PERSPECTIVA ECONÔMICA DA BANANA NÃO É NEGRA E FUTURO INDICA: SIGA A MODERNIDADE E TOCA INOVAÇÃO José Sidnei Gonçalves1, Luis Henrique Perez2,Sueli Alves Moreira Souza3 EngºAgrº, Pesquisador Científico, Instituto de Economia Agrícola da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (IEA/APTA); 2Engº Agr°, Pesquisador Científico, IEA/APTA; 3 Economista, Pesquisador Científico, IEA/APTA. Av. Miguel Stéfano, 3900 - 04301-903 - São Paulo – SP. E-mail: [email protected] 1 Introdução O Brasil é o segundo maior produtor mundial de banana e o maior consumidor per capita com 29 kg/hab/ano, sendo da Índia a maior colheita mundial mas, dada a dimensão da sua população tem um consumo per capita de apenas 12 kg/hab/ano. Por outro lado, a banana é a fruta mais importante e o quarto alimento vegetal mais consumido no mundo, superada pelo arroz, trigo e milho. Daí a relevância da cultura para os diversos povos e a preocupação quanto aos impactos de doenças como a Sigatoka Negra, notadamente quando se agrega a constatação que os agentes causadores dessa e de outras moléstias estão se tornando tolerantes aos produtos químicos, exigindo inovações na química agrícola e maior número de aplicações. Para a principal variedade de banana paulista, a Nanica, por fazer parte do Grupo Cavendish que tem plantas estéreis (sem sementes) as limitações são maiores, tornando mais difícil a seleção e o melhoramento. A detecção da presença de Sigatoka Negra nos bananais do Vale do Ribeira em junho de 2004 trouxe enormes preocupações não apenas por se tratar da principal região produtora paulista como por ser a banana o principal produto da agropecuária numa região colocada entre os piores indicadores de desenvolvimento humano no contexto estadual. A doença teve confirmada infestação em todos os bananais do território paulista e das mais zonas relevantes de produção de outros estados. Este trabalho procura focar o que ocorreu com o mercado bananeiro brasileiro com ênfase no paulista, no período decorrido desde a constatação da doença e finalizando apresentará algumas considerações a respeito dos possíveis desdobramentos. Banana para Exportação Desde o episódio da detecção da Sigatoka Negra na imensa maioria das regiões bananeiras brasileiras não houve qualquer impacto nas exportações brasileiras dessa fruta, uma vez que comparando os períodos de janeiro a setembro de 2004 e 2005 verifica-se que a quantidade exportada aumentou de 131,4 mil toneladas para 160,4 mil toneladas. Esse crescimento verifica-se 93 mil toneladas como para a União Européia que avançaram de 38,2 mil toneladas para 48,0 mil toneladas. Destacando a Argentina, principal país individual para onde são vendidas as maiores quantidades das bananas brasileiras, o comportamento se mostra similar, saltando de 63,7 mil toneladas para 77,3 mil toneladas (Fig. 1). Fig. 1 - Quantidade das exportações brasileiras de banana segundo os países e os blocos econômicos de destino, janeiro a setembro, 2004 e 2005. (Fonte: dados elaborados pelo IEA, a partir de dados básicos do SECEX/MDIC). Destacando a geração de divisas, em função do pagamento de maiores preços médios, os maiores valores das exportações brasileiras são os da União Européia, que no período janeiro-setembro de 2004 havia despendido US$ 10,5 milhões na compra da banana brasileira, patamar que mostra aumento para US$ 14,3 milhões quando se visualiza igual período de 2005. As transações com o Mercosul, que totalizaram US$ 8,3 milhões nos primeiros nove meses de 2004, em igual período de 2005 atingiram 10,0 milhões, também conformando aumento. Os principais países importadores da banana brasileira em valor, são pela ordem Reino Unido, Argentina, Itália e Uruguai, e todos