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ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ – AESPI
CURSO: BACHARELADO EM ENFERMAGEM
MÔNICA PEREIRA DA SILVA
VIVÊNCIA DO ENFERMEIRO DA ATENÇÃO BÁSICA NAS AÇÕES DE
CONTROLE DA HANSENÍASE.
TERESINA – PI
2013
MÔNICA PEREIRA DA SILVA
VIVÊNCIA DO ENFERMEIRO DA ATENÇÃO BÁSICA NAS AÇÕES DE
CONTROLE DA HANSENÍASE.
Relatório Final de Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado a Associação de Ensino
Superior do Piauí como requisito de avaliação
para obtenção do grau de Enfermeiro.
Orientador (a): Profª. Esp. Keila Rodrigues de
Albuquerque
TERESINA – PI
2013
MÔNICA PEREIRA DA SILVA
VIVÊNCIA DO ENFERMEIRO DA ATENÇÃO BÁSICA NAS AÇÕES DE
CONTROLE DA HANSENÍASE.
Relatório Final de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Associação de Ensino
Superior do Piauí como requisito de avaliação para obtenção do grau de Bacharel em
Enfermagem.
Aprovada em:_____/_____/____
BANCA EXAMINADORA
_______________________________
Prof: Esp. Keila Rodrigues de Albuquerque (AESPI)
(Orientadora)
__________________________________
Prof: Mestre Marianne Rocha Duarte (AESPI)
Primeiro examinador
___________________________________
Prof: Esp. Janaina dos Santos Barbosa (AESPI)
Segundo examinador
Dedico esse trabalho a minha família por
me apoiarem e acreditarem nas minhas
escolhas, aos meus amigos por me
ajudarem nessa conquista, aos mestres
pelos ensinamentos, a minha orientadora
pela paciência e dedicação.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por me dar a vida e a coragem de seguir
sempre a diante iluminando sempre minhas escolhas.
A minha mãe instrumento de Deus para me conceber a vida e me transmitir
amor incondicional e coragem.
Ao meu Pai Antonio Pereira pelo exemplo de dignidade.
A minha avó Maria das Dores (in memorian) pela certeza de seu orgulho e
satisfação se aqui estive presente.
Aos meus tios Antonio Filho, Minelvina e Aldeíde pelo amor e dedicação que
sempre me passaram.
Ao meu irmão Adailton que mesmo longe posso contar sempre com seu
apoio.
Aos meus primos em especial Ramon e Iris e a todos os familiares pelo apoio
e por acreditarem sempre na minha capacidade.
Ao Felipe que esteve sempre ao meu lado durante minha jornada acadêmica
e na construção desse trabalho compreendendo sempre minhas aflições me dando
apoio.
As minhas amigas Fernanda Carline, Jáyra Morais, Rosyanne Santos,
Amanda Amorim, Esmeralda Lustosa e Nayra Jaira pelo conhecimento, amizade e
respeito que construímos juntas.
Aos amigos Pedro Netto, Isabel Alves, Deidiane Reis e Nanan Cunha pela
amizade e carinho sincero.
Aos colegas de trabalho da UBS Planalto Uruguai em especial minhas amigas
Socorro, Suzana e Luciana Reinaldo.
Aos mestres pelos ensinamentos e incentivo.
A minha orientadora Keila Rodrigues pelo apoio e dedicação na construção
desse trabalho.
A coordenadora de curso Natália que não mediu esforços em busca de
melhorias para o curso e benefícios para os acadêmicos.
A todo o corpo docente da faculdade que fazem seu trabalho com dedicação
e nos reflete apoio e confiança.
A todos o meu sincero agradecimento.
“Os sonhos não determinam o lugar em
que você vai estar, mas produzem a força
necessária para tirá-lo do lugar em que
está.”
Augusto Cury
SILVA, M. P. VIVÊNCIA DO ENFERMEIRO DA ATENÇÃO BÁSICA NO CONTROLE
DA HANSENÍASE. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em enfermagem).
41 P. Associação de Ensino Superior do Piauí. Teresina 2013
RESUMO
A hanseníase é uma doença infecciosa causada pelo mycobacterium leprae é
transmitida principalmente por via respiratória, apresenta como sintomas mais
comuns manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer
parte do corpo. As ações de controle da hanseníase estão inseridas na rotina do
enfermeiro. Assim o objeto de estudo dessa pesquisa é a vivência do enfermeiro da
atenção básica nas ações de controle da hanseníase, que tem como objetivo
descrever e analisar a vivência do enfermeiro da atenção básica nas ações de
controle da hanseníase. É um estudo de abordagem qualitativa, com caráter
descritivo e exploratório, foi realizado através da aplicação de um roteiro de
entrevista semi estruturada com 13 enfermeiros das unidades básicas de saúde
localizadas na região sudeste de Teresina, após a transcrição na íntegra as falas
dos sujeitos foram analisadas seguindo as etapas recomendadas pela técnica de
analise de conteúdo de Minayo. A partir dos resultados nota-se que as ações de
educação em saúde são tidas pelos enfermeiros como imprescindíveis no controle
da hanseníase, contudo os mesmos ainda estão preso no modelo de atendimento
clinico assistencial justificado pela sobrecarga de trabalho devido a quantidade de
programas que compõem a ESF, nota-se ainda que o enfermeiro depara-se com a
má articulação dos serviços de saúde no que se refere a atenção especializada.
Portanto faz-se necessário a criação de estratégias para se trabalhar o preconceito
na tentativa de facilitar a detecção precoce de novos casos e adesão dos contatos
intradomiciliares através de qualificação profissional e uma melhor articulação entre
os serviços.
