do ciclo e este
último como produto final do metabolismo (De ZWAAN; ZANDEE, 1972; HOCHACHKA,
1983). Neste estudo não foi detectado a concentração de malato, sugerindo que esse ácido foi
reduzido a fumarato por meio do sistema enzimático da fumarase redutase (BEZERRA et al.
1997). O fumarato pode ser metabolizado a succinato que pode ser convertido em propionato
para produção de energia e manutenção do balanço redox, condições observadas em B.
glabrata infectada por S. mansoni (TIELENS, 1994). A concentração de propionato diminuiu
nas concentrações de CaCO3 testadas neste estudo com aumento de succinato, sugerindo que
succinato não foi totalmente utilizado como substrato na produção de propionato mas
secretado/excretado como produto final da inversão do ciclo do ácido tricarboxílico.
O aumento na concentração de β-hidroxibutirato e diminuição de acetoacetato nas
concentrações testadas ao longo de 30 dias foram entendidos como redução de acetoacetato
pela β-hidroxibutirato-desidrogenase sugerindo a utilização dessa via metabólica alternativa
na produção de energia. Estas sugestões foram reforçadas com o aumento de citrato nas
exposições a 40 mg e 60mg de CaCO3, principalmente com 1 e 30 dias comparado ao
controle. O aumento na concentração de citrato pode ser resultante da conversão de acetilCoA em citrato, tendo acetil-CoA como produto da oxidação de β-hidroxibutirato (MEYER,
1996). A atividade enzimática de β-hidroxibutirato-desidrogenase foi demonstrada em B.
glabrata por Bailey e Home (1972), inclusive em relação a alterações de atividades no ciclo
do ácido tricarboxílico. Stanislawski e Becker (1979) observaram diminuição nas
concentrações de acetoacetato e β-hidroxibutirato sob condições de jejum e aumento destes
ácidos em B. glabrata infectado com S. mansoni, estes autores sugeriram que a presença de S.
46
mansoni no hospedeiro molusco estimula a cetogênese e que existe a possibilidade de ação
dos corpos cetônicos no desenvolvimento da infecção no molusco.
A exposição a diferentes concentrações de CaCO3 resultou em aumento na
concentração de lactato. Ao analisar as diferenças signifcativas entre concentrações testadas,
foi possível observar que 20 mg e 40 mg não apresentaram diferenças significativas entre si
nos diferentes intervalos de tempo. Esses resultados nos levou a sugerir que nessas
concentrações a obtenção de energia foi proveniente de via aeróbica e à medida que a
concentração de CaCO3 aumentou B. glabrata passou a utilizar via anaeróbica na produção de
energia, embora a concentração reduzida de propionato encontrada não conduz a um produto
final de um metabolismo anaeróbio comum em invertebrados (HOCHACHKA, 1983).
Conclui-se que as exposições ao CaCO3 influenciaram na redução de glicose, sendo
esta metabolizada a piruvato produto final da glicólise principalmente nas exposições à 20 mg
e 40 mg. Os ácidos orgânicos dosados na hemolinfa de B. glabrata sugerem adaptações
fisiológicas nos períodos avaliados, sendo que oxaloacetato, citrato, succinato e fumarato
aumentaram servindo de indicadores de um funcionamento aeróbio, ou mesmo parcialmente
anaeróbio.
5.1.5. Referências
ABÍLIO, F.J.P.; RUFFO, T.L.M.; SOUZA, A.H.F.F.; FLORENTIN, H.S.; JÚNIOR, E.T.O.;
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52
5.2. Manuscrito 2
PRODUTOS METABÓLICOS NITROGENADOS NA HEMOLINFA DE Biomphalaria
glabrata EXPOSTO À DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE CÁLCIO NO MEIO
Resumo
Alterações no padrão de excreção dos produtos nitrogenados são observadas em moluscos
aquáticos sob condições de estresse fisiológico, resultado da degradação de proteínas e
aminoácidos, utilizados como substrato energético. O cálcio no meio aquático é um fator
limitante para a manutenção da população de moluscos, o excesso ou a escassez do mesmo
pode provocar um desequilíbrio fisiológico, que afeta diretamente a dinâmica populacional
das espécies de moluscos nos criadouros naturais. Este estudo teve como objetivo quantificar
as concentrações de proteínas totais, ureia, ácido úrico e creatinina na hemolinfa de
Biomphalaria glabrata expostas às diferentes concentrações de CaCO3 (20, 40, 60, 80 e 100
mg/L), em diferentes intervalos de tempo: 1, 14, 21 e 30 dias. Foram utilizados moluscos com
60 dias de vida, distribuídos em seis grupos, cinco expostos a diferentes concentrações de
CaCO3 (20, 40,60, 80 e 100mg/L) e um controle. Os exemplares foram sacrificados por meio
de punção cardíaca para extração da hemolinfa, nos períodos descritos. As concentrações de
proteínas totais, uréia, ácido úrico e creatinina foram verificadas através de kits de diagnóstico
específicos. Os resultados demonstraram que as concentrações de proteínas aumentaram,
enquanto que a concentração de ureia diminuiu nas exposições às concentrações de CaCO3
testadas, em relação ao controle. As concentrações de ácido úrico e creatinina aumentaram em
concentrações específicas. Foram observadas alterações dos produtos nitrogenados
principalmente aos 21 dias de exposição ao CaCO3. Conclui-se que as concentrações de cálcio
no meio interferem diretamente nas vias basais do metabolismo, como visto nos processos de
estresse fisiológico provocados por diferentes agentes.
