Mecanismo de ação das incretinas e o potencial terapêutico de moléculas relacionadas no tratamento do diabetes mellitus tipo 2 Cristiana Ferreira de Brito* Elainy Rodrigues de Oliveira Lima* Juliane Aparecida de Oliveira* Linara Cristhinni Scotta Merlo* Nayara Temponi Campos* Flávia Lúcia Abreu Rabelo** RESUMO As incretinas GLP-1 e GIP são hormônios produzidos pelo trato gastrointestinal e liberados no intestino em resposta à ingestão de alimentos. Desempenham importante papel na modulação da atividade das células β-pancreáticas, com isso potencializam a secreção de insulina, além de aumentar a sensibilidade dos seus tecidos-alvo. Como estratégia para favorecer o prolongamento dos efeitos das incretinas, tem sido desenvolvidas substâncias análogas ao GLP-1 que mimetizam sua ação (exenatida e liraglutida) e inibidores da enzima que degrada as incretinas (sitagliptina e vildagliptina). Estudos clínicos mostram que a administração desses fármacos, em monoterapia ou associados a outros medicamentos antihiperglicêmicos, é eficaz no controle glicêmico e na redução de peso em pacientes com DM2. Esta revisão tem foco no mecanismo de ação das incretinas sobre as células pancreáticas e possíveis ações terapêuticas para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2. PALAVRAS-CHAVE: Incretinas; Vias de sinalização; Diabetes mellitus tipo 2; Análogos de GLP-1; Inibidores da DPP-4 ABSTRACT Incretins GLP-1 and GIP are hormones produced by the gastrointestinal tract and liberated in the intestine, in response to the ingestion of food. They fulfill important role in the modulation of the response of cells of the pancreatic islets to the ingestion of food, thus they potentialize the insulin secretion by the pancreatic β-cells, beyond increasing the sensibility of the target tissues to the insulin. As strategy to favour the prolongation of incretins effects have been developed GLP-1 analogs mimetics (exenatide and liraglutide) and enzyme inhibitors of the incretins degradation (sitagliptin and vildagliptin). Clinical trials have shown incretins based drugs administration, on monoterapy or in association with other anti-hyperglicemic drugs, to be efficacious in glycemic control and weight loss in patients with type 2 diabetes. This review focuses in the action mechanism of incretin on pancreatic cells and possible therapeutic target for the treatment of diabetes mellitus type 2. KEYWORDS: Incretins; Signalling pathways; Diabetes mellitus type 2; GLP-1 analogs; DPP-4 inhibitors. INTRODUÇÃO * Farmacêuticas egressas da Universidade Vale do Rio Doce - UNIVALE, Governador Valadares, Minas Gerais, Brasil; ** Professora Doutora em Bioquímica pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil; Docente dos cursos de Enfermagem e Farmácia da Nova Faculdade, Contagem, Minas Gerais, Brasil; [email protected] O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é causado por redução da sensibilidade dos tecidos-alvo aos efeitos metabólicos da insulina, condição descrita como resistência à insulina. Em contraste com o diabetes mellitus tipo 1 (DM1), o DM2 está associado ao aumento da concentração plasmática de insulina, que ocorre como resposta compensatória das células do pâncreas, devido à diminuição da utilização e armazenamento dos carboidratos. Entretanto, mesmo os níveis aumentados de insulina não são suficientes para manter a regulação normal da glicose, devido à acentuada redução da sensibilidade dos tecidos periféricos à insulina. (GUYTON & HALL, 2006, p. 831-832). O processo de digestão e absorção dos alimentos nos mamíferos ocorre principalmente no intestino, que funciona também como um órgão de liberação de hormônios denominados incretinas, que desempenham importante papel na modulação da resposta das células das ilhotas pancreáticas, capazes de potencializar a secreção de insulina, e consequentemente, levar à diminuição de glucagon. Elas ajudam a baixar as taxas de glicose no sangue, sobretudo depois das refeições, quando esses níveis tendem a aumentar. (DOYLE & EGAN, 2007, p. 14; NELSON & COX, 2006, p. 895-896). Os dois principais hormônios incretinas são polipeptídeo inibitório gástrico (GIP) e peptídeo 1 tipo glucagon (GLP-1), que pertencem a uma super-família do peptídeo glucagon, e como tal, existe alguma homologia da sequência de aminoácidos entre esses peptídeos e o glucagon. O hormônio predominante é o GLP-1 que, além de estimular a secreção de insulina, suprime a liberação de glucagon, desacelera o esvaziamento gástrico, diminui a ingestão de alimentos e a resistência à insulina. (CHACRA, 2006, p. S613-S614, GUPTA, 2012, p. S47-S48). Em