Descritores: Hanseníase. Cuidados de enfermagem. Atenção primária.
SILVA, M. P.EXPERIENCE OF PRIMARY CARE NURSES IN CONTROL OF
LEPROSY Conclusion work (Bachelor of Nursing). 41 p. Association of Higher
Education of Piaui - AESPI. Teresina, 2013.
ABSTRACT
Leprosy is an infectious disease caused by Mycobacterium leprae, it is primarily
transmitted via the respiratory route, the most common symptoms presented as
whitish, reddish or brownish spots in any part of the body. The actions of leprosy
control are embedded in the routine of nurses.Thus, the object of study of this
research is the experience of nurses in primary care in efforts to control leprosy,
which aims to describe and analyze the experience of nurses in primary care in
efforts to control leprosy. It is a qualitative study, with descriptive exploratory and was
conducted by applying with a semi structured interviews with 13 nurses in basic
health units located in the southeastern region of Teresina, after the full transcript of
the subjects speech were analyzed following the recommended technique for
analysis of content Minayo steps. From the results it is noted that the actions of
health education are taken by nurses as essential in leprosy control, however they
are still stuck in the clinical care justified by the workload model due to the amount of
programs that comprise the ESF , it note also that the nurse is faced with poor
coordination of health services in relation to specialized care.Therefore it is
necessary to create strategies to work the prejudice in an attempt to facilitate early
detection of new cases and membership in household contacts through professional
training and better coordination between services.
Key words: Lepros. Nursing care. Primary Care.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACS
Agente Comunitário de Saúde
CAAE
Certificado de Apresentação para Apreciação Ética
CEP
Comitê de Ética e Pesquisa
CONASS
Conselho Nacional de Secretários da Saúde
ESF
Estratégia Saúde da Família
MORHAN
Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase
MS
Ministério da Saúde
OMS
Organização Mundial de Saúde
SAE
Sistematização da Assistência de Enfermagem
SUS
Sistema Único de Saúde
UBS
Unidade Básica de Saúde
UNIP
Universidade Paulista
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO
10
2
REVISÃO DE LITERATURA
13
2.1 Definição e dados epidemiológicos
14
2.2 Diagnóstico e medidas de tratamento
14
2.3 Assistência de enfermagem aos pacientes acometidos por hanseníase 15
3
METODOLOGIA
17
4
RESULTADO E DISCUSSÃO
20
4.1 Caracterização dos sujeitos
20
4.2 Implementação das ações de controle da hanseníase pelo enfermeiro da
atenção básica
21
4.3 Dificuldades do enfermeiro na execução das ações de controle da
hanseníase
23
4.3.1 A sobrecarga de trabalho do enfermeiro
23
4.3.2 Dificuldades do enfermeiro em conseguir a adesão de pacientes e de
acompanhamento dos contatos
24
4.3.3 Dificuldades na articulação com os serviços de saúde especializados para
tratamento da hanseníase
25
5
27
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
APÊNDICE
ANEXOS
10
1 INTRODUÇÃO
A hanseníase é uma doença infecciosa de evolução lenta e alto poder
incapacitante, causada pelo mycobacterium leprae (bacilo de hansen), parasita
intracelular que penetra na célula nervosa acometendo principalmente pele e nervos
periféricos.Segundo Silva (2007) a doença possui histórico milenar citada nos
escritos bíblicos do antigo testamento como lepra. É transmitida principalmente por
via respiratória e apresenta como sintomas mais comuns manchas esbranquiçadas,
avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo. Para fins de
tratamento é classificada como paucibacilar (PB) apresentando até cinco lesões de
pele e multibacilar (MB) com mais de cinco lesões de pele. (BRASIL, 2008)
Atualmente a hanseníase é uma doença que prevalece em todo o mundo
encontrando-se principalmente em cinco países: Brasil, Índia, Indonésia, Nepal e no
Congo. O Brasil apresenta-se em segundo lugar na classificação mundial de numero
de casos, posicionando-se depois da Índia que é considerada o berço da doença.
(MORHAN, 2013)
Segundo Ignotti (2011) no Brasil destacam-se as regiões Norte e CentroOeste, com 42,7 e 41,3 casos novos por 100 mil habitantes em 2010, que
caracterizam hiperendemicidade. As regiões sul e sudeste com 5,2 e 7,2 casos
novos por 100 mil habitantes apresentando média endemicidade e o nordeste com
27,7 casos novos por 100 mil habitantes apresentando endemicidade muito alta.
No Piauí observou-se uma queda no número de casos no ano de 2012
comparando com 2011 caindo de 36 para 30 casos por 100 mil habitantes, mesmo
com a queda, o Piauí ocupa o sexto lugar em número de casos novos de
hanseníase no Brasil e ocupa o segundo lugar em casos da região nordeste.
(CONASS, 2013)
Apesar de ser uma doença de fácil diagnóstico, curável e com tratamento
disponibilizado pelo SUS, seu tratamento e avaliação de contatos tornam-se
difíceis devido ao estigma, exigindo habilidades dos profissionais da saúde para
romperem preconceitos aplicando uma assistência adequada garantindo a cura, o
controle e a prevenção das incapacidades físicas em pessoas acometidas. A meta
estabelecida pela Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde é eliminar
11
até 2015 a doença como problema de saúde pública, dessa forma tem-se
intensificado ações e estratégias voltadmhas promoção e prevenção da população
mais atingida. (CONASS, 2013; LUNA et.al.2010.)