53
5.2.1. Introdução
No metabolismo energético dos gastrópodes pulmonados as principais moléculas
utilizadas, bem como, as mais abundantes são o glicogênio e o galactogênio (GERAERTS,
1992). O glicogênio é armazenado na região anterior do manto, entre os ácinos da glândula
digestiva e gônada (De JONG-BRINK, 1973; CHIANG, 1977) e na massa cefalopediosa
(LIVINGSTONE; ZWAAN, 1983; PINHEIRO; AMATO, 1994).
Em situação de estresse fisiológico, por exemplo, infecção por parasitos, ocorre um
desequilíbrio na composição glicídica da hemolinfa o que leva o molusco a dispor de suas
reservas de carboidratos, com consequente redução de seus estoques de glicogênio
(PINHEIRO; AMATO, 1994, PINHEIRO et al. 2009). O déficit de carboidratos resulta num
estado de inanição a qual leva o organismo do molusco a optar por substratos alternativos para
obter energia suficiente na manutenção dos seus processos metabólicos vitais (PINHEIRO et
al. 2009). A utilização de proteínas como substrato energético, gera alterações na
concentração destas, assim como, de aminoácidos livres no molusco (BECKER, 1980),
podendo ocorrer redução em até 80% nos níveis de proteínas totais na hemolinfa (PINHEIRO
et al. 2009; TUNHOLI et al. 2010).
As vias metabólicas alternativas do molusco ativadas em função do estresse resultam
em vias de excreção consequentes, as quais podem ser tóxicas ao molusco e por isso precisam
de detoxificação. Uma dessas consequências é a elevação dos conteúdos dos produtos
nitrogenados de degradação, como a ureia, ácido úrico, amônia, tudo isso em resultado a
extensa degradação de proteínas e aminoácidos (TUNHOLI et al. 2011).
Dentre os produtos metabólicos nitrogenados excretados por moluscos aquáticos, sob
condições normais, a ureia representa em torno 75% e o ácido úrico em média de 25%
(MEYER et al. 1986). Em B. glabrata sob infecção por S. mansoni, Becker (1980), sugeriu
redirecionamento de vias metabólicas com aceleração na degradação de proteínas, resultando
em mudanças no padrão de excreção, passando a quase exclusivamente à uricotélico.
Outra substância excretada por moluscos é a creatinina, um composto orgânico
nitrogenado e não protéico formado a partir da desidratação da creatina. Em invertebrados a
creatinina pode originar como produto intermediário do ciclo da uréia ou do catabolismo do
fosfato de creatina (ALLEN, 2011). Estudos dos metabólitos nitrogenados de B. glabrata sob
condições de estresse apontaram para alterações no padrão de excreção desses produtos
(BECKER, 1980; MELLO-SILVA et al. 2006, TUNHOLI et al. 2011). Na infecção, jejum,
estivação e tratamento com moluscicidas, os moluscos sofrem alterações no metabolismo de
54
carboidratos e de proteínas, resultando em liberação de ácidos orgânicos altamente tóxicos
que serão neutralizados pela mobilização de carbonato de cálcio, excretados ou metabolizados
em outros tecidos (BECKER, 1980; LIEBSCH; BECKER, 1990; MELLO-SILVA et al.
2006). Neste sentido, destaca-se o cálcio como um dos elementos-chave desse processo, pois
é de grande importância para o molusco, por funcionar como solução tampão em processos
metabólicos e participar da produção de células de defesa, os hemócitos, além de influenciar
na sua capacidade fagocítica (ZELCK et al. 1995).