estudos realizados nos anos 60, por Nauck e colaboradores, a administração de glicose por via oral mostrou ser capaz de causar resposta de insulina maior do que a observada com a infusão de glicose por via endovenosa (EV), apesar dos níveis sanguíneos mais altos de glicose consequentes da administração EV. Esse fato é conhecido como efeito incretina, que significa que a ingestão de glicose estimula a liberação de incretinas pelo intestino, esses hormônios aumentam a secreção de insulina, além da secreção induzida apenas pela glicose absorvida. Do mesmo modo, o grau de secreção de incretinas depende da quantidade de glicose ingerida e as incretinas são responsáveis por aproximadamente 75% da resposta da insulina depois da ingestão de 50g de glicose. (CHACRA, 2006, p. S615; NAUCK et al., 1986 apud DOYLE & EGAN, 2007, p. 1). Há inúmeros interesses nos mecanismos responsáveis pela rápida melhora do diabetes mellitus (DM) que é conseguida principalmente após o tratamento cirúrgico, onde são aproximadas partes do íleo ao estômago de modo a intensificar a secreção de incretinas, que consequentemente levará a uma maior secreção de insulina, captando maior quantidade de glicose da corrente sanguínea e controlando a glicemia. Apesar de sua eficácia, esse é um método invasivo e de alto custo, o que leva ao investimento na terapêutica medicamentosa com substâncias que favoreçam a ação das incretinas. Para o desenvolvimento desses fármacos faz-se necessário o conhecimento do mecanismo de ação e das vias de sinalização das incretinas e suas relações com secreção de insulina e com consequente normalização da glicemia em indivíduos portadores de DM2. (MARTINS & SOUZA, 2007, p. 344). 1 INCRETINAS O intestino, além de promover a digestão e a absorção dos alimentos, produz hormônios, denominados incretinas, capazes de potencializar a secreção de insulina e consequentemente levar à diminuição de glucagon. Elas ajudam a baixar as taxas de glicose no sangue, sobretudo após as refeições, quando esses níveis tendem a aumentar. (DOYLE & EGAN, 2007, p. 1-2; 14; GALLWITZ, 2005, p. 61-62). A hipótese da existência de incretinas foi postulada na década de 30, mas somente na década de 60 foram reconhecidas como hormônios insulinotrópicos. Em 1986, Nauck e colaboradores postularam que essas substâncias eram originadas no intestino, liberadas devido à ingestão de grande quantidade de nutrientes, pois aumentavam a secreção de insulina. Nesse estudo, também foi possível verificar que, após a ingestão oral de glicose, 75% da sua absorção era devido à secreção de incretinas (NAUCK et al., 1986, apud DOYLE & EGAN, 2007, p.1). Os dois principais hormônios incretinas são: o GIP e GLP-1 (BOSI, 2008, p. 102; DOYLE & EGAN, 2007, p. 1-2; GUPTA, 2012, p. S47). O GIP é um peptídeo de 42 aminoácidos, clivado de seu precursor Pro-GIP secretado a partir do trato gastrointestinal no duodeno e jejuno pelas células K após a ingestão de nutrientes. GIP age rapidamente sobre células β-pancreáticas para estimular a liberação de insulina, e assim, garantir a rápida absorção de glicose pelos tecidos. Além disso, GIP promove a remoção de triglicerídeos da circulação, processo parcialmente mediado pela sua capacidade de estimular a atividade da lipase lipoprotéica, que é uma enzima que converte triglicerídeos em ácidos graxos, permitindo sua captação pelos tecidos periféricos. (FULURIJA, 2008, p.1,; GUPTA, 2012, p. S51). O GLP-1 é um peptídeo de 36 aminoácidos, secretado na corrente sanguínea pelas células L enteroendócrinas, encontradas principalmente no íleo e no cólon do intestino (FULURIJA, 2008, p. 6). GLP-1 inibe a secreção de glucagon e o esvaziamento gástrico, conducentes à redução da glicemia e aumenta a concentração das células β mesmo em indivíduos com diabetes tipo 1. GLP-1 é reconhecido como um potenciador da secreção induzida de insulina que contribui substancialmente para seu efeito. (CHIA & EGAN, 2008, p. 3703-3704; GALLWITZ, 2005, p. 62; HANSOTIA, 2007, p.143). 