CARVALHO JÚNIOR, O.V.; SOUSA, I.F.; SOUZA, A.A.; SANTOS, G.V.; SOUZA, M.D.; ANDRADE, I.G.V.; LIMA, M.N.R.; LIMA NETO, I.S. Divergência genética entre acessos de batata-doce empregando descritores morfológicos de duas classes comerciais de raiz. In: II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste, 2015, Fortaleza. Anais do II Simpósio da RGV Nordeste. Fortaleza, Embrapa Agroindústria Tropical, 2015 (R 158). Divergência genética entre acessos de batata-doce empregando descritores morfológicos de duas classes comerciais de raiz Osmar Vieira de Carvalho Júnior1, Ícaro Fernandes de Sousa1, Adelmo Andrade de Souza1, Geisiane Varjão dos Santos1, Meiriane Dias de Souza1, Isa Gabriela Vieira de Andrade1, Mariana Neto Rosa Lima2, Izaias da Silva Lima Neto3 1 Graduando. Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Campus de Ciências Agrárias (CCA). CEP: 56300-000, Petrolina, PE. [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; 2 Mestranda. Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus III. CEP: 48905-680, Juazeiro, BA. 3 [email protected]; Docente. Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Campus de Ciências Agrárias. CEP: 56300-000, Petrolina, PE. [email protected] Palavras-chave: Ipomoea batatas, hortaliça tuberosa, variabilidade genética Introdução A batata-doce (Ipomoea batatas) é uma hortaliça tuberosa amplamente distribuída no território brasileiro e que apresenta grande variabilidade genotípica e fenotípica (Daros et al., 2002). Na região do Vale do São Francisco tem-se uma grande diversidade de acessos de batata-doce mantidos na agricultura tradicional (conservação on farm) com potencial para serem empregados em programas de melhoramento genético. A Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) dispõe de um Banco de Germoplasma de Hortaliças (BGH) com 15 acessos de batata-doce coletados em propriedades de agricultores familiares na região do Submédio São Francisco. O estudo da diversidade genética desses acessos é de suma importância para analisar o quanto estes divergem geneticamente. A caracterização da raiz tuberosa utilizando descritores morfológicos é uma forma de estudar essa diversidade. Porém, nenhum trabalho informa qual o padrão de raiz a ser estudada, uma vez que isso pode influenciar na expressão de determinados caracteres. Visto isto, o presente trabalho objetivou avaliar a divergência genética de quatro acessos de batata-doce do banco de germoplasma da UNIVASF (BGH/UNIVASF) empregando caracteres morfológicos provenientes deduas classes de raiz. Materiais e Métodos O experimento foi realizado entre fevereiro e agosto de 2015 no Setor de Olericultura da UNIVASF, no Campus de Ciências Agrárias. Foram avaliados quatro acessos de batata-doce advindos da agricultura tradicional da região de Juazeiro, Bahia e Petrolina e Lagoa Grande, Pernambuco. Adotou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso com três repetições. Cada parcela foi alocada com as dimensões de 4 x 0,5 x 0,3 m, espaçadas 1,6 m entre si. Em cada leira foram estabelecidas 10 plantas, espaçadas 0,4 m entre si. A irrigação foi por aspersão convencional e adubação foi realizada aplicando-se 44,12 m³/ha de composto orgânico. A colheita foi realizada 169 dias após o plantio e as raízes foram classificadas em duas categorias comerciais, sendo: raiz “boa” (massa entre 150 a 800 g e diâmetro máximo de 25 cm) e raiz “cocão” (massa acima de 800 g e diâmetro maior que 25 cm). Selecionou-se as três raízes mais representativas de cada acesso para a avaliação. Foram utilizados descritores qualitativos e quantitativos de raiz proposto por Huamán (1991). Os descritores qualitativos avaliados incluíram: formato da raiz, presença de defeitos na superfície da raiz, cor principal da película externa da raiz, cor principal e secundária da polpa da raiz, padrão de distribuição da cor secundária, produção de látex e oxidação da raiz. Para os caracteres quantitativos avaliou-se: comprimento e diâmetro das raízes, peso médio da raiz, espessura do córtex e severidade de danos causados por insetos de solo.Estimou-se a distância genética usando a “distância de Mahalanobis” para dados quantitativos, enquanto a matriz dos dados qualitativos foi obtida por meio de índice fundamentado na distância euclidiana média, pois os acessos apresentavam padrões fenotípicos distintos (multicategórico quantitativo), o que dificultou o uso do índice de coincidência simples. As duas matrizes tiveram os valores padronizados e foram somadas. A matriz soma