A infecção por S. mansoni promove alterações no balanço iônico dos moluscos,
levando a um processo de hipercalcificação das partes moles, devido à mobilização de cálcio
da concha para estes tecidos (ZBIKOWSKA, 2003; MOSTAFA, 2007). O objetivo deste
trabalho foi averiguar a concentração de proteínas totais, uréia, ácido úrico e creatinina na
hemolinfa de B. glabrata exposto às diferentes concentrações de CaCO3, por 1, 14, 21 e 30
dias.
5.2.2. Materiais e Métodos
Os exemplares de B. glabrata utilizados neste trabalho pertencem a linhagem
procedente de Belo Horizonte (BH), e foram cedidos pelo Laboratório de Esquistossomose
Experimental da Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz/RJ em julho de 2011. Os
exemplares foram mantidos no laboratório de Malacologia do Instituto de Patologia Tropical
e Saúde Pública (IPTSP) em aquários de polietileno contendo 8 L de acordo com Bezerra et
al. (1999) e Magalhães et al. (2011). Os aquários foram monitorados diariamente e lavados
uma vez por semana. Os moluscos foram alimentados ad libitum, com folhas frescas de alface
(Lactuca sativa), previamente lavadas em água corrente (água de condicionamento de
moluscos).
Este trabalho foi submetido e aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais
CEUA-PRPPG-UFG, com protocolo n. 083/12.
Composição do grupo de estudo
Foram utilizados 360 moluscos com diâmetro médio de concha de 8 mm, para compor
os grupos experimentais os moluscos foram retirados aleatoriamente dos aquários de
manutenção e alocados em caixas plásticas contendo, 20 mg/L, 40 mg/L, 60 mg/L, 80 mg/L
ou 100 mg/L de CaCO3, acrescido de de água (4 L) para melhor solubilização do CaCO3. As
caixas identificadas com o respectivo tratamento continham 60 moluscos. Semanalmente, as
caixas foram lavadas tendo a água e as concentrações de CaCO3 renovadas. Os moluscos que
55
compuseram o grupo controle foram mantidos nas mesmas condições que os expostos ao
CaCO3, mas sem a presença deste. Os períodos de exposição ao CaCO3 foram de 1,14, 21 ou
30 dias, nos quais os moluscos foram retirados, 15
de cada grupo, para extração da
hemolinfa.
Extração da Hemolinfa
Para a extração da hemolinfa os moluscos tiveram suas conchas limpas e secas com
papel absorvente. Em seguida, com auxílio de uma seringa de 1mL, uma agulha 0,7x25 (tipo
22G 1”) foi introduzida a
na cavidade pericárdica de cada indivíduo,
a retirada da
hemolinfafoi realizada com o auxílio de um microscópio estereoscópico Zeiss STEMI DV4.
A hemolinfa coletada foi acondicionada em microtubos de 1mL e mantidas em gelo. Para
cada grupo, foram sacrificados 15 moluscos nos períodos pré-estabelecidos dos quais obtevese amostras compostas de hemolinfa, cada amostra continha hemolinfa de 5 indivíduos do
mesmo grupo experimental, resultando num total de 3 amostras por grupo em cada período.
Dosagem da concentração de proteínas totais, ureia, ácido úrico e creatinina
As concentrações de proteínas totais e produtos nitrogenados foram obtidas utilizando
kits específicos da marca LABTEST®. Para a dosagem da creatinina utilizou-se o kit da marca
DOLES®, método Jaffé modificado (HENRY, 1996). Todos os materiais analisados foram
lidos em espectrofotômetro (BIO 2000©), da marca BIOPLUS®, em 545 nm.
Análise estatística
Os resultados foram analisados pela ANOVA bifatorial [Fator 1: concentração de
carbonato de cálcio; Fator 2: dias de exposição], seguida pelo teste Tukey. O nível de
significância adotado em todos os experimentos foi de p<0,05. Foi utilizado o Programa
STATISTICA versão 7.1 (STATSOFT, 2007).
5.2.3. Resultados
Os resultados das concentrações de proteínas totais, ureia, ácido úrico e creatinina na
hemolinfa de B. glabrata expostos às diferentes concentrações de CaCO3, encontram-se na
Tabela 1.