2 MECANISMO de ação das incretinas Quando a glicose sanguínea aumenta, no período pós-prandial, os transportadores GLUT1 e GLUT2 presentes na membrana das células β-pancreáticas captam este carboidrato para equilibrar suas concentrações do lado externo e interno da membrana. No interior da célula, a glicose é rapidamente fosforilada a glicose-6-fosfato pela glicoquinase, que determina a velocidade da glicólise, ou seja, ativa a geração de piruvato e sua entrada no ciclo do ácido cítrico. Subsequente, o metabolismo oxidativo fornece a ligação entre os produtos do metabolismo da glicose e a secreção da insulina. O aumento da relação citoplasmática adenosina trifosfato (ATP)/adenosina difosfato (ADP) decorrente da glicólise aeróbica causa despolarização da membrana plasmática através do fechamento dos canais de K+ sensíveis ao ATP (KATP). Isso permite a abertura dos canais de Ca2+ voltagem-dependentes levando à liberação dos estoques intracelulares de Ca2+. Esse aumento na concentração citosólica de Ca2+ desencadeia a fusão das vesículas secretoras que contêm insulina à membrana plasmática com rápida exocitose desse peptídeo. (DOYLE & EGAN, 2007, p. 14). Então, o processo de exocitose aguda de insulina pode ser dividido em duas vias: 1) a via inicialmente desencadeada, onde ocorre o fechamento dos canais de KATP, despolarização e aumento nas concentrações intracelulares de Ca2+; e 2) a via amplificadora, onde há um aumento na exocitose das vesículas secretoras de insulina induzida por Ca2+. As incretinas são capazes de ativar essas vias, por meio de sua ligação a receptores específicos e a consequente ativação de moléculas citoplasmáticas sinalizadoras. Além disso, a contínua ativação do receptor de GLP-1 (GLP-1R) também aumenta a síntese de insulina e a proliferação de células β (DOYLE & EGAN, 2007, p. 14-19). 2.1 RECEPTORES de incretinas nas células β-pancreáticas Os receptores para GLP-1 e GIP são da classe dos receptores acoplados à proteína G (GPCRs). Assim como outros receptores desse tipo, possuem sete domínios α-helicoidais transmembrana (TM1-TM7), três alças extracelulares (EC1, EC2, EC3), três alças intracelulares (IC1, IC2, IC3), um grupo amino terminal extracelular e um domínio carboxilo terminal intracelular. (DOYLE & EGAN, 2007, p. 2-3). As proteínas G contêm três subunidades, uma das quais se encontra ligada à guanosina difosfato (GDP). Quando uma proteína G se liga a um receptor ativo, a sua subunidade α sofre uma mudança conformacional e troca o seu GDP por um guanosina trifosfato (GTP). A subunidade α, quando ligada ao GTP, separa-se das outras subunidades, torna-se capaz de ativar diferentes mecanismos de transdução de sinal. (DOYLE & EGAN, 2007, p. 4; HOLST & GROMADA, 2004, p. E200). GPCRs estão agrupados em cinco famílias principais baseadas na similaridade estrutural e sequencial: família A (rodopsina), B (secretina), C (glutamato), adesão e "frizzled/taste". (ROSENBAUM, RASMUSSEN & KOBILKA, 2009, p. 356) O GLP-1R é um membro da classe B e consiste em uma proteína de 64 kDa. Dentro da classe B, os receptores para os hormônios peptídicos formam uma subclasse de receptores da família glucagon, que também incluem receptores de glucagon, GLP-2, GIP, liberador do hormônio do crescimento (GHRH) e secretina. No entanto, a ligação das incretinas aos seus receptores é muito específica sem qualquer reatividade cruzada relevante a receptores para outros peptídeos, com exceção do glucagon, que se liga a GLP-1R, mas com 100-1000 vezes menos afinidade do que a GLP-1. (DOYLE & EGAN, 2007, p. 2). 2.2 VIAS de sinalização ativadas pelas incretinas Muitos estudos têm sido feitos com objetivo de elucidar as vias de sinalização ativadas pelas incretinas nas células β-pancreáticas após sua interação com os receptores. Entretanto, as investigações estão mais concentradas no GLP-1. Apesar disso, alguns autores consideram que GLP-1 e GIP compartilham de mecanismos de ação muito semelhantes. (DOYLE & EGAN, 2007, p. 1; 14; HOLST & GROMADA, 2004, p. E202-E203). O GLP-1R é acoplado à subunidade Gαs e, portanto, envolvimento com o ligante agonista resulta em ativação de adenilato ciclase (AC), com formação de AMP cíclico (cAMP), que ativa proteína quinase A (PKA) que é um componente chave na regulação da secreção de insulina, uma vez que essa enzima é responsável por várias reações de fosforilação necessárias para a atividade secretora das células β. A cascata de sinalização induzida pelas incretinas também envolve uma via independente de PKA, mas induzida por cAMP, que é a ativação de moléculas conhecidas como proteínas de troca diretamente associadas à cAMP (EPAC), também denominadas cAMP-GEFs (“cAMP-regulated guanine nucleotide exchange factors”). Essas moléculas são proteínas quinase efetoras que fosforilam polipeptídeos da família Ras. A ativação das vias PKA e EPAC induzida por GLP-1 leva a uma multiplicidade de acontecimentos, incluindo alteração da atividade dos canais iônicos, movimentação de cálcio intracelular, e reforça a exocitose, contendo grânulos de insulina (DOYLE & EGAN, 2007, p. 10-11; HOLST & GROMADA, 2004, p. E200). GLP-1, ao se ligar no receptor GLP-1R, provoca um aumento do cAMP, isso leva à ativação de ambos PKA e