1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIO ECONÔMICO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS A GEOGRAFIA DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS 1995 A 2010 Nádia Nunes FLORIANÓPOLIS (SC), JULHO DE 2013 2 NÁDIA NUNES A GEOGRAFIA DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS 1995 A 2010 Monografia submetida ao Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito obrigatório para obtenção do grau de Bacharelado em Ciências Econômicas. Florianópolis (SC), Julho de 2013 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIO ECONÔMICO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS A Banca Examinadora resolveu atribuir a nota 6,0 (seis) à aluna NÁDIA NUNES na disciplina CNM 5420 – Monografia, como requisito obrigatório para a obtenção do grau de Bacharelado em Ciências Econômicas. Banca Examinadora: ____________________________________ Prof. Dr. Valdir Alvim da Silva Orientador – CNM/CSE/UFSC ____________________________________ Prof. Dr. Pedro Antonio Vieira Membro 1 – CNM - UFSC ____________________________________ Prof. Ms. Daniel C. Corrêa da Silva Membro 2 – CNM - UFSC Florianópolis, 16 de julho de 2013 4 AGRADECIMENTOS Agradeço pela oportunidade de cursar uma Universidade e por toda a experiência proporcionada pelo ambiente acadêmico. Aos professores por compartilharem conhecimento e experiência ao longo destes anos. Aos meus pais pela educação que recebi. Aos meus filhos pela paciência e compreensão das ausências. Aos amigos pelo apoio. Aos funcionários da coordenação do curso de Ciências Econômicas. Ao professor Dr. Valdir Alvim da Silva pela orientação. Em especial, gostaria de agradecer também aos professores, Dr. Pedro Antônio Vieira e Dr. Daniel Corrêa da Silva, que no último semestre, no último dia dessa jornada me proporcionaram maior elucidação na minha busca pelo conhecimento. 5 RESUMO NUNES, Nádia. A geografia das exportações brasileiras – 1995 a 2010, Florianópolis, 2013. 59f. Monografia (Graduação) Curso de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013. A pesquisa realizada nesta monografia objetiva demonstrar o panorama da evolução recente das exportações brasileiras no período de 1995 a 2010, período este que abrange os governos dos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva. O ponto de partida procura mapear as exportações brasileiras explicitando o perfil geográfico no cenário mundial, bem como a relação comercial entre os BRICS e a evolução histórica dentro do período proposto. Busca-se na sequência, explicitar os principais países e blocos econômicos de destino das exportações brasileiras, bem como os principais produtos exportados. Além disso, busca-se analisar a participação comercial externa do Brasil na perspectiva dos dois governos, destacando as crises ocorridas no período e as políticas de exportação adotadas por cada um deles. Para finalizar, a pesquisa também demonstra uma abordagem sobre o tema da reprimarização da pauta de exportação brasileira, os conceitos e fatores diretamente relacionados e uma observação sobre a discussão do tema desindustrialização. Palavras-chave: Exportações Brasileiras. Importações Brasileiras. Pauta de Exportação. Reprimarização. Desindustrialização. 6 ABSTRACT NUNES, Nádia. A geografia das exportações brasileiras – 1995 a 2010, Florianópolis, 2013. 59f. Monografia (Graduação) Curso de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013. The research in this thesis aims to demonstrate the panorama of recent developments in Brazilian exports in the period 1995-2010, a period covering the administrations of Presidents Fernando Henrique Cardoso and Luiz Inácio Lula da Silva. The starting point for looking Brazilian exports to map detailing the geographical profile on the world stage, as well as the commercial relationship between the BRICS and the historical evolution within the proposed period. Search in the sequence, explain the major countries and economic blocs export destination as well as the main products exported. In addition, it seeks to analyze the participation of Brazil's foreign trade in the perspective of two governments, highlighting the crises in the period and export policies adopted by each government. Finally, the survey also demonstrates an approach on the subject of reprimarization of Brazilian exports, the concepts and factors directly related and a note on the discussion of the topic deindustrialization. Keywords: Brazilian Exports and Imports. Brazilian Export Basket. Reprimarization. Deindustrialization. 7 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1. Balança comercial brasileira 1995-2010 ............................................................. 34 Gráfico 2. Comparativo do comércio mundial e comércio brasileiro 1995-2010 ................ 36 Gráfico 3. Principais países de destino das exportações brasileiras 1998 e 2010.................. 39 Gráfico 4. Exportação brasileira por fator agregado 1964 a 2012 ........................................ 45 Gráfico 5. Exportações brasileiras por fator agregado 1995-2010 ....................................... 51 Gráfico 6. Evolução da balança comercial brasileira e do agronegócio 1989-2012 ............. 51 Gráfico 7. Exportações: participação de grupos de produtos, por intensidade tecnológica 2000-2010 ......................................................................................................... 53 8 LISTA DE QUADROS Quadro 1. Principais acontecimentos que afetaram as exportações em 2001 e 2002 ............ 27 Quadro 2. Política Econômica e Setor Externo: FHC e Lula (1995-2010) ........................... 32 Quadro 3. Os cinco principais países e principais produtos – comparativo 1999 e 2010. ..... 42 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Comércio exterior do Brasil: principais produtos exportados 1821-1940 ............ 18 Tabela 2. Produção, exportação e preços do café brasileiro 1850-2000 .............................. 19 Tabela 3. Evolução do comércio exterior brasileiro 1995-2010.......................................... 33 Tabela 4. Ranking dos principais países exportadores 1995-2010 ...................................... 37 Tabela 5. Ranking dos principais países importadores 1995-2010...................................... 38 Tabela 6. Exportações brasileiras: Blocos e valor agregado 1999/2003/2010 ..................... 43 Tabela 7. Exportações brasileiras por fator agregado 1964 a 2011 ..................................... 44 Tabela 8. Exportação Brasileira por intensidade tecnológica 1996-2002 ............................ 48 Tabela 9. Exportação Brasileira por intensidade tecnológica 2003-2010 ............................ 48 Tabela 10. Receitas de exportação por commodities 2000-2010 ......................................... 49 Tabela 11. Quantidades exportadas por commodities 2000-2010 ........................................ 49 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AELC - ASSOCIAÇÃO EUROPEIA DE LIVRE COMÉRCIO ALADI - ASSOCIAÇÃO LATINO AMERICANA DE INTEGRAÇÃO BID - BANCO INTERNACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CARICOM - COMUNIDADE E MERCADO COMUM DO CARIBE SECEX – SECRETARIA DE COMERCIO EXTERIOR COFINS - CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL DIEESE – DEPARTAMENTO INTERSINDICAL E ESTATISTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS EUA - ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA FMI - FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL FOB - FREE ON BOARD GATT - GENERAL AGREEMENTON TARIFFS AND TRADE (ACORDO GERAL DE TARIFAS E COMÉRCIO) IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IOF - IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS IPEA - INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS APLICADAS IPI - IMPOSTO SOBRE PRODUTOS IMPORTADOS IR - IMPOSTO DE RENDA JK - JUSCELINO KUBITSCHEK MCCA - MERCADO COMUM CENTROAMERICANO MDIC - MINISTÉRIO DE DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR MERCOSUL - MERCADO COMUM DO SUL OMC - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO PAEG - PROGRAMA DE AÇÃO ECONÔMICA DO GOVERNO PIB - PRODUTO INTERNO BRUTO PITCE - POLÍTICA INDUSTRIAL, TECNOLÓGICA E DO COMÉRCIO EXTERIOR PNB - PRODUTO NACIONAL BRUTO PND – PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO PROEX - PROGRAMA DE FINANCIAMENTO ÀS EXPORTAÇÕES SECEX - SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR TEC - TARIFA EXTERNA COMUM 11 SUMÁRIO RESUMO ................................................................................................................................................. 5 ABSTRACT ............................................................................................................................................. 6 LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................................................... 7 LISTA DE QUADROS ............................................................................................................................ 8 LISTA DE TABELAS ............................................................................................................................. 9 CAPITULO I. A INSERÇÃO DO BRASIL NO COMÉRCIO MUNDIAL ATRAVÉS DAS EXPORTAÇÕES..12 1. Introdução .........................................................................................................................12 1.1. Formulação da situação-problema ....................................................................................13 1.2. Objetivos ...........................................................................................................................14 1.2.1. Objetivo Geral ...................................................................................................................14 1.2.2. Objetivos Específicos ........................................................................................................14 1.3. Metodologia ......................................................................................................................14 CAPITULO II. ASPECTOS HISTÓRICOS E ESTRUTURAIS DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS ........16 2.1.1. Expansão e a geografia das exportações do século XIX ao XX .....................................18 2.1.2. Governos FHC e Lula e a política externa 1995- 2010 ..................................................24 CAPITULO III. OS RUMOS DO COMÉRCIO EXTERNO BRASILEIRO ...............................................33 3.1. A evolução das exportações brasileiras 1995-2010 ............................................................33 3.2. Distribuição geográfica das exportações - países e blocos .................................................37 3.3. Estrutura da pauta de exportações: principais produtos ......................................................44 CAPITULO IV. REPRIMARIZAÇAO DA PAUTA DE EXPORTAÇÕES ................................................50 4.1. Brasil e a reprimarização da pauta de exportações ..............................................................50 4.2. Reprimarização versus desindustrialização .........................................................................53 CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................................56 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 58 12 CAPITULO I. A INSERÇÃO DO BRASIL NO COMÉRCIO MUNDIAL ATRAVÉS DAS EXPORTAÇÕES 1. Introdução O fenômeno da globalização aumentou o interesse das empresas brasileiras pelo mercado externo, visando aumentar seus ganhos de competitividade e seus resultados financeiros, pois as exportações se colocam como formas de sistematização da economia e despontam como fonte primordial de divisas garantido a trajetória da corrente de comércio internacional do país. Em 2011 os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) registraram recorde na corrente de comércio do Brasil com saldo de US$ 482,3 bilhões. O resultado expressa um aumento de 25,7% sobre 2010, quando atingiu US$ 383,7 bilhões, tendo as exportações crescido em 26,8% e as importações 24,5%. A venda de produtos básicos cresceu 36,1% e os semimanufaturados e manufaturados se ampliaram em 27,7% e 26,00% respectivamente, na comparação com 2010. Estes resultados representam uma significativa progressão na inserção do Brasil no comércio internacional e buscam demonstrar que houve uma mudança na distribuição espacial/geográfica das exportações brasileiras no período 1995 a 2010, num contexto observado por crises econômicas que interferiram na alteração desta geografia. É possível observar que estas mudanças interferiram nas formas de garantia do fluxo de moeda estrangeira para pagamento de importações, bens e serviços, royalties serviços da dívida externa, gerado pelas divisas acumuladas com as exportações. Porém, examinando detidamente os resultados obtidos podemos perceber que a capacidade brasileira de promover os meios de pagamentos internacionais, necessários ao suprimento de oferta interna por bens de capital e insumos básicos, é ainda dependente das exportações de produtos primários. Esta dependência demonstra evidências do processo de reprimarização do comércio exportador brasileiro no período 1995 a 2010. Isto posto, percebeu-se que o fato já preocupa entidades de classe como a Federação das Indústrias e as organizações sindicais, uma vez que 13 atinge diretamente a estrutura industrial brasileira, em setores responsáveis pela geração de empregos e renda e dinâmica do desenvolvimento econômico. Assim verificamos que o Brasil tem condições de melhorar sua posição no comércio mundial, superando as limitações às exportações de produtos primários. 