eles mostraram acréscimos nos montantes destinados à aquisição do produto brasileiro (Fig. 2). Os dois principais estados brasileiros exportadores de banana destinaram quantidades crescentes para essas transações, sendo que Santa Catarina que havia vendido 80,5 mil toneladas nos primeiros nove meses de 2004, em igual período de 2005 comercializou 104,8 mil toneladas, seguido do Rio Grande do Norte cujos embarques subiram de 38,5 mil toneladas para 48,2 mil toneladas (Fig. 3). Em valor a bananicultura potiguar, que detêm a liderança das exportações nacionais, aumentaram suas vendas de US$ 10,4 milhões para US$ 14,1 milhões, enquanto que os catarinenses, ocupando a segunda posição, executaram vendas crescentes de U$S 7,1 milhões em 2004 para US$ 9,2 milhões em 2005, quando se compara os períodos de janeiro a 94 setembro de cada ano (Fig. 4). Em síntese, a detecção da Sigatoka Negra, passados mais de 15 meses, não representou obstáculo para o crescimento das exportações brasileiras de banana. Fig. 2 - Valor das exportações brasileiras de banana segundo os países e os blocos econômicos de destino, janeiro a setembro, 2004 e 2005. (Fonte: dados elaborados pelo IEA, a partir de dados básicos do SECEX/MDIC). Fig. 3 - Quantidade das exportações brasileiras de banana segundo os estados de origem, janeiro a setembro, 2004 e 2005. (Fonte: dados elaborados pelo IEA, a partir de dados básicos do SECEX/MDIC). Banana para o Brasil As plantações brasileiras de banana não apresentaram variações elevadas no triênio 2002-2004 e no último ano atingiram 496,6 mil hectares, sendo 179,1 mil hectares na região Nordeste, que tem mostrado aumento de área; 136,0 mil hectares na região Sudeste e 105 mil hectares na região Norte, ambas com redução de superfície cultivada quando se compara os anos de 2003 e 2004 (Figura 5). Em termos de produção, as alterações também não são significativas, atingindo 6,6 95 Fig. 4 - Valor das exportações brasileiras de banana segundo os estados de origem, janeiro a setembro, 2004 e 2005. (Fonte: dados elaborados pelo IEA, a partir de dados básicos do SECEX/MDIC). milhões de toneladas em 2004, sendo 2,3 milhões provenientes da região Nordeste, 2,0 milhões da região Sudeste e 1,1 milhão da região Norte (Fig. 6). Em termos da produtividade média por unidade de área, em função tanto das diferenças de padrão tecnológico como das variedades de banana predominantes, os maiores resultados são os da região Sul com 20 toneladas/ hectare em 2004, seguida da região Sudeste com 15 toneladas/hectare. Ressalte-se que em 2004 não visualiza-se qualquer alteração significativa da produtividade da banana no sentido da queda em função da disseminação da Sigatoka Negra (Fig. 7). No destaque dos principais estados que cultivam banana, ocorre redução de área plantada em São Paulo, de 61 mil hectares em 2003 para 53,8 mil hectares em 2004, passando a ter sua posição ameaçada nesse quesito pela Bahia, que avançou os plantios de 51,1 mil hectares para 53,2 mil hectares, superando o Pará que também mostra recuo na sua superfície de bananais de 53,1 mil hectares em 2003 para 46 mil hectares em 2004 (Fig. 8). O Estado de São Paulo, contudo, mantêm a liderança nacional na produção de banana com a colheita de 1,1 milhão de toneladas contra 784 mil toneladas da Bahia, vindo a seguir o Pará com 571,1 mil hectares e Santa Catarina com 645 mil hectares (Fig. 9). Essa posição destacada da bananicultura paulista decorre da maior produtividade (21 toneladas/hectare) somente superada pela obtida nos bananais catarinenses (22 toneladas/hectare), desempenhos decorrentes dos mais elevados padrões tecnológicos e da composição de variedades cultivadas (Fig. 10). Também em termos da