EPAC. Moderadas concentrações de cAMP levam preferencialmente à ativação de PKA, enquanto maiores concentrações favorecem a via EPAC. Níveis aumentados de cAMP incrementam os níveis de ATP como consequência da ativação da glicólise provocada pela ação de PKA sobre as enzimas glicolíticas. Mantidos os aumentos de cAMP pela ativação de GLP-1R, haverá a translocação de PKA ao núcleo onde promova a modulação de PDX-1 (“pancreatic and duodenal homebox 1”) e a ativação de CREB (“cAMP response element binding”) com consequente transcrição de insulina. Além disso, na secreção aguda de insulina, PKA e EPAC atuam sobre os canais KATP e canais de K+ voltagem-dependentes (Kv), as vesículas secretoras de insulina e canais IP3/Ca2+ no retículo endoplasmático (DOYLE & EGAN, 2007, p. 10-11). Alguns dos eventos que se seguem à ligação das incretinas a seus receptores e que dependem de cAMP estão representados na figura 1. Fig. 1 - Representação esquemática das principais vias de sinalização ativadas pela ligação das incretinas a seus receptores nas células β-pancreáticas. (AC: adenilato ciclase; ADP: adenosina difosfato; ATP: adenosina trifosfato; cAMP: adenosina monofosfato cíclica; CREB: proteína elemento-ligante responsiva a cAMP; EPAC: proteína de troca ativada por cAMP; G: proteína G; GIP: polipeptídeo inibitório gástrico; GLP: peptídeo tipo glucagon; I: insulina; IP: fosfatidil inositol; IRS: substrato do receptor de insulina; PDX: fator promotor de insulina; PKA: proteína quinase dependente de cAMP; RE: retículo endoplasmático.) Fonte: Adaptado de HOLST & GROMADA, 2004, p. E200; DOYLE& EGAN, 2008, p. 73. A ligação de GLP-1 a seu receptor também ativa as vias Ca2+/Calmodulina, proteínas quinases ativadas por mitógenos (MAPquinases) e fosfatidil inositol-3 quinases (PI3 quinases) que também podem ter relação com a estimulação da secreção de insulina mediada pelas incretinas. Finalmente, a produção de ATP reforçada pelo aumento da mobilização de Ca2+, que por sua vez atua sobre desidrogenases mitocondriais, leva ao aumento da atividade de mTOR (“mammalian target of rapamycin”) e seus efetores S6K1 (“p70 ribosomal protein S6 kinase 1”). mTOR está implicado em aumento da mitose de células β. A ativação de GLP-1R também leva à estabilização da transcrição de insulina, estimulando a translocação núcleocitoplasmática de proteína de ligação à polipirimidina (PTB) que se liga a regiões ricas em uracila do RNA mensageiros (mRNAs), que codificam a insulina e proteínas das vesículas secretoras de insulina, estabilizando estes mRNAs (DOYLE & EGAN, 2007, p. 14). 2.3 INATIVAÇÃO das incretinas GIP e GLP-1 têm sua atividade suprimida após clivagem catalisada pelo dipeptidil peptidase-4 (DPP-4). DPP-4, originalmente conhecida como marcador CD26 da superfície celular de linfócitos ou proteínas de ligação à adenosina desaminase (ADA), é uma complexa enzima, acoplada na superfície da membrana celular que transmite sinais intracelulares através de uma pequena cauda intracelular e apresenta-se também como uma forma menor e solúvel presente na circulação. (CHIA & EGAN, 2008, p. 3710; DRUCKER, 2007, p. 1335-1336; HERMAN et al., 2006, p. 4617). DPP-4 é uma serina protease constituída de 766 aminoácidos que cliva preferencialmente hormônios peptídeos contendo dois resíduos de alanina ou prolina subsequentes. GIP e GLP-1 são substratos endógenos fisiológicos para DPP-4, e esta tem sua ação mediada pelo aumento dos níveis dos hormônios, sendo uma enzima amplamente expressa, que circula livremente ou se liga à membrana celular na maioria dos tecidos, incluindo o trato gastrointestinal, o fígado, os rins, os linfócitos e as células endoteliais. A DPP-4 inativa o GLP-1 e o GIP ao clivar os peptídeos na região amino terminal e induzir a formação de dois metabólitos, GLP-1 (aminoácidos 9-36) e GIP (aminoácidos 3-42). É essa rápida degradação pela DPP-4 que limita os efeitos do GLP1 e do GIP na homeostase da glicose. (CHIA & EGAN, 2008, p. 3710-3711; DRUCKER, 2007, p. 1335-1336). Tem sido demonstrado que níveis circulantes de DPP-4 são maiores em indivíduos com hiperglicemia crônica e diabetes tipo 2, no entanto, se a atividade de DPP-4 circulante está correlacionada aos níveis plasmáticos de GLP-1 ativo em humanos não é conhecido. (DRUCKER, 2007, p. 1335). 