INSUFICIÊNCIA CORONARIANA Epidemiologia: A doença isquêmica do miocárdio (DIM) é causada quase sempre pelas doenças ateroscleróticas coronarianas (DAC), é muito prevalente e é de longe a principal causa de óbito no mundo. Mas sua prevalência vem ↓ devido : ao melhor conhecimento de sua fisiopatologia, as atitudes de prevenção 1° e 2° e pelo melhor suporte de tratamento. Quando a obstrução é ↑ a 50%, a isquemia já pode surgir em condições de ↑ da demanda miocárdica. Fisiopatologia: -Isquemia = desbalanço entre Fluxo coronariano e Consumo de O2 1. Fluxo coronariano= Pressão de perfusão/ Resistência coronariana. Pressão de perfusão= Pressão sanguínea na raiz da aorta – pressão no átrio D, onde desemboca o sangue venoso coronariano. Resistência coronariana= soma das 3 resistências a seguir: Resistência dos grandes vasos epicárdicos: estável em condições fisiológicas, adquire importância na DIM: em presença de obstrução orgânica (arteriosclerose- q ↓ reserva de fluxo) ou funcional (vasoespasmo, ↑ do tônus vascular, agregação de plaquetas e trombose- q ↓ transitoriamente o fluxo) Resistência dos paz vasos em nível arteriolar: fundamental na auto- regulação. Possuem tônus vasomotor ↑, portanto grande capacidade de reserva p/ as dilatações necessárias. Resistência extravascular: resulta da compressão q os vasos intramiocárdicos sofrem. Seus efeitos são maiores nas regiões subendocárdicas do q nas subepicárdicas. 2. Consumo de O2= depende de fatores determinantes do trabalho cardíaco: contratilidade, freqüência e tensão parietal sistólica (pós-carga ventricular) -Aterosclerose: Acúmulo de lipoproteínas (LDL) na íntima da artéria (por: ↑ da permeabilidade, fissura endotelial ou por ligação na matriz extracelular) → Recrutamento de monócitos p/ a estria gordurosa nascente (aderem a receptores endoteliais) → Os monócitos tornam-se macrófagos e captam os LDLs virando células espumosas → Os macrófagos produzem fatores de crescimento e citocinas, estimulando expansão da muscular da íntima e da sua matriz extracelular, formando capa fibrosa em torno de um cerne repleto de macrófagos e lipídeos liberados de células espumosas mortas. Plaquetas também aderem à lesão. A principal causa de oclusão súbita é uma fissura na placa que leva à exposição do meio interno desta, assim há ligação de plaquetas e forma-se um trombo no local ocluindo a artéria. Anatomia do coração: A irrigação cardíaca é proveniente das coronárias, que originam-se da raiz da aorta (CE e CD). A CE vira a DA e Cx. A CD irriga o VD e quando é dominante (70% dos casos) irriga também a porção basal do septo e parede postero-inferior do VE. A Cx irriga a parede lateral do VE e quando dominante (30% dos casos a porção basal do septo e parede postero inferior do VE. DA quase todo o septo IV, parede anterior e apical do VE. Fatores de risco p/ DAC: 1.Maiores: - Hiperlipidemia, DM, HAS, TBG 2.Menores: -Idade: > 45 anos p/ ♂ e > 55 anos p/ ♀ -História familiar de DAC -Obesidade -Sedentarismo -Anti-concepcionais orais -Estresse Obs: a homocisteína têm se mostrado um importante fator de risco, provavelmente por seu efeito citotóxico direto ao endotélio. Prevenção: -Primária: é a identificação e a intervenção nos fatores de risco, por meio de mudança no estilo de vida p/ prevenir doenças cardiovasculares em pacientes sem doença prévia. -Secundária: é a identificação e tratamento de pacientes c/ DAC e tratamento e reabilitação de pacientes que tiveram evento isquêmico (p/ prevenir outro