HIPERADRENOCORTICISMO CANINO- RELATO DE CASO Magda Lorena Batista Freitas1, Telga Lucena Alves Craveiro de Almeida², Angélica Neves dos Santos Rocha3, Maria Virgínia de Freitas Barbosa Lima4, Ivany Raquell Martins de Araújo5, Wanessa Michelle Silva6, Jéssika Silveria Melo dos Santos7, Carolina Carvalho dos Santos Lira8, Roseana Tereza Diniz de Moura 9. Introdução O Hiperadrenocorticismo (HAC) ou Doença de Cushing, é uma das endocrinopatias mais comum no cão, e se refere ao conjunto de anormalidades clínicas e químicas que resultam da exposição crônica a concentrações excessivas de glicocorticóides (OLIVEIRA, 2004). O Hiperadrenocorticismo canino pode ocorrer naturalmente ou pode ser iatrogênico. O tipo naturalmente ocorrente pode estar associado a hiperplasia adrenocortical bilateral, neoplasia adrenocortical ou à síndrome do ACTH ectópico. O hiperadrenocorticismo canino iatrogênico resulta do uso incorreto de glicocorticóides exógenos. (MULLER & KIRK, 1996). Em cerca de 80 a 85% dos cães com HAC espontâneo, o distúrbio resulta de secreção excessiva de ACTH hipofisário, a qual provoca hiperplasia adrenocortical bilateral (hiperadrenocorticalismo dependente da hipófise. ( MULLER & KIRK, 1996). A presença de neoplasia hipofisária, faz com que ocorra uma liberação excessiva de cortisol, sendo também responsável por um grande numero de casos relacionados com o hiperadrenocorticismo dependente da hipófise. Neoplasias adrenocorticais contam em cerca de 15 a 20% dos casos de HAC canino. (MULLER & KIRK,1996). A síndrome do ACTH ectópico é um termo usado para descrever condições nas quais o hiperadrenocorticismo esteja associado a neoplasia não- hipofisária e não- adrenocortical. No cão, a síndrome do ACTH ectópica parece ser rara e foi relatada em associação ao linfossarcoma e carcinoma bronquial. ( MULLER & KIRK,1996). O hiperadrenocorticismo iatrogênico é o resultado da administração excessiva de glicocorticóides, geralmente usados no controle de doenças alérgicas ou imunomediadas. A administração crônica de glicocorticóides em excesso inibe o CRH e o ACTH, provocando atrofia adrenocortical bilateral (OLIVEIRA, 2004). O HAC geralmente acomete cães de meia idade e idosos, contudo o HAC hipofisário pode ocorrer em cães jovens. As raças predispostas são: Poodle, Dachshund, Beagle, Boxer e Boston Terrier, porém outras podem ser acometidas. Apesar de não apresentar predisposição sexual o HAC de origem adrenal é mais comum em fêmeas (70% de ocorrência). Os sinais mais comuns de HAC são: poliúria, polidipsia que podem ser indicativos de diabete melito secundário, polifagia devido ao aumento do catabolismo protéico e lipídico, respiração ofegante ocasionado pela fraqueza da musculatura abdominal, alopecia, hiperpigmentação da pele, úlcera gástrica em razão do aumento da secreção de ácido clorídrico e pancreatite gerada pelo aumento da produção de enzimas gástricas e insulina, além de atrofia testicular e infertilidade na fêmea (FELDMAN, 1999, NICHOLS, 1998). Além da observação do histórico e dos sinais clínicos, exames como hemograma, perfil renal, perfil hepático e urinálise devem ser solicitados. No hemograma é observado leucograma de estresse e hiperglicemia, no perfil renal a creatinina aumentada e uréia diminuída poderão estar presentes, sendo que o mesmo ocorre com a ALT e AST no perfil hepático. Na urinálise, glicosúria e proteinúria estão presentes. A dosagem de ACTH e cortisol são importantes e também deverão ser realizadas (NELSON, 2001, CHASTAIN, 1997). Na radiografia abdominal pode-se evidenciar hepatomegalia, distensão vesical, metástases abdominais e mineralização dos tumores da adrenal. Na radiografia torácica poderá estar presente calcificação de traquéia e brônquios, metástases pulmonares, cardiomegalia direita e tromboembolismo pulmonar. No exame de ultrassonografia o tamanho e forma das adrenais poderão ser analisados. A tomografia computadorizada e a