3 TRATAMENTO do diabetes baseado nas ações dos hormônios incretinas Ainda que não exista uma cura definitiva para o DM, os pacientes podem ter uma vida longa e saudável se seguirem com atenção e cuidado o tratamento. O diabético tipo 2, muitas vezes, consegue compensar sua doença apenas com dieta. Muitos pacientes obesos mantêm-se totalmente compensados apenas chegando a seu peso ideal. Outros, porém, necessitam de medicamentos para estabilizar os níveis de açúcar no sangue. (HERMAN et al., 2006, p. 4612-4613; INZUCCHI et al., 2008, p. 576). Uma nova categoria de antihiperglicêmicos, baseada na terapia da modulação do sistema incretinas tem surgido recentemente. Estratégias terapêuticas para o DM2 relacionadas às incretinas incidem sobre a utilização de análogos do GLP-1 (liraglutida e exenatida) e dos inibidores de DPP-4 (vidalgliptina e sitagliptina) (HERMAN, 2006, p. 4612; INZUCCHI et al., 2008, p. 580-581). A eficácia e segurança desses fármacos têm sido claramente demonstradas por um grande número de ensaios clínicos como a redução da hemoglobina glicosilada (HbA1c) no jejum e pós-glicose e, em alguns casos, os fármacos apresentam ainda um efeito favorável sobre a redução do peso. Além disso, a baixa taxa de eventos hipoglicêmicos vista em estudos com esses fármacos fortalece as evidências de sua aplicabilidade. (CHIA & EGAN, 2008, p. 3708-3710; INZUCCHI et al., 2008, p. 577578). Alguns estudos mostram ainda que a estimulação dos receptores GLP-1R possui efeitos cardioprotetores, promove a diminuição da pressão arterial, inibe o acúmulo de monócitos/macrófagos na parede arterial e aumenta os níveis séricos de HDL. (GUPTA, 2012, p. S51). 3.1 ANÁLOGOS do GLP-1 As primeiras experiências com o GLP-1, administrado EV, foram animadoras e confirmaram o potencial para terapias com incretinas no tratamento de diabetes. No entanto, ficou claro desde o início que o GLP-1 em si foi impróprio para uso terapêutico, devido à sua meia vida muito curta, secundária à rápida inativação pela enzima DPP-4. (BOSI et al., 2008, p. 103-104). Os análogos do GLP-1 são uma nova classe de agentes farmacológicos, com ações antihiperglicêmicos, que mimetizam os efeitos de incretinas endógenos, inclusive o aumento da secreção de insulina dependente de glicose. Vários análogos de GLP-1, que foram desenvolvidos a partir das incretinas, se mostraram resistentes à degradação. por DPP-4 (HINNEN et al., 2006, p. 614-615, GUPTA, 2013, p. 415). A figura 2 ilustra as estruturas dos principais análogos de GLP-1 desenvolvidos para o tratamento do diabetes, exenatida e liraglutida. Fig. 2 - Estrutura da GLP-1 nativa, exenatida e liraglutida. O dipeptídeo N-terminal “HA” da GLP-1 é clivado pela DPP-4. (Fonte: Adaptado de CHIA & EGAN, 2008, p. 3704) A exenatida é a versão sintética da exendina-4 que é um peptídeo de 39 aminoácidos, isolado a partir da secreção da glândula salivar do lagarto Gila Monster (Heloderma suspectum). A exenatida tem 53% de sequência homóloga ao GLP-1 humano e possui uma alta afinidade pelo receptor análogo de GLP-1. Esse peptídeo não possui um aminoácido alanina na posição 2, que direciona a clivagem do DPP-4, tornando-o mais estável proteoliticamente que o GLP-1. Sendo assim, a sua ação é devido à sua semelhança estrutural com GLP-1, mas esta forma sintética tem uma maior duração de ação. (BOSI et al., 2008, p. 103; CHIA & EGAN, 2008, p. 3704; GUPTA, 2013, p. 415-416). A semelhança estrutural entre exenatida e GLP-1 confere ao fármaco seus efeitos insulinotrópicos através de sua ligação ao GLP-1R, nas células β-pancreáticas. (SCHNABEL, WINTLE & KOLTERNAN, 2006, p. 70). A exenatida foi aprovada em abril de 2005 pelo FDA (Food and Drug Administration), como adjuvante no controle glicêmico de pacientes com DM2 em uso de metformina, sulfoniluréia, ou uma combinação de metformina e sulfoniluréia. Ensaios randomizados têm mostrado que a exenatida foi eficaz na melhoria do controle glicêmico em combinação com a metformina ou sulfoniluréia. Raramente foi observado hipoglicemia em pacientes tratados com essas combinações. (BOND, 2006, p. 281; EDWARDS, 2004, p. 271; SCHNABEL, WINTLE & KOLTERNAN, 2006, p. 71). Inicialmente, a dose de exenatida utilizada é 5 mcg por via subcutânea duas vezes por dia, 60 minutos antes do café da manhã e jantar, podendo ser ajustada a 10 mcg por via subcutânea, duas vezes por dia, para alcançar um melhor resultado após 1 mês de tratamento. (BOND, 2006, p. 283; EDWARDS, 2004, p. 272; GREEN & FLATT, 2007, p. 500; SCHNABEL, WINTLE & KOLTERNAN, 2006, p. 72). A absorção da exenatida atinge a concentração plasmática média 2,1 horas após a injeção subcutânea e esta droga é primariamente eliminada por filtração glomerular seguida da degradação proteolítica, com uma meia-vida de eliminação de 2,4 horas. Em pacientes com insuficiência renal leve a moderada, a eliminação não é consideravelmente reduzida, não sendo necessário o ajuste de dose. Já em