evento). ‘Cascata Isquêmica’: é a ordem em q ocorre as conseqüências da isquemia: disfunção contrátil→ alterações no ECG→ angina pectoris. A isquemia pode ser subendocádica (típica da angina) ou transmural (típica do IAM). Miocárdio Atordoado: é uma disfunção contrátil (hipo, aci ou discinesia) pós-isquêmica, ñ há necrose e há completa recuperação alguns dias após normalização da perfusão miocárdica. Miocárdio Hibernante: p/ se proteger de uma coronária estenosada (isquemia crônica), há ↓ da contratilidade, mantendo ↓ consumo de O2. Isquemia Silenciosa: é uma isquemia sem sintomas, ocorre tanto em pacientes q também tem isquemias sintomáticas quanto naqueles totalmente assintomáticos. Pode ser detectada pela monitoração c/ Holter ou ECG de esforço. Alteração no ECG: -isquemia = inversão de onda T/ infradesnivelamento transitório de ST -‘onda de lesão’= supradesnivelamento de ST (mostra lesão aguda) - local infartado= onda Q patológica (maior q 1 quadradinho ou + q 1/3 do comprimento QR) Síndrome X: á a ocorrência de dor torácica típica c/ coronárias normais na angiografia (obstrução deve ser em artérias menores), podendo aparecer alterações no ECG. Angina de Prinzmetal: caracterizada por ↓ da luz coronariana por vasoespasmo, há isquemia grave. 75% dos pacientes tem obstrução fixa há 1 cm do local de espasmo. Dor, em geral, aparece no repouso ou durante o sono. Tratamento agudo= doses de nitrato sublingual e nifedipina de ação curta; crônico: nitratos longa duração e antagonistas do Ca. Espectro Clínico da DIM: Angina Estável Síndromes coronarianas agudas: Ang Instável, IAM s/ e c/ supra ANGINA ESTÁVEL Reserva coronariana é a capacidade fisiológica do leito arteriolar coronariano de dilatar-se para aumentar a perfusão miocárdica quando há maior demanda energética. A principal situação em que isso ocorre é o exercício físico. Em indivíduos normais a reserva pode multiplicar o fluxo 6 vezes. O principal problema na angina estável é a queda desta reserva! A disfunção endotelial, além do papel na aterogênese, tem um papel fundamental na redução da reserva pois o endotélio produz substâncias vasodilatadoras (NO). A lesão ainda aumenta a produção de vasoconstrictores (endotelina). A disfunção endotelial também aumenta a trombogenicidade do vaso pois permite maior ativação plaquetária (diminui prostaciclinas) e diminui a fibrinólise (diminui o tPA e aumenta o PAI-1). É a manifestação clínica de uma placa de ateroma obstrutiva fixa. Clínica: Dor retroesternal, irradia-se p/ mandíbula, pescoço, braço E ou epigástrio. Caráter da dor: + comuns: pressão ou aperto. - comuns: peso, queimação. Mas também pode-se ter dor atípica ou o equivalente anginoso (mulheres, diabéticas e idosos sintomas podem ser cansaço, dispnéia). Duração: > 2 min e < 10 min Agrava c/: Esforço físico, Frio, Estresse emocional, Pós- prandial. Em relação ao exercício físico, a angina ocorre c/ um nível presumível de esforço. Aliviada c/: Repouso ou Nitrato sublingual Diagnóstico: a presença de dor típica em pacientes c/ fatores de risco é bastante indicativa. A dor não ocorre no repouso e nem em esforços pequenos (diferenciar de SCA) Para investigar a DIM os melhores são os Testes Provocativos. Exames Complementares: ECG: Em repouso: 50% desses pacientes têm ECG normal. Alterações + comuns: do segmento ST (infra é mais comum) e da onda T(forma simétrica e pontiaguda, em forma de sino, com polaridade positiva ou negativa) c/ ou s/ infarto trasmural prévio. De esforço (“Teste