oferta de banana, nos dados disponíveis ainda não são notados efeitos de queda que possam ser relacionados à presença da Sigatoka Negra. Banana para São Paulo No Estado de São Paulo, a área cultivada com banana cresceu de 27,7 mil hectares no triênio 1969-1971 para 59,9 mil hectares em 2002-2004, estando 96 Fig. 5 - Área brasileira de banana segundo as mesoregiões, 2002 a 2004. (Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE). Fig. 6 - Produção brasileira de banana segundo as mesoregiões, 2002 a 2004. Fig. 7 - Produtividade brasileira de banana segundo as mesoregiões, 2002 a 2004. (Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE). 97 Fig. 8 - Área brasileira de banana segundo os estados, 2002 a 2004. (Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE). Fig. 9 - Produção brasileira de banana segundo os estados, 2002 a 2004. (Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE). Fig. 10 - Produtividade brasileira de banana segundo os estados, 2002 a 2004. (Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE). 98 os plantios concentrados na região agrícola de São Paulo (antiga divisão territorial estadual do período 1973-1984 que grosso modo corresponde à soma dos territórios das atuais regiões metropolitanas da Baixada Santista e da Grande São Paulo com o da Região Administrativa de Registro), cujos plantios de banana expandiram-se de 21,7 mil hectares na entrada dos anos 1970 para 42,2 mil hectares nos dias atuais (Tabela 1). Revela-se aí a enorme concentração regional da bananicultura paulista no Vale do Ribeira e no Litoral Paulista, sendo ainda inexpressiva a contribuição do Planalto. Tabela 1 - Evolução da Área da Cultura da Banana no Estado de São Paulo, Segundo as Regiões Agrícolas (1 ),Triênios 1969- 1971 a 2002-2004, em hectares. PRODUTO Araçatuba Bauru Campinas Marília Presidente Prudente Ribeirão Preto São José do Rio Preto São Paulo Sorocaba Vale do Paraíba ESTADO 1969-1971 1979-1981 1989-1991 137 318 595 491 327 670 457 21.713 2.489 464 27.661 68 72 478 153 72 262 197 33.360 3.540 188 38.390 0 1 287 29 11 48 60 39.731 1.667 204 42.039 1999-2001 2002-2004 1.638 296 834 1.402 556 883 8.952 43.802 1.584 1.509 61.457 3.015 242 763 1.951 495 868 7.040 42.233 1.640 1.701 59.947 (1) correspondem às 10 Divisões Regionais Agrícolas (DIRAs) do período 19731984(PETTI et al 2001). Fonte: Dados básicos do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) Para um valor da produção da agropecuária (VPA) paulista que cresceu de R$ 25,7 bilhões em 2002 para R$ 27,1 bilhões em 2004, a banana também mostra aumento de R$ 317,2 milhões para R$ R$ 489,0 milhões, aumentando sua participação de 1,2% para 1,8% da renda bruta setorial. O desempenho dessa fruta explica o aumento tanto absoluto - R$ 275,6 milhões em 2002 para R$ 409,1 milhões em 2004 -, como relativo - 1,1% para 1,5% - da Região Administrativa (RA) de Registro na agropecuária estadual. Também tendo na banana seu principal produto agropecuário a Região Metropolitana (RM) da Baixada Santista acompanha a tendência de crescimento do VPA saindo de R$ 33,2 milhões em 2002 para R$ 51,6 milhões em 2004, com o que sua participação estadual subiu de 0,13% para 0,19% (Tabela 2). Interessante notar que, em função do preponderância da banana, o valor da produção por hectare da RA de Registro cresce de R$ 1.589 em 2002 para R$ 2.348 em 2004, sendo pouco menor que a média estadual em 2002 (98,8%) e passando a ser superior a ela em 2004 (43,9%), nível ainda mais expressivo na RM da Baixada Santista, que aumentando de R$ 4.193 para R$ 6.151 no mesmo período, com o que de 2,6 vezes a média estadual passou para 3,8 vezes (Tabela 99 Tabela 2 - Valor da Produção do Estado de São Paulo, da Banana e das Regiões Administrativas de Registro e da Baixada Santista, 2002 a 2004. (em R$) (1) Itens 2002 2003 2004 VPA SP VP BANANA % BANANA VP REGISTRO % REGISTRO VP BAIXADA % BAIXADA 25.726.714.279 317.200.340 1,23 275.626.252 1,07 33.195.729 0,13 26.305.073.940 440.875.148 1,68 366.614.869 1,39 46.283.495 0,18 27.068.118.230 489.034.410 1,81 409.050.588 1,51 51.555.686 0,19 (1)Em valores correntes médios de 2004, deflacionados pelo Índices de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) do IBGE. Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA). 3). A questão da renda bruta agropecuária regional baixa consiste em que as respectivas áreas plantadas (incluindo pastagens) revelam pequena participação estadual, com a RA de Registro ocupando 174,2 mil hectares dos 16,6 milhões estaduais (1,05%) e a RM da Baixada Santista 8,4 mil hectares (0,05%) em 2004. A banana, com 53,6 mil hectares no mesmo ano, representou 0,3% da área estadual (Tabela 4). Na verdade, o que define a importância econômica e a capacidade de geração de riqueza das diversas culturas não consiste no maior valor da produção por hectare nem na maior renda líquida por hectare, mas sim o tamanho e o perfil da demanda que conformam massas de riqueza elevadas e crescentes, com o que perde sentido as comparações microeconômicas que consideram a renda das lavouras e criações por unidade de área, a não ser para substitutos perfeitos. Tabela 3 - Valor da Produção por Hectare do Estado de São Paulo e das Regiões Administrativas de Registro e da Baixada Santista, 2002 a 2004 (em R$) (1) Itens 2002 2003 2004 VP/HA SP VP/HA REGISTRO % REGISTRO VP/HA BAIXADA % BAIXADA 1.607 1.589 98,85 4.193 260,87 1.616 2.087 129,17 5.530 342,31 1.632 2.348 143,89 6.151 376,99 (1)Em valores correntes médios de 2004, deflacionados pelo Índices de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) do IBGE. Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA). Banana para o Vale do Ribeira Uma visão da área plantada das principais culturas da antiga região agrícola de São Paulo mostra que a área agropecuária sofreu redução de 100 Tabela 4 - Área Plantada do Estado de São Paulo, de Banana e das Regiões Administrativas de Registro e da Baixada Santista, 2002 a 2004 (em hectare) Itens 2002 2003 2004 ÁREA SP ÁREA BANANA % BANANA ÁREA REGISTRO % REGISTRO ÁREA BAIXADA % BAIXADA 16.004.406 55.770 0,35 173.464 1,08 7.916 0,05 16.281.634 55.020 0,34 175.668 1,08 8.369 0,05 16.590.718 53.602 0,32 174.245 1,05 8.382 0,05 Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA). 407,4 mil hectares no triênio 1969-1971 para 289,0 mil hectares no triênio 2002-2004, com contribuição efetivas da diminuição das áreas de pastagens (292,7 mil hectares para 222,6 mil hectares), do milho (33,7 mil hectares para 9,1 mil hectares), do feijão (10,4 mil hectares para 3,2 mil hectares), do arroz (10,4 mil hectares para 0,8 mil hectares), da uva (6,1 mil hectares para 0,7 mil hectares), das tangerinas (3,0 mil hectares para 2,4 mil hectares), da mandioca (2,5 mil hectares para 1,6 mil hectares). Assim todas as principais lavouras e a pastagem recuam nos últimos trinta e cinco anos sendo que apenas a banana apresenta crescimento de 21,7 mil hectares para 42,2 mil hectares (Tabela 5), num intenso processo de especialização regional, com o que a renda agropecuária local passa a depender cada vez mais dessa fruta. Tanto assim que tendo evoluído de R$ 208,5 milhões em 2002 para R$ 339,5 milhões em 2004, a RA de Registro aumentou sua participação no valor da produção estadual de banana de 65,7% para 69,4%, sendo que em relação ao valor da produção da agropecuária regional esse aumento foi de 75,7% para 83,0%, com o que a geração de