pacientes com insuficiência renal grave, a utilização da exenatida é contraindicada, pois sua meia vida é significativamente reduzida. (BOND, 2006, p. 281). Há crescente evidência de que a perda de peso pode ser benéfica tanto na prevenção como no tratamento do DM2, melhorando a sensibilidade insulínica e retardando a progressão do diabetes, mas também é reconhecido que esta é difícil de conseguir na maioria dos pacientes. Estudos com exenatida demonstram que a melhora no controle glicêmico obtida com sua administração está acompanhada por redução significativa no peso corporal. Esse atributo oferece uma vantagem significativa à exenatida sobre muitos outros medicamentos antihiperglicêmicos, como as sulfoniluréias ou tiazolidinodionas, que tendem a promover ganho de peso. (GREEN & FLATT, 2007, p. 501; PINKNEY, FOX & RANGANATH, 2010, p. 402-403). Além da perda de peso e melhorias no controle glicêmico, promovidas pela utilização clínica de exenatida, também são observadas a diminuição da produção de glucagon, estimulações da sensação de saciedade, inibição do esvaziamento gástrico atrasando a digestão e absorção dos carboidratos e possivelmente aumento no gasto energético. Em particular, o potencial de redução no peso corporal em pacientes com diabetes tipo 2 pode ter um impacto positivo sobre o desenvolvimento de complicações vasculares e resultados a longo prazo no paciente. (BOND, 2006, p. 283-284; GREEN & FLATT, 2007, p. 502; SCHNABEL, WINTLE & KOLTERNAN, 2006, p. 74). A exenatida melhora o controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2, reduzindo significativamente a HbA1c, em jejum e hiperglicemia pós-prandial. Considerando que a hiperglicemia pós-prandial parece ser fator de risco de doenças cardiovasculares mais importante que os níveis plasmáticos de glicose no jejum em pacientes com DM2, o controle farmacológico da glicemia após as refeições com exenatida tem um potencial para a redução da incidência dessas complicações a longo prazo. (SCHNABEL, WINTLE & KOLTERNAN, 2006, p. 71-72, PINKNEY, FOX & RANGANATH, 2010, p. 403). Seu uso é comumente associado a efeitos adversos gastrointestinais, incluindo náuseas, vômitos e diarréia. Como terapia continuada, as náuseas parecem declinar em termos de gravidade e apresentam-se como efeito dose-dependente. Um número relativamente baixo de episódios de hipoglicemia foram notificados quando em associação com sulfoniluréias. Nos estudos, foram comparados exenatida com sulfoniluréia utilizados isoladamente. Não existem estudos adequados em mulheres grávidas, no entanto, em camundongos, foi demonstrado que exenatida reduz o crescimento fetal e tem efeitos esqueléticos na dose máxima recomendada de 20 mcg / dia. (BOND, 2006, p. 283). Outro fármaco desenvolvido para o tratamento de diabetes é a liraglutida. Sua estrutura é baseada nas modificações de GLP-1 por meio de substituição de Lisina-34 por Arginina-34 e a fixação de uma cadeia de ácido graxo de 16 carbonos no resíduo de Lisina 26 (ligação feita por meio de uma molécula de ácido glutâmico), que presumivelmente dificulta a clivagem pela DPP-4. Essa modificação, por si só, parece ser suficiente para conferir certa resistência ao liraglutida, como também é observado com alterações semelhantes à GIP. As substituições efetuadas no GLP-1 promovem a lenta absorção e degradação do liraglutida em comparação com o GLP-1 fisiológico, possivelmente através da interação com albumina e uma capacidade de formar agregados no tecido subcutâneo, resultando em um tempo para concentração máxima de 9-14 horas, e meia-vida de até 13 horas após administração subcutânea, onde se percebe melhor adesão do paciente sem efeitos adversos com doses adequadas. (CHIA & EGAN, 2008, p. 3705; GALLWITZ, 2005, p. 63-64; MCGILL, 2009, p. 50; PRATLEY & GILBERT, 2008, p. 81-82). São características importantes da terapia medicamentosa com liraglutida: 1) oferece baixo risco de hipoglicemia; 2) melhora o funcionamento das células β; 3) não está associada ao ganho de peso; 4) está associada com pequenos ou moderados efeitos adversos gastrointestinais; 5) o fármaco é indicado para administração de uma única dose diária. Efeitos adversos mais frequentemente relatados foram náuseas e vômitos, especialmente nas doses mais elevadas. Também não há desenvolvimento de anticorpos, observado em ensaios de até 14 semanas. (CHIA & EGAN, 2008, p. 3705, GUPTA, 2013, p. 416). A administração de liraglutida leva à redução da glicemia de jejum, aumento da primeira fase da secreção de insulina após refeições e supressão da produção pósprandial de glucagon. O medicamento age de