1.1. Formulação da situação-problema O plano de investigação desta pesquisa consistiu no levantamento da situação problemática da trajetória das exportações e os caminhos que o comércio internacional brasileiro vem tomando. A relevância desta problemática consiste em demonstrar as características da geografia das exportações brasileiras entre 1995 a 2010, período que compreende as políticas e ações de dois governos, FHC (1995-2002) e Lula (2003-2010). As estatísticas sobre o comércio exterior brasileiro, neste período, possibilitaram identificar o comportamento do comércio internacional brasileiro e representaram fortes indícios do processo de reprimarização no desempenho da economia do Brasil no âmbito da economia globalizada. A direção do comércio exterior brasileiro expressa a paisagem de sua situação econômica de tal forma que, mapear este movimento permite aos agentes envolvidos, como setor industrial e governo, o melhor planejamento das suas ações, constituindo-se em instrumento para tomada de decisão sobre políticas econômicas e determinação de diretrizes por parte do Governo bem como possibilita a definição de estratégias eficientes por parte das empresas e organizações. Nesta assertiva extraiu-se o problema da pesquisa que se constituiu na exploração da geografia das exportações brasileiras no período de 1995 a 2010, tanto no que diz respeito aos destinos do comércio e aos principais produtos da pauta de exportação, quanto na trajetória da reprimarização da economia brasileira, seu potencial exportador, as necessidades de organização na produção interna e a aplicação de políticas eficientes às exportações. 14 1.2. Objetivos 1.2.1. Objetivo Geral Examinar a geografia das exportações brasileiras e a trajetória do comércio internacional no período entre 1995 a 2010, e verificar a ocorrência do processo de reprimarização da pauta de exportações. 1.2.2. Objetivos Específicos 1. Demonstrar determinados aspectos estruturais das exportações brasileiras no contexto histórico nos séculos XIX a XXI; 2. Caracterizar os fatores políticos, econômicos e normativos, que condicionaram o comércio internacional brasileiro no período de 1995 a 2010; 3. Mapear as exportações, os principais países e blocos econômicos de destino e principais produtos alvos das exportações brasileiras no período, demonstrando as possíveis alterações na geografia; 4. Examinar e discutir o tema da reprimarização da pauta de exportação e também uma abordagem sobre o tema da desindustrialização. 1.3. Metodologia A presente pesquisa quanto aos objetivos é fundamentalmente analítico-descritiva. Quanto à abordagem caracteriza-se como quantitativa pela relevância das relações entre as variáveis, e qualitativa pelo aprofundamento da compreensão analítica dos dados obtidos buscando explicar o movimento das exportações brasileiras. A primeira parte introdutória consiste na exposição do capítulo I e descreve a metodologia e expõe a situação problemática da geografia das exportações brasileiras e dos reflexos da pauta exportadora na trajetória das tendências de reprimarização. 15 O primeiro objetivo específico será descrito no capítulo II e busca estabelecer alguns dos aspectos conceituais e da gênese das exportações brasileiras no contexto histórico dos séculos XIX ao XXI, na perspectiva de alguns autores como Caio Prado Junior na sua História econômica do Brasil, Celso Furtado em sua obra Formação Econômica do Brasil e João Manuel Cardoso de Mello em seu Capitalismo Tardio. Neste capítulo II serão destacadas também as políticas e ações adotadas no período de 1995 a 2010 sob os governos de FHC e Lula, num contexto de crises globais, enfrentadas com a busca da inserção no cenário mundial, tendo como referência o desenvolvimento da economia brasileira e contemporânea descrita por Nilson Araújo de Souza, e em Albene Miriam Menezes destacando as experiências de vinte anos de SECEX nos últimos duzentos anos de Comércio Exterior no Brasil. A geografia das exportações, o mapeamento dos principais países e blocos econômicos de destino das exportações brasileiras assim como os principais produtos exportados, o levantamento de valores em volume e em participação percentual, serão tratados no capítulo III tendo como referências os indicadores de desempenho das bases de dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), do Instituto de pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O capítulo IV abordará o quarto e último objetivo específico, onde se procura examinar a discussão sobre a reprimarização da pauta de exportações com base em pesquisas bibliográficas e nos conceitos existentes no debate atual do processo de desindustrialização no Brasil, a fim de dar sustentação teórica ao desenvolvimento da pesquisa. Nesta etapa foram utilizadas referências nos trabalhos de Betânia Pereira Silva em que aborda a desnacionalização e a dependência de commodities agrícolas e minerais, também De Negri e Alvarenga focando a primarização da pauta de exportações no Brasil e seus dilemas e em José Luis Oreiro e Carmem Feijó as questões da desindustrialização seus conceitos, causas efeitos no caso brasileiro. O trabalho de investigação realizado nesta pesquisa foi de fundamental importância para a compreensão dos temas relacionados aos movimentos comerciais do Brasil, permitindo ampliar o conhecimento sobre a realidade das exportações brasileiras e seus importantes indicadores de desempenho, contribuindo para melhor avaliar e tomada de decisão dos agentes econômicos, nos dois governos de FHC e Lula, diante da crítica realidade mundial. 16 CAPITULO II. ASPECTOS HISTÓRICOS E ESTRUTURAIS DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS 2.1. A gêsese colonial e mercantil das exportações do Brasil Para retratar a geografia das exportações é necessário recuar um pouco no tempo em busca dos aspectos históricos que deram início ao processo exportador em terras brasileiras. A economia brasileira, no período colonial é integrada ao processo de expansão do capitalismo mercantil que se espraiava pelo mundo, enquanto o feudalismo da idade média entrava no seu final a partir do século XVI. Quando falamos em comércio exterior podemos dizer que este existe no Brasil desde as primeiras ocupações de suas terras. Com caráter predatório sobre os recursos naturais e com a utilização da mão-de-obra a princípio indígena, para exploração do pau-brasil e posteriormente com trabalho escravo dos negros traficados da África para a produção da canade-açúcar. Assim, o primeiro produto a ser exportado foi o Pau-Brasil, a princípio retirado por franceses, negociado por portugueses, piratas e contrabandistas de forma indiscriminada e rudimentar. Esta exploração rudimentar atendia os interesses e as necessidades comerciais europeias, não criando estabelecimentos fixos e ou definitivos na colônia portuguesa, tendo sido “rápida a decadência da exploração do pau-brasil” e em alguns decênios “esgotaram-se o melhor das matas costeiras que continham a preciosa árvore e o negócio perdeu seu interesse” (PRADO JUNIOR, 1970, p. 27). Esta exploração unida ao trabalho servil constituiu na perspectiva de Silva (2008) a base da mercantilização das atividades na colônia onde o objetivo era atender aos interesses internacionais de Portugal. Ainda assim a exploração desta árvore preciosa matéria-prima continuou sob o regime do monopólio real com pequena exportação que durará até princípios do século XIX. Somente mais tarde com a ocupação efetiva do território e a instalação e sobrevivência as vilas aos ataques dos índios nas novas terras, e das experiências comerciais na ilha da Madeira é que os portugueses introduzem o cultivo da cana-de-açúcar, e de tal maneira que “a 17 organização das relações de produção e a estrutura sócio-econômica básica da sociedade brasileira já começa a ser definida” (SILVA, 2008, p.16). Ainda na fase colonial, o modelo exportador agroindustrial açucareiro exigiu investimentos em equipamentos e mão-de-obra escrava e ao que “tudo indica que capitais flamengos participaram no financiamento das instalações produtivas no Brasil bem como no da importação de mão-de-obra escrava” (FURTADO 2007, p. 34). Contudo, o açúcar, este produto tão importante para o Brasil entrou em crise e os engenhos aos poucos foram desaparecendo. O açúcar brasileiro sente a pressão da forte concorrência dos capitais comerciais holandeses e franceses com a expansão da produção da cana nas Antilhas, e desta forma a decadência do comércio do açúcar brasileiro se dá pela concorrência do açúcar antilhano no mercado internacional. Assim, o capital comercial foi dominante até o século XVII. Na passagem do século XVII para o XVIII, houve a descoberta das Minas Gerais, onde havia ricas jazidas de ouro no centro-sul do Brasil e espalhadas por mais alguns territórios como Goiás e Mato Grosso tornou-se um atrativo para vinda de migrantes e aventureiros europeus. Criam-se novas vilas, como Vila rica (atual Ouro Preto) principal produtora de ouro, e desta forma se desenvolve a pecuária pelo interior da colônia. Porém a pecuária não era uma produção destinada à exportação, mas era tão somente para o abastecimento dos mineradores numa economia de subsistência. Portanto, o que se vê é que tivemos uma organização puramente mercantil na sua produção e Prado Júnior destaca que: na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde, ouro e diamante; depois algodão, e em seguida café, para o comércio europeu. Nada mais que isto. É com tal objetivo exterior voltado para fora do país e sem atenção a consideração que não fossem o interesse daquele comércio, que se organizarão a sociedade e a economia brasileiras. (PRADO JUNIOR, 1970, p. 23). Neste contexto objetivando o comércio exterior, o Brasil passa por um processo de modernização no período que vai de 1850 até o fim da monarquia. Várias decisões foram tomadas a fim de obter uma maior integração geográfica e espacial dentre estas a introdução da estrada de ferro que representou uma revolução no meio de transportes interligando várias regiões até a chegada do café nos portos para exportação. 