riqueza regional passou a depender crescentemente do desempenho da banana. Isso não ocorre na participação da banana da RM da Baixada Santista cuja agropecuária relevante resumese a essa fruta. Mesmo evoluindo de R$ 33,2 milhões em 2002 para R$ 51,6 milhões em 2004, mantêm-se a participação regional da Baixada Santista no valor da produção da banana paulista (Tabela 6). Em resumo, a banana na RA de Registro se mostra mais dinâmica que na RM da Baixada Santista, revelando distinta capacidade de enfrentar problemas amplos de comprometimento da competitividade como se revela o caso da detecção da Sigatoka Negra. A área plantada com banana na RA de Registro situa-se em torno dos 33 mil hectares no triênio 2002-2004, com o que sua participação estadual cresceu de 59,0% para 61,7% em função do recuo da cultura em outras regiões. Dentro da RA de Registro a banana manteve sua participação na área em torno de 19,0%. Quanto se visualiza a RM da Baixada Santista, a área de banana também se mantêm, em torno dos 5,9 mil hectares, com o que aumenta seu percentual na área estadual da cultura de 10,0% para 11,0% conquanto reduza 101 Tabela 5 - Evolução da Área das Principais Culturas na Região de São Paulo(1) no Estado de São Paulo, Triênios 1969- 1971 a 2002-2004, em hectares PRODUTO 1969-1971 1979-1981 1989-1991 1999-2001 2002-2004 Algodão Amendoim Arroz Banana Batata Café Cana Cebola Feijão Laranja Limão Mamona Mandioca Milho Soja Tomate Trigo Uva Tangerinas Pastagens 0 137 10.471 21.713 7.085 8.787 5.364 757 10.450 1.703 1.532 50 2.501 33.657 178 1.166 128 6.087 3.003 292.674 0 0 5.133 33.360 5.960 7.196 1.338 213 8.650 2.300 2.212 0 2.767 17.100 0 608 307 6.182 6.185 261.153 0 3 3.362 39.731 2.898 2.700 1.012 23 5.439 726 684 0 1.983 13.739 67 273 0 631 3.409 211.224 0 0 1.636 43.802 3.187 1.173 637 105 3.777 719 123 0 1.783 9.551 1 506 0 739 2.777 212.668 0 35 780 42.233 2.743 899 1.393 12 3.190 843 86 35 1.575 9.073 18 500 0 696 2.359 222.580 ESTADO 407.443 360.664 287.903 283.184 289.048 (1) corresponde a uma das 10 Divisões Regionais Agrícolas (DIRAs) do período 1973-1984(PETTI et al 2001). Fonte: Dados básicos do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI). Tabela 6 - Valor da Produção do Estado de São Paulo, da Banana e das Regiões Administrativas de Registro e da Baixada Santista, 2002 a 2004 (em R$) (1) Itens BANANA REGISTRO PART % EM SP PART % REGISTRO BANANA BAIXADA PART % EM SP PART % BAIXADA 2002 2003 2004 208.524.966 65,74 75,65 33.195.729 10,47 100,00 294.717.588 66,85 80,39 46.283.495 10,50 100,00 339.491.879 69,42 83,00 51.555.686 10,54 100,00 (1)Em valores correntes médios de 2004. deflacionados pelo Índices de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) do IBGE. Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA). 102 em proporção regional de 75,1% para 70,4% em função do avanço de outras culturas (Tabela 7). Como decorrência desse comportamento da área de banana, no tocante à produção, para um desempenho estadual que evolui de 1,07 milhão de toneladas para 1,09 milhão de toneladas, a da RA de Registro cresceu de 643,5 mil toneladas em 2002 para 686,5 mil toneladas em 2004, incrementando sua participação no total estadual de 59,8% para 63,1%. Mais uma vez na RM da Baixada Santista a produção se mantêm inalterada no patamar de 99,6 mil toneladas, bem como a respectiva proporção estadual recua de 9,3% para 9,2% (Tabela 8). Esses indicadores corrobora o argumento de maior dinamismo da banana da RA de Registro em relação à da RM da Baixada Santista. Tabela 7 - Área de Banana nas Regiões Administrativas de Registro e da Baixada Santista, 2002 a 2004 (em hectares) Itens BANANA REGISTRO PART % EM SP PART % REGISTRO BANANA