abordagem triagular de ensino da arte na formação - PRAC

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ABORDAGEM TRIAGULAR DE ENSINO DA ARTE NA FORMAÇÃO
CONTINUADA DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL: LER,
CONTEXTUALIZAR E PRODUZIR A EXPRESSÃO ARTÍSTICA NA PRIMEIRA
INFÂNCIA.
Heline Maria de Oliveira Silva1
Jamylli da Costa Barbosa2
Jalmira Linhares Damasceno Ferreira3
INTRODUÇÃO
O trabalho apresenta uma discussão proposta pelo projeto de formação continuada
em Arte direcionada a professores da Educação Infantil. A mesma acontece mensalmente
com caráter modular, no Laboratório de Ensino Grãozinho- escola de Educação Infantil
localizada no Campus III da Universidade Federal da Paraíba localizado no município de
Bananeiras. O objetivo central desse processo formativo é propiciar professor da educação
infantil uma reflexão teórica e prática para o desenvolvimento e implementação no
currículo da escola da primeira infância, de ações educativas que envolvam reflexão,
crítica, compreensão histórica, social e cultural da Arte nas sociedades, caracterizando a
arte/educação como “campo de conhecimento empírico-conceitual”. Esse princípio sócioepistemológico constitui a abordagem triangular de ensino da arte, que no contexto da
formação de professores defende a reflexão sobre os processos de aprendizagem,
requerendo uma mudança de mentalidade relacionada ao ensino da arte na escola.
Nesse sentido, a formação continuada de professores no âmbito desse projeto
propõe estudos e experimentações acerca das linguagens da arte, integrando a relação entre
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Bolsista voluntária. CCHSA/DE/CURSO DE PEDAGOGIA
Bolsita. CCHSA/DE/CURSO DE PEDAGOGIA
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Coordenadora do Projeto. CCHSA/DE/Professora do curso de pedagogia. Email: [email protected]
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essas linguagens na produção do conhecimento dos currículos das escolas de educação
infantil no município de Bananeiras/PB.
A ABORDAGEM TRIANGULAR DE ENSINO DA ARTE E A FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
Na década de 1980, o movimento Arte/Educação, propaga uma reflexão em torno
da tomada de consciência acerca da profissionalização do arte-educador e a reordenação do
ensino da arte nos contextos escolares e não escolares. Esta reflexão está fundamentada na
perspectiva pós-moderna e tem sua primeira intervenção social no Festival de Inverno de
Campos do Jordão no estado de São Paulo. Esse evento foi coordenado pela professora
Ana Mae Barbosa. Entre as discussões propostas, uma das questões concernentes a
arte/educação se pautava no que na época foi intitulado de “atualização de professores”.
A denominação Arte/educação é definida como epistemologia da arte, ciência do
ensino da arte (BARBOSA, 1998, 2002; RIZZI, 2002; SAUNDERS, 2004; SILVA; apud.
SILVA e ARAÙJO, 2010), que vem agregando diversos estudos, entre eles, a formação de
professores para o ensino da arte, objeto de investigação que resulta atualmente da
“produção de conhecimento/saberes, através da prática de ensino experimental da arte, na
educação escolar e não escolar”. (SILVA e ARAÚJO, 2010, p. 161).
Nessa perspectiva, o conceito de arte também está relacionado a cognição,
elemento da manifestação da razão. Barbosa (2002, p.05) defende a existência na arte de
um conhecimento estruturador que potencializa o ser cognitivamente.
Não é possível uma educação intelectual, formal ou não formal, de elite ou
popular,sem arte, porque é impossível o desenvolvimento integral da
inteligência sem o desenvolvimento do pensamento divergente, do
pensamento visual e do conhecimento presentacional que caracterizam a
arte .
Esse pressuposto fundamenta a abordagem teórica metodológica denominada como
Abordagem Triangular de Ensino da Arte, sistematizada pela professora Ana Mae Barbosa
e colaboradoras na década de 1980, a partir da sua experiência com atividades educativas
desenvolvidas no Museu de Arte Contemporânea, da Universidade de São Paulo. A
Abordagem Triangular discute “a aprendizagem dos conhecimentos artísticos a partir da
inter-relação entre o fazer, o ler e contextualizar arte” (SILVA e ARAÚJO; 2010, p.165).
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A Abordagem Triangular é construtivista, interacionaista, dialogal,
multiculturalista e é pós-moderna por tudo isso e por articular arte como
expressão e como cultural na sala de aula, sendo esta articulação o
denominador comum de todas as propostas pós-modernas do Ensino da
Arte que circulam internamente na contemporaneidade (BARBOSA,
1998, p. 41).
É possível afirmar que a abordagem Triangular de Ensino da Arte, propaga uma
ação educação problematizadora, cujo principio está na organização de um sistema
epistemológico do ensino da arte. Essa organização epistemológica propõe uma ação
educativa fundada na leitura crítica, contextual, que promova o exercício de um olhar ativo
sobre o mundo para a produção artística que o constitui, em suas múltiplas representações
de linguagem. A configuração desse olhar ativo nos torna leitor, interprete e autor da arte,
na dimensão de apreciador e produtor do fazer artístico consciente sem perder de vista os
aspectos subjetivos desse fazer.
Essa proposição reconfigura a formação do professor do ensino de arte, que diante
desse paradigma, precisa compreende que a ênfase do ensino está no processo de
aprendizagem do estudante e assim sendo, sua ação docente inicia-se com as perguntas: O
que é arte? Como se da a produção e construção do conhecimento em arte?