Ergométrico”): a sensibilidade do teste ergométrico é de 75% e a especificidade é de 85%. Fornece informações sobre grau e severidade, limitações funcionais e os prognósticos evolutivos. Há infradesnivelamento de ST (> 1 mm). É o teste de escolha, por ↓ custo e ↑ praticidade. SEMPRE CONSIDERAR PROBABILIDADE PRÉ-TESTE! Cintilografia: é um teste ergométrico + exame de imagem perfusional (radioisótopo + utilizado= sestamibi c/ tecnécio 99 ou tálio 201). Maior acurácia, indicado quando ECG esforço é inconclusivo ou quando ECG basal impede a interpretação pelo TE convencional ou quando há necessidade de saber qual o território de miocárdio isquêmico afetado. É positivo quando: há defeito de perfusão no esforço que desaparece no repouso, se não desaparecer no repouso pode tratar-se de uma área de fibrose, infarto, artefato ou miocárdio hibernante. Vantagem: mostra os segmentos acometidos. Teste c/ estresse farmacológico: indicado p/ pacientes q ñ pode realizar esforço físico (bloqueio de ramo, arritmias complexas, disfunção ventricular...). Os + utilizados são: ECO c/ dobutamina (↑ consumo O2 miocárdico) = ECO- Estresse; ou a cintilo c/ dipiridamol (provoca roubo coronariano). Cinecoronariografia: realizada apenas em: casos duvidosos, pacientes c/ angina refratária ou c/ critérios de alto risco. Avaliação da extensão da doença e indicar possível revascularização. Tratamento: 1. Mudança no estilo de vida: visando ↓ progressão da aterosclerose. Inclui: controlar fatores de risco e realização de exercício físico regular (↑ HDL e reserva coronariana). 2. Medicamentoso: Drogas antianginosas: Nitrato sublingual: Coronariodilatador + eficaz, venodilatador. Droga de 1° linha p/ angina estável. Nos casos + esporádicos= uso profilático p/ prevenir angina ao exercício. Usar 15-30 min antes do esforço (Nitroglicerina sublingual, 0,3 a 0,6 mg). Se dor persistir= procurar UBS. Nos casos + freqüentes= nitrato regular (di 10 mg 3x/dia ou mononitrato de isossorbida 20mg 12/12h, SEMPRE c/ intervalo de 12 horas s/ uso da droga p/ evitar resistência acelerada taquifilaxia). B- bloqueador: reduz consumo de O2 (↓ FC, PA e contratilidade cardíaca). Usar em todos os pacientes q tiveram angina instável ou infarto. Contra-indicações: bradicardia importante, PAS< 90mmHg, BAV 2° e 3° grau, DPOC, disfunção sistólica importante de VE. Drogas: Propranolol, metropolol e atenolol. Reduz morbimortalidade. Antagonista do Ca: agem dilatando as coronárias, ↓ consumo O2 (idem b-bloq). Drogas: diltiazem, verapamil, amlodipina e nifedipina retard. Indicado p/ pacientes c/ dor persistente mesmo em uso de nitrato e B-bloq, intolerantes a estas drogas, hipertensos e c/ angina variante de Prinzmetal. Antiplaquetários: Reduz morbimortalidade. AAS: 100-200mg/dia. Uso em todos os pacientes coronariopatas. (↓ em 40% a chance de SIMI) Ticlopidina (ticlid) e clopidogrel (plavix): p/ pacientes q ñ toleram AAS. Estatinas: ↓ LDL- colesterol. São drogas q estabilizam endotélio, prevenindo eventos coronarianos agudos. Alvo do tratamento: LDL ↓ que 100 mg/dL. 3. Revascularização Miocárdica: objetivos: controlar angina refratária e ↑ sobrevida na DIM grave. Sempre realizar cinecoronariografia nestes casos (ANGINA REFRATÁRIA AO TRATAMENTO CLÍNICO OU DIM GRAVE). Angioplastia: alivia angina em 85-90% dos casos. Indicado em: doença uni ou bivascular c/ função ventricular normal ou leve/e deprimida; anatomia das lesões favoráveis. Risco de reestenose por hiperplasia da íntima (20% c/ stent e 