42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA EM CÃO – RELATO DE CASO LUCIANE CAMILA HISCHING1, FABIOLA DALMOLIN2, JOELMA LUCIOLI3, THIAGO NEVES BATISTA3, JOSÉ EDUARDO BASILIO DE OLIVEIRA GNEIDING3. 1 Discente Medicina Veterinária, Universidade Regional de Blumenau (FURB); 2Docente Medicina Veterinária Universidade Federal da Fronteira Sul (UFSS); 3Docente Medicina Veterinária (FURB); Resumo: Leucemia é neoplasia maligna que se origina das células precursoras hematopoiéticas na medula óssea e seu diagnóstico baseia-se nos achados clínicos, laboratoriais, de imagem e exame citológico da medula óssea. Relata-se o caso de um canino com leucemia linfocítica crônica (LLC) diagnosticada por meio de exames complementares e análise citológica da medula óssea. Palavras chave: Citologia, medula óssea, linfócitos, neoplasia. CHRONIC LYMPHOCYTIC LEUKEMIA IN DOG – CASE REPORT Abstract: Leukemia is malignant neoplasia originated from hematopoietic precursor of cells in the bone marrow. In order to realize the diagnosis, clinical, laboratory and imaging examination should be considered, but bone marrow cytological study is indicated to achieve the definitive diagnosis. It is reported the case of a dog with chronic lymphocytic leukemia, diagnosed by complementary exams and bone marrow cytology examination. 2138 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR Key word: cytology, marrow bone, lymphocyte, neoplasia. INTRODUÇÃO A LLC é rara sendo descrita mais frequentemente em animais velhos e caracterizada por linfocitose severa envolvendo linfócitos pequenos e médios de aparência normal. Esta neoplasia maligna se origina das células precursoras hematopoiéticas na medula óssea (NELSON; COUTO, 2010) e pode ser classificada de acordo com a linhagem celular que a origina em mielóide ou linfóide (NELSON; COUTO, 2010; SHIMOMURA et al, 2006). Ainda pode ser classificada de acordo com o curso clínico e características citológicas, em agudas ou crônicas. As agudas possuem curso biológico agressivo e caracterizam-se pela presença de células imaturas na medula óssea ou sangue; já as crônicas apresentam curso prolongado sendo o tipo celular predominante bem diferenciado (NELSON; COUTO, 2010). Ao exame hematológico, a anormalidade mais comumente observada em cães é a linfocitose (NELSON; COUTO, 2010), sendo observados linfócitos de tamanho pequeno a médio com morfologia normal (ETTINGER, FELDMAN; 2004). Entretanto, o diagnóstico definitivo é realizado por meio de análise citológica da medula óssea (OLIVEIRA, 2011). DESCRIÇÃO DO CASO Foi atendida uma fêmea canina sem raça definida de sete anos de idade que apresentava sinais clínicos de inapetência, emagrecimento progressivo e fraqueza há dois meses, com piora no último mês. Na ocasião foram realizados hemograma e exames bioquímicos, sendo que ao hemograma verificou-se linfocitose (103.360 células/mm³) e anemia. Ao exame físico o animal apresentava aumento de volume abdominal e foi submetido a 2139 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR exame ultrassonográfico que revelou hepatomegalia e presença de líquido ascítico. Diante de novo hemograma verificou-se hipoproteineima, linfocitose (255.200 células/mm³) e agravamento da anemia, sendo solicitado o exame citológico da medula óssea. Para tal, sob sedação, foi realizada punção da medula óssea na região da asa do ílio com agulha 40x12, acoplada a seringa de 20ml contendo anticoagulante EDTA. Foram confeccionados esfregaços sanguíneos posteriormente corados por Giemsa. Ao microscópio observou-se celularidade aumentada e diminuição das séries megacariocítica, mielóide e eritróide. A série linfóide apresentou aumento acentuado, sendo observados principalmente linfócitos pequenos e médios e alguns plasmócitos. RESULTADOS Os exames de triagem (hemograma e ultrassonografia) foram essenciais