A importância da “punição” para se adquirir habilidades e inteligência intuitiva. Qualquer ação motora do nosso corpo exige que o cérebro envie aos nossos músculos uma quantidade de energia e informação para que eles se movimentem “gentil e coordenadamente”. E, para que nós não sejamos descoordenados como um bebê que está começando a andar ou a comer sozinho, o cérebro busca padrões de procedimentos em tudo o que fazemos para poder coordenar gentilmente os nossos movimentos. Todavia, ele só consegue “calibrar” a quantidade exata de energia e informação através do processo “tentativa/erro”. É por isso que quando vamos fazer algo pela primeira vez nunca conseguimos fazer perfeito. Experimente pronunciar uma palavra estrangeira desconhecida e veja no que dá. Como ela nunca fora pronunciada antes, simplesmente o nosso cérebro não consegue calibrar e enviar logo de imediato a quantidade exata de energia necessária e o tipo de informação adequada para que os músculos da boca se movimentem adequadamente e a pronuncie com perfeição. A cada repetição o cérebro vai calibrando mais precisamente a quantidade de energia e o tipo de informação necessária para que a boca a pronuncie com perfeição. Depois de repetir a palavra várias vezes será possível atingir a perfeição na pronúncia, na entonação e na sonoridade. A Rede Globo de Televisão levou ao ar uma série de reportagens sobre o funcionamento do cérebro, onde na 2ª reportagem os cientistas mostraram a importância da repetição para se atingir a excelência. Se o desejar, veja o vídeo no link ao final deste artigo. Alguns tenistas de alto desempenho chegam a repetir determinados movimentos mais de mil vezes até atingirem a perfeição na batida, ou seja, até que o cérebro deles calibre adequadamente os movimentos certos da mão, dos braços, das pernas e do corpo e combine tudo isso com a força necessária para a raquete bater na bolinha. Todavia, o tempo que se leva para adquirir a perfeição em qualquer atividade (adquirir habilidade) depende do tempo que o cérebro leva para ser informado sobre o erro cometido. Quanto mais rapidamente o cérebro receber a informação de que a ação foi imperfeita, mais rapidamente ele irá procurar melhorar a calibragem para a próxima ação similar. E, agora vem a parte mais interessante do processo: a punição ao erro cometido é o feedback ou a informação que chega ao cérebro indicando que houve erro na calibragem. Por isso, quanto mais rapidamente o erro for punido, mais rápido será o feedback ou mais rapidamente a informação de que houve erro chegará ao cérebro. No caso do tenista, a informação chega ao cérebro imediatamente, pois cada vez que ele bate errado na bolinha ele é punido na hora com uma mistura de sentimentos de raiva, desolação, decepção, etc., porque a bolinha vai parar no lugar errado. E, esses sentimentos são tão intensos que, dependendo do ponto perdido, alguns tenistas chegam ao extremo de até mesmo quebrarem a raquete, batendo-a com força no chão! E, é exatamente esse sentimento de raiva, decepção, frustração (punição)que faz com que o cérebro saiba que errou na calibragem. Então, da próxima vez o cérebro vai procurar caprichar mais... O mesmo tipo de punição recebe um enxadrista quando movimenta uma peça equivocadamente no tabuleiro e toma um xeque-mate do adversário. A resposta do erro é imediata. A sensação frustrante de perda da partida (punição) indica para o cérebro que ele precisará redobrar a atenção da próxima vez para não fazer besteira. Todavia, algumas profissões, como medicina, vendas, engenharia, advocacia, etc. não permitem ao profissional ter um feedback tão rápido do erro cometido. Ademais, às vezes o retorno da informação do erro chega distorcida e às vezes sequer chega. E, nesses casos o profissional não se sentirá punido e isso irá indicar ao cérebro que não houve erro. Que a ação foi correta. E, diante dessa constatação, o cérebro irá repetir a mesma ação errada nas próximas vezes, achando que está fazendo o certo. No caso das vendas o processo de aprendizado pode ser até mais moroso que as demais profissões por vários motivos: Porque o vendedor pode não perceber adequadamente o motivo que o fez perder o pedido e nesse caso a informação sobre o erro cometido pelo vendedor será distorcida enganando o cérebro. Porque na maioria dos casos o vendedor supõe que perdera o pedido por causa do “preço baixo da concorrência”. E, se a perda do pedido não foi por culpa dele, ele não se sentirá culpado e não se autopunirá. Porque muitas vezes o cliente não decide na hora e quando mais adiante opta pela concorrência já se passou tanto tempo que o vendedor não tem um feedback adequado do erro cometido. Porque muitos clientes dão uma desculpa esfarrapada ao vendedor para não comprar. Neste caso, a informação do erro nem chega e não há punição. E, sem punição não há aprendizado. Adquirir habilidade é essencial para se conseguir a perfeição numa determinada tarefa. E, adquirir um conjunto de habilidades afins é essencial para o indivíduo se tornar perito numa determinada atividade e poder solucionar intuitiva e bem sucedidamente situações inusitadas. A questão é que da mesma maneira que as bolinhas de tênis nunca chegam sempre no mesmo ponto da quadra, com a mesma força, com a mesma intensidade, com o mesmo efeito e na mesma direção, as situações de vendas, por mais padronizadas que possam parecer, sempre se apresentam de forma diferente, já que cada comprador é único, com seu racionalismo, com seus conhecimentos, com suas experiências, com suas práticas, com sua vivência, com sua situação financeira e principalmente com o seu comportamento influenciado pelas emoções e sentimentos do momento. Por isso, cada venda é uma experiência única. Todavia, tanto o maquinário associativo do cérebro de um tenista bem treinado como o de um