Sabe-se que a estratégia saúde da família cumpre um papel importante na
promoção, prevenção e controle de agravos na saúde pública, sendo por tanto
principal porta de entrada da populaçãoaos serviços de saúde. A Unidade Básica de
Saúde deve realizar o tratamento da hanseníase como parte de sua rotina,
possibilitando a entrada e adesão do portador da hanseníase, acompanhamento do
seu tratamento e vigilância epidemiológica (BRASIL, 2008).
Destaca-se na estratégia saúde da família o profissional de enfermagem que
tem papel relevante nas ações de controle da hanseníase. Segundo Oliveira (2008)
enfermeiro tem papel fundamental na organização dos serviços de saúde em
diferentes complexidades.
Segundo Silva (2007) é fundamental que os pacientes em tratamento tenham
conhecimento sobre hanseníase refletindo dessa forma a qualidade das ações do
enfermeiro prestada no serviço de saúde pública voltados principalmente para o
aprimoramento dos cuidados, visto que o programa de controle da hanseníase é
gerenciado pelo enfermeiro nas unidades básicas de saúde na maioria dos
municípios.
De acordo com as atribuições dadas aos profissionais de saúde na atenção
básica o enfermeiro atua na prevenção da hanseníase, na identificação e avaliação
de casos suspeitos, realiza consulta de enfermagem, notifica os casos confirmados,
avalia e registra o grau de incapacidade física em prontuários e formulários, orienta
o
paciente
e
família
para
realização
do
autocuidado,
realiza
exame
dermatoneurológico, faz a vacinação da BCG em todos os contatos intradomiciliares
e gerencia as atividades de controle da doença. O trabalho deve se dar de forma
integrada com os demais membros da equipe multiprofissional da unidade de saúde,
respeitando-se um princípio básico da integralidade da assistência da saúde do
indivíduo (BRASIL, 2008).
O presente estudo pretende pesquisar as ações do enfermeiro na
implementação das ações de controle da hanseníase a fim de proporcionar melhor
conhecimento aos profissionais sobre a temática bem como orientar a partir dos
12
resultados obtidos um maior controle da hanseníase, tendo em vista a importância
da erradicação de tal patologia no Brasil e no mundo.
1.1 Questão norteadora
Qual a vivência do enfermeiro da atenção básica nas ações de controle da
hanseníase?
1.2 Objeto de estudo
A vivência do enfermeiro da atenção básica nas ações de controle da
hanseníase.
1.3 Objetivos do estudo
Descrever a vivência do enfermeiro da atenção básica nas ações de controle
da hanseníase.
Analisar a vivência do enfermeiro da atenção básica nas ações de controle da
hanseníase.
1.4 Justificativa e relevância
Mediante busca por temática a ser desenvolvida em trabalho de conclusão de
curso de graduação, através de várias pesquisas bibliográficas que proporcionaram
conhecimento acerca do tema e vivência em campo de estágio de situações que
possibilitou a percepção da importância do acompanhamento por parte do
enfermeiro no tratamento e controle da hanseníase sentiu-se motivação para
realização do estudo. Que pretende contribuir com maior conhecimento acerca da
temática assim como proporcionar aos profissionais subsídios no planejamento de
ações para controle da hanseníase e fonte de pesquisa para outros trabalhos acerca
do tema.
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Definição e Dados Epidemiológicos
Hanseníase é uma doença crônica, transmissível de grande relevância para
saúde pública devido a sua magnitude e seu alto poder incapacitante, atingindo
principalmente a faixa etária economicamente ativa. É causada pelo mycobacterium
leprae que penetra facilmente na célula nervosa e afeta principalmente pele e nervos
periféricos, podendo também manifestar-se como uma doença sistêmica (BRASIL,
2008). O comprometimento dos nervos periféricos é a sua característica principal e
lhe confere um grande potencial incapacitante (Duarte et.al., 2009).
Mycobacteium leprae é um bacilo álcool – ácido de grande resistência,
intracelular obrigatório, único na espécie de micobacteria que atinge os nervos
periféricos, a principal via de eliminação e entrada do bacilo no corpo é a via aérea
superior, apresentando um período de incubação de em média de 2 a 7 anos,
existindo referencia de períodos mais curtos de 7 meses e também de períodos mais
longos de até 10 anos (BRASIL, 2010).
De modo geral as lesões da hanseníase têm início com hiperestesia –
sensação de queimação, formigamento e/ou coceira- no local que evoluem para
ausência de sensibilidade passando o paciente a referir dormência diminuição ou
perda da sensibilidade ao calor, dor, tato em qualquer parte do corpo. (BRASIL,
2008). Visando o tratamento com poliquimioterapia a classificação da hanseníase se
dá baseada no numero de lesões cutâneas: Paucibacilar (PB) casos com até cinco
lesões de pele e multibacilar (MB) com mais de cinco lesões (BRASIL, 2010).
Atualmente a hanseníase é um a doença que prevalece em todo o mundo
encontrando-se principalmente em cinco países: Brasil, Índia, Indonésia, Nepal e
Congo. O Brasil apresenta-se em segundo lugar na classificação mundial de numero
de casos, posicionando-se depois da índia que é considerada o berço da doença,
destaca-se ainda em primeiro lugar no numero de incidência e prevalência de casos
e esta entre os 36 países que necessitam atingir os padrões definidos pela OMS e
Ministério da Saúde. (MORHAN, 2013)
Segundo Ignotti; (2011) no Brasil destacam se as regiões Norte e CentroOeste, com 42,7 e 41,3 casos novos por 100 mil habitantes em 2010, que
14
caracterizam hiperendemicidade. As regiões Sul e Sudeste com 5,2 e 7,2 casos
novos por 100 mil habitantes apresentando média endemicidade e o nordeste com
27,7 casos novos por 100 mil apresentando endemicidade muito alta.