forma dependente da glicose, o que significa que estimula a secreção de insulina e inibe a secreção de glucagon, somente quando os níveis de glicose estão mais altos que o normal. (COSTA & FORTI, 2006, p. S621). Vários estudos clínicos mostram que a liraglutida tem efeitos benéficos na função das células β-pancreáticas. Em pacientes com DM2, este fármaco foi capaz de aumentar marcadamente a função das células β em 24 horas, fato demonstrado pelo significante aumento na secreção de insulina induzida por glicose. (MCGILL, 2009, p. 51). Em um estudo com pacientes diabéticos tipo 2, foi relatado que uma única dose de liraglutida foi capaz de restaurar a sensibilidade das células β à glicose. Além disso, foi demonstrado por meio de um estudo duplo-cego de 12 semanas que a liraglutida melhora a função da célula β e é eficiente no controle da glicemia em pacientes com DM2. Em doses de 0,225 a 0,75 mg por dia, a liraglutida diminui os níveis de HbA1c em pacientes com DM2 em até 0,75% comparando a um placebo. Outro dado experimental mostra que a liraglutida em doses diárias de 0,45 a 0,75 mg melhorou o controle glicêmico e o peso corporal tanto quanto à metformina (COSTA e FORTI, 2006, p. S621). A associação entre a liraglutida e outros fármacos usualmente prescritos para pacientes com diabetes também tem sido investigada. Foi demonstrado que a administração de liraglutida associado à metformina durante 5 semanas reduziu em média 0,8% a HbA1c quando comparado ao tratamento apenas com a metformina. Quando administrados juntos, esses fármacos foram mais eficientes na redução da glicemia no jejum e do peso corporal quando comparados à associação metformina/glimepirida. (CHIA & EGAN, 2008, p. 3705). Sullivan e colaboradores utilizaram um modelo de simulação computadorizada para avaliar o efeito das intervenções farmacológicas com liraglutida em monoterapia ou associada à glimepirida na saúde de pacientes com DM2, utilizando parâmetros clínicos, tais como HbA1c, pressão arterial sistólica, lipídios séricos e índice de massa corporal. De modo geral, os resultados mostraram que pacientes em uso da associação liraglutida/glimepirida podem ter maior sobrevida e redução das complicações decorrentes do DM2 em um período de 10 a 30 anos, quando comparado com pacientes utilizando a associação rosiglitazona/glimepirida. (SULLIVAN et al., 2009, n.p.). 3.2 INIBIDORES da DPP-4 Os inibidores do sistema enzimático DPP-4 são novos medicamentos promissores para o tratamento do diabetes tipo 2. A lógica do uso de inibidores da DPP4 baseia-se na hipótese de reforço endógeno do GIP e GLP-1, através da inibição da sua atividade enzimática. Considerando a ampla expressão de enzimas da família DPP, uma condição essencial de um agente antihiperglicêmico é a sua seletividade para a DPP-4, com relação às outras isoformas, denominadas DPP-8 e DPP-9, a fim de minimizar o risco de efeitos adversos. (ROSENSTOCK et al., 2008, p. 32-33; VELLA et al., 2007, p. 1478). Sitagliptina e vildagliptina (figura 3) são altamente seletivos para a DPP-4 e capazes de aumentar a concentração de GLP-1 endógeno, sendo esses fármacos atualmente os únicos inibidores da DPP-4 aprovados para uso clínico. Seguindo a mesma linha, uma série de outras moléculas, incluindo saxagliptina e alogliptina, estão atualmente sob investigação em fase 2 e fase 3 dos ensaios clínicos. A grande vantagem que esses fármacos apresentam é a via de administração, que é oral. (ROSENSTOCK et al., 2008, p. 34-35; VELLA et al., 2007, p 1478, 1480). Fig. 3 - Estrutura da sitagliptina e vildagliptina. (Fonte: Adaptado de CHIA & EGAN, 2008, p. 3704) Inibidores da DPP-4 melhoram o controle glicêmico, a secreção de insulina, e a função de células ß-pancreáticas (DICEMBRINI, PALA & ROTELLA, 2011, n.p.). Em pacientes com diabetes tipo 2, tratamento crônico com inibidores da DPP-4 diminui glicose pós-prandial, glicemia de jejum e HbA1c e é bem tolerada com efeitos neutros no peso e uma baixa incidência de eventos adversos gastrointestinais e hipoglicemia (HERMAN et al., 2006, p. 4616; INZUCCHI et al., 2008, p. 578). O inibidor do DPP-4 sitagliptina já teve seu uso aprovado como segundo agente de escolha para o tratamento do DM2, em indivíduos que não responderam ao primeiro agente, como metformina, sulfoniluréia e tiazolidinodiona ou então, como terceiro agente de escolha, quando a terapia combinada de dois agentes não alcançou a meta glicêmica. A dose de sitagliptina é de 100 mg por dia, no entanto esta deve ser corrigida em pacientes com insuficiência renal. Além disso, mostrou-se efetiva quando utilizada em associação com a