30% s). Existe 2-5% de oclusão coronariana aguda pós-procedimento (por trombose ou dissecção da coronária recém-aberta) Cirúrgico: deve ser feita quando há lesão: de tronco da CE > 50%, tri vascular+ FE de VE <40%, bi ou trivascular em diabéticos, trivascular c/ anatomia complexa, bivascular c/ acometi/o extenso da DA proximal. Obs.: cerca de 50% das safenas ocluem em 8-10 anos e < 10% das mamárias ocluem neste período. Prognóstico da angina estável: Risco de óbito em 1 ano ~1%. Todos pacientes c/ angina estável devem ser estratificados quanto ao risco de óbito. Pior prognóstico: dor aos pequenos esforços, IAM prévio e testes provocativos mostrando critérios de alto risco. Mudanças no estilo de vida (diminuir progressão da aterosclerose): parar de fumar, fazer dieta, emagrecer, exercício físico regular, controlar a PA (menor que 130 x 80mmHg), controlar LDL (<100 obrigatório, recomendado <70) e HDL (>50), controlar DM (<110), vacinação contra influenza. SÍNDROMES CORONARIANAS AGUDAS Manifestações clinicas: dor anginosa em repouso (nas ultimas 48 hrs ou na hr da admissão) com duração superior a 15-20min ou dor anginosa aos pequenos, mínimos esforços ou em repouso que surgiu nos últimos 2 meses ou vem aumentando a intensidade, duração ou diminuindo o limiar. É dividida em 1)angina de Prinzmetal, 2) angina instável, 3) infarto sem SST e 4) infarto com SST. É decorrente de instabilização da placa de ateroma por progresso inflamatório-degenerativo que causa erosão (25% dos casos) ou ruptura (75%) da placa. Com a superfície exposta há ativação do sistema da coagulação formando- se um trombo que pode ser: suboclusivo (angina instável ou IAM s/ supra) ou oclusivo (IAM c/ supra de ST). Outro motivo p/ desencadear uma SIMI é o ↑ súbito do consumo de O2 (crise hipertensiva, anemia, tireotoxicose, taqui ou bradiarritmias...) - ANGINA DE PRINZMETAL: Dor anginosa devido a um vasoespasmo das artérias coronárias q cursam com elevação do segmento ST e não alteram enzimas. Geralmente ocorre em repouso ou à noite. O risco de IAM nesses pacientes é maior q na população geral e gira em torno de 20%. O ECG é normal fora das crises, mas no momento da dor ocorre supradesnivelamento de ST no território da coronária ocluida, que desaparece após o termino da dor em cerca de meia hora, nitrato pode acelerar esse desaparecimento. O diagnóstico é feito através de testes provocativos, que reproduzem o vasoespasmo, com a acetilcolina e a ergonovina, ambos revertidos pelo uso de nitrato. Tratamento: nitratos e antagonistas de canais de cálcio. O tabagismo deve ser imediatamente abandonado e Bbloqueadores são relativamente contra-indicados. - ANGINA INSTÁVEL: Patogênese: o mecanismo da instabilidade da placa alterna do espasmo coronariano à formação de trombo. Clínica: Dor de mesma localização, irradiação e forma q a da Ang Estável, mas + intensa e + duradoura (em geral <20 min). Tipos clínicos: 1. Instável de Repouso: dor em repouso nas últimas 48h. Se >20 min indica ser de alto risco 2. Pós-IAM: é o quadro doloroso entre o período de 48h até 2 sem do IAM. Prognóstico ruim. 3. Pós-Angioplastia: quadro anginoso nas 1°s 2 sem da angioplastia. 4. ‘em Crescendo’: pacientes q tem angina estável e q vem piorando (pode ser por: ↑ da intensidade da dor, ↓ do limiar anginoso, ↑ da duração, ↑ da irradiação e apareci/o de equivalentes anginosos. 