No Piauí observou-se uma queda no número de casos no ano de 2012
comparando com 2011 caindo de 36 para 30 casos por 100 mil habitantes, mesmo
com a queda, Piauí ocupa o sexto lugar em número de casos novos de hanseníase
no Brasil e ocupa o segundo lugar de casos região nordeste e o percentual de cura
em 2011 alcançou 81,49% contra 78,8% de 2012 (CONASS, 2013).
Mesmo com uma redução importante do coeficiente de prevalência de
hanseníase do Brasil, algumas regiões necessitam de intensificação das ações para
eliminação da doença, justificadas por um padrão de alta endemicidade. (IGNOTTI;
PAULA, 2011)
O ministério da saúde tem o compromisso de eliminar a hanseníase como
problema de saúde pública até 2015, ou seja, alcançar menos de 1 caso por 10.000
habitantes. As medidas como estratégias para eliminação da hanseníase
nacionalmente baseia-se principalmente na detecção precoce e na cura de casos
diagnosticados (BRASIL, 2012).
2.2 Diagnóstico e medidas de tratamento
O diagnóstico precoce da hanseníase é um fator importante no tratamento, na
interrupção do contágio e na prevenção de incapacidades. (BRASIL, 2008). Na
atenção básica é essencialmente clinico através da realização do exame
dermatoneurológico para identificar lesões ou áreas de pele que apresentem
alteração de sensibilidade e ou comprometimento de nervos periféricos e através da
análise e história do paciente, os casos com suspeita de lesão de comprometimento
neural deverão ser encaminhados para as unidades de maior complexidade para
confirmação do diagnóstico. É utilizada a baciloscopia como exame complementar e
quando positiva classifica o caso como multibacilar independente do número de
lesões (BRASIL, 2010).
O tratamento da hanseníase é quimioterápico constituído por rifampicina,
dapsona e clofazimina distribuídos em quatro cartelas, com composição de acordo
com a classificação operacional de cada caso: Paucibacilar Adulto, Paucibacilar
15
Infantil, Multibacilar Adulto e Multibacilar Infantil, e deve ser realizado na unidade
básica de saúde como parte de sua rotina, seguindo o esquema de classificação do
caso. Os pacientes devem ser agendados e orientados a voltar a unidade a cada 28
dias para receberem a medicação de administração domiciliar, a tomarem a dose
supervisionada, a serem avaliados pelo médico e ou enfermeiro para identificação
de estados reacionais, efeitos colaterais ou adversos ao uso da medicação e sobre a
importância da avaliação dos contatos intradomiciliares. Os pacientes que não
comparecerem a dose supervisionada por mais de 30 dias deverão ser visitados em
seu domicilio a fim de evitar o abandono de tratamento (BRASIL, 2008).
2.3 Assistência de enfermagem aos pacientes acometidos por hanseníase
A enfermagem é uma profissão que integra a equipe de saúde e que visa
principalmente o cuidado. Tem suas ações organizadas em etapas estabelecidas
como processo de enfermagem constituído por coleta de dados de enfermagem,
diagnóstico de enfermagem, planejamento de enfermagem, implementação de
enfermagem e avaliação de enfermagem. A consulta de enfermagem é um momento
em que o paciente em qualquer ciclo de vida deverá ser acolhido e ter suas
condições de saúde e vulnerabilidade avaliadas. (TERESINA, 2012)
Freitas et.al.,(2008) considera que na consulta de enfermagem busca-se a
criação de vínculo e confiança com o cliente objetivando uma assistência
qualificada, humanizada e afetiva, priorizando a cura e prevenção de incapacidades.
Segundo Oliveira (2008) o papel do enfermeiro vem se ampliando cada vez
mais no controle da hanseníase sendo justificado pela atuação de maneira
organizativa dos serviços de saúde em diferentes complexidades. A atenção no
controle, tratamento e prevenção de incapacidades da hanseníase são ações que
estão inseridas na rotina desse profissional que teve um grande impulso com a
implantação da poliquimioterapia (PQT) nas unidades básicas de saúde sob sua
supervisão. A autora destaca ainda que atualmente, na maioria das unidades
federativas a coordenação das ações no controle estaduais e municipais da
hanseníase
é
desempenhada
por
enfermeiros,
e
esse
profissional
tem
desempenhado funções estratégicas para atenção integral e humanizada no SUS
16
para organização dos serviços da equipe contribuindo dessa forma para o
desenvolvimento das ações interdisciplinares na atenção a saúde.
Alberici; Jóia, 2011 concluem que o enfermeiro deve atentar em suprir tanto
as necessidades conhecidas como também as não detectadas, tendo como principal
suporte a consulta de enfermagem de modo a proporcionar um atendimento integral
ao paciente e seus familiares. Dessa forma faz-se necessário a implantação da
Sistematização da Assistência de enfermagem (SAE) auxiliando o profissional na
sua atuação.
Silva, 2007 coloca que a SAE na prevenção das reações e incapacidades que
podem ocorrer no tratamento da hanseníase possibilita um planejamento eficaz de
caráter individual e continuo aumentando a qualidade de vida do portador da
doença. Destaca ainda a importância do diagnóstico de enfermagem para o
planejamento das ações tornando o profissional mais seguro com assistência
facilitada e direcionada dando seguimento com a prescrição de enfermagem que
darão apoio educativo, incentivo ao autocuidado aos pacientes acometidos pela
hanseníase.
