ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ – AESPI CURSO: BACHARELADO EM ENFERMAGEM MÔNICA PEREIRA DA SILVA VIVÊNCIA DO ENFERMEIRO DA ATENÇÃO BÁSICA NAS AÇÕES DE CONTROLE DA HANSENÍASE. TERESINA – PI 2013 MÔNICA PEREIRA DA SILVA VIVÊNCIA DO ENFERMEIRO DA ATENÇÃO BÁSICA NAS AÇÕES DE CONTROLE DA HANSENÍASE. Relatório Final de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Associação de Ensino Superior do Piauí como requisito de avaliação para obtenção do grau de Enfermeiro. Orientador (a): Profª. Esp. Keila Rodrigues de Albuquerque TERESINA – PI 2013 MÔNICA PEREIRA DA SILVA VIVÊNCIA DO ENFERMEIRO DA ATENÇÃO BÁSICA NAS AÇÕES DE CONTROLE DA HANSENÍASE. Relatório Final de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Associação de Ensino Superior do Piauí como requisito de avaliação para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem. Aprovada em:_____/_____/____ BANCA EXAMINADORA _______________________________ Prof: Esp. Keila Rodrigues de Albuquerque (AESPI) (Orientadora) __________________________________ Prof: Mestre Marianne Rocha Duarte (AESPI) Primeiro examinador ___________________________________ Prof: Esp. Janaina dos Santos Barbosa (AESPI) Segundo examinador Dedico esse trabalho a minha família por me apoiarem e acreditarem nas minhas escolhas, aos meus amigos por me ajudarem nessa conquista, aos mestres pelos ensinamentos, a minha orientadora pela paciência e dedicação. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por me dar a vida e a coragem de seguir sempre a diante iluminando sempre minhas escolhas. A minha mãe instrumento de Deus para me conceber a vida e me transmitir amor incondicional e coragem. Ao meu Pai Antonio Pereira pelo exemplo de dignidade. A minha avó Maria das Dores (in memorian) pela certeza de seu orgulho e satisfação se aqui estive presente. Aos meus tios Antonio Filho, Minelvina e Aldeíde pelo amor e dedicação que sempre me passaram. Ao meu irmão Adailton que mesmo longe posso contar sempre com seu apoio. Aos meus primos em especial Ramon e Iris e a todos os familiares pelo apoio e por acreditarem sempre na minha capacidade. Ao Felipe que esteve sempre ao meu lado durante minha jornada acadêmica e na construção desse trabalho compreendendo sempre minhas aflições me dando apoio. As minhas amigas Fernanda Carline, Jáyra Morais, Rosyanne Santos, Amanda Amorim, Esmeralda Lustosa e Nayra Jaira pelo conhecimento, amizade e respeito que construímos juntas. Aos amigos Pedro Netto, Isabel Alves, Deidiane Reis e Nanan Cunha pela amizade e carinho sincero. Aos colegas de trabalho da UBS Planalto Uruguai em especial minhas amigas Socorro, Suzana e Luciana Reinaldo. Aos mestres pelos ensinamentos e incentivo. A minha orientadora Keila Rodrigues pelo apoio e dedicação na construção desse trabalho. A coordenadora de curso Natália que não mediu esforços em busca de melhorias para o curso e benefícios para os acadêmicos. A todo o corpo docente da faculdade que fazem seu trabalho com dedicação e nos reflete apoio e confiança. A todos o meu sincero agradecimento. “Os sonhos não determinam o lugar em que você vai estar, mas produzem a força necessária para tirá-lo do lugar em que está.” Augusto Cury SILVA, M. P. VIVÊNCIA DO ENFERMEIRO DA ATENÇÃO BÁSICA NO CONTROLE DA HANSENÍASE. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em enfermagem). 41 P. Associação de Ensino Superior do Piauí. Teresina 2013 RESUMO A hanseníase é uma doença infecciosa causada pelo mycobacterium leprae é transmitida principalmente por via respiratória, apresenta como sintomas mais comuns manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo. As ações de controle da hanseníase estão inseridas na rotina do enfermeiro. Assim o objeto de estudo dessa pesquisa é a vivência do enfermeiro da atenção básica nas ações de controle da hanseníase, que tem como objetivo descrever e analisar a vivência do enfermeiro da atenção básica nas ações de controle da hanseníase. É um estudo de abordagem qualitativa, com caráter descritivo e exploratório, foi realizado através da aplicação de um roteiro de entrevista semi estruturada com 13 enfermeiros das unidades básicas de saúde localizadas na região sudeste de Teresina, após a transcrição na íntegra as falas dos sujeitos foram analisadas seguindo as etapas recomendadas pela técnica de analise de conteúdo de Minayo. A partir dos resultados nota-se que as ações de educação em saúde são tidas pelos enfermeiros como imprescindíveis no controle da hanseníase, contudo os mesmos ainda estão preso no modelo de atendimento clinico assistencial justificado pela sobrecarga de trabalho devido a quantidade de programas que compõem a ESF, nota-se ainda que o enfermeiro depara-se com a má articulação dos serviços de saúde no que se refere a atenção especializada. Portanto faz-se necessário a criação de estratégias para se trabalhar o preconceito na tentativa de facilitar a detecção precoce de novos casos e adesão dos contatos intradomiciliares através de qualificação profissional e uma melhor articulação entre os serviços. Descritores: Hanseníase. Cuidados de enfermagem. Atenção primária. SILVA, M. P.EXPERIENCE OF PRIMARY CARE NURSES IN CONTROL OF LEPROSY Conclusion work (Bachelor of Nursing). 