para levantar a suspeita clínica de LLC, sendo o diagnóstico realizado pelo exame citológico da medula óssea. DISCUSSÃO A LLC é rara em cães, sendo descrita mais frequentemente em animais acima de sete anos (ALENCAR et al., 2008), idade do paciente em questão ao momento do diagnóstico. A leucemia pode ser classificada como crônica, sendo este tipo um dos mais comumente diagnosticados em cães (NELSON; COUTO, 2010). Os sinais incluem letargia, vômito, anorexia, diarreia e vômito intermitente; ao exame físico observam-se discreta linfadenopatia generalizada, hepatomegalia, pirexia, perda de peso e esplenomegalia (NELSON; COUTO, 2010). Foram observados no caso em questão letargia, vômitos esporádicos, palidez de mucosa, 2140 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR anemia, perda de peso, hipertermia, assim como hepatomegalia, corroborando com os autores, de que sinais inespecíficos geralmente estão presentes e podem dificultar o diagnóstico. A linfocitose é considerada achado patognomônico para a patologia (NELSON; COUTO, 2010), sendo verificada no caso relatado em dois hemogramas com intervalo de 15 dias, levando a suspeita de leucemia. Linfocitose pode ocorrer em LLC assim como linfossarcoma, sendo a distribuição anatômica o diferencial entre as neoplasias (ALENCAR et al., 2008). A LLC tem distribuição difusa com envolvimento do sangue, medula óssea, ou ambos; já o linfossarcoma tende a ser mais localizado aos tecidos e pode ou não progredir para o envolvimento do sangue (ALENCAR et al., 2008). Na paciente em questão não foram observadas alterações de linfonodos ou baço, que poderiam indicar linfossarcoma. Entretanto, foi realizada análise citológica da medula óssea para confirmar o diagnóstico de leucemia, assim como classificar a mesma. Segundo Oliveira (2011), a medula pode ser coletada no úmero proximal, fossa trocantérica do fêmur, esterno, ou crista ilíaca, sendo o último local escolhido pela facilidade de realização e familiaridade com a técnica. À microscopia observou-se aumento acentuado das células linfoides e, principalmente, linfócitos pequenos e médios. Estas características vão ao encontro das citadas por Helfand e Modiano (2000) com relação à citologia do aspirado da medula óssea nos casos de LCC, o que permitiu a realização do diagnóstico final. O prognóstico dos acometidos geralmente é bom, sendo que muitos dos pacientes sobrevivem por anos somente com tratamento sintomático ou quimioterapia leve (ALENCAR et al., 2008). Neste 2141 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR caso, entretanto, houve evolução da doença com progressiva perda de peso, anemia, pneumonia e ascite, mesmo com a utilização de tratamento sintomático, que constou de antibiótico e suplemento vitamínico. Desta maneira, foi indicado o tratamento quimioterápico, mas devido ao custo e opção do proprietário, não foi realizado. CONCLUSÃO A leucemia linfocítica crônica é neoplasia rara em cães geralmente associada a sinais clínicos inespecíficos. Embora a linfocitose seja o principal indicativo da doença, deve-se realizar a avaliação citológica da medula óssea, exame de escolha para o diagnóstico definitivo desta neoplasia. REFERÊNCIAS ALENCAR, N. X. et al. Leucemia linfocítica crônica em cão: relato de caso. Revista brasileira de Ciência Veterinária, v. 15, n. 3, p. 126-128, 2008. ETTINGER, J. S.; FELDMAN, E. C.. Tratado de medicina interna veterinária: doenças dos cães e gatos. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. HELFAND, S.C.; MODIANO, J.F. Chronic lymphocytic leukemia, In: FELDMAN, B. F.; ZINKL, J. G.; JAIN, N. C. Shalm’s Veterinary Hematology. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins. 2000. NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina interna de pequenos animais, 4ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. 2142