17
3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de estudo
Este estudo teve abordagem qualitativa, pois segundo Kauark (2010, p.26) na
pesquisa qualitativa existe uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto
é um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que
não pode ser quantificados. Tem caráter descritivo e exploratório que visa descrever
as características de determinada população ou fenômeno, ou estabelecimento de
relações entre variáveis, e objetiva maior familiaridade com o problema baseando-se
em relatos dos sujeitos que serão obtidos através da entrevista.(KAUARK, 2010).
3.2 Cenário do estudo
O estudo foi realizado em Unidades Básicas de Saúde, localizadas na região
sudeste do município de Teresina-Pí. As UBSs possuem sala de espera, arquivo de
prontuário, sala de reunião, sala de administração, consultório com sanitário, três
consultórios, sala de vacina, sala de nebulização, sala de curativo/procedimento,
farmácia, consultórios odontológicos, área de compressor, sanitários para usuários,
banheiros para funcionários, copa/cozinha, sala de esterilização, depósito de
materiais e limpeza.
A UBS presta serviços de atenção primária à população cadastrada mediante
programas estabelecidos pelo Ministério da Saúde conforme cronogramas
estabelecidos pelas equipes de estratégia saúde da família que atende por meio de
consultas previamente agendadas ou com demanda espontânea, além do
funcionamento das áreas de apoio tais como setores de imunização, que funciona
de segunda a sexta feira nos turnos da manhã e tarde e sala de coleta de material
para exames laboratoriais que tem horário de funcionamento definido para o turno
da manhã de segunda a sexta feira. É o local oportuno onde foi possível contato
prévio com os sujeitos do estudo favorecendo mediante planejamento a realização
da pesquisa.
18
3.3 Sujeitos de estudo
O estudo foi realizado com 13 enfermeiros que atuam na estratégia saúde da
família que concordaram com a participação na pesquisa, porém o número de
sujeitos não foi previamente definido, mas somente com a saturação dos dados
coletados. Segundo Minayo (2007) essas informações tornam-se saturadas quando
passam a repetir-se.
Os critérios de inclusão foram enfermeiros que atuam na estratégia saúde da
família e aceitem participar da pesquisa mediante assinatura do termo de
consentimento livre esclarecido. (Anexo A)
3.4 Instrumento de coleta de dados
As informações foram coletadas por meio de um roteiro de entrevista
semiestruturadas com perguntas previamente estruturadas fechadas e abertas que
segundo Minayo (2007) permite ao sujeito uma abordagem livre sobre o tema
proposto sem prender-se à pergunta formulada previamente. A entrevista
proporciona ao pesquisador a obtenção de informes contidos na fala dos atores
sociais relacionando os valores as atitudes e as opiniões destes sujeitos. Foi
utilizado um parelho de gravador Mp4 como recurso de captação sonora a fim de
obter-se mais precisão das informações no momento da análise das entrevistas.
3.5 Análise dos dados
Após a transcrição na íntegra das falas dos sujeitos os dados obtidos foram
analisados seguindo etapas recomendadas pela técnica de analise temática de
conteúdo de Minayo (2007), ou seja, pré-analise com a leitura flutuante e exaustiva
do material empírico, buscando mapear os significados atribuídos pelos sujeitos às
questões norteadoras da entrevista; análise dos sentidos expressos e latentes
buscando a identificação dos núcleos de sentidos, com agregação dos conteúdos
afins, ou seja, trecho, ou frases consideradas representativas para categorização
teórica ou empírica; análise final das informações com elaboração dos temas
centrais, por meio da síntese das categorias empíricas, e posterior interpretação das
19
categorias temáticas elencadas. As categorias foram analisadas conforme as
reflexões da pesquisadora mediante a literatura pertinente ao tema.
3.6 Aspectos éticos e legais
O presente estudo foi encaminhado ao comitê de ética da fundação municipal
de saúde de Teresina para avaliação e após autorização foi encaminhado ao comitê
de ética e pesquisa (CEP) da Universidade Paulista (UNIP) tendo sua aprovação
conforme CAAE nº 19302813.1.0000.5512.
O estudo obedeceu ao que determina Resolução 466/2012 (Brasil, 2012), que
trata do respeito e da dignidade humana e pela especial proteção da vida dos
participantes e sujeitos da pesquisa envolvendo seres humanos, assim os mesmos
foram esclarecidos acerca da importância, dos objetivos, da confidencialidade das
informações coletadas, da não publicação de dados que os identifiquem ou fatos
que impliquem em algum prejuízo a estes, aqueles que estiveram de acordo
posteriormente participaram das entrevistas que ocorreram somente após a
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
20
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1Caracterizações dos sujeitos
Participaram da pesquisa 13 (treze) enfermeiros que obedecendo aos critérios
de inclusão na pesquisa atuam na estratégia saúde da família. Para caracterizar os
sujeitos preservando o seu anonimato, e elucidando seus depoimentos foi atribuída
a definição de sujeitos seguidas de uma numeração. Todos os sujeitos são do sexo
feminino, 4 (quatro) estavam na faixa etária entre 20 (vinte) e 30 (trinta) anos, 3
(três) informaram ter entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos e 6 (seis) apresentavam
idade acima de 40 (quarenta) anos.