5. de Início Recente: angina aos pequenos esforços há menos de 2 meses. Esses pacientes tem maior risco de evoluir p/ IAM do q a angina estável. Anamnese: sempre questionar os fatores de risco e informações sobre a dor, que pode ser classificada em: 1) Definitivamente anginosa: dor de caráter constrictivo ou em queimação, de localização subesternal ou precordial, irradiando para os MMSS ou mandíbula, melhorando com o uso de nitrato. 2) Provavelmente anginosa: algumas características a favor e outras contra a dor anginosa 3) Provavelmente não anginosa: dor totalmente atípica para dor anginosa, porém sem outro diagnóstico. 4) Definitivamente não anginosa: dor característica de outras dores torácicas, sem nenhuma característica de dor anginosa. NOTA: Quando há antecedentes para DAC e estágios 1 ou 2 sempre pensar em SCA! Exames complementares: NÃO HÁ ALTERAÇÕES DE ENZIMAS! ECG: Em repouso: pode estar normal ou c/ alterações isquêmicas da onda T (apiculada e/ou invertida, c/ segmento ST retificado) ou com infra de ST De esforço: o paciente pode apresentar: isquemia em baixas cargas (<5-6 METS), ↑ ou ↓ de ST, hipotensão, angina prolongada, alterações de ST persistentes mesmo após 5 min de repouso. Cintilografia: pode haver: envolvimento de até múltiplas áreas de VE, sinais de congestão pulmonar, dilatação de VE. Cateterismo: indicado para elucidar alterações encontradas nos exames anteriores. È útil p/ selecionar tratamento (clínico/ angioplastia/ cirúrgico) Complicações: IAM, dores precordiais recorrentes, edema pulmonar, insuficiência mitral, choque cardiogênico, arritmias ventriculares malignas, bloqueio AV avançado. -IAM: NOVOS CRITÉRIOS DIAGNOSTICOS DO IAM: AUMENTO E QUEDA GRADUAL DA TROPONINA OU UM AUMENTO E QUEDA GRADUAL DA CK-MB NA PRESENÇA DE UM DOS CRITÉRIOS E SEGUIR: 1)SINTOMAS DE ISQUEMIA MIOCÁRDICA, 2)DESENVOLVIMENTO DE ONDAS Q PATOLÓGICAS NO ECG, 3)DESNIVELAMENTO DO SEGMENTO ST (SUPRA OU INFRA), 4)INTERVENÇÃO CORONARIANA (ANGIOPLASTIA). Sem supra de ST: é quando há necrose de células miocárdicas (portanto há elevação de enzimas), mas não há supradesnivelamento de ST no ECG (ou seja, não é transmural) O ECG freqüentemente tem infradesnivelamento de ST mas pode também vir normal. Com supra de ST: há ↑ de enzimas + supadesnivelamento de ST. Clínica: Dor de mesma localização, irradiação e forma q a da Ang Estável, mas + intensa e + duradoura (neste caso dura + q 20 min). Não melhora c/ repouso ou nitrato SL. Pode vir acompanhado, como a Ang Instável de: dispnéia, astenia, náusea, vômitos, pré-síncope, sensação de morte iminente. Ocorre preferencialmente nas 1°s horas da manhã (devido ↑ de catecolaminas q > agregação plaquetária), ñ está relacionado a esforço. O desempenho do VE fica prejudicado podendo levar a: perfusão inadequada de órgãos (palidez, capacidade mental prejudicada, hipotensão sudorese, taquicardia, insuficiência pré-renal), edema pulmonar... Exame físico: Cardíaco: aparecimento de B3, B4, sopros, extrassístoles, arritmias... Respiratório: pode haver estertoração. Extremidades: cianose, edema, palidez. ECG no IAM com SST: Fase hiperaguda (1°s horas): supra de ST + onda T positiva Fase subaguda (1°s horas- 4 sem): onda T vai ficando -, aparece onda Q Fase crônica (após 2 a 6 sem): permanece onda Q. Alterações de T também podem permanecer Localização do IAM: -IAM anterior: V1 e V2; V1-V3; V1-V4; V1-V5; V1-V6; D1 e aVL + uma das anteriores -IAM anterior extenso: V!