As análises revelaram diferenças significativas (p<0,05), para o aumento na
concentração de proteínas totais dos moluscos expostos as concentrações de CaCO3 testadas
56
em relação controle, em todos os períodos de exposição. Nas comparações entre grupos (20
mg x 40 mg, 60 mg, 80 mg, 100 mg; 40 mg x 60 mg, 80 mg, 100 mg; 60 mg x 80 mg, 100
mg; 80 mg x 100 mg de CaCO3), foi possível observar que a concentração de proteínas totais
diminuiu na exposição a 40 mg x 100 mg a partir de 14 dias, bem como, aos 30 dias de
exposição a 40 mg x 60 mg, 80 mg. Houve aumento na concentração de proteínas totais na
exposição a 80 mg x 100 mg de CaCO3, com 30 dias.
Em relação à concentração de ureia, as análises revelaram diminuição nas exposições
as concentrações de CaCO3 testadas ao longo de 30 dias em relação ao controle. Nas
comparações entre grupos foi possível observar aumento na concentração de ureia na
exposição a 40 mg x 60 mg, 80 mg e 100 mg de CaCO3, com 1 dia. Houve aumento na
concentração de ureia dos moluscos expostos a 40 mg x 20mg com 14 dias de exposição ao
CaCO3. Na exposição a 60 mg a concentração de ureia diminuiu a partir de 21 dias.
As análises apontaram para diferenças significativas (p<0,05) na concentração de
ácido úrico. A concentração de ácido úrico aumentou na exposição a 20 mg e diminuiuna em
40 mg com 1 dia de exposição ao CaCO3 em relação ao controle. A partir de 21 dias de
exposição a 60 mg de CaCO3 a concentração de ácido úrico diminuiu em relação ao controle.
Houve aumento de ácido úrico na exposição a 80 mg de CaCO3 com 30 dias de exposição
comparado ao controle. A comparação entre grupos revelou aumento de ácido úrico na
exposição a 20 mg x demais; diminuição em 40 mg x 60 mg, 80 mg e 100 mg de CaCO3 com
1 dia. Aos 14 dias de exposição a 60 mg x demais a concentração de ácido úrico diminuiu.
Com 21 dias de exposição a 20 mg e 40 mg x 60 mg e 80 mg a concentração de ácido úrico
aumentou, assim como em 100 mg x 60mg e 80 mg de CaCO3. A exposição por 30 dias a 80
mg x 20 mg, 40 mg e 60 mg resultou em aumento na concentração de ácido úrico.
Foi observado aumento na concentração de creatinina na exposição à maioria das
concentrações testadas de CaCO3 em relação ao controle. A comparação entre grupos mostrou
aumento na concentração de creatinina nos moluscos expostos a 40 mg de CaCO3 x demais
concentrações testadas, com 1 dia. Houve aumento na concentração de creatinina na
exposição a 100 mg de CaCO3 comparado a maioria das concentrações testadas, a partir de 14
dias.
Foi analisado a influência dos diferentes períodos de exposição à mesma concentração
de CaCO3 nas concentrações de proteínas totais, ureia, ácido úrico e creatinina. As análises
revelaram que a concentração de proteínas totais diminuiu a partir de 14 dias na exposição a
57
40 mg de CaCO3. A exposição por 30 dias a 60 mg e 80 mg de de CaCO3 resultou em
aumento na concentração de proteínas totais.
A concentração de ureia diminuiu a partir de 14 dias nas exposições a 20 mg e 40 mg
de CaCO3. A exposição em 60 mg de de CaCO3 apontou para diminuição na concentração de
ureia a partir de 21 dias. Em relação à concentração de ácido úrico foi observado aumento na
exposição a 60 mg a partir 21 dias, em 80 mg com 30 dias e em 100 mg com 14 e 21 dias de
exposição ao de CaCO3. Já a concentração de creatinina diminuiu nas exposições a 20 mg e
60 mg a partir de 14 dias e teve aumento aos 30 dias de exposição a 40 mg e 80 mg de de
CaCO3.