41 p. Association of Higher Education of Piaui - AESPI. Teresina, 2013. ABSTRACT Leprosy is an infectious disease caused by Mycobacterium leprae, it is primarily transmitted via the respiratory route, the most common symptoms presented as whitish, reddish or brownish spots in any part of the body. The actions of leprosy control are embedded in the routine of nurses.Thus, the object of study of this research is the experience of nurses in primary care in efforts to control leprosy, which aims to describe and analyze the experience of nurses in primary care in efforts to control leprosy. It is a qualitative study, with descriptive exploratory and was conducted by applying with a semi structured interviews with 13 nurses in basic health units located in the southeastern region of Teresina, after the full transcript of the subjects speech were analyzed following the recommended technique for analysis of content Minayo steps. From the results it is noted that the actions of health education are taken by nurses as essential in leprosy control, however they are still stuck in the clinical care justified by the workload model due to the amount of programs that comprise the ESF , it note also that the nurse is faced with poor coordination of health services in relation to specialized care.Therefore it is necessary to create strategies to work the prejudice in an attempt to facilitate early detection of new cases and membership in household contacts through professional training and better coordination between services. Key words: Lepros. Nursing care. Primary Care. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACS Agente Comunitário de Saúde CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética CEP Comitê de Ética e Pesquisa CONASS Conselho Nacional de Secretários da Saúde ESF Estratégia Saúde da Família MORHAN Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase MS Ministério da Saúde OMS Organização Mundial de Saúde SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem SUS Sistema Único de Saúde UBS Unidade Básica de Saúde UNIP Universidade Paulista SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 10 2 REVISÃO DE LITERATURA 13 2.1 Definição e dados epidemiológicos 14 2.2 Diagnóstico e medidas de tratamento 14 2.3 Assistência de enfermagem aos pacientes acometidos por hanseníase 15 3 METODOLOGIA 17 4 RESULTADO E DISCUSSÃO 20 4.1 Caracterização dos sujeitos 20 4.2 Implementação das ações de controle da hanseníase pelo enfermeiro da atenção básica 21 4.3 Dificuldades do enfermeiro na execução das ações de controle da hanseníase 23 4.3.1 A sobrecarga de trabalho do enfermeiro 23 4.3.2 Dificuldades do enfermeiro em conseguir a adesão de pacientes e de acompanhamento dos contatos 24 4.3.3 Dificuldades na articulação com os serviços de saúde especializados para tratamento da hanseníase 25 5 27 CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS APÊNDICE ANEXOS 10 1 INTRODUÇÃO A hanseníase é uma doença infecciosa de evolução lenta e alto poder incapacitante, causada pelo mycobacterium leprae (bacilo de hansen), parasita intracelular que penetra na célula nervosa acometendo principalmente pele e nervos periféricos.Segundo Silva (2007) a doença possui histórico milenar citada nos escritos bíblicos do antigo testamento como lepra. É transmitida principalmente por via respiratória e apresenta como sintomas mais comuns manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo. Para fins de tratamento é classificada como paucibacilar (PB) apresentando até cinco lesões de pele e multibacilar (MB) com mais de cinco lesões de pele. (BRASIL, 2008) Atualmente a hanseníase é uma doença que prevalece em todo o mundo encontrando-se principalmente em cinco países: Brasil, Índia, Indonésia, Nepal e no Congo. O Brasil apresenta-se em segundo lugar na classificação mundial de numero de casos, posicionando-se depois da Índia que é considerada o berço da doença. (MORHAN, 2013) Segundo Ignotti (2011) no Brasil destacam-se as regiões Norte e CentroOeste, com 42,7 e 41,3 casos novos por 100 mil habitantes em 2010, que caracterizam hiperendemicidade. As regiões sul e sudeste com 5,2 e 7,2 casos novos por 100 mil habitantes apresentando média endemicidade e o nordeste com 27,7 casos novos por 100 mil habitantes apresentando endemicidade muito alta. No Piauí observou-se uma queda no número de casos no ano de 2012 comparando com 2011 caindo de 36 para 30 casos por 100 mil habitantes, mesmo com a queda, o Piauí ocupa o sexto lugar em número de casos novos de hanseníase no Brasil e ocupa o segundo lugar em casos da região nordeste. (CONASS, 2013) Apesar de ser uma doença de fácil diagnóstico, curável e com tratamento disponibilizado pelo SUS, seu tratamento e avaliação de contatos tornam-se difíceis devido ao estigma, exigindo habilidades dos profissionais da saúde para romperem preconceitos aplicando uma assistência adequada garantindo a cura, o controle e a prevenção das incapacidades físicas em pessoas acometidas. A meta estabelecida pela Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde é eliminar 11 até 2015 a doença como problema de saúde pública, dessa forma tem-se intensificado ações e estratégias voltadmhas promoção e prevenção da população mais atingida. (CONASS, 2013; LUNA et.al.2010.) Sabe-se que a estratégia saúde da família cumpre um papel importante na promoção, prevenção e controle de agravos na saúde pública, sendo por tanto principal porta de entrada da populaçãoaos serviços de saúde. A Unidade Básica de Saúde