18 2.1.1. Expansão e a geografia das exportações do século XIX ao XX Conforme Prado Junior (1970, p. 270) o que temos é a dependência e a subordinção orgânica e funcional em relação ao conjunto de interesses internacionais. Uma economia de exportação para fornecimento de matérias-primas e gêneros alimentícios aos países da Europa e mais tarde também da América. Aqui nos deparamos já com uma situação geográfica das exportações brasileiras, os primeiros destinos e os principais produtos exportados desde sua gênese. Celso Furtado destaca que já “no primeiro decênio da independência o café já contribuia com dezoito por cento do valor das exportações do Brasil, colocando-se em terceiro lugar depois do açúcar e do algodão” (FURTADO, 2007, p. 68). Se observarmos os principais produtos do comércio exterior do Brasil que vai de 1821 a 1940, veremos que a pauta de exportações teve a predominância de produtos primários. Tabela 1. Comércio exterior do Brasil: principais produtos exportados 1821-1940 (em % sobre o total das exportações) Elaboração: Silva (2008) Contudo o café foi o que atingiu o sucesso de produção e exportação, e Silva (2008) destaca que mesmo com a abundância de recursos naturais e cenário externo favorável, o café recebeu investimentos de capitais estrangeiros em todas as fases do processo. Furtado (2007) coloca que o segundo e o terceiro quartel do século XIX representaram a fase de gestação da economia cafeeira e foi nesta etapa de gestação que ocorreu a formação de uma nova classe 19 empresária, com experiência comercial, que mais tarde representou o mercado consumidor interno. Mello (1991) enfatiza que o capital cafeeiro traduziu-se também em capital industrial e mercantil, integrando o núcleo produtivo, serviços de transporte e beneficiamentos, atividades comerciais (casas de câmbio) e bancárias, determinando um complexo exportador cafeeiro. Desta forma, este autor destaca que o capital industrial brasileiro nasceu num momento de auge das exportações brasileiras. A integração entre capital nacional e internacional ocorre durante o auge da economia do café, inserindo o Brasil no cenário mundial como potencia exportadora. O crescimento da função exportadora se dá pelos estímulos de um setor externo favorável, destaca Silva (2008) e também internamente pelas condições estruturais específicas do Brasil como, clima, boa terra e mão-de-obra vinda dos imigrantes europeus que somam às forças produtivas impulsionando a economia assente. Tabela 2. Produção, exportação e preços do café brasileiro 1850-2000 Elaboração: Silva (2008) O que pode ser notado na função exportadora do Brasil, Tabela 2, é que foi o café que esteve na base do processo de desenvolvimento do Brasil, apesar da participação dos demais produtos como o açúcar, o cacau e a borracha. Com a crise de 1929 o Brasil fica em situação complicada em sua economia agroexportadora o que resultou numa crise de superprodução do café diante da demanda internacional. Neste sentido Silva afirma que: 20 o espaço de tempo decorrente entre os anos 1870 e 1930 pode ser tratado como um período de gestação industrial, no qual a expansão das exportações, basicamente impulsionada pelo café, num primeiro momento estimulou a diversificação das atividades econômicas internas e a modernização da economia. [...] a partir da década de 1930, o declínio das exportações e a consequente dificuldade para importar gerada pela insuficiência de divisas, [está] aliada a uma crescente desvalorização cambial. (SILVA, 2008, p. 22) Assim, o período marcado pela agricultura de exportação onde o café era o produto destaque foi durante a República Velha (1889-1930), onde a riqueza acumulada com o café dinamiza e estimula o desenvolvimento industrial, estará somado às dificuldades de importação durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Com a crise de 1929 a economia agrário-exportadora brasileira sofre os reflexos de um crescimento econômico que vinha sendo sustentado apenas por gênero primário, o café. O aumento das importações exigia uma contrapartida ainda maior na receita das exportações, surge uma economia urbano-industrial que para Silva (2008) era voltada ao mercado interno. A crise de 1929 representou a crise de superprodução e para realizar uma política de proteção para a cafeicultura, o Estado compra os estoques existentes, retém e destrói parte da produção fomentando a renda nacional somadas a uma política de desvalorização cambial garantido o nível de emprego em outros setores da economia. Em suma, percebe-se que “a expansão das exportações, basicamente impulsionada pelo café, num primeiro momento estimulou a diversificação das atividades econômicas internas e a modernização da economia” (SILVA, 2008, p. 22). No período seguinte compreendido entre os anos de 1930 a 1954, é constituída uma série de políticas institucionais e de valorização do café. Em 1931 é criado o Conselho Nacional do Café, sob o governo provisório de Vargas. Em 1933 é criado Instituto do Açúcar e do Álcool para controle de produção, comércio, preços e exportação destes produtos. Neste período ocorre a transição definitiva de uma economia agroexportadora para uma economia urbano-industrial, em que os principais pilares para a nossa industrialização foram o implemento da indústria de base - de meios de produção como máquinas e equipamentos, e a dinamização do setor interno. Neste período a indústria cresceu 7,2% ao ano enquanto que a agricultura só avançou 2,8%. A expansão da indústria perdura entre 1945 e 1960 superando a agricultura (SOUZA, 2008, p.13 e 15). 21 Com o movimento nacional-desenvolvimentista, iniciou uma escalada do capital estrangeiro através de investimentos externos diretos (IED) no Brasil sob a forma de máquinas e equipamentos, conforme Souza (2008). O Plano de Metas do governo Juscelino Kubitschek (JK) apoiou-se na expansão da produção de bens de consumo duráveis e tal expansão só pode ser explicada devida a concentração de renda do período anterior dado o padrão de acumulação realizado no governo de Getúlio Vargas (OLIVEIRA, 1977 apud SILVA, 2008, p. 25). Entretanto, no governo JK a dívida externa aumenta e a situação se agrava com o crescente desequilíbrio do balanço de pagamentos, vê-se a queda das exportações de produtos agrícolas associado ao pagamento de elevados fretes e seguros para produtos importados, bem como as remessas de lucros das empresas internacionais. No governo seguinte João Goulart (Jango) a dívida externa corresponde a 43% da renda obtida com as exportações. Houve queda do investimento direto que trouxe como consequência a redução da economia do país, a crise e o golpe militar em 1964, destituindo o governo de Jango. O governo militar consolida o Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG) elaborado pelos, então ministros da fazenda Roberto de Oliveira Campos e Octávio Gouvêa de Bulhões, cujos objetivos eram o de baixar a inflação e equilibrar o balanço de pagamentos. No entanto a crise econômica persistiu até 1967. Conforme Souza (2008) no período de 1968 até 1973 houve a expansão acelerada da economia brasileira, batizada como “milagre econômico”, tendo como um dos fatores que contribuíram para a expansão da economia neste período pautado na melhoria das exportações, que passaram a crescer 18% ao ano apresentando forte crescimento no volume exportado. Neste período de “milagre” as políticas de exportação consistiram em incentivos especiais, principalmente fiscais e creditícios para determinados produtos de exportação. A economia voltou a crescer puxada pelas indústrias de construção civil e de bens de consumo duráveis como os automóveis e eletrodomésticos, voltados para a classe de renda alta. Expandiu também a pecuária e produtos agrícolas de exportação. O Produto Nacional Bruto (PNB) cresceu em média 10% ao ano entre 1968 e 1973, e as apostas nas exportações eram mantidas a fim de obter parte das divisas necessárias às importações de máquinas, equipamentos e matérias-primas, com políticas de incentivos governamentais aos exportadores garantindo o sucesso. 22 A partir de 1974 o crescimento começa a declinar e a inflação chega a bater 200% em 1983 quando a dívida externa ultrapassa os US$ 90 bilhões e 90% da receita das exportações é utilizada para pagamento de juros da dívida. Segundo Souza (2008) a violenta recessão caracterizou um período de estagnação da economia nacional até 1984. Já em meados de 1984, conforme Souza (2008), a economia começa a se reanimar puxada pela produção industrial, que cresceu 6%, em grande medida, devido aos projetos deflagrados pelo II PND de 1974, nas áreas de bens de capital, petróleo, produtos siderúrgicos e químicos, gerando capacidade exportadora. Em 1985 instaura-se a Nova República, com a apresentação do I PND-NR (Plano Nacional de Desenvolvimento da Nova República), objetivando a preservação do crescimento econômico, equacionamento das finanças públicas e a queda da inflação, e a implantação do Plano Cruzado em 1986 capitaneado por Dilson Funaro, Ministro da Fazenda do governo de transição de José Sarney. Após grandes lutas contra a ditadura e vários planos econômicos a dívida externa aumentou para US$ 115,10 bilhões na década de 1980. “Para pagar esses juros externos, o governo brasileiro emitia títulos da dívida interna, os vendia no mercado a fim de obter moeda nacional e adquirir os dólares dos exportadores” (SOUZA, 2008, p. 197). Neste cenário elegeu-se em 1989 o presidente Fernando Collor de Mello, que promoveu um plano econômico com o sequestro dos ativos líquidos da economia e promovendo uma abertura de mercado à economia mundial. Naufragados os planos seguintes, o Brasil entrou num ciclo de crescimento, embora seja um desenvolvimento modesto. Somente a partir do final da última década do século XX, após sucessivas crises que pôs em risco o Plano Real de 1994, o país começou a demonstrar uma força maior nas exportações. Foi num cenário de mudanças na economia mundial, e na busca pelo fator competitivo, que ocorreram mudanças em antigas relações comerciais em que o Brasil vive a abertura para o mundo. Conforme Menezes et. al. (2010), a Medida Provisória nº 150, de 15 de março de 1990, que virou a lei que criou o Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento deixando sob sua responsabilidade a gestão do comércio exterior com a criação do SECEX alguns anos depois. Ainda conforme Menezes et. al.(2010), no início da década de 90 com Collor a implementação da abertura comercial pelo Brasil consistiu em redução de tarifas de importação e reformulação de incentivos às exportações. 