Tabela 1. Concentração de proteínas totais, ureia, ácido úrico e creatinina (mg/dL) na hemolinfa de
Biomphalaria glabrata exposto a diferentes concentrações de CaCO3 (mg/L)
Controle
20 mg/L
40 mg/L
60 mg/L
80 mg/L 100 mg/L
1º
2,20
4,20a
5,43aBCD
4,43a
4,23aD
4,93a
dia
±0,26
±0,52
±0,47
±0,92
±0,90
±0,60
14º
1,96
4,10a
3,70ae
4,80a
5,20aD
5,16a
dia
±0,15
±0,40
±1,17
±0,60
±0,75
±1,00
Proteínas
Totais
21º
2,63
4,86a
3,56f
4,26aD
4,76aD
5,46a
dia
±0,40
±1,11
±0,45
±1,16
±1,30
±0,15
30º
2,13
2,13ae
3,33def
5,76ae
7,40af
5,43a
dia
±0,15
±0,15
±0,20
±0,92
±0,52
±1,47
1º
18,33
8,66aBC
10,00adefBCD
7,00aCD
6,33a
6,33a
dia
±0,57
±0,57
±1,73
±1,73
±0,57
±1,15
14º
17,33
5,66ad
6,33a
8,33aCD
6,66a
7,66a
dia
±1,15
±0,57
±1,15
±1,15
±1,15
±0,57
Uréia
21º
18,33
5,66d
6,66ad
4,00aef
7,66a
6,66a
dia
±0,57
±1,15
±0,57
±1,00
±0,57
±0,57
30º
18,66
8,00ad
6,66a
4,33aef
8,00a
8,33a
dia
±0,57
±1,00
±1,15
±0,57
±1,00
±0,57
1º
8,43
12,83acdefBCD 6,30adefBCD
8,30eBC
9,13fCD
8,13BC
dia
±0,58
±0,58
±0,10
±0,17
±0,37
±0,23
14º
8,76
8,73d
8,43d
5,20aefCD
8,33D
8,96
dia
±0,60
±0,25
±0,15
±0,10
±0,25
±0,15
Ácido Úrico
21º
9,20
8,56de
8,53de
6,33aefD
7,66afD
9,03
dia
±0,45
±0,35
±0,35
±0,49
±0,20
±0,15
30º
8,73
8,43e
8,20e
8,30e
10,30a
8,30
dia
±0,23
±0,41
±0,00
±0,20
±0,26
±0,30
1º
0,13
0,21acdeBCD
0,36adefBCD
0,27aefCD
0,05afD
0,22a
dia
±0,05
±0,00
±0,01
±0,01
±0,00
±0,00
14º
0,13
0,06acdfC
0,13defCD
0,22aeCD
0,05afD
0,26a
dia
±0,05
±0,00
±0,00
±0,01
±0,01
±0,01
Creatinina
21º
0,10D
0,13cdefD
0,05fD
0,05f
0,03afD
0,24a
dia
±1,69
±0,01
±0,00
±0,01
±0,00
±0,01
30º
0,16
0,03acef
0,43adef
0,03aef
0,15f
0,22a
dia
±0,05
±0,00
±0,01
±0,00
±0,01
±0,01
Letras minúsculas - diferença estatística, na concentração de proteínas totais, ureia, ácido úrico e
creatinina nos grupos expostos às diferentes concentrações de CaCO3, mesmo dia (p<0,05; ANOVA)
Letras maiúsculas - diferença estatística, na concentração de proteínas totais, ureia, ácido úrico e creatinina
nos grupos expostos a mesma concentração de CaCO3, em dias diferentes (p<0,05; ANOVA)
58
5.2.4. Discussão
No presente estudo a exposição à diferentes concentrações de CaCO3 promoveu
aumento na concentração de proteínas totais na hemolinfa de B. glabrata. Análises da
concentração de proteínas totais pode auxiliar no entendimento de respotas metabólicas desse
molusco. Quando infectado por larvas de S. mansoni foi observado que B. glabrata entra em
estado de inanição devido a contínua remoção dos depósitos de carboidratos e a manutenção
dos seus processos metabolicos vitais é mantida com a utilização de substratos alternativos
para obter energia (BECKER, 1980; PINHEIRO et al. 2009; TUNHOLI et al. 2011). As
proteínas são exemplos de substratos alternativos utilizados na obtenção de energia, o que
resulta em elevação dos conteúdos dos produtos nitrogenados de degradação, como a ureia,
ácido úrico e amônia, em resposta a extensa degradação de proteínas e aminoácidos.
Em relação aos produtos nitrogenados de excreção, os resultados deste estudo
mostraram que a concentração de ureia diminuiu na exposição a todas as concentrações de
CaCO3 testadas, enquanto que a concentração de ácido úrico aumentou com 1 dia de
exposição à 20 mg, apresentando redução nos outros períodos. Foi observado que a
concentração de ureia diminuiu e a de ácido úrico aumentou na exposição à 60 mg a partir de
21 dias de exposição ao CaCO3. Nas outras concentrações de CaCO3 testadas, a concentração
de ácido úrico aumentou ou se manteve constante ao longo de 30 dias, o que sugere um
padrão uricotélico de excreção. Estes resultados são corroborados por Rupprecht et al. (1989),
ao descreverem que a síntese máxima de uréia é inversamente proporcional a concentração de
proteínas e ácido úrico.