deve realizar o tratamento da hanseníase como parte de sua rotina, possibilitando a entrada e adesão do portador da hanseníase, acompanhamento do seu tratamento e vigilância epidemiológica (BRASIL, 2008). Destaca-se na estratégia saúde da família o profissional de enfermagem que tem papel relevante nas ações de controle da hanseníase. Segundo Oliveira (2008) enfermeiro tem papel fundamental na organização dos serviços de saúde em diferentes complexidades. Segundo Silva (2007) é fundamental que os pacientes em tratamento tenham conhecimento sobre hanseníase refletindo dessa forma a qualidade das ações do enfermeiro prestada no serviço de saúde pública voltados principalmente para o aprimoramento dos cuidados, visto que o programa de controle da hanseníase é gerenciado pelo enfermeiro nas unidades básicas de saúde na maioria dos municípios. De acordo com as atribuições dadas aos profissionais de saúde na atenção básica o enfermeiro atua na prevenção da hanseníase, na identificação e avaliação de casos suspeitos, realiza consulta de enfermagem, notifica os casos confirmados, avalia e registra o grau de incapacidade física em prontuários e formulários, orienta o paciente e família para realização do autocuidado, realiza exame dermatoneurológico, faz a vacinação da BCG em todos os contatos intradomiciliares e gerencia as atividades de controle da doença. O trabalho deve se dar de forma integrada com os demais membros da equipe multiprofissional da unidade de saúde, respeitando-se um princípio básico da integralidade da assistência da saúde do indivíduo (BRASIL, 2008). O presente estudo pretende pesquisar as ações do enfermeiro na implementação das ações de controle da hanseníase a fim de proporcionar melhor conhecimento aos profissionais sobre a temática bem como orientar a partir dos 12 resultados obtidos um maior controle da hanseníase, tendo em vista a importância da erradicação de tal patologia no Brasil e no mundo. 1.1 Questão norteadora Qual a vivência do enfermeiro da atenção básica nas ações de controle da hanseníase? 1.2 Objeto de estudo A vivência do enfermeiro da atenção básica nas ações de controle da hanseníase. 1.3 Objetivos do estudo Descrever a vivência do enfermeiro da atenção básica nas ações de controle da hanseníase. Analisar a vivência do enfermeiro da atenção básica nas ações de controle da hanseníase. 1.4 Justificativa e relevância Mediante busca por temática a ser desenvolvida em trabalho de conclusão de curso de graduação, através de várias pesquisas bibliográficas que proporcionaram conhecimento acerca do tema e vivência em campo de estágio de situações que possibilitou a percepção da importância do acompanhamento por parte do enfermeiro no tratamento e controle da hanseníase sentiu-se motivação para realização do estudo. Que pretende contribuir com maior conhecimento acerca da temática assim como proporcionar aos profissionais subsídios no planejamento de ações para controle da hanseníase e fonte de pesquisa para outros trabalhos acerca do tema. 13 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Definição e Dados Epidemiológicos Hanseníase é uma doença crônica, transmissível de grande relevância para saúde pública devido a sua magnitude e seu alto poder incapacitante, atingindo principalmente a faixa etária economicamente ativa. É causada pelo mycobacterium leprae que penetra facilmente na célula nervosa e afeta principalmente pele e nervos periféricos, podendo também manifestar-se como uma doença sistêmica (BRASIL, 2008). O comprometimento dos nervos periféricos é a sua característica principal e lhe confere um grande potencial incapacitante (Duarte et.al., 2009). Mycobacteium leprae é um bacilo álcool – ácido de grande resistência, intracelular obrigatório, único na espécie de micobacteria que atinge os nervos periféricos, a principal via de eliminação e entrada do bacilo no corpo é a via aérea superior, apresentando um período de incubação de em média de 2 a 7 anos, existindo referencia de períodos mais curtos de 7 meses e também de períodos mais longos de até 10 anos (BRASIL, 2010). De modo geral as lesões da hanseníase têm início com hiperestesia – sensação de queimação, formigamento e/ou coceira- no local que evoluem para ausência de sensibilidade passando o paciente a referir dormência diminuição ou perda da sensibilidade ao calor, dor, tato em qualquer parte do corpo. (BRASIL, 2008). Visando o tratamento com poliquimioterapia a classificação da hanseníase se dá baseada no numero de lesões cutâneas: Paucibacilar (PB) casos com até cinco lesões de pele e multibacilar (MB) com mais de cinco lesões (BRASIL, 2010). Atualmente a hanseníase é um a doença que prevalece em todo o mundo encontrando-se principalmente em cinco países: Brasil, Índia, Indonésia, Nepal e Congo. O Brasil apresenta-se em segundo lugar na classificação mundial de numero de casos, posicionando-se depois da índia que é considerada o berço da doença, destaca-se ainda em primeiro lugar no numero de incidência e prevalência de casos e esta entre os 36 países que necessitam atingir os padrões definidos pela OMS e Ministério da Saúde. (MORHAN, 2013) Segundo Ignotti; (2011) no Brasil destacam se as regiões Norte e CentroOeste, com 42,7 e 41,3 casos novos por 100 mil habitantes em 2010, que 14 caracterizam hiperendemicidade. As regiões Sul e Sudeste com 5,2 e 7,2 casos novos por 100 mil