23 No plano internacional, com o fim da guerra fria e sob o paradigma do neoliberalismo, as relações comerciais ocorrem dentro de uma nova ordem chamada livre comércio e multilateralização. Desta forma é criada em 1995 a Organização Mundial do Comércio (OMC) em substituição ao Acordo Geral sobre Tarifas do Comércio (GATT), com o objetivo de zelar pelo livre comércio aplicando políticas de desregulamentação, oferecendo maior alcance internacional para países como o Brasil. Nos anos 90 também assistimos uma cadeia de crises econômicas e financeiras em todo mundo, como em 1992-1993 a crise no sistema monetário Europeu, em 1994 crise do México e em 1996 a crise dos “Tigres Asiáticos” com enfrentamento de problemas cambiais. No Brasil, conforme Silva (2008) houve uma mudança de foco, quando a ideia de internalização da produção, até então mantida pela política de substituição às importações, passa a ser substituída pela necessidade de políticas que tornassem o setor produtivo mais competitivo no âmbito da liberalização comercial mundial. No Brasil, “o estado deveria deixar de ser interventor para se tornar apenas regulador dos setores produtivos. Desta forma as privatizações foram fortemente incentivadas” (SILVA, 2008, p. 63). Fernando Collor de Mello implementa a ampla abertura comercial, conforme Menezes et al. (2010) esta abertura alcança a indústria automobilística. O impacto dessa medida amplia a oferta interna de bens importados, de alimentos, carros, calçados e tecidos o que exigiu logo após, medidas para evitar a falência de vários setores, como por exemplo o leiteiro, dado à concorrência com o produto de origem da Argentina e do Uruguai. Foram implantadas diversas políticas com o objetivo de melhorar a participação do Brasil no comércio internacional: foi lançado o Programa de Competitividade Industrial; o Programa Brasileiro da Qualidade de Produtividade; e o programa de Apoio à capacitação Tecnológica na Indústria, que juntos constituem instrumentos de política industrial objetivando prover a competitividade às exportações brasileiras; e em 1991 também foi criado o Programa de Financiamento às Exportações (PROEX). Em 1991 foi aprovado no Congresso o mecanismo de drawback verde-amarelo reduzindo a carga tributária sobre os insumos nacionais utilizados nos produtos a serem exportados. Ainda neste ano o governo encaminha ao Congresso nacional o projeto de lei que objetiva o ajuste no setor portuário. Também foi celebrado o Tratado de Assunção entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai tendo como objetivo um mercado comum na América do Sul (MERCOSUL), com a definição de liberalização comercial através de união aduaneira 24 com a finalidade de adotar uma tarifa única comum para os Estados membros. “No MERCOSUL se desenvolvem ações para harmonização de políticas comerciais, com destaque para a aprovação do regulamento contra práticas desleais de comércio” (MENEZES et. al., 2010, p. 217) Fernando Collor de Melo sofre impeachment no final de 1992 e assume seu vice Itamar Franco. Em 1993 entrou em operação o Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX-exportação), medida que simplificou os procedimentos nas operações de exportações barateando custos dos operadores, pois integra de forma informatizada as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior. Em 1994 a crise financeira do México explode provocando desvalorização do peso e afetando a economia mundial causando efeitos negativos nas reservas cambiais brasileiras. Assim, “para evitar uma crise financeira, o governo reduz o ritmo de crescimento da economia contém o consumo e eleva as taxas de juros e as tarifas de importação” (MENEZES et. al., 2010, p. 219). 2.1.2. Governos FHC e Lula e a política externa 1995- 2010 Em 1º de janeiro de 1995 assume a presidência Fernando Henrique Cardoso, também com a promessa de fazer políticas e comércio exterior enfatizando a abertura comercial através da integração com os países do MERCOSUL e os demais países da América do Sul. São assinados acordos de livre comércio entre o MERCOSUL, Chile e Bolívia. Também é adotada a Tarifa Externa Comum. Para Silva “contudo as exportações que seriam, e de fato foram incentivadas, estão relacionadas a produtos com baixo conteúdo tecnológico e baixa capacidade de conquistar novos mercados” (SILVA, 2008, p. 67). Em 1997 o destaque de Silva (2008) é para o início das negociações brasileiras com a Organização Mundial do Comércio (OMC) em que é assinado um acordo inter-regional em Madri, aprofundando as relações entre os dois blocos. O governo cria o programa econômico para enfrentamento da crise do México, alterando o câmbio vinculado ao dólar e adotando flexibilidade. Aprova também no Senado a quebra do monopólio da Petrobrás permitindo que empresas privadas participem na exploração, produção, refino e transporte do petróleo no Brasil. Menezes et. al. (2010) dá ênfase a implementação de alternativas para evitar a crise financeira, como a redução no ritmo da economia com a contenção do consumo, elevação das 25 tarifas de importação e elevação de taxas de juros. Desta maneira tem-se um aumento significativo de capitais estrangeiros recuperando as reservas cambiais e estabilizando a balança comercial. Ainda sob o efeito da crise mexicana, que provoca ataques especulativos contra o real, as reservas cambiais brasileiras tiveram perdas de cerca de US$ 10 bilhões. A balança comercial fecha com as exportações em US$ 46.506 milhões e importações de US$ 49.972, o que representa um saldo negativo de US$ 3.466 milhões. Em 1997 ocorre a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, e o Brasil pela empresa Embraer e o Canadá pela empresa Bombardier, disputam os subsídios à indústria aeronáutica. A empresa canadense alega que o programa de financiamento às exportações, o PROEX, não estaria obedecendo aos princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC) por financiar de forma ilegal a Embraer. Também neste ano um acordo provisório entre o Brasil e a Argentina eleva a Tarifa Externa Comum (TEC) em 3%. A crise financeira da Ásia repercute no Brasil com o ataque especulativo contra a moeda nacional, e como medida de combate a desvalorização o Brasil dobra os juros básicos em outubro de 1997. A balança comercial fecha o ano com as exportações de US$ 52.994 milhões e importações de US$ 59.741 milhões, mais uma vez o saldo é negativo, US$ 6.747 milhões. Em 1998 ocorre a crise financeira da Rússia que ao decretar a moratória, associada à crise política com o processo de transição para o capitalismo, leva a uma crise sistêmica mundial. Desta forma, conforme Menezes et. al. (2010), o Brasil tem perdas maciças de capitais de curto prazo e elevada diminuição no volume de crédito e das reservas cambiais. Neste contexto busca ajuda externa assinando acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para obtenção de pacote de ajuda financeira. As exportações fecharam em US$ 51.140 milhões e importações de US$ 57.764 milhões ficando o saldo negativo de US$ 6.624 milhões. Conforme Silva (2008) apesar dos incentivos às atividades exportadoras, como a ampliação da área de atuação do PROEX e consolidação de novas normas, visto a necessidade de eliminar o déficit comercial e estabilizar a economia, o contexto interno com a crise cambial brasileira de 1998 levou a uma forte queda do real dando fim à âncora cambial, configurando novos eixos para a política macroeconômica, como o regime de câmbio flutuante, sistema de metas de inflação e política se superávits primários. Em 1999 ocorre o lançamento do Euro que começou a circular como moeda única da maior parte dos países da União Europeia a partir de 2002. Ocorre a posse do Ministro Celso 26 Lafer no novo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), tendo neste período decisões sobre o Real que sofreu uma desvalorização de 40% em relação ao dólar e o governo renegocia com o FMI. A crise no MERCOSUL ameaça a dolarização na Argentina. A balança comercial fecha com saldo negativo de US$ 1.282 milhões. A segunda metade da década de 90 foi marcada por crises e instabilidade fazendo com que a economia brasileira fosse alvo das especulações que desafiaram a política macroeconômica do período que foi ditada pela necessidade de resposta às crises mundiais e afetou de maneira distinta o comércio exterior. Em alguns momentos, os cortes orçamentários realizados e os pacotes de medidas que visavam ao aumento da arrecadação tiveram efeitos negativos sobre a área de comércio exterior. De tal forma, geral, contudo, as crises daquele período levaram ao reconhecimento do importante papel dos superávits comerciais para o equilíbrio macroeconômico do País. (SPINDOLA apud MENEZES et. al. 2010, p. 27) Conforme Menezes et. al. (2010), em 2000 a Petrobras teve recorde de produção batendo 1,3 milhões de barris de petróleo por dia. Ocorre também à condenação do Brasil pela OMC, tendo o país que aceitar as retaliações comerciais do Canadá pelos subsídios demasiados à venda de aviões da Embraer. A balança comercial continuou seu déficit fechando negativo em US$ 720 milhões. A partir de 2000, o comércio exterior brasileiro aumenta num ritmo mais vigoroso. O crescimento econômico mundial, o aumento dos preços internacionais de produtos básicos, a diversificação dos mercados importadores e a maior produtividade na indústria nacional são fatores que favorecem o dinamismo das exportações brasileiras, que passa a atingir sucessivos recordes. (MENEZES et. al., 2010, p. 227) Em 2001 foi criado o Programa de Exportações 2001, com mudanças na forma de cobrança de impostos como o PIS e o COFINS, desonerando a produção e constituindo nova alternativa para os exportadores se creditarem dessas contribuições. Desta forma o objetivo do programa era principalmente o de reduzir os custos de exportação, e em termos de importação era pela redução de alíquotas dos bens de capital, desde que estes não possuíssem similar nacional. Já em 2002, conforme Silva (2008, p. 98) houve a continuação das políticas de desoneração das exportações e ampliação dos mercados. Menezes et. al. (2010) relata os principais acontecimentos de 2001 e 2002 expostos no Quadro 1 a seguir. 27 Quadro 1. Principais acontecimentos que afetaram as exportações em 2001 e 2002 2001 2002 Janeiro - Sobretaxa dos EUA de 30% ao aço importado. A ação, considerada ilegal pela OMC é imposta a 22 países. Janeiro - Implementação da zona do euro. Fevereiro - Embargo à carne brasileira. Canadá, EUA e México suspendem as importações de carne brasileira alegando contaminação pela doença da vaca louca. O embargo foi suspenso Junho - Vitória do Brasil no contesioso Embraer X Bombardier. A OMC após técnicos canadenses constatarem que as acusações era autoriza o Brasil a retaliar o Canadá pelos prejuízos decorrentes dos infundadas. subsídios canadenses, mas as sanções não são aplicadas. Julho - Apagão elétrico racionamento na distribuição de energia. Governo impões redução de energia em 20% para todos os consumidores o que teve forte impacto na indústria. Agosto - Novo acordo com FMI válido até dezembro de 2002. -Brasil e México fecham acordo comercial para redução de tarifa para o comércio bilateral. Julho - gestão da Câmara de Comércio Exterior (GECEX) impões salvaguardas às importações de coco ralado, protegendo a produção nacional. -Representação na OMC contra o subsídio do açúcar. Brasil, Tailândia e Austrália entram com denúncias contra a União Europeia. Em agosto a OMC dá vitória ao Brasil. Novembro - lançamento do portal do exportador pelo MDIC. Outubro - Alta cotação do dólar atinge a marca de R$4,00, a mais alta da história do real. Encerrando o ano em R$ 3,545 uma valorização de 53,13% frente ao real. Dezembro - Decreto nº 4.072 restringe o nome cachaça à aguardentes produzidas no Brasil. - Cresce o número de empresas exportadoras em 6,2%. -Destaque para o setor agrícola. As exportações de produtos agrícolas passam de US$ 14 bilhões em 2000 para US$ 18 bilhões em 2001. Dezembro - China e Brasil fazem acordo de cooperação tecnológica, que prevê a trasnferência de tecnologia para a produção de álcool e desenvolvimento de automóveis movidos a álcool e também o desenvolvimento conjunto de tecnologia para a produção de medicamentos genéricos, aço e para o desenvolvimento de software . -China reduz alíquota de importação para o Brasil em 34 produtos. -Representação na OMC contra o subsídio do suco de laranja, questionando sobre o imposto cobrado pela Flórida (EUA) sobre o suco de laranja importado. -Balança comercial fecha com saldo positivo em US$ 2.685 milhões. -balança comercial fecha com saldo positivo de US$ 13.196 milhões. Fonte: MENEZES, 2010 Elaboração da autora Em 2003 toma posse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Lula), o Brasil participa como convidado da reunião do G8. Luiz Fernando Furlan assume o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Segundo Silva (2008) o resultado comercial, deste ano, foi satisfatório para o Brasil fundamentalmente pela conquista de novos mercados, fortalecimento das relações comerciais com países da América do Sul e medidas que fomentaram as exportações como exemplo o modo de cobrança da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) no processo produtivo. Esta medida auxiliou as exportações de produtos com maior valor agregado. As exportações, por sua vez, foram beneficiadas, em 2003, por uma conjuntura internacional favorável, relacionada, por