No que diz respeito a formação todos os sujeitos participantes da pesquisa
afirmaram ser pós graduado sendo 2 (dois) em Saúde Pública e Estratégia Saúde da
Família, 2 (dois) em Saúde Pública, 4 (quatro) em Estratégia Saúde da Família,
1(um) em Saúde Pública e Educação em Saúde, 1 (um) em Estratégia Saúde da
Família e Urgência e Emergência, 2 (dois) em Saúde da Família e Obstetrícia, 1
(um) em Estratégia Saúde da Família, Saúde Pública e Unidade de Tratamento
Intensivo.
Quanto ao período de atuação na estratégia saúde da família a maior parte
dos sujeitos possuem entre 8 a 9 anos de atuação. E quando interrogados sobre a
participação em curso de capacitação sobre hanseníase todos afirmaram já ter
participado.
Após a transcrição na integra das entrevistas, as falas dos sujeitos foram
analisadas de forma minuciosa onde se pode construir duas categorias:
Implementação das ações de controle da hanseníase pelo enfermeiro da atenção
básica. E Dificuldades do enfermeiro na execução das ações de controle da
hanseníase que se subdividem em três sub categorias que são: A sobrecarga de
trabalho dos enfermeiros, identificação precoce e avaliação dos contatos e déficit na
articulação dos serviços assistenciais .
21
4.2 Implementação das ações de controle da hanseníase pelo enfermeiro da
atenção básica.
Os sujeitos relatam que as ações de controle da hanseníase estão presentes
em
suas
rotinas,
justificados
principalmente
pela
elevada
incidência
e
acompanhamento constante por parte dos profissionais da atenção básica. Os
sujeitos aplicam rotineiramente ações para o controle da hanseníase, Como se pode
notar nos seguintes discursos:
[...] a minha vivência é diária a gente sempre tem um paciente,
sempre tem que ta orientando os grupos sempre tem que ta
acompanhando o paciente com hanseníase, vendo a sua família.
Então é constante, a vivência diária (suj.9)
[...] sempre tem casos né de hanseníase a gente vivencia e vê que
tem, diminuiu muito os multibacilares mas ainda tem presente muito
próximo os casos de hanseníase (suj.11)
Aqui nessa região tem muitos contatos de hanseníase, sempre to
com paciente em tratamento. (suj.7)
Segundo Brasil (2010) o MS estabelece que o modelo de intervenção para o
controle da hanseníase seja baseado no diagnóstico precoce, tratamento oportuno
de todos os casos diagnosticados, prevenção e tratamento de incapacidades e
vigilância dos contatos domiciliares.
As ações de controle da hanseníase desenvolvidas pelos
sujeitos
entrevistados segundo seus discursos são: orientação em saúde, onde procuram
ressaltar a importância da detecção precoce da hanseníase, os principais sinais e
sintomas destacando as complicações da doença quando não tratada, a importância
da adesão ao tratamento e avaliação dos contatos. Essas orientações são dadas em
palestras voltadas para grupos diversos como os de hipertensos e diabéticos, tendo
em vista que não há um grupo específico de hanseníase. Como mostra os seguintes
discursos:
Então a gente procura até em outros atendimento, por exemplo do
hipertenso, da criança né , ta sempre falando sobre isso. (suj.09)
Ações de controle são as orientações né, é a educação em saúde,
orientar o que é a hanseníase (suj.10)
22
Pra começo de conversa pra controle a gente tem que ter o, a
prevenção tudo que a gente vai fazer na saúde acho que tem que
começar pela prevenção que é orientando os pacientes, fazendo
palestras essas coisas (suj.11)
Percebe-se que as ações de educação em saúde são tidas pelos sujeitos
como ações imprescindíveis no controle da hanseníase. Visto que essas ações
possibilitam a prevenção a detecção precoce de casos e a adesão dos contatos
intradomiciliares.
Dentre as ações citadas pelos sujeitos realizam ainda a notificação de casos
detectados, busca ativa dos casos através da realização de exame de manchas
suspeita em mutirões e através da livre demanda a unidade, encaminhamento para
atendimento especializado e quando necessário acompanhamento do paciente na
administração da dose supervisionada, além da busca e avaliação dos contatos
intradomiciliares.
Pode se notar a efetividade e a importante participação do agente comunitário
de saúde, atuando principalmente na busca ativa de casos como mostra nos
seguintes discursos:
Já identificamos muitos casos [...] logo justamente depois de fazer a
busca ativa com os agentes de saúde. (suj. 02)
[...] o agente de saúde nas suas visitas faz a busca e orienta casos
suspeitos a virem fazer o exame. (suj.07)
[...] então a gente orienta os agentes saúdes a ficarem no pé, em
cima pra ajuda-los a fazer o tratamento direitinho.(suj.12).
Segundo Brasil (2012) o agente comunitário de saúde tem dentre outras
funções a de integrar a equipe de saúde e a população, desenvolver atividades de
promoção e prevenção de agravos a saúde. No combate da hanseníase o ACS deve
identificar e encaminhar casos suspeitos a UBS, acompanhar e orientar os usuários,
desenvolver ações educativas, orientar a realização do auto cuidado, supervisionar o
uso do medicamento, encaminhar os contatos intradomiciliares.
Portanto pode-se notar a relevância do ACS nas ações de controle da
hanseníase tornando-se a ponte entre a comunidade e serviço de saúde oferecendo
ainda orientações básicas na prevenção de agravos.
23
4.3 Dificuldades do enfermeiro na execução das ações de controle da
hanseníase.
4.3.1 A sobrecarga de trabalho do enfermeiro.
Ao relatarem sobre suas vivencias nas ações de controle da hanseníase os
sujeitos enfatizam que mesmo atuando na estratégia saúde da família o
desenvolvimento de suas atividades ainda seguem um modelo clinico assistencial,
impossibilitando que os mesmo ofereçam uma assistência integral aos pacientes.
