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Metabolismo e Endocrinologia
Teorico-prática: 5
Tema: Hormonas Peptídicas
Data: 4 de Maio de 2011
5.1. O estômago é presentemente considerado como órgão endócrino. Dê exemplos de órgãos endócrinos segundo o
conceito clássico e atendendo à generalização actualmente aceite. Indique, para cada caso, uma das hormonas
segregadas.
Resposta: Uma hormona é uma substância sinalizadora endócrina cujo orgão alvo se situa num local diferente
do local de produção da hormona. A tabela em baixo estabelece a correpondência de algumas hormonas com o seu
local de produção e função.
Hormona
Hormona anti-
Tipo de Hormona
Local de
Síntese
Clássica
1
Função
Provoca a retenção de H2O pelos rins e
controla a pressão arterial em conjunto
com a aldosterona.
Controla o crescimento e o
desenvolvimento; promove a produção de
proteínas.
Controla a produção e secreção de
hormonas do córtex adrenal.
Contracção do músculo uterino e dos
condutos das glândulas mamárias.
Inicia e mantém a produção de leite das
glândulas mamárias.
peptídica
Hipófise
Sim
peptídica
Hipófise
Sim
Corticotropina
peptídica
Hipófise
Sim
Ocitocina
peptídica
Hipófise
Sim
Prolactina
peptídica
Hipófise
Sim
Hormona estímulante
da Tiróide (TSH)
Tiroxina (T4) e
triiodotironina (T3)
peptídica
Hipófise
Sim
Estimula a produção e a secreção de
hormonas pela tiróide.
peptídica (aminoácidos
iodados)
Tiróide
Sim
Regula o crescimemento, maturação e
velocidade do metabolismo.
peptídica
Paratiróides
Sim
Controla a formação óssea e a excreção de
cálcio e fósforo.
mineralocorticóide
Adrenais
Sim
Retém H2O e excreta potássio.
glicocorticóide
Adrenais
Sim
Actua em situações de stress e baixa
concentração de glicose no sangue.
glicoproteica
Rins
Não
Estimula a produção de eritrócitos.
Renina e Angiotensina
peptídica
Rins
sim
Controlam a pressão arterial.
Insulina
peptídica
Pâncreas
Não
Reduz a glicémia, afecta o metabolismo da
glicose, proteínas e gorduras.
Glucagon
peptídica
Pâncreas
Não
Aumenta a concentração sérica do açucar.
Testosterona
lipídica
Testículos
Sim
Progesterona
lipídica
Ovários
Sim
Estrogénios
lipídica
Ovários
Sim
Hormona sexual responsável pela
maturação dos espermatozóides.
Inicia e mantém a produção de leite das
glândulas mamárias.
Controla o desenvolvimento do sistema
reprodutor feminino.
diurética (ADH)
Hormona do
crescimento
Paratormona (PTH)
Aldosterona
Cortisol
Eritropoietina
1
O conceito clássico descreve um orgão endócrino como um orgão que liberta hormonas para a corrente sanguínea.
1
As hormonas produzinas pelo cérebro apenas afectam o sistema nervoso.
5.2. Indique, exemplificando, o que são hormonas orexigénicas, anorexigénicas, adipogénicas e adipostáticas.
Resposta:
Hormonas orexigénicas: relacionam-se com o aumento de fome, ou diminuição da saciedade: Por exemplo,
grelina, cortisol, MCH (melanin concentrating hormone);
Hormonas anorexigénicas: relacionam-se com a diminuição da fome, ou aumento de saciedade. Por exemplo:
leptina, serotonina, norepinifrina, insulina, colecistoquinina (CCK);
