TRABALHO Nº 5 ANÉIS DE NEWTON Neste trabalho usado para conhecido calcular a procurar obtenção por o vai anéis raio do de de ilustrar-se franjas Newton. sistema de de um arranjo interferência Pretende-se geração geométrico de com anéis a que ficou esses anéis partir dos resultados da lâmpada de sódio e usar o valor assim obtido para estimar o comprimento de onda da risca verde do mercúrio (λ = 546.1 nm). 1. Introdução: A formação de anéis de Newton é um caso particular do fenómeno geral de formação de franjas de interferência por divisão da amplitude da radiação provocada por reflexão em superfícies de filmes finos. Se o filme for suficientemente fino para que a diferença de percurso óptico induzida pela reflexão seja menor que o comprimento coerentes de coerência (virtuais) da radiação, têm-se duas fontes e ficam criadas as condições para que se possa observar um padrão de interferência estável – Figura 1. Figura 1: Interferência num filme fino. Da sobreposição dos raios 1 e 2 (ou 3 e 4) na Figura 1 resultam as franjas de interferência que corresponderão a uma interferência construtiva sempre que a diferença de fase seja δ = 2mπ ou destrutiva se for δ = (2 m + 1) π . Nas condições da Figura 1, a diferença de percurso óptico da radiação que interfere é 2 n t cos θ t onde n é o índice de refracção no filme, t a sua espessura e θ t o ângulo de transmissão no filme. Se a espessura for constante podem observar-se franjas de igual inclinação mas se a espessura do filme variar, a diferença de percurso óptico 2 n t cos θ t varia mesmo que se mantenha constante o ângulo de incidência. Se se fixar a direcção de incidência da luz (por ex. na perpendicular à superfície), a uma franja brilhante ou escura vai estar associada uma espessura óptica para a qual se verifica a condição de interferência construtiva ou destrutiva, respectivamente. Como além disso, em geral o índice de refracção do filme é constante, às franjas obtidas por reflexão em filmes de espessura variável chamam-se franjas de igual espessura. Mostra-se na Figura 2 um arranjo geométrico para obter franjas de igual espessura em que o filme fino é constituído pela película de ar situada entre duas superfícies de vidro. Se se colocar uma lente esférica sobre uma superfície opticamente plana as franjas de igual espessura (nestas condições chamadas anéis de Newton) permitem revelar quaisquer heterogeneidades na espessura do filme e, logo, detectar qualquer imperfeição na superfície da lente. Para uma superfície esférica perfeita as franjas são círculos concêntricos centrados em torno do ponto de contacto. Qualquer irregularidade na superfície da lente provoca uma distorção do padrão de anéis. 2 Figura 2: Arranjo convencional para obter anéis de Newton. 1.1. Anéis de Newton: Além de permitir testar a qualidade óptica da lente o esquema da Figura 2 permite ainda o cálculo do raio de curvatura da lente esférica. Para ver como há no entanto que ter em atenção não só a contribuição para a diferença de fase da diferença de percurso óptico 2 n t cos θ t como também a diferença de fase adicional que pode ocorrer devido a diferentes características de reflexão. Para ângulos de incidência até cerca de 30º e, independentemente da polarização, dois feixes que sofram reflexão um interna e outro externa sofrem uma diferença de fase relativa de π radianos. Quer isto então dizer que, para os anéis de Newton obtidos em reflexão (raios 1 e 2 na Figura 1), existe uma contribuição adicional para a diferença de fase devida à reflexão e as condições de máximos e mínimos de interferência são: 3 1 λ t cos θ t = m + 2 2n λ t cos θ t = m 2n máximos (1) mínimos Para medir o raio de curvatura da lente normalmente trabalha-se em condições de incidência normal para as quais repare-se na Figura 3 onde se mostra θ t ≈ 0 . Além disso, existir uma relação geométrica entre o raio do m-ésimo anel, a espessura do filme de ar correspondente tm e o raio de curvatura da lente R: R 2 = rm2 + ( R − t m ) 2 (2) Figura 3: Geometria essencial na geração de anéis de Newton. Se o raio de curvatura da lente for significativamente maior que a espessura do filme, pode introduzir-se a aproximação R 2 >> t 2 na expressão anterior obtendo-se finalmente para o raio dos anéis claros e escuros: 4 1 λ rmax = m + 2 n 12 r = m λ R min n R 12 (3) Para os anéis de Newton obtidos do lado da radiação transmitida (raios 3 e 4 na Figura 1) não há contribuição adicional para a diferença de fase devida à reflexão e a um máximo na equação (3) irá corresponder uma franja destrutiva e vice-versa. Diz-se então que os padrões de interferência obtidos em reflexão e transmissão são complementares. A figura 4 mostra uma imagem dos anéis de Newton. Figura 4: Os anéis de Newton. 