Como se pode observar nos seguintes discursos:
[...]então eu acho que para o controle da hanseníase ser efetivo a
gente tem que ver o paciente como um todo. (suj.5).
[...]e esquece de avaliar o todo, avaliar o físico, avaliar a condição de
saneamento onde ele vive. (suj.8)
O MS com a criação da estratégia saúde da família visa à reorganização da
atenção básica de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde e traz como
uma forte característica a reorientação do processo de trabalho com o maior
potencial de aprofundar os princípios, diretrizes e fundamento da atenção básica.
BRASIL (2012).
Percebe-se de acordo com as falas dos sujeitos que ainda há uma lacuna
entre as ações desenvolvidas e as ações que se fazem necessárias na proposta da
estratégia saúde da família que pode ser justificada pela sobrecarga de trabalho
relacionado a quantidade de programas inseridos na ESF e as atividades
burocráticas e gerenciais a eles atribuídas que atrapalham no desempenho de
outras atividades como mostra nos seguintes relatos:
[...]então eu faço assim o que dá pra fazer, mas eu num, eu confesso
que eu gostaria de fazer mais. Mas temos muitas outras atribuições.
(suj.3)
[...] a gente tem que implementar outras ações no controle e na
prevenção mas fica difícil, olha o tanto de papel que eu tenho na
mesa aqui pra mim preencher.(suj.5)
24
Segundo Brondani (2011) alguns ainda compreendem as atividades de
gerenciamento em enfermagem como desvio de cuidado ao usuário, porém essa
pratica deve estar inserida na rotina do enfermeiro para que mesmo possa oferecer
uma assistência qualificada a população.
O MS estabelece que os enfermeiros desenvolvam dentre outras as seguintes
atividades como planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelo ACS em
conjunto com os outros membros da equipe; realizar atividades de educação
permanente e participar do gerenciamento de insumos necessários para o adequado
funcionamento da UBS. BRASIL (2010).
As atividades de gerenciamento estão inseridas nas atribuições dadas aos
enfermeiros da estratégia saúde da família. Pode-se considerar de extrema
importância a participação do enfermeiro no funcionamento das UBSs, tanto na
assistência clinica quanto no gerenciamento de outras atividades da equipe de
saúde.
4.3.2 Dificuldades do enfermeiro em conseguir a adesão de pacientes e de
acompanhamento dos contatos.
Percebeu-se com esse estudo que dois fatores são relevantes no déficit da
adesão precoce e identificação e acompanhamento dos contatos que são:
Preconceito e estigma dos pacientes e população e a dificuldade de realizar a
avaliação de todos os contatos intradomiciliares por cinco anos, não conseguindo
por vezes realizar nem mesmo a primeira avaliação.
Os sujeitos relatam que o preconceito é uma barreira que dificulta muito a
aplicação das ações de controle da hanseníase como se pode ver nos seguintes
relatos:
[...]a maior dificuldade é os pacientes terem ainda preconceito e
ainda tem o estigma da doença é muito grande, medo que as
pessoas fiquem sabendo que eles estão doente. (suj.5)
[...] eles tem vergonha de falar pra família que estão fazendo o
tratamento. (suj. 7)
[...] tem caso que as vezes a pessoa chega pra gente e não quer
nem que o agente saúde saiba né, porque acha que o agente saúde
vai dizer na comunidade...(suj. 8)
25
Segundo Baialardi (2007) a hanseníase continua sendo vista como uma
doença incurável do passado e que as dificuldades enfrentadas pelos pacientes tem
inicio desde a busca pelo diagnóstico, sua conscientização, realização do tratamento
e ainda após a cura quando o mesmo sofre por sequelas deixadas pela doença.
O enfermeiro vivencia constantemente essas dificuldades por preconceito do
próprio paciente que deve se conscientizar do diagnóstico e dar inicio ao tratamento
e isso acarreta uma outra dificuldade que é a investigação epidemiológica de
contato. Os sujeitos relataram não estarem conseguindo realizar a avaliação de
todos os contatos como mostram as seguintes falas:
[...] muitas vezes também os contatos mesmo sabendo que o familiar
ta com hanseníase acaba não vindo fazer o exame por preconceito
...(suj.7)
[...] eu não consigo implementar, ele vem quando paciente é
diagnosticado, a gente chama todos né, geralmente eles vem só que
no ano seguinte, que eles precisam passar por esse exame anual
eles não costumam mais vir...(suj. 8)
[...]e ela não quer que a gente faça o controle dos familiares porque
não quer que a família saiba. Então por causa do preconceito é muito
difícil da gente conseguir.(suj. 11)
Segundo Brasil (2008) contato intradomiciliar é toda e qualquer pessoa que
resida ou tenha residido com o doente de hanseníase nos últimos 5 (cinco) anos.
Por tanto há a necessidade de estar fazendo a investigação e busca por esses
contatos.
A avaliação consiste no exame dermatoneurológico de todos os contatos
intradomiciliares dos casos novos detectados, seguido de orientações sobre período
de incubação, transmissão, sinais e sintomas precoces da hanseníase. (BRASIL,
2010)
Os sujeitos relatam ser essa mais uma dificuldade encontrada, visto que essa
avaliação deve ser realizada anualmente por cinco anos
4.3.3 Dificuldades na articulação com os serviços de saúde especializados
para tratamento da hanseníase.