habitantes apresentando média endemicidade e o nordeste com 27,7 casos novos por 100 mil apresentando endemicidade muito alta. No Piauí observou-se uma queda no número de casos no ano de 2012 comparando com 2011 caindo de 36 para 30 casos por 100 mil habitantes, mesmo com a queda, Piauí ocupa o sexto lugar em número de casos novos de hanseníase no Brasil e ocupa o segundo lugar de casos região nordeste e o percentual de cura em 2011 alcançou 81,49% contra 78,8% de 2012 (CONASS, 2013). Mesmo com uma redução importante do coeficiente de prevalência de hanseníase do Brasil, algumas regiões necessitam de intensificação das ações para eliminação da doença, justificadas por um padrão de alta endemicidade. (IGNOTTI; PAULA, 2011) O ministério da saúde tem o compromisso de eliminar a hanseníase como problema de saúde pública até 2015, ou seja, alcançar menos de 1 caso por 10.000 habitantes. As medidas como estratégias para eliminação da hanseníase nacionalmente baseia-se principalmente na detecção precoce e na cura de casos diagnosticados (BRASIL, 2012). 2.2 Diagnóstico e medidas de tratamento O diagnóstico precoce da hanseníase é um fator importante no tratamento, na interrupção do contágio e na prevenção de incapacidades. (BRASIL, 2008). Na atenção básica é essencialmente clinico através da realização do exame dermatoneurológico para identificar lesões ou áreas de pele que apresentem alteração de sensibilidade e ou comprometimento de nervos periféricos e através da análise e história do paciente, os casos com suspeita de lesão de comprometimento neural deverão ser encaminhados para as unidades de maior complexidade para confirmação do diagnóstico. É utilizada a baciloscopia como exame complementar e quando positiva classifica o caso como multibacilar independente do número de lesões (BRASIL, 2010). O tratamento da hanseníase é quimioterápico constituído por rifampicina, dapsona e clofazimina distribuídos em quatro cartelas, com composição de acordo com a classificação operacional de cada caso: Paucibacilar Adulto, Paucibacilar 15 Infantil, Multibacilar Adulto e Multibacilar Infantil, e deve ser realizado na unidade básica de saúde como parte de sua rotina, seguindo o esquema de classificação do caso. Os pacientes devem ser agendados e orientados a voltar a unidade a cada 28 dias para receberem a medicação de administração domiciliar, a tomarem a dose supervisionada, a serem avaliados pelo médico e ou enfermeiro para identificação de estados reacionais, efeitos colaterais ou adversos ao uso da medicação e sobre a importância da avaliação dos contatos intradomiciliares. Os pacientes que não comparecerem a dose supervisionada por mais de 30 dias deverão ser visitados em seu domicilio a fim de evitar o abandono de tratamento (BRASIL, 2008). 2.3 Assistência de enfermagem aos pacientes acometidos por hanseníase A enfermagem é uma profissão que integra a equipe de saúde e que visa principalmente o cuidado. Tem suas ações organizadas em etapas estabelecidas como processo de enfermagem constituído por coleta de dados de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, planejamento de enfermagem, implementação de enfermagem e avaliação de enfermagem. A consulta de enfermagem é um momento em que o paciente em qualquer ciclo de vida deverá ser acolhido e ter suas condições de saúde e vulnerabilidade avaliadas. (TERESINA, 2012) Freitas et.al.,(2008) considera que na consulta de enfermagem busca-se a criação de vínculo e confiança com o cliente objetivando uma assistência qualificada, humanizada e afetiva, priorizando a cura e prevenção de incapacidades. Segundo Oliveira (2008) o papel do enfermeiro vem se ampliando cada vez mais no controle da hanseníase sendo justificado pela atuação de maneira organizativa dos serviços de saúde em diferentes complexidades. A atenção no controle, tratamento e prevenção de incapacidades da hanseníase são ações que estão inseridas na rotina desse profissional que teve um grande impulso com a implantação da poliquimioterapia (PQT) nas unidades básicas de saúde sob sua supervisão. A autora destaca ainda que atualmente, na maioria das unidades federativas a coordenação das ações no controle estaduais e municipais da hanseníase é desempenhada por enfermeiros, e esse profissional tem desempenhado funções estratégicas para atenção integral e humanizada no SUS 16 para organização dos serviços da equipe contribuindo dessa forma para o desenvolvimento das ações interdisciplinares na atenção a saúde. Alberici; Jóia, 2011 concluem que o enfermeiro deve atentar em suprir tanto as necessidades conhecidas como também as não detectadas, tendo como principal suporte a consulta de enfermagem de modo a proporcionar um atendimento integral ao paciente e seus familiares. Dessa forma faz-se necessário a implantação da Sistematização da Assistência de enfermagem (SAE) auxiliando o profissional na sua atuação. Silva, 2007 coloca que a SAE na prevenção das reações e incapacidades que podem ocorrer no tratamento da hanseníase possibilita um planejamento eficaz de caráter individual e continuo aumentando a qualidade de vida do portador da doença. Destaca ainda a importância do diagnóstico de enfermagem para o planejamento das ações tornando o profissional mais seguro com assistência facilitada e direcionada dando seguimento com a prescrição de enfermagem que darão apoio educativo, incentivo ao autocuidado aos pacientes acometidos pela hanseníase. 