Utilização do mielograma na rotina clínica

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XIV Congresso Paulista de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais - CONPAVEPA - São Paulo-SP
Utilização do mielograma na rotina clínica
Samantha Ive Miyashiro
O hemograma é um dos exames complementares laboratoriais mais utilizados
na rotina de atendimento seja para avaliação geral do status de saúde do paciente,
seja para conhecimento prévio das condições clínicas de um paciente para o
planejamento cirúrgico, para o monitoramento de terapias ou doenças crônicas ou
eventualmente para diagnóstico. Mas nem sempre ele revela boas notícias e às vezes,
mesmo que realizado de forma seriada, o quadro clínico pode se manter obscuro e
informações extras podem ser obtidas por meio do mielograma ou citologia de medula
óssea.
As principais indicações para a um exame de citologia de medula óssea são
quadros de citopenias ou aumento de células sanguíneas que não são correlacionáveis
com os dados de anamnese e exame físico e/ou que sejam persistentes. A medula
óssea deve ser investigada quando respostas sanguíneas atípicas são observadas –
como presença de eritroblastose na ausência de reticulocitose – ou ainda, quando
células atípicas ou blásticas se encontrarem em circulação. O procedimento seria
contra-indicado em animais que estejam com o hematócrito muito baixo ou franco
quadro hemorrágico pelo risco de morte.
A citologia de medula óssea tem vantagens como obtenção de amostra de forma
pouco invasiva, pode ser feita com materiais de rotina clínica como tubos de EDTA
estéreis, solução fisiológica estéril, agulhas hipodérmicas calibrosas ou melhor, com
agulhas específicas para aspirado de medula óssea, seringa de 10 mL ou 20mL e
lâminas de vidro para preparo de esfregaço direto ou squash do material medular
aspirado. As lâminas devem ser secas ao ar e somente depois de secas podem ser
armazenadas em porta-lâminas em temperatura ambiente e devem ser mantidas longe
de geladeiras, umidade, vapores de formol ou de hipoclorito de sódio, cujos vapores
interferem com a coloração da amostra. O exame tem como desvantagem a falta de
informação sobre a arquitetura tecidual, que poderia ser avaliada em exame
histopatológico e a representatividade que pode ser comprometida por hemodiluição, já
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que a medula óssea é altamente vascularizada e a amostra aspirada pode vir diluída
em grande quantidade de sangue periférico, por isso recomenda-se aspirar pequeno
volume. Outra restrição seria a habilidade de obtenção da amostra. Alguns sítios são
recomendados para a obtenção de amostra como o úmero, íleo, esterno, fêmur e tíbia
– cuja escolha depende da habilidade do operador - e o posicionamento da agulha são
fundamentais para o sucesso do aspirado.
A avaliação inicia-se com a celularidade da amostra em relação à idade do
paciente – animais mais jovens tem mais células do que tecido adiposo, o contrário de
animais mais velhos, e daí temos a classificação da celularidade medular em
normocelular, hipocelular ou hipercelular. A celularidade pode ser expressa em valores
percentuais, obtidos de forma subjetiva, mas que podem ser importantes para
monitoramento de alguns casos.
As linhagens eritróide, granulocítica e monocítica-macrofágica também podem
ser expressas numericamente, que inclusive são utilizados para o cálculo da relação
granulocítica:eritróide (Relação G:E) que nos permite avaliar a proporcionalidade das
linhagens na medula que geralmente é em torno de 1,0 a 2,0. A escala piramidal de
maturação destes tipos celulares também pode ser avaliada na citologia e reportada no
resultado indicando eventualmente displasia. A série megacariocítica também é
avaliada, mas geralmente não é quantificada já que está presente em menor
quantidade na medula óssea normal. Os macrófagos medulares devem ser observados
atentamente pois revelam muito do que acontece no tecido e podem ser contados
juntamente com os monócitos compondo a série monocítica-macrofágica. Neles é
possível observar os depósitos de ferro intracitoplasmáticos em cães.
Outros tipos celulares também podem ser quantificados na medula óssea, como
os linfócitos e plasmócitos, além de terem a morfologia comparada. Outros grupos
celulares que podem estar presentes são: os mastócitos, osteoclastos e osteoblastos,
células estromais
Em condições de doença, pode-se observar a diminuição destes tipos celulares
ou alterações em sua escala maturativa assim como o aumento das células e
eventualmente presença de células atípicas.
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