-V¨+ D1 e aVL -IAM lateral: D1 e aVL -IAM inferior: D2, D3 e aVF -IAM posterior: ‘imagem em espelho’ em V1 e V2 ou V1-V3. -IAM de VD: V3R e V4R Infarto de VD: complicação do IAM inferior. Pode levar à disfunção de VD, tendo-se baixo débito e conseqüentemente hipotensão ou choque. Contra- indicados: drogas q ↓ pré- carga (diuréticos e nitratos). Fazer reposição volêmica vigorosa. Curva enzimática: INÍCIO 1h CPK-MB 4-6 h Mioglobina CPK e (reinfarto) Troponinas 4-6 h PICO 2-4 h 24 h DURAÇÃO < 24 h 36- 48 h 24h 7-10 dias (infarto antigo) LDH 24- 48 h 7 dias 10-14 dias Valores normais: CPK-MB: até 5-7 ng/ml (massa) e até 15-20 U/L (atividade) Troponina I: até 0,1 ng/ ml Diagnóstico diferencial do IAM: a) dor torácica aguda: angina instável, dissecção de aorta, pericardite aguda, pneumotórax, embolia pulmonar e trauma torácico. b) dispnéia de instalação abrupta: embolia pulmonar, edema agudo hipertensivo, crise asmática, ICC descompensada. c) choque agudo: choque hipovolêmico, embolia pulmonar, choque séptico, tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo, pneumomediastino. d) morte súbita: isquemia miocárdica aguda, FV relacionada à cardiopatia, FV idiopática. - Objetivos da estratégia de atendimento: 1. Distinguir pacientes com SCA daqueles com outras condições (ver probabilidade de dor ser ou não anginosa) 2. Avaliar o risco potencial de desfechos adversos (ver escala de risco abaixo) 3. Iniciar, rapidamente, o tratamento em pacientes com risco elevado. - ESCALA DE RISCO PARA PACIENTES COM SCA: ALTO RISCO – um dos seguintes – dor anginosa prolongada (> 20 min) presente no momento do atendimento, sinais de congestão pulmonar, terceira bulha, hipotensão arterial e taquicardia, novo sopro de insuficiência mitral. No ECG: infra de ST > ou = 0,5 mm de inicio recente ou novo BRE, TVS ou FV, além de elevação de troponinas. MÉDIO RISCO – um dos seguintes – do prolongada ausente no atendimento ou que melhora com nitrato, angina aos pequenos ou mínimos esforços há menos de 2 sem em pacientes sem angina prévia, angina noturna. No ECG: alterações isquêmicas dinâmicas da onda T, infra de ST < 0,5mm, onda Q patológica, idade > 65 anos BAIXO RISCO – angina em crescendo, angina aos pequenos ou mínimos esforços há menos de 2 meses e mais de 2 semanas em pacientes sem angina prévia. ECG normal ou idêntico a um anterior do paciente. -TRATAMENTO: Medidas Gerais: até 10 min da chegada do pacientes. Fazer em toda SIMI 1. Repouso no leito 2. Monitorização cardíaca contínua 3. Acesso venoso 4. O2 nasal: 2 a 4l/min a 100%, por meio de cateter intra-nasal 5. Oximetria de pulso ou gasometria arterial 6. Solicitar ECG na admissão e em até 6h (pelo menos uma vez em casos não diagnósticos), 7. Solicitar marcadores bioquímicos de lesão miocárdica na admissão, e repetir após 6-9h (preferencialmente 9-12h após o início dos sintomas). 8. Analgesia: morfina 2 mg EV. Em pacientes ansiosos dar benzodiazepínicos (diazepam VO) Medidas Farmacológicas: - ANGINA INSTAVEL E IAM SEM SST... 1.Terapia anti- plaquetária: - AAS: 200- 325 mg (mastigar e engolir). Dar imediatamente e manter terapia c/ 100 mg/ dia. Redução de 70% na mortalidade na fase aguda do IAM. Usar em toda SCA - Ticlopidina (ticlid) e clopidogrel (plavix): pacientes que não toleram AAS, ou de alto risco que serão abordados por angioplastia. - inibidores da glicoproteína IIb-IIIa – indicados em pacientes com angina instável de alto risco e com IAM sem SST principalmente nos que serão submetidos à angioplastia. - Heparina: grande benefício principalmente quando aliado ao AAS. Obs: no pacientes q usou estreptoquinase só é preciso fazer heparinização ‘profilática’ (7500U