BAIXADA PART % EM SP PART % BAIXADA 2002 2003 2004 32.905 59,00 18,97 5.949 10,67 75,15 33.380 60,67 19,00 5.949 10,81 71,08 33.043 61,65 18,96 5.899 11,01 70,38 Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA). Tabela 8 - Produção de Banana e das Regiões Administrativas de Registro e da Baixada Santista, 2002 a 2004 (em toneladas) Itens PROD BANANA SP PROD REGISTRO PART % REGISTRO PROD BAIXADA PART % BAIXADA 2002 2003 2004 1.076.743 643.493 59,76 99.569 9,25 1.067.956 649.009 60,77 99.578 9,32 1.087.842 686.536 63,11 99.772 9,17 Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA). No tocante à produtividade física, na RA de Registro ela situa-se no patamar de 20 toneladas/hectare, muito próxima da média estadual, o que já não acontece na RM da Baixada Santista que com 17 toneladas/hectare se mostra 15% inferior à da RA de Registro e à média paulista (Tabela 9). Tomando a produtividade econômica da banana, medida pelo valor da produção por hectare, na RA de Registro ela cresceu de R$ 6,3 mil/hectare em 2002 para R$ 103 10,3 mil/hectare em 2004, sempre em torno de 11,0% superior à média da banana estadual cujo indicador cresceu de R$ 5,7 mil para R$ 9,1 mil no mesmo período. A banana da RM da Baixada Santista não acompanha essa tendência pois, embora tenha crescido de R$ 5,6 mil/hectare para R$ 8,7 mil/ hectare, esse aumento é menor que a média estadual e da RA de Registro, com o que o desempenho da banana regional fica cada vez menor como proporção do verificado na banana paulista, distância essa que cresce de 1,9% para 4,2% nos anos considerados (Tabela 10). Tabela 9 - Produtividade nas Regiões Administrativas de Registro e da Baixada Santista, 2002 a 2004 (em toneladas/hectare) Itens PRODUT BANANA SP PRODUT REGISTRO % REGISTRO PRODUT BAIXADA % BAIXADA 2002 2003 2004 19 20 101,29 17 89,47 19 19 100,17 17 89,47 20 21 102,38 17 85,00 Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA). Tabela 10 - Valor da Produção por Hectare de Banana, Estado de São Paulo e das Regiões Administrativas de Registro e da Baixada Santista, 2002 a 2004 (em R$) (1) 2004 Itens 2002 2003 VP/HA BANANA SP 5.688 8.013 9.123 6.337 111,42 5.580 98,11 8.829 110,19 7.780 97,09 10.274 112,61 8.740 95,79 VPA/HA BANANA REGISTRO % REGISTRO VPA/HA BANANA BAIXADA % BAIXADA (1)Em valores correntes médios de 2004. deflacionados pelo Índices de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) do IBGE. Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA). Em síntese, fica caracterizada a importância da banana para a economia agropecuária do Vale do Ribeira, bem como que ainda não se manifestaram efeitos deletérios da detecção da Sigatoka Negra no desempenho econômico da cultura, tendo inclusive aumentado a produção e a renda bruta. Também fica patente a diferenciação de performance da banana na RA de Registro que se mostra superior em termos econômicos ao da banana da RM da Baixada Santista, o que pode ser um indicador de menor capacidade econômica de ajustamento de longo prazo, aos efeitos da presença da Sigatoka Negra nos bananais. 104 Preço de Banana Finalizando torna-se interessante verificar o efeito da detecção da presença na Sigatoka Negra em todas as regiões bananeiras relevantes do Sul/Sudeste do Brasil no sistema de preços. Comparando os preços mensais no varejo paulistano que revela a convergência das produções dessas diversas regiões que contribuem para o seu abastecimento, verifica-se para as três principais variedades (Nanica, Prata e Maçã) não ter havido de janeiro de 2002 a outubro de 2005, qualquer alteração relevante nos patamares observados, tendo sido mantida as variações sazonais clássicas (Fig. 11). Quando se particulariza os preços da variedade