metformina, a sulfoniluréia ou a tiazolidinodiona. (HERMAN, et al., 2006, p. 4617-4618; INZUCCHI et al., 2008, p.577). Sitagliptina não interage com outras proteases intimamente relacionadas à DPP4. Esse fármaco é rapidamente absorvido, atingindo pico de níveis plasmáticos 1-6 h após a administração. Sua meia-vida é 8-14 h, com biodisponibilidade de 87%, com ou sem alimentos. Cerca de 80% da dose é excretada inalterada pelo rim, com 15% da droga metabolizada pela citocromo P3A4 e citocromo P2C8 no fígado. Com a administração de 100 mg por dia, a atividade de DPP-4 é inibida em mais de 80% por um período de 24 horas. (BERGMAN et al., 2006, p. 56-57; BOSI, et al, 2008, p. 104). Como resultado, a concentração de GLP-1 intacta e biologicamente ativa é aumentada de 2 a 3 vezes no período pós-prandial. (GALLWITZ, 2007, p. 204). Além dos efeitos da sitagliptina sobre o metabolismo da glicose, estudos em camundongos mostraram que o tratamento com esse fármaco por 2 a 3 meses levou à melhora de parâmetros lipídicos como concentrações plasmáticas de triacilgliceróis e ácidos graxos livres. (GALLWITZ, 2007, p. 205). A vildagliptina, outro fármaco da classe, é um inibidor seletivo e competitivo da DPP-4 e possui baixo peso molecular. Após a administração oral, vildagliptina é rapidamente absorvida e atinge níveis plasmáticos em 1-2 horas. Sua meia-vida de 2 horas é menor que a da sitagliptina. Sua biodisponibilidade é de 85%, e sua farmacocinética não é afetada pelos alimentos. A administração de 100mg, diariamente, inibe a 98% da atividade da DPP-4, em 45 minutos após a administração e 60%, após 24 horas. Aproximadamente 85% do vildagliptina é metabolizado no fígado e os 15% restantes são eliminados inalterados pelos rins. (BOSI et al., 2008, p. 104; ROSENSTOCK et al., 2008, p. 32). Ensaios clínicos avaliaram a vildagliptina como monoterapia inicial em comparação ao placebo e metformina, rosiglitazona, ou acarbose, e também como primeira combinação terapêutica com pioglitazona em comparação com a droga em monoterapia. Pacientes com dificuldade no controle glicêmico tiveram redução maior da HbA1c, após 24 semanas de uso do fármaco. Dados do estudo sobre a ampliação do grupo com melhor controle glicêmico mostraram que a redução máxima de HbA1c ocorreu em torno de 24-30 semanas. Como monoterapia, vildagliptina 50mg, administrada duas vezes por dia, foi tão eficaz quanto a rosiglitazona 8 mg, uma vez ao dia, acarbose 100mg três vezes ao dia, em relação à diminuição das concentrações de HbA1c, mas não tão eficaz como metformina 1000mg duas vezes ao dia. A terapia combinada com vildagliptina e pioglitazona mostrou-se melhor no controle glicêmico do que vildagliptina ou pioglitazona em monoterapia. (CHIA & EGAN, 2008, p. 3711). Vildagliptina é eficaz quando administrado como terapia adjuvante aos pacientes inadequadamente controlados com sulfoniluréia, metformina, tiazolidinodiona, ou terapia com insulina. Além disso, vildagliptina e pioglitazona também foram eficazes como terapia adjuvante para os pacientes que eram inadequadamente controlados com metformina. (CHIA & EGAN, 2008, p. 3711). Os efeitos adversos da vildagliptina são comparáveis ao do sitagliptina. vildagliptina não tem risco de eventos adversos gastrointestinais, porém há um aumento de risco para infecção urinária e cefaleia. (CHIA & EGAN, 2008, p. 3712, DICEMBRINI, PALA & ROTELLA, 2011, n.p.). CONCLUSÃO A ligação entre as incretinas GLP-1 e GIP e seus receptores nas células βpancreáticas leva à ativação das cascatas de sinalização celular que envolvem PKA e EPAC, de modo dependente da concentração de cAMP. O resultado dos eventos decorrentes da ativação dessas vias é o aumento das concentrações intracelulares de Ca2+ necessário ao processo de exocitose da insulina. Nos últimos anos, foram desenvolvidos fármacos baseados na ação das incretinas para o tratamento de pacientes com DM2. Esses fármacos atuam basicamente de duas formas distintas: mimetizando a ação das incretinas (exenatida e liraglutida) ou inibindo a ação da enzima responsável pela degradação das incretinas, dipeptidil peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina). A terapia com “medicamentos incretinas” tem se mostrado eficaz na utilização como monoterapia ou associados a outros antihiperglicêmicos, assim é possível reduzir as doses dos medicamentos e, consequentemente, os efeitos adversos. A terapia, apesar de custo elevado, possui grandes benefícios para o paciente como diminuição das complicações cardiovasculares. REFERÊNCIAS BERGMAN, Arthur J. et al. 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