SC 12/12h). Já no q usou rtPA fazer a plena por 48h. Fazer em toda SCA! 2. Nitratos: Dinitrato de Isosorbida: Isordil® 5mg SL - até 03 cp SL com intervalo de 5 minutos entre eles, até alívio completo da dor. Os pacientes que não obtiveram alívio completo da dor com a terapia SL devem receber nitrato por via EV. Fazer em toda SCA! 3. B-bloqueador: reduz consumo de O2. Deve ser administrado o quanto antes IV. Propranolol 1 mg ou metoprolol 5 mg. Prescrever a todos pacientes em que não haja contra-indicação aparente: PR> 0,24seg; BAV de 2o ou 3o grau; FC< 60bpm; DPOC ou asma; PAS< 90mmHg; disfunção ventricular esquerda com sinais de ICC; insuficiência arterial periférica. Fazer em toda SIMI 4. Estatinas: usar o mais rápido possível em todos os pacientes com SCA. 5. IECA: Reduz ou previne o remodela/o. Recomendados a longo prazo em todos q tiveram SCA. Paciente com infarto com supra ST ou novo BRE de 3º grau : MONABIRED!!!!!!!!! MORFINA, OXIGÊNIO, NITRATO, ANTIPLAQUETÁRIOS (AAS E CLOPIDOGREL), BETA-BLOQ, INIBIDORES DA ECA OU SIMILARES, REFERFUSORES (TROMBOLÍTICOS OU ANGIOPLASTIA), ESTATINA, DIAZEPAN. ATENTAR ÀS CONTRA-INDICAÇÕES DAS DROGAS ACIMA, PRINCIPALMENTE B-BLOQ (Killip 3 ou 4, PAS < 90, FC < 50, BAV 2º ou 3º grau, broncoespasmo recente ou atual, sinais de isquemia aguda de membros) E NITRATOS (PAS < 90, FC < 50 ou IAM de VD). - A realização da reperfusão depende principalmente do tempo de evolução do caso. Até 3 horas os dois métodos tem eficácia semelhante, após isso a angioplastia é melhor. Se dentro das 3 primeiras horas o tempo para realizar a angioplastia for até 1-2 horas após o para realizar a trombólise, optamos por fazer a angioplastia. Os trombolíticos mais comuns são estreptoquinase e rTPA (que deve ser usada junto à heparina nas próximas 48 horas para diminuir a taxa de reoclusão das coronárias). Lembrar das CI dos trombolíticos: sangramento ativo, dissecção de aorta, TCE recente, tumor cerebral ou mal formação vascular, AVCi nos últimos 3 meses ou algum AVCh na vida, ou seja, patologias relacionadas à problemas de sangramentos. O dritério de reperfusão mais usado é a queda > 50% do supra ST na derivação em que este era mais pronunciado. A angioplastia é indicada quando os trombolíticos são CI, quando eles não foram eficazes (não houve reperfusão em 90 min após o procedimento = angioplastia de resgate) ou em pacientes muito graves, como os com EAP e choque cardiogênico. - Usamos heparina quando há disfunção grave de VE, história de embolismo, IC, evidência no ECO de trombo mural e FA ou quando não é possível o uso dos fibrinolíticos. Lembrar do uso de heparina profilática pois o paciente fica muito tempo acamado! - O paciente após receber alta, sempre sai do serviço usando AAS 100 mg/dia, iECA, B-bloq e estatinas. Todas essas medicações reduzem o risco de eventos CV e morte. Os pacientes que evoluíram com quadros graves devem ser submetidos à coronariografia antes da alta e todos que tiveram IAM devem fazer um ECO!!! Classificação de Killip: analisa o grau de disfunção de VE I: s/ dispnéia, B3 ou estertores pulmonares. II: dispnéia e estertoração pulmonar nos 1/3 inferiores ou B3 III: Edema Agudo de Pulmão IV: Choque cardiogênico (PA sistólica < 80 mmHg s/ resposta a volume) OBS: Pacientes q evoluíram p/ Killip III ou IV, tiveram angina pós-IAM, arritmias ventriculares malignas ou FE de VE no Eco <40% = coronariografia + revascularização. O restante é estratificado pelo Teste Ergométrico realizado 5-7 dias do IAM