hábil vendedor, ao se deparar com uma “jogada” inusitada, em milissegundos mistura todas as experiências passadas e encontra uma resposta adequada para aquela situação nova. É a solução intuitiva. Tanto o tenista como o vendedor conseguiram saber como se sair bem da situação incomum, sem nem mesmo saber como sabiam...Na realidade, o mistério de “saber sem saber” não é um traço distintivo da intuição, é a norma da vida mental... Quando um jogador de xadrez se torna especialista depois de umas 10 mil horas de treino, “ele já viu de tudo” (ou quase...) de forma que existem dezenas ou centenas de milhares de jogadas gravadas em seu subconsciente. Assim, diante de uma jogada inaudita, rapidamente o seu maquinário associativo cerebral mistura tudo o que ele aprendeu no passado e busca uma saída intuitiva para aquela nova situação. O mesmo se dá com um vendedor que já praticou CONTROLADAMENTE (com feedback e punição dos erros cometidos) milhares de jogadas de vendas: diante de uma objeção inusitada, rapidamente o seu maquinário associativo cerebral mistura tudo o que sabe e busca uma saída intuitiva para aquela nova situação. Daí a importância de o vendedor buscar saber incessantemente a causa verdadeira da perda de um pedido. Mas, aí entra em ação um componente chamado ego que não deixa o vendedor admitir o erro. Aliás, vendedor é o único ser humano que nunca erra. Ele sempre perde o pedido por causa do preço baixo da concorrência. Nunca porque trabalhou mal... O problema dessa postura soberba é que quem não erra e não é punido por seus erros, não adquire habilidades, não se torna um perito na atividade e não desenvolve a intuição. E, sem desenvolver a intuição o vendedor não tem como ser um campeão de vendas. Perder vendas faz parte do jogo. Ninguém ganha todas. Afinal, se nem Cristo conseguiu convencer a toda a humanidade, quem somos nós para ter tal pretensão? Por isso, se os vendedores não procurarem saber a causa verdadeira da perda de um pedido e ficarem arrumando desculpas inconsistentes para justificar suas falhas, não irão desenvolver as habilidades e a perícia necessárias para solucionar intuitivamente as inusitadas situações de vendas e irão continuar perdendo muitos outros pedidos pelas mesmas causas. E isso é insano. Mentir para si mesmo e omitir para os outros para não ser autopunido ou punido por terceiros, não leva à perfeição. Só quem se submente à punição consegue adquirir a perfeição. Toda profissão de nível superior exige conhecimentos teóricos que se adquire nos livros, com os professores, nos cursos de capacitação, com pessoas mais experientes, etc. e habilidades que só se adquire experimentando controladamente, praticando controladamente e vivenciando-se controladamente. Não tem outro jeito. Todavia, no caso do vendedor, esse “controladamente” significa praticar observando-se as Técnicas de Vendas as quais estruturam o conhecimento empírico, porque elas são o resultado da formalização (organização) de todo o conhecimento prático acumulado pelos mais bem sucedidos, numa sequência lógica de passos que, se forem seguidos pelos aprendizes, os levará ao desempenho desejável. As técnicas de vendas permitem aos novos vendedores evitar o processo de “tentativa/erro” e incorporar diretamente ao seu trabalho as melhores descobertas feitas pelos melhores profissionais do ramo. A questão é que sempre existe um jeito certo e um jeito errado de fazer as coisas. O grande Michael Jordan dizia que um jogador de basquete podia praticar arremessos oito horas por dia, mas que se a técnica dele estivesse errada, tudo o que ele iria conseguir seria se tornar muito bom em arremessar a bola do jeito errado... Com o vendedor não é diferente. Se ele não tiver conhecimento das “Técnicas de Vendas”, por mais que trabalhe e por mais que “sofra” com a perda das vendas, não irá conseguir evoluir, simplesmente, porque não saberá como fazer diferente. Vendas é hoje uma profissão de nível superior por demais complexa porque além de o vendedor precisar ter profundo conhecimento sobre os produtos e serviços que comercializa, conhecimento de como age a concorrência, conhecimento de técnicas de vendas e marketing, ainda o vendedor precisa ter habilidade para lidar com as incertas reações do comportamento humano no processo de tomada de decisões. Por isso, se você que está me lendo for vendedor e quiser se tornar um perito (adquirir muitas habilidades afins), para ser capaz de solucionar objeções inusitadas dos clientes e passar a vender mais e ganhar muito dinheiro, comece por fazer uma análise autocrítica sincera de cada entrevista de venda que fizer. E, o mais importante: ao detectar as falhas cometidas, fique p da vida com você mesmo; chute uma pedra grande; exponha-se aos companheiros e aos seus superiores falando mal de você mesmo; etc. Essas atitudes irão constrangê-lo e irão indicar para o seu cérebro que você errou. Então, nas próximas vezes o cérebro irá caprichar mais. Com o tempo, você se poderá se tornar um verdadeiro campeão de vendas. Se precisar de ajuda para treinar sua equipe de vendas, estamos à disposição. Temos algumas datas disponíveis a partir do mês de julho. Prof. Faccin Especialista em recrutamento, seleção e treinamento de vendedores Tel. 11 4666-7845 – 4666-6936 – [email protected] – www.faccin.com.br OBS. 1 - Para acessar mais de sessenta artigos do autor copie e cole o link a seguir no seu navegador: http://www.faccin.com.br/artigosfaccin/index.html 2 - Se desejar ver o vídeo da Globo copie o endereço do link a seguir e coleo no seu navegador: http://g1.globo.com/jornal-daglobo/noticia/2013/03/exercicio-cerebral-constante-pode-levar-excelenciano-que-se-faz.html 3 – Para não receber mais nossos artigos e ensaios envie um e-mail para [email protected] apenas colocando na linha de assunto a palavra “Descadastrar”.