Apesar do aumento na concentração de proteínas totais, os resultados referentes às
concentrações de ureia e ácido úrico sob influência do CaCO3 sugerem que B. glabrata
apresentou respostas semelhantes de quando infectado por S. mansoni segundo os estudos de
Becker (1980) e Meyer (1986). No entanto, trabalhos realizados com esta espécie infectada
por Echinostoma paraensei (TUNHOLI et al. 2011), por Angiostrongylus cantonensis
(TUNHOLI-ALVES et al. 2012), bem como, expostos à concentrações subletais do látex de
Euphorbia milii (MELLO-SILVA et al. 2011), contaram com diminuição na concentração de
proteínas totais e a ureia como produto nitrogenado de excreção.
A exposição de B. glabrata à diferentes concentrações de CaCO3 neste estudo apontou
para aumento na concentração de creatinina na maioria das concentrações testadas comparado
ao controle. Apesar de não contarmos com o amparo da literatura no referente a trabalhos que
59
avaliaram a concentração de produtos nitrogenados sob influência de CaCO3, os resultados
deste estudo sugerem ativação do ciclo da ureia tendo creatinina como produto final.
Conclui-se com este estudo que a exposição de B. glabrata às concentrações de
CaCO3 testadas promoveram alterações no metabolismo das proteínas e produtos
nitrogenados de excreção. As alterações mais expressivas foram observadas nas exposições a
partir de 60 mg de CaCO3. Em relação à influência dos períodos, alterações metabólicas
ocorreram a partir de 14 dias de exposição ao CaCO3. Com isso sugerem-se pesquisas
comparativos com outras espécies de Biomphalaria nas mesmas concentrações e períodos no
intuito de reforçarem os achados neste estudo.
5.2.5. Referências
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63
6. CONCLUSÕES
A exposição às concentrações testadas de CaCO3 não influenciou na concentração de
cálcio na hemolinfa de B. glabrata. Nas exposições a menores concentrações de CaCO3 (20
mg e 40 mg) ocorreu ativação da glicólise com aumento na concentração de piruvato. As
alterações de piruvato, oxaloaceato e citrato propõem uma ativação do ciclo do ácido
tricarboxílico. No entanto, os resultados apontaram para inversão do ciclo do ácido
tricarboxílico como adaptações fisiológicas nos períodos avaliados, sendo que oxaloacetato,
citrato, succinato e fumarato aumentaram servindo de indicadores de um funcionamento
aeróbio, ou mesmo parcialmente anaeróbio. O metabolismo dos corpos cetônicos, acetoaceato
e β-hidroxibutirato, sob exposição CaCO3 parece indicar um relevante papel na produção de
energia por atuarem como regulador do sistema redox no molusco.
A exposição de B. glabrata às concentrações testadas de CaCO3 tornou o pH da
hemolinfa e da água de condicionamento de molusco mais alcalino, o que provocou ajustes no
metabolismo intrínseco intramolusco.
A diminuição na concentração de ureia com aumento na concentração de ácido úrico,
revelou um padrão uricotélico nas exposições às concentrações de CaCO3 testadas. A
creatinina como produto do metabolismo intermediário da ureia teve suas concentrações
aumentadas na maioria dos grupos testados.
Sob diferentes concentrações de CaCO3, B. glabrata, apresentou as principais
alterações metabólicas a partir de 14 dias de exposição, as concentrações 20mg e 40mg
podem ser indicadas em experimentos que demonstram as menores alterações no metabolismo
intermediário, sugerindo um equilíbrio dinâmico (steady-state) deste organismo para sua
adaptação em situações de estresse, inclusive quando estiver sob infecção. Sob esta condição
fisiológica comprovada na literatura, quanto maior a concentração de cálcio, menor será a
liberação de cercárias de S. mansoni, podendo indicar que o próprio hospedeiro mobilize o
cálcio na tentativa de combater o parasito.
64
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75
8. ANEXOS
Acetato
Hidroxibutirato
Succinato
Malato
Oxaloacetato
Fumarato
8.1. Cromatogramas
Lactato
Malato
α-Cetoglutarato
Oxaloacetato
Fumarato
Cromatograma 1: Cromatograma de padrões de ácidos orgânicos. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase
líquida H2SO4).