5 2. Procedimento experimental: 2.1. Material: • Lâmpada de sódio • Lâmpada de mercúrio • Fonte de alimentação para as lâmpadas • Bancada óptica e respectivos suportes • Sistema de lente-superfície plana para gerar os anéis • Diafragma íris • Lentes de cerca de 5 e 12 cm de distância focal • Filtro verde 2.2. Descrição do procedimento experimental: Dispõe-se uma das lâmpadas sobre a calha óptica seguida da lente de cerca de 12 cm de distância focal de maneira a assegurar uma iluminação do sistema gerador de anéis o mais homogénea que for possível. Com a lente de 5 cm de distância focal faz-se uma focagem cuidada dos anéis no alvo de modo a ter simultaneamente o maior contraste possível entre os anéis e uma focagem correcta da imagem da escala traçada sobre o sistema lente-superfície plana. Deverá marcar sobre o alvo a imagem dos anéis de Newton obtidos para a radiação transmitida e não para a radiação obtida do lado da reflexão. Deverá marcar os anéis correspondentes à interferência destrutiva e repare que é muito difícil estimar com exactidão o centro do sistema de anéis. Por essa razão, deve então marcar numa folha que colocar no alvo o diâmetro de cerca de 15 anéis marcados ao longo de uma linha horizontal. Para tal, marque sobre a folha o centro aproximado de cada anel escuro (e não o ponto em que começa o anel). Não esqueça de marcar o mesmo número de anéis para cada um dos lados em relação ao centro do alvo. O raio dos anéis escuros é dado por metade do valor do seu diâmetro. Marque além disso na vertical o valor da escala projectada no alvo correspondente a, por ex., 10 divisões da escala (cada divisão corresponde a 1 mm). Deverá fazer 6 pelo menos duas medidas independentes desta quantidade pois esta medição é muito importante visto dela depender a exactidão do valor real do raio dos anéis. Execute o procedimento anterior para a radiação proveniente das lâmpadas de mercúrio e de sódio não se esquecendo de marcar cerca de 15 anéis para cada mercúrio utilize um radiação emitida pela lâmpada. filtro Quando verde lâmpada para apenas a utilizar a seleccionar lâmpada de correspondente toda à de a risca verde (546.1 nm). 3. Resultados e cálculos: Repare que, por ser mais simples do ponto de vista experimental, não trabalha com os anéis de Newton em reflexão mas antes em transmissão – ver Figura 1. Assim sendo, a partir da equação (3) obtém-se para os anéis escuros: expressão que relaciona rmin = m + 1 λ R 2 n o raio dos 12 (4) anéis de ordem m com o comprimento de onda da radiação e com o raio de curvatura da lente esférica utilizada. Medindo o raio real dos anéis pode calcular-se o produto λ R . Se se souber o comprimento de onda λ pode então calcular-se R e se se conhecer o raio de curvatura da lente pode estimar-se λ. A partir dos dados obtidos para a lâmpada de sódio vão procurar determinar o raio de curvatura da lente e, com este valor, calcular o comprimento de onda da radiação verde do mercúrio com os dados da lâmpada de mercúrio. Repare que a medida directa não é o valor real do raio dos anéis mas antes o valor do diâmetro da imagem dos anéis projectada no alvo. Se d mi for esse diâmetro, o raio real dos anéis de ordem m pode obter-se por: 7 rmin = d mi E r × 2 Ei (5) onde E i é o valor da escala projectada no alvo correspondente a um determinado valor real da escala marcada sobre o sistema gerador de anéis E r - por ex. 10 divisões da escala em que cada divisão corresponde a uma distância real de 1 mm. A equação (4) pode rearranjar-se obtendo-se finalmente: 1 λ rm2 = m + R 2 n (6) equação que mostra que uma representação gráfica do