ressonância magnética revelam tumores adenohipofisários maiores de 1 cm, sendo os exames mais precisos para imagem das adrenais. Deve-se ser feito testes de alta e baixa dosagem de Dexametasona, para diagnosticar e diferenciar os tipos de HAC. Esse trabalho tem como objetivo relatar o caso de um canino portador da Síndrome de Cushing. Material e métodos Foi atendido no hospital veterinário da Universidade Federal Rural de Pernambuco, um canino Poodle, macho, ________________ 1. Primeiro autor: Discente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. E-mail: [email protected] 2. Segundo e Terceiro Autores são Residentes do hospital veterinário da Universidade Federal Rural de Pernambuco. 3. Terceiro Autor: Discente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco e integrante do Programa de Educação Tutorial (PET). 4. Quinto, Sexto, Sétimo e Oitavo Autores: Discentes do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. 5. Nono Autor: Professora Adjunta da Universidade Federal Rural de Pernambuco e Orientadora do projeto. de aproximadamente11 anos. A queixa do proprietário era a alopecia generalizada sem prurido que o animal apresentava. Sua pele estava hiperpigmentada e mais delgada, apresentava poliúria, polidipsia, normofagia e normoquezia, nega vômitos, apresenta tosse persistente que piora a noite, ausculta com estertores, 38,3º C de temperatura, mucosas levemente cianóticas, vermifugação em dia, vacinação atualizada. Foi realizado teste de supressão por baixa dose de Dexametasona e Raio-X do tórax. Foi iniciado tratamento com cetaconazol ( protocolo para hiperadrenocorticismo proposto por Nelson e Couto- Medicina Interna de Pequenos Animais) e tratamento para cardiopatia apresentada com Furosemida e Enalapril e recomendação de dieta alimentar. Resultados e Discussão Conforme visto na literatura (OLIVEIRA, 2004) o animal apresentava sinais de poliúria e polidipsia, a alopecia condiz com que foi visto na literatura, fato este justificado devido ao efeito inibidor do cortisol na fase anagênica ou de crescimento do ciclo piloso. Apesar da literatura consultada descrever que o apetite pode estar aumentado o proprietário nega tal fato, porém foi observado no exame físico do animal que este encontrava-se acima do peso padrão da espécie, mas não podemos afirmar que isto deve-se ao fato do animal estar com alteração de apetite , pois animais com esta síndrome apresentam distenção abdominal (HERRTAGE, 2001). O resultado de teste de supressão por baixa dose de Dexametasona foi negativo, mas o protocolo terapêutico foi favorável. O teste de supressão algumas vezes apresenta falso negativo para síndrome de Cushing e como o animal respondeu bem ao protocolo terapêutico acredita-se que se trata de um caso de hiperadrenocorticismo. Agradecimentos Agradeço pela oportunidade de acrescentar conhecimento na comunidade acadêmica e expandir o meu currículo. Referências [1] .OLIVEIRA, S.de. T., Transtornos dos Hormônios adrenais em cães, disponível em: http/ www. ufrgs. br / bioquímica / posgrad /TMAD/ transtornos_adrenal.pdf Acesso em : 18,Outubro, 2008. [2] SCOTT, D.W; MILLER, W. H; GRIFFIN, C.E. Dermatologia de pequenos animais. IN SCOTT,D.W; MILLER,W.H; GRIFFIN, C.E. Hiperadrenocortcismo canino. Inter livros Rio de Janeiro, RJ, 1996 pgs 598-601. [3] FELDMAN, E.C. Hiperadrenocorticismo. In: ETTINGER, J.S., FELDMAN, E.C. Tratado de medicina interna veterinária. Manole, São Paulo, SP, 1997, pg.2123. [4] NICHOLS, R., PETERSON, M.E., MULLER, H.S. Glândulas adrenais. In: In:BIRCHARD, S.S., SHERDING, R.G. Clínica de pequenos animais. Roca, São Paulo, Sp, 1998, pg. 270. [5] NELSON, W.W. Hiperadrenocorticismo em cães. In: NELSON, R.W., COUTO, C.G. Medicina interna de pequenos animais. Guanabara Koogan, RiodeJaneiro, RJ, 2001. pg. 610. [6] CHASTAIN, C.B. O sistema endócrino e metabólico. In: HOSKINS, J.D. Pediatria veterinária. Inter-livros, Rio de Janeiro, RJ, 1997, pg.393.