exemplo, ao aumento dos preços da 28 commodities e à conquista de novos mercados derivada da crise da “vaca louca” na Europa. (SILVA, 2008, p. 99) Com a posse do Presidente Lula da Silva, a proposta foi de estreitar as relações comerciais com países da Ásia, África do Sul e especialmente a América do Sul com destaque para o processo de ampliação do MERCOSUL, com Adesão da Venezuela e criação do Parlamento do MERCOSUL o que aconteceu em 2006. Em 2003, conforme Menezes et. al. (2010) o comércio exterior brasileiro apresentou a maior cifra até então. As exportações fecharam em US$ 73,1 bilhões, enquanto as importações foram de US$ 48,3 bilhões ficando o saldo da balança comercial positivo em quase US$ 25 bilhões, o destaque foi o setor de produtos manufaturados, respondendo por 54,3% da pauta de exportação brasileira com volume de US$ 39.653 milhões, seguida dos produtos básicos com US$ 21.179 milhões e semimanufaturados US$ 10.944 milhões. Assim, “a evolução recente das exportações tem sido caracterizada pela ampliação e a diversificação da pauta de exportações. As vendas externas brasileiras atingem diversificação geográfica” (MENEZES et. al., 2010, p. 229). Em 2004, novo recorde de exportação e a consolidação em escala mundial e as exportações atingem US$ 96,5 bilhões e as importações somam US$ 62,8 bilhões, a balança comercial registra o maior superávit até então, com saldo de US$ 33,7 bilhões. No cenário externo a economia mundial apresenta forte crescimento demandando aumento nos preços internacionais de commodities. Conforme Silva (2008) o Bacen divulga os resultados da balança comercial derivado do crescimento do comércio internacional, do aumento dos preços das commodities agropecuárias e metálicas – as quais são de considerável importância na pauta das exportações – e também da intensa política de promoção das exportações implementada pelo Brasil nos últimos anos. (SILVA, 2008, p. 100) A Organização Mundial do Comércio ratifica o acordo da agricultura passando a reger as regras internacionais do comércio de produtos agrícolas. Conforme Silva (2008), em 2004 os pilares básicos da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE), objetivando reduzir a vulnerabilidade externa, foram a sustentabilidade e o aumento das exportações brasileiras. Desta maneira, as políticas visaram incentivos para a eficiência e competitividade das empresas brasileiras. Já em 2005, mais um grande avanço no comércio exterior brasileiro, dado ao intenso crescimento do comércio internacional e elevação dos preços de alguns produtos como café, minério-de-ferro, petróleo, carne de frango e suínos contribuíram para o saldo obtido. Neste 29 ano várias questões relativas da PITCE foram regulamentadas e implementadas nos processos de inovação tecnológica e de desoneração dos investimentos produtivos. Conforme Silva (2008) as exportações atingem o valor de US$ 118,3 bilhões e as importações US$ 73,6 bilhões, significando um superávit de US$ 44,7 bilhões. Para Menezes et. al. (2010), os setores que puxaram este crescimento foram os de combustíveis e o setor de material de transportes que contribuíram com US$ 3,1 bilhões. As exportações de petróleo e derivados cresceram 58,4% contribuindo com US$ 3,3 bilhões. Este crescimento reflete as vendas para mercados não tradicionais como a África, Europa ocidental. Ásia e Oceania. A exportação da carne foi prejudicada pela febre aftosa em alguns estados do Brasil o que gerou suspensão da compra por mais de 40 países. Neste mesmo ano há uma queda no preço das commodities no mercado internacional e conforme Silva (2008) os créditos do PROEX elevam-se e o setor mais beneficiado foi o agronegócio com 35% dos recursos. O ano de 2006 foi marcado por novo recorde da balança comercial brasileira. O PIB registrou aumento real de 3,7% segundo dados do IBGE, impulsionado pela demanda interna. A Economia internacional mantém o ritmo de crescimento com destaque para o crescimento acelerado da China e Índia. Neste mesmo ano Evo Morales toma posse na Bolívia e nacionaliza as reservas de hidrocarboneto (gás e petróleo) o que afeta diretamente o Brasil por ser a Petrobras o maior investidor estrangeiro do setor. Conforme Menezes et. al. (2010) o Brasil estabelece vários acordos comerciais com vários países, a Venezuela assina o Protocolo de Adesão ao Mercosul. Brasil e EUA assinam um tratado que cria a Comissão Internacional do Etanol junto com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O ano de 2007 se inicia sob o segundo mandato do Presidente Lula. A valorização do euro, já em janeiro deste ano, dá perspectivas positivas aos exportadores brasileiros. Em fevereiro a China passa a ser o segundo maior fornecedor do Brasil perdendo somente para os EUA. Nos Estados Unidos, em meados do ano já começam os primeiros indícios de uma nova crise financeira o chamado subprime. Conforme Menezes et. al. (2010) a tentativa de emancipação da venda do Etanol funcionou e impulsionou as exportações do setor. Os empresários calçadistas do MERCOSUL reivindicaram medidas de proteção contra a ameaça dos produtos chineses, dada a concorrência desleal nos preços. Também em 2007 um fato importante marca o Brasil, a 30 empresa Petrobrás anuncia a descoberta do Pré-Sal com uma projeção de produção entre 5 e 8 bilhões de barris de petróleo e gás, sendo que este fato impacta nas expectativas dos empresários que estavam apostando na produção de combustíveis limpos como o Etanol. Em 2008, conforme Menezes et. al. (2010) alguns estados estavam autorizados a voltar a exportar a carne para a União Europeia, este representou um avanço nas negociações e uma vitória na OMC. O Brasil se torna credor externo passando a ter uma dívida externa líquida negativa de US$ 6,983 bilhões. Também em 2008, a Câmara do Comércio Exterior (CAMEX) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) apresentam um conjunto de 12 propostas com objetivo de reduzir a burocracia e facilitar as transações do comércio internacional melhorando a gestão dos processos para o exportador e importador brasileiro. Ainda como política pública pode-se destacar o lançamento do informativo da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) com objetivo de divulgação das atividades do órgão. No contexto internacional, um clima de incertezas interrompe a Rodada de Doha com falta de acordo entre os países envolvidos. O mundo começa a viver um colapso financeiro, é anunciado pelos Estados Unidos o resgate de gigantes das hipotecas Fannie Mae e Freddie Mac e em sequencia as ações do Lehman Brothers, o quarto maior banco de investimentos dos EUA entram em queda. Barack Obama é eleito Presidente dos Estados Unidos. O Brasil dá início a mais um contencioso contra os EUA na OMC por considerar que as tarifas usadas por este país sobre o suco de laranja brasileiro são abusivas. O governo brasileiro também anuncia um pacote anticrise com redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os automóveis, produtos da linha branca e construção civil, reduz também Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) e reajusta a Tabela do Imposto de renda (IR). Para Menezes et. al. (2010) as exportações brasileiras são afetadas com a desvalorização sistemática do dólar e a queda dos preços das commodities. Apesar da crise internacional as exportações continuam atingindo níveis recordes fechando em US$ 197,9 bilhões e as importações em US$ 173,1 bilhões resultando num saldo de US$ 24,8 bilhões, uma queda em relação a 2007 de 38,2% no superávit comercial. 31 Em 2009, o Presidente Barack Obama é empossado nos EUA e o Congresso americano anuncia plano de recuperação da economia. No Brasil a Petrobrás anuncia plano de investimentos com objetivo de ampliar a produção doméstica. Segundo Menezes et. al. (2008, p. 370) estes investimentos fazem parte de uma política anticíclica do governo que ordena que as estatais acelerem seus investimentos. Ocorre neste ano o acordo entre o MERCOSUL e a Índia com a principal característica de aproximação comercial e perspectiva de incremento no volume entre as duas potências emergentes. Os Presidentes do Brasil, Rússia, Índia e China se reuniram na Rússia com o propósito de defender a ampliação do G7 e iniciarem estudos para substituição do dólar nas transações comerciais entre estas nações. Em suma, Embora 2009 tenha se iniciado com expectativas negativas sobre a economia e comércio internacional, não se mostrou uma ano com resultados muito ruins. O PIB teve queda de -0,2%, resultado das medidas de incentivo à demanda. [...] O resultado do ano mostra que devemos ter atenção especial às pequenas e médias empresas exportadoras (MPEs) que foram responsáveis por 74% do total dos estabelecimentos exportadores, embora o valor negociado ainda seja pequeno, de 6,5% do total. (MENEZES et. al., 2010) A balança comercial brasileira encerra o ano de 2009 com saldo positivo ficando em US$ 24,615 bilhões, as exportações somaram US$ 152,252 bilhões e as importações ficaram em US$ 127,637. No ano de 2010, o comércio internacional sofreu o impacto do vazamento de petróleo no Golfo do México. Foi o maior desastre ambiental do setor demorou meses para ser contido. Permanecem as incertezas no setor financeiro sobre os rumos da crise principalmente depois da Grécia anunciar seu déficit quatro vezes maior do que o permitido pela União Europeia. A Grécia recebe um pacote de ajudo do FMI, porém isto implica em austeridade fiscal para o país. Outro país que recorre ao FMI é a Irlanda. Na França ocorre o movimento social contra a reforma na previdência. Em 2010 o Brasil e o México negociam acordo comercial, incluindo negociações de tarifas, investimentos compras governamentais, mas o principal objetivo foi o de garantir o acesso real aos mercados sem desproteger setores internos de cada país. Há também uma preocupação com a guerra cambial, em que Estados Unidos e China são acusados de provocarem desvalorizações competitivas afetando os mecanismos de comércio internacional 32 em todos os outros países. Outro fato marcante em 2010 foi a sucessão de Lula com a eleição de Dilma Roussef, a primeira mulher na presidência do Brasil. O ano fecha com as exportações em US$ 201,9 bilhões e as importações em US$ 181,8 bilhões representando um superávit de US$ 21,1 bilhões. Referente o ano de 2010 “podemos considerá-lo como o da superação da crise e da consolidação do Brasil como importante ator no cenário internacional e regional, tanto em termos políticos como econômicos” (MENEZES et. al. 2010). Abaixo, no Quadro 2, observamos um comparativo dos resultados das políticas externas, dos governos de FHC e Lula, conforme elaboração de Mercadante (2006): Quadro 2. Política Econômica e Setor Externo: FHC e Lula (1995-2010) Fonte: Mercadante (2006) O fenômeno da globalização transformou a geografia econômica mundial. No capítulo seguinte vamos mapear os dados e evidenciar os fatos que contribuíram para a composição da geografia econômica brasileira entre os anos de 1995 e 2010. 