Hormonas adipogénicas: promovem a síntese lipídica, sendo segregadas pelo tecido adiposo. Por exemplo,
adiponectina;
Hormonas adipostáticas:diminuem a produção de tecido adiposo. Por exemplo, nefastina-1, leptina e insulina.
5.3. “As actividades das hormonas leptina e grelina são complementares”.
5.1.1. Comente esta afirmação.
Resposta: A leptina é produzina pelos adipócitos e a sua concentração varia com a quantidade de tecido
adiposo (quando a massa de tecido adiposo aumenta, verifica-se um aumento de síntese e secreção de leptina). Esta
hormona é responsável por controlar o apetite, massa corporal, reprodução, cicatrização e função cardiomuscular. A
sua libertação no sangue informa o hipotálamo que foi ingerido muito alimento e este age no sentido de inibir o
apetite (feedback negativo).
A grelina é uma hormona produzida pelo estômago, pelas células epsilon do pâncreas e pelo hipotálamo.
Quando o estômago fica vazio, intensifica-se a produção de grelina, a qual actua no cérebro causando a sensação de
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fome. Após a alimentação, como a secreção de grelina é baixa, a sensação de fome passa .
A leptina e a grelina são complementares pois, enquanto que a grelina inicia o processo de alimentação, a
leptina funciona de modo antagónico.
5.1.2. Quais as respostas hipotalâmicas ao aumento da concentração plasmática de cada uma destas
hormonas?
Resposta:
A grelina liga-se a neurónios orexigénicos no hipotálamo, promovendo o aumento de apetite pela libertação do
neuropéptido Y (NPY). É ainda um potente estimulador da libertação da hormona de crescimento (GH), libertada pelas
células somatotróficas da hipófise e do hipotálamo. Além disso, o aumento da concentração de grelina na corrente
sanguínea promove a secreção lactotrófica e corticotrófica, controla a secreção ácida e da motilidade gástrica,
contribui para a função endócrina pancreática, aumenta o metabolismo da glicose e diminui a massa adiposa.
Em relação à leptina, esta é detectada pelos receptores de leptina espalhados pelo hipotálamo e, ainda, pelos
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neurónios POMC . A recepção da leptina desencadeia várias acções, nomeadamente a redução da produção de
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Nota: As pessoas magras segregam grandes quantidades de grelina durante o sono, mas o mesmo não ocorre nos obesos.
Neurónios POMC – neurónios que expressam pró-opiomelanocortina.
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estimuladores de apetite (NPY e AgRP , por exemplo), activação dos neuronios POMC causando a libertação da
hormona MSH e consequente activação dos receptores de melanocortina. A leptina é ainda responsável pelo aumento
da produção de cortitropina (diminui o apetite), aumento da actividade do nervo simpático (aumenta a taxa
metabólica) e sinalização hipotâlamica para redução da produção de insulina.
5.1.3. Que factores regulam a produção de grelina e leptina?
Resposta:
Os factores que aumentam a produção de grelina (diminuição da leptina) são:

Diminuição de glicose no sangue (perda de peso, jejum, etc.);

Estimulação adrenérgica;

Síntese da hormona do crescimento e hormona tiróideia;

Consumo de tabaco (fumo).
Os factores que aumentam a produção de leptina (diminuição da grelina) são:

Aumento de glicose no sangue;

Aumento da quantidade de tecido adiposo;

Aumento dos níveis de insulina;

Enchimento gastro-intestinal e distensão o tracto digestivo;

Produção de glicocorticóides;

Infecções agudas;

Citoquinas inflamatórias.
5.1.4. Descreva os mecanismos de transdução de sinal destas duas hormonas.
Resposta:
Quando a leptina adere ao receptor LEPR-B,
presente nas células do hipotálamo, este modifica
a sua conformação e activa o enzima Jak2 (tirosina
quinase).
Este
enzima
autofosforaliza-se,
fosforilando resíduos de tirosina (Y) presentes no
receptor LEPR-B.
Os resíduos de tirosina
fosforilados servem de activadores do STAT5, SHP2
e STAT3 (activadores de transcrição). O STAT3
migra para o núcleo da célula, regulando a
produção de neuropéptidos (os níveis de NPY e
AgRP diminuem), activando os neurónios POMC e
contribuíndo para a transcrição do SOC3, supressor de proteínas sinalizadoras de citoquina. O SOC3 actua junto do
resíduo de tirosina Y985 e do Jak2 fosforilado, atenuando-os (feedback negativo).
Termina a transdução de sinal da leptina.
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Agouti-related protein, que é um neuropéptido produzido no cérebro e é expresso com o neuropéptido Y
aumentando o apetite e diminuíndo o metabolismo e perda de energia.
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Quanto à grelina produzida nas células P/D1 presentes no fundo
(parte superior) do estômago e nas células epsilon pancreáticas, esta é
encaminhada pela corrente sanguínea até à glândula pituitária, onde se
dá a libertação de hormona de crescimento (GH). Ao mesmo tempo, a
grelina gera um sinal que prossegue via nervosa (nervo vago) até ao
hipotálamo, no qual são libertados o NPY e a GHRH (growth-hormone
releasing hormone). A grelina produzida pelas células do hipotálamo
adere aos receptores de grelina aí presentes e estimula a activação dos
neurónios contendo NPY e AgRP.
Dá-se a libertação de hormonas orexigénicas, promovendo o
aumento da fome.
Em baixo apresenta-se um modelo simplificado do processo de regulação da saciedade por acção da grelina e
leptina.
5.4. O que têm em comum e em que diferem as acções da grelina e do péptido YY3-36?
Resposta: A grelina é produzida no estômago e no instestino delgado, estimulando o apetite quando não há
alimento no sistema digestivo. A grelina liga-se a neurónios orexigénios no hipotálamo e estimula a libertação de NPY.
O péptido YY3-36 é um péptido YY constituído por 36 aminoácidos, na sua forma completa, mas que geralmente
existem sob a forma “incompleta”, isto é, sem os dois primeiros aminoácidos (3-36). É produzido no tracto digestivo
(intestino delgado e cólon) em resposta à chegada de alimento e inibe o apetite quando o estômago está cheio (a
dilatação do estômago promove a libertação do péptido YY3-36). O péptido YY3-36 também se liga a neurónios
orexigénicos no hipotálamo, mas o seu efeito passa pela inibição da secreção de NPY.
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5.5. Descreva os efeitos da adiponectina ao nível do músculo e do fígado.
Resposta: A adiponectina é uma hormonoa adipogénica, isto é, promove a síntese lipídica (antagonista à
leptina).
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A nível do músculo, a adiponectina promove o aumento da absorção de glicose (por activaçao da GLUT-4 ),
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aumento da entrada de ácidos gordos, aumento da β-oxidação (processo em que os ácidos gordos , diminuição da
síntese de glicogénio.
Ao nível do fígado, a adiponectiva promove o consumo de glicose a nível do fígado. Para tal, esta hormona
diminui a expressão do fosfoenol piruvato carnoxicinase e da glicose-6-fosfatase, inibindo a gliconeogénese. A
adiponectina promove, ainda, a diminuição da entrada de ácidos gordos e de conteúdo em triacilgliceróis para o
interior do fígado.
5.6. “Os agonistas dos PPARγ diminuem a resistência periférica à insulina, sendo utilizados no tratamento da diabetes
mellitus tipo 2”. Justifique em termos bioquímicos a afirmação.
Resposta: A diabetes millitus tipo II é caracterizada pela diminuição da sensibilidade dos tecidos alvo ao efeito
metabólico da insulina, o que se traduz numa resposta compensatória por parte das células Beta pancreáticas,
aumentando a produção de insulina.
A terapéutica desta patologia incide, principalmente, no facto dos agonistas dos PPARy (peroxisome
proliferator-activated receptor) activarem factores de transcrição de receptores nucleares de insulina. Assim, os
tecidos irão ter uma maior quantidade de receptores nucleares de insulina, aumentando assim a sua sensibilidade a
esta hormona.
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Glucose transporter type 4.
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Processo em que os ácidos gordos, na forma de Acil-CoA, são partidos de modo a gerar Acetil-CoA. Ocorre na
mitocôndria e em peroxissomas.
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