Nanica a conclusão se mostra similar variando em torno de patamares de R$ 0,60/dz (Fig. 12), qual seja não se pode afirmar a existência, até o momento, de qualquer impacto relevante decorrente da existência de Sigatoka Negra nos bananais. Desse modo, os impactos dos custos em função da duplicação do número de pulverizações e outros cuidados em termos de tratos culturais foram absorvidos pelos bananicultores que, inclusive, tendem a obter maiores produtividades por unidade de área. Fig. 11 - Evolução dos Preços Mensais de Banana, segundo as variedades no varejo da Cidade de São Paulo, janeiro de 2002 a outubro de 2005. (Fonte: IEA) (Em valores correntes médios de outubro de 2005, deflacionados pelo Índices de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) do IBGE). Considerações Finais A análise realizada mostra que, em grandes linhas, da ótica do comportamento dos mercados não se nota, até o momento, impactos relevantes da detecção da Sigatoka Negra nos bananais do Sul/Sudeste do Brasil. Do 105 Fig. 12 - Evolução dos Preços Mensais de Banana, Variedade Nanica, no varejo da Cidade de São Paulo, janeiro de 2002 a outubro de 2005. (Fonte: IEA) (Em valores correntes médios de outubro de 2005, deflacionados pelo Índices de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) do IBGE) ponto de vista micro-econômico do produtor de banana há que se considerar que as pressões de custos pelo maior número de tratamento fitossanitário, que nesse ítem específico de despesas representam aumentos de 15 a 35% dependendo do grau de infestação e da qualidade do manejo, estão sendo absorvidas. Para isso é relevante ter nítido que o progresso técnico se mostra como única alternativa para quem quiser continuar a produzir banana, estando condenadas opções que não perfilem esse caminho. A pressão pela profissionalização da produção rompendo com o quase extrativismo bananeiro de algumas estruturas produtivas é inexorável. Também ficam comprometidas propostas de uso de variedades alternativas à nanica, pois existem questões de ajustes difíceis na aceitação pelo mercado dado o paladar distinto, o que preconizaria ampla alteração não previsível de hábitos de consumo. A perspectiva formada até o momento dão conta de que a banana continuará a ser produzida e consumida com produtividades crescentes e preços estáveis. Da ótica regional do Vale do Ribeira, a diferença de dinamismo entre a banana da RA de Registro e da RM da Baixada Santista pode indicar os efeitos localizados que a Sigatoka Negra pode causar, qual seja condenar bananais velhos e de baixo nível tecnológico e ampliar as oportunidades para bananais novos, inseridos dentro de estratégias de produção integrada de frutas que em muitas áreas de banana do Vale do Ribeira têm apresentado sucesso. A análise econômica nesse caso vem apenas confirmando a tendência de mercado uma vez que até agora, não há fenômeno que permita mensurar efeitos diferentes das tendências de preços e oferta que vem sendo mantidas como continuidade das observadas antes da detecção da doença. Isso não significa dizer que estão descartadas mudanças estruturais de médio e longo 106 prazo e nem mesmo efeitos conjunturais drásticos em função de um fenômeno aleatório que impulsione o efeito deletério dessa doença dos bananais, simplesmente que a presença da Sigatoka Negra não afetou a renda e o movimento dos mercados. Em síntese, a banana tende a evoluir enquanto fruta relevante com maior progresso técnico. Literatura Citada PETTI, R.H.V. et al Evolução da estrutura regional da Secretaria de Agricultura e Abastecimento e atual divisão político-administrativa do Estado de São Paulo. Revista Informações Econômicas. v. 31, n.12, p. 23-48. 2001. 107