Cromatograma 2: Cromatograma de pool de ácidos orgânicos. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida
H2SO4).
Propionato
Fumarato
Acetoacetato
Acetato
Succinato
Lactato
Hidroxibutirato
Oxaloacetato
Citrato
Piruvato
Malato
76
Propionato
Fumarato
Succinato
Lactato
Hidroxibutirato
Acetoacetato
Piruvato
Oxaloacetato
Citrato
Cromatograma 3: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
20 mg de CaCO3 por 1 dia. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Cromatograma 4: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a 40
mg de CaCO3 por 1 dia. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Propionato
Acetoacetato
Acetato
Fumarato
Succinato
Lactato
Hidroxibutirato
Citrato
Piruvato
Malato
Oxaloacetato
77
Propionato
Fumarato
Acetoacetato
Acetato
Succinato
Lactato
Hidroxibutirato
Citrato
Piruvato
Malato
Oxaloacetato
Cromatograma 5: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
60 mg de CaCO3 por 1 dia. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Cromatograma 6: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a 80
mg de CaCO3 por 1 dia. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Propionato
Acetoacetato
Acetato
Succinato
Lactato
Hidroxibutirato
Piruvato
Oxaloacetato
Citrato
78
Propionato
Acetoacetato
Acetato
Fumarato
Hidroxibutirato
Succinato
Lactato
Oxaloacetato
Citrato
Piruvato
Cromatograma 7: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
100 mg de CaCO3 por 1 dia. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Cromatograma 8: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
20 mg de CaCO3 por 14 dias. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Propionato
Fumarato
Lactato
Hidroxibutirato
Acetoacetato
Succinato
Citrato
Piruvato
79
Propionato
Fumarato
Acetoacetato
Succinato
Lactato
Hidroxibutirato
Piruvato
Malato
Oxaloacetato
Citrato
Cromatograma 9: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a 40
mg de CaCO3 por 14 dias. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Cromatograma 10: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
60 mg de CaCO3 por 14 dias. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Fumarato
Acetoacetato
Succinato
Lactato
Hidroxibutirato
Piruvato
Oxaloacetato
Citrato
80
Fumarato
Acetoacetato
Lactato
Hidroxibutirato
Succinato
Piruvato
Oxaloacetato
Citrato
Cromatograma 11: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
80 mg de CaCO3 por 14 dias. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Cromatograma 12: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
100 mg de CaCO3 por 14 dias. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Propionato
Fumarato
Acetoacetato
Succinato
Lactato
Hidroxibutirato
Piruvato
Oxaloacetato
Citrato
81
Propionato
Fumarato
Succinato
Lactato
Hidroxibutirato
Acetoacetato
Piruvato
Malato
Citrato
Cromatograma 13: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
20 mg de CaCO3 por 21 dias. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Cromatograma 14: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
40 mg de CaCO3 por 21 dias. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Propionato
Fumarato
Acetoacetato
Succinato
Lactato
Hidroxibutirato
Piruvato
Malato
Oxaloacetato
Citrato
82
Propionato
Fumarato
β-hidroxibutirato
Lactato
Malato
Oxalato
Oxaloacetato
α-cetoglurato
Piruvato
Cromatograma 15: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
60 mg de CaCO3 por 21 dias. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Cromatograma 16: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
80 mg de CaCO3 por 21 dias. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Propionato
Fumarato
Acetoacetato
Lactato
Hidroxibutirato
Succinato
Piruvato
Oxaloacetato
Citrato
83
Propionato
Fumarato
Hidroxibutirato
Acetoacetato
Lactato
Succinato
Citrato
Piruvato
Cromatograma 17: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
100 mg de CaCO3 por 21 dias. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Cromatograma 18: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
20 mg de CaCO3 por 30 dias. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Propionato
Acetoacetato
Fumarato
Succinato
Lactato
Hidroxibutirato
Piruvato
Malato
Citrato
84
Propionato
Fumarato
Acetoacetato
Succinato
Lactato
Hidroxibutirato
Piruvato
Malato
Oxaloacetato
Citrato
Cromatograma 19: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
40 mg de CaCO3 por 30 dias. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Cromatograma 20: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
60 mg de CaCO3 por 30 dias. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Propionato
Acetato
Fumarato
Acetoacetato
Succinato
Lactato
Hidroxibutirato
Piruvato
Oxaloacetato
Citrato
85
Propionato
Acetoacetato
Fumarato
Hidroxibutirato
Succinato
Lactato
Piruvato
Citrato
Oxaloacetato