33 CAPITULO III. OS RUMOS DO COMÉRCIO EXTERNO BRASILEIRO 3.1. A evolução das exportações brasileiras 1995-2010 As exportações brasileiras vêm obtendo resultados expressivos. O volume das exportações passou de US$ 46,5 bilhões em 1995 chegando a US$ 201, bilhões em 2010. Segundo o IPEA (2010) essa evolução reflete o desempenho da economia doméstica e mundial e as políticas adotadas internamente, conforme vimos no capítulo anterior. A partir de 2001 o Brasil apresenta crescimento contínuo em sua balança comercial gerando superávits, após os déficits ocorridos entre 1995 e 2000, época do Plano Real e crises internacionais. Porém a partir de 2007 as importações também cresceram substancialmente. Conforme AEB (2012) devido ao reflexo da valorização do real, o que faz com que os superávits gradativamente diminuam como podemos verificar na Tabela 3. Tabela 3. Evolução do comércio exterior brasileiro 1995-2010 Fonte: AEB, 2012 34 Podemos observar no gráfico 1 abaixo, dois momentos distintos: entre 1995 e 2000 com déficits comerciais constantes e de 2001 a 2007 com sucessivos superávits. Porém no ano de 2009 observamos uma abrupta redução das exportações. Este movimento acontece devido à crise imobiliária dos Estados Unidos que teve início em 2008. Já em 2010 as exportações brasileiras fecharam com superávit, mas com forte desaceleração. Gráfico 1. Balança comercial brasileira 1995-2010 (em bilhões US$) 250 200 150 EXP BRASIL 100 IMP. BRASIL SALDO COMER. BRASIL 50 0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 -50 Fonte: MDIC, 2010 Elaboração: autora A Figura 1, a seguir, exibe um ranking de oportunidades dos países emergentes, elaborado a partir de estudos de economistas do Banco de Desenvolvimento da Ásia. Nela podemos perceber os olhares voltados do continente asiático para nossas exportações. Este estudo coloca o Brasil em algumas posições, avaliando categorias como potencial exportador, diversificação e sofisticação da pauta de exportações. Esta classificação aponta que o Brasil figura em 6º lugar, entre os dez países emergentes com maior chance de se desenvolver, detendo assim capacidade maior na aceleração de seu ritmo ascendente e de desenvolvimento (BRANDÃO, 2011). 35 Figura 1. Ranking de oportunidades dos emergentes Fonte: Brandão (2011) Conforme o IPEA (2010), a vulnerabilidade externa da economia brasileira reflete na dinâmica da sua balança comercial. Como podemos observar no Gráfico 2 a seguir, a crise imobiliária de 2008 refletiu na desaceleração do comércio mundial bem como na desaceleração do comércio brasileiro. Ainda conforme o IPEA (2010) o regime de câmbio flutuante como instrumento de política macroeconômica foi o principal responsável pelo ajuste, pois em um cenário de baixo crescimento: o processo de desvalorização do real, que durou até 2003 (a taxa de câmbio passou de 1,08 R$/US$ em 1998, para 2,92 R$/US$ em 2002), possibilitou um aumento significativo das exportações (crescimento de 25,8% entre 1999 e 2002, de US$ 48 bilhões para US$ 60,4 bilhões), bem como a reversão dos saldos negativos da balança comercial. (IPEA, 2010, p. 106) 36 Para o IPEA (2010) o grau de integração no comércio mundial se dá através de duas medidas: uma comparação entre a corrente total de comércio brasileira, ou seja, exportações mais importações, com o PIB, e a outra é a comparação das exportações ou importações brasileiras nas exportações e importações mundiais. O gráfico 2 apresenta a segunda medida. Gráfico 2. Comparativo do comércio mundial e comércio brasileiro 1995-2010 (em US$ bilhões) 18.000,00 17.000,00 16.000,00 15.000,00 14.000,00 13.000,00 12.000,00 11.000,00 10.000,00 9.000,00 8.000,00 7.000,00 6.000,00 5.000,00 4.000,00 3.000,00 2.000,00 1.000,00 0,00 250 200 150 EXP. MUNDIAL IMP. MUNDIAL 100 EXP BRASIL IMP. BRASIL 50 0 Fonte: MDIC, 2011 Elaboração: Autora Observando o Gráfico 2, no eixo vertical à esquerda temos os valores do comércio mundial e no eixo vertical à direita temos os valores do comércio brasileiro. Comparando as duas correntes de comércio podemos ver que há uma interação correspondente do movimento do comércio brasileiro com o comércio mundial, desta forma o desempenho comercial brasileiro apresenta vulnerabilidade externa conjuntural. A desaceleração do volume do comércio mundial reflete igualmente na desaceleração da balança comercial brasileira. 37 3.2. Distribuição geográfica das exportações - países e blocos Brandão (2011), afirma que o Brasil tem se esforçado para diversificar e ampliar a rede de parceiros comerciais. A alteração na geografia da economia global está associada ao desempenho da China no comércio mundial, como podemos acompanhar nas Tabelas 1 e 2 a seguir, que a China no período aqui estudado, de 1995 a 2010, dá um salto e passa de décimo primeiro a primeiro país exportador mundial com 10,4% do total das exportações mundiais e segundo país maior importador mundial. Conforme IPEA (2010) esta evolução foi alcançada devido ao movimento de sofisticação de sua indústria a partir de 1995. “Na realidade a China encontra-se no centro do processo de fragmentação da produção e logra melhorar o perfil de suas exportações” (IPEA, 2010, p. 384). Tabela 4. Ranking dos principais países exportadores 1995-2010 Fonte: MDIC Elaboração: Autora 38 Podemos verificar nas Tabela 4 e 5, a expansão de um seleto grupo de países como Índia, Rússia, Arábia Saudita e Emirados Árabes. O Brasil aparece no ranking, dentro deste período, disputando com a Austrália entre o vigésimo sexto até a vigésima segunda posição, alcançando em 2010 a participação de 1,3% nas exportações mundiais, obedecendo quase que a mesma posição no ranking das importações. Tabela 5. Ranking dos principais países importadores 1995-2010 Fonte: MDIC Elaboração: Autora A distribuição geográfica das exportações brasileiras entre 1995 a 2010 está caracterizada pelo rebaixamento dos Estados Unidos como o principal comprador do Brasil. Também fica evidente, observando os dados no gráfico 3 a seguir, o forte aumento das exportações para China, como também para os parceiros Índia e Rússia. Os números refletem também o fortalecimento das relações com os países vizinhos latino-americanos, como Venezuela, Colômbia, Chile e Peru. Destaque também para o aumento das exportações para 39 Alemanha, Arábia Saudita e Coréia do Sul. Essa difersificação geográfica se faz benéfica pois reduz a dependência de compra de um único ou poucos mercados. Gráfico 3. Principais países de destino das exportações brasileiras 1998 e 2010 20,00 ESTADOS UNIDOS (participação %) CHINA 18,00 4,00 2,00 CORÉIA SUL VENEZUELA CANADÁ IRÃ BOLÍVIA PERU ARÁBIA SAUDITA ÍNDIA COLOMBIA 6,00 URUGUAI 8,00 PERU ARÁBIA SAUDITA ÍNDIA COLOMBIA 10,00 PAÍSES BAIXOS (HOLANDA) ALEMANHA JAPÃO ITÁLIA BÉLGICA REINO UNIDO FRANÇA ESPANHA MÉXICO CHILE RÚSSIA PARAGUAI CHINA URUGUAI CORÉIA SUL VENEZUELA CANADÁ IRÃ BOLÍVIA 12,00 ITÁLIA BÉLGICA REINO UNIDO FRANÇA ESPANHA MÉXICO CHILE RÚSSIA PARAGUAI ESTADOS UNIDOS ARGENTINA PAÍSES BAIXOS (HOLANDA) ALEMANHA JAPÃO 14,00 ARGENTINA 16,00 0,00 1998 2010 Fonte: MDIC, 2011 Elaboração: Autora Conforme podemos observar no Gráfico 3 no período de 1998 a 2010 a geografia das exportações brasileiras sofreram evidente alteração. Em 1998, em primeiro lugar, estava os Estados Unidos como maior o importador dos produtos brasileiros com 19,6 %. A China, que em 1998 tinha a participação de apenas 1,77 %, em 2010 desponta como o principal parceiro comercial do Brasil com 15,25 % de participação das exportações brasileira, passando os Estados Unidos que fica em segundo lugar com participação de 9,56%. A Índia, que em 1998 40 figurava na relação de outros países de destino das exportações brasileiras, com um percentual bem abaixo de 1 %, em 2010 aparece com o percentual de 1,73% das exportações brasileiras. Em uma economia globalizada a formação de Blocos Econômicos facilitam o comércio internacional dos países membros com redução de tarifas e impostos, fortalecendo a interação e participação nas exportações mundiais. A Figura 3, abaixo ilustra e situa os principais blocos econômicos. Figura 2. Principais blocos econômicos Fonte: Brasil Escola Na Tabela 6 podemos observar o comportamento das exportações brasileiras com destinos aos principais blocos econômicos e as alterações na geografia dentro do período de 1999 a 2010. No ano de 2010, conforme o MDIC, as vendas foram positivas para todos os blocos econômicos: as exportações para a Ásia, o principal comprador de produtos brasileiros, aumentaram em 49,0% em dezembro de 2010. Os maiores mercados compradores na região foram: China, Japão, Índia, Coreia do Sul, Indonésia e Hong Kong. 41 As exportações brasileiras para a Europa Oriental cresceram totalizando US$ 480,0 milhões. As vendas para a Rússia, maior mercado na região, foram de US$ 427,9 milhões, seguida pela Ucrânia US$ 27,5 milhões e Geórgia para US$ 10,8 milhões. Já as vendas ao Mercosul registraram aumento: para a Argentina, maior parceiro comercial dentre os integrantes do bloco (com uma participação de 9,9% no total da pauta de exportações brasileiras no mês de dezembro), as vendas se retraíram. No tocante às exportações destinadas ao Paraguai totalizaram US$ 255,9 milhões, e as vendas ao Uruguai cresceram para US$ 162,3 milhões. As compras do Oriente Médio registraram aumento passando para US$ 1,1 bilhão. Os principais países de destino na região foram: Arábia Saudita com US$ 333,7 milhões, Emirados Árabes Unidos com US$ 180,3 milhões, Irã com US$ 202,8 milhões e Israel com US$ 47,1 milhões. Já as vendas ao continente africano registraram aumento totalizaram US$ 900 milhões. Os principais parceiros na região foram: Egito com US$ 167,7 milhões, África do Sul com US$ 103,0 milhões, Angola com US$ 92,9 milhões, Marrocos com US$ 94,2 milhões e Nigéria com US$ 83,9 milhões. Como segundo maior comprador de produtos oriundos do Brasil, a União Europeia registrou crescimento nas suas aquisições passando para US$ 4,6 bilhões. Os principais países de destino no bloco, por ordem decrescente de valor das exportações, foram: Países Baixos com US$ 1,04 bilhão, Alemanha com US$ 875,1, França com US$ 523,3 milhões, Itália com US$ 509,1 milhões, Reino Unido com US$ 491,5 milhões e Espanha com US$ 313,9 milhões. Os países da América Latina e Caribe, exclusive Mercosul, elevaram suas compras do Brasil em 2010. Os principais mercados compradores foram: Chile com US$ 773,4 milhões, Santa Lúcia, com US$ 422,1 milhões, Venezuela, com US$ 358,0 milhões, México, com US$ 332,8 milhões, Colômbia, com US$ 246,0 milhões e Peru, com US$ 189,3 milhões. As exportações para os Estados Unidos, terceiro maior comprador individual de produtos brasileiros, no total da pauta de exportação brasileira registrou ampliação, passando de 9,5% em dezembro de 2009 para 11,1% em igual mês de 2010. (MDIC, 2011) Observando o Quadro 3 a seguir, um comparativo entre os anos 1999 e 2010, temos em destaque os 5 principais países de destinos das exportações brasileiras e os 4 principais produtos exportados para cada país, com maior desempenho em termos de volume. 42 Verificamos que estes são produtos de baixa tecnologia, produtos primários ou não industrializados. Desta forma notamos que a diversificação da pauta de exportações brasileira não implicou num ganho com produtos de alta e média tecnologia. Quadro 3. Os cinco principais países e principais produtos – comparativo 1999 e 2010. 1999 PAÍSES Produtos 1-ESTADOS UNIDOS Aviões Calçados Produtos semimanufaturados de ferro ou aço Café crú em grão 2- ARGENTINA Partes e peças para veículos automotores Automóveis de passageiros Veículos de Carga Aparelhos transmissores ou receptores 3- PAÍSES BAIXOS (HOLANDA) Soja mesmo triturada Suco de laranja congelado Farelo e resíduos de extração de óleo de soja Carne de bovino congelada, fresca ou refrigerada 4- ALEMANHA Café crú em grão Minérios de ferro e seus concentrados Soja mesmo triturada Fumo em folhas e desperdícios 5 - JAPÃO Minérios de ferro e seus concentrados Alumínio em bruto Café crú em grão Pastas químicas de madeira 2010 PAÍSES Produtos 1- CHINA Minérios de ferro e seus concentrados Soja mesmo triturada Óleos brutos de petróleo Pastas químicas de madeira 2-ESTADOS UNIDOS Óleos brutos de petróleo Café crú em grão Pastas químicas de madeira Ferro fundido bruto 3- ARGENTINA Automóveis de passageiros Partes e peças para veículos automotores Minérios de ferro e seus concentrados Veículos de Carga 4- PAÍSES BAIXOS (HOLANDA) Farelo e resíduos de extração de óleo de soja Pastas químicas de madeira Óleos brutos de petróleo Minérios de ferro e seus concentrados 5- ALEMANHA Minérios de ferro e seus concentrados Café crú em grão Automóveis de passageiros Farelo e resíduos de extração de óleo de soja Fonte: MDIC, 2011 Elaboração: Autora A Tabela 6 a seguir, exibe a participação percentual dos produtos, por valor agregado, para cada bloco de destino das exportações. Podemos observar o destaque da Ásia que passa a ser o maior destino dos produtos básicos e semimanufaturados, em 2010. A União Europeia que figurava, em 1999, em primeiro lugar como destino das exportações de produtos básicos, passa a ser o segundo destino em 2010. Os Estados Unidos que figurava como primeiro destino das exportações de produtos semimanufaturados passa, em 2010, para terceiro país de destino. 