17 3 METODOLOGIA 3.1 Tipo de estudo Este estudo teve abordagem qualitativa, pois segundo Kauark (2010, p.26) na pesquisa qualitativa existe uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser quantificados. Tem caráter descritivo e exploratório que visa descrever as características de determinada população ou fenômeno, ou estabelecimento de relações entre variáveis, e objetiva maior familiaridade com o problema baseando-se em relatos dos sujeitos que serão obtidos através da entrevista.(KAUARK, 2010). 3.2 Cenário do estudo O estudo foi realizado em Unidades Básicas de Saúde, localizadas na região sudeste do município de Teresina-Pí. As UBSs possuem sala de espera, arquivo de prontuário, sala de reunião, sala de administração, consultório com sanitário, três consultórios, sala de vacina, sala de nebulização, sala de curativo/procedimento, farmácia, consultórios odontológicos, área de compressor, sanitários para usuários, banheiros para funcionários, copa/cozinha, sala de esterilização, depósito de materiais e limpeza. A UBS presta serviços de atenção primária à população cadastrada mediante programas estabelecidos pelo Ministério da Saúde conforme cronogramas estabelecidos pelas equipes de estratégia saúde da família que atende por meio de consultas previamente agendadas ou com demanda espontânea, além do funcionamento das áreas de apoio tais como setores de imunização, que funciona de segunda a sexta feira nos turnos da manhã e tarde e sala de coleta de material para exames laboratoriais que tem horário de funcionamento definido para o turno da manhã de segunda a sexta feira. É o local oportuno onde foi possível contato prévio com os sujeitos do estudo favorecendo mediante planejamento a realização da pesquisa. 18 3.3 Sujeitos de estudo O estudo foi realizado com 13 enfermeiros que atuam na estratégia saúde da família que concordaram com a participação na pesquisa, porém o número de sujeitos não foi previamente definido, mas somente com a saturação dos dados coletados. Segundo Minayo (2007) essas informações tornam-se saturadas quando passam a repetir-se. Os critérios de inclusão foram enfermeiros que atuam na estratégia saúde da família e aceitem participar da pesquisa mediante assinatura do termo de consentimento livre esclarecido. (Anexo A) 3.4 Instrumento de coleta de dados As informações foram coletadas por meio de um roteiro de entrevista semiestruturadas com perguntas previamente estruturadas fechadas e abertas que segundo Minayo (2007) permite ao sujeito uma abordagem livre sobre o tema proposto sem prender-se à pergunta formulada previamente. A entrevista proporciona ao pesquisador a obtenção de informes contidos na fala dos atores sociais relacionando os valores as atitudes e as opiniões destes sujeitos. Foi utilizado um parelho de gravador Mp4 como recurso de captação sonora a fim de obter-se mais precisão das informações no momento da análise das entrevistas. 3.5 Análise dos dados Após a transcrição na íntegra das falas dos sujeitos os dados obtidos foram analisados seguindo etapas recomendadas pela técnica de analise temática de conteúdo de Minayo (2007), ou seja, pré-analise com a leitura flutuante e exaustiva do material empírico, buscando mapear os significados atribuídos pelos sujeitos às questões norteadoras da entrevista; análise dos sentidos expressos e latentes buscando a identificação dos núcleos de sentidos, com agregação dos conteúdos afins, ou seja, trecho, ou frases consideradas representativas para categorização teórica ou empírica; análise final das informações com elaboração dos temas centrais, por meio da síntese das categorias empíricas, e posterior interpretação das 19 categorias temáticas elencadas. As categorias foram analisadas conforme as reflexões da pesquisadora mediante a literatura pertinente ao tema. 3.6 Aspectos éticos e legais O presente estudo foi encaminhado ao comitê de ética da fundação municipal de saúde de Teresina para avaliação e após autorização foi encaminhado ao comitê de ética e pesquisa (CEP) da Universidade Paulista (UNIP) tendo sua aprovação conforme CAAE nº 19302813.1.0000.5512. O estudo obedeceu ao que determina Resolução 466/2012 (Brasil, 2012), que trata do respeito e da dignidade humana e pela especial proteção da vida dos participantes e sujeitos da pesquisa envolvendo seres humanos, assim os mesmos foram esclarecidos acerca da importância, dos objetivos, da confidencialidade das informações coletadas, da não publicação de dados que os identifiquem ou fatos que impliquem em algum prejuízo a estes, aqueles que estiveram de acordo posteriormente participaram das entrevistas que ocorreram somente após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 20 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1Caracterizações dos sujeitos Participaram da pesquisa 13 (treze) enfermeiros que obedecendo aos critérios de inclusão na pesquisa atuam na estratégia saúde da família. Para caracterizar os sujeitos preservando o seu anonimato, e elucidando seus depoimentos foi atribuída a definição de sujeitos seguidas de uma numeração. Todos os sujeitos são do sexo feminino, 4 (quatro) estavam na faixa etária entre 20 (vinte) e 30 (trinta) anos, 3 (três) informaram ter entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos e 6 (seis) apresentavam idade acima de 