Nessa perspectiva, nossa proposição de formação continuada nesse projeto, medeia
uma ação formativa na qual, por meio dos pressupostos teóricos e metodológicos da
Abordagem Triangular do Ensino da Arte, os professores possam construir e (re) construir
conhecimentos estéticos, históricos e culturais acerca das linguagens da arte, intervindo no
desenvolvimento de práticas educativas que viabilizem a articulação entre essas linguagens
sistematizando a tríade: ler, contextualizar e fazer arte no cotidiano escolar.
CAMINHO METODOLÓGICO
O processo metodológico desse projeto tem por base a Abordagem Triangular
sistematizada pela pesquisadora e arte-educadora Ana Mae Barbosa que consiste no
processo de ler, contextualizar e apreciar.
A educação cultural que se pretende com a abordagem Triangular é uma
educação crítica do conhecimento construído pelo próprio aluno, com a
mediação do professor, acerca do mundo visual e não uma educação
bancária (BARBOSA, 1998, P.40).
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Desse modo buscamos no contexto da formação que o professor enquanto cursista
construa um olhar sobre a sua produção artística, compreendendo-a como processo e não
como produto. Compreendemos que esse olhar para si permite a mediação de reflexões em
torno da tríade: contextualização, leitura e produção da arte. Nesse contexto a
especificidade dessa relação na educação Infantil tornou-se o elemento central da discussão
inicial que teve como questão norteadora a perguntas: O que é arte? Como se da a
produção e construção do conhecimento em arte?
Esses questionamentos nos permitiram realizar uma análise inicial da concepção
de arte que os professores apresentavam no início do processo de formação e qual a
produção de sentido construída após os encontros mensais que foram constituídos por
estudos teóricos, atividades práticas e uma aula de campo ao Museu de Arte Moderna e
Contemporânea Assis Chateubriand em Capina Grande/PB.
Para construirmos o registro dessa produção de sentido em torno do ensino de arte
utilizamos a metodologia de pesquisa da análise de conteúdo, nessa perspectiva teórica e
metodológica de pesquisa “O ponto de partida da Análise de conteúdos é a mensagem,
seja ela verbal (oral ou escrita), gestual, silenciosa, figurativa, documental ou diretamente
provocada. Necessariamente, ela expressa um significado e um sentido”. (FRANCO,
2012, p.21).
A análise de conteúdo foi utilizada para analisarmos os depoimentos
registrados por meio da entrevista semi-estruturada realizada com os professores no
primeiro dia de formação e posteriormente nos encontros subsequentes.
RESULTADOS PARCIAIS
Com base na análise do conteúdo das entrevistas foi possível identificar a
concepção inicial dos professores acerca do ensino de arte e a produção de sentido
construída após as experiências práticas realizadas durante o processo de formação.
No princípio os professores tinham uma concepção tradicional do ensino de arte
caracterizando-o como produtor de objetos de ornamentação as salas de aulas, mediador do
trabalho com as datas comemorativas e da produção de artesanato. Para muitos dos
professores o fazer em arte se resumia em recorte, colagem e pintura de desenhos prontos
sem nenhuma intenção formativa, desprovido de um conhecimento específico. Essa
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concepção nos foi possível evidenciar no depoimento da professora “A” no mês de julho
de 2013.
Nós crescemos sabendo que arte era só decorativa, só desenhos, pinturas
com os desenhos já prontos para gente pintar e a gente foi reproduzindo e
disso não passou.
Percebemos que logo no início a formação continuada provoca no professor uma
certa estranheza em relação as sua expectativas construídas inicialmente pela própria
concepção de arte construída ao longo de sua história de vida enquanto estudante e
posteriormente como professor. O aprender a fazer é outra ênfase que inicialmente
identificamos nos depoimentos. Professora “B” entrevistada no mês de julho de 2013.
Com certeza quando eu fiz a inscrição estava pensando que eu ia
aprender a desenhar, pintar ensinar aos alunos também fazer isso,
portanto eu vi outra concepção do que arte, é uma área de
conhecimento que abrange varias outras coisas, principalmente
interiorizar o ser humano, ela dá possibilidade para novas
expectativas, dá possibilidade de nos reconhecermos, nos
reavaliarmos tentar passar aquilo que aprendemos para nossos
alunos de maneira que envolva ouras áreas.
O reconhecimento da arte como área de conhecimento é um elemento importante
para a construção de um sentido mais amplo acerca do ensino da arte na escola.
Consideramos que nesse processo inicial de formação a concepção de ensino de arte está
sendo repensada pelos professores que aos poucos estão identificando e definindo o que é
arte e como o conhecimento em arte é produzido e construído no contexto escolar
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Ana Mae. Tópicos utópicos. Belo Horizonte: C/Arte, 1998.
__________________. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 2002.
FRANCO, Maria Laura Publisi Barbosa. Análise de conteúdos. Brasília, 4ª edição: Liber
Livro, 2012.
SILVA, Everson Melquiades Araújo. ARAÙJO, Clarissa Martins de. Formação
continuada de professores de arte e a Abordagem Triangular de Ensino da Arte.
In: A Abordagem Triangular no Ensino das ArtesVisuais e Culturas Visuais.
BARBOSA, Ana Mae. CUNHA, Fernanda Pereira. (Orgs.). São Paulo: Cortez,
2010.
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