43 Tabela 6. Exportações brasileiras: Blocos e valor agregado 1999/2003/2010 (participação %) DISCRIMINAÇÃO TOTAL GERAL 1999 48.011.444.034 2003 73.084.139.518 2010 201.915.285.335 1.Produtos Básicos União Europeia Asia Estados Unidos ALADI > Mercosul >ALADI (exclusive Mercosul) Oriente Médio Europa Oriental Africa Demais da Europa Ocidental AELC CARICOM Canada Demais da América Oceania MCCA Demais da América Latina 11.827.598.975 51,67 19,56 9,18 5,63 3,68 1,95 5,41 1,93 1,70 1,63 1,36 0,54 0,87 0,22 0,22 0,04 0,05 21.178.540.108 42,86 25,62 6,81 5 1,83 3,17 6,53 5,18 2,51 1,11 0,79 2,45 0,46 0,36 0,19 0,07 0,06 90.004.977.023 23,71 45,03 6,66 5,45 1,6 3,85 6,65 3,03 3,25 0,9 0,37 3,61 0,69 0,34 0,22 0,02 0,06 2. Semimanufaturados União Europeia Estados Unidos Asia ALADI > Mercosul >ALADI (exclusive Mercosul) Europa Oriental Oriente Médio AELC África Canadá Demais da Europa ocidental Demais da América Latina Oceania Demais da América MCCA CARICOM 7.981.769.945 24,88 26,16 24,00 4,43 2,58 1,85 8,19 6,14 0,73 2,57 1,68 0,11 0,40 0,28 0,23 0,15 0,05 10.943.890.677 21,99 21,40 30,47 4,07 1,85 2,22 7,10 5,48 1,51 3,72 2,68 1,51 0,29 0,32 0,12 0,31 0,07 28.207.374.323 21,68 11,30 35,25 5,92 1,98 3,93 5,84 6,93 3,46 6,95 1,69 0,57 0,09 0,04 0,03 0,14 0,11 4. Manufaturados ALADI > Mercosul >ALADI (exclusive Mercosul) Estados Unidos União Europeia ASIA África Oriente Médio AELC Europa Oriental Canadá Oceania MCCA Demais da América Demais da América Latina Demais da Europa Ocidental CARICOM 27.329.932.688 34,77 22,34 12,42 27,94 20,42 5,48 3,38 1,33 0,60 1,07 1,00 0,81 0,85 0,94 0,69 0,34 0,39 39.653.418.479 28,71 12,76 15,95 32,95 16,57 7,31 4,83 2,10 0,71 1,00 1,47 0,69 1,29 0,26 1,00 0,59 0,52 79.562.636.749 43,46 25,85 17,61 12,73 19,37 7,22 5,49 3,24 1,45 0,51 1,53 0,56 1,01 1,57 0,86 0,47 53,00 872.142.426 1.308.290.254 4.140.297.240 5. Operações Especiais Fonte: MDIC. Elaboração da autora. 44 3.3. Estrutura da pauta de exportações: principais produtos Na Tabela 7 e no Gráfico 4 abaixo, temos o acompanhamento das exportações por grau de elaboração do produto desde o ano de 1964. Tabela 7. Exportações brasileiras por fator agregado 1964 a 2011 (Em US$ milhões FOB) (*) Variação % sobre o período anterior (**) A diferença entre o Total Geral e o somatório dos Básicos, Semimanufaturados e Manufaturados refere-se a Operações Especiais. Fonte e elaboração: SECEX/MDIC, 2011 45 Adota-se um critério de clássificação por fator agregado das mercadorias, dividindo em produtos básicos ou industrializados. Gráfico 4. Exportação brasileira por fator agregado 1964 a 2012 (participação %) Exportação Brasileira por Fator Agregado 1964 a 2012 - Participação % BÁSICOS 90,0 SEMIMANUFATURADOS MANUFATURADOS 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Jan-Abr 0,0 Fonte e elaboração: MDIC, 2012 Conforme o MDIC os produtos básicos são os que guardam suas características próximas em que são encontradas na natureza, como exemplo podemos citar os minérios, grãos e carnes. Já o grupos dos industrializados são os produtos que sofreram trasnformação substantiva, há uma subdivisão neste grupo, em semimanufaturados e manufaturados. Semimanufaturados são os produtos são produtos em processo intermediários que deverão passar por outro processo produtivo para se tornarem manufaturados como exemplo podemos citar óleo de soja bruto em óleo de soja refinado, celulose em papel, ferro e aço em laminados planos, etc.. Ainda conforme o MDIC os produtos de origem primária utilizados nas transações comerciais e bolsas de mercadorias são chamadas de Commodity é um termo de língua inglesa (plural commodities), que significa mercadoria.O termo é usado como referência aos produtos de base em estado bruto (matérias-primas) ou com pequeno grau de industrialização. 46 Podemos observar, com base nos dados da tabela 7, que na participação sobre o total geral das exportações, os produtos básicos tiveram maior participação até os anos 1979. Dos anos 1980 a 1993 os produtos manufaturados tiveram maior participação na pauta de exportações, com um movimento continuo e crescente. No período que compreende 1993 a 2009 os produtos manufaturados ainda tinham maior participação nas exportações, porém esta participação se manifesta de forma decrescente. Já os produtos básicos apresentam uma participação crescente. Em 2010 há uma inversão o os produtos com maior participação nas exportações passam a serem os básicos com 44,6 % de participação. O Ministério do desenvolvimento, Indústria e Comércio exterior aponta que, no acumulado de janeiro a dezembro de 2010, houve acréscimo nas exportações de todas as categorias de produtos. Verificam-se expansões de 44,7% para os produtos básicos, 37,1% para os semimanufaturados e 17,7% para os manufaturados. Na categoria de produtos básicos, ressaltam-se os crescimentos dos seguintes produtos: minério de manganês, tendo como principais destinos China, França, Índia e Argentina; minério de ferro, tendo como destinos China, Japão, Alemanha e Coreia do Sul; minério de cobre, tendo como destinos Índia, Alemanha, Espanha e Coreia do Sul; minério de alumínio, tendo como destinos, Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Argentina; milho em grãos, tendo como destinos, Irã, Taiwan, Marrocos e Malásia; petróleo em bruto, tendo como destinos, China, Estados Unidos, Santa Lúcia e Índia; bovinos vivos, Venezuela, Líbano, Turquia e Egito; café cru em grão, tendo como destinos, Alemanha, Estados Unidos, Itália e Japão; carne bovina, tendo como destinos, Rússia, Irã, Egito e Hong Kong; e algodão em bruto, tendo como destinos, Indonésia, Coreia do Sul, China e Turquia. Dentre os produtos semimanufaturados, os destaques no desempenho das vendas externas foram: açúcar em bruto tendo como destinos, Rússia, Índia, Irã e Argélia; couros e peles tendo como destinos, Itália, China, Hong Kong e Estados Unidos; ferro-ligas tendo como destinos, Países Baixos, China, Japão e Estados Unidos; celulose tendo como destinos, China, Países Baixos, Estados Unidos e Itália; produtos semimanufaturados de ferro ou aço tendo como destinos, Coreia do Sul, Taiwan, Estados Unidos e Argentina; e borracha sintética e artificial tendo como destinos, Estados Unidos, Argentina, Venezuela e Países Baixos. Quanto aos produtos manufaturados exportados, destaca-se os acréscimos nas vendas de: veículos e materiais para vias férreas tendo como destinos, Espanha, Nigéria, Chile e 47 Estados Unidos) máquinas e aparelhos para terraplanagem tendo como destinos, Estados Unidos, Peru, Argentina e México; motores para veículos tendo como destinos, Argentina, México, Colômbia e Venezuela; veículos de carga tendo como destinos, Argentina, Chile, Peru e México; partes de motores para veículos tendo como destinos, Estados Unidos, Alemanha, México e Argentina; tratores tendo como destinos, Argentina, Chile, África do Sul e Paraguai; máquinas e aparelhos para uso agrícola tendo como destinos, Argentina, Paraguai, Venezuela e Bolívia; hidrocarbonetos e seus derivados tendo como destinos, Estados Unidos, Colômbia, Argentina e México; rolamentos e engrenagens tendo como destinos, Estados Unidos, Argentina, Alemanha e México; açúcar refinado tendo como destinos, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Paquistão e Gana; e autopeças tendo como destinos, Argentina, Estados Unidos México e Venezuela (MDIC, 2011). Em 2010 as exportações experimentaram um avanço nos produtos intensivos em recursos naturais. Os produtos não industriais participam com 36,4 % das exportações enquanto a indústria de alta tecnologia participa com 9,8 %. As tabelas 8 e 9, a seguir, apresentam a pauta de exportações brasileira, segundo a intensidade tecnológica dos produtos no período entre 2003 a 2010. 48 Tabela 8. Exportação Brasileira por intensidade tecnológica 1996-2002 (US$ milhões FOB) (*) Classificação extraída de OECD, Directorate for Science, Tecnology and Industry, STAN Indicators,2003. Obs. n.e = não especificados em outra categoria Fonte: SECEX/ MDIC Tabela 9. Exportação Brasileira por intensidade tecnológica 2003-2010 (US$ milhões FOB) 49 Conforme a AEB (2012), levando em consideração a grande representação das commodities na pauta de exportações brasileira o forte aumento de seus preços no mercado internacional, resulta na elevação das receitas de exportação conforme demonstrado na Tabela 10, contribuindo para engordar as reservas cambiais. Tabela 10. Receitas de exportação por commodities 2000-2010 (Em US$ Bilhões) Fonte: MDIC, 2011 Elaboração AEB, 2012 Ainda conforme a AEB (2012) a elevação das quantidades exportadas de commodities teve seu início em 2001 mantendo este crescimento até 2010, com pequena redução em alguns produtos em 2008 devido a crise internacional. A Tabela 11 mostra a evolução das quatidades exportadas das principais commodities brasileiras no período de 2000 a 2010. Tabela 11. Quantidades exportadas por commodities 2000-2010 (em 1.000 Ton.) * Milhões de tons. Fonte: MDIC, 2011 Elaboração: AEB, 2012 50 CAPITULO IV. REPRIMARIZAÇAO DA PAUTA DE EXPORTAÇÕES 4.1 Brasil e a reprimarização da pauta de exportações Atualmente existe a discussão da reprimarização da pauta de exportações brasileiras. Podemos acompanhar neste trabalho que as exportações no seu passado tinham como base uma economia especialmente agrária ficando associado a condição de primário-exportador. Ainda que passando em sua história por processos de industrialização, conforme dados obtidos e relatados no capítulo anterior, a pauta de exportações sofreu uma inversão em 2010, onde a participação dos produtos básicos nas exportações ultrapassaram a participação dos produtos manufaturados. No período aqui estudado compreendido entre 1995 e 2010, as exportações apresentaram significativo avanço, entretanto, a pauta de exportações, conforme podemos acompanhar no Gráfico 5 abaixo, vem num crescimento contínuo da participação de produtos básicos de 23,6 % em 1995 para 44,6% em 2010, já os produtos semimanufaturados e manufaturados perderam força desde a crise de 2008 e vem seguindo num menor movimento, e assim todos os perfis de agregação de valor demonstram ser as exportações crescentes, sendo que quanto maior a instensidade da transformação menor o crescimento verificado (GONÇALVES, 2011). O crescimento no pós-crise dos países como China e Índia, contribui para o aumento dos preços internacionais das commodities, impactou na pauta de exportações brasileira. Silva (2008) aponta o aumento da participação das exportações brasileiras dada a elevação da participação das denominadas commodities puras, ou seja, matérias-primas brutas como por exemplo o café, a soja em grãos, carnes, aves, suínos, açúcar, celulose papel entre outras. 