40 (quarenta) anos. No que diz respeito a formação todos os sujeitos participantes da pesquisa afirmaram ser pós graduado sendo 2 (dois) em Saúde Pública e Estratégia Saúde da Família, 2 (dois) em Saúde Pública, 4 (quatro) em Estratégia Saúde da Família, 1(um) em Saúde Pública e Educação em Saúde, 1 (um) em Estratégia Saúde da Família e Urgência e Emergência, 2 (dois) em Saúde da Família e Obstetrícia, 1 (um) em Estratégia Saúde da Família, Saúde Pública e Unidade de Tratamento Intensivo. Quanto ao período de atuação na estratégia saúde da família a maior parte dos sujeitos possuem entre 8 a 9 anos de atuação. E quando interrogados sobre a participação em curso de capacitação sobre hanseníase todos afirmaram já ter participado. Após a transcrição na integra das entrevistas, as falas dos sujeitos foram analisadas de forma minuciosa onde se pode construir duas categorias: Implementação das ações de controle da hanseníase pelo enfermeiro da atenção básica. E Dificuldades do enfermeiro na execução das ações de controle da hanseníase que se subdividem em três sub categorias que são: A sobrecarga de trabalho dos enfermeiros, identificação precoce e avaliação dos contatos e déficit na articulação dos serviços assistenciais . 21 4.2 Implementação das ações de controle da hanseníase pelo enfermeiro da atenção básica. Os sujeitos relatam que as ações de controle da hanseníase estão presentes em suas rotinas, justificados principalmente pela elevada incidência e acompanhamento constante por parte dos profissionais da atenção básica. Os sujeitos aplicam rotineiramente ações para o controle da hanseníase, Como se pode notar nos seguintes discursos: [...] a minha vivência é diária a gente sempre tem um paciente, sempre tem que ta orientando os grupos sempre tem que ta acompanhando o paciente com hanseníase, vendo a sua família. Então é constante, a vivência diária (suj.9) [...] sempre tem casos né de hanseníase a gente vivencia e vê que tem, diminuiu muito os multibacilares mas ainda tem presente muito próximo os casos de hanseníase (suj.11) Aqui nessa região tem muitos contatos de hanseníase, sempre to com paciente em tratamento. (suj.7) Segundo Brasil (2010) o MS estabelece que o modelo de intervenção para o controle da hanseníase seja baseado no diagnóstico precoce, tratamento oportuno de todos os casos diagnosticados, prevenção e tratamento de incapacidades e vigilância dos contatos domiciliares. As ações de controle da hanseníase desenvolvidas pelos sujeitos entrevistados segundo seus discursos são: orientação em saúde, onde procuram ressaltar a importância da detecção precoce da hanseníase, os principais sinais e sintomas destacando as complicações da doença quando não tratada, a importância da adesão ao tratamento e avaliação dos contatos. Essas orientações são dadas em palestras voltadas para grupos diversos como os de hipertensos e diabéticos, tendo em vista que não há um grupo específico de hanseníase. Como mostra os seguintes discursos: Então a gente procura até em outros atendimento, por exemplo do hipertenso, da criança né , ta sempre falando sobre isso. (suj.09) Ações de controle são as orientações né, é a educação em saúde, orientar o que é a hanseníase (suj.10) 22 Pra começo de conversa pra controle a gente tem que ter o, a prevenção tudo que a gente vai fazer na saúde acho que tem que começar pela prevenção que é orientando os pacientes, fazendo palestras essas coisas (suj.11) Percebe-se que as ações de educação em saúde são tidas pelos sujeitos como ações imprescindíveis no controle da hanseníase. Visto que essas ações possibilitam a prevenção a detecção precoce de casos e a adesão dos contatos intradomiciliares. Dentre as ações citadas pelos sujeitos realizam ainda a notificação de casos detectados, busca ativa dos casos através da realização de exame de manchas suspeita em mutirões e através da livre demanda a unidade, encaminhamento para atendimento especializado e quando necessário acompanhamento do paciente na administração da dose supervisionada, além da busca e avaliação dos contatos intradomiciliares. Pode se notar a efetividade e a importante participação do agente comunitário de saúde, atuando principalmente na busca ativa de casos como mostra nos seguintes discursos: Já identificamos muitos casos [...] logo justamente depois de fazer a busca ativa com os agentes de saúde. (suj. 02) [...] o agente de saúde nas suas visitas faz a busca e orienta casos suspeitos a virem fazer o exame. (suj.07) [...] então a gente orienta os agentes saúdes a ficarem no pé, em cima pra ajuda-los a fazer o tratamento direitinho.(suj.12). Segundo Brasil (2012) o agente comunitário de saúde tem dentre outras funções a de integrar a equipe de saúde e a população, desenvolver atividades de promoção e prevenção de agravos a saúde. No combate da hanseníase o ACS deve identificar e encaminhar casos suspeitos a UBS, acompanhar e orientar os usuários, desenvolver ações educativas, orientar a realização do auto cuidado, supervisionar o uso do medicamento, encaminhar os contatos intradomiciliares. Portanto pode-se notar a relevância do ACS nas ações de controle da hanseníase tornando-se a ponte entre a comunidade e serviço de saúde oferecendo ainda orientações básicas na prevenção de agravos. 23 4.3 Dificuldades do enfermeiro na execução das ações de controle da hanseníase. 4.3.1 A sobrecarga de trabalho do enfermeiro. Ao relatarem sobre suas vivencias nas ações de controle da hanseníase os sujeitos enfatizam que mesmo atuando na estratégia saúde da família o desenvolvimento de suas atividades ainda seguem um modelo clinico assistencial, impossibilitando que os mesmo ofereçam uma assistência integral aos pacientes. Como se pode observar nos seguintes discursos: [...]então eu acho que para o controle da hanseníase ser efetivo a gente tem que ver o paciente como um todo. (suj.5). [...]e esquece de avaliar o todo, avaliar o físico, avaliar a condição de saneamento onde ele vive. (suj.8) O MS com a criação da estratégia saúde da família visa à reorganização da atenção básica de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde e traz como uma forte característica a reorientação do processo de trabalho com o maior potencial de aprofundar os princípios, diretrizes e fundamento da atenção básica. BRASIL (2012). Percebe-se de acordo com as falas dos sujeitos que ainda há uma lacuna entre as ações desenvolvidas e as ações que se fazem necessárias na proposta da estratégia saúde da família que pode ser justificada pela sobrecarga de trabalho relacionado a quantidade de programas inseridos na ESF e as atividades burocráticas e gerenciais a eles atribuídas que atrapalham no desempenho de outras atividades como mostra nos seguintes relatos: [...]então eu faço assim o que dá pra fazer, mas eu num, eu confesso que eu gostaria de fazer mais. Mas temos muitas outras atribuições. (suj.3) [...] a gente tem que implementar outras ações no controle e na prevenção mas fica difícil, olha o tanto de papel que eu tenho na mesa aqui pra mim preencher.(suj.5) 24 Segundo Brondani (2011) alguns ainda compreendem as atividades de gerenciamento em enfermagem como desvio de cuidado ao usuário, porém essa pratica deve estar inserida na rotina do enfermeiro para que mesmo possa oferecer uma assistência qualificada a população. O MS estabelece que os enfermeiros desenvolvam dentre outras as seguintes atividades como planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelo ACS em conjunto com os outros membros da equipe; realizar atividades de educação permanente e participar do gerenciamento de insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS. BRASIL (2010). As atividades de gerenciamento estão inseridas nas atribuições dadas aos enfermeiros da estratégia saúde da família. Pode-se considerar de extrema importância a participação do enfermeiro no funcionamento das UBSs, tanto na assistência clinica quanto no gerenciamento de outras atividades da equipe de saúde. 4.3.2 Dificuldades do enfermeiro em conseguir a adesão de pacientes e de acompanhamento dos contatos. Percebeu-se com esse estudo que dois fatores são relevantes no déficit da adesão precoce e identificação e acompanhamento dos contatos que são: Preconceito e estigma dos pacientes e população e a dificuldade de realizar a avaliação de todos os contatos intradomiciliares por cinco anos, não conseguindo por vezes realizar nem mesmo a primeira avaliação. Os sujeitos relatam que o preconceito é uma barreira que dificulta muito a aplicação das ações de controle da hanseníase como se pode ver nos seguintes relatos: [...]a maior dificuldade é os pacientes terem ainda preconceito e ainda tem o estigma da doença é muito grande, medo que as pessoas fiquem sabendo que eles estão doente. (suj.5) [...] eles tem vergonha de falar pra família que estão fazendo o tratamento. (suj. 7) [...] tem caso que as vezes a pessoa chega pra gente e não quer nem que o agente saúde saiba né, porque acha que o agente saúde vai dizer na comunidade...(suj. 8) 25 Segundo Baialardi (2007) a hanseníase continua sendo vista como uma doença incurável do passado e que as dificuldades enfrentadas pelos pacientes tem inicio desde a busca pelo diagnóstico, sua conscientização, realização do tratamento e ainda após a cura quando o mesmo sofre por sequelas deixadas pela doença. O enfermeiro vivencia constantemente essas dificuldades por preconceito do próprio paciente que deve se conscientizar do diagnóstico e dar inicio ao tratamento e isso acarreta uma outra dificuldade que é a investigação epidemiológica de contato. Os sujeitos relataram não estarem conseguindo realizar a avaliação de todos os contatos como mostram as seguintes falas: [...] muitas vezes também os contatos mesmo sabendo que o familiar ta com hanseníase acaba não vindo fazer o exame por preconceito ...(suj.7) [...] eu não consigo implementar, ele vem quando paciente é diagnosticado, a gente chama todos né, geralmente eles vem só que no ano seguinte, que eles precisam passar por esse exame anual eles não costumam mais vir...(suj. 8) [...]e ela não quer que a gente faça o controle dos familiares porque não quer que a família saiba. Então por causa do preconceito é muito difícil da gente conseguir.(suj. 11) Segundo Brasil (2008) contato intradomiciliar é toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido com o doente de hanseníase nos últimos 5 (cinco) anos. Por tanto há a necessidade de estar fazendo a investigação e busca por esses contatos. A avaliação consiste no exame dermatoneurológico de todos os contatos intradomiciliares dos casos novos detectados, seguido de orientações sobre período de incubação, transmissão, sinais e sintomas precoces da hanseníase. (BRASIL, 2010) Os sujeitos relatam ser essa mais uma dificuldade encontrada, visto que essa avaliação deve ser realizada anualmente por cinco anos 4.3.3 Dificuldades na articulação com os serviços de saúde especializados para tratamento da hanseníase. 26 O cliente de modo geral deve receber uma assistência integral que garanta alem da prevenção de agravos a cura e sua reabilitação o que se percebe é um déficit na articulação dos serviços de saúde no que se refere atenção especializada voltada aos pacientes com hanseníase. Como mostra as seguintes falas: [...] essa incapacidade de serviço é... de limite ter um assistente social de suporte ajudando direto um fisioterapeuta...(suj.) Segundo Brasil (2010) o Programa Nacional de controle da Hanseníase do Ministério da Saúde desenvolve um conjunto de ações visando oferecer serviço em todas as instâncias e diferentes complexidades seguindo os princípios do SUS, fortalecendo dentre outras ações a assistência integral aos portadores deste agravo. As ações de controle de controle da hanseníase devem ser executadas em toda rede de atenção primaria do Sistema Único de Saúde garantindo dentre outras a atenção especializada em unidades de referencia ambulatorial e hospitalar sempre que necessário. BRASIL (2010) Consequente a má articulação da rede de assistência especializada com a atenção primária acaba por sobrecarregar o enfermeiro exigindo dos mesmos ações que não são de suas competências o que os deixam frustrado como mostra seguinte fala: [...] ter um atendimento especializado pra eles uma atenção maior, uma busca porque as vezes o paciente quer fugir do tratamento não aguenta esperar o tratamento todo(suj.12) [...] é porque tudo isso nos sobrecarrega e muitas vezes frustra porque a gente não se formou pra tanto, formou pra fazer atendimento de enfermagem chega lá em frente é nos e a gente não consegue e frusta a gente termina ficando frustada porque a gente não consegue resolver. (suj.09) Contudo nota-se que há necessidade de se ampliar a atenção voltada ao paciente com hanseníase visando uma articulação satisfatória que favoreça uma atenção integral ao mesmo no que condiz aos princípios do SUS. 27 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A hanseníase é uma doença de bastante relevância para a saúde pública do Brasil, devido seu elevado grau incapacitante trata-se de uma das prioridades da estratégia saúde da família. Apesar de ser uma doença de histórico milenar e que há anos vem sendo aplicadas políticas voltadas para sua erradicação ainda tem-se elevada incidência e, portanto são necessários vigilância e acompanhamento constante por parte dos profissionais da atenção básica. Percebe-se que dentre as atividades desenvolvidas na atenção básica, as ações de educação em saúde são tidas como imprescindíveis para o controle da hanseníase, contudo pode-se inferir que o enfermeiro ainda esta preso no modelo de atendimento clinico assistencial justificado pela sobrecarga de trabalho para os mesmo, devido a grande quantidade de programas que compõem a ESF. Nesse âmbito o profissional de enfermagem desenvolve rotineiramente ações voltadas para o controle da hanseníase com o objetivo de prevenir a doença e evitar incapacidade quando a mesma já esta instalada, porém o mesmo se depara com dificuldades significativas, pois se trata de uma doença que ainda carrega o preconceito e estigma sendo uma das causa para deficiência na identificação precoce dos doentes e acompanhamento de contatos intradomiciliares. Nota-se ainda que o enfermeiro depara-se com a falta de articulação com os serviços de saúde no que se refere a atenção especializada o que impossibilita o paciente de receber uma atenção integral. Apesar da sobrecarga de trabalho e outras dificuldades evidenciadas pelos profissionais de enfermagem percebeu-se a relevância das atividades desenvolvidas na atenção primaria no controle e prevenção da hanseníase visto seu elevado grau de provocar incapacidade que pode causar. O enfermeiro desenvolve um papel fundamental na ESF atuando em caráter preventivo, na identificação precoce e no acompanhamento dos casos, contudo há ainda a necessidade de quebrar barreiras de preconceito agregada a essa doença. Portanto faz-se necessário a criação de estratégias para se trabalhar o preconceito na tentativa de facilitar a detecção precoce de novos casos e adesão dos contatos intradomiciliares através de 28 qualificação profissional e uma melhor articulação entre os serviços onde o paciente possa receber uma atenção integral atendendo suas necessidades. 29 REFERÊNCIAS ALBERICI, P.S; JÓIA, T; MOREIRA, A.A. A ação educativa do enfermeiro na estratégia saúde da família ao portador de hanseníase. Revista uniabeu. Belford Roxo, v.4, n.7, p.52-63, mar./ago. 2011. Disponível em <http://www.uniabeu.edu.br/publica/index.php/RU/article/view/146/pdf_76> Acessado em: 05 de abr de 2013. BALAIARDE, K. S. 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Sim ( ) Não ( ) 2 QUESTÕES GUIAS 2.1 Para o Sr(a) o que são ações de controle da hanseníase? 2.2 Fale sobre sua vivência nas ações de controle da hanseníase. 34 ANEXOS 35 ANEXO – A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 36 37 ANEXO B – INTENÇÃO DE PESQUISA 38 ANEXO C – PARECER DA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE – FMS 39 ANEXO D- PARECER DA UNIVERSIDADE PAULISTA- UNIP 40 41 ANEXO E – DECLARAÇÃO DE TRADUÇÃO DO RESUMO