quadrado do raio dos anéis em função de m + 1/2 deverá ser uma linha recta de declive λ R . Faça uma representação gráfica do raio do m-ésimo n anel escuro ao quadrado em função de m + 1/2 para os dados obtidos para ambas as lâmpadas e diga se os seus resultados estão de acordo com o que seria de esperar. Nos gráficos deverá incluir barras de erros e, para isso, note que no cálculo da propagação de erros não se mede directamente o raio dos anéis mas antes o seu diâmetro (porquê?) e que o verdadeiro valor do raio está relacionado com a razão da escala real do sistema de geração com a imagem dessa escala projectada no alvo através da lente – equação (5). Escreva a equação que relaciona rm2 com as quantidades que mede directamente e use-a para calcular a propagação de erros sobre as estimativas de rm2 . Admita como estimadores razoáveis dos erros associados às medidas directas os seguintes valores: Parâmetro Estimativa do erro diâmetro dos anéis d mi 1.5 mm Comprimento da escala projectada no alvo E i 1.5 mm 8 Faça uma regressão m + 1/2 com sistema gerador os linear dados de da dos resultados lâmpada anéis a de partir de sódio. do rm2 em Calcule declive da função o raio recta e de do o respectivo erro associado a partir da estimativa estatística do erro do declive (dada automaticamente pelas rotinas de regressão linear). Faça agora uma regressão linear semelhante para os resultados da lâmpada de mercúrio e use o valor do declive para calcular agora o valor do comprimento da risca verde do Hg (λ = 546.1 nm). Note que agora o erro estimado para o comprimento de onda depende quer do erro estatístico do declive quer da estimativa do erro do raio do sistema. Ao calcular quantidades a partir dos resultados das regressões lineares, não se esqueça de usar unidades coerentes entre si. Comente a concordância entre os resultados experimentais obtidos e os valores teóricos do raio da lente e do comprimento de onda do mercúrio. Embora se trabalhe aqui sempre com a radiação transmitida através do sistema gerador de anéis, os padrões de interferência (franjas claras e escuras) correspondentes à radiação reflectida e transmitida estão relacionados – Figura 4. Qual é então a relação entre esses dois padrões ? Em que situação será de esperar um maior contraste nas franjas de interferência. No lado da radiação reflectida ou no lado da transmitida ? Porquê ? • Dados: Radiação das lâmpadas: - λNa = 589.0 nm - λHg = 546.1 nm Sistema gerador de anéis: - R = 12 m 9 ÓPTICA-FÍSICA TRABALHO Nº 5 ANÉIS DE NEWTON Turno: Data: Grupo: Autores: Objectivos do trabalho: Quantidades auxiliares: Valores da escala: Escala projectada E i Escala real E r Estimativa dos erros: Parâmetro Estimativa do erro diâmetro dos anéis d mi Comprimento da escala projectada no alvo E i 10 Lâmpada de sódio: Raio de curvatura da lente: Resultado final: R ±δR = Valor esperado: Rteor = Percentagem de erro em relação ao valor esperado: Comentário: m m + 1/2 d mi rm Equação teórica de rm2 vs. m + 1/2: Equação obtida por regressão linear: Declive b: Estimativa de δb: Coeficiente de correlação: Comentário ao gráfico: Equações: Cálculo de R: Cálculo de δR: 11 rm2 δ rm2 Lâmpada de mercúrio: Comprimento de onda: Resultado final: λ ± δλ = Valor esperado: λ teor = Percentagem de erro em relação ao valor esperado: Comentário: m m + 1/2 d mi rm Equação teórica de rm2 vs. m + 1/2: Equação obtida por regressão linear: Declive b: Estimativa de δb: Coeficiente de correlação: Comentário ao gráfico: Equações: Cálculo de λ: Cálculo de δλ: 12 rm2 δ rm2 Gráficos Inclua uma folha com os gráficos pedido no ponto 3 não se esquecendo de incluir barras de erro. Para a representação das barras de erro associadas a cada valor do quadrado do raio admita como razoável o intervalo de incerteza dado por rm2 ± δ (r ) . 2 m rm2 A partir da observação dos gráficos qual a sua conclusão final ? Responda sucintamente às seguintes questões. Questões: • Qual a relação entre os padrões de interferência (franjas claras e escuras) correspondentes à radiação reflectida e transmitida através do sistema gerador de anéis ? Em que situação espera um maior contraste ? Comentário final e conclusões: 13