51 Gráfico 5. Exportações brasileiras por fator agregado 1995-2010 (em milhões US$) 100.000 90.000 80.000 70.000 60.000 50.000 BÁSICOS 40.000 SEMIMANUFATURADOS 30.000 MANUFATURADOS 20.000 10.000 0 Fonte: MDIC, 2011. Elaboração: Autora No Gráfico 6, a seguir, temos a demonstração da importância do agronegócio para a sustentação da balança comercial brasileira. No anos de 2001 e 2005 observa-se um crescimento acelerado das exportações do agronégocio, este crescimento foi impulsionado pelo forte crescimento da economia mundial e o aumento no preço das commodities. Gráfico 6. Evolução da balança comercial brasileira e do agronegócio 1989-2012 (em US$ bilhões) 300 US$ Bilhões 250 200 150 100 50 0 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 EXP. TOTAL IMP. TOTAL Fonte: AgroStat Brasil, a partir de dados da SECEX/MDIC EXP. AGRONEGÓCIO IMP. AGRONEGÓCIO Elaboração: CGOE/ DPI/ SRI/ MAPA 52 Segundo De Negri & Alvarenga (2010), o processo de reprimarização da pauta de exportações brasileira se acentuou com a crise internacional de 2008, e neste período a China desponta com crescimento a taxas de 10% ao ano. Também o crescimento da Índia e dos países Árabes trazem, como consequência do processo acelerado de urbanização, a insuficiência na produção de alimentos e energia. A demanda destes países, por estes produtos, contribui para o aumento dos preços das commodities internacionais. A China já é o maior parceiro comercial do Brasil e os principais produtos de exportação do Brasil para a China são predominantemente as commodities como destaque e a soja e o minério de ferro. Neste cenário Silva (2008) afirma que, a permanência da concentração das exportações em commodities agrícolas e minerais deve ser ressaltada, pois, como já foi afirmado anteriormente, o processo que pode ser verificado no Brasil atual não se trata de uma “re”-primarização, pois não se retorna a uma situação da qual nunca se saiu. Portanto, a nosso entender, a dependência brasileira de commodities primárias, produtos intensivos em trabalho e recursos naturais e com baixa intensidade de tecnologia como sustentadores dos saldos do comércio exterior brasileiro, aliada à dependência de importações com elevado teor tecnológico pode ser caracterizada como uma dependência estrutural, imanente à economia brasileira. (SILVA, 2008, p. 116) No Gráfico 7 podemos observar também o salto das exportações em commodities primárias nos anos de 2009 e 2010, conforme De Negri & Alvarenga (2010) este salto foi devido principalmente às exportações de minérios de ferro. Porém estes autores afirmam que, a “primarização”da pauta de comércio do país não é apenas resultado de um desempenho excepcional das exportações brasileiras de commodities, mas também reflete a perda de participação -ou seja, de competitividade- do país no comércio internacional em todos os outros grupos de produtos, especialmente os mais intensivos em tecnologia (DE NEGRI & ALVARENGA, 2010, p. 10) Assim, comparando o desempenho da balança comercial brasileira com o bom desempenho das commodities, na pauta de exportação brasileira, no período recente de 1995 a 2010, não se pode negar que o desempenho das commodities, tem evitado uma maior deterioração da conta corrente. 53 Gráfico 7. Exportações: participação de grupos de produtos, por intensidade tecnológica 2000-2010 Fonte: SECEX, MDIC Elaboração: De Negri & Alvarenga (2010) 4.2 Reprimarização versus desindustrialização Conforme De Negri & Alvarenga (2010) um país que não produz tecnologia não poderá participar de forma competitiva no comércio internacional, ou seja, não pode exportar tecnologia. Para tanto políticas industriais e políticas de inovação aplicadas aos setores produtivos tendem a surtir efeito no longo prazo para tanto devem ser aplicadas em setores estratégicos para o desenvolvimento econômico do país. Os últimos debates vêm demostrando a preocupação com o suposto processo de desindustrialização brasileira. No contexto deste trabalho, não iremos aprofundar o tema desindustrialização, mas tentar elucidar o debate entre os temas que apresentam certa conectividade: desindustrialização e reprimarização da pauta comercial. Sobre o conceito de reprimarização, para Carvalho & Carvalho (2011), o fenômeno ocorre “quando uma economia industrializada passa a exportar mais produtos primários em detrimento de produtos manufaturados” (CARVALHO & CARVALHO, 2011). 54 Já o conceito clássico de desindustrialização apresentado por Oreiro & Feijó (2010), aponta como sendo a redução constante da participação do emprego na indústria no emprego total de um país, para estes autores a economia não se desindustrializa porque a produção industrial está estagnada ou em queda, mas se desindustrializa quando o setor industrial perde importância como fonte geradora de empregos e/ou de valor adicionado dentro de uma determinada economia (OREIRO & FEIJÓ, 2010). As causas da desindustrialização podem ter origem externas quando relacionados ao grau de integração comercial e produtiva de uma economia levando os países a especializarem-se na produção de manufaturados mais intensivos em trabalho ou na produção de serviços. Desta forma os autores classificam com desindustrialização positiva, pois podem aumentar a participação de produtos com maior tecnologia e valor agregado na pauta de exportações. Oreiro & Feijó (2010) afirmam ainda que a desindustrialização não está necessariamente associada ao processo de reprimarização da pauta exportadora de um país. Entretanto, se isto ocorrer para Bresser-Pereira (2008): se a desindustrialização vier acompanhada de uma reprimarização da pauta de exportações, ou seja, produtos primários ou manufaturados com baixo valor adicionado e/ou baixo conteúdo tecnológico; então isso pode ser sintoma da ocorrência de “doença holandesa”, ou seja, a desindustrialização causada pela apreciação da taxa real de câmbio resultante da descoberta de recursos naturais escassos num determinado país ou região. Nesse caso, a desindustrialização é classificada como “negativa.” (BRESSER PEREIRA 2008 apud OREIRO & FEIJÓ 2010) O termo doença holandesa é utilizado Por Bresser-Pereira para caracterizar o processo de desindustrialização que ocorreu na Holanda. Refere-se à abundância de recursos naturais gerando vantagens de exportação e receita sobre este determinado produto, levando o país a especializar-se somente neste produto e não se industrializar ou mesmo se desindustrializar. Um país especializado na produção de commodities agrícolas e minerais, mesmo que esta produção se apresente de forma dinâmica ainda é preocupante, pois esta produção tem possibilidade limitada de agregar valor à economia. Nesse contexto a desindustrialização causada pela “doença holandesa” é também chamada de “desindustrialização precoce, pois: a abundância de recursos naturais pode induzir a uma redução da participação da indústria no emprego e no valor adicionado por intermédio da apreciação cambial, a qual resulta em perda de competitividade da indústria e déficit comercial crescente da mesma. Em outras palavras, a desindustrialização causada pela “doença holandesa” está associada a déficits comerciais crescentes da indústria e superávits comerciais (crescentes) o setor não industrial.(OREIRO & FEIJÓ, 2011) 55 Conforme o DIEESE (2011) já está presente uma discussão a respeito de um eventual processo de desindustrialização precoce no Brasil nas entidades que representam a indústria, na academia, nos sindicatos e em setores do governo. Já para Carvalho & Carvalho (2011) o processo de desindustrialização no Brasil é uma consequência de erros na aplicação e condução das políticas macroeconômicas devido às crises no cenário mundial. Apontam também para a dependência tecnológica das economias de países subdesenvolvidos industrializados, nos quais a perda na participação da indústria de manufaturados, tanto em termos de produto como do emprego, para outros setores e também o aumento dos produtos primários na pauta de exportação, expande as importações de produtos manufaturados para suprir a demanda doméstica. Apontam que o fenômeno da desindustrialização acontece quando se eleva a industrialização na agricultura, elevando assim a produtividade do trabalho agrícola, associada às inovações tecnológicas na indústria manufatureira liberando um excedente de mão-de-obra que vai a busca do setor de serviços. Esta mão-de-obra redundante é absorvida no setor de serviços, o que para Tavares (1999), no setor serviços desembocam todos os descaminhos do capitalismo brasileiro há várias décadas. Lá se encontram as maiores fortunas (nos bancos) e os maiores bolsões – antigos ou modernos – de miséria e marginalidade. Lá se encontram todo o tipo de empresas e de formas de organização social. (TAVARES, 1999 apud CARVALHO & CARVALHO, 2011). 56 CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se observar nesta pesquisa que historicamente que as crises econômicas interferem alterando a geografia das exportações brasileiras, como ocorreu em 2008 com a crise do mercado subprime que iniciou nos Estados Unidos e afetou todo o mundo. Após a crise, a China passou a ser o maior destino das exportações brasileiras com maior participação de produtos básicos na pauta de exportações. No caso das políticas e ações de Governo em apoio às exportações, este estudo observou que poderiam contribuir mais incentivando a diversificação da pauta de exportações, a exemplo do drawback , que é um mecanismo que tem por objetivo a redução de tributos sobre importação de componentes utilizados para fabricação e exportação de produtos industriais de valor agregado. É possível afirmar que o Brasil, no passado, tinha uma economia agrária associada à condição de primário-exportador, porém em contraponto à afirmação da autora Silva (2008, p. 116), de que o Brasil não apresenta um processo de reprimarização, pois sua afirmação é a de não se poder retornar a uma situação da qual o Brasil nunca saiu, apontamos neste trabalho conforme observado no comportamento dos dados da tabela 7 e ilustrado no gráfico 4, que no período compreendido entre 1980 e 2008, a pauta de exportações brasileiras teve o domínio, em valor absoluto e participação, dos produtos manufaturados. Desta forma, neste período o Brasil deixou de ser primário-exportador. Também, podemos constatar ao longo deste trabalho, já no foco do período aqui proposto entre 1995 e 2010, que no período pós-crise de 2008, a pauta de exportações brasileiras volta a ter a maior participação em produtos básicos exportados, apresentando um declínio das exportações de produtos industriais e um crescente aumento das exportações de commodities agrárias e minerais, principalmente para a China. Este aumento das exportações de produtos básicos tanto em valores absolutos como proporcional gera o que se pode chamar de reprimarização das exportações brasileiras. Sendo assim afirmamos que a reprimarização é fato hoje no Brasil. Esta redução das exportações de produtos manufaturados com o aumento da exportações de produtos básicos, podem contribuir com uma redução do emprego na indústria manufatureira, deslocando a mão-de-obra para fora. 57 Também é possível afirmar que uma das formas que o país tem de garantir suas reservas cambiais é gerando divisas com suas exportações. Quanto à questão de um eventual processo de desindustrialização, não podemos afirmar com certeza se este processo está ocorrendo de fato no Brasil. Para esta afirmação neste trabalho, a investigação precisaria ser aprofundada, buscando mais informações e dados estatísticos, tanto da indústria como da formação bruta de capital fixo e setor de serviços. Por não se tratar de objeto central deste trabalho, apresentamos somente uma abordagem. Cabe ressaltar que este trabalho contribuiu para fortalecer e solidificar os conhecimentos da autora sobre o comércio internacional brasileiro sua participação no crescimento da economia nacional. 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO DE COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL – AEB. Radiografia do comércio exterior brasileiro: Passado, presente e futuro. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em http://www.aeb.org.br. Acesso em 13/05/2013. BRANDÃO, Marcos Bau. Exportações Brasileiras até 2010 – A volta do crescimento emergente. [S.l.], 2011. Disponível em http://marcosbau.com.br/geobrasil.-2/exportaçõesbrasileiras. Acesso em 29/03/2012. PRADO JUNIOR, Caio. História econômica do Brasil. São Paulo: 37ª edição. Editora Brasiliense, [1970]. CARVALHO, Davi F.; CARVALHO, André C. Desindustrialização e reprimarização da economia brasileira contemporânea num contexto de crise financeira global: conceitos e evidências. 2011. Revista Economia Ensaios, Uberlândia, MG, 26 (1). 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