Saúde Mental e Trabalho

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 Saúde Mental e Trabalho Por Ana Cristina Jacques
A relação entre a saúde e o trabalho vem sendo alvo de investigações e estudos e, a saúde do trabalhador configurou‐se com uma questão prioritária para a área da saúde no Brasil. Essa preocupação com relação ao estudo sobre o trabalho e o trabalhador é importante, pois é através do conhecimento que podemos evitar, diminuir e alicerçar novas idéias aos problemas agravados ou provocados pelo trabalho tanto em nível individual como coletivo. Através da história vemos o quanto avançou, mas que ainda tem‐se muito o que fazer, pois o atendimento é desigual, já que nos encontramos em uma sociedade completamente capitalista, aonde que tem muito, paga muito e recebe muito, enquanto os que pouco tem, recebem o proporcional a isso. Cada época tem a sua demanda diferenciada em virtude de que os instrumentos de trabalho se modificam, mas o homem continua sendo o mesmo trabalhador e o produto final, com suas necessidades, desejos, frustrações,etc. Sabe‐se que as patologias se originam de fatores biológicos,ambientais e sócio‐culturais, enfim um conjunto de agravantes e não podem ser tratados somente com remédios que é o que acontece atualmente,essa visão abre uma porta para a reflexão sobre os modelos vigentes, ampliando a visão sobre a saúde ocupacional e da medicina em geral. Uma equipe multi ou interdisciplinar é o diferencial em todo este processo, pois é ela quem tem condições de abordar o todo, conhecer o indíviduo, suas necessidades, estudar a relação entre a patologia e o trabalho e contribuir para transformar este processo. Alguns elementos são reconhecidos como aqueles que têm certa interferência, ou uma tendência, a participar ativamente na qualidade de saúde mental do trabalhador na sua relação com o trabalho. Primeiramente, cabe discursar sobre a importância da motivação no trabalho. Segundo o site Wikipédia, motivação é o conjunto de fatores psicológicos (conscientes ou inconscientes) de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais agem entre si e determinam a conduta de um indivíduo,despertando a sua vontade e interesse para uma tarefa ou ação conjunta. Dessa forma, entende‐se que a motivação surge de dentro das pessoas, não há como ser imposta. (pt.wikipedia.org/wiki/Motivação‐05.05.2009). Há algumas décadas o trabalhador se dedicava integralmente à empresa a qual trabalhava, era ali que fazia carreira e quase sempre é onde se aposentava. Houve uma mudança principalmente a partir da década de 90 com a entrada do Brasil no mundo da globalização, diante da conjuntura social o colaborador viu‐se diante do excesso ou da redução do trabalho,do medo do desemprego e consequentemente ficou desamparado psicologicamente. (http://www.marisadeabreu.com.br/page51.php?post=4‐ 05.05.2009) O medo do erro e de ser punido ocorre na maioria das empresas, ele necessita se auto‐
realizar, desafiar, ser desafiado, buscar respostas e solucionar problemas, isso o motiva e o faz se sentir como parte integrante , uma peça integrante e necessária à corporação. Quantas empresas investem nesta necessidade, e não pensam na motivação como sendo um escoamento de dinheiro sem lastro? Chamam palestrantes, dão bônus ,mas não vão ao ponto principal , a organização do trabalho. Quando se foca na união entre os objetivos pessoais e corporativos normalmente consegue‐se uma dedicação maior e melhor à função, conforme Júlio César Barbosa (2007) normalmente os motivados serão a mola propulsora para os desmotivados. Até o ano de 1993 antes do Plano Real o trabalhador ainda se sentia reconhecido como profissional , hoje o trabalho se molda em um padrão de sobrevivência, muitas vezes sem vínculo empregatício , trabalhadores desviados de função, insatisfeitos. Hoje ele é mais um número, sem realização profissional e tampouco reconhecimento, em função disso o envolvimento e a motivação também diminuíram e o trabalho passou a ser mero objeto de sobrevivência. Normalmente a motivação se alicerça através de bônus, no qual o empregador exige o máximo de seu trabalhador, mas normalmente esquece as condições de trabalho, como salários dignos, ambiente ergonômico e organização do trabalho. Quando a organização motiva de forma particular a produtividade aumenta, onde é reconhecida a individualidade, a capacidade, o reconhecimento dos objetivos. Sabemos que existem crises de valores, mas não sabemos exatamente quais, Leboyer (1994, p.134) diz que isso acontece por duas razões: " primeiro, os indicadores de produtividade, de qualidade e de absenteísmo são determinados por alguns fatores. Segundo, alguns destes indicadores são altamente confidenciais". Um dos indicadores certamente é a diminuição da jornada de trabalho. Todo o trabalhador se pauta por um objetivo ou pelo desejo de alcançá‐lo, mas observa‐se que nem sempre têm a consciência de seus objetivos. Segundo Hersey e Blanchard (1986), a unidade básica do comportamento é a atividade, porque todo comportamento compõe‐se de uma série de atividades. Para Hersey e Blanchard (1986) os objetivos estão fora da pessoa e às vezes são chamados de recompensa esperada , para as quais se dirigem os motivos. Um trabalhador não executará bem a sua função se não for movido, se não existirem fatores dinâmicos que o envolvam em uma situação. A isto chamamos de motivação que pode ser interno (interesses pessoais, aptidões) ou externo (estímulos que a organização oferece). Cada trabalhador deve ser motivado de forma diferente e como está sempre à procura de satisfazer as suas necessidades é importante que a organização esteja sempre as adequando as necessidades individuais. Inúmeras empresas trabalham hoje com benefícios flexíveis, sendo uns obrigatórios e outros opcionais e o colaborador escolhe o que mais lhe interessa. Reuniões feitas quando se necessita de resultado imediato não motivam ninguém, só servem para dar a impressão à chefia que a mesma está diante e a par de todas as estratégias. Ter a consciência do caráter individual da motivação e que não existem 100% de satisfação, sempre haverá uma necessidade a ser atendida e que isto demanda novas condutas motivacionais por parte do líder em conjunto com a equipe colaboradora. Motivação é conseqüência, não causa. Não podemos esquecer que antes de agradar o cliente o trabalhador é quem primeiro deve ser lembrado. Ana Cristina Jacques ‐ Porto Alegre, RS, Brasil ‐ Pós graduada em Saúde do Trabalhador 
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