obtida foi utilizada para a análise de agrupamento pelo Método de Otimização de Tocher. Todas as análises foram realizadas no Programa Genes (Cruz, 2006). Resultados e Discussão II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste Fortaleza, 10-13 de novembro de 2015 Valorização e Uso das Plantas da Caatinga Observou-se que os genótipos avaliados foram alocados em dois grupos genéticos distintos para as duas classes de raízes (Tabelas 1 e 2). O grupo I foi o mais numeroso com três acessos, enquanto o grupo II foi composto por um único acesso em ambas as classes avaliadas. Observou-se que tanto para dados qualitativos como quantitativos houve diferença nos agrupamentos para as duas classes de raízes. Isso indica que a avaliação de um conjunto reduzido de caracteres influencia na formação dos grupos. Silva et al. (2012) avaliaram, em condições edafoclimáticas diferentes, a divergência genética em raízes comercias de batata-doce usando descritores fenotípicos observaram que os caracteres de natureza quantitativos pouco discriminou os acessos avaliados, sendo estes muito similares. Por outro lado, a avaliação simultânea de caracteres qualitativos e quantitativos de raiz, resultantes da soma dessas matrizes de dissimilaridade, apresentou agrupamentos idênticos para as duas classes comerciais de raízes avaliadas. Isso indica que os estudos de divergência genética podem ser realizados tanto na classe “boa” quanto na classe “cocão”, empregando os caracteres morfológicos de raiz. Embora algumas características como diâmetro da raiz, peso médio e espessura do córtex possam variar entre as categorias de raiz, isto não foi suficiente para alterar o padrão de agrupamento. Dados relacionados à produção e produtividade são comprometidos quando a raiz é avaliada na classe “cocão”, pois se perde informações sobre a avaliação dos acessos na classe “boa”, considerada de maior aceitação e valor comercial. Além disso, exige maior tempo de permanência da cultura em campo, deixando-a sujeita aos estresses bióticos e às adversidades climáticas. A classe de raiz “boa” torna-se a mais indicada para o estudo de diversidade genética, por discriminar os acessos e não comprometer a avaliação agronômica no que tange a produção e produtividade comercial de raiz. Vale ressaltar que essa classe pode ser alterada em razão dos objetivos comerciais da produção e do padrão de preferência regional das raízes. A informação gerada é útil, pois para estudos de caracterização de germoplasma de batata-doce tem-se a indicação do padrão de raiz mais apropriado para colheita e avaliação. Trabalhos posteriores, abrangendo avaliação de maior número de acessos, poderão ser desenvolvidos visando corroborar os resultados apresentados no presente estudo. Tabela 1. Agrupamento estabelecido pelo Método de Otimização de Tocher entre quatro acessos de batatadoce para classe de raiz “boa”, avaliados a partir de cinco variáveis quantitativas e oito qualitativas. Grupo I II 8 21 Qualitativa 10 20 Acesso (BGH/UNIVASF) Quantitativa 8 10 21 20 Qualitativa+Quantitativa 8 10 20 21 Tabela 2. Agrupamento estabelecido pelo Método de Otimização de Tocher entre quatro acessos de batatadoce para classe de raiz “cocão”, avaliados a partir de cinco variáveis quantitativas e oito qualitativas. Grupo I II 8 20 Qualitativa 10 21 Acesso (BGH/UNIVASF) Quantitativa 8 10 20 21 Qualitativa+Quantitativa 8 10 20 21 Conclusão A avaliação conjunta dos caracteres de natureza qualitativa e quantitativa provenientes das duas classes comerciais de raízes avaliadasnão apresentou diferença no padrão de agrupamento formado. A classe “boa” discrimina igualmente os acessos quando comparada à classe “cocão”, sem comprometer a avaliação da produção comercial, sendo indicada para estudos de caracterização morfológica de raiz de acessos de batata-doce. Referências CRUZ, C.D. Programa Genes: Biometria. Editora UFV. Viçosa (MG). 382p. 2006 DAROS, M.; AMARAL, A. T. Adaptabilidade e estabilidade de produção de Ipomoea batatas. Acta Scientiarum. v. 22, n. 4. p. 911-917. 2002. HUAMÁN, Z. (Ed.). Descriptors for sweet potato. Rome: International Board forGenetic Resources/Centro Internacional de la Papa/Asian Vegetable Research andDevelopment Center, 1991. 134 p. SILVA GO; PONIJALEKI R; SUINAGA FA.Divergência genética entre acessos de batata-doce utilizando caracteres fenotípicos de raiz. Horticultura Brasileira. v. 30, n. 4. p. 595-599. 2012. II Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste Fortaleza, 10-13 de novembro de 2015