Cromatograma 21: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
80 mg de CaCO3 por 30 dias. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Cromatograma 22: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata exposto a
100 mg de CaCO3 por 30 dias. (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Propionato
Fumarato
Acetoacetato
Succinato
Lactato
Hidroxibutirato
Piruvato
Malato
Oxaloacetato
Citrato
86
Propionato
Fumarato
Hidroxibutirato
Acetoacetato
Oxaloacetato
Citrato
Piruvato
Malato
Cromatograma 23: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata, grupo
controle de 1 dia (não exposto ao CaCO3), (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Cromatograma 24: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata, grupo
controle de 14 dias (não exposto ao CaCO3), (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Propionato
Acetoacetato
Acetato
Fumarato
Hidroxibutirato
Lactato
Piruvato
Malato
Oxaloacetato
87
Propionato
Acetato
Fumarato
Acetoacetato
Hidroxibutirato
Lactato
Succinato
Oxaloacetato
Piruvato
Malato
Cromatograma 25: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata, grupo
controle de 21 dias (não exposto ao CaCO3), (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
Cromatograma 26: Cromatograma de ácidos orgânicos na hemolinfa de Biomphalaria glabrata, grupo
controle de 30 dias (não exposto ao CaCO3), (HPLC, fluxo de 0,6 mL/min, fase líquida H2SO4).
88
8.2. PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA
Comunicamos que o Protocolo n. 083/12, intitulado Metabolismo de Ácidos
Orgânicos em Biomphalaria glabrata E B. straminea Sob Infecção de Schistosoma mansoni
e Influência do Cálcio., foi Aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais/CEUAPRPPG-UFG.
Reiteramos a importância desse Parecer Consustanciado, e lembramos que o(a)
pesquisador(a) responsável deverá encaminhar à CEUA-PRPPG-UFG um Relatório
Final baseado na conclusão do estudo e na incidência de publicações decorrentes deste, de
acordo com o disposto na Lei nº. 11.794 de 08/10/2008, e Resolução Normativa nº. 01, de
09/07/2010 do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal-CONCEA.
Atenciosamente,
-............................................................................
Comissão de Ética no Uso de Animais/CEUA
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação/PRPPG
Universidade Federal de Goiás/UFG
(62)3521-1215
89
8.3. COMPROVANTES DE SUBMISSÃO DO MANUSCRITO
SUBMISSION TO CBP PART B: BIOCHEMISTRY & MOLECULAR BIOLOGY
COMPLETED SUCCESSFULLY
From: Comp Biochem Physiol Edit. Office <[email protected]>
Date: 2014-03-08 10:09 GMT-03:00
Subject: Submission to CBP Part B: Biochemistry & Molecular Biology completed
successfully
To: Marina Clare Vinaud <[email protected]>
Dear Dr. Vinaud:
This email is to confirm that you have successfully completed your submission, titled
INFLUENCE OF DIFFERENT CONCENTRATIONS OF CALCIUM ON THE TCA
CYCLE OF Biomphalaria glabrata
to CBP.
Now that your submission is complete, we have disabled further access to it via the online
submission form. This means that neither you nor any other person can access it. Your
submission has been transferred to a 'secure holding tank'
at CBP.
Thus, the url we sent you in the first confirmation email will no longer work.
This is to protect your anonymity and ensure the confidentiality of your submission,
subject to the technical caveats that you agreed to at step 1 of the submission
(i.e. that it is impossible to offer a 100% guarantee of confidentiality).
90
The secure holding tank where your submission has been transferred is inspected
periodically by the staff at CBP.
Once a staff member inspects it and verifies that your submission is complete, your
manuscript is readable, and your submission is appropriate for this journal, it
will be assigned a Manuscript ID number and an editor who will be in charge of it.
You will receive email confirmation once an editor has been assigned and the editor
determines that your submission is appropriate for the journal and merits having experts
assigned to review it. This first stage of the review process could take several weeks.
Note that your manuscript ID number will be different from the submission ID number
your submission has been temporarily assigned, 15816, to uniquely identify it while it is
awaiting final inspection in the secure holding tank at CBP.
If you have questions about your submission, please contact "Comp Biochem Physiol Edit.
Office" <[email protected]>.
However please let a reasonable period of time elapse before making further inquiries
(say at least 7 days), since the staff of CBP is not always able to
inspect the submission holding tank on a daily basis.
Sincerely,
"Comp Biochem Physiol Edit. Office" <[email protected]>
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