26
O cliente de modo geral deve receber uma assistência integral que garanta
alem da prevenção de agravos a cura e sua reabilitação o que se percebe é um
déficit na articulação dos serviços de saúde no que se refere atenção especializada
voltada aos pacientes com hanseníase. Como mostra as seguintes falas:
[...] essa incapacidade de serviço é... de limite ter um assistente
social de suporte ajudando direto um fisioterapeuta...(suj.)
Segundo Brasil (2010) o Programa Nacional de controle da Hanseníase do
Ministério da Saúde desenvolve um conjunto de ações visando oferecer serviço em
todas as instâncias e diferentes complexidades seguindo os princípios do SUS,
fortalecendo dentre outras ações a assistência integral aos portadores deste agravo.
As ações de controle de controle da hanseníase devem ser executadas em
toda rede de atenção primaria do Sistema Único de Saúde garantindo dentre outras
a atenção especializada em unidades de referencia ambulatorial e hospitalar sempre
que necessário. BRASIL (2010)
Consequente a má articulação da rede de assistência especializada com a
atenção primária acaba por sobrecarregar o enfermeiro exigindo dos mesmos ações
que não são de suas competências o que os deixam frustrado como mostra seguinte
fala:
[...] ter um atendimento especializado pra eles uma atenção maior,
uma busca porque as vezes o paciente quer fugir do tratamento não
aguenta esperar o tratamento todo(suj.12)
[...] é porque tudo isso nos sobrecarrega e muitas vezes frustra
porque a gente não se formou pra tanto, formou pra fazer
atendimento de enfermagem chega lá em frente é nos e a gente não
consegue e frusta a gente termina ficando frustada porque a gente
não consegue resolver. (suj.09)
Contudo nota-se que há necessidade de se ampliar a atenção voltada ao
paciente com hanseníase visando uma articulação satisfatória que favoreça uma
atenção integral ao mesmo no que condiz aos princípios do SUS.
27
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A hanseníase é uma doença de bastante relevância para a saúde pública do
Brasil, devido seu elevado grau incapacitante trata-se de uma das prioridades da
estratégia saúde da família. Apesar de ser uma doença de histórico milenar e que há
anos vem sendo aplicadas políticas voltadas para sua erradicação ainda tem-se
elevada incidência e, portanto são necessários vigilância e acompanhamento
constante por parte dos profissionais da atenção básica.
Percebe-se que dentre as atividades desenvolvidas na atenção básica, as
ações de educação em saúde são tidas como imprescindíveis para o controle da
hanseníase, contudo pode-se inferir que o enfermeiro ainda esta preso no modelo
de atendimento clinico assistencial justificado pela sobrecarga de trabalho para os
mesmo, devido a grande quantidade de programas que compõem a ESF. Nesse
âmbito o profissional de enfermagem desenvolve rotineiramente ações voltadas para
o controle da hanseníase com o objetivo de prevenir a doença e evitar incapacidade
quando a mesma já esta instalada, porém o mesmo se depara com dificuldades
significativas, pois se trata de uma doença que ainda carrega o preconceito e
estigma sendo uma das causa para deficiência na identificação precoce dos doentes
e acompanhamento de contatos intradomiciliares. Nota-se ainda que o enfermeiro
depara-se com a falta de articulação com os serviços de saúde no que se refere a
atenção especializada o que impossibilita o paciente de receber uma atenção
integral.
Apesar da sobrecarga de trabalho e outras dificuldades evidenciadas pelos
profissionais de enfermagem percebeu-se a relevância das atividades desenvolvidas
na atenção primaria no controle e prevenção da hanseníase visto seu elevado grau
de provocar incapacidade que pode causar. O enfermeiro desenvolve um papel
fundamental na ESF atuando em caráter preventivo, na identificação precoce e no
acompanhamento dos casos, contudo há ainda a necessidade de quebrar barreiras
de preconceito agregada a essa doença. Portanto faz-se necessário a criação de
estratégias para se trabalhar o preconceito na tentativa de facilitar a detecção
precoce de novos casos e adesão dos contatos intradomiciliares através de
28
qualificação profissional e uma melhor articulação entre os serviços onde o paciente
possa receber uma atenção integral atendendo suas necessidades.
29
REFERÊNCIAS
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Enfermagem) –Faculdade de ciências da Saúde- FACSCentro Universitário de
Brasília, – UniCEUB, Brasília.
32
APÊNDICE
33
APENDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA
VIVÊNCIA DO ENFERMEIRO DA ATENÇÃO BÁSICA NAS AÇÕES DE
CONTROLE DA HANSENÍASE.
Formulário n° ______ Data ___/___/___
1 CARACTERIZAÇÃO DO SUJEITO
1.1Faixa etária:
( ) 20 a 30
( ) 30 a 40
( ) acima de 40
1.2 Sexo: F( ) M ( )
1.3 Pós graduação: sim ( ) Não ( )
Qual_____________________________________
1.4 Tempo de trabalho na:
Estratégia Saúde da família :__________________________
Em outra área (especificar):___________________________
1.5 Já fez algum curso de capacitação sobre hanseníase?
Sim ( ) Não ( )
2 QUESTÕES GUIAS
2.1 Para o Sr(a) o que são ações de controle da hanseníase?
2.2 Fale sobre sua vivência nas ações de controle da hanseníase.
34
ANEXOS
35
ANEXO – A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
36
37
ANEXO B – INTENÇÃO DE PESQUISA
38
ANEXO C – PARECER DA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE – FMS
39
ANEXO D- PARECER DA UNIVERSIDADE PAULISTA- UNIP
